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Saracura

OSCAR PEREIRA RODRIGUES
(83 anos)
Humorista, Ator, Animador e Apresentador de Televisão e Rádio

☼ Santa Bárbara d'Oeste, SP (12/02/1916)
┼ São Paulo, SP (20/10/1999)

Oscar Pereira Rodrigues, mais conhecido pelo pseudônimo Saracura, foi um humorista brasileiro, animador, apresentador de rádio e televisão, nascido em Santa Bárbara d'Oeste, interior do estado de São Paulo, em 12/02/1916. Filho de João Pereira Rodrigues e de Virgínia D'Ávila.

Iniciou sua carreira em 1948, na Rádio Clube Santo André, onde permaneceu até 1952. Apresentava programas sertanejos, que foi sempre o seu estilo. No cinema atuou em "Sertão em Festa" (1969) e "No Rancho Fundo" (1971).

De 1952 a 1981, passou para a Rádio Tupi de São Paulo. Ficou sendo diretor artístico de toda a linha sertaneja, além de ser apresentador e animador de programas. Participou do programa "Festa na Roça", onde ficou por 15 anos. Apresentou também os programas "Tupi no Sertão", "Alvorada Brasileira" e "Rádio Destak FM".

Saracura também foi ator de radionovelas. Fez como protagonista, as novelas "A Velhice Vem Depressa", "A Vida Tem Dois Caminhos", "Mistério da Fazenda de Pedra", "Rancho Fundo" dentre outras.

O humorista intercalava suas atuações em São Paulo, com viagens, por todo o Brasil. Assis Chateaubriand, assim como o diretor-presidente Edmundo Monteiro, gostavam de convidar Saracura para suas viagens pelo norte, nordeste, sul, centro-oeste, para onde eles iam constantemente, em viagens profissionais. Levavam Saracura, pois precisavam alegrar as pessoas que os recebiam.


Saracura gravou os LPs "Humor do Sertão", em 1971 e novamente "Humor do Sertão", em 1973, quando recebeu Disco de Ouro.

Saracura trabalhou também em televisão. Participou do programa "Festa na Roça", de 1958 a 1960, e em 1970 do "Canta Viola", ambos pela TV Tupi de São Paulo.

Em 1971, passou para a TV Record.

De 1975 a 1985, na TV Record, participou do programa "Canta Viola".

De 1986 a 1989, participou várias vezes do programa "Som Brasil", apresentado por Lima Duarte, na TV Globo.

Em 1988, esteve por inúmeras vezes na TV Manchete e na Rede Mulher, no programa "Rincão Brasileiro". Saracura participou também de vários comerciais.

Em 1989 e 1991 participou do programa "Viola, Minha Viola", da TV Cultura.

Foi um dos nomes mais respeitados e agraciados dentro das emissoras de rádio e TV do Brasil. Recebeu inúmeros troféus, tanto no rádio, como na televisão, com destaque para o Programa Luizinho, Limeira e Zezinha, Programa Defensores da Música Sertaneja, Oceania, Melhor Humorista de 1962, Melhor Humorista de 1963, Troféu União Artistas de São Paulo (UASP) em 1965 e 1966, Troféu Clube Atlético das Bandeiras, em 1967.

Recebeu também o troféu da União Artistas de São Paulo (UASP) "Melhor Humorista Sertanejo", em Osasco, 1969.

Em 1972 o Coração da Viola, em Guarulhos.


Em 1977 e 1978 o Troféu ABAS, em Osasco. Em 1978 o Troféu Encontro Com a Cidade, da Rádio ABC de Santo André.

Em 1979 o Troféu TV Record, programa "Canta Viola".

Em 1980, ganhou troféu no Primeiro Encontro da Música Sertaneja, de Itatiaia.

Em 1983, ganhou o Troféu Aniversário do Clube Atlético Ipiranga.

Em 1988, o Troféu UAI da Festa da Prefeitura de Poços de Caldas.

Além desses troféus, Saracura recebeu muitos títulos e homenagens. Recebeu o Título de Cidadão Paulistano, em 1996, na Câmara Municipal de São Paulo. Recebeu o Diploma de Honra ao Mérito, da Secretaria de Trabalho e Comunicação, Diploma de Honra ao Mérito do Ministério da Educação e Cultura, Viola de Ouro, do "Programa Raul Gil".

