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Emílio Ribas

EMÍLIO MARCONDES RIBAS
(62 anos)
Sanitarista

* Pindamonhangaba, SP (11/04/1862)
+ São Paulo, SP (19/02/1925)

Emílio Marcondes Ribas foi um sanitarista brasileiro. Trabalhou no combate a epidemias e endemias, tendo criado o Instituto Butantan entre outros órgãos públicos de saúde pública.

Um dos bravos e incompreendidos sanitaristas brasileiros do fim do século XIX e início do século XX que, juntamente com Oswaldo Cruz, Adolfo Lutz, Vital Brasil e Carlos Chagas, lutaram para livrar a cidade e os campos das epidemias e endemias que assolavam o país.

Emílio Ribas fez os estudos primários e secundários em sua cidade natal. Mudou-se depois para o Rio de Janeiro, onde cursou a Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil e formou-se com mérito em 1887. Começou sua vida profissional como clínico geral. Casou-se e foi morar no interior de São Paulo, primeiro em Santa Rita do Passa Quatro e depois em Tatuí.

Em 1895 foi nomeado inspetor sanitário e começou a trabalhar em São Paulo. Combateu diversas epidemias no interior do estado. Um ano depois, tornou-se diretor do Serviço Sanitário de São Paulo. Nesta época conseguiu debelar um surto de febre amarela.

Sua gestão no Instituto Sanitário duraria quase duas décadas. Durante este período, exterminou grande quantidade de viveiros do mosquito da febre amarela, o Aedes Aegypti, que também pode transmitir a dengue. Em 1904, reduziu a febre amarela a apenas dois casos no estado de São Paulo.

Sofreu forte oposição dos que acreditavam que a doença era transmitida por contágio entre pessoas. Para  provar que esta tese estava errada, em 1903, o doutor Emílio Ribas realizou uma curiosa experiência: Trancou-se numa sala com alguns voluntários e deixou-se picar por um mosquito contaminado com o vírus da febre amarela. Em outra sala fez voluntários dormirem vestindo camisas de doentes de febre amarela sujas de urina e vômito. Dessa maneira o médico - contaminado pela febre amarela - provou que a doença não se adquire por contato direto com pessoas doentes. Felizmente, ele ficou apenas algumas semanas de cama e se restabeleceu. Foi a partir da contaminação de Emílio Ribas que Oswaldo Cruz empreendeu a eliminação dos focos de mosquito no Rio de Janeiro.

Foi para Cuba acompanhar estudos dos médicos Walter Reed e Carlos Finley. Voltou ao Brasil e defendeu a tese da transmissão da doença pelo mosquito, e não pelo contágio direto. A partir daí os doentes deixaram de ser mantidos em isolamento. O Hospital de Isolamento de Doenças Contagiosas em São Paulo passou a chamar-se Hospital Emílio Ribas, tornando-se o maior centro de infectologia da América Latina.

Emílio Ribas foi fundador do Instituto Soroterápico do Butantã, construído numa fazenda nos arredores de São Paulo, e colaborou para a fundação do Sanatório de Campos do Jordão para tratamento da tuberculose, além de ter idealizado e construído a Estrada de Ferro Campos do Jordão.

As ações sanitárias de Emílio Ribas no combate à febre amarela, em São Paulo, ocorreram simultaneamente às campanhas de Oswaldo Cruz contra a doença, no Rio de Janeiro.

Em 1902, Emílio Ribas trabalhou em São Simão, SP, para deter a terceira epidemia de febre amarela. Só saiu da cidade quando conseguiu com uma equipe de médicos e voluntários acabar com a grave epidemia, mandando limpar o rio que corta a cidade, e tomando medidas para melhorar o saneamento básico na cidade que, ao chegar, descreveu-a de forma pouco lisonjeira: 530 prédios, mal construídos, 90% sem assoalho ou forro, e com péssimo saneamento básico, o que era verdade.

