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Santa Rita Durão

JOSÉ DE SANTA RITA DURÃO
(62 anos)
Religioso Agostiniano, Orador e Poeta

* Fazenda Cata Preta - Mariana, MG (1722)
+ Lisboa, Portugal (1784)

Frei José de Santa Rita Durão foi um religioso agostiniano brasileiro do período colonial, orador e poeta. É também considerado um dos precursores do indianismo no Brasil. Seu poema épico "Caramuru" é a primeira obra narrativa escrita a ter, como tema, o habitante nativo do Brasil. Foi escrita ao estilo de Luís de Camões, imitando um poeta clássico assim como faziam os outros neoclássicos (árcades).

Vida

Santa Rita Durão estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro até os dez anos, partindo no ano seguinte para a Europa, onde se tornaria padre agostiniano. Doutorou-se em Filosofia e Teologia pela Universidade de Coimbra e, em seguida, lá ocupou uma cátedra de Teologia. Ingressou na Ordem de Santo Agostinho. Nesse período, por volta de 1759, fez uma pregação contra os padres da Companhia de Jesus pela expulsão dos jesuítas, mas depois se arrependeu. 

Durante o governo de Marquês de Pombal, foi perseguido e abandonou Portugal. Trabalhou em Roma como bibliotecário durante mais de vinte anos até a queda de seu grande inimigo, retornando então ao país luso. Esteve ainda na Espanha e na França. Voltando a Portugal com a Viradeira, (queda de Marquês de Pombal e restauração da cultura passadista), a sua principal atividade passou a ser a redação de "Caramuru", publicado em 1781. Conta-se que a obra teria sido recebida com indiferença e que isso fez Santa Rita Durão destruir várias poesias líricas suas.

A manifestação poética de Santa Rita Durão expressa o nativismo, estampado na exaltação da paisagem brasileira, dos seus recursos naturais, dos índios: seus costumes e suas tradições. Santa Rita Durão faz referências a fatos históricos, do século 16 até sua época. Apesar do retrocesso ao tipo de crônica informativa dos anos 1600, seu texto pertence à corrente literária do Arcadismo e valoriza a vida natural e simples, distante da corrupção.

Os poetas árcades, angustiados com os problemas urbanos e o progresso científico, propõem a volta à simplicidade da vida no campo e o aproveitamento do momento presente. Embora morem em cidades, fazem versos sobre paisagens bucólicas de outras épocas. Lançam mão de verdadeiros fingimentos poéticos, usando pseudônimos gregos e latinos, imaginando-se pastores e pastoras amorosos, numa vida saudável idealizada, sem luxo e em pleno contato com a natureza.

O Arcadismo no Brasil é diferente do europeu. Em primeiro lugar, usa a paisagem mineira como cenário bucólico, valoriza as coisas da terra, revelando um forte sentimento nativista. A presença do índio na poesia reflete o ideal do "bom selvagem iluminista", que não existe nos poemas europeus. Outra característica é a sátira política à opressão portuguesa e da corrupção colonial.


Santa Rita Durão também integra esse movimento cultural contra a colonização. "O Caramuru" faz um balanço da colonização em meio a uma descrição hiperbólica da natureza. Neste poema são exaltadas a fé e a defesa da terra contra os invasores. Segundo o crítico Antonio Cândido  "A obra de Santa Rita Durão pode ser vista tanto como expressão do triunfo português na América quanto das posições particularistas dos americanos; e serviria, em princípio, seja para simbolizar a lusitanização do país, seja para acentuar o nativismo."

A estrutura do poema segue o modelo de Luís de Camões, formado por dez cantos de versos decassílabos dispostos em estrofes fixas, as oitavas, com esquema de rimas abababcc. Mas, como era de se esperar para um membro do clero, o conservadorismo cristão substituiu a mitologia pagã, uma característica épica.

"Caramuru" tem como subtítulo "Poema Épico do Descobrimento da Bahia" e conta as aventuras de Diogo Álvares Correia, o Caramuru. Entre outras personagens do poema estão Paraguaçu, com quem Diogo se casou na França, e Moema, rival de Paraguaçu, que morreu afogada quando perseguia o navio que levava o casal para a França.

Santa Rita Durão morreu em Portugal em 24 de janeiro de 1784.


Obras
  • 1778 - Pro Anmia Studiorum Instauratione Oratio
  • 1781 - Caramuru


José de Alencar

JOSÉ MARTINIANO DE ALENCAR
(48 anos)
Jornalista, Político, Advogado, Orador, Crítico, Cronista, Polemista, Romancista e Dramaturgo

* Messejana, CE (01/05/1829)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/12/1877)

Formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária no Correio Mercantil e Diário do Rio de Janeiro. Foi casado com Ana Cochrane. Filho do senador José Martiniano Pereira de Alencar, irmão do diplomata Leonel Martiniano de Alencar, primeiro e único Barão de Alencar, e pai de Augusto Cochrane de Alencar.

Vida e Obra

Nasceu em Messejana, na época um município vizinho a Fortaleza. A família transferiu-se para a capital do Império do Brasil, Rio de Janeiro, e José de Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar.

Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, começando o curso de Direito em 1846. Fundou, na época, a revista Ensaios Literários, onde publicou o artigo questões de estilo.