Saracura também escrevia uma crônica de humor, no Jornal da Zona Leste. Depois de sua morte, ainda foi homenageado na Assembléia Legislativa de São Paulo, pelo deputado Afanásio Jazadji, em evento promovido pela PRO-TV, sob presidência de Vida Alves.

A Prefeitura de São Paulo homenageou Saracura, dando seu nome a uma praça paulista, em 14/03/2003. É a Praça Oscar Pereira Rodrigues.

Saracura faleceu em 20/10/199, em São Paulo, aos 83 anos.

Salimen Júnior

JOSÉ SALIMEN JÚNIOR
(77 anos)
Jornalista, Publicitário, Radialista, Ator, Empresário e Animador de Auditório

* Pelotas, RS (02/02/1934)
+ Porto Alegre, RS (30/07/2011)

Mais conhecido como Salimen Júnior, foi jornalista, radialista, publicitário, empresário, rádio-ator, animador de auditório e pioneiro na implantação da televisão em cores no Brasil, com a primeira transmissão em cores da Festa da Uva (Caxias do Sul, 19 de fevereiro de 1972), pela TV Difusora.

Infância

Filho de imigrantes sírios, começou a trabalhar muito cedo: com oito anos de idade já saia de bicicleta para fazer as entregas das compras feitas no armazém do pai, em Pelotas. Ainda menino começou a se revelar como comunicador: caçula de cinco filhos, costumava irradiar as partidas de botão dos irmãos.

Carreira Profissional

Salimen Júnior (Foto: Marco Quintana)
Aos 16 anos, estreou na Rádio Cultura, de Pelotas, como locutor esportivo e começou a trabalhar no vespertino Opinião Pública.

Em 1954, foi convidado a integrar a equipe da Rádio Farroupilha. Então, com 20 anos, mudou-se para Porto Alegre. Sua primeira função na rádio foi de locutor esportivo e, em seguida, ator de rádio-novelas.

Em 1957, virou animador de auditório, assumindo o comando do Vesperal Farroupilha, tendo como principal concorrente Maurício Sirotsky Sobrinho, da Rádio Gaúcha. Identificado como o "animador-galã", trazia grandes astros da música brasileira a Porto Alegre, como Maysa, Hebe Camargo, Dercy Gonçalves, Jamelão, Cauby Peixoto, Ângela Maria. Foi eleito, por quatro vezes consecutivas, o melhor animador de rádio do Rio Grande do Sul.

A carreira na Rádio Farroupilha terminou em 1963, quando foi contratado pela Rádio Gaúcha, para assumir o programa de seu antigo concorrente, Maurício Sirotsky Sobrinho, que passou a se chamar MS, "M" de Maurício e "S" de Salimen.

Depois de um ano passou a atuar, na TV Gaúcha nos três anos seguintes e, em 1968, protagonizou um momento marcante da história da imprensa gaúcha fundando a TV Difusora, com Walmor Bergesch.

Salimen Júnior (Foto: João Mattos - JC)
Como Diretor-Superintendente da TV Difusora, canal 10, hoje TV Bandeirantes, liderou a audiência no Rio Grande do Sul e foi pioneiro na implantação da transmissão em cores na televisão brasileira e na América Latina.

Honrando as origens gaúchas, o primeiro evento escolhido para ser transmitido em cores em rede nacional foi a Festa da Uva, de Caxias do Sul, em 19 de fevereiro de 1972. A primeira estação do país a se equipar inteiramente a cores entrou no ar no dia 10 de outubro de 1969 e teve, sob seu comando, destaques no Brasil como: Melhor Desempenho Empresarial (pela Revista Visão) e Melhor Emissora do Ano (pela Revista Propaganda).

Teve passagens ainda como conselheiro da Reemtsma Cigarettenfabriken-GM, da Alemanha, foi diretor do Grupo Construtora Maguefa e da empresa Crédito Imobiliário Sulbrasileiro. Atuou em propaganda nas agências Panam - Casa de Amigos, Salimen & Franchini, Publivar e Símbolo Comunicação, em Porto Alegre.