Nos anos de 1908 e 1909, Emílio Ribas fez várias viagens de estudos e conferências pela Europa e pelos Estados Unidos. Emílio Ribas atuou ainda como sanitarista no combate a outras doenças endêmicas do estado de São Paulo. Combateu a peste bubônica, a tuberculose e a lepra.

Em seus últimos anos criou um asilo especializado para hansenianos, próximo a São Paulo, que visitava três vezes por semana. Em 1922 fez sua última conferência no Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Três anos depois, faleceu, aos 62 anos de idade.


Hospital Emílio Ribas

Algumas informações sobre o Hospital Emílio Ribas.

  • Quando foi inaugurado em 1880, São Paulo tinha 50 mil habitantes;
  • A instituição foi construída com dinheiro doado pela população;
  • Foi o primeiro hospital público da cidade. Já existiam a Santa Casa e o Beneficência Portuguesa, mas não eram do governo;
  • Sua construção seguiu modernos conceitos da época, favorecendo a circulação de ar para ajudar a dissipar os miasmas (eflúvios maléficos que, acreditava-se, causavam as doenças);
  • O terreno original hoje abriga também prédios como o da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o Incor, o Hospital das Clínicas e a Secretaria Estadual de Saúde;
  • Até 1984, o hospital só abria em épocas de epidemias;
  • A instituição foi sede de uma das mais importantes descobertas médicas do país: a confirmação, pelos pesquisadores Emílio Ribas e Adolfo Lutz, do mosquito como vetor de transmissão da febre amarela. Nos testes, os dois se deixaram picar várias vezes por mosquitos infectados.
  • Apesar de dar nome ao instituto, Emílio Ribas nunca foi diretor de lá;
  • O hospital teve um cemitério só para doentes, localizado provavelmente onde fica a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Eles eram colocados em um caixão hermeticamente fechados e sepultados a no mínimo 2,2 metros de profundidade;
  • O Hospital Emilio Ribas foi crucial em todos os surtos e epidemias da cidade: varíola, febre tifóide, peste bubônica, gripe espanhola, sarampo, meningite, difteria e escarlatina foram algumas das doenças atendidas;
  • Três prédios originais resistiram ao tempo: o Pavilhão 2, hoje administrativo, o Pavilhão 4, hoje biblioteca do Adolfo Lutz, e a Casa Rosada, atual sede da diretoria do hospital;
  • A Casa Rosada, do fim do século 19, foi feita para pacientes membros da aristocracia cafeeira. Tombada, preserva o piso e telhas importadas de Marselha, gradis da Inglaterra e escadas em mármore de Carrara, além de objetos históricos;
  • O hospital foi um dos primeiros a ter enfermeiras não religiosas, geralmente trazidas de outros países. Elas ajudaram na profissionalização da enfermagem na cidade;
  • Enfermeiros, médicos e até o diretor do hospital moravam lá dentro. Octavio Martins de Toledo, diretor de 1956 a 1967, por exemplo, residiu no prédio por 30 anos. Só em 1951 foi admitida a primeira turma de funcionários que moravam fora do hospital;
  • Em meados do século 20, cogitou-se a instalação do campus da Universidade de São Paulo no terreno do Hospital Emílio Ribas.
  • Na Revolução Tenentista, de 1924, o hospital tratou os feridos e serviu de abrigo para funcionários que moravam em bairros operários bombardeados. O porteiro foi morto por soldados em uma trincheira.
  • Até o fim de 1960, o hospital manteve uma horta com mais de 2000 m² , onde se plantavam legumes e verduras para consumo interno. Havia também uma área de floricultura e coelheira. Hoje, os funcionários comem jabuticabas, abacates, bananas, amoras e ameixas colhidas em árvores frutíferas do terreno.
  • O primeiro paciente com AIDS do Brasil, identificado em 1982, foi internado no Hospital Emílio Ribas - ele morreu após 6 meses. Na época, muitos soropositivos que chegavam ao instituto vinham de hospitais que se recusavam a tratá-los.
  • Vários quartos do hospital têm uma antecâmara anexa, onde é possível lavar as mãos e colocar as roupas de proteção antes de entrar. Isso evita o contato direto com o exterior, medida importante no caso de algumas doenças infecciosas.
  • Desde 2000, o hospital tem um Núcleo de Medicina do Viajante, que orienta sobre prevenção de doenças em viagens.


Oswaldo Cruz

OSWALDO GONÇALVES CRUZ
(44 anos)
Cientista, Médico, Bacteriologista, Epidemiologista e Sanitarista

* São Luiz do Paraitinga, SP (05/08/1872)
+ Petrópolis, RJ (11/02/1917)

Foi o pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Nacional no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz, respeitado internacionalmente.

Oswaldo Gonçalves Cruz, nascido no dia 5 de agosto de 1872, na cidade de São Luiz do Paraitinga, foi criado na Gávea, bairro da zona sul do Rio de Janeiro. Filho do médico Bento Gonçalves Cruz e de Amália Taborda de Bulhões, recebeu uma criação muito rígida. Desde cedo, decidiu que profissão seguir, tendo ingressado na faculdade de medicina aos 15 anos de idade. Entretanto, não era um aluno brilhante, mas desde a primeira vez que observou microrganismos ao microscópio, apaixonou-se por eles.

Aos 20 anos de idade casou-se com Emília da Fonseca, sua namorada de adolescência, com quem teve seis filhos. Chamava sua família de sua "tribo" e sua esposa de "minha querida Miloquinha".

Em 1896, viajou para Paris onde estagiou no prestigiado Instituto Pasteur. Para sustentar sua família na cidade francesa, Oswaldo empregou-se em uma clínica de urologia. No entanto, esse ramo não agradava Oswaldo, que arranjou, então, um estágio no laboratório de toxicologia da cidade: investigação criminal.

Essas atividades não afastaram Oswaldo de seu objetivo de interesse, a bacteriologia. Foi muito bem recebido no Instituto Pasteur, sendo até dispensado de pagar pelo material usado nas pesquisas. Também fez estágios em uma fábrica de vidraria para laboratório, tornando-se, posteriormente, o primeiro a fabricar ampolas no Brasil.

Ao retornar ao Brasil, foi designado pela Diretoria Geral de Saúde Pública para investigar casos suspeitos de peste bubônica em Santos. O diagnóstico foi confirmado. O único tratamento para a doença, o soro antipestoso, não era produzido no país. Fora então criados dois institutos soroterápicos, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. O barão precisava de um diretor técnico e foi ao Instituto Pasteur pedir a indicação de um nome para o cargo, sendo que indicaram um cientista do próprio país, Oswaldo Cruz, que no ano de 1902 assumiu a direção geral do Instituto, de onde só saíra 14 anos depois.

O Rio de Janeiro era assolado por doenças como varíola e febre amarela. Os cortiços eram numerosos e as primeiras favelas já surgiam. Nesse cenário, Oswaldo Cruz foi nomeado diretor geral de Saúde Pública. Para debelar a doença, tomou providências polêmicas. Convicto da eficiência de suas ações (combate a ratos e mosquitos e vacinação obrigatória da população), talvez tenha lhe faltado um pouco de tato.

Em excursão à Amazônia, Oswaldo Cruz e Belisário Penna
A imunização obrigatória, juntamente à reforma urbana que derrubou cortiços e favelas gerou uma grande revolta na população. As manifestações contra a vacina evoluíram para uma rebelião – a Revolta da Vacina. Mesmo achando que poderia ser morto, Oswaldo não deixou de ir trabalhar. Um bilhete de despedida com a sua caligrafia foi encontrado escondido na cartola, caída no chão no meio do tumulto: "Morreu pelo bem do povo, a 10 de novembro de 1904".

Muito Criticado pela imprensa, virou um dos principais alvos de cronistas e cartunistas, tendo guardado todas as caricaturas e notícias publicadas a seu respeito para lembrar-se da injustiça que sofrera, pois tinha certeza de que o valor de suas medidas tomadas seria reconhecido. Tinha razão: no ano de 1908, outro surto de varíola levou a população a formar filas nos postos de vacinação.

Oswaldo Cruz representou o Brasil no 14º Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim, em 1907, quando apresentou os trabalhos desenvolvidos no Instituto de Manguinhos. O júri do congresso decide, então, dar - entre os 123 participantes da reunião - o primeiro prêmio ao Brasil (prêmio, aliás, pela primeira vez concedido a uma instituição estrangeira).

Depois de se afastar da Diretoria de Saúde Pública, Oswaldo Cruz aceita, em 1910, o convite para estudar o saneamento da região em que se construía a estrada de ferro Madeira-Mamoré. Passa um mês na região, que percorre minuciosamente, fazendo amplo levantamento das doenças. Graças às suas conclusões, a construção da ferrovia pôde ser levada adiante.

No ano de 1916, Oswaldo deixou o Instituto devido a problemas de saúde que havia previsto. Nove anos antes, já com os primeiros sintomas da nefrite, examinara a própria urina e encontrara albumina, o que não era um bom sinal. Fizera então um testamento e um projeto de seu próprio túmulo, dando ênfase ao isolamento do cadáver: o caixão deveria ser hermeticamente fechado, revestido de bronze e asfalto (projeto que acabou não sendo usado).

Por sugestão do filho, Oswaldo mudou-se para Petrópolis. Foi o primeiro prefeito da cidade, mas sua gestão foi curta, pois a piora de sua saúde o levou a pedir demissão do cargo. Em 11 de fevereiro de 1917, em uma manifestação em frente à casa do sanitarista, os adversários políticos comemoravam a derrota do opositor. Enquanto isso, cercado de amigos, morria Oswaldo Cruz. Falecia o sanitarista, mas a semente deixada por ele estava germinando: o Instituto de Manguinhos.

Homenagens

Na cidade do Rio de Janeiro, uma estação de trem, uma avenida, um bairro e diversas escolas têm o nome de Osvaldo Cruz, além do instituto soroterápico (atual Fundação), por ele fundado. Um município do estado de São Paulo também tem o seu nome.

Em 1909, quando Carlos Chagas descobriu o protozoário causador da Tripanossomíase Americana (popularmente conhecida como Doença de Chagas) batizou-o com o nome de Trypanosoma Cruzi, em homenagem a Osvaldo Cruz.

Homenageado na capital de São Paulo, com o logradouro Praça Oswaldo Cruz, no início da Avenida Paulista.

Em 1913 foi fundado o Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, entidade representativa dos estudantes de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Em 1936 o sanitarista teve a sua efígie cunhada na moeda brasileira de 400 réis, e, em 1986, impressa nas notas de Cz$ 50,00 (cinqüenta cruzados).


Em 1983, a Marinha do Brasil homenageou-o com o NAsH Oswaldo Cruz (U-18), que opera nos rios da Amazônia a partir da cidade de Manaus.

Em 2003, Marcos Palmeira interpretou o sanitarista no curta metragem de Silvio Tendler, Oswaldo Cruz – O Médico do Brasil.

Academia Brasileira de Letras

Osvaldo Cruz é o segundo ocupante da cadeira 5 na Academia Brasileira de Letras, eleito em 11 de maio de 1912, na sucessão de Raimundo Correia e recebido pelo acadêmico Afrânio Peixoto em 26 de junho de 1913.

Fonte: Info Escola, UOL Educação e Wikipédia

Zilda Arns

ZILDA ARNS NEUMANN
(75 anos)
Médica Pediatra e Sanitarista

* Forquilhinha, SC (25/08/1934)
+ Porto Príncipe, Haiti (12/01/2010)

Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, foi também fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Recebeu diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária no país. Da mesma forma, à Pastoral da Criança foram concedidos diversos prêmios pelo trabalho que vem sendo desenvolvido desde a sua fundação.

Vida e Obra

O casal brasileiro de origem alemã, Gabriel Arns e Helene Steiner, teve 16 filhos. Zilda, a 13ª criança, nasceu no dia 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha, no interior de Santa Catarina. Em 26 de dezembro de 1959, casou-se com Aloísio Bruno Neumann (1931-1978), com quem teve seis filhos: Marcelo (falecido três dias após o parto), Rubens, Nelson, Heloísa, Rogério e Sílvia (que faleceu em 2003 num acidente automobilístico). Zilda Arns era avó de dez netos.

Formada em medicina pela UFPR, aprofundou-se em saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando a salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das crianças, para otimizar a sua ação, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho de São João (Jo 6:1-15).

A sua prática diária como médica pediatra do Hospital de Crianças César Pernetta, em Curitiba, e, mais tarde, como diretora de Saúde Materno-Infantil da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, teve como suporte teórico as seguintes especializações:

- Educação em Saúde Materno-Infantil, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP);

- Saúde Pública para Graduados em Medicina, na Faculdade de Saúde Pública (USP);

- Administração de Programas de Saúde Materno-Infantil, pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) /Organização Mundial da Saúde (OMS), e Ministério da Saúde;

- Pediatria Social, na Universidade de Antioquia, em Medellín, Colômbia;

- Pediatria, na Sociedade Brasileira de Pediatria;

- Educação Física, na Universidade Federal do Paraná

Sua experiência fez com que, em 1980, fosse convidada pelo Governo do Estado do Paraná a coordenar a campanha de vacinação Sabin, para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória, criando um método próprio, depois adotado pelo Ministério da Saúde. No mesmo ano, foi também convidada a dirigir o Departamento Materno-Infantil da Secretaria da Saúde do mesmo Estado, quando então instituiu com extraordinário sucesso os programas de planejamento familiar, prevenção do câncer ginecológico, saúde escolar e aleitamento materno.

Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança juntamente com o presidente da CNBB, dom Geraldo Majella, Cardeal Agnelo, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil , que, à época, era Arcebispo de Londrina. No mesmo ano, deu início à experiência a partir de um projeto-piloto em Florestópolis. Após vinte e cinco anos, a pastoral acompanhou 1.816.261 crianças menores de seis anos e 1.407.743 de famílias pobres em 4060 municípios brasileiros. Neste período, mais de 261.962 voluntários levaram solidariedade e conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres, criando condições para que elas se tornem protagonistas de sua própria transformação social.

Para multiplicar o saber e a solidariedade, foram criados três instrumentos, utilizados a cada mês:

- Visita domiciliar às famílias;
- Dia do Peso, também chamado de Dia da Celebração da Vida;
- Reunião Mensal para Avaliação e Reflexão

Em 2004, recebeu da CNBB outra missão semelhante: fundar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa. Atualmente mais de cem mil idosos são acompanhados mensalmente por doze mil voluntários de 579 municípios de 141 dioceses de 25 estados brasileiros.

Dividia seu tempo entre os compromissos como coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e a participação como representante titular da CNBB no Conselho Nacional de Saúde, e como membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Fragmentos de um Discurso Amoroso

(...) Sabemos que a força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas."Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade.

Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.

Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.

(Trechos do último discurso Zilda Arns)


Prêmios Internacionais

Entre os prêmios internacionais recebidos por Zilda Arns Neumann, merecem destaque:

- Opus Prize (EUA), em 2006;
- Prêmio "Heroína da Saúde Pública das Américas", concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 2002;
- Prêmio Social 2005 da Câmara de Comércio Brasil-Espanha;
- Medalha "Simón Bolívar", da Câmara Internacional de Pesquisa e Integração Social, em 2000;
- Prêmio Humanitário 1997 do Lions Club International;
- Prêmio Internacional da OPAS em Administração Sanitária, 1994.
- Prêmio Rei Juan Carlos (Prêmio de Direitos Humanos Rei da Espanha) pela Universidade de Alcalá. Recebeu o prêmio em 24 de janeiro de 2005, das mãos do rei.

