Eduardo Souto

EDUARDO SOUTO
(60 anos)
Compositor, Pianista e Maestro

* São Vicente, SP (14/04/1882)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/08/1942)

Eduardo Souto foi um pianista, compositor e maestro brasileiro. Dedicou-se a diversos gêneros, como a valsa, o tango e o samba. Compôs músicas românticas, como o tango "O Despertar da Montanha", "As Quatro Estações", as operetas "Paixão de Artista", "Os Milhões do Senhor Conde", "A Maçã", e outras. Compôs ainda o hino oficial do Botafogo, hino que foi ofuscado pela criação de Lamartine Babo.

Em 1919, compôs sua grande obra, o tango de salão "O Despertar da Montanha", peça típica dos saraus do início do século, que se tornou essencial no repertório pianístico brasileiro.

Em 1920, fundou a Casa Carlos Gomes, situada na Rua Gonçalves Dias, que além de lançar definitivamente o seu nome no meio artístico tornou-se ponto de encontro de grandes compositores da época. Imprimindo, inicialmente, obras quase que exclusivamente de sua autoria, a impressão da Casa Carlos Gomes passou posteriormente a abranger outros compositores de música de salão. Ainda em 1920, fez a programação musical e organizou as orquestras que tomaram parte da recepções ao Rei da Bélgica em sua visita ao Brasil.

Em 1921, fez sucesso no carnaval com a chula baiana "Pemberê", gravada pelo cantor Bahiano e pelo Grupo do Moringa na gravadora Odeon. No mesmo ano, Bahiano gravou de sua autoria o choro "Mesmo Assim", a canção carnavalesca "Eu Vou-me Embora" e os cateretês "No Rancho" e "Caboclo Magoado". Ainda no mesmo ano, o Grupo do Moringa gravou os choros "Mesmo Assim" e "Um Baile no Catumbi", o cateretê carnavalesco "Caboclo Magoado" e o cateretê "No Rancho". Em 1921, a Orquestra Passos gravou na Odeon o fox trot "Uma Festa no Japão", a valsa "Nuvens" e o tango "Do Sorriso da Mulheres Nascem as Flores". Vicente Celestino gravou as canções "Paixão de Artista""O Que os Teus Olhos Dizem" e o tango "Saudade". Eduardo Souto compôs em parceria com Norberto Bittencourt "Seu Delfim Tem Que Vortá", música em que faz referência ao presidente Delfim Moreira. No carnaval de 1921 fez sucesso com a marcha "Pois Não" (Eduardo Souto e João da Praia), gravada quase simultaneamente pelo Bahiano e pela Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.

Contribuiu enormemente, através de sua produção, para o desenvolvimento e a fixação do gênero marcha. "Pois Não", além de ter sido pioneira das marchas carnavalescas, foi incluída em 1921 na revista "Gato, Baeta, Carapicu", de Cardoso de Meneses, Bento Moçurunga e Bernardino Vivas, que estreou no Teatro São José, apresentada pela atriz Otília Amorim e pelo ator Álvaro Fonseca à frente de um bloco. Também em 1921, fez a música para a revista "Fogo de Palha", de J. Brito apresentada no Teatro Recreio e cujo grande sucesso foi a "Canção do Pescador", apresentada por Francisco Pezzi. Fez também as música para a burleta "Paixão de Artista", de Soares Júnior e Tapajós Gomes apresentada no Teatro São Pedro, com Vicente Celestino interpretando suas composições.

Por volta de 1922, criou o Grupo Eduardo Souto e gravou na Odeon o maxixe carnavalesco "Não Sei o Que é" e o fox trot "O Carnaval", de sua autoria. No mesmo ano, apresentou-se com o paulista Cornélio Pires, pioneiro da música caipira, na Associação Brasileira de Imprensa, durante as festividades do Centenário da Independência. Ainda nesse mesmo ano, alcançou grande êxito com o cateretê "Eu Só Quero é Beliscar" gravado pelo cantor Bahiano na Odeon.