Casa onde nasceu o escritor José de Alencar
Formou-se em direito, em 1850, e, em 1854, estreou como folhetinista no Correio Mercantil. Em 1856 publicou o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinha em 1857. Mas é com O Guarani em (1857) que alcançou notoriedade. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois em livros.

José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a trilogia indigenista: Iracema (1865) e Ubirajara (1874). O primeiro, epopéia sobre a origem do Ceará, tem como personagem principal a índia Iracema, a "virgem dos lábios de mel" e "cabelos tão escuros como a asa da graúna". O segundo tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade.

Em 1859, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860 ingressou na política, como deputado estadual no Ceará, sempre militando pelo Partido Conservador (Brasil Império).

Em 1868, tornou-se ministro da Justiça, ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador Dom Pedro II do Brasil não o escolhido por ser muito jovem ainda.

Em 1872 se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca totalmente confirmada, seria na verdade filho de Machado de Assis, dando respaldo para o romance Dom Casmurro.

Produziu também romances urbanos como Senhora (1875), Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893; regionalistas como O Gaúcho (1870), O Sertanejo (1875) e históricos onde temos Guerra dos Mascates (1873), além de peças para o teatro.

Uma característica marcante de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua portuguesa. Em um momento de consolidação da Independência, José de Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. Em sua homenagem foi erguida uma estátua no Rio de Janeiro e um teatro em Fortaleza chamado Teatro José de Alencar.

José de Alencar
Academia Brasileira de Letras

Grande expoente da literatura brasileira do século XIX, não alcançou a fundação do Silogeu Brasileiro. Coube-lhe, entretanto, a homenagem de ser patrono da cadeira 23 da Academia.

Nas discussões que antecederam a fundação da Academia Brasileira de Letras, seu nome foi defendido por Machado de Assis para ser o primeiro patrono, ou seja, nominar a cadeira 1. Mas não poderia haver hierarquia nessa escolha, e resultou que Adelino Fontoura, um autor quase desconhecido, veio a ser o patrono efetivo. Sobre esta escolha, registrou Afrânio Peixoto:

"Novidade de nossa Academia foi, em falta de antecedentes, criarem-nos, espiritualmente, nos patronos. Machado de Assis, o primeiro da companhia, por vários títulos, quis dar a José de Alencar a primazia que tem, e deve ter, na literatura nacional. A justiça não guiou a vários dos seus companheiros. Luís Murat, por sentimento exclusivamente, entendeu honrar um amigo morto, infeliz poeta, menos poeta que infeliz, Adelino Fontoura."

Morte

Viajou para a Europa em 1877, para tentar um tratamento médico, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro no mesmo ano, vitimado pela Tuberculose. Machado de Assis, que esteve no velório de José de Alencar, impressionou-se com a pobreza em que a família Alencar vivia.

Romance

  • 1856 - Cinco Minutos
  • 1856 - MeuKior
  • 1857 - A Viuvinha
  • 1857 - O Guarani
  • 1862 - Lucíola
  • 1864 - Diva
  • 1865 - Iracema
  • 1865 - As Minas de Prata - 1º volume
  • 1866 - As Minas de Prata - 2º volume
  • 1870 - O Gaúcho
  • 1870 - A Pata da Gazela
  • 1871 - O Tronco do Ipê
  • 1871 - Guerra dos Mascates - 1º volume
  • 1871 - Til
  • 1872 - Sonhos d'Ouro
  • 1873 - Alfarrábios
  • 1873 - Guerra dos Mascates - 2º volume
  • 1874 - Ubirajara
  • 1875 - O Sertanejo
  • 1875 - Senhora
  • 1877 - Encarnação

Teatro

  • 1857 - O Crédito
  • 1857 - Verso e Reverso
  • 1857 - O Demônio Familiar
  • 1858 - As Asas de um Anjo
  • 1860 - Mãe
  • 1867 - A Expiação
  • 1875 - O Jesuíta

Crônica

  • 1874 - Ao Correr da Pena

Autobiografia

  • 1873 - Como e Por Que Sou Romancista

Crítica e Polêmica

  • 1856 - Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios
  • 1865 - Ao Imperador: Cartas Políticas de Erasmo e Novas Cartas Políticas de Erasmo
  • 1866 - Ao Povo: Cartas Políticas de Erasmo
  • 1866 - O Sistema Representativo

Fonte: Wikipédia

Dom Silvério

SILVÉRIO GOMES PIMENTA
(82 anos)
Professor, Orador, Poeta, Biógrafo, Prelado e Arcebispo

☼ Congonhas do Campo, MG (12/01/1840)
┼ Mariana, MG (30/08/1922)

Nascido em 1840, em Congonha do Campo, distrito de Ouro Preto, na época, capital da província de Minas Gerais, Silvério Gomes Pimenta tornou-se padre, depois bispo, arcebispo e, mais tarde, ingressou na Academia Brasileira de Letras. Foi o primeiro arcebispo negro do Brasil e também o primeiro membro do alto clero brasileiro eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 19.


 Segundo seus biógrafos, o pai, Antônio Alves Pimenta, teria origem lusitana e a mãe, Porsina Gomes de Araújo, africana. Vale lembrar que a Lei do Ventre Livre, que garantiu a liberdade aos filhos de escravizadas, só foi assinada em 1871. O que nos leva a concluir que ou ele não tenha nascido livre ou a mãe já fosse alforriada.