Prêmios Nacionais

Entre os prêmios nacionais, destacam-se:

- Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz, do Senado Federal, em 2005;
- Diploma e medalha O Pacificador da ONU Sérgio Vieira de Mello, concedido pelo Parlamento Mundial de Segurança e Paz, em 2005;
- Troféu de Destaque Nacional Social, principal prêmio do evento As mulheres mais influentes do Brasil, promovido pela Revista Forbes do Brasil com o apoio da Gazeta Mercantil e do Jornal do Brasil, em 2004;
- Medalha de Mérito em Administração, do Conselho Federal de Administração, em Florianópolis, Santa Catarina, 2004;
- Medalha da Inconfidência, do Governo do Estado de Minas Gerais, em 2003;
- Título Acadêmico Honorário, da Academia Paranaense de Medicina, em Curitiba, Paraná, 2003;
- Medalha da Abolição, concedida pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, em 2002;
- Insígnia da Ordem do Mérito Médico, na classe Comendador, concedida pelo Ministério da Saúde, em 2002;
- Medalha Mérito Legislativo Câmara dos Deputados, em 2002;
- Comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, grau Comendador, concedida pelo Tribunal Superior do Trabalho, em 2002;
- Medalha Anita Garibaldi, concedida pelo governo do Estado de Santa Catarina, em 2001;
- Comenda da Ordem do Rio Branco, grau Comendador, concedida pela Presidência da República, 2001;
- Prêmio de Honra ao Mérito da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, 2001;
- Medalha de Mérito Antonieta de Barros, concedida pela Assembleia Legislativa de Florianópolis;
- Prêmio de Direitos Humanos 2000 da Associação das Nações Unidas – Brasil, em 2000;
- Prêmio USP de Direitos Humanos 2000 – Categoria Individual.

Em 2001, 2002, 2003 e 2005 a Pastoral da Criança foi indicada pelo Governo Brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz. Em 2006, a Dra. Zilda foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz, junto com outras 999 mulheres de todo o mundo selecionadas pelo Projeto 1000 Mulheres, da associação suíça 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz. Também é cidadã honorária de onze estados brasileiros (CE, RJ, PB, AL, MT, RN, PR, PA, MS, ES, TO) e de trinta e dois municípios e doutora Honoris Causa das seguintes universidades:

- Pontifícia Universidade Católica do Paraná
- Universidade Federal do Paraná
- Universidade do Extremo-Sul Catarinense de Criciúma
- Universidade Federal de Santa Catarina
- Universidade do Sul de Santa Catarina

Morte

Zilda Arns encontrava-se em Porto Príncipe, em missão humanitária, para introduzir a Pastoral da Criança no país. No dia 12 de janeiro de 2010, pouco depois de proferir uma palestra para cerca de 15 religiosos de Cuba, o país foi atingido por um violento terremoto. A Dra. Zilda foi uma das vítimas da catástrofe.

No dia 14 de janeiro, o senador Flávio Arns (PSDB-PR), seu sobrinho, divulgou uma nota sobre as circunstâncias da morte da médica:

"A Dra. Zilda estava em uma igreja, onde proferiu uma palestra para cerca de 150 pessoas. Ela já tinha acabado seu discurso e estava conversando com um sacerdote, que queria mais informações sobre o trabalho da Pastoral da Criança. De repente, começou o tremor. O padre que estava conversando com ela deu um passo para o lado e a Dra. Zilda recuou um passo e foi atingida diretamente na cabeça, quando o teto desabou. Ela morreu na hora. A Dra. Zilda não ficou soterrada. O resto do corpo não sofreu ferimentos, somente a cabeça foi atingida. O sacerdote que conversava com ela sobreviveu. Já outros quinze sacerdotes que estavam próximos a ela faleceram".

Fonte: Wikipédia