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Cláudio Cavalcanti

CLÁUDIO MURILLO CAVALCANTI
(73 anos)
Ator, Diretor de TV, Produtor Teatral, Escritor, Tradutor, Cantor, Dublador, Radialista e Político

* Rio de Janeiro, RJ (24/02/1940)
+ Rio de Janeiro, RJ (29/09/2013)

Cláudio Murillo Cavalcanti foi um ator, diretor de TV, produtor teatral, escritor, tradutor, cantor, dublador, radialista e político brasileiro. É considerado um dos mais importantes nomes do cenário artístico brasileiro.

Foi homenageado com várias condecorações, entre elas a Medalha Tiradendes, pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) e a Medalha General Zenóbio da Costa, pelo Exército brasileiro. É também Comendador do Exército brasileiro com a Medalha do Pacificador.

Cláudio Cavalcanti foi casado desde 1979 com Maria Lucia Frota Cavalcanti, psicóloga e atriz, com quem dividiu o palco inúmeras vezes. Ambos são vegetarianos e ativistas dos direitos dos animais, e sua mulher foi a criadora da Secretaria Municipal de Defesa dos Animais, na cidade do Rio de Janeiro, exercendo o cargo de Secretária Municipal de 01/2001 a 02/2005.

Cláudio Cavalcanti iniciou a carreira de ator em 13/12/1956, aos 16 anos de idade, no Teatro Brasileiro de Comédias (TBC), atuando ao lado de Nathália Timberg, Sérgio Britto e Fernanda Montenegro. No mesmo ano estreou na televisão fazendo teatro ao vivo. Desde então nunca mais interrompeu suas atividades de ator, continuando a atuar em teatro, televisão e cinema até os dias de hoje, tendo em seu currículo 41 peças, 39 novelas e 35 filmes.

Como protagonista, destacam-se entre seus principais trabalhos de tele-dramaturigia: "Anastácia, a Mulher sem Destino" (1967), "Rosa Rebelde" (1969), "Véu De Noiva" (1969), "Irmãos Coragem" (1970), "O Homem Que Deve Morrer" (1971), "Carinhoso" (1973), "O Bofe" (1972), "Cavalo De Aço" (1973), "Vejo A Lua No Céu" (1976), "O Feijão E O Sonho" (1976), "Dona Xepa" (1977), "Maria, Maria" (1978), "Pai Herói" (1979), "Água Viva" (1980), "Terras Do Sem Fim" (1981), "Sétimo Sentido" (1982), "Roque Santeiro" (1985), "Hipertensão" (1986), "Lua Cheia De Amor" (1990), "A Viagem" (1994), "Marcas da Paixão" (2000) e "Roda da Vida" (2001).

No teatro, entre outros, protagonizou "Era Uma Vez Nos Anos Cinquenta" (Troféu Mambembe de melhor ator), "Fernando Pessoa", "Bodas de Papel", "O Beijo Da Louca", "Obrigado Pelo Amor de Vocês" (Peça com que foi contratadado para inaugurar o Teatro do Casino do Estoril, em Lisboa), "Disque M Para Matar", "Estou Amando Loucamente", "Vida Nova", "O Nosso Marido", "A Primeira Valsa", "Freud E O Visitante", "O Mundo É Um Moinho", "E Agora O Que Faço Com O Pernil", "O Doente Imaginário" e, em fevereiro de 2009, "Quando Se É Alguém", texto inédito de Pirandello.

Como escritor tem 5 livros publicados dentre os quais 3 antologias. Como cantor foi campeão de vendas como o LP "Claudio Cavalcanti" em 1971.

Concomitantemente com suas atividades artísticas, em outubro de 2000 foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro, pelo então Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), com a plataforma "Por uma política de respeito aos animais".