O pai morreu quando ele era muito pequeno e Porsina com seus filhos viviam em estado de miserabilidade, conforme Silvério relatou numa conferência episcopal internacional:

"... às angústias da pobreza, e não qualquer pobreza, senão uma indigência, na qual correram parelhas a fome, a nudez e o desagasalho."

Aos nove anos foi trabalhar no comércio e, a pedido de um tio paterno, foi admitido no colégio lazarista local. O mesmo tio conseguiu que o bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, Conde da Conceição, se tornasse padrinho de crisma do sobrinho e que o admitisse, aos 14 anos, no seminário da mesma ordem, uma vez que o colégio havia encerrado suas atividades.

Dois anos depois, o aluno começou a dar aulas de latim naquele mesmo seminário, além de trabalhar como ajudante de um sapateiro da cidade. Tornou-se também professor de Filosofia e de História Universal. Dom Viçoso foi quem o ordenou, aos 22 anos, na matriz de Sabará, e também tomou uma série de decisões que o ajudaram a evoluir na carreira sacerdotal.

Logo após a ordenação, Silvério foi enviado a Roma, na companhia do padre João Batista Cornagliotto, com quem foi recebido em audiência pelo Papa Pio IX, que indagou sobre a língua que utilizariam para conversar. E o Papa se surpreendeu com a resposta: "Em latim, ou grego, hebraico, francês ou alemão...".

Entusiasmado, o pontífice o convidou a fazer o sermão de uma missa no Vaticano. Surpreso com sua eloquência e conhecimentos teológicos, um cardeal teria comentado em latim: "Niger, sed sapiens!" (Negro, porém sábio!).

Ao retornar ao país, Silvério ocupou vários cargos religiosos até ser sagrado bispo titular de Cámaco e também assumiu o cargo de bispo auxiliar de Mariana, em 1890. Foi o primeiro religioso a se tornar bispo, no país, após a Proclamação da República. Em 1906, a diocese de Mariana foi elevada a arquidiocese e novamente ele foi pioneiro: desta vez o primeiro Arcebispo negro do Brasil.

Não lhe faltaram inimigos, principalmente, que o caluniaram com acusações amparadas tanto na cor de sua pele, quanto em sua origem paupérrima. Contam que durante uma visita à Basílica de Nossa Senhora de Lourdes, na França, o pároco local o impediu de ingressar na igreja. Informado de que estava diante de um arcebispo brasileiro, o vigário sentiu-se na obrigação de pedir-lhe perdão pela atitude racista.

Literatura

Quando nomeado bispo de Cámaco, começou a produzir suas célebres cartas pastorais. A primeira pastoral traz a data de 24 de novembro de 1890 e a última é de 10 de fevereiro de 1922.

Conhecedor que era do latim, grego, hebraico, além das línguas vivas que usava correntemente, publicou poesias em latim. Sua obra maior é a "Vida de Dom Viçoso". Como jornalista, Dom Silvério fundou e dirigiu, em Mariana, "O Bom Ladrão", "O Viçoso", "O Dom Viçoso" e o "Dom Silvério", editados sob sua orientação e dirigidos pelos padres Severiano de Resende e João Luís Espeschit.

Obras
  • 1873 - O papa e a Revolução (Sermões)
  • 1897 - Peregrinação a Jerusalém
  • 1876 - Dom Antônio Ferreira Viçoso, Bispo de Mariana, Conde da Conceição
  • 1873 - A Prática da Confissão (Estudos de Moral e Dogma)
  • 1890-1922 - Cartas Pastorais
  • Diversos Sermões, Orações, Conferências, Poesias Latinas em Periódicos

Academia Brasileira de Letras

Em 1919, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo recebido a 28 de maio de 1920 por Carlos de Laet. Ocupou a cadeira 19, que tem por patrono Joaquim Caetano da Silva, da qual foi o segundo imortal.

Fonte: WikipédiaRevista Raça Brasil

Austregésilo de Athayde

BELARMINO MARIA AUSTREGÉSILO AUGUSTO DE ATHAYDE
(94 anos)
Jornalista, Cronista, Ensaísta, Orador e Professor

* Caruaru, PE (25/09/1898)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/1993)

Nascido na antiga Rua da Frente (atual Rua Quinze de Novembro) em Caruaru, Pernambuco, filho do desembargador José Feliciano Augusto de Athayde e de Constância Adelaide Austregésilo, e bisneto do tribuno e jornalista Antônio Vicente do Nascimento Feitosa.

Colaborador do jornal A Tribuna e tradutor na agência de notícias Associated Press, formou-se no ano de 1922 em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do antigo Distrito Federal e ingressou no jornalismo. Trabalhou como escritor e jornalista, chegando a dirigente dos Diários Associados, a convite de Assis Chateaubriand.

Foi diretor-secretário de A Tribuna e colaborador do Correio da Manhã. Assumiu a direção de O Jornal em 1924, órgão líder dos Diários Associados. Sua declarada oposição à Revolução de 1930 e o apoio ao Movimento Constitucionalista de São Paulo (1932) levou-o a prisão e exílio na Europa e depois na Argentina.

Permaneceu muitos meses em Portugal, Espanha, França e Inglaterra, e de lá se dirigiu a Buenos Aires, onde residiu por dois anos (1933-1934).

De volta ao Brasil reiniciou nos Diários Associados como articulista e diretor do Diário da Noite e redator-chefe de O Jornal, do qual foi o principal editorialista, além de manter a coluna diária Boletim Internacional. Tomou parte como delegado do Brasil na III Assembléia Geral das Nações Unidas, em Paris no ano de 1948, tendo sido membro da comissão que redigiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em cujos debates desempenhou papel decisivo.

