Zé da Estrada

WALDOMIRO DE OLIVEIRA
(88 anos)
Cantor e Compositor

☼ Botucatu, SP (1929)
┼ São José do Rio Preto, SP (05/06/2017)

Waldomiro de Oliveira, mais conhecido pelo nome artístico de Zé da Estrada, foi um cantor e compositor brasileiro nascido em Pratânia, quando a atual cidade ainda era distrito de Botucatu, interior de São Paulo.

Zé da Estrada foi retireiro e agricultor. Vem de uma família de cantadores. Consta que seu bisavô teria cantado com Dom Pedro II e recebido de presente do Imperador uma viola de madrepérola, com a qual fez questão de ser enterrado.

Zé da Estrada foi caminhoneiro e daí resulta o seu nome artístico. Antes de formar dupla com Pedro Bento, atuou no trio Os Fazendeiros, juntamente com Paiozinho e com o acordeonista Pirigoso. O trio atuou com sucesso nas Rádio Nacional e Rádio Cultura.

A Dupla Pedro Bento & Zé da Estrada

José Antunes Leal, o Pedro Bento, começou a cantar cururus aos 7 anos de idade. Fez sua formação musical ao lado de nomes como Sebastião Roque, Pedro Chiquito, Luís Bueno, João David e Zico Moreira. Atuou no Trio Paulistano e formou a dupla Matinho & Matão, apresentando-se na Rádio Club de de Santo André. Cantou também no programa de Nhô Zé na Rádio Nacional. Abandonou o interior aos 13 anos rumo à São Paulo.

Em 1954 Pedro Bento e Zé da Estrada se encontraram no programa de rádio de Chico Carretel e formaram uma dupla. Passaram a atuar em circos, foram cantar na Rádio Cultura e fizeram campanhas políticas.

Em 1959 gravaram o primeiro disco pela Continental, interpretando "Santo Reis" (Pedro Bento e Paulo Vitor) e o tango "Teu Romance" (Pedro Bento, Zé da Estrada e Braz Hernandez). No mesmo ano gravaram mais um disco onde se destacava um dos maiores sucessos da dupla, o valseado "Seresteiro da Lua" (Pedro BentoZé da Estrada e Cafezinho). Em dezembro de 1959, gravaram com o acordeonista Coqueirinho um disco por um selo sertanejo, com destaque para a guarânia "Quero Te Beijar" (Nízio e Pedro Bento).

Em 1960 gravaram na Sertanejo o bolero "Aventureira" (Pedro BentoZé da Estrada e Douradense) e a canção rancheira "Culpada" (Nízio e Emílio Gonzales).

A partir de 1961 passaram a formar com Célio Cassiano Chagas, o trio Pedro Bento, Zé da Estrada e Celinho. Passaram a fazer apresentação na Rádio Bandeirantes. No mesmo ano gravaram na Sertanejo o cururu "Mulher do Feiticeiro" (Priminho e Roque José de Almeida) e a toada "Falso Amor" (Eurides Reis e Pedro Bento). Em seguida foram contratados para trabalhar na Rádio Tupi, também em São Paulo.

Pedro Bento & Zé da Estrada
Além das composições próprias,  gravaram diversos sucessos de outros compositores, tais como "O Rio" (Almirante), "O Sonho do Matuto" (Capitão Furtado e Laureano), "Mourão da Porteira" (Raul Torres e João Pacífico) e "Sinhá Maria" (René Bittencourt).

Em 1962 gravaram na Chantecler a toada "Zé Claudino" (Carreirinho e Zé da Estrada) e o valseado "Vai Embora" (Pedro Bento e Cachoeirinho).

A partir de 1963 o trio passou a se vestir com trajes típicos dos rancheiros mexicanos, adotando aquele estilo musical. Passaram a ser acompanhados pelo trompetista Ramón Pérez. Esta fase duraria até 1973. Ainda em 1963 gravaram a moda de viola "Boiadeiro Punho de Aço" (Teddy Vieira e Pereira), um clássico sertanejo, e o lundu "Fim do Malandro" (Zé da Estrada e Zé Goiás).

Em 1974 foram contratados pela Rádio Record onde ficaram até 1981.

Em 1978 trabalharam no filme de Valdir Kopezky, "Os Três Boiadeiros". Por 18 anos consecutivos foram atração nos espetáculos da Festa de Peão de Barretos, a maior festa de rodeios do país.

Em 1999, lançaram pela gravadora Atração, o CD "Voa Paloma, Voa", onde estão presentes, principalmente, canções românticas, sem deixar de lado a mistura de ritmos, flamenco, canção rancheira, bolero, mambo, fox e guarânia, que sempre foram a marca da dupla.