Salimen Júnior
Foi diretor de expansão do Jornal do Comércio, de Porto Alegre, onde também produzia uma página semanal, a "Business'n'Business", na qual eram apresentados nomes importantes do Rio Grande do Sul. Sua maior criação nesse veículo foi o "Caderno Dia do Médico", único da imprensa escrita brasileira.

Salimen foi Cidadão de Porto Alegre (1993, quando Tarso Genro era prefeito), Jovem Destaque da Câmara Júnior de Porto Alegre (1969), Publicitário do Ano (1971, pela ARP), Vice-presidente da Federasul, Conselheiro do Museu Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, membro da Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e Irmão da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

José Salimen Júnior morreu na madrugada de sábado (30/07/2011) no Hospital Santa Rita, do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, vítima de Câncer.

Fonte: Wikipédia

Vianinha

ODUVALDO VIANNA FILHO
(38 anos)
Ator, Diretor, Dramaturgo, Roteirista, Ensaísta, Ativista Político e Animador Cultural

* São Paulo, SP (04/06/1936)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/07/1974)

Oduvaldo Vianna, filho, o Vianninha, como é comumente chamado – para diferenciá-lo do pai, também Oduvaldo Viana. Atuou profissionalmente no teatro, no cinema e na televisão, marcando sua presença constante inclusive na imprensa, em entrevistas e em artigos teóricos. Sua mãe, Deuscélia Vianna, conta que o marido foi registrar o filho que acabara de nascer na Casa de Saúde São José, no dia 4 de junho de 1936, em um cartório no Centro do Rio de Janeiro e, extremamente vaidoso, deu ao menino o nome de Oduvaldo Vianna. O escrivão, igualmente distraído, esqueceu de acrescentar o "filho". Vianninha ficaria com o mesmo nome do pai para o resto da vida.

O talento artístico e a ideologia, digamos, ele herdou dos pais, ambos ligados à dramaturgia e à militância política. Ele, jornalista, dramaturgo, cineasta e radionovelista; ela, radionovelista e escritora. Logo que nasceu, aos três meses, Vianninha já aparecia numa cena de Bonequinha de Seda e, com um ano, fazia o papel da protagonista quando criança em Alegria, dois filmes dirigidos por seu pai.

A militância política teve início aos 9 anos, quando em plena Avenida Ipiranga, na capital paulista, Oduvaldo e Deuscélia vão encontrá-lo distribuindo "santinhos", cabalando votos para o pai – candidato a deputado estadual pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), por São Paulo – gritando: "Votem em Oduvaldo Vianna, o candidato do povo!".

Esta cena arrancou lágrimas dos pais, orgulhosos com o entusiasmo do filho. Só mais tarde, em 1950, ele entraria para a União da Juventude Comunista. Ainda aos 10 anos, Vianninha tenta escrever uma história, Zé Galinha Ganha no Boxe, Perde no Amor, mas não passa do segundo capítulo.

Teatro Paulista do Estudante (TPE)

Como filhos de intelectuais famosos, Vianninha e Gianfrancesco Guarnieri foram convocados pelo partido para organizar um grupo de teatro amador no setor estudantil. Nasce, daí, o TPE, orientado pelo diretor italiano Ruggero Jacobbi, cuja primeira sede foi o apartamento dos Vianna (1954). Vianninha entrara para a Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie (1953), mas entusiasmado e envolvido com o teatro, onde atuava como ator, abandona o curso (1955), para grande tristeza do pai que o adverte: "Teatro não é profissão que sustente ninguém". O TPE se fundiria algum tempo depois com o Teatro de Arena (1956) – que existia desde 1953 sob a direção de José Renato – mas com administrações independentes.

Teatro de Arena

Vianninha estreia como ator, no elenco oficial do Arena, com a peça "Escola de Maridos", de Molière, atuando em diversas montagens. Mas é por seu trabalho em "Juno, o Pavão", de Sean O´Casey, que ele recebe os prêmios Saci e Governador do Estado como melhor ator coadjuvante (1956). Casa-se com Vera Gertel (1957), com quem já namorava desde o TPE. Escreve a peça "Bilbao, via Copacabana", e com ela ganha o Prêmio Caixa Econômica Federal.

