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Barão de Capanema

GUILHERME SCHÜCH
(84 anos)
Naturalista, Engenheiro e Físico

☼ Ouro Preto, MG (17/01/1824)
┼ Rio de Janeiro, RJ (26/08/1908)

Guilherme Schüch, posteriormente Guilherme Capanema, primeiro e único Barão de Capanema, foi um naturalista, engenheiro e físico brasileiro, nascido em Ouro Preto, MG, no dia 17/01/1824. Foi o responsável pela instalação da primeira linha telegráfica do Brasil. Era bisavô do político Gustavo Capanema.

Filho do austríaco Rochus Schüch, natural da Morávia, que veio para o Brasil em 1817 como integrante da comitiva da Princesa Leopoldina, e da suiça Josefina Roth, que seu pai conhecera na colônia de Nova Friburgo, RJ.

Guilherme Schüch casou-se com Eugênia Amélia Delamare, nascida em Havre de Grace, França, no dia 12/07/1824, filha de Charles Robert Delamare e Reine Germaine Virginie, falecida no Rio de Janeiro no dia 12/04/1907. O casal teve três filhos: Paulina, Guilherme e Gustavo S. Capanema, médico e político.

Em 1841 foi enviado para a Europa, aos cuidados do Visconde de Barbacena, para estudar engenharia. Depois de 60 dias, pois a navegação se fazia à vela, chegou à Inglaterra, onde o ministro brasileiro Marquês Lisboa o fez seguir para Antuérpia e dali diretamente para Munique. Ali o ilustre botânico Carl Friedrich Philipp von Martius e o zoólogo Johann Baptiste von Spix lhe prestaram bons serviços, encaminhando-o nos seus estudos.

A viagem de Antuérpia a Munique foi feita de carruagem, pois ainda não existiam na época estradas de ferro. Concluiu o curso na Escola Politécnica de Viena. Formou-se doutor em matemática e ciência pela antiga Escola Militar do Rio de Janeiro.

De volta ao Brasil foi responsável pela fundação, em 11/05/1852, do Telégrafo Nacional, sendo seu primeiro diretor.

Guilherme Schüch frequentemente visitava o Imperador, que insistia por essas visitas para aperfeiçoar-se, dizia ele, na conversação da língua alemã.

Em uma das visitas, Manuel de Araújo Porto Alegre (Barão de Santo Angelo), informou ao Imperador que o Drº Azeredo Coutinho era de opinião que o Drº Guilherme Schüch devia ser nomeado para uma das cadeiras vagas da Escola Central, indicando a de mineralogia. O coronel Pedro de Alcântara Bellegarde, comandante da Escola Central, opinou para que sua nomeação fosse feita, devendo ela ser confirmada no fim do ano, se assim decidisse a congregação.

Dom Pedro II mandou que o Drº Guilherme Schüch se apresentasse ao Ministro da Guerra. Havia, porém, um impedimento: é que a lei dispunha que o magistério só poderia ser exercido por engenheiros formados pela Escola Central. O Ministro da Guerra resolveu o caso lembrando que o Drº Guilherme Schüch deveria ser sujeito a um exame do conjunto de matérias, inclusive arte militar. O Drº Guilherme Schüch deliberou, então, estudar a arte militar e para isto adquiriu os livros necessários e foi passar uma temporada na fazenda da família Paes Leme.

De volta, sujeitou-se aos exames exigidos pelo Ministro da Guerra, nos quais foi aprovado e em seguida nomeado lente substituto da Escola Central.

Engenheiro militar, na década de 1850 conseguiu fabricar munição para os fuzis Dreyse utilizados na Guerra Contra Oribe e Rosas, segredo militar prussiano. Também realizou diversas experiências com foguetes, tendo fabricado alguns foguetes de Halle por volta de 1852.

Em 1855 fez várias experiências com os foguetes de Halle junto com José Mariano de Mattos. No mesmo ano foi enviado à Bélgica com ordens de "comprar 1200 fuzis, 1000 clavinas com baionetas, sabres, e 500 clavinas sem baionetas".