Austregésilo de Athayde e Josué Montello
Também escreveu semanalmente na revista O Cruzeiro e, por sua destacada atividade jornalística, recebeu em 1952, na Universidade de Columbia, Estados Unidos, o Prêmio Maria Moors Cabot.

Diplomado na Escola Superior de Guerra em 1953, passou a ser conferencista daquele centro de estudos superiores. Após a morte em 1968 de Assis Chateaubriand, passou a integrar o condomínio diretor dos Diários Associados.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 9 de agosto de 1951, para a cadeira 8, sucedendo a Oliveira Viana, e foi recebido em 14 de novembro de 1951, pelo acadêmico Múcio Leão.

Tornou-se presidente da instituição em 1959, tendo sido reeleito para dirigi-la por longos 34 anos, até o fim de sua vida.

Fonte: Wikipédia

José do Patrocínio

JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO
(51 anos)
Farmacêutico, Jornalista, Escritor, Orador, Abolicionista e Ativista Político

☼ Campos dos Goytacazes, RJ (09/10/1853)
┼ Rio de Janeiro, RJ (29/01/1905)

José do Patrocínio destacou-se como uma das figuras mais importantes dos Movimentos Abolicionistas e Republicano no país. Foi também idealizador da Guarda Negra, que era formado por negros e ex-escravos para defender a Monarquia e o Regime Imperial.

Filho de João Carlos Monteiro, vigário da paróquia de Campos dos Goytacazes e orador sacro de reputação na Capela Imperial, com Justina do Espírito Santo, uma jovem escrava de quinze anos, cedida ao serviço do Cônego por Dona Emerenciana Ribeiro do Espírito Santo, proprietária da região.

Embora sem reconhecer a paternidade, o religioso encaminhou o menino para a sua fazenda na Lagoa de Cima, onde José do Patrocínio passou a infância como liberto, porém convivendo com os escravos e com os rígidos castigos que lhes eram impostos.

Aos 14 anos de idade, tendo completado a sua educação primária, pediu, e obteve do pai, autorização para ir para o Rio de Janeiro. Encontrou trabalho como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia (1868), empregando-se posteriormente na casa de saúde do Drº Batista Santos. Atraído pelo combate à doença, retomou, às próprias expensas, os estudos no externato de João Pedro de Aquino, prestando os exames preparatórios para o curso de Farmácia.

Aprovado, ingressou na Faculdade de Medicina como aluno de Farmácia, concluindo o curso em 1874. Nesse momento, desfazendo-se a república de estudantes com que convivia, José do Patrocínio viu-se na iminência de precisar alugar moradia, sem dispor de recursos para tal. Um amigo, antigo colega do externato de João Pedro de Aquino, João Rodrigues Pacheco Vilanova, convidou-o a morar no tradicional bairro de São Cristóvão, na casa da mãe, então casada em segundas núpcias com o capitão Emiliano Rosa Sena, abastado proprietário de terras e imóveis.

Para que José do Patrocínio pudesse aceitar sem constrangimento a hospedagem que lhe era oferecida, o capitão Emiliano Rosa Sena propôs-lhe que, como pagamento, lecionaria aos seus filhos. José do Patrocínio aceitou e, desde então, passou também a frequentar o Clube Republicano que funcionava na residência, do qual faziam parte Quintino Bocaiuva, Lopes Trovão, Pardal Mallet, dentre outros.

Não tardou que José do Patrocínio se apaixonasse por Maria Henriqueta, uma das filhas do militar, sendo também por ela correspondido. Quando informado do romance de ambos, o capitão Emiliano Rosa Sena sentiu-se ofendido a princípio, porém vindo, após o matrimônio, em 1879, a auxiliar José do Patrocínio em diversas ocasiões.

Nessa época, José do Patrocínio iniciou a carreira de jornalista em parceria com Dermeval da Fonseca, publicando o quinzenário satírico Os Ferrões, que circulou de 01/06/1875 a 15/10/1875, no total de dez números. Os dois colaboradores se assinavam com os pseudônimos Notus Ferrão (José do Patrocínio) e Eurus Ferrão (Dermeval da Fonseca).

Dois anos depois (1877), admitido na Gazeta de Notícias como redator, foi encarregado da coluna Semana Parlamentar, que assinava com o pseudônimo de Prudhome. Foi neste espaço que, em 1879, iniciou a campanha pela Abolição da Escravatura no Brasil.

Em torno de si formou-se um grupo de jornalistas e de oradores, entre os quais Ferreira de Meneses, proprietário da Gazeta da Tarde, Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Ubaldino do Amaral, Teodoro Fernandes Sampaio, Francisco de Paula Ney, todos da Associação Central Emancipadora. Por sua vez, José do Patrocínio começou a tomar parte nos trabalhos da associação.

Fundou, em 1880, juntamente com Joaquim Nabuco, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Com o falecimento de Ferreira de Meneses, em 1881, com recursos obtidos junto ao sogro, adquiriu a Gazeta da Tarde, assumindo-lhe a direção.

