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Djanira da Motta e Silva

DJANIRA DA MOTTA E SILVA
(64 anos)
Pintora, Desenhista, Ilustradora, Cartazista, Cenógrafa e Gravadora

☼ Avaré, SP (20/06/1914)
┼ Rio de Janeiro, RJ (31/05/1979)

Djanira da Motta e Silva foi uma pintora, desenhista, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora brasileira. Nasceu em Avaré, SP, filha de Oscar Paiva e Pia Job Paiva foi registrada inicialmente como Dijanira e que mais tarde foi retificado pela artista em ação judicial. Seus familiares a tratavam como Dja.

Na década de 30 casou-se com Bartolomeu Gomes Pereira, um oficial da Marinha Mercante, que morreu na Segunda Guerra Mundial, quando passou a se chamar Djanira Gomes Pereira.

Aos 23 anos, foi internada com tuberculose no Sanatório Dória, em São José dos Campos, SP, onde fez seu primeiro desenho: um Cristo no Gólgota. Com a melhora, continuou o tratamento no Rio de Janeiro, e residiu em Santa Teresa, por causa do seu ar puro.

Em 1930, alugou uma pequena casa no bairro e instalou uma pensão familiar. Um de seus hóspedes, o pintor Emeric Marcier, a incentivou e lhe dar aulas de pintura. Djanira também frequentava, à noite, o curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, Nesse período travava contato com o casal Árpád Szenes e Maria Helena Vieira da Silva, Milton Dacosta, Carlos Scliar, e outros que viviam em Santa Teresa e frequentavam o meio artístico.

Djanira com um primo, aos dois anos
No fim da década de 30, na capital fluminense, teve suas primeiras instruções de arte em curso noturno de desenho no Liceu de Artes e Ofícios e com o pintor Emeric Marcier, hóspede da pensão que Djanira instalou no bairro de Santa Teresa. Os contatos com os artistas Carlos Scliar, Milton Dacosta, Árpád Szenes, Maria Helena Vieira da Silva e Jean-Pierre Chabloz, frequentadores da pensão, proporcionaram um ambiente estimulador que a levou a expor no 48º Salão Nacional de Belas Artes, em 1942.

Em 1943, realizou sua primeira mostra individual, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Em 1945, viajou para New York, onde conheceu a obra de Pieter Bruegel e entrou em contato com Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. De volta ao Brasil, realizou o mural "Candomblé" para a residência do escritor Jorge Amado, em Salvador, BA, e painel para o Liceu Municipal de Petrópolis.

Entre 1953 e 1954, viajou a estudou na a União Soviética.

A sua pintura dos anos 40 é geralmente sombria, utiliza tons rebaixados, como cinza, marrom e negro, mas já apresenta o gosto pela disciplina geométrica das formas. Na década seguinte, sua palheta se diversifica, com uso de cores vibrantes, e em algumas obras trabalha com gradações tonais que vão do branco ao cinza claro. Apresenta em seus tipos humanos uma expressão de solene dignidade.

A artista sempre buscou aproximar-se dos temas de suas obras: no fim da década de 50, após convivência de seis meses, pintou os índios Canela, do Maranhão. Em 1950 em sua estada em Salvador, BA, ela conhece José Shaw da Motta e Silva, o Motinha, funcionário público, nascido em Salvador em 29/01/1920 e com ele se casou no Rio de Janeiro em 15/05/1952, mudando o nome para Djanira da Motta e Silva.


De volta ao Rio de Janeiro, tornou-se uma das líderes do Movimento Pelo Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura.

Realizou em 1963, o painel de azulejos "Santa Bárbara", para a capela do túnel Santa Bárbara, Laranjeiras, Rio de Janeiro.

No ano de 1966, a editora Cultrix publicou um álbum com poemas e serigrafias de sua autoria.

Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes, realizou uma grande retrospectiva de sua obra.

Na década de 70, desceu às minas de carvão de Santa Catarina para sentir de perto a vida dos mineiros e viajou para Itabira para conhecer o serviço de extração de ferro.

Djanira trabalhou ainda com xilogravura, gravura em metal, e fez desenhos para tapeçaria e azulejaria. Em sua produção, destaca-se o painel monumental de azulejos para a capela do túnel Santa Bárbara no Rio de Janeiro.

Inicialmente nomeada como "primitiva", gradualmente sua obra alcançou maior reconhecimento da crítica. Como apontou o crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981), "Djanira é uma artista que não improvisa, não se deixa arrebatar, e, embora possuam uma aparência ingênua e instintiva, seus trabalhos são consequência de cuidadosa elaboração para chegar à solução final".

Djanira da Motta e Silva em 1967
Luto Em Avaré

"O prefeito Fernando Cruz Pimentel, decretou luto oficial por três dias em homenagem póstuma a Djanira da Motta e Silva, falecida em 31 de maio de 1979, quinta-feira, às 11:25 hs., no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte. Contava com 65 anos. Seu médico particular era o Drº Nataliel Rodrigues.
A pintora manifestou em vida o desejo de ser enterrada descalça e com o hábito de irmã da Ordem Terceira do Carmo, instituição religiosa a que estava ligada nos últimos anos."

Djanira se tornou freira da Ordem das Carmelitas em 1972.

Em sua memória, foi criado em 31/05/2000 o Centro Cultural Djanira da Motta, pelo prefeito em exercício Joselyr Benedito Silvestre, instalado em meio a um bosque na área urbana, onde funcionou no passado a estatal agrícola CAIC. O local recebeu o nome da pintora Djanira, significando o tributo do município de Avaré à "maior artista avareense de todos os tempos", cujas telas ficaram mundialmente conhecidas por retratarem de forma genuína as cores do Brasil. O espaço abriga a Biblioteca Municipal Professor Francisco Rodrigues dos Santos.

No mesmo local foi criado em 02/04/2008 o Memorial Djanira da Motta e Silva mostra de objetos pessoais, obras e material de referência.

