Diego do Violino

DIEGO FRAZÃO TORQUATO
(13 anos)
Violinista

* (1997)
+ Duque de Caxias, RJ (01/04/2010)

Morador de Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Diego era aluno da Orquestra de Cordas do Grupo Cultural AfroReggae. Na escola, gostava mais das aulas de história. Talvez seja porque, ainda tão novo, tinha muitas histórias para contar.

Recentemente havia sido indicado pelo jornal O Globo para o Prêmio Faz Diferença, após ser clicado pelo fotógrafo Rogério Resende, durante o enterro do coordenador de projetos sociais e professor de violino do AfroReggae Evandro João da Silva.

Evandro foi morto após um assalto em outubro de 2009, no Centro do Rio de Janeiro. O caso causou repercussão pela brutalidade e pela ineficiência da polícia em socorrer a vítima. Em 18 de outubro, Diego tocava, seu violino, emocionado, no enterro de Evandro. O mesmo Evandro que, anos antes, havia incentivado a irmã de Diego, Priscila Torquato, a entrar para a orquestra.

Priscila contou que convenceu o irmão a ingressar no grupo, para aprender algum instrumento. Isso tudo aconteceu há quatro anos, quando Diego nem pensava em se tornar músico. "Ele jogava capoeira no AfroReggae e aí surgiu a oportunidade dele tocar na orquestra. Eu falei pra ele ir. Na época, eu também tocava violino e depois fui aprender viola. O fato do Diego ser violinista é um milagre depois de tudo o que ele passou. A própria orquestra incentiva muito a pessoa em todos os sentidos. E a gente acaba incentivando outro jovens, outras pessoas".

Para Diego, a música era sinônimo de conquista: "Tocar violino é superar um obstáculo. Quero ser violinista. Tenho vontade de viajar com a minha música. A música é uma vitória na minha vida".

Diego era um menino feliz e cheio de autoestima. Em seu perfil na internet, ele falava de suas vitórias. Aos 4 anos, teve meningite, agravada por uma pneumonia. Sobreviveu. Em Parada de Lucas, cresceu, ao largo do crime. Com a memória embaçada por uma série de problemas de saúde que teve na infância, aprendeu a tocar violino. E tocava bem. Era a estrela da Orquestra de Cordas do AfroReggae.

"Hoje sou um artista". Com esta frase Diego Frazão Torquato resumiu sua vida. Apesar das dificuldades de saúde enfrentadas na infância - Diego teve tuberculose e chegou a ficar em coma quando tinha apenas quatro anos, além de ter contraído meningite e ter sopro no coração.


Morte

Diego do Violino, como se tornou conhecido, passou pela vida e fez bonito. A despedida, na tarde desta quinta-feira (01/04/2010), após passar nove dias internado, foi como uma canção triste, que deixou um sentimento de impotência em todos, diante de tamanha trapaça do destino.

Diego começou a passar mal há duas semanas, supostamente por causa de uma apendicite. Chegou-se a cogitar, quando o estado dele se agravou, que ele poderia ter sido vítima de falhas no atendimento da UPA da Penha, que o atendera duas vezes num único dia, sem cravar o diagnóstico.

Após uma cirurgia, seguida por infecção generalizada, ele foi internado na UTI pediátrica do Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, onde foi constatado que Diego sofria de leucemia, doença que atinge os glóbulos brancos. Mas seu quadro já era gravíssimo e os médicos decidiram induzir o coma.

Na quarta-feira (31/03/2010), logo após o diagnóstico que ninguém queria ouvir, ele ainda teve uma parada cardiorrespiratória, às 14:30 hs, seguida de reanimação. O pai de Diego, Telmo, ele próprio vítima de três AVCs anos atrás, entrou em desespero. Seus gritos foram acalmados pelo carinho do pessoal do AfroReggae, que não saiu do lado dele. "Quando o Telmo soube que o filho estava com leucemia, foi como um tiro seco", contou José Júnior, coordenador do AfroReggae, em seu twitter, que passou a ser seguido por pessoas que engrossavam a torcida pela recuperação do garoto. Debilitado, Diego não podia sequer iniciar a quimioterapia, que deve começar rapidamente em casos como os dele.

"Nosso anjinho voltou para o céu" - disse Júnior, logo após receber a notícia da morte de um de seus mais ilustres pupilos. - "Só Deus explica o Diego. Ele era muito especial. Apesar da dificuldade de memória, em decorrência da meningite, aprendeu a tocar violino e emocionava todo mundo. Se lhe faltava técnica, sobrava carisma".

Fonte: O Globo e Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens
Indicação: Simone Cristina Firmino

3 comentários:

  1. Está muito bem, agora num mundo onde há respeito e amor. Que Deus te abençoe anjinho.

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  2. ASSIM COMO COMO VIEMOS AO MUNDO,RETORNAREMOS... SEM MESMO SABER QUE AQUI ESTIVEMOS E QUE JÁ PARTIMOS!!!!!!!!!!!!!

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