Reeleito em 2004, cumpriu dois mandatos. Em oito anos de atividade legislativa, criou e teve aprovadas 29 leis, consideradas pioneiras em relação a defesa dos direitos animais, entre as quais a que proíbe o extermínio de animais abandonados e introduz a esterilização gratuita como método oficial de controle populacional e de zoonoses. Também, entre outras, proibiu rodeios, circos com animais, estabeleceu multa para maus-tratos e crueldade contra animais e conseguiu a aprovação da lei que proibia a utilização de animais em experiências científicas, recebendo maciço apoio nacional e internacional e criando enorme polêmica. Posteriormente a Lei foi vetada pelo então prefeito, César Maia.

Em 2006 candidatou-se a deputado estadual, tendo obtido 39.742 votos e sendo diplomado em dezembro de 2006 como suplente, durante licença de um dos titulares. Não conseguiu se reeleger vereador em 2008, porém após a cassação do deputado Natalino, tornou-se titular em definitivo da vaga na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). No entanto, ainda não se sabe porque, a assembleia empossou outro deputado menos votado. Atualmente, aguardava o julgamento de um Mandado de Segurança contra a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, mandado esse que está em tramitação no Órgão Especial do TJ-RJ.


Morte

Cláudio Cavalcanti morreu às às 17:45 hs de domingo, 29/09/2013, no Rio de Janeiro, aos 73 anos. O ator estava internado na UTI do Hospital Pró-Cardíaco desde o dia 16 de setembro, e no dia 24, havia passado por um cirurgia por conta da falência de uma vértebra. Segundo seu cardiologista e genro, Carlos Eduardo Menna Barreto, o ator sofreu um choque cardiogênico, que evoluiu para uma insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, ocasionando o falecimento.



Teledramaturgia

  • 2013 - Sessão de Terapia ... Otávio (GNT)
  • 2011 - Amor e Revolução ... Geraldo (SBT)
  • 2001 - Roda da Vida ... Vidal (Record)
  • 2000 - Marcas da Paixão ... Djalma (Record)
  • 1999 - Chiquinha Gonzaga ... Rogério
  • 1998 - Labirinto ... Gaspar
  • 1996 - Salsa e Merengue ... Olavo
  • 1995 - Explode Coração ... Tolentino
  • 1994 - A Viagem ... Alberto
  • 1993 - Mulheres de Areia ... Roque
  • 1990 - Lua Cheia de Amor ... Conrado
  • 1990 - Rainha da Sucata ... Delegado que investiga a morte de Laurinha Figueiroa
  • 1989 - República ... Floriano Peixoto
  • 1989 - O Salvador da Pátria ... Eduardo Corrêa
  • 1986 - Hipertensão ... Sandro Galhardo
  • 1985 - Roque Santeiro ... Padre Albano
  • 1984 - Transas e Caretas ... Douglas
  • 1984 - Padre Cícero ... Dom Joaquim
  • 1983 - Caso Verdade - Vida Nova ... Mr. Scott
  • 1982 - Sétimo Sentido ... Danilo Mendes
  • 1981 - Terras do Sem Fim ... João Magalhães
  • 1981 - Baila Comigo ... Guilherme Fonseca
  • 1980 - Água Viva ... Edir
  • 1979 - Pai Herói ... Gustavo
  • 1978 - Pecado Rasgado ... Bruno
  • 1978 - Maria, Maria ... Ricardo Valentiano Brandão
  • 1977 - Nina ... Grimaldi
  • 1977 - Dona Xepa ... Otávio
  • 1976 - O Feijão e o Sonho ... Juca Campos Lara
  • 1976 - Vejo a Lua no Céu ... Eusébio
  • 1975 - Bravo! ... Maurício
  • 1973 - Carinhoso ... Paulo
  • 1973 - Cavalo de Aço ... Aurélio
  • 1972 - O Bofe ... Maneco
  • 1971 - O Homem Que Deve Morrer ... Leandro
  • 1970 - Irmãos Coragem ... Jerônimo Coragem
  • 1969 - Véu de Noiva ... Renato Madeira
  • 1969 - Rosa Rebelde
  • 1969 - Enquanto Houver Estrelas ... César (TV Tupi)
  • 1969 - O Retrato de Laura ... Marcelo (TV Tupi)
  • 1968 - A Gata de Vison ... Taylor
  • 1968 - Demian, o Justiceiro ... Dagarata
  • 1967 - A Mulher Que Amou Demais
  • 1967 - Anastácia, a Mulher Sem Destino ... Jean Paul
  • 1965 - 22-2000 Cidade Aberta ... Carlinhos

Participações Especiais

  • 1994 - Xuxa Especial de Natal - Crer Para Ver ... Palhaço chorão.