Obras Mais Conhecidas

  • 1958 - Painel de Santa Bárbara (Acervo do Museu Nacional de Belas Artes MNBA - RJ)
  • 1962 - Festa do Divino em Parati (Acervo do Palácio dos Bandeirantes)
  • 1944 - O Circo (Acervo da Funarte)
  • Senhora Sant'Ana de Pé (Acervo do Museu de Arte Moderna do Vaticano)
  • 1975 - Inconfidência (Acervo do Governo do Estado de Minas Gerais)
  • 1959 - Serradores (Coleção Roberto Marinho)
  • 1962 - Anjo Com Acordeão (Coleção Gilberto Chateaubriand - Museu Arte Moderna, RJ)
  • 1956 - Pescadores (Coleção embaixador Taylor)


Embarque de Bananas
Obras Em Avaré
Acervo do Museu Histórico e Pedagógico Anita Ferreira de Maria

  • 1957 - Embarque de Bananas (Óleo sobre tela)
  • Década de 40 - Sem Título (Óleo sobre tela)
  • 1967 - Viagem (Poema ilustrado)
  • 1967 - Canção (Poema ilustrado)
  • 1967 - Acalanto (Partitura musical para órgão)
  • 1967 - O Corvo (Poema ilustrado)
  • 1967 - Prelúdio Para o Motta (Partitura musical para órgão)
  • 1966 - Fabrico do Açúcar (Serigrafia)
  • Cafezal


Citações

Djanira da Motta e Silva nas palavras do amigo e escritor Jorge Amado:
"Djanira traz o Brasil em suas mãos, sua ciência é a do povo, seu saber é esse do coração aberto à paisagem, à cor, ao perfume, P'as alegrias, dores e esperanças dos brasileiros.
Sendo um dos grandes pintores de nossa terra, ela é mais do que isso, é a própria terra, o chão onde crescem as plantações, o terreiro da macumba, as máquinas de fiação, o homem resistindo à miséria. Cada uma de sua telas é um pouco do Brasil."

Djanira da Motta e Silva homenageada pelo poeta Paulo Mendes Campos:

Cantiga Para Djanira

O vento é o aprendiz das horas lentas,
Traz suas invisíveis ferramentas,
Suas lixas, seus pentes-finos,
Cinzela seus castelos pequeninos,
Onde não cabem gigantes contrafeitos,
E, sem emendar jamais os seus defeitos,
Já rosna descontente e guaia
De aflição e dispara à outra praia,
Onde talvez possa assentar
Seu monumento de areia - e descansar.

Fonte: Wikipédia

Alfredo Rizzotti

ALFREDO RULLO RIZZOTTI
(62 anos)
Pintor, Desenhista, Decorador, Gravador, Torneiro Mecânico e Mecânico

☼ Serrana, SP (15/08/1909)
┼ São Paulo, SP (12/05/1972)

Alfredo Rullo Rizzotti foi um pintor, desenhista e decorador brasileiro. Antes de se dedicar à arte, foi torneiro mecânico, mecânico de automóveis e fresador.

Entre 1924 e 1935, frequentou a Academia Albertina de Turim e a Escola Profissional de Novaresa, na Itália.

De volta ao Brasil, trabalhou como torneiro mecânico e mecânico de automóveis.

Em São Paulo, por volta de 1937, integrou o Grupo Santa Helena, formado por Aldo Bonadei (1906-1974), Francisco Rebolo (1902-1980), Mário Zanini (1907-1971) e Alfredo Volpi (1896-1988), entre outros, todos artistas de origem proletária que praticavam pintura, desenho e modelo vivo nas horas livres, e participou das exposições da Família Artística Paulista em 1939 e 1940.

Em 1942, foi premiado no Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e apresentou trabalhos no 8º Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo.

Apesar de sofrer intoxicações causadas pela alergia à tinta, continuou a pintar até o fim da vida.

Após sua morte, suas obras integraram várias mostras do Grupo Santa Helena: em São Paulo, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em 1975, no Museu de Arte Moderna (MAM/SP), em 1995, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em 1996, no Rio de Janeiro, entre outras.

Borjalo

MAURO BORJA LOPES
(79 anos)
Desenhista e Cartunista

* Pitangui, MG (15/11/1925)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/11/2004)

Borjalo, pseudônimo de Mauro Borja Lopes, foi um desenhista e cartunista brasileiro, conhecido por seus personagens de traços simples, desenhados sem boca e, na maior parte das vezes, sem diálogo.

A carreira de Borjalo começou em Belo Horizonte, no jornal Folha de Minas. Logo ele passaria para O Diário de Minas e de lá para o Rio de Janeiro, onde foi colaborador das revistas A Cigarra, Manchete, O Cruzeiro e O Cruzeiro Internacional. Seus cartuns mais marcantes foram os que traziam mensagens ecológicas, assunto pouco abordado naqueles anos 50.

Ficou conhecido fora do Brasil ao ser incluído entre os sete maiores caricaturistas do mundo no Congresso Internacional de Humorismo, em 1955 na Itália, e passou a ter trabalhos publicados no exterior, em veículos como The New York Times e Paris Match. Pouco depois, foi apontado como um dos cinco maiores do mundo por outro mestre do desenho, o romeno naturalizado norte-americano Saul Steinberg.


Ainda nos anos 60, passou a trabalhar em televisão, integrando-se à equipe de Fernando Barbosa Lima na Esquire, agência de comunicação que realizava programas para as principais emissoras do país, como a TV Rio, TV Excelsior, TV Tupi, TV Itacolomi, entre outras.

Em 1966, deixou a Esquire e foi para a TV Globo, convidado pelo então diretor-geral da emissora, Walter Clark. Na TV Globo, Borjalo trabalhou 36 anos, primeiro como diretor de programas, depois diretor de criação, diretor-geral da Central Globo de Produção, e, finalmente, diretor de controle de qualidade. Foi um dos principais parceiros do executivo de produção e programação José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, na implantação do chamado "Padrão Globo de Qualidade".

Além de atuar na direção de televisão, Borjalo nunca deixou de desenhar. Mas adaptou seus desenhos à linguagem da TV. Nos anos 60 ilustrava os programas que dirigia com caricaturas de olhos e boca móveis, para dar a impressão de que "falavam". Atores e/ou locutores dublavam os bonecos. Os primeiros bonecos falantes, como o próprio Borjalo apelidou essas caricaturas em papel-cartão, apareceram no Jornal de Vanguarda da TV Excelsior, e o mais famoso deles foi a Zebrinha da TV Globo, criada em 1972 para divulgar os resultados da loteria esportiva.


Nos anos 90, já usando os recursos da computação gráfica, criou alguns "cartuns-eletrônicos" para as vinhetas de intervalo da TV Globo, os famosos "plim-plins".

Também participou, por muitos anos, dos "Debates Populares" do radialista Haroldo de Andrade, na Rádio Globo AM do Rio de Janeiro. BorjaloHaroldo de Andrade foram grandes amigos.

Borjalo foi casado com a autora e roteirista de novelas Marilu Saldanha com quem teve dois filhos, Helena e Gustavo.

Borjalo morreu no Rio de Janeiro, no dia 18/11/2004, aos 79 anos de idade, em decorrência de um câncer na boca.

Fonte: Wikipédia

Gilvan Samico

GILVAN JOSÉ DE MEIRA LINS SAMICO
(85 anos)
Pintor, Desenhista e Gravurista

* Recife, PE (15/06/1928)
+ Recife, PE (25/11/2013)

Gilvan José de Meira Lins Samico foi um pintor, desenhista e gravurista brasileiro. Gilvan Samico era um dos maiores gravuristas do Brasil.

Nascido na capital pernambucana, Gilvan Samico era o penúltimo de seis filhos de um casal de classe média do bairro de Afogados. Na adolescência, depois de dois empregos frustrados, o pai percebeu a aptidão do filho para a ilustração e o levou ao professor, pintor e arquiteto Hélio Feijó.

Gilvan Samico iniciou-se na pintura como autodidata, influenciado pelo expressionismo de artistas como Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo, mas atualmente era conhecido por suas meticulosas xilogravuras, inspiradas na temática e estilo da gravura popular do nordeste do Brasil.

Em 1948, começou a frequentar a Sociedade de Arte Moderna do Recife. Em 1952, fundou, juntamente com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade, idealizado por Abelardo da Hora

Em 1957, estudou xilogravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo. No ano seguinte, estudou gravura com Oswaldo Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro.

Em 1968, recebeu de prêmio uma viagem ao exterior no 17º Salão Nacional de Arte Moderna do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e permaneceu por dois anos na Europa. Em 1965, fixou residência em Olinda, PE. Lecionou xilogravura na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Em 1971, convidado por Ariano Suassuna, passou a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular. Sua produção é particularmente pela recuperação do romanceiro popular e pela literatura de cordel. Suas gravuras são povoadas por personagens da Bíblia, de lendas e por animais fantásticos, com reduzido uso da cor e de texturas.

Os 40 anos de gravura do artista foram comemorados em 1997 com importante exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.

Gilvan Samico tem obras no Museum Of Modern Art (MoMA) de Nova York e participou duas vezes de Bienal de Veneza tendo sido premiado em uma delas.


Crítica

Ferreira Gullar em seu livro "Relâmpagos" dedica um capítulo inteiro para tratar da obra de Gilvan Samico que começa assim:

"É uma linguagem clara, límpida, mas plena de ecos. Ela é assim jovem e arcaica. A linha, que Samico traça, para definir as figuras é também expressiva em si mesma como linha, tem intensidade e melodia. É uma gravura sem truques, sem retórica, sem falsas emoções. É tudo gráfico: o que está ali está ali, à nossa vista."
(Ferreira Gullar, Relâmpagos, p. 1275)

É exaltado por Ariano Suassuna ao dizer:

"É, então, por ter encontrado seu caminho dentro da maravilha que é a arte popular brasileira, que o mundo de Samico aparece com tanta força e novidade, harmonizados, nela, todos os contrastes e violências."

Gilvan Samico, com a esposa Célida, em seu ateliê em Olinda, em imagem de 2008
Morte

Gilvan Samico morreu, na manhã de segunda-feira, 25/11/2013, no Recife, PE, aos 85 anos. Ele estava internado há uma semana no Hospital Português, no bairro do Paissandu, devido a um câncer na bexiga. A doença, segundo os médicos, era incurável e ele recebia tratamentos paliativos.

Ele foi internado por várias vezes nos últimos meses para tratar do câncer. Gilvan Samico morava em Olinda, PE onde também funcionava seu ateliê. O velório ocorreu no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. O corpo dele foi encaminhado para cremação.

Fonte: Wikipédia

Renato Canini

RENATO VINÍCIUS CANINI
(77 anos)
Ilustrador

* Paraí, RS (22/02/1936)
+ Pelotas, RS (30/10/2013)

Renato Vinícius Canini foi um ilustrador brasileiro, conhecido por seu trabalho em diversas publicações, como "Pasquim", "Pancada" e para a Editora Abril, onde ilustrou histórias em quadrinhos da Disney e destacou-se desenhando o personagem Zé Carioca, ao qual atribuiu seu traço pessoal e uma identidade mais brasileira, distanciando notavelmente este personagem do estilo Disney original.

Nascido em Paraí, na serra gaúcha, Renato Canini viveu em Frederico Westphalen até a morte de seu pai, aos dez anos idade, quando foi morar com uma avó e uma tia em Garibaldi.

Fã de Elvis Presley, música evangélica e italiana, Renato Canini atualmente vivia em Pelotas, Rio Grande do Sul, com a esposa Maria de Lourdes, também desenhista, a quem conheceu quando ela desenhava charges para o "Diário de Notícias", de Porto Alegre. No dia 14/10/2005, Renato Canini foi condecorado pela Câmara de Vereadores da cidade com o título de Cidadão Pelotense.


Carreira

Renato Canini teve seu primeiro emprego aos 21 anos, na Secretaria de Educação e Cultura do Estado, fazendo ilustrações para a revista infantil "Cacique". Quando a publicação acabou, Renato Canini permaneceu fazendo desenhos técnicos de engenharia até completar 10 anos como funcionário público, coisa que o desagradava profundamente. Para compensar, colaborava com charges para o "Correio do Povo", TV Piratini e publicações alternativas.

Foi o convite de um pastor, reverendo Willian Schisler Filho (Dico), para ilustrar uma revista para crianças, "Bem-Te-Vi", da Igreja Metodista que deu oportunidade a Renato Canini de mudar para São Paulo em 1967.

Depois de dois anos fazendo ilustrações infantis, Renato Canini conseguiu uma oportunidade de trabalhar na Editora Abril. Ali, iniciou desenhando e escrevendo para a revista "Recreio", mas logo estaria assumindo a atividade que talvez mais tenha marcado sua carreira, ilustrar as histórias de Zé Carioca.


Zé Carioca

No início dos anos 70, as histórias do Zé Carioca se resumiam a edições antigas, do início da existência do personagem, nas décadas de 40 e 50, ou adaptações para o universo de Zé Carioca de histórias de outros personagens como Mickey ou Pato Donald.

Aproveitando o impulso dado pela estruturação na Editora Abril de um estúdio para a criação de histórias Disney próprias e pelo interesse em manter o título Zé Carioca nas bancas, Renato Canini, que havia voltado para Porto Alegre, começou a desenvolver histórias para o personagem, dando a ele uma continuidade que jamais teria se não tivesse havido essa iniciativa.

Renato Canini modificou os trajes, trocando o paletó e a gravata borboleta do personagem por uma camiseta, e ao lado de outros profissionais da casa, ajudou a trazer a ambientação da história para um contexto de maior brasilidade, com os morros, o campinho de futebol, a feijoada. Mas era o traço de Renato Canini, simples, solto, econômico e com forte personalidade, que mais afastava suas criações do padrão Disney. Para muitos, porém, esta foi a caracterização mais marcante do personagem Zé Carioca, como declara Waldyr Igayara de Souza, chefe de Renato Canini na Editora Abril à época: "Ele era tão bom, que, em pouco tempo, superou todos os outros artistas, inclusive, o seu chefe".

Nesta época, a Disney não creditava os profissionais envolvidos na criação das histórias. Para contornar isso, Renato Canini usava alguns artifícios, fazendo aparecer um "Sabão Canini", uma "Loteca Canini", ou eventualmente um caramujo, sempre desenhados sutilmente no fundo de um quadrinho. O mesmo recurso foi usado pelo desenhista Julio Shimamoto, que fez algo semelhante quando desenhava "O Fantasma" para a Rio Gráfica Editora e pelo americano Keno Don Rosa nas histórias do Pato Donald e do Tio Patinhas, que usava a sigla DUCK (Dedicated to Uncle Carl by Keno - Dedicada ao tio Carl 'Carl Barks' por Keno 'Don Rosa').

Renato Canini, desenhou Zé Carioca por cerca de 5 anos, criando para o personagem, segundo o pesquisador Fernando Ventura, cerca de 135 histórias, algumas também escritas por ele próprio, até os editores dizerem que seu desenho estava se distanciando demais do estilo Disney, não vendendo tão bem como antes e, finalmente, cancelarem a produção.

Sem deixar de lado o bom humor, Renato Canini enfatiza que fez tudo isso sem jamais ter estado no Rio de Janeiro.


Personagens

Renato Canini também criou um considerável repertório de personagens próprios. Dr. Fraud era um psiquiatra, ou psicólogo, que circulou durante cerca de três edições da revista "Patota", da Editora Artenova. Em 1991, foi relançado em um álbum pela Editora Sagra-DC Luzatto.

De uma proposta da Editora Abril de fazer uma revista em quadrinhos totalmente nacional, a "Revista Crás!", surgiu Kaktus Kid, uma paródia dos velhos cowboys do faroeste. Inspirado no visual de Kirk Douglas, Kaktus Kid era o dono de uma funerária em busca de clientes. Renato Canini informa que o nome original, Koka Kid, foi mudado por alguém na editora sem sua autorização.

A revista, que também publicou "Sacarrolha", de Primaggio, "Satanésio" de Ruy Perotti e "Zodiac", de Jayme Cortez, além de outros personagens, teve apenas uma tiragem de seis edições, entre 1974 e 1975, a despeito de ser uma iniciativa do próprio fundador da Editora Abril, Victor Civita.

Em 1978, Renato Canini criou para o Projeto Tiras, também da Editora Abril, o indiozinho Tibica. Tibica chegou a ser publicado em jornais pelo país afora e continuou a ser desenhado mesmo depois de ter a sua publicação suspensa, afinal, segundo Renato Canini, trata-se de uma de suas mais significativas criações: "O Tibica foi publicado em vários jornais do país. Ele era ecológico, amava Deus e a natureza. Estou avaliando uma possibilidade de voltar a publicá-lo. Isso me faria muito bem".

Mery Weiss, escritora infanto-juvenil do Rio Grande do Sul, descreve Tibica como um personagem que ama Deus e a natureza, critica a violência, a poluição e a exploração, mostrando a ecologia como um assunto atual desde os tempos bíblicos, de forma ora poética, ora irônica, atraindo a atenção tanto de adultos quanto de crianças.


Cooperativa Editora de Trabalho de Porto Alegre (CETPA)

No início dos anos 60, Renato Canini reuniu-se com outros desenhistas como Júlio Shimamoto, Getúlio Delphin, João Mattini, Bendatti, Flávio Teixeira Luiz Saidenberg para criar a Cooperativa Editora de Trabalho de Porto Alegre (CETPA), uma idéia do desenhista carioca José Geraldo Barreto Dias, que tinha trabalhado para a Editora Brasil América. Apoiada por Leonel Brizola, então governador gaúcho, a proposta da Cooperativa Editora de Trabalho de Porto Alegre era nacionalizar as histórias em quadrinhos.

Renato Canini participava com o personagem Zé Candango, um cangaceiro que vivia atormentando os super-heróis americanos. Os textos eram de José Geraldo e o personagem chegou a sair no "Jornal do Brasil" e no "Zero Hora", de Porto Alegre.

A cooperativa durou cerca de dois anos, mas não conseguiu se manter diante da turbulência geral causada pela renúncia de Jânio Quadros.


Deus

Renato Canini era uma pessoa que valorizava o lado espiritual da vida. Considerava Deus uma presença constante em sua vida e lia a Bíblia diariamente, "pelo menos cinco capítulos", fazia questão de dizer, garantindo já ter lido o livro sagrado, que considerava uma escola para a vida, mais de 40 vezes.

Sua fé chegou a afetar até mesmo suas decisões profissionais. Por conta de suas convicções religiosas, já deixou de aceitar trabalhos que entrariam em choque com aquilo que acreditava.