O ano de 1958 foi muito importante para Vianninha: além de nascer seu primeiro filho, Vinícius Vianna, sua atuação em "Eles Não Usam Black Tie", de Gianfrancesco Guarnieri , com direção de José Renato, propicia-lhe grande sucesso, recuperando e levantando o Arena que estava para fechar. É iniciado, nessa época, o processo que levaria a uma verdadeira revolução na arte cênica brasileira. Com a entrada de Augusto Boal, o Arena ficou nas mãos da juventude, que queria um teatro popular voltado para a nossa realidade. Vianninha atua em "Gente Como a Gente", de Roberto Freire, e "Revolução na América do Sul", de Boal. Do Seminário de Dramaturgia surge "Chapetuba Futebol Clube" (1959), considerada a melhor peça do ano, e Vianninha recebe os prêmios Saci, Governador do Estado e da Associação de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro.

Apesar de todo o sucesso, o Arena vivia um ambiente de desencontros, com atritos e divergências políticas. Vera Gertel, que acompanhou de perto o esfacelamento do grupo, conclui:

"O Arena ficara pequeno para o Vianna [...] que queria alguma coisa mais. [Ele sentia] a necessidade de aliar a política ao teatro ideológico, participante. [...] O Arena era um teatro burguês e ele queria fazer um teatro popular".

No CPC, o Homem Político

Vianninha desliga-se do Teatro de Arena de São Paulo e retorna ao Rio de Janeiro (1960), onde já estavam morando seus pais. O pontapé para uma nova etapa foi dado com a sua mais recente criação: A Mais-valia Vai Acabar, Seu Edgar, encenada na areninha da Faculdade de Arquitetura, na Urca, com músicas de Carlos Lyra e direção de Chico de Assis.

Para Vianninha, a alternativa era produzir conscientização em massa, em escala industrial, para fazer frente ao poder econômico que produz alienação em massa. Surge então o Centro Popular de Cultura (CPC), em 1961, que se liga à União Nacional dos Estudantes (UNE), com Vianninha, Carlos Estevam (assistente de Álvaro Vieira Pinto, do Iseb), Leon Hirszman, Francisco de Assis, Carlos Lyra, Armando Costa, Cacá Diegues, Arnaldo Jabor, Paulo Afonso Grisolli, Carlos Vereza, Joel Barcelos, Antônio Carlos Fontoura e, depois, Ferreira Gullar, Thereza Aragão, João das Neves, Pichin Plá e muitos outros. Vianninha atua no filme "Cinco Vezes Favela", no episódio dirigido por Cacá Diegues (1962).

Com o CPC foi criado o teatro de rua, que se apresentava em praças públicas, favelas, associações e sindicatos. Seu repertório era constituído por criações coletivas de esquetes relâmpagos e autos, como "Auto do Tutu", "Auto do Cassetete", "Auto dos 99%" ou de peças curtas, como "Brasil, Versão Brasileira", do próprio Vianninha, e "Miséria ao Alcance de Todos", de Arnaldo Jabor. "Quatro Quadras de Terra", escrita por Vianninha em 1963, ganha no ano seguinte o primeiro lugar no concurso de dramatização da Casa de las Americas (Cuba).

Com o golpe militar de 31 de março de 1964, Vianninha e a turma do CPC viram a invasão e o incêndio da UNE – com seu teatro recém-construído – tudo transformado em cinzas. Era o projeto de suas vidas que também desmoronava. Ainda em 1964, Vianninha voltaria a escrever duas telepeças: "O Matador" e "O Morto do Encantado Saúda e Pede Passagem", premiadas com o primeiro e o quinto lugares, respectivamente, em concursos no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Opinião: Uma Saída Musical