Em Maio de 1883, articulou a Confederação Abolicionista, congregando todos os clubes abolicionistas do país, cujo manifesto redigiu e assinou, juntamente com André Rebouças e Aristides Lobo. Nesta fase, José do Patrocínio não se limitou a escrever, também preparou e auxiliou a fuga de escravos e coordenou campanhas de angariação de fundos para adquirir alforrias, com a promoção de espetáculos ao vivo, comícios em teatros, manifestações em praça pública, etc.

Em 1882, a convite de Francisco de Paula Ney, José do Patrocínio visitou a província do Ceará, onde foi recebido em triunfo. Essa província seria pioneira no Brasil ao decretar a abolição já em 1884.

Em 1885, visitou sua cidade natal, Campos dos Goytacazes, sendo também recebido em triunfo. De volta ao Rio de Janeiro, trouxe a mãe, idosa e doente, que viria a falecer no final desse mesmo ano. O sepultamento transformou-se em um ato político em favor da abolição, tendo comparecido personalidades como as do ministro Rodolfo Dantas, o jurista Ruy Barbosa e os futuros presidentes Campos Sales e Prudente de Moraes.

Em 1886, iniciou-se na política, sendo eleito vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com votação maciça.

Em setembro de 1887, abandonou a Gazeta da Tarde para fundar e dirigir um novo periódico: A Cidade do Rio. À frente deste periódico, intensificou a sua atuação política. Aqui, fizeram escola alguns dos melhores nomes do jornalismo brasileiro da época, reunidos e incentivados pelo próprio José do Patrocínio. Foi nele que José do Patrocínio saudou, após uma década de intensa militância, a 13/05/1888, o advento da Abolição.

Obtida a vitória na campanha abolicionista, as atenções da opinião pública se voltaram para a campanha republicana. Por ironia do destino, o A Cidade do Rio e a própria figura de José do Patrocínio passam a ser identificados pela opinião pública como defensores da monarquia em crise. Nessa fase, José do Patrocínio, rotulado como um Isabelista, foi apontado como um dos mentores da chamada Guarda Negra, um grupo de ex-escravos que agia com violência contra os comícios republicanos.

Após a Proclamação da República, em 1889, entrou em conflito em 1892 com o governo do marechal Floriano Peixoto, pelo que foi detido e deportado para Cucuí, no alto Rio Negro, no Estado do Amazonas.

Retornou discretamente ao Rio de Janeiro em 1893, mas com o Estado de Sítio ainda em vigor, a publicação do A Cidade do Rio continuou suspensa. Sem fonte de renda, José do Patrocínio foi residir no subúrbio de Inhaúma.

Nos anos seguintes, a sua participação política foi inexpressiva, concentrando-se a sua atenção no moderno invento da aviação. Iniciou a construção de um dirigível de 45 metros, o Santa Cruz, com o sonho de voar, jamais concluído. Numa homenagem a Santos Dumont, realizada no Teatro Lyrico Fluminense, quando discursava saudando o inventor, foi acometido de uma Hemoptise, sintoma da Tuberculose que o vitimou.

José do Patrocínio faleceu pouco depois, aos 51 anos de idade, aquele que é considerado por seus biógrafos o maior de todos os jornalistas da abolição.

Representações na Cultura

José do Patrocínio já foi retratado como personagem na televisão, interpretado por Antonio Pitanga na novela "Sangue do Meu Sangue" (1969) e por Kadu Karneiro no remake "Sangue do Meu Sangue" (1995), Valter Santos na minissérie "Abolição" (1988) e Maurício Gonçalves na minissérie "Chiquinha Gonzaga" (1999).

Obras


  • 1875 - Os Ferrões (Quinzenário Satírico)
  • 1877 - Mota Coqueiro ou A Pena de Morte (Romance)
  • 1879 - Os Retirantes (Romance)
  • 1883 - Manifesto da Confederação Abolicionista
  • 1884 - Pedro Espanhol (Romance)
  • 1885 - Conferência Pública em sessão da Confederação Abolicionista
  • ------ - Associação Central Emancipadora (8 boletins)

Pseudônimos

Em artigos nos periódicos da época, José do Patrocínio usou os pseudônimos de:


  • Justino Monteiro ("A Notícia", 1905)
  • "Notus Ferrão" ("Os Ferrões", 1875)
  • "Prudhome" ("A Gazeta de Notícias", "A Cidade do Rio")

Fonte: Wikipédia

Ubaldino do Amaral

UBALDINO DO AMARAL FONTOURA
(77 anos)
Orador, Professor, Advogado, Jurista e Político

☼ Lapa, SP (27/08/1842)
┼ Rio de Janeiro, RJ (22/01/1920)

Ubaldino do Amaral Fontoura foi um escritor, orador, professor, advogado, jurista e político brasileiro. Filho de Francisco das Chagas do Amaral e Gertrudes Pilar do Amaral, nasceu em 27/08/1842, na Vila da Lapa, então pertencente à Província de São Paulo.

Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da capital da mesma província, recebendo, em 22/11/1867, o grau de Bacharel em Direito.

Depois de formado, fixou residência na cidade de Sorocaba, onde abriu banca de advogado, desenvolveu o Gabinete de Leitura dessa cidade, fundou os jornais Sorocabano e Ipanema, e levantou a ideia da construção da Estrada de Ferro Sorocabana.

Em 1874, aceitou o convite de Saldanha Marinho para trabalhar no Rio de Janeiro, em sua banca de advogado, onde, em curto tempo, destacava-se como Jurisconsulto, sendo seus pareceres aceitos e acatados entre os mais conspícuos cultores do Direito.