Em 1923, ao compor o samba à moda paulista "Tatu Subiu No Pau", procurou diversificar seu repertório com uma peça bem ao estilo de Marcelo Tupinambá. Criou então uma obra tipicamente caipira, baseada em motivos folclóricos e que apesar dessa característica apareceu com grande destaque no carnaval. Para tal sucesso contribuíram seus métodos de divulgação que incluíam a execução repetida das músicas nos pianos da Casa Carlos Gomes, com distribuição das letras aos transeuntes, e até a criação de um bloco que frequentava a Festa da Penha. Para fora do Rio de Janeiro, iam os discos de sua orquestra, gravados pela Casa Edison, da qual foi diretor artístico por vários anos. Ainda em 1923, criou a Orquestra Eduardo Souto com a qual gravou na Odeon as marchas carnavalescas "Goiabada", "Tatu Subiu No Pau" e "Só Teu Amor", o cateretê "Piracicaba", o maxixe "Meu Bem", o samba carnavalesco "Espanta Bode", a toada carnavalesca "Só Pra Machucar" e o cateretê carnavalesco "Nego Véio", todas de sua autoria. Ainda nesse mesmo ano, sua música "Tatu Subiu No Pau" deu nome a uma revista dos Irmãos Quintiliano apresentada no Teatro São José. Fez ainda as músicas para a revista "A Maçã", também dos Irmãos Quintiliano e apresentada no Teatro Recreio.

Em 1924, gravou com sua orquestra mais algumas composições de sua autoria, entre as quais, o tango "Sugestão De Um Sorriso", o cateretê "Poeta Do Sertão", a valsa lenta "Viver Dentro De Um Sonho" e o fox trot "Um Festival No Arraial". No mesmo ano, fez com o maestro Assis Pacheco as músicas para a revista "Off-Side", de J. Brito, apresentada no Teatro São José, sendo cantadas por Francisco Alves e Aracy Côrtes. Fez ainda as músicas para a revista "A Folia", dos Irmãos Quintiliano e apresentada no Teatro Lírico sobre a qual o crítico Mário Nunes escreveu:

"O sucesso da revista cabe, em grande parte, à partitura de Eduardo Souto, em que superabundam bonitos números, não havendo revista em que o folclore esteja tão bem representado nas suas melodias dolentes e harmoniosas toadas."


Em 1925, gravou com sua orquestra o fox trot "Não Sei Dizer", a marcha carnavalesca "Pai Adão" e os sambas "Tem Que Havê Combinação", "Se Me Dé De Comê" e "Quem Quiser Ver", de sua autoria. No mesmo ano, a dupla Bahiano e Januário gravou o cateretê carnavalesco "Iaiá-Ioiô", além de outras canções.

Em 1926, Zaíra de Oliveira gravou suas canções "Cantiga""A Margura" e o fado tango "Guitarrada". No mesmo ano, a mesma Zaíra de Oliveira gravou em dueto com Bahiano o cateretê carnavalesco "Eu Só Quero É Conhecer" e a marcha "Quando Me Lembro", parceria com João da Praia. Também no mesmo ano, o cantor Del Nigri registrou na Odeon suas canções "A Despedida" (Eduardo Souto e Bastos Tigre), "O Sabiá" (Eduardo Souto e Goulart de Andrade), "Nunca Mais" (Eduardo Souto e Heitor Modesto) e "Romantismo" (Eduardo Souto e Zito Batista). Escreveu em parceria com o maestro Antônio Lago a música para a revista "Zig Zag", de Bastos Tigre. Fez também as músicas para a revista "Dentro Do Brinquedo", de Carlos Bittencourt, apresentada no Teatro São José.

Em 1927 fez com Bento Moçurunga as músicas para a revista "Boas Falas", de Bastos Tigre.

Em 1929, lançou duas marchinhas sobre o presidente Washington Luís, "É Sim Senhor" e "Seu Doutor", ambas gravadas por Francisco Alves na Odeon.

Em 1930, compôs com Osvaldo Santiago o "Hino a João Pessoa", homenagem ao político paraibano assassinado naquele ano. O hino foi gravado ainda em 1930 por Francisco Alves e em seguida, pela Banda do Regimento Naval. Este hino obteve enorme sucesso porque a Revolução que aconteceu naquele momento levou ao poder partidários de João Pessoa, que foi elevado à condição de mártir do movimento. O disco gravado por Francisco Alves foi lançado em pleno período de euforia dos vitoriosos e vendeu milhares de cópias, tornando-se o grande sucesso do ano.

Em 1931, teve o tango canção "O Despertar Da Montanha" e a barcarola "Praias De Nossa Terra" gravada na Odeon pela Orquestra Colonial. No mesmo ano, sua marcha "Verbo Ser" foi gravada por Francisco Alves e Norma Bruno e seu samba "Tem Moamba", pela Orquestra Copacabana, ambas na Odeon. A Orquestra Copacabana gravou a valsa "Viver... Morrer... Por Um Amor" (Eduardo Souto e Osvaldo Santiago). Compôs ainda com João de Barro a marcha "Batucada", um de seus últimos sucessos, gravada por Mário Reis. No mesmo período, o cantor Jorge Fernandes gravou a canção "Vestido Encarnado" (Eduardo SoutoJoão de Barro) e a valsa "Viver" (Eduardo Souto e Eugênio Fonseca Filho). Participou do elenco do Teatro Cassino Beira-Mar no Rio de Janeiro, juntamente com Ary Barroso, Bando de Tangarás, Elisa Coelho, Carolina Cardoso de Menezes, Luperce Miranda e Artur Nascimento, quando então se realizou o Festival Parlophon.