A situação do país alterara-se profundamente. Os ex-cepetistas formaram um grupo voltado para protestar contra a ditadura, um teatro de resistência que atingisse a classe média e os setores de oposição, tal como o Arena. O Opinião era formado pelo chamado Grupo dos Oito: Vianninha (liderando), Ferreira Gullar, Thereza Aragão, Armando Costa, Denoy de Oliveira, Paulo Pontes, João das Neves e Pichin Plá. Optaram por um show com músicas populares e texto escrito por Vianninha, Armando Costa e Paulo Pontes, abordando a vida de três personagens: uma moça de classe média da zona sul carioca, um favelado e um camponês. Os personagens falavam de seus conflitos sociais e discorrriam sobre os problemas do país. O elenco, composto por Nara Leão – depois substituída por Maria Bethânia – o sambista Zé Keti e o cantador maranhense João do Vale, contou com a direção de Augusto Boal. O show foi montado com muito sacrifício, no "shopping dos Antiquários", na Rua Siqueira Campos (Copacabana), no espaço antigamente ocupado pelo Arena de São Paulo. Opinião foi saudado pela imprensa como o acontecimento cultural mais importante do teatro brasileiro naquele ano. Uma verdadeira catarse. O espetáculo se constituiria em divisor de águas, como detonador da resistência cultural ao regime de exceção.

Em seguida, o grupo montaria "Liberdade, Liberdade" (1965), de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, tendo à frente do elenco Paulo Autran, Tereza Rachel e Vianninha. Nesse mesmo ano, Vianna Filho escreveu "Moço em Estado de Sítio" – considerada pelo crítico Yan Michalski "uma obra de ruptura, com estrutura ousada, numa dinâmica cinematográfica" – que permaneceu no anonimato durante 12 anos, depois de sofrer censura e ter proibida a sua encenação. Outra peça proibida e censurada foi o musical de Vianna Filho e Armando Costa, "Brasil Pede Passagem". Os dois autores fizeram então, juntamente com Sérgio Cabral, "Samba Pede Passagem", em homenagem a Noel Rosa, com uma colagem de textos de autores famosos.

Nesse mesmo ano, Vianninha atuou no filme "Desafio", de Paulo César Saraceni. Porém, o Opinião continuava a toda e seria montada a peça "Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come", cujo roteiro foi inicialmente escrito de forma coletiva. Mais tarde, os três atos foram estruturados por Vianninha, e Ferreira Gullar reescreveria o texto sob a forma de versos de cordel. A peça foi dirigida por Gianni Ratto (1965). Nosso crítico de plantão, Michalski, mais uma vez diria: "Surpreendente e agradabilíssima teatralidade do espetáculo, que mereceu o Prêmio Molière, como melhores autores do ano, e ainda os prêmios Saci e Governador do Estado de São Paulo, como melhor peça do ano".

Paralelamente, Vianninha escrevia uma peça que fugia na época dos objetivos e das propostas do grupo: "Mão na Luva" ficou guardada por 18 anos. Segundo Yan Michalski, o autor escreveu "um apaixonadíssimo poema de amor, recitado através de diálogos de um lirismo desesperado" (27/07/1966). Para o Opinião, ele escrevia, em parceria com Thereza Aragão, o show "Telecoteco Opus nº 1"; e sozinho, "Os Azeredos mais os Benevides", que lhe valeu Menção Honrosa no concurso do Serviço Nacional de Teatro (SNT). Atuou, ainda, em dois filmes – "A Derrota", de Mario Fiorani e "Mar Corrente", de Luís Paulino dos Santos – este último, ao lado de Odete Lara. Escreveu para o semanário Folha da Semana, ligado ao PCB, cujos redatores-chefes eram Sérgio Cabral e Maurício Azêdo.

O governo militar baixara uma portaria policialesca, que resultou na Semana de Protesto contra a Censura, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Isto, em 1967. A crise se estabeleceria no "Grupo Opinião", com a encenação de "Meia Volta Volver", de Vianninha. Nessa época, ele participava como ator em "A Saída? Onde Fica a Saída?", de Armando Costa, Antônio Carlos Fontoura e Ferreira Gullar (1968).

A Barra Começa a Pesar

Vianninha, Paulo Pontes e Armando Costa desligam-se do "Opinião" e se unem-se a Gianni Ratto e a Sérgio Fadel para formarem o Teatro do Autor Brasileiro (TAB). Estrearam com um musical, a revista "Dura Lex Sed Lex, no Cabelo só Gumex", que Vianninha escreveria em colaboração com Armando Costa e Paulo Pontes. O espetáculo não teve sucesso e o TAB fechou suas portas com dívidas no início de 1968.

