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Robertino Braga

ROBERTINO BRAGA
(83 anos)
Relojoeiro

* (27/03/1896)
+ (27/01/1980)

Robertino Braga foi responsável pela primeira apresentação de Roberto Carlos na Rádio Nacional. O pai de Zunga viajava muito, para comprar peças para relógios, já que era relojoeiro. Durante uma dessas viagens ao Rio de Janeiro, ele levou Roberto Carlos com ele. O futuro cantor ficou maravilhado com os estúdios da Rádio Nacional.

Ainda nos anos 50, ele levou o filho em outra viagem ao Rio de Janeiro, onde Zunga se apresentou, no programa "Papel Carbono", de Renato Murce, que lançou gente como Ângela Maria e Luiz Gonzaga. Além disso, foi Robertino Braga quem presenteou Roberto Carlos com o seu primeiro violão. Ele sempre dizia que andava com a foto de Roberto Carlos na carteira, e chegou a participar do programa "Jovem Guarda", apenas sorrindo, ao lado do filho, com o qual adorava pescar.

Roberto Carlos não poupou homenagens a seu pai Robertino Braga. Ele sempre disse que seu pai o incentivava a crescer na vida, e mostrava o verdadeiro valor do trabalho. Era um homem muito brincalhão e adorava contar histórias. E em 1979, um ano depois da homenagem à mãe, através da música "Lady Laura", Roberto Carlos compôs em parceria com o amigo Erasmo Carlos, a canção "Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo".

Com letra extremamente comovente, a música é capaz de comover qualquer um que a escute. E comoveu seu Robertino Braga, que, um mês depois de ter ouvido a música pela primeira vez, faleceu, em decorrência de um Enfisema Pulmonar, complicado por problemas cardíacos.

"Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo" foi lançada em dezembro de 1979, no disco "Roberto Carlos 1979".

Na tarde de 27/01/1980, Robertino Braga, que estava internado havia alguns dias no Centro Médico Bambina, em Botafogo, Rio de Janeiro, faleceu, aos 83 anos. Roberto Carlos recebeu a notícia da morte pelo rádio de seu iate, Lady Laura II, onde estava relaxando. Ele desembarcou, e correu para o hospital.

O país inteiro sofreu com Roberto Carlos. No enterro, no Cemitério São João Batista, Zona Sul do Rio de Janeiro, ele nem conseguiu acompanhar o caixão, por causa da grande quantidade de fãs que estava no local.

Robertino Braga é hoje o nome de uma rua em Cachoeiro de Itapemirim.

Em 1971, seu Robertino Braga participou de uma reportagem especial sobre o filho, na revista "Cartaz Especial", onde falou sobre várias coisas até então desconhecidas dos fãs de seu filho.

O pai de Roberto Carlos era um homem muito alegre, estava sempre sorrindo. A maior parte de seu tempo ele passava em São Paulo, na casa de Norma, sua filha. Adorava fazer compras no mercado, assistir à televisão e jogar cartas. Baralhos ele tinha aos montes: uma das primeiras preocupações de Roberto Carlos quando viajava era comprar um de presente. E ele tinha baralhos de quase todos os lugares do mundo.

Sua vida era muito pacata e os únicos passeios que dava eram com as netas, filhas de Norma. Falava muito e empolgava-se com facilidade, principalmente quando o assunto era Roberto Carlos. Os programas sofisticados de Robertino Braga aconteciam somente quando o filho fazia temporadas.

Uma das coisas que contava com mais orgulho era a história do primeiro violão de Roberto Carlos, dado por ele:

- Saímos um dia e, no Largo da Carioca, entramos numa loja de instrumentos musicais e compramos o violão mais caro. Zunga tinha 17 anos e um ouvido muito especial. Deu um trabalhão, porque experimentou todos os violões, até escolher aquele que queria. Foi com esse violão que compôs seus primeiros sucessos. Hoje ele está rachado, mas mesmo assim, quando Roberto visita a mãe, de vez em quando dedilha um pouquinho.

- Desde pequeno, gostava de música, mais estudar, que é bom, nada. Vivia fazendo travessuras. Eu quase não o via, mas à noite, quando chegava em casa, tinha um relatório de suas artes.

- Ele levava a bicicleta do irmão para o alto de um barranco e eu falava pra Laura: o dia que o Roberto cair, o pé vai fazer as vezes do joelho. E foi dito e feito. Também era fácil adivinhar: ele era pequenininho e o pé não alcançava os pedais.

- Ele sempre foi apaixonado por doce. De vez em quando sumia e nós ficávamos malucos de procurar, até que voltava pra casa com cara de anjinho. Mas um dia o mistério foi desvendado: ele tinha um amiguinho lá perto, cuja mãe adorava fazer doces. Depois, quando ele sumia, nem nos preocupávamos mais: era só ir até a casa do menino para encontrar o Roberto se empanturrando.

- Depois começou a ficar mais independente e, com oito anos, já saia para pescar com o Edinho e Francisco, seus amiguinhos. Uma vez, junto com o Edinho, comprou umas tábuas numa serraria perto de casa e fez um bote. Mas quando o colocaram no Rio Itapemirim, o bote encheu d'água e afundou. Acho que foi uma das maiores caras de decepção que vi nele.

- Quando Roberto errava, eu era muito severo com ele. Dava broncas, me esquentava. Mas Laura sempre o salvava de levar umas palmadinhas. Roberto sempre gostou de carros. Fazia aqueles carrinhos formados por uma tábua, 4 rodinhas e uma espécie de volante. Saia correndo pelas ruas que não eram calçadas e chegava em casa todo sujo de terra.

- A fisionomia de Roberto mudou muito. Ele tinha o rosto mais redondo, gordinho, e era um moreno muito bonito. Agora ele não está tão bonito assim. Também pudera, essa mania de regime, não sei pra quê, que ele tem hoje, abate qualquer um.

- Mas o regime vai embora quando ele vê gelatina. E capaz de comer uma tigela toda, do tanto que gosta.

- Desde cedo aprendeu a assobiar. Foi o primeiro instrumento que ele tocou. Mas depois começou a aprender violino, violão e bongô, além dos 4 anos de piano.

Hoje, seu Robertino está aposentado. E não tem vergonha de dizer que Roberto Carlos lhe dá uma mesada da três mil cruzeiros.

- Eu não pedi nada. Mas Roberto, desde que começou a ganhar dinheiro, não quis que eu trabalhasse mais. Mas não é só a mim que ajuda todos os parentes mais chegados recebem alguma coisa dele. E esse coração mole já o fez ser muito explorado: no princípio, quando ainda não sabia direito o valor do dinheiro, várias pessoas aproximaram-se dele para tentar levar alguma coisa.

E conseguiram. E isso não era difícil: bastava ter ou não capacidade de comovê-lo. Isso, sem falar nos parentes que apareciam, como que por encanto, gente de quem nunca tínhamos ouvido falar. Pediam casa, carro e até uma chatice para serem artistas de cinema.

- A fase mais violenta foi a da Jovem Guarda Agora, o número diminuiu muito. Mas de vez em quando temos o prazer de conhecer gente nova da família. E como a nossa é grande...

- Lá no Rio, até hoje Laura não tem sossego. Todos os dias, muitas pessoas batem na porta para pedir coisas. Ela nem atende mais e faz de conta que não está...

Fonte: Blog Roberto Carlos Braga e RC Braga Flogão