Em portaria de 12 de janeiro de 1884, do Ministro do Império, foi nomeado membro efetivo do Conselho Diretor da Instrução Primária e Secundária do município da Corte.

Proclamado o regime republicano, foi nomeado Inspetor da Alfândega do Rio de Janeiro, em decreto de 30/11/1889. Presidente da Comissão Inspetora da Casa de Correição da Capital Federal, em portaria de 26/02/1890, do Ministério da Justiça. Presidente do Conselho da Intendência Municipal, em decreto de 28/02/1890, sendo exonerado a pedido, em decreto de 11/08/1890.

Eleito Senador por nove anos pelo estado do Paraná, em janeiro de 1891, foi presidente da Comissão dos 21, encarregada de rever o projeto da Constituição da República.

Em 30/12/1891, renunciou a cadeira de Senador, porém foi reeleito em 15/06/1892, sendo reconhecido a 16/07/1893. Exerceu no Senado os cargos de 1º secretário e vice-presidente no período de maio de 1894 a maio de 1895.

Em decreto de 05/12/1894, foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal Federal, tomando posse a 15/12/1894. Foi exonerado, a pedido, em decreto de 04/05/1896.

Foi nomeado Prefeito do Distrito Federal, em decreto de 23/11/1897, sendo exonerado em decreto de 15/11/1898.

Em 1903, foi nomeado Diretor do Banco da República e membro do Conselho da Junta Administrativa da Caixa de Amortização.

Exerceu, em 1909, a presidência do Banco do Brasil. Seus serviços foram aproveitados como Árbitro do Brasil nos tribunais mistos brasileiro-boliviano e brasileiro-peruano; Advogado do estado do Paraná na questão de limites com o estado de Santa Catarina; Embaixador da Comissão Permanente de Arbitramento do Tribunal de Haia; Lente da Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro; professor do Clube dos Guarda-Livros e da Escola Senador Correia; e presidente da Sociedade de Legislação Comparada.

Em todos os cargos de sua vida pública revelou sempre grande cultura e inteligência, e foi notável advogado.

Em Decreto Municipal nº 1.165, de 31/10/1917, foi dado o seu nome a uma das ruas abertas na esplanada do antigo morro do Senado.

Era casado com Rosa Cândida de Oliveira Amaral, deixando grande descendência.

Ubaldino do Amaral Fontoura faleceu em 22/01/1920, no Rio de Janeiro, sendo sepultado no Cemitério de São João Batista.

Ruy Barbosa

RUY BARBOSA DE OLIVEIRA
(73 anos)
Jurista, Político, Jornalista, Advogado, Diplomata, Escritor, Filólogo, Tradutor e Orador

* Salvador, BA (05/11/1849)
+ Petrópolis, RJ (01/03/1923)

Um dos intelectuais mais brilhantes do seu tempo, participou da Campanha Abolicionista. Foi também um dos organizadores da República e coautor da constituição da Primeira República juntamente com Prudente de Moraes. Ruy Barbosa atuou na defesa da Federação e na promoção dos direitos e garantias individuais. Primeiro Ministro da Fazenda do novo regime, marcou sua breve e discutida gestão pelas reformas modernizadoras da economia. Destacou-se, também, como jornalista e advogado.

Foi deputado, senador, ministro. Em duas ocasiões, foi candidato à Presidência da República. Empreendeu a Campanha Civilista contra o candidato militar Hermes da Fonseca. Notável orador e estudioso da língua portuguesa, foi nomeado presidente da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Machado de Assis.

Como delegado do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia (1907), notabilizou-se pela defesa do princípio da igualdade dos Estados. Teve papel decisivo na entrada do Brasil na I Guerra Mundial. Já no final de sua vida, foi indicado para ser juiz da Corte Internacional de Haia, um cargo de enorme prestígio, que recusou.

Ruy Barbosa, filho de João José Barbosa de Oliveira e de Maria Adélia Barbosa de Oliveira, nasceu em 1849, na rua dos Capitães, hoje rua Ruy Barbosa, freguesia da Sé, na cidade do Salvador, na então Província da Bahia. Aos cinco anos, fez seu professor Antônio Gentil Ibirapitanga exclamar: "Este menino de cinco anos de idade é o maior talento que eu já vi. Em quinze dias aprendeu análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar todos os verbos regulares."

Em 1861, aos onze anos, quando estudava no Ginásio Baiano de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, fez o mestre declarar a seu pai, João Barbosa: "Seu filho nada mais tem a aprender comigo". Ali, como disse mais tarde, viveu a maior emoção de toda a sua vida, quando recebeu uma medalha de ouro do Arcebispo da Bahia.

Em 1864, concluído o curso ginasial, mas sem idade para entrar na Universidade, passou o ano estudando alemão. No ano seguinte ingressou na Faculdade de Direito de Olinda.

Em 1867, adoeceu de "Incômodo Cerebral". Em 1868 abrigou em sua casa por alguns dias, Castro Alves, seu antigo colega no Ginásio Baiano, em razão do rompimento dele com Eugênia Câmara. Proferiu o famoso discurso saudando José Bonifácio, o Moço.

Em 1870, graduou-se como bacharel pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e retornou à Bahia, acometido, novamente, de "Incômodo Cerebral". Em 1871 começou a advogar e estreou no júri, tendo registrado: "Minha estreia na tribuna forense foi, aqui, na Bahia, a desafronta na honra de uma inocente filha do povo contra a lascívia opulenta de um mandão."