Morte

Segundo a professora universitária e amiga da família de Renato Canini, Fabiane Villela Marroni, o ilustrador sofreu um mal súbito enquanto estava em casa. "O Brasil perdeu um talento", desabafou a professora da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), que acompanhava o trabalho do ilustrador.

O sepultamento ocorreu às 16:00 hs de quinta-feira, 31/10/2013, no Cemitério São Francisco de Paula, em Pelotas, RS.

Filmes

  • 2004 - Kactus Canini Kid, Uma Graficobioanimada (Documentário sobre a carreira de Renato Canini)
  • 2005 - Kactus Kid (Animação com o personagem de Renato Canini)


Prêmios e Homenagens

  • Em 2003, Renato Canini foi homenageado com o Troféu HQ Mix, recebendo o título de "Grande Mestre" do quadrinho nacional.
  • Em 2007, a entrega do 19° Troféu HQ Mix, homenageou Renato Canini através de seu personagem Kaktus Kid, usado para representar o troféu daquele ano.
  • Renato Canini foi contemplado, em 2005, com um número próprio na série de quadrinhos especiais Disney Grandes Mestres da Editora Abril.

Publicações

  • "Um Redondo Pode Ser Quadrado?" - Editora Formato - ISBN 9788572084741
  • "O Cigarro e o Formigo" - Editora Formato - ISBN 9788572086639
  • "Tibica - O Defensor da Ecologia" - Editora Formato -  ISBN 9788572086615
  • "Cadê a Graça que Tava Aqui?" - Coleção Série Rindo às Pampas, Mercado Aberto, RS

Fonte: Wikipédia
Indicação: Neyde Almeida

Chico da Silva

FRANCISCO DOMINGOS DA SILVA
(75 anos)
Pintor, Desenhista, Sapateiro e Ajudante de Marinheiro

☼ Alto Tejo, AC (1910)
┼ Fortaleza, CE (06/12/1985)

Francisco Domingos da Silva ou Chico da Silva, foi um pintor brasileiro de estilo Naïf, desenhista, sapateiro e ajudante de marinheiro, nascido em Alto Tejo, AC, em 1910. Era descendente de uma cearense e um índio da Amazônia peruana. Viveu até os 10 anos de idade na antiga comunidade de Alto Tejo, no Estado do Acre.

A família de Chico da Silva embarcou para o Ceará, indo morar em Fortaleza. Semi-analfabeto, teve diversas profissões não relacionadas à arte. Perdeu o pai alguns anos depois e começou a fazer todos os tipos de serviços: Consertava sapatos e guarda-chuvas, fazia fogareiros de lata para vender, entre outras coisas, para ajudar no seu sustento e de sua família.

Nos intervalos de suas caminhadas a procura de trabalho, parava em frente aos muros e paredes das casas dos pescadores e fazia desenhos com carvão, giz e lascas de tijolos, colorindo-os com folhas.

Semi-analfabeto, autodidata, ele pintava sem regras mas com incrível habilidade. Foram esses painéis que chamaram a atenção do artista e crítico suíço Jean-Pierre Chabloz que passou a procurá-lo pela cidade. Pelos moradores da Praia Formosa, Chico da Silva era chamado de "indiozinho débil mental".

Jean-Pierre Chabloz perguntou para alguns habitantes quem era o autor daqueles desenhos, mas a constante resposta que ouvia era:
"É um cara meio louco. Um caboclo que veio não se sabe de onde. Ele se diverte rabiscando os muros e desaparece, sem deixar endereço!" 
Quadro de propriedade de Gustavo Veras e Isabel Marback

Jean-Pierre Chabloz não encontrou Chico da Silva facilmente pois este ao saber que um estrangeiro alto e forte estava a sua procura, fugiu achando que o suíço fosse um dos donos das casas de muros recém ornados por ele. Após o encontro, Jean-Pierre Chabloz ficou admirado com a simplicidade do artista e passou a incentivá-lo na pintura à guache. Além de fornecer todos os materiais para a produção dos trabalhos, Jean-Pierre Chabloz comprou mais de 40 obras prontas levando-as à diversas exposições, como o Salão Cearense de Pintura e o Salão de Abril de 1943.

Chico da Silva foi estimulado por Jean-Pierre Chabloz a desenhar e pintar cada vez mais. Essa amizade e confiança mútua foi o suficiente para tornar as obras de Chico da Silva, peças de qualidade para o mundo das artes.

Por ter sido criado desde menino frente as exuberantes paisagens da amazônia, com cores e formas exóticas, a genialidade de Chico da Silva floresceu, resultando em pinturas primitivistas (pinturas Naïfs) e sedutoras para os olhos dos artistas, críticos e pesquisadores do Brasil e da Europa. 

Pintor de lendas, folclore nacional, cotidiano e seres fantásticos, Chico da Silva seduz o observador por sua originalidade, pela diversidade de cores e formas e pela genialidade nas pinturas primitivistas. Com seu talento e a influência de Jean-Pierre ChablozChico da Silva conseguiu reconhecimento no cenário artístico mundial.

Nos últimos anos a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará conseguiu reunir vários trabalhos do artista que pertenciam a Jean-Pierre Chabloz. Um deles tem exposição permanente no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (UFCE) e outros fazem parte de acervos de museus e pinacotecas do mundo.

Quadro de propriedade de Gustavo Veras e Isabel Marback

Em 1945, na companhia de Jean-Pierre Chabloz, Antônio Bandeira, Inimá de Paula e outros artistas expôs na Galeria Askanasy, no Rio de Janeiro.

Chico da Silva não foi influenciado por nenhuma escola ou grupo específico. Na verdade, ele criou um estilo novo. Fundou uma escola no bairro de Pirambu, onde cresceu, formado por seguidores de suas obras.

Pela supervalorização de seus trabalhos quis produzir cada vez mais obras recorrendo a ajudantes para desenhar, deixando para ele somente a assinatura. Uma pesquisa estimou que 90%, dos quadros posteriores a 1972, eram falsos. Tal acontecimento cercou o artista de aproveitadores que vendiam essas falsificações em qualquer lugar por pequenos preços.

Mesmo havendo questionamento de suas obras no mercado de arte, foi convidado à participar da Bienal de Veneza em 1966, de onde recebeu Menção Honrosa. Três anos depois, Jean-Pierre Chabloz cortou relação com Chico da Silva, afirmando mais tarde em uma entrevista para um jornal que estava insatisfeito com a qualidade do artista.

