Villas-Bôas Corrêa

LUIZ ANTÔNIO VILLAS-BÔAS CORRÊA
(93 anos)
Jornalista

☼ Rio de Janeiro, RJ (02/12/1923)
┼ Rio de Janeiro, RJ (15/12/2016)

Luiz Antonio Villas-Bôas Corrêa foi um jornalista brasileiro nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 02/12/1923. Era o mais antigo analista político do Brasil até a sua morte. Começou em 1948 e até 2011 assinou uma coluna no Jornal do Brasil.

Nascido no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, formou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito, da antiga Universidade do Brasil, em 1947, onde se espantou com a efervescência política e presidiu o Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO) no Estado Novo.

Iniciou sua atividade jornalística, sempre na área política, em 27/10/1948, no jornal A Notícia. Trabalhou também no Diário de Notícias, na Rádio Nacional e em diversas emissoras de televisão, notadamente na Rede Manchete, na qual atuou como comentarista político desde 1991 até o fechamento da emissora de Adolpho Bloch. Era conhecido pelo texto elegante, com estilo inconfundível e algo irônico, e pela sofisticada capacidade de análise política.

Atribuía, porém, ao acaso sua especialização. Ainda "foca", em uma reportagem policial, ouviu em uma rua na Glória um empresário se queixar de que não conseguia fechar um negócio, porque autoridades lhe exigiam dinheiro. Segundo relatou em 2011 a Pedro Doria na série em vídeo "Decanos Brasileiros - Dez Visões Sobre a Democracia no País", no site Estadão, convenceu o desconhecido a deixá-lo acompanhar uma audiência com Ministro da Guerra, general Canrobert Pereira da Costa, para denunciar as extorsões.



"Eu fiz a matéria, e deu uma manchetona no dia seguinte em 'A Notícia", contou Villas-Bôas Corrêa.

"'Gravíssima denúncia ao ministro da Guerra!' (...) Isso foi uma bomba no Congresso. Porque a oposição veio em cima, etc, debates, e faz CPI, não faz CPI... Durou uma semana. Não deu em nada. Mas para mim deu. Porque daí em diante eu verifiquei que não tinha repórter político na Notícia, que eu gostei da experiência e comecei a ir para o jornal cedo e a fazer matéria política!"
(Villas-Bôas Corrêa)

Era o início da trajetória profissional que o transformaria em testemunha dos principais acontecimentos políticos da segunda metade do século 20 e o início do século 21 no Brasil. Longa, a lista inclui o suicídio do presidente Getúlio Vargas, o contragolpe do marechal Henrique Teixeira Lott, em 1955, as revoltas de Jacareacanga e Aragarças no governo de Juscelino Kubitschek, a renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961, o golpe de 1964, a ditadura civil-militar de 1964-1985, a redemocratização, a agonia e morte do presidente Tancredo Neves, o impeachment do presidente Fernando Collor, os dois governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o início do primeiro período de Dilma na presidência.


Em, 1985, segundo relatou no livro "Conversa Com a Memória - A História de Meio Século de Jornalismo Público" (Ed. Objetiva) que preparara-se para participar, pela Rede Manchete, da cobertura da posse de Tancredo Neves. A solenidade acabou frustrada por uma cirurgia de emergência cujas complicações levariam o presidente à morte sem jamais ser empossado.

Praticamente sozinho no estúdio, Villas-Bôas Corrêa ancorou desde cedo (a operação fora feita de madrugada) o noticiário, enquanto a cobertura era reorganizada. "Continua, Villas", pediam-lhe, pela linha interna de comunicação, para que não parasse de falar. O repórter já sessentão, apesar do cansaço, garantiu por horas, com seus comentários, a transmissão.

Villas-Bôas Corrêa durante 23 anos, trabalhou na sucursal do Rio do jornal O Estado de S. Paulo, inicialmente como chefe da seção política e, mais tarde, como diretor da sucursal. Também trabalhou no matutino O Dia, lançado por Chagas Freitas após assumir o diário A Notícia.

Retornou ao Jornal do Brasil, em 1999, como editor de política.

Morte

Luiz Antônio Villas-Bôas Corrêa morreu na noite de quinta-feira, 15/12/2016, aos 93 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital São Lucas desde o dia 09/12/2016. Villas-Bôas Corrêa morreu em decorrência "de um choque séptico causado por uma pneumonia comunitária", segundo o Hospital São Lucas.

O corpo de Luiz Antônio Villas-Bôas Corrêa foi velado no Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, na manhã de sábado, 17/12/2016. No período da tarde ocorreu a cremação do jornalista. O velório começou às 10h00.

Villas-Bôas Corrêa era viúvo de Regina Maria de Sá Corrêa e deixou, além de Marcos, outro filho, o professor Marcelo de Sá Corrêa, três netos e três bisnetos.

Indicação: Miguel Sampaio

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