Em 1872, iniciou-se no jornalismo, no Diário da Bahia, e viveu a sua primeira crise amorosa. Brasília era o nome da senhorinha e morava no bairro de Itapagipe. Em 1873 assumiu a direção do Diário da Bahia e fez conferência no Teatro São João sobre "eleição direta". O pai confessa, numa carta, que "poucos o igualam", que ele "foi aplaudido de um modo que me comoveu", e ainda "dizem-me que é superior a José Bonifácio e sustentam que certamente hoje não se fala melhor do que ele."

Em 1876, casou-se com a baiana Maria Augusta Viana Bandeira. Em 1877, foi eleito deputado à Assembleia da Bahia. No ano seguinte foi eleito deputado à Assembleia da Corte. Em 1881 promoveu a Reforma Geral do Ensino.

Em 1885, no auge da campanha abolicionista, José do Patrocínio escreveu: "Deus acendeu um vulcão na cabeça de Ruy Barbosa". Duas semanas antes da abolição, em 30 de abril de 1888, Barbosa vaticinou: "A grande transformação aproxima-se de seu termo". A 7 de março de 1889 Joaquim Nabuco afirma: "Evaristo, na imprensa, fez a Regência e Ruy fará a República".

Em 9 de junho de 1889 recusou o convite para integrar o Gabinete Ouro Preto. "Não posso ser membro de um Ministério que não tome por primeira reforma a Federação". Em novembro daquele mesmo ano Benjamin_Constant escreveu a Ruy: "Seu artigo de hoje, Plano contra a Pátria, fez a República e me convenceu da necessidade imediata da revolução". Dias depois, em 15 de novembro de 1889, Barbosa redigiu o primeiro decreto do governo provisório e foi nomeado Ministro da Fazenda, no governo de Deodoro da Fonseca.

Em 1890 D. Pedro II diz: "Nas trevas que caíram sobre o Brasil, a única luz que alumia, no fundo da nave, é o talento de Ruy Barbosa". Ainda neste ano, lança os decretos de reforma bancária, no qual foi criticado por Ramiro Barcelos, que, anos depois, se penitenciou: "A desgraça da República foi nós, os históricos, não termos compreendido logo a grandeza de Ruy". Elabora-se o projeto de Constituição em sua casa.

Em 14 de dezembro do mesmo ano, Ruy Barbosa, então Ministro da Fazenda, mandou queimar os Livros de Matrículas de escravos existentes nos cartórios das comarcas e registros de posse e movimentação patrimonial envolvendo todos os Escravos, o que foi feito ao longo de sua gestão e de seu sucessor. A razão alegada para o gesto teria sido apagar "a mancha" da escravidão do passado nacional. Mas especialistas afirmam que Ruy Barbosa quis, com a medida, inviabilizar o cálculo de eventuais indenizações que vinham sendo pleiteadas pelos antigos proprietários de escravos. Apenas 11 dias depois da Abolição da Escravatura, um projeto de lei foi encaminhado à Câmara, propondo ressarcir senhores dos prejuízos gerados com a medida.

Em 1891 é nomeado Primeiro Vice-Chefe do Governo Provisório. Em 1892 abandona a bancada do Senado, depois de feita a justificativa em discurso. Dias mais tarde lança um manifesto à nação no qual diz a famosa frase: "Com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação. Eu ouso dizer que este é o programa da República". Em 23 de abril do mesmo ano sobe as escadarias do Supremo Tribunal Federal, sob ameaça de morte, para defender, como patrono voluntário, o habeas corpus dos desterrados de Cucui.

Em 7 de fevereiro de 1893 volta à Bahia para um encontro consagratório com Manuel Vitorino, ocasião em que fala de sua terra: "Ninho onde cantou Castro Alves, verde ninho murmuroso de eterna poesia". Em setembro do mesmo ano, a Revolta. Refugia-se na Legação do Chile. Sob ameaça de morte, exila-se em Buenos Aires.

Em 1 de março de 1894, é candidato a presidente, obtendo o quarto lugar.

Ainda em exílio, no ano seguinte Ruy viaja a Londres, de onde escreve as Cartas da Inglaterra para o Jornal do Commercio a partir de 7 de janeiro de 1895. No ano seguinte produz textos a serviço dos insurrectos de 1893. Escreve na imprensa: "E jornalista é que nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre…"

Em 1897 recusa convite para ser Ministro Plenipotenciário do Brasil na questão da Guiana, feito por Manuel Vitorino, então vice-presidente do governo de Prudente de Moraes. Critica a intervenção militar em Canudos. Torna-se membro fundador da Academia Brasileira de Letras, e recebe de Joaquim Nabuco a seguinte citação, no livro Minha Formação: "Ruy Barbosa, hoje a mais poderosa máquina cerebral do nosso país".

Em 3 de abril de 1902 publica parecer crítico ao projeto do Código Civil. Ao final do ano, em 31 de dezembro, lança réplica às observações feitas pelo filólogo Ernesto Carneiro Ribeiro, seu antigo mestre na Bahia. A tréplica de Carneiro só veio a público em 1923. Foi a maior polêmica filológica da Língua Portuguesa.

Três anos depois, em 1905, chegou a se candidatar a presidente, porém retirou sua candidatura para apoiar a de Afonso Pena.