Eduardo Souto foi o idealizador do Coral Brasileiro, integrado por famosos cantores como Bidu Sayão, Zaíra de Oliveira, Nascimento Silva e outros. Orquestrador de música sinfônica, realizou concertos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Foi também diretor artístico da Odeon e da Parlophon.

Em 1932, conheceu seu último grande sucesso, a marcha rancho "Gegê" (Eduardo Souto e Getúlio Marinho), gravada por Jaime Vogeler na Odeon em novembro do ano anterior. No mesmo ano, Jaime Vogeler gravou o cateretê "Lá No Sertão" (Eduardo Souto e Eustórgio Wanderley) e a reza de malandro "Samba Nosso" (Eduardo Souto, Benoit CertaineFrancisco Alves), as canções "A Saudade" e "A Despedida", ambas parcerias com Bastos Tigre. Teve ainda as marchas "Anatomia" e "Aborrecimentos", parcerias com José Evangelista, gravadas por Castro Barbosa e Jonjoca.

A partir de 1932, com surgimento de uma nova geração de compositores, o nome de Eduardo Souto caiu no esquecimento.

Em 1933, teve o samba "Mandei Buscar", gravado por Leonel Faria, a marcha rancho "Amor, Meu Grande Amor" (Eduardo Souto e Luiz Martins), gravada por João Petra de Barros, as marchas "Modos De Mamar" por Jaime Vogeler e "Terapêutica", por Vitório Lattari.

Em 1953, sua toada-canção "Do Sorriso Das Mulheres Nasceram As Flores", foi regravada em interpretação de cítara Avena de Castro em disco Copacabana.

Em 1958, seu filho, o pianista Nelson Souto, gravou o LP "Nelson Souto Interpreta Eduardo Souto", com músicas suas. Pouco depois, a Sinter lançou o LP "Eduardo Souto Na Interpretação de Mário de Azevedo".

Eduardo Souto Neto, filho de Nelson Souto, passou a se destacar como compositor, pianista e arranjador, a partir de 1970.

Discografia

  • 1959 - Eduardo Souto Na Interpretação de Mário de Azevedo (Sinter, LP)
  • 1958 - Nelson Souto Interpreta Eduardo Souto (Festa, LP)
  • 1925 - Não Sei Dizer (Odeon, 78)
  • 1925 - Iaiá Ioiô (Odeon, 78)
  • 1925 - Pai Adão (Odeon, 78)
  • 1925 - Fais Chorá (Odeon, 78)
  • 1925 - Tem Que Havê Combinação (Odeon, 78)
  • 1925 - Se Me Dé De Comê (Odeon, 78)
  • 1925 - Quem Quiser Ver (Odeon, 78)
  • 1925 - Parati Dançante (Odeon, 78)
  • 1924 - Sonho Oriental (Odeon, 78)
  • 1924 - Jeriquitim (Odeon, 78)
  • 1924 - Sugestão De Um Sorriso (Odeon, 78)
  • 1924 - Viver Dentro De Um Sonho (Odeon, 78)
  • 1924 - Poeta Do Sertão (Odeon, 78)
  • 1924 - Malditos Olhos (Odeon, 78)
  • 1924 - Um Festival No Arraial (Odeon, 78)
  • 1924 - Marulhos (Odeon, 78)
  • 1924 - Mister Câmbio (Odeon, 78)
  • 1924 - Guanabara (Odeon, 78)
  • 1924 - Viradinho (Odeon, 78)
  • 1924 - Monta No Trouxa (Odeon, 78)
  • 1923 - Goiabada (Odeon, 78)
  • 1923 - Tatu Subiu No Pau (Odeon, 78)
  • 1923 - Só Teu Amor (Odeon, 78)
  • 1923 - Piracicaba (Odeon, 78)
  • 1923 - Meu Bem (Odeon, 78)
  • 1923 - Espanta Bode (Odeon, 78)
  • 1923 - Só Pra Machucar (Odeon, 78)
  • 1923 - Nego Véio (Odeon, 78)
  • 1923 - Eu Só Quero Ver (Odeon, 78)
  • 1923 - Não Olhe Assim (Odeon, 78)
  • 1923 - Viola Do Jangadeiro (Odeon, 78)
  • 1922 - Não Sei O Que É (Odeon, 78)
  • 1922 - O Carnaval (Odeon, 78)
  • 1023 - Deu O Fora (Odeon, 78)