Na década de 70, além de lutar contra a falta de crédito de suas obras, enfrentou a perda da esposa e seus próprios problemas de saúde. Se recuperou fisicamente mas não conseguiu sua recuperação artística.

Depois de permanecer quatro anos internado em um hospital psiquiátrico, voltou a pintar em 1981.

Quadro de propriedade de Gustavo Veras e Isabel Marback
Exposições

Individuais
  • 1950 - Lausanne, Suíça - Galeria Pour L'Art
  • 1961 - Fortaleza CE - Sede dos Diários Associados
  • 1963 - Rio de Janeiro, RJ - Galeria Relevo
  • 1965 - Rio de Janeiro, RJ - Galeria Goeldi
  • 1965 - São Paulo, SP - Galeria Selearte
  • 1965 - Salvador, BA - Galeria Querino
  • 1966 - Rio de Janeiro, RJ - Petite Galerie
  • 1966 - Veneza, Itália - Menção Honrosa
  • 1966 - Moscou, Rússia
  • 1967 - Rio de Janeiro, RJ - Galeria Gemini e Galeria Dezon
  • 1967 - São Paulo, SP - A Galeria


Coletivas
  • 1943 - Fortaleza, CE - Salão de Abril
  • 1944 - Fortaleza, CE - 3ª Salão Cearense de Pintura
  • 1945 - Rio de Janeiro, RJ - Galeria Askanasy
  • 1949 - Genebra, Suíça - Salão Beauregard
  • 1956 - Neuchâtel, Suíça - Museu Etnográfico
  • 1965 - Paris, França - Galeria Jaques Massol
  • 1966 - Europa - Artistas Primitivos Brasileiros
  • 1966 - Paris, França - Maison Janson
  • 1966 - Madri, Espanha - Instituto de Cultura Hispânica
  • 1966 - Veneza, Itália - 33ª Bienal de Veneza
  • 1967 - São Paulo, SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo
  • 1970 - Fortaleza, CE - 20º Salão de Abril
  • 1972 - São Paulo, SP - Galeria Collectio
  • 1977 - Fortaleza, CE - 27º Salão de Abril
  • 1978 - Fortaleza, CE - 28º Salão de Abril
  • 1978 - Penápolis, SP - 3º Salão de Artes Plásticas da Noroeste
  • 1978 - São Paulo SP - 1ª Bienal Latino-Americana de São Paulo
  • 1984 - Fortaleza, CE - 3º Salão Nacional de Artes Plásticas

Exposições Póstumas
  • 1988 - Rio de Janeiro, RJ - O Mundo Fascinante dos Pintores Naïfs, Paço Imperial
  • 1989 - Fortaleza, CE - Retrospectiva Chico da Silva: Do Delírio ao Dilúvio, Espaço Cultural do Palácio da Abolição
  • 1996 - Osasco, SP - Expo FIEO, Centro Universitário FIEO
  • 2001 - São Paulo, SP - Biografias Instantâneas, Casa das Rosas
  • 2002 - São Paulo, SP - Santa Ingenuidade, Unifieo
  • 2002 - São Paulo, SP - Pop Brasil: A Arte Popular e o Popular na Arte, CCBB
  • 2002 - Piracicaba, SP - 6ª Bienal Naifs do Brasil, SESC

Clóvis Graciano

CLÓVIS GRACIANO
(81 anos)
Pintor, Desenhista, Cenógrafo, Figurinista, Gravador e Ilustrador

* Araras, SP (29/01/1907)
+ São Paulo, SP (29/06/1988)

Clóvis Graciano nasceu em Araras, São Paulo, em 1907. Em 1927, iniciou sua carreira artística, pintando tabuletas, carros e sinalizações da Estrada de Ferro Sorocabana, em Conchas, no interior paulista. Na década de 1930 começa a pintar, sempre como autodidata, com grande interesse pelas tendências modernas, com as quais travou contato através de publicações e álbuns.

Em 1934, faz suas primeiras pinturas a óleo e aquarela, freqüentando o atelier de Valdemar da Costa e o curso livre da Escola Paulista de Belas-Artes, embora sem aceitar orientação de professores. Transferiu-se para São Paulo, como fiscal do consumo, passando a partir daí a dividir seu tempo entre o emprego e a arte, com evidentes vantagens para a última, tanto que dez anos depois foi demitido por abandono de emprego.

Ligou-se a partir de 1935 a Rebôlo Gonzales e Mário Zanini, integrantes do chamado Grupo Santa Helena.

Alfredo Mesquita e Clóvis Graciano no cenário da peça Fora da Barra (São Paulo, 1944)  - Roberto Maia
Em 1937, já tendo travado contato com a arte de Alfredo Volpi, Clóvis Graciano instala-se no Palacete Santa Helena e integra, então, o Grupo Santa Helena, com os artistas Francisco Rebôlo, Mario Zanini, Aldo Bonadei, Fulvio Pennacchi, Alfredo Rizzotti, Humberto Rosa e outros, além do próprio Alfredo Volpi. Começou a participar de coletivas, quando expôs no I Salão da Família Artística de São Paulo, do qual foi um dos fundadores. Desde então, participou de diversos Salões Oficiais e Coletivas, conquistando o prêmio de viagem ao exterior no Salão Nacional de Belas Artes, Divisão Moderna, seguindo para a Europa em 1949 e retornando em 1951.

A partir dos anos 50, dedicou-se ao muralismo, executando cerca de 120 painéis pelo estado de São Paulo, e à cenografia e indumentária teatral, trabalhando para o Grupo de Teatro Experimental, Grupo Universitário de Teatro e Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Mário de Andrade destacou na pintura de Clóvis Graciano "o peso em luta com a leveza, a efusão dramática do movimento".

Fez amizade com Cândido Portinari e, ao final da década de 1940, foi estudar em Paris, onde aprendeu técnicas de produção de murais, inclusive com mosaicos. Ao retornar ao país, realizou diversos painéis: Em 1962 o mural "Armistício de Iperoig", na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP); o painel "Operário", na Avenida Moreira Guimarães (1979), murais na Avenida Paulista e no edifício do Diário Popular, entre outros.


Em 1971, exerceu a função de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e presidente da Comissão Estadual de Artes Plásticas e do Conselho Estadual de Cultura.

Além da pintura, Clóvis Graciano dedicou-se a diversas atividades paralelas, lecionando cenografia na Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD), e ilustrando jornais, revistas e livros, principalmente nos anos 1980.

No decurso de toda a sua carreira, Clóvis Graciano permaneceu fiel ao figurativismo, jamais tendo sequer de leve sentido a sedução pelo abstracionismo. Tratou constantemente de temas sociais, como o dos retirantes, além de temas de músicos e de dança.

Suas obras figuram em museus e coleções particulares do Brasil e do exterior.

Almeida Júnior

JOSÉ FERRAZ DE ALMEIDA JÚNIOR
(49 anos)
Pintor e Desenhista

* Itu, SP (08/05/1850)
+ Piracicaba, SP (13/11/1899)

José Ferraz de Almeida Júnior foi um pintor e desenhista brasileiro da segunda metade do século XIX. É frequentemente aclamado pela historiografia como precursor da abordagem de temática regionalista, introduzindo assuntos até então inéditos na produção acadêmica brasileira: o amplo destaque conferido a personagens simples e anônimos e a fidedignidade com que retratou a cultura caipira, suprimindo a monumentalidade em voga no ensino artístico oficial em favor de um naturalismo.

Foi certamente o pintor que melhor assimilou o legado do Realismo de Gustave Courbet e de Jean-François Millet, articulando-os ao compromisso da ideologia dos salons parisienses e estabelecendo uma ponte entre o verismo intimista e a rigidez formal do academicismo, característica essa que o tornou bastante célebre ainda em vida. De forma semelhante, sua biografia é até hoje objeto de estudo, sendo de especial interesse as histórias e lendas relativas às circunstâncias que levaram ao seu assassinato.

O Dia do Artista Plástico Brasileiro é comemorado a 8 de maio, data de nascimento do pintor.

Caipira Picando Fumo
A Formação de Almeida Júnior

Almeida Júnior cresceu em sua cidade natal, Itu, como artista precoce. Seu primeiro incentivador foi o padre Miguel Correa Pacheco, quando o pintor ainda trabalhava como sineiro na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, para a qual produziu algumas obras de temática sacra. Uma coleta de fundos organizada pelo padre forneceu as condições para que o jovem artista, então com 19 anos de idade, pudesse embarcar para o Rio de Janeiro, a fim de completar seu estudo.

Em 1869, Almeida Júnior encontrava-se inscrito na Academia Imperial de Belas Artes. Foi aluno de Jules Le Chevrel, Victor Meirelles e, possivelmente, Pedro Américo. Diversas crônicas relatam que seu jeito simplório e linguajar matuto causavam espanto aos membros da Academia Imperial de Belas Artes. Nas palavras de Gastão Pereira da Silva:

"Era o mais autêntico e genuíno representante do tradicional tipo paulista. Mas sem nenhum traquejo de homem de cidade. Falava como os primitivos provincianos e tal qual estes vestia-se, andava, retraía-se. Mas isso não impediria que fizesse um curso brilhantíssimo, durante o qual recebeu diversas premiações em desenho figurado, pintura histórica e modelo vivo, inclusive, em 1874, a grande medalha de ouro com o quadro Ressurreição do Senhor."
(Gastão Pereira da Silva)

Após concluir o curso, Almeida Júnior optou por não concorrer ao prêmio de viagem à Europa. Retornou a Itu e abriu ateliê nessa cidade, passando a trabalhar como retratista e professor de desenho.

O Derrubador Brasileiro
O Pintor Em Paris

Em 1876, durante uma viagem ao interior paulista, o Imperador Dom Pedro II, impressionado com seu trabalho, ofereceu pessoalmente a Almeida Júnior o custeio de uma viagem a Europa, para aperfeiçoar seus estudos. No ano seguinte, um decreto de 23 de março da Mordomia da Casa Imperial abriu um crédito de 300 francos mensais para que o pintor fosse estudar em Roma ou Paris.

Em 4 de novembro de 1876, Almeida Júnior embarcou no navio Panamá rumo à França, fixando residência no bairro parisiense de Montmartre. No mês seguinte, matriculou-se na École National Supérieure des Beaux-Arts. Nesta instituição, foi aluno de Alexandre Cabanel e de Lequien Fils, notabilizando-se, desde muito cedo, em desenho anatômico e de ornamentos.

Almeida Júnior participou de quatro edições do Salon de Paris, entre 1879 e 1882. É desse período que datam algumas de suas maiores obras-primas, como "O Derrubador Brasileiro" e "Remorso de Judas" (Salon de 1880), "A Fuga Para o Egito" (Salon de 1881) e "O Descanso do Modelo" (Salon de 1882). Outras obras emblemáticas do período francês do pintor são "Arredores de Paris" e "Arredores do Louvre", além de, possivelmente, um conjunto de dezesseis telas retratando o bairro de Montmartre, cuja localização é atualmente desconhecida.

Almeida Júnior permaneceu em Paris até 1882. Nesse ano, fez uma breve viagem à Itália, onde teve contato com os irmãos Rodolfo e Henrique Bernardelli.

Leitura
A Consagração No Brasil

De volta ao Brasil em 1882, Almeida Júnior realizou sua primeira mostra individual na Academia Imperial de Belas Artes, exibindo sua produção parisiense. No ano seguinte, abriu seu ateliê na Rua da Glória, em São Paulo, por meio do qual iria contribuir para a formação de novas gerações de pintores, dentre os quais, Pedro Alexandrino.

Em São Paulo, Almeida Júnior promoveu vernissages exclusivas para a imprensa e potenciais compradores. Executou retratos de barões do café, de professores da Faculdade de Direito de São Paulo e de partidários do movimento republicano, além de paisagens e pinturas de gênero. Sua atuação como artista consagrado em São Paulo contribuiu decisivamente para o amadurecimento artístico da capital paulista.

Em 1884, expos novamente suas telas do período parisiense na 26ª Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial de Belas Artes que foi a última e certamente a mais importante exposição realizada no período imperial. Por ocasião de seu envio, o crítico de arte Duque Estrada, teceria o seguinte comentário:

"Almeida Júnior é o mais pessoal e, sem dúvida, um dos que melhor sabem expressar, com toda clareza e nitidez de um estilo à Breton, os assuntos tomados de improviso a uma página da Bíblia, da História, ou simplesmente da vida de todos os dias e de todos os homens."
(Luiz Gonzaga Duque Estrada)

Em 1884, o pintor recebeu o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa, concedido pelo governo imperial. No ano seguinte, recusou o convite de Victor Meirelles para ocupar sua vaga de professor de pintura histórica da Academia Imperial de Belas Artes, permanecendo em São Paulo. Entre 1887 e 1896, realizou outras três viagens à Europa, a última delas em companhia de seu discípulo, Pedro Alexandrino, então agraciado com uma bolsa de estudos do governo paulista.

No seu último período, Almeida Júnior iria progressivamente substituir os temas bíblicos e históricos pelas obras de temática regionalista, justamente as que lhe granjeariam no futuro sua posição de precursor do Realismo na história da arte brasileira. Em pinturas como "Caipira Picando Fumo" (1893), "Amolação Interrompida" (1894) e "O Violeiro" (1899), o artista revela seu desejo de aproximar-se do cotidiano do homem do interior, distanciando-se das fórmulas generalistas da pintura acadêmica e aproximando-se cada vez mais da abordagem pictórica naturalista. Não obstante sua nova orientação estilística, seu prestígio permaneceu inconteste na Academia Imperial de Belas Artes, que expos obras de sua fase regionalista, "Leitura" e "Piquenique no Rio das Pedras" (1892), e lhe concedeu a medalha de ouro por "A Partida da Monção" (1894), exposta no Salão de 1898.

Auto Retrato
O Assassinato

Almeida Júnior morreu precocemente, aos 49 anos, em 13 de novembro de 1899. Foi apunhalado em frente ao Hotel Central de Piracicaba, hoje já demolido, por José de Almeida Sampaio, seu primo e marido de Maria Laura do Amaral Gurgel, com quem o pintor manteve um relacionamento secreto por vários anos.

Principais Obras

Almeida Júnior é considerado um importante "pintor do nacional" por uma parcela da crítica brasileira, por retratar em muitas de suas obras o caipira paulista. Também a forma como trata seus temas, distanciando-se das alegorias românticas ou do ufanismo nacionalista histórico dos pintores da Academia Imperial de Belas Artes, aproximando-se do ser humano comum, leva alguns críticos a traçarem uma semelhança de sua obra com a do pintor francês Gustave Courbet, artista cuja obra Almeida Júnior teria visto em suas viagens para a Europa. Também é digno de nota que na mesma época que Almeida Júnior esteve na França, o movimento impressionista estava em plena atividade, no entanto, não causou nenhum entusiasmo no pintor brasileiro, que não adotou nenhum elemento dele.

O clareamento da paleta e a adoção da luz brasileira não o fizeram abandonar, no entanto, o rigor acadêmico com o desenho e a anatomia.

Algumas pinturas de Almeida Junior são: "Caipira Picando Fumo", "A Partida da Monção", "Caipiras Negaceando", "O Descanso do Modelo", "Leitura", "A Pintura (Alegoria)" e "A Fuga Para o Egito".

O tema "O Descanso do Modelo" foi pintado quatro vezes em diferentes tamanhos. "Caipira Picando Fumo", duas. "A Partida da Monção" foi pintada duas vezes, uma como estudo, presente na Pinacoteca do Estado de São Paulo, e outra, a versão definitiva, presente no Museu Paulista por empenho do diretor Afonso de Taunay que entendia imprescindível ter aquela obra na Instituição.

Fonte: Wikipédia

Darcy Penteado

DARCY PENTEADO
(61 anos)
Desenhista, Artista Plástico, Pintor, Escritor, Cenógrafo, Figurinista, Autor Teatral e Militante do Movimento LGBTTTs

* São Roque, SP (1926)
+ São Paulo, SP (02/12/1987)

Distinguindo-se sempre pelos elegantes desenhos a bico de pena, trabalhou primeiro em publicidade e como figurinista, ilustrando revistas de moda, passando logo a trabalhar em teatro, como figurinista e cenógrafo, tendo participado, na década de 1950, do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).

Participou de inúmeras exposições, ilustrou livros e foi uma figura presente na cena cultural da cidade de São Paulo entre a década de 1950 e década de 1980. Foi reconhecido em Nova York como um dos dez melhores retratistas do mundo.


Em 1973 participou da XII Bienal com um audiovisual que propunha uma tese em termos estéticos contra a violência e a intolerância. Nesse ano foi produzido um filme documentário de curta metragem intitulado "Via Crucis Segundo Darcy Penteado".

Em 1976 publicou o seu primeiro livro de contos "A Meta" e a partir desse mesmo ano iniciou o ativismo na luta contra a discriminação aos homossexuais. Participou ativamente, durante os anos de repressão da ditadura militar, do jornal O Lampião, publicação pioneira para os gays brasileiros, ativo na defesa dos direitos dos homossexuais.


Por anos Darcy carregou sozinho a bandeira dos homossexuais no Brasil. Foi dele, ainda no início da década de 1980, a primeira tentativa de arrecadação de fundos em benefício da pesquisa sobre a AIDS no Brasil, através de um leilão. Apesar de desiludido com os resultados, participou de diversas campanhas de conscientização da doença. Gravou uma chamada para a televisão, de alerta ao público.

Na literatura, Darcy Penteado ilustrou o primeiro livro de Jorge Amado, "O País do Carnaval" e "Navegação de Cabotagem".

Darcy Penteado faleceu em dezembro de 1987, aos 61 anos vitimado pela AIDS.

Atualmente, suas obras podem ser vistas no museu mantido pelo Centro Cultural Brasital, no município de São Roque, em São Paulo.


Em frente a entrada principal do Edifício Copan, na esquina da Avenida Ipiranga com a Rua Major Sertório, centro de São Paulo, existe ali uma praça com o nome de Praça Darcy Penteado. Uma justa homenagem a este pioneiro no combate à intolerância.

Para finalizar, uma frase de Darcy Penteado escrita em uma de suas obras de 1985:

"Subsistir apenas, não basta. É preciso dignificar a vida!"
(Darcy Penteado)

Fonte: Blog Grisalhos e Wikipédia