Em junho de 1907, Ruy vai à Conferência de Haia, sendo sua consagração mundial. Sobre isso, escreveu o jornalista William Thomas Stead: "As duas maiores forças pessoais da Conferência foram o Barão Marschall da Alemanha, e o Dr. Barbosa, do Brasil… Todavia ao acabar da conferência, Dr. Barbosa pesava mais do que o Barão de Marschall".

Em 21 de outubro de 1908 discursa, em francês, na Academia Brasileira de Letras, em recepção a Anatole France. A partir do ano seguinte, e até 1910, inicia a Campanha civilista. Já em 1911 retorna ao Diário de Notícias. Nesse período, ao responder à carta de um correligionário civilista, em outubro de 1911, escreve uma das mais importantes obras sobre Deontologia Jurídica: O Dever do Advogado.

Para a eleição de 1 de março de 1910, integra com o presidente de São Paulo, Dr. Albuquerque Lins, a chapa dos candidatos da soberania popular, na Campanha Civilista, sendo Ruy candidato a presidente da república, e Albuquerque Lins a vice-presidente. O país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais apoiaram o candidato Ruy Barbosa, e os demais estados apoiaram a candidatura de Hermes da Fonseca, que tinha Venceslau Brás como seu vice. Hermes e Venceslau Brás venceram. Hermes teve 403.867 votos contra 222.822 votos dados a Ruy Barbosa.

Durante a Guerra do Contestado (1912 -1916), Ruy Barbosa defendeu os interesses do Paraná. Nessa época, também era advogado e possivelmente lobista da Southern Brazil Lumber & Colonization Co. Inc., grande empresa madeireira e colonizadora de terras no sul do país que integrava o grupo empresarial de Percival Farquhar.

Em junho de 1913 inicia sua terceira candidatura à Presidência pela Convenção Nacional, no Teatro Politeama do Rio de Janeiro - "a maior solenidade popular registrada, até hoje, na história brasileira". Na iminência de perder para Venceslau Brás, lança em dezembro o "Manifesto à Nação", renunciando à candidatura. Ruy obteve, em 1º de março de 1914, 47.000 votos, tendo sido derrotado por Venceslau Brás.

Três anos depois, a 9 de julho de 1917, participa do Centenário de Tucuman. Ao receber o título de professor honoris causa da Faculdade de Direito e Ciências Sociais de Buenos Aires, em 14 de julho, protesta - a propósito da Guerra Mundial em curso na Europa - contra a postura dos países neutros diante das atrocidades do conflito. Em seu discurso intitulado o "Dever dos Neutros", Rui defende o princípio de que neutralidade não pode ser confundida com indiferença e impassibilidade, apoiando firmemente a causa dos aliados. Segundo ele, a invasão da Bélgica pelos alemães, no final de 1915, representava o revés das conquistas alcançadas na Conferência da Paz em Haia. O discurso teve repercussão internacional, e suas teses provocariam mudanças drásticas na política externa do Brasil - até então neutro na Guerra Mundial. Durante todo o ano de 1917, Rui participaria de comícios e manifestações contra a agressão aos navios da marinha mercante brasileira.

Finalmente, convocado pelo presidente da República, Venceslau Brás, participaria da reunião em que foi revogado o decreto de neutralidade do Brasil no conflito, em 10 de junho de 1917. Victorino de la Plaza, presidente da Argentina, após o banquete que lhe ofereceu Ruy, falou: "Já disse aos meus ministros que, aqui, o Sr. Ruy Barbosa, com credenciais ou sem elas, será considerado sempre o mais legítimo representante do Brasil."

Em 1917 colabora no projeto da Tradução Brasileira.

Ocorre em 1918 o Jubileu Cívico. Paul Claudel, ministro da França, entrega-lhe as insígnias de Grande Oficial da Legião de Honra.

Em 13 de abril de 1919 concorre pela quarta e última vez à Presidência, e, como anteriormente, contra a sua vontade. Perde as eleições para Epitácio Pessoa. Promove conferências pelo sertão da Bahia. Ainda em 1919, dada a intervenção de Epitácio Pessoa na Bahia, reitera a recusa, feita um ano antes, de representar o Brasil na Liga das Nações, durante a Conferência de Versalhes - que estipulou os termos da paz entre vitoriosos e derrotados na Primeira Guerra.

Em 1921, com o "coração enjoado da política", renuncia à cadeira de senador. Jubileu político ao lado dos moços doutorandos de São Paulo.

A Bahia, que ele chamou de "mãe idolatrada", reelege-o senador novamente, e ele diz: "É um ato de obediência, em que abdico da minha liberdade, para me submeter às exigências do meu Estado natal".
Recusa o cargo de Juiz Permanente na Corte de Haia (ocupado posteriormente por Epitácio Pessoa).
Ainda no mesmo ano, recusa projeto do senador Félix Pacheco para que fosse concedido a Ruy um prêmio nacional em dinheiro, dizendo: "A consciência me atesta não estar eu na altura de galardão tão excepcional".

Em julho de 1922 sucumbe a um grave Edema Pulmonar, com iminência de morte. Meses depois, em fevereiro de 1923, sofre Parilisia Bulbar.

Dr. Ruy diz a seu médico: "Doutor, não há mais nada a fazer". Ao 1º de março de 1923 falece em Petrópolis, à tarde, aos 73 anos de idade.

Fonte: Wikipédia