Cinema

  • O Menino Maluquinho II - A Aventura
  • Tiradentes - O Filme
  • Mutirão de Amor
  • Caminhos Cruzados
  • Uma Estranha História de Amor
  • Um Marido Contagiante
  • Contos Eróticos
  • Ipanema, Adeus
  • Como Nos Livrar do Saco
  • O Grande Gozador
  • Quando as Mulheres Paqueram
  • Ascensão e Queda de um Paquera
  • Memórias de um Gigolô
  • A Cama ao Alcance de Todos
  • A Ascensão
  • A um Pulo da Morte
  • Cuidado! Espião Brasileiro em Ação
  • Nudista à Força
  • Engraçadinha Depois dos Trinta
  • A História de um Crápula
  • Um Ramo Para Luísa
  • Contos Eróticos - Vereda Tropical

Dublagem
  • Robin Hood

Fonte: Wikipédia
Indicação: Neyde Almeida

Sônia Coutinho

SÔNIA COUTINHO
(74 anos)
Escritora, Jornalista, Contista e Tradutora

* Itabuna, BA (1939)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/08/2013)

Sônia nasceu em Itabuna, na Bahia, em 1939 e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1968, tendo trabalhado em vários jornais. Era filha do poeta simbolista e político Nathan Coutinho que foi deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa da Bahia. Escritora, jornalista e tradutora, participou do International Writing Program, em Iowa, Estados Unidos, em 1983, tendo sido escritora-residente na Universidade do Texas, a convite daquela instituição.

Em 1994, ganhou o grau de Mestre em Teoria da Comunicação com a tese-ensaio "Rainha do Crime - Ótica Feminina no Romance Policial". Sua obra revela o modo de ser e de pensar da mulher brasileira na atualidade. Mostra o universo feminino, do ponto de vista da própria mulher, que é o sujeito da enunciação.

Seu primeiro livro, "O Herói Inútil", foi lançado em 1964, em Salvador, pela Ed. Macunaíma. Sônia Coutinho ganhou duas vezes o Prêmio Jabuti de Literatura. Em 1979, com "Os Venenos de Lucrécia", e em 1999, com "Os Seios de Pandora".

Em 2006, a escritora recebeu o Prêmio Clarice Lispector, dado pela Biblioteca Nacional, para o melhor livro de contos com "Ovelha Negra" e "Amiga Loura". Entre outros títulos da autora, destaque para "Uma Certa Felicidade", "Mil Olhos de Uma Rosa" (2001), "O Caso Alice" (1991) e "O Jogo de Ifá" (2001).

Traduziu cerca de 30 livros de autores como Doris Lessing, Carson McCullers, E. M. Forster e Graham Greene.

A escritora participou de várias antologias nacionais e internacionais e teve sua obra também publicada nos Estados Unidos, na França e na Alemanha. Seu conto "Toda Lana Turner Tem Seu Johnny Stompanato", publicado originalmente em seu livro "O Último Verão de Copacabana", foi incluído na antologia "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século", organizado por Italo Moriconi.


Entrevista

Acompanhe parte de uma entrevista dada por Sônia Coutinho a Simone Ribeiro para o jornal A Tarde.

Simone Ribeiro: Como você encara o fato de estar incluída entre os autores estudados para o Vestibular e ser conhecida por adolescentes?
Sônia Coutinho: Estou imensamente feliz. Inclusive porque "Atire em Sofia", o livro adotado, é muito crítico. É um livro sobre a Bahia, mas não tem nada a ver com o clima tradicional de louvações à beleza e alegria naