FRANS KRAJCBERG
(96 anos)
Pintor, Escultor, Gravador, Fotógrafo e Artista Plástico
☼ Kozienice, Polônia (12/04/1921)
┼ Rio de Janeiro, RJ (15/11/2017)
Frans Krajcberg foi um pintor, escultor, gravador, fotógrafo e artista plástico nascido em Kozienice, Polônia, no dia 12/04/1921, e naturalizado brasileiro.
Frans Krajcberg estudou engenharia e artes na Universidade de Leningrado. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), perdeu toda a família em um campo de concentração. Mudou-se para a Alemanha, ingressando na Academia de Belas Artes de Stuttgart, onde foi aluno de Willi Baumeister. Chegou ao Brasil em 1948.
Com formação em engenharia e artes, realizada em Leningrado, sua carreira artística iniciou-se no Brasil.
Em 1951, participou da 1ª Bienal Internacional de São Paulo com duas pinturas. Residiu por um breve período no Paraná, isolando-se na floresta para pintar.
Em 1956, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde dividiu o ateliê com o escultor Franz Weissmann. Suas pinturas desse período tendem à abstração, predominando tons ocre e cinza. Trabalhou motivos da floresta paranaense, com emaranhados de linhas vigorosas.
Naturalizou-se brasileiro em 1957.
Frans Krajcberg retornou a Paris em 1958, onde permaneceu até 1964. Alternou sua estada em Paris com viagens a Ibiza, na Espanha, onde produziu trabalhos em papel japonês modelado sobre pedras e pintados a óleo ou guache. Essas "impressões" eram realizadas com base no contato direto com a natureza, e aproximam-se, em suas formas, de paisagens vulcânicas ou lunares. Também em Ibiza, a partir de 1959, produziu as primeiras "terras craqueladas", relevos quase sempre monocromáticos, com pigmentos extraídos de terras e minerais locais. Como nota o crítico Frederico Morais, a natureza torna-se a matéria-prima essencial do artista.
De volta ao Brasil, em 1964, instalou um ateliê em Cata Branca, Minas Gerais. A partir desse momento ocorreu em sua obra a explosão no uso da cor e do próprio espaço. Começou a criar as "sombras recortadas", nas quais associou cipós e raízes a madeiras recortadas. Nos primeiros trabalhos, opõe a geometria dos recortes à sinuosidade das formas naturais. Destaca-se a importância conferida às projeções de sombras em suas obras.
Em 1972, passou a residir em Nova Viçosa, no litoral sul da Bahia. Ampliou o trabalho com escultura, iniciado em Minas Gerais. Intervém em troncos e raízes, entendendo-os como desenhos no espaço. Essas esculturas fixam-se firmemente no solo ou buscam libertar-se, direcionando-se para o alto.
A partir de 1978, atuou como ecologista, luta que assume caráter de denúncia em seus trabalhos: "Com minha obra, exprimo a consciência revoltada do planeta!".
Frans Krajcberg viajou constantemente para a Amazônia e Mato Grosso, e registrou por meio da fotografia os desmatamentos e queimadas em imagens dramáticas. Dessas viagens, retornava com troncos e raízes calcinados, que utiliza em suas esculturas.
Na década de 1980, iniciou nova série de gravuras, que consistia na modelagem em gesso de folhas de embaúba e outras árvores centenárias, impressas em papel japonês. Também nesse período realizou a série Africana, utilizando raízes, cipós e caules de palmeiras associados a pigmentos minerais.
Frans Krajcberg sempre fotografa as suas esculturas, muitas vezes tendo o mar como fundo. O artista, ao longo de sua carreira, manteve-se fiel a uma concepção de arte relacionada diretamente à pesquisa e utilização de elementos da natureza. A paisagem brasileira, em especial a Floresta Amazônica, e a defesa do meio ambiente marcaram toda a sua obra.
Em 2003 foi inaugurado em Curitiba o Instituto Frans Krajcberg, recebendo a doação de mais de uma centena de obras do artista.
Em 2008 recebeu o grande prêmio da APCA.
O Sítio Natura
Frans Krajcberg radicou-se no Brasil desde 1972, vivendo no sul da Bahia, onde manteve o seu ateliê no Sítio Natura, no município de Nova Viçosa. Chegou ali a convite do amigo e arquiteto Zanine Caldas, que o ajudou a construir a habitação: Uma casa, a sete metros do chão, no alto de um tronco de pequi com 2,60 metros de diâmetro. À época Zanine Caldas sonhava em transformar Nova Viçosa em uma capital cultural e a sua utopia chegou a reunir nomes como os de Chico Buarque, Oscar Niemeyer e Dorival Caymmi.
No sítio, uma área de 1,2 km², um resquício de Mata Atlântica e de manguezal, o artista plantou mais de dez mil mudas de espécies nativas. O litoral do município é procurado, anualmente, no inverno, por baleias-jubarte. No sítio, dois pavilhões projetados pelo arquiteto Jaime Cupertino, abrigam atualmente mais de trezentas obras do artista. Futuramente, com mais cinco construções projetadas, ali se constituirá o museu que levará o nome do artista.
Ativismo Ecológico
- Denunciou queimadas no Estado do Paraná;
- Denunciou a exploração de minérios no Estado de Minas Gerais;
- Denunciou o desmatamento da Amazônia brasileira;
- Defendeu as tartarugas marinhas que buscam o litoral do município de Nova Viçosa para desova;
- Postou-se na frente de um trator para evitar a abertura de uma avenida na cidade de Nova Viçosa.
Morte
Frans Krajcberg faleceu na quarta-feira, 15/11/2017, aos 96 anos, vítima de pneumonia, no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro.
O corpo de Frans Krajcberg foi cremado às 11h00 de quinta-feira, 16/11/2017, no Memorial do Carmo, no Caju, Centro do Rio de Janeiro. O velório foi realizado meia hora antes da cerimônia de cremação.
As cinzas serão enviadas para o sul da Bahia, onde o artista plástico morava.
Segundo a assessoria de imprensa do Hospital Samaritano, a família não permitiu a divulgação da causa da morte de Frans Krajcberg.
Fonte: Wikipédia, Enciclopédia Itaú Cultural e G1