Zé da Estrada
Em 2006 gravaram o CD "Sete Palavras", o 23º da carreira nesse formato. Com produção de Divino dos Santos, o álbum trouxe um repertório mais dançante, com 6 forrós, sendo o principal deles, a faixa-título, de autoria de Luizinho Rosa, além de uma homenagem aos 50 anos da tradicional Festa de Peão de Barretos. Pelo disco, que vendeu mais de 70 mil cópias, receberam um Disco de Ouro, no programa "Viola, Minha Viola", exibido na TV Cultura.

Em julho de 2007 a dupla compôs o quadro de convidados de honra, juntamente com Inezita Barroso, Pena Branca e Liu & Léu, na "Semana Nenete de Música Sertaneja", evento que ocorre desde 1995, na cidade de Pirassununga, no interior paulista, em preservação à memória da cultura caipira. No mesmo ano foram atração na composição da edição especial do programa "Viola, Minha Viola", comandado por Inezita Barroso, na TV Cultura de São Paulo, em homenagem aos 100 anos de Raul Torres. Na ocasião, interpretaram "Sinhá Maria" (Raul Torres e João Pacífico) e "Moda da Mula Preta" (Raul Torres e João Pacífico). Lançaram ainda o CD "50 Anos de Mariachis e Grandes Sucessos Sertanejos", com regravações de vários de seus sucessos, como "A Lua é Testemunha", "Coxinilho", "Amanheci em Teus Braços", "Pena de Minha Alma", "Tropas e Boiadas", "Mulher de Ninguém", "Desejo Antigo", "Vinte Anos", "Ébrio de Amor", "Galopeira", "Caminho de Minha Vida", "Sete Palavras", "Cavalo Preto Valente", "Canção Para Ti", "Serenata de Amor", "Contra o Vento" e "Fracasso do Boêmio".

Em 2011 lançaram um DVD com regravações de suas primeiras músicas, entre elas, as primeiras que cantaram no rádio, "Paraguaia" (Pedro Bento), "Desejo Antigo" (Osteclínio Lacerda), "Último Adeus" (José Fortuna e Fernandes) e "Arroz à Carreteira" (Palmeira). O álbum consistiu em um resumo dos 56 anos de carreira que a dupla completou naquele ano.

Na década de 2010, tida como uma das duplas mais tradicionais da música sertaneja, possuía mais de 2000 gravações, entre 16 discos de 78 rpm, 104 LPs e 15 CDs.

Foram homenageados na cidade de Pratânia, SP, ganhando um museu histórico sobre eles, que conta com objetos pessoais, troféus, discos, fotos, indumentárias e instrumentos musicais utilizados por eles durante sua trajetória.

Morte

Zé da Estrada faleceu na madrugada de segunda-feira, 05/06/2017, em São José do Rio Preto, SP, aos 88 anos. Um comunicado na página da dupla informou que Zé da Estrada estava internado há alguns dias na UTI de um hospital em São José do Rio Preto.
"Informamos a todos os amigos, fãs e companheiros que faleceu nessa madrugada (05/06), o nosso querido Zé da Estrada. Que ele fique nas mãos de Deus, levando a sua alegria e cantando no céu!"
O corpo de Waldomiro de Oliveira, nome de batismo de Zé da Estrada foi velado na tarde de segunda-feira, 05/06/2017, em Riolândia, interior de São Paulo. O enterro aconteceu também em Riolândia na terça-feira, 06/05/2017, às 10h00.

Sertanejos usaram as redes sociais para lamentar a morte de Zé da Estrada, que faz parte da história da música sertaneja.
"Que tristeza saber que perdemos mais um cerne da música caipira. Zé da Estrada sempre será pra mim uma referência de respeito à arte!"
(Cesar Menotti, da dupla Cesar Menotti & Fabiano)
"Antigamente nem em sonhos existia, tantas pontes sobre os rios, nem asfalto nas estradas... a gente usava 4 ou 5 sinoeiros pra trazer os pantaneiros... Hoje o céu recebe mais um dos desbravadores da música raiz... descanse em paz Zé da Estrada!"
(Capataz, da dupla Carreiro & Capataz)
"Pedro Bento e Zé da Estrada! Perdemos mais um grande artista que fez história na música sertaneja. Zé da estrada, um artista que sempre esteve presente em meus gostos musicais através das influências vindas do meu pai! Desde os 3 anos de idade cresci ouvindo, vendo o amor que a família carregava por eles, por ele. Todos os shows estava lá, eu e meu pai pra acompanhar. Meu pai vestido no traje mexicano também por ser fã ao cúmulo! Assim minha mãe brincava, que se Pedro Bento e Zé da Estrada morrerem, seu pai morre também! A influência foi tanta que em meus shows hoje em dia toco trompete por causa da paixão por eles. Sendo assim, posto essa foto com saudades e lamentando muito a morte desse que merece infinitos aplausos. Vai com Deus, Zé!"
(Tiago, da dupla Hugo & Tiago)

Indicação: Miguel Sampaio