Os teatros do eixo Rio-São Paulo entraram em greve de protesto por três dias. Artistas e intelectuais ocuparam as escadarias do Municipal carioca para denunciar o terrorismo cultural. Vianninha abriu uma faixa com os dizeres "Teatro brasileiro em greve contra a censura, pela cultura", improvisando comícios-relâmpago. Um crítico ferrenho seu comparece, surpreendendo a todos: Nelson Rodrigues.

Acontece a Passeata dos Cem Mil e a dissolução do Congresso da UNE, com a prisão de 700 estudantes. Vianna Filho escreveria, em meados desse ano, "Papa Highirte", vencendo o Concurso Nacional de Dramaturgia do SNT. Mas sua encenação foi proibida pela Censura, assim como a sua publicação, permanecendo 11 anos em silêncio.

Em dezembro de 1968 é editado o AI-5 e, a partir de 1969, a Lei de Segurança Nacional incluiria o banimento e até a pena de morte no país, com censura prévia nos jornais e nas revistas. Para Vianninha, a situação se tornara cada vez mais sufocante. Paulo Pontes decide então levá-lo para a TV Tupi, onde Bibi Ferreira apresentava o programa semanal "Bibi – Série Especial", numa época de muito preconceito – entre os intelectuais – contra a televisão.

Foi nesse clima que ele escreveria, para o teatro, "A Longa Noite de Cristal", conquistando o Prêmio Coroa como melhor texto de 1969. No ano seguinte, depois de estrear em São Paulo sob a direção de Celso Nunes, a peça conquista o Prêmio Molière em duas categorias: melhor autor e melhor diretor. Ainda em 1969, Vianninha – inspirado em scripts de seus pais para o rádio – escreveria "Brasil e Cia.", com os parceiros Armando Costa, Ferreira Gullar e Paulo Pontes.

Em 1970 casa-se com Maria Lúcia Marins. Atua ao lado de Glauce Rocha no filme "Um Homem sem Importância", de Alberto Salvá, e escreve "Corpo a Corpo", encenada no ano seguinte por Celso Nunes. Nesse mesmo ano, era escrita e encenada a sua peça "Em Família", dirigida por Sérgio Brito. Posteriormente, o texto seria transformado pelo autor em roteiro de filme, dirigido por Paulo Porto e merecedor da Medalha de Prata no Festival Internacional de Moscou (1971). O mesmo texto, reescrito em 1972 por Vianninha, teve seu título mudado para "Nossa Vida em Família". Nesse ano, há dois acontecimentos marcantes na vida do artista: a alegria pelo nascimento do segundo filho, Pedro Ivo e a tristeza pelo falecimento de seu querido pai, Oduvaldo Viana. Além disso, perderia o emprego na TV Tupi e, em contrapartida, teria uma nova peça encenada sob a direção de José Renato: "Allegro Desbum".

Convidado a trabalhar na TV Globo, passaria a sofrer pressões das "patrulhas ideológicas", que consideravam que o artista capitulara diante das tentações do sistema. Mas Vianninha responde: "Recusar-se a trabalhar em televisão em pleno século XX é, no mínimo, burrice". Vianninha começa, então, a fazer adaptações de obras clássicas para telepeças, no programa "Casos Especiais", da Globo: "Medéia", "Noites Brancas", "A Dama das Camélias" (com Gilberto Braga), "Mirandolina", "Ano Novo", "Vida Nova", "As Aventuras de uma Garrafa de Champanhe" (com Domingos Oliveira), além de adaptar um texto de sua autoria, "O Matador".

"A Grande Família" seria lançado em 1973, na mesma emissora, em forma de seriado. Baseado em uma sitcom americana, Vianninha escrevia os textos com Armando Costa e o programa tinha a direção de Paulo Afonso Grisolli. O diretor considera Vianninha como um dos que mais contribuíram para introduzir um conceito de dramaturgia brasileira na televisão.