Membro da Sociedade Velosiana de Ciências Naturais, onde participava da comissão de botânica, sugeriu sua fusão ao Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, o que não aconteceu. Tendo a sociedade se desmembrado, parte dos sócios, incluindo Guilherme Schüch, então fundou a Sociedade Palestra Científica do Rio de Janeiro, que teve sua primeira sessão em 25/06/1856.

Participou da comissão científica do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, criada em 1856, onde foi diretor da Seção Geológica e Mineralógica.

Em 1863 foi enviada à Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, em Iperó, perto de Sorocaba, tendo revitalizado-a. Inventor, desenvolveu também um formicida contra a saúva.

Notando o Drº Guilherme Schüch a dificuldade que havia em Minas Gerais de pronunciarem seu nome alemão, resolveu adotar o sobrenome de "Capanema", pertencente a uma serra e povoado daquela província, e nas vizinhanças de Ouro Preto.

Em 1877, o botânico João Barbosa Rodrigues homenageou Guilherme Schüch de Capanema, seu amigo, dando o nome de Capanemia a um novo gênero de orquídeas descrito em seu livro Genera Et Species Orchidearum Novarum.

Recebeu o título de Barão em 26/02/1881 por decreto de Dom Pedro II. O engenheiro Guilherme Schüch comandou a instalação das primeiras redes telegráficas do norte do Brasil.

Posteriormente, em homenagem à sua mediação no conflito entre Brasil e Argentina pela posse região do Rio Iguaçu, uma localidade do Paraná recebeu o nome de Capanema. Assim, configurou-se um caso em que um topônimo originou um antropônimo que, por sua vez, foi posteriormente motivo para a denominação de um outro nome de lugar.

Em 1889 com a Proclamação da República se aposentou da direção do Telégrafo Nacional.

Em 1903 foi nomeado diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Foi também professor de física e de mineralogia na Escola Militar.

Recipiente da comenda da Imperial Ordem da Rosa e da Imperial Ordem de Cristo, além de ter sido membro do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil.

Fonte: Wikipédia

César Lattes

CESARE MANSUETO GIULIO LATTES
(80 anos)
Físico

☼ Curitiba, PR (11/07/1924)
┼ Campinas, SP (08/03/2005)

César Lattes foi um físico brasileiro, co-descobridor do méson pi, nascido em Curitiba, PR, no dia 11/07/1924. César Lattes nasceu em uma família de judeus italianos imigrantes em Curitiba, PR, no Sul do Brasil. Fez os seus primeiros estudos naquela cidade e em São Paulo, vindo a graduar-se na Universidade de São Paulo, formando-se em 1943, em matemática e física.

César Lattes fazia parte de um grupo inicial de brilhantes jovens físicos brasileiros que foram trabalhar com professores europeus como Gleb Wataghin (1899-1986) e Giuseppe Occhialini (1907-1993). César Lattes foi considerado o mais brilhante destes e foi descoberto, ainda muito jovem, como um pesquisador de campo. Seus colegas, que também se tornaram importantes cientistas brasileiros, foram Oscar Sala, Mário Schenberg, Roberto Salmeron, Marcelo Damy de Souza Santos e Jayme Tiomno.

Com a idade de 23 anos, ele foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro.

De 1947 a 1948, César Lattes começou a sua principal linha de pesquisa, pelo estudo dos raios cósmicos, os quais foram descobertos em 1932 pelo físico estadunidense Carl David Anderson. Ele preparou um laboratório a mais de 5.000 metros de altitude em Chacaltaya, uma montanha dos Andes, na Bolívia, empregando chapas fotográficas para registrar os raios cósmicos.


Viajando para a Inglaterra com seu professor OcchialiniCésar Lattes foi trabalhar no H. H. Wills Laboratory da Universidade de Bristol, dirigida por Cecil Frank Powell (1903-1969). Após melhorar uma nova emulsão nuclear usada por Cecil Frank Powell, pedindo à Kodak Co. para adicionar mais boro a ela, em 1947, realizou com eles uma grande descoberta experimental, de uma nova partícula atômica, o méson pi (ou pion), a qual desintegra em um novo tipo de partícula, o méson mu (muon).

Foi uma grande reviravolta na ciência. Até então, era aceito que os átomos eram formados por somente 3 tipos de sub-partículas ou partículas elementares (prótons, nêutrons e elétrons). Alguns cientistas contestaram os resultados, mas o apoio do dinamarquês Niels Bohr, um dos maiores físicos da época, pesou na aceitação da novidade que daria início a uma nova área de pesquisa, a Física de Partículas.

O jovem impetuoso César Lattes começou então a escrever um trabalho para a revista Nature sem se preocupar com o consentimento de Cecil Frank Powell. No mesmo ano, foi responsável pelo cálculo da massa da nova partícula, em um meticuloso trabalho. Um ano depois, trabalhando com Eugene Gardner (1913-1950) na Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos, César Lattes foi capaz de detectar a produção artificial de partículas píon no ciclotron do laboratório, pelo bombardeio de átomos de carbono com partículas. Ele tinha somente 24 anos de idade.


Em 1949, César Lattes retornou como professor e pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Depois de outra breve estada nos Estados Unidos, de 1955 a 1957, ele voltou para o Brasil e aceitou uma posição na sua alma mater, o Departamento de Física da Universidade de São Paulo (USP). Também nesse ano, César Lattes ingressou para a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Em 1967, César Lattes aceitou a posição de professor titular no novo Instituto Gleb Wataghin de Física na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), nome que se originou de seu professor fundador, o qual ele também ajudou a fundar. Ele também se tornou o diretor do Departamento de Raios Cósmicos, Altas energias e Léptons.

Em 1969, ele e seu grupo descobriram a massa das co-denominadas bolas de fogo, um fenômeno espontâneo que ocorre durante colisões de altas-energias, e os quais tinham sido detectados pela utilização de chapas de emulsão fotográfica nucleares inventadas por ele, e colocadas no pico de Chacaltaya nos Andes Bolivianos.


César Lattes é um dos mais distintos e condecorados físicos brasileiros, e seu trabalho foi fundamental no desenvolvimento da física atômica. Ele também foi um grande líder científico dos físicos brasileiros e foi uma das principais personalidades por trás da criação de várias instituições importantes como Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

César Lattes figura como um dos poucos brasileiros na Biographical Encyclopedia Of Science And Technology de Isaac Asimov, como também na Enciclopédia Britânica. Embora tenha sido o principal pesquisador e primeiro autor do histórico artigo da Nature descrevendo méson pi, Cecil Frank Powell foi o único agraciado com o Prémio Nobel de Física em 1950 pelo "seu desenvolvimento de um método fotográfico de estudo dos processos nucleares e sua descoberta que levou ao descobrimento dos mésons".

A razão para esta aparente negligência é que a política do Comitê do Nobel até 1960 era dar o prêmio para o líder do grupo de pesquisa, somente. O brasileiro, no entanto, nunca foi contemplado. No museu de Niels Bohr, em Copenhague, Dinamarca, há uma carta em que está escrito "Por que César Lattes não ganhou o Prêmio Nobel - abrir 50 anos depois da minha morte". Como Bohr morreu em 1962, em 2012 seria o em que supostamente  saberíamos a resposta do enigma. Mas isso não aconteceu.

César Lattes e José Leite Lopes
Reconhecimento

Em sua homenagem, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) batizou o sistema utilizado para cadastrar cientistas, pesquisadores e estudantes como o nome de Plataforma Lattes. A Plataforma Lattes é uma base de dados de currículos e instituições das áreas de Ciência e Tecnologia (C&T). O Currículo Lattes registra a vida profissional dos pesquisadores sendo elemento indispensável à análise de mérito e competência dos pleitos apresentados, atualmente, a quase todas as agências de fomento no Brasil.

  • 1948 - Cavaleiro da Grande Cruz , outorgado pela Ordo Capitulares Stellae Argentae Crucitae;
  • 1951 - Prêmio Einstein, da Academia Brasileira de Ciências;
  • 1953 - Prêmio Ciências, do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura;
  • 1957 - Prêmio Evaristo Fonseca Costa, do Conselho Nacional de Pesquisas;
  • 1972 - Cidadão Honorário Boliviano;
  • 1973 - Medalha Carneiro Felipe, do Conselho Nacional de Energia Nuclear;
  • 1977 - Pelo governo da Venezuela, que lhe conferiu a Comenda Andrés Bello;
  • 1978 - Organização dos Estados Americanos (OEA) lhe outorgou o prêmio Bernardo Houssay;
  • 1987 - Prêmio em Física, da Academia de Ciências do Terceiro Mundo, no ICTP - The Abdus Salam International Centre For Theoretical Physics, sediado em Trieste, Itália;
  • 1989 - Medalha Santos Dumont;
  • 1992 - Símbolo do Município de Campinas;
  • Centro de Estudos Astronômicos César Lattes de Minas Gerais;
  • Biblioteca Central César Lattes (UNICAMP);
  • Centro de Nanociência e Nanotecnologia Cesar Lattes, Campus do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron - Campinas;
  • Auditório César Lattes - Usina de Itaipú;
  • Grêmio Estudantil César Lattes (UTFPR);
  • Centro Acadêmico dos cursos de Matemática e Física da Universidade de Taubaté (UNITAU);
  • Associação Atlética Acadêmica César Lattes (AAACeL) - Atlética dos cursos de Física (bacharel e licenciatura) e do curso integrado em Física, Matemática e Matemática Aplicada Computacional da Unicamp.

Citações

"A ciência deve ser universal, sem dúvida. Porém, nós não devemos acreditar incondicionalmente nisto."
"A ciência universal seria o ideal. Mas a prática é bem diferente. Felizmente, todo segredo dura pouco."

Morte

César Lattes aposentou-se em 1986, quando recebeu o título de Doutor Honoris Causa e Professor Emérito pela Universidade de Campinas. Mesmo aposentado ele continuou a viver em uma casa no subúrbio próxima ao campus da universidade. Ele morreu vítima de um ataque cardíaco, aos 80 anos, no dia 08/03/2005.

Fonte: Wikipédia

Oscar Sala

OSCAR SALA
(87 anos)
Físico Nuclear e Professor

* Milão, Itália (26/03/1922)
+ São Paulo, SP (02/01/2010)

Foi um físico nuclear ítalo-brasileiro, importante líder científico e professor emérito do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.

Sala graduou-se em Física em 1943 na então recentemente criada Universidade de São Paulo. O Departamento de Física da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras fora iniciado com dois eminentes cientistas italianos: Gleb Wataghin e Giuseppe Occhialini, o qual se especializou no estudo da radiação cósmica. Sala foi contemporâneo de uma geração de jovens brilhantes físicos brasileiros tais como César Lattes, José Leite Lopes, Mário Schenberg, Roberto Salmeron, Marcelo Damy de Souza Santos, Jayme Tiomno e Mario Alves Guimarães. Ainda como estudante, Oscar Sala começou seu trabalho de pesquisa com este grupo. Em 1945, Sala publicou com Wataghin um importante artigo sobre penetração de partículas nucleares.

Logo após sua graduação, ele foi contratado como professor assistente na cadeira de Física Geral e Experimental, liderada pelo professor Marcelo Damy de Souza Santos. Ele passou sua carreira inteira como cientista e professor na mesma instituição, a qual, mais tarde se tornaria o Instituto de Física da USP. Neste novo instituto, Sala tornou-se chefe do Departamento de Física Nuclear (1970-1979 e 1983-1987).

Em 1946, Oscar Sala recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller e foi estudar nos Estados Unidos, primeiramente na Universidade de Illinois e depois, em 1948, na Universidade de Wisconsin. Lá, ele participou no desenvolvimento de aceleradores eletrostáticos usados no estudo de física nuclear, o primeiro equipamento a usar pulsos de raios para o estudo de reações nucleares com neutrons rápidos. Após seu retorno ao Brasil, Sala foi responsável por instalar e coordenar pesquisas baseadas em grandes geradores eletrostáticos de Van de Graaff. Mais tarde, ajudou na construção de um pelletron (Acelerador eletrostático de partículas) na USP, o primeiro na América Latina.

O Professor Oscar Sala foi membro da Diretoria da Academia Brasileira de Ciências entre 1981 e 1993, tendo assumido o cargo de Presidente no último triênio. Foi também um dos fundadores e o primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Física.

Foi, ainda, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) por três mandatos consecutivos, de 1973 a 1979, período que coincidiu com a difícil distensão do regime militar e no qual a SBPC teve papel de destaque. Recebeu da SBPC o título de presidente de honra.

Também foi diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) entre 1969 e 1975 e presidente da Fundação de 1985 a 1995.

Oscar Sala e a Internet

Em 1988, Sala criou o projeto Rede ANSP (An Academic Network In São Paulo) como um projeto especial para atender à solicitação de interconexão das redes das três Universidades estaduais paulistas[4] e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas à Fapesp. Essa, por sua vez, se conectava ao Fermilab, utilizando a BITNET e DECnet, antecessoras da Internet. A partir de 1991, o projeto passou a adotar o protocolo TCP/IP, tornando a Rede ANSP o único ponto de conexão acadêmica ou comercial à Internet entre 1992 e 1994.

De Acordo Com Oscar Sala:

"Visualizei a importância da comunicação que os cientistas teriam através daquele computador, a evolução que a ciência poderia ter, a rapidez com que as informações de outros países chegariam ao Brasil, e aí eu quis contribuir (...) A FAPESP foi muito importante nesse desenvolvimento. Ela aceitou a idéia em um sistema moderno e avançado, que se comunicava com todos. No início acharam que era uma bobagem a minha idéia, mas aí eu fui lá e fiz a bobagem."

Fonte: Wikipédia

Enéas Carneiro

ENÉAS FERREIRA CARNEIRO
(68 anos)
Médico, Físico, Matemático e Político


* Rio Branco, AC (05/11/1938)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/05/2007)

Enéas Ferreira Carneiro foi um médico cardiologista, físico, matemático e político brasileiro nascido em Rio Branco, AC, no dia 05/11/1938.

Como político, fundou o extinto Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA). Foi filiado ao Prona de 1989, sua fundação, até 2006, quando ocorreu sua fusão com o Partido Liberal (PL), surgindo o Partido da República (PR), do qual foi filiado de 2006 a 2007, ano de sua morte.

Em sua juventude, Enéas se interessou pela leitura dos textos de Friedrich Engels, o que o tornou num entusiasta do socialismo científico. Segundo suas próprias palavras, ele sonhava com a União Soviética que emergia na Guerra Fria, mas deixou de ser socialista pois, segundo ele, "quando o estado toma conta dos meios de produção, a competição some, e satisfeitas as necessidades básicas, como habitação,a sociedade entra em letargia e não se desenvolve!".

Após se candidatar três vezes à Presidência da República (1989, 1994 e 1998), e uma vez à prefeitura de São Paulo (2000), em 2002, foi eleito Deputado Federal pelo Estado de São Paulo, recebendo votação recorde: Mais de 1,57 milhão de votos, a maior votação já registrada no país.

Tornou-se muito famoso em todo o Brasil a partir de 1989, em sua candidatura à Presidência da República daquele ano, por seu bordão "Meu nome é Enéas!", usado sempre ao término de seus pronunciamentos no horário eleitoral gratuito brasileiro.

Era conhecido por seu nacionalismo e oposição ao neoliberalismo, por ser contrário ao comunismo e por seu conservadorismo. Seus posicionamentos políticos são colocados por vezes na extrema-direita, porém o próprio Enéas afirmou ser contrário a classificação esquerda-direita, definindo-se como nacionalista, somente. Alguns críticos, ainda, tentaram associá-lo a uma espécie de novo símbolo do Movimento Integralista, devido à semelhanças entre opiniões do eleitorado do PRONA e dos extintos partidos integralistas.

Enéas Ferreira Carneiro nasceu na cidade de Rio Branco, no Estado do Acre, em 1938. Filho de Eustáquio José Carneiro, barbeiro, e Mina Ferreiro Carneiro, dona de casa. Perdeu o pai aos 9 anos de idade, sendo obrigado a trabalhar desde essa idade para sustentar a si e à sua mãe. Quando nasceu, sua família estava em condições de miséria. Se mudou para Belém, PA, com condições financeiras um pouco melhores, onde morou em um barraco e tinha como alimentação farinha e café.

Foi casado com Jamile Augusta Ferreira, que conheceu na Escola de medicina e cirurgia do Rio de Janeiro. Enéas a conheceu quando estava lendo um livro de ciências exatas, sendo abordado por ela, interessada pela leitura, posteriormente tornando-se sua namorada. O casal teve uma filha, quando terminaram os estudos na escola de medicina, chamada Janete. Cinco anos mais tarde teve outra filha chamada Gabriela com Selene Maria, relacionamento que, como o anterior, não foi duradouro.

Enéas, por volta de 1982, casou-se com a promotora da auditoria militar, Adriana Lorandi. Com ela teve sua terceira filha, Lígia. O casal se separou pois para criar o PRONA Enéas precisou se desfazer de muitos bens. "Ela não aguentou. Torrei todo meu patrimônio, uns imóveis e jóias porque queria construir o Prona".


Carreira

Em 1958 iniciou seus estudos no Rio de Janeiro, na Escola de Saúde do Exército. Em 1959 formou-se terceiro-sargento auxiliar de anestesiologia, sendo primeiro lugar de sua turma.

Em 1960 iniciou seus estudos na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.

Em fevereiro de 1962, prestou exame vestibular para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), curso de licenciatura em matemática e física. Aprovado em primeiro lugar. No mesmo ano iniciou atividade como professor destas disciplinas, preparando alunos para vestibulares.

Em 1965 formou-se médico pela já citada Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, pedindo então baixa do Exército, após 8 anos de serviço ativo no Hospital Central do Exército, onde auxiliou os médicos em mais de 5.000 anestesias, já tendo recebido a Medalha Marechal Hermes.

Em 1968 diplomou-se licenciado em Matemática e Física pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara e fundou o Curso Gradiente, pré-universitário, do qual foi diretor-presidente e onde lecionou matemática, física, química, biologia e português.

Em 1969 fez o curso de especialização em cardiologia na 6ª Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e, a partir daí, foi integrado como assistente naquele Serviço de Cardiologia.

De 1973 a 1975 fez um mestrado em cardiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesse período ministrou também aulas de fisiologia e semiologia cardiovascular na mesma universidade.

Em 1975 apresentou a primeira versão de seu famoso curso "O Eletrocardiograma", no Rio de Janeiro, mais tarde ministrado em São Paulo (1983), Quito, Equador (1985) e novamente no Rio de Janeiro (1986), dessa vez como curso nacional, ocorrido no Copacabana Palace.

Em 1976 defendeu sua dissertação de mestrado, "Alentecimento da Condução AV", e recebeu o título de Mestre em Cardiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ainda em 1976 escreveu o livro "O Eletrocardiograma", referência no gênero.

Publicado em 1977 e reeditado em 1987 como "O Eletrocardiograma: 10 Anos Depois", essa obra é conhecida no meio médico como a "Bíblia do Enéas".

De acordo com Enéas, ele já trabalhou em construção civil como apontador de obras, foi tradutor de inglês, trabalhou em açougue e foi auxiliar de escritório.


Carreira Política

Candidaturas à Presidência

Enéas fundou, em 1989, o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), lançando-se imediatamente candidato à presidência nas primeiras eleições diretas do Brasil, após o período da Ditadura Militar. O seu tempo na propaganda eleitoral gratuita era de quinze segundos. Todavia, sua aparência exótica, um homem pequeno, calvo, com enorme barba cerrada e grandes óculos, aliada a uma fala rápida e a um discurso inflamado e nacionalista, terminado sempre por seu bordão: "Meu nome é Enéas!", fez com que o então desconhecido político angariasse mais de 360 mil votos, colocando-o em 12º lugar entre 21 candidatos. A propaganda vinha sempre acompanhada pela Sinfonia n.º 5 de Ludwig van Beethoven.

Percebendo a penetração de sua imagem junto ao eleitorado, Enéas voltou a se candidatar em 1994, dispondo então de 1 minuto e 17 segundos no horário eleitoral. Mesmo sendo o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA) um partido ainda sem expressão, o resultado surpreendeu os especialistas em política. Enéas foi o terceiro mais votado, com mais de 4,6 milhões de votos (7%), posicionando-se à frente de políticos consagrados, como o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, ficando atrás apenas de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 1998, com 35 segundos disponíveis no horário eleitoral, na soma total, um tempo menor do que em 1989, Enéas expôs seu discurso em que defendeu questões polêmicas como a construção da bomba atômica, a ampliação do efetivo militar e a nacionalização dos recursos minerais do subsolo brasileiro. Nas eleições presidenciais daquele ano, foi o quarto colocado, com um total de 1.447.090 votos.

Segundo o candidato, sua entrada na vida política deve-se às reclamações de sua esposa, que estava saturada de suas queixas à situação do país e aos políticos.

Candidaturas à Prefeitura de São Paulo e a Deputado Federal

Em 2000 candidatou-se à prefeitura de São Paulo, obtendo 3% dos votos, e conseguiu reunir votos para a eleição de sua candidata a vereadora Havanir Nimtz.

Em 2002 candidatou-se a Deputado Federal por São Paulo, obtendo a maior votação da história brasileira para aquele cargo: cerca de 1,57 milhão de votos, recorde que permanece não superado. Seu partido obteve votos suficientes para, através do sistema proporcional, eleger mais cinco Deputados Federais, todos homens fundadores do partido, para atuação em Brasília, mesmo com votações inexpressivas, abaixo dos mil votos. Este episódio ficou marcado pela polêmica de que alguns destes candidatos teriam mudado de colégio eleitoral de forma ilegal apenas para serem eleitos pelo princípio da proporcionalidade, confiando nos votos conferidos ao partido através de Enéas.

Enéas também participou ativamente das eleições para prefeitos e vereadores em 2004, ajudando a eleger vereadores em várias capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, e prefeitos em pequenas cidades.

No início de 2006, Enéas passou por sérios problemas de saúde, uma pneumonia e uma leucemia mieloide aguda, fazendo com que ele optasse por retirar sua emblemática barba, antes que a quimioterapia o fizesse. Ainda em função de seus problemas de saúde, em junho de 2006 Enéas anunciou que desistiria de sua candidatura à Presidência da República e que concorreria novamente à Câmara de Deputados. Na nova campanha, mudou seu bordão para "Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas". Foi reeleito com a quarta maior votação no estado de São Paulo, atingindo 386.905 votos, cerca de 1,90% dos votos válidos no Estado.

Após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2006, seu partido, o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), se funde com o Partido Liberal (PL) e então é fundado um novo partido, o Partido da República (PR).

Posições Principais

Neoliberalismo, Aborto e Homossexualidade

No programa especial do Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), o candidato criticou o Estado Mínimo, alegando que o pensamento de que o Estado deve ser o menor possível é "modernismo". Em seguida o candidato ataca a política de privatizações, alegando que elas são "negociatas feitas para transferir o formidável patrimônio público para uma minoria privilegiada de representantes legítimos do sistema financeiro internacional''.

Em seu livro "Um Grande Projeto Nacional", Enéas critica várias privatizações, como a privatização da Vale do Rio Doce e das telecomunicações. Ao se referir a Vale do Rio Doce, Enéas diz:
''A Vale era e ainda é a maior mineradora de ferro do planeta. Sua alienação é inconstitucional. Não há valor para elas (as ações da empresa) e, se houvesse, esse valor estaria acima de dois trilhões de dólares, e muito mais quando se levam em conta cenários do comércio mundial diferentes do absurdo de hoje, em que não se dá valor às riquezas naturais."
Também em seu livro, Enéas critica o neoliberalismo, definindo-o como a liberdade absoluta. ''A liberdade absoluta leva a um verdadeiro massacre dos mais fracos pelos mais fortes", disse. Mais a frente, no mesmo livro, Enéas alega que o Estado defendido por ele e seus aliados é um Estado forte, técnico e intervencionista.

O político também era contrário ao aborto e à legalização de drogas. Ao referir-se, em entrevista, ao aborto, Enéas disse que ele está dentro do projeto mundial neo-malthusiano, que visa diminuir a população brasileira para que o território não possa ser defendido, em virtude da baixa natalidade. Completou afirmando que o aplauso ao homossexualismo faz parte dessas políticas. Apesar de condenar a ovação em torno do homossexualismo, o político negou atacar a existência de homossexuais. Devido às suas críticas ao que ele considera como uma ovação ao homossexualismo, Enéas foi acusado várias vezes de ser homofóbico, acusação que ele desmentiu em duas das entrevistas em que participou.

Em um debate para a prefeitura de São Paulo, transmitido pela Rede Bandeirantes, Paulo Maluf criticou Enéas sobre sua afirmação de que Lula teria assinado uma campanha de combate a guerra às drogas. Em resposta, Enéas afirmou que um documento publicado pelo The New York Times mostra a assinatura de Lula na campanha, cujo organizador principal é George Soros, citado por Enéas como o verdadeiro dono da privatização da Vale do Rio Doce. Enéas, em crítica ao documento, definiu-se como sendo radicalmente contra a legalização das drogas, e afirmou que é absolutamente imperdoável que um homem público ponha sua assinatura nisto.

Espectro Político, Efetivo das Forças Armadas e Ditadura Militar

O político se opôs a classificação esquerda-direita, dizendo que não via "no mundo moderno, condição para que se fale em esquerda e direita", confirmando este pensamento em uma entrevista ao IstoÉ, ao ser interrogado se acha a esquerda "burra". Em resposta político disse que "a discussão, ao meu ver, não é mais entre esquerda e direita. É de um lado, a globalização; de outro, o Estado nacional soberano".

Na entrevista concedida ao jornal Tribuna da Imprensa disse que defende triplicar o efetivo, no mínimo, das forças armadas para ter um braço armado do povo. Na mesma entrevista, ao ser perguntado se aumentar o efetivo das forças armadas não subjugaria o povo, disse que "o respeito às forças armadas foi uma tônica não só de nossa população como de todas as outras" e depois afirmou que "no curto período em que os generais governaram o país, com um governo muito ruim, agigantou o fosso que existia entre o Brasil e as potências do atual G-7", se referindo a Ditadura Militar de 1964.

Enéas defendia a construção da bomba atômica. "Não para jogar em ninguém, mas para sermos respeitados!". Enéas afirmou à IstoÉ que isso permitiria, ao país, "conversar em condições de igualdade" com as potências militares globais.

Greve, Parlamentarismo e Pena de Morte

Ao ser entrevistado no "Roda Viva" da TV Cultura, afirmou que "a greve é um direito inalienável do trabalhador [...] isto é uma coisa, outra coisa é viver da greve", ao receber uma afirmação que insinuava que o político era contra o ato. Em outra entrevista, Enéas propôs uma greve geral por um dia, apelando a quem tem capacidade de organizá-la, como forma de alertar os dirigentes da nação.

No programa "Tribuna Independente", ao ser perguntado se o comunismo é a solução, afirmou: "Não, não é. A experiência histórica é o maior de todos os mestres" e que "o comunismo nem chegou a existir, o que existiu foi o socialismo, a fase pré-comunista".

Em uma entrevista dada ao "Programa Delas", Enéas criticou o parlamentarismo: "Eles são uma fileira enorme de medíocres lutando contra a liderança" afirmou o político, completando com a afirmação "eles são uma fila de mentecaptos, cada um esperando sua vez de chegar ao poder!"

O político também se opôs a pena de morte, dizendo:
"Como médico eu jamais poderia apoiar a pena de morte. Como estadista, visto que isso é de uma seriedade extraordinária, faria uma consulta a população, medida que já é prevista. Como homem, se eu visse uma criança sendo estuprada, tenho certeza que nesse momento seria capaz de matar uma pessoa!"
Morte

Enéas Carneiro faleceu em sua casa, no Rio de Janeiro, RJ, no dia 06/05/2007, aos 68 anos, vitimado pela leucemia mieloide aguda, após ter desistido do tratamento quimioterápico e abandonado o hospital onde era tratado, o Hospital Samaritano, por acreditar que seu tratamento não mais surtiria efeito.

Seu corpo foi velado na manhã do dia 07/05/2007 no Memorial do Carmo, que fica no Cemitério São Francisco Xavier, e cremado na tarde do mesmo dia, no crematório da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

O último pedido de Enéas foi que sua família jogasse suas cinzas na Baía de Guanabara. Sua suplente na Câmara foi Luciana Castro de Almeida, que conseguira apenas 3.980 votos na eleição de 2006.

Enéas Carneiro foi homenageado em uma passeata contra o aborto, em Brasília, no dia 08/05/2007. Segundo o Partido da República (PR), o político era um dos organizadores do evento.

Fonte: Wikipédia