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San Tiago Dantas

FRANCISCO CLEMENTINO DE SAN TIAGO DANTAS
(53 anos)
Jornalista, Advogado, Professor e Político

* Rio de Janeiro, RJ (30/08/1911)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/09/1964)

Francisco Clementino de San Tiago Dantas nasceu no Rio de Janeiro, em 30 de agosto de 1911, filho de Raul de San Tiago Dantas e de Violeta de Melo de San Tiago Dantas.

Ingressou em 1928 na Faculdade Nacional de Direito, concluindo o curso em 1932. Nesse ano, filiou-se à Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de inspiração fascista. Ativo militante integralista, afastou-se do movimento por ocasião da preparação do levante para depor o presidente Getúlio Vargas, em 1938. A partir de então, passou a dedicar-se à carreira acadêmica e à advocacia.

Entre 1945 e 1946, trabalhou no Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Em 1949, assumiu a vice-presidência da refinaria de petróleo de Manguinhos, cargo no qual permaneceria durante nove anos. Atuou tambem como assessor pessoal de Getúlio Vargas durante seu segundo governo (1951-1954), participando da discussão do anteprojeto de criação da Petrobrás e do projeto de criação da Rede Ferroviária Federal.

Retornou à vida política em 1955, ingressando no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em outubro de 1958 elegeu-se deputado federal por Minas Gerais.

Nomeado pelo presidente Jânio Quadros embaixador do Brasil na ONU em 22 de agosto de 1961, não chegou a assumir o cargo em virtude da renúncia de Jânio Quadros, três dias depois. Esse fato provocou uma grave crise política, pois os ministros militares vetaram a posse do vice-presidente João Goulart na presidência. Foi então apresentada uma emenda constitucional instituindo o regime parlamentarista de governo. João Goulart assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961, indicando Tancredo Neves, do Partido Social Democrático (PSD) como primeiro-ministro. San Tiago Dantas foi escolhido para a pasta das Relações Exteriores.

San Tiago Dantas e João Goulart (Reprodução AE)
Seguidor da chamada "politica externa independente", iniciada no governo Jânio Quadros, San Tiago Dantas promoveu o reatamento das relações com a União Soviética, e na reunião de chanceleres dos paises americanos, realizada em janeiro de 1962, em Punta del Este, discordou da posição dos Estados Unidos, que pretendia expulsar Cuba da Organização dos Estados Americanos.

Em março, chefiou a delegação brasileira enviada a Genebra para participar da Conferência de Desarmamento, onde o Brasil se definiu como "potência não-alinhada".

Deixou o ministério em junho, para poder disputar um novo mandato na Câmara dos Deputados. Ainda em junho, Tancredo Neves renunciou. Para substituí-lo, João Goulart encaminhou ao Congresso Nacional o nome de San Tiago Dantas, que era apoiado pelos setores nacionalistas e de esquerda do parlamento e pelos sindicatos. Contudo, as forças conservadoras vetaram sua indicação. Em outubro de 1962, foi reeleito deputado federal.

Em janeiro de 1963, uma consulta popular determinou por larga margem de votos o retorno ao regime presidencialista. O presidente formou então um novo ministerio e San Tiago Dantas assumiu a pasta da Fazenda, comprometendo-se com um programa de austeridade econômica baseado no Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, de autoria de Celso Furtado, ministro extraordinário para o Planejamento.

O plano previa a retomada de um índice de crescimento econômico em torno de 7% ao ano, e a redução da taxa de inflação, que em 1962 chegara a 52%, para 10% em 1965. Logo após sua posse no ministério, San Tiago Dantas tomou medidas voltadas para a estabilização da moeda e aboliu os subsídios para as importações de trigo e de petróleo a fim de aliviar a situação do balanço de pagamentos, conforme exigência do Fundo Monetário Internacional. Em março, viajou para os Estados Unidos, com o objetivo de discutir a ajuda norte-americana ao Brasil e a renegociação da dívida externa.

Em meio à crescente polarização entre conservadores e reformistas, San Tiago Dantas fez um pronunciamento pela televisão em abril, apontando a existência de duas esquerdas: a positiva, onde ele mesmo se inseria; e a negativa, onde incluia a ala esquerda do PTB. Diante das dificuldades encontradas na aplicação do Plano Trienal, em junho João Goulart mudou mais uma vez seu ministério. Celso Furtado deixou a pasta do Planejamento e San Tiago Dantas a da Fazenda.

Quando San Tiago Dantas reassumiu seu mandato, setores militares, políticos e empresariais já se organizavam em torno da deposição de João Goulart. A pedido do presidente, ele começou a articular as correntes políticas próximas do governo com o objetivo de evitar a sua derrubada. Em janeiro de 1964, concluiu a elaboração de um programa mínimo voltado para a formação de um governo de frente única, que incluiria desde o PSD até o Partido Comunista Brasileiro. Entretanto, o PSD e a Frente de Mobilização Popular (FMP), liderada por Leonel Brizola, manifestaram-se contra. A FMP acusava João Goulart de conciliar com grupos contrários às reformas de base e só passou apoiar a formação da frente única quando o golpe militar era iminente. Deflagrado em 31 de março de 1964, o movimento foi vitorioso, levando o general Humberto Castelo Branco ao poder.

San Tiago Dantas faleceu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1964 vítima de um Câncer no Pulmão.

Era casado com Edméia Carvalho Brandão.

Fonte: Fundação Getúlio Vargas

Aníbal Machado

ANÍBAL MONTEIRO MACHADO
(69 anos)
Escritor, Professor, Jogador de Futebol e Homem de Teatro

☼ Sabará, MG (09/12/1894)
┼ Rio de Janeiro, RJ (20/01/1964)

Aníbal Monteiro Machado fez os estudos secundários em Belo Horizonte, no Colégio Dom Viçoso, e no Externato do Ginásio Mineiro, hoje Colégio Estadual. Iniciou o curso superior na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, transferindo-se depois para a de Belo Horizonte, onde se formou em dezembro de 1917.

Tornou-se então professor de História Universal num colégio estadual de Minas Gerais e crítico de artes plásticas no Diário de Minas, onde trabalhou com os poetas Carlos Drummond de Andrade e João Alphonsus de Guimaraens. Depois foi Promotor Público, primeiro em Minas Gerais, e em seguida no Rio de Janeiro, na época capital do país, em 1924.

Por não se sentir com vocação para a carreira jurídica, deixou a promotoria para ser professor de literatura do Colégio Pedro II. Exercia o magistério paralelamente a um cargo burocrático no Ministério da Justiça, do qual se demitiu diante da movimentação política que resultou na Revolução de 1930.

Começou na literatura quando estudante e, no Rio de Janeiro, ligou-se aos Modernistas, com assídua colaboração nos periódicos Revista de Antropofagia, Estética, Revista Acadêmica e Boletim de Ariel.

Eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores organizou, com Sérgio Milliet, o I Congresso Brasileiro de Escritores, em 1945. Este congresso, ao defender a liberdade democrática, precipitou o fim da ditadura de Getúlio Vargas.


Apesar de sua atuação no meio literário, o primeiro livro, um ensaio sobre cinema, surgiu apenas em 1941 quando já tinha 46 anos. Na ficção, sua estreia em livro foi "Vida Feliz" (1944), seguindo-se "Histórias Reunidas" (1955), "Cadernos de João" (1957) e, postumamente, "João Ternura" (1965).

Marcou sua presença de destaque no panorama do conto brasileiro com textos antológicos, como "Viagem aos Seios de Duília", "Tati, a Garota" e "A Morte da Porta-Estandarte".

Ligado ao teatro, ajudou a fundar vários grupos teatrais, tais como Os Comediantes, o Teatro Experimental do Negro, Teatro O Tablado e o Teatro Popular Brasileiro.

Traduziu peças de Anton Checov e Franz Kafka e escreveu a peça "O Piano", adaptada da novela de mesmo nome. Por esta peça, recebeu o Prêmio Cláudio de Sousa, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Também foi condecorado com a Legião de Honra.

Na década de 60, seus contos "A Morte da Porta-Estandarte", "Tati, a Garota" e "Viagem aos Seios de Duília" ganharam versões para o cinema, com colaboração do próprio Aníbal Machado nos roteiros. Manoel Carlos adaptou vários contos de sua obra na telenovela "Felicidade", exibida pela TV Globo em 1991.

Aníbal Machado teve seis filhas, entre elas a famosa escritora e teatróloga Maria Clara Machado, uma grande cultuadora e guardiã de sua obra.

Atlético

Aníbal Machado foi também jogador de futebol, e participou do primeiro time titular do Clube Atlético Mineiro, em 1909, entrando para a história do clube por ter marcado o primeiro gol da história do Atlético Mineiro. Jogou por três anos, até se formar em Direito, participando também da diretoria do clube.

Importância de Sua Obra

Tendo publicado apenas 13 contos, Aníbal Machado produziu, pelo menos, uma obra-prima, "Viagem aos Seios de Duília", além de uns cinco ou seis contos notáveis, como "O Iniciado do Vento", "O Piano", "Tati, a Garota" e "O Telegrama de Ataxerxes" (este com um forte acento Kafkiano, embora revestido de um certo humor).

"Viagem aos Seios de Duília", na opinião dos críticos, não é apenas um dos maiores contos brasileiros, mas merece figurar entre os maiores do conto universal.

Este conto narra as desventuras de José Maria, um funcionário público, que sublimou na dedicação ao trabalho a sua solidão, a falta de convívio com as mulheres, a incomunicabilidade. José Maria jamais se libertou da visão de um seio de Duília, quando ambos eram adolescentes. Ao se ver aposentado, depois de estéreis tentativas de, enfim, "viver a vida", o velho funcionário, mais do que nunca, se volta para aquela visão do passado e decide ir à procura da mocinha que lhe proporcionou, talvez, a única coisa boa da sua vida.

É um texto magistral sobre a coragem do ser e do vir a ser, sobre a busca de novos desafios e a recusa a considerar aposentadoria como sinônimo de morte, embora esta busca e esta recusa possam ser inúteis.

Fonte: Wikipédia

Ary Barroso

ARY DE RESENDE BARROSO
(60 anos)
Compositor e Locutor

* Ubá, MG (07/11/1903)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/02/1964)

Filho do deputado estadual e promotor público João Evangelista Barroso e Angelina de Resende. Aos oito anos, órfão de pai e mãe, Ary Barroso foi adotado pela avó materna, Gabriela Augusta de Resende.

Realizou estudos curriculares na Escola Pública Guido Solero, externato mineiro do professor Cícero Galindo, Ginásio São José, Ginásio Rio Branco, Ginásio de Viçosa, Ginásio de Leopoldina e Ginásio de Cataguases.

Estudou teoria, solfejo e piano com a Tia Ritinha. Com doze anos já trabalhava como pianista auxiliar no Cinema Ideal, em Ubá. Aos treze anos trabalhou como caixeiro da loja A Brasileira e com quinze anos fez a primeira composição, um cateretê "De Longe".

Em 1920, com o falecimento do tio Sabino Barroso, ex-Ministro da Fazenda, recebeu uma herança de 40 contos (milhões de reis). Então, aos 17 anos veio ao Rio de Janeiro estudar Direito, ali permanecendo sob a tutela do Drº Carlos Peixoto.

Aprovado no vestibular, ingressa em 1921 na então Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A faculdade seria importante na consolidação da veia artística, esportiva e política.

Quando calouro, foram colegas de faculdade mais chegados: Luís Gallotti (Jurista, Dirigente Esportivo e posteriormente Ministro do STF), João Lira Filho (Jurista e Professor), Gastão Soares de Moura Filho (Dirigente Esportivo), João Martins de Oliveira, Nonato Cruz, Odilon de Azevedo (Ator), Taques Horta, Anésio Frota Aguiar (Jurista, Político e Escritor).

Adepto da boêmia, é reprovado na faculdade, abandonando os estudos no segundo ano. Suas economias exauriram o que o fez empregar-se como pianista no Cinema Íris, no Largo da Carioca e, mais tarde, na sala de espera do Teatro Carlos Gomes com a orquestra do maestro Sebastião Cirino. Tocou ainda em muitas outra orquestras.

Em 1926 retoma os estudos de Direito, sem deixar a atividade de pianista. Dois anos depois é contratado pela orquestra do maestro Spina, de São Paulo, para uma temporada em Santos e Poços de Caldas. Nessa época, Ary Barroso resolve dedicar-se à composição. Compõe "Amor de Mulato", "Cachorro Quente" e "Oh! Nina", em parceria com Lamartine Babo, seu contemporâneo na Faculdade de Direito.

Em 1929 obtém, finalmente, o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais. Seu colega de faculdade e grande incentivador, Mário Reis, grava "Vou a Penha" e "Vamos Deixar de Intimidades", que se tornou o primeiro sucesso popular.

Nos anos 1930, escreveu as primeiras composições para o teatro musicado carioca. "Aquarela do Brasil" teve a primeira audição na voz de Aracy Côrtes e regravada diversas vezes no Brasil e no exterior. Recebeu o diploma da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood pela trilha sonora do longa-metragem "Você Já Foi à Bahia?" (1944), de Walt Disney.

A partir de 1943, manteve durante vários anos o programa "A Hora do Calouro", na Rádio Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro, no qual revelou e incentivou novos talentos musicais. Também trabalhou como locutor esportivo (proporcionado momentos inusitados ao sair para comemorar os gols do seu time, o Flamengo).

Autor de centenas de composições em estilos variados, como choro, xote, marcha, foxtrote e samba. Entre outras canções, compôs "Tabuleiro da Baiana" (1937), "Os Quindins de Yayá" (1941), "Boneca de Piche", e outras.

Durante os a década de 1940 e a década de 1950 compôs vários dos sucessos consagrados por Carmem Miranda no cinema. Ao compor "Aquarela do Brasil" inaugurou o gênero samba-exaltação. 

No centenário do compositor Ary Barroso, em 2003, a Rede STV SESC SENAC foi a única a produzir um documentário especial de 60 minutos sobre a vida deste brasileiro único, intitulado "O Brasil Brasileiro de Ary Barroso", com depoimentos de Sérgio Cabral (Biógrafo), Dalila Luciano, Carminha Mascarenhas, Carmélia Alves, Roberto Luna, e a filha de Ary Barroso, Mariúza. A direção foi de Dimas Oliveira Junior e produção de WeDo Comunicação.

Ary Barroso também era locutor esportivo. Torcedor confesso do Flamengo, torcia descaradamente a favor do rubro-negro nas transmissões que eram feitas pelo rádio. Quando o Flamengo era atacado, ele dizia mensagens do tipo: "Ih, lá vem os inimigos. Eu não quero nem olhar!", se recusando claramente a narrar o gol do adversário. Quando o embate era realizado entre equipes que não fossem o Flamengo, sempre que saía um gol, primeiro ele narrava, e depois tocava uma gaita.

Fonte: Wikipédia