Rasga Coração

No dia 11 de abril de 1973 – véspera de Vianninha ser operado para a retirada de um Tumor no Pulmão – nasce a filha Mariana Marins Vianna. Com uma aparente melhora, o artista passaria a se dedicar aos episódios de "A Grande Família", além de continuar pesquisando para o segundo ato de "Rasga Coração" e de atualizar uma comédia do pai, "O Homem que Nasceu Duas Vezes", rebatizada de "Mamãe, Papai Está Ficando Roxo!", que seria dirigida por Walter Avancini. Mas seu estado de saúde piora e, com a ajuda da TV Globo, Vianninha e sua mulher viajam para os Estados Unidos (fevereiro de 1974), para que ele se submeta a novo tratamento. Volta ao Brasil no final de março, 15 quilos mais magro, desenganado. Porém, como um obstinado, começa a ditar para um gravador o segundo ato de "Rasga Coração", que começara a escrever em 1971. Deuscélia fazia a transcrição, datilografava e levava para o filho corrigir à mão.

Vianninha piorou e foi internado no Hospital Silvestre. Mesmo em estado crítico, decidiu ainda concluir o programa-piloto de "Turma, Minha Doce Turma" para a Globo. Enquanto isso, a batalha empreendida por José Renato para liberar "Rasga Coração" fora perdida. Além de censurada, a peça teve sua encenação e publicação proibidas. Mesmo assim, "Rasga Coração" recebeu o primeiro prêmio no concurso do SNT, por unanimidade da banca, sendo liberada pela Censura apenas cinco anos depois. No prefácio da peça, escrito em 28/02/1972, o autor dedicaria ao "lutador anônimo político, aos campeões de lutas populares; preito de gratidão à ‘velha guarda’: à geração que me antecedeu, que foi a que politizou em profundidade a consciência do país".

Oduvaldo Vianna, filho, veio a falecer na manhã do dia 16 de julho de 1974, aos 38 anos. Sua obra "Rasga Coração" estreou em 21 de setembro de 1979 no Teatro Guaíra (Curitiba/PR). A crítica de teatro Ilka Zanotto assim descreveu a estreia:

"Recebeu, ao descer a cortina, 8 minutos de aplausos, uma apoteose. Na segunda noite, o público simplesmente se recusava a deixar o teatro, com aplausos intermináveis, gritos de 'bravo', lágrimas e abraços, numa fusão total entre palco e plateia, mergulhado numa catarse autêntica preconizada pelo velho Aristóteles".

Não poderia ter outro resultado: Prêmio Molière de 1979.

Nelson Rodrigues, um ultra-crítico de Vianninha, assim declarou: "Rasga Coração é uma das mais belas e fascinantes obras-primas do teatro brasileiro. Não posso ser mais conclusivo e definitivo". Vianninha foi um autor super-premiado – só o Molière, foram quatro – que revolucionou a arte cênica brasileira com uma dramaturgia que tem, pelo menos, duas obras-primas: "Rasga Coração" e "Papa Highirte". Ele buscou, infatigavelmente, imprimir sentido político à sua notável produção intelectual, vinculando-a, desde os primeiros escritos, aos deserdados, aos oprimidos e aos derrotados.

Em entrevista a Alfredo Souto de Almeida, Vianninha falou sobre a influência que recebeu do pai:

"Acho que aprendi sempre vendo meu pai ditar as peças dele, as novelas dele, durante toda a vida [...] E eu acho que foi através disso que fui muito influenciado, mesmo. Inclusive eu tenho a impressão de que a influência é direta até no tipo de tratamento, no tipo de diálogo, um pouco sincopado, uma série de coisas que meu pai teve como característica".

Carlos Estevam, um dos fundadores e dirigente do CPC, assim resumiu:

"Sei que vou dizer uma frase bombástica, mas não estou enganado ao guardar do Vianninha a certeza de que ele seria a espécie humana num futuro remoto. O homem evoluirá para ser como ele foi; alguém completamente disponível para as outras pessoas".

"Se tu queres ver a imensidão do céu e do mar/ refletindo a prismatização da luz solar/ rasga o coração, vem te debruçar/ sobre a vastidão do meu penar".
(Catulo da Paixão Cearense / Anacleto Medeiros)

Ele morreu de câncer com menos de 40 anos e em pleno sucesso profissional e estava casado pela segunda vez com Maria Lúcia Mariz, com quem teve dois filhos.

Fonte: Funarte