Geraldo Baeta da Cruz

GERALDO BAETA DA CRUZ
(28 anos)
Soldado, Enfermeiro e Herói Brasileiro

* João Ribeiro, MG (21/07/1916)
+ Montese, Itália (14/04/1945)

Geraldo Baeta da Cruz nasceu em 21/07/1916, na pequena cidade mineira de João Ribeiro. Era filho de Antônio José da Cruz e de Maria da Conceição da Cruz. Geraldo Baeta era enfermeiro cirúrgico, pertencente ao Destacamento de Saúde. Tinha a nobre missão de amparar aqueles que tombavam na área de sacrifício, prestando-lhes o apoio médico imediato.

Geraldo Baeta da Cruz, identidade militar n° IG-295.850, Classe 1916 - 11º Regimento de Infantaria, embarcou para além-mar em 22/09/1944 e faleceu em ação no dia 14/04/1945, em Montese, Itália. Foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia, na Quadra C, Fileira nº 4, Sepultura nº 47, Marca: lenho provisório.

Foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil de Combate de 2ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração, lê-se:

"Por uma ação de feito excepcional na Campanha da Itália"

11º Batalhão de Infantaria de Montanha na Segunda Guerra Mundial

A participação do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha na Segunda Guerra Mundial foi, sem dúvida, o capítulo mais importante em sua rica história.

Como destaque tem-se a conquista da localidade de Montese, situada em terreno montanhoso e fortemente defendida pelos alemães como último baluarte a barrar o avanço das tropas aliadas na direção do Vale do Pó.

No dia 14/04/1945, o maciço de Montese transformou-se no palco da mais árdua e sangrenta batalha das armas brasileiras na Itália, no dizer do próprio Comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), Marechal Mascarenhas de Moraes. Tendo o Onze como esforço principal do ataque combatendo em densos campos de minas e sob o fogo cerrado das metralhadoras alemãs, o 11º RI consagrou-se para sempre ao conquistar heroicamente Montese.

A tenacidade, o ardor combativo e as qualidades morais e profissionais dos brasileiros foi demonstrando quando um pelotão do 11º RI foi o primeiro a entrar na cidade de Montese, avançando com raro espírito ofensivo, infiltrou-se nas linhas inimigas, penetrando no objetivo, sob os fogos da infantaria e artilharia do inimigo, transpondo caminhos desenfiados, neutralizando campos minados, assegurando, posteriormente, para a Divisão Brasileira, a posse definitiva dessa importante posição alemã dentro do contexto da guerra.

Foram três vidas que, por um acaso do destino, se cruzaram no dia 22/09/1944, a bordo do transporte norte americano Gen. M.L. Meigs rumo à distante Itália, onde já se encontrava o 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira.

Chegaram ao Porto de Nápoles, às 07:30 hs do dia 06/10/1944, de onde partiram, no dia 09, para o Porto de Livorno. Três dias depois estavam desembarcando e seguindo para a chamada "Staging Area", localizado a oeste da cidade de Pisa (Vila Rosare).

No dia 01/12/1944, o 11º RIE entrava em linha, sendo considerado em combate.

Foi então que chegou o dia 14/04/1945, dia do ataque a Montese, o combate que viria a ser, o mais sangrento que a Força Expedicionária Brasileira participaria. Dia inesquecível para muitos que ainda vivem. E lá estavam eles, Arlindo Lúcio, Geraldo Rodrigues e Geraldo Baêta. Três soldados do Brasil unidos pelo destino, três glórias nacionais, três que pareciam cem!

Durante o ataque a Montese, o pelotão, ao qual faziam parte, foi detido por violenta barragem de morteiros inimigos, enquanto uma metralhadora alemã hostilizava violentamente o seu flanco esquerdo, obrigando os atacantes a se manterem colados ao solo. Não tendo mais possibilidades de sair do local, nossos três heróis ficaram desgarrados de sua fração. Imediatamente, o Soldado Arlindo, atirador de fuzil automático, localizou a resistência inimiga e num gesto de grande bravura, levantou-se, e sobre ela despejou seis carregadores da sua arma, obrigando-a a calar-se.

Geraldo Rodrigues e Geraldo Baêta não pararam de atirar. Eram três pracinhas contra uma tropa de grande número. Tropa essa que pensava estar enfrentando uma outra de efetivo igual ou superior ao seu, pois os intrépidos brasileiros não paravam de atirar.

Atiraram até a munição acabar. Arlindo foi ferido mortalmente por um franco atirador inimigo, enquanto Geraldo Rodrigues foi atingido por um cruel estilhaço e Geraldo Baêta recebeu um tiro certeiro.

De repente, o silêncio se fez presente...

E sobre o solo lá estavam três corpos empunhando seus fuzis. Fuzis que estavam com as baionetas caladas, demonstrando que eles partiram para o assalto, mesmo sabendo que iam encontrar a morte.

Cova feita pelos Alemães onde os brasileiros foram sepultados.
O comandante alemão, observando os três corpos já sem vida, reconheceu neles o sacrifício. Nunca vira tamanha demonstração de coragem. Deixando seu orgulho prussiano de lado, mandou que seus homens cavassem três covas rasas e, pegando alguns pedaços de madeira, fez uma cruz e nela escreveu: "Drei Brasilianische Helden", que traduzindo significa "Três Heróis Brasileiros", um raro reconhecimento obtido do inimigo.

Arlindo, em sua última carta que escreveu na véspera de sua morte, dizia que em breve estaria de regresso para rever o seu querido Brasil, pois sentia próxima a vitória das armas da justiça e da liberdade.

Quem adentra nos dias atuais as instalações do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, o "Regimento de São João" e observa atentamente o pátio de formatura, encontrará no seu lado esquerdo, um monumento composto de 4 pedras, adormecidas sobre um belo e bem cuidado jardim, onde, ao seu lado, está um fuzil fincado ao solo com um capacete de aço, símbolo da morte que aconteceu em combate. O mais atento observará, ainda, que, nas três pedras frontais, em cada uma delas, está colocada uma placa com o nome de três soldados: Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baeta da Cruz.


Nesta imagem, as três pedras que estão em primeiro plano trazem placas com o nome dos soldados, suas datas de nascimento e de morte. A rocha maior, ao fundo, abriga uma placa alusiva ao feito:

"Monumento consagrado à três soldados do 11 RI, que por motivos só conhecidos pelo inimigo, foram enterrados como heróis pelos próprios nazistas, a 14 de abril de 1945, em Montese"

Uma placa menor traz a inscrição em alemão e a tradução dela para o português. No conjunto há um fuzil com a ponta fincada no solo e um capacete depositado sobre a sua coronha. Este monumento é bem singelo porque procura reproduzir o sítio italiano onde foram encontrados os corpos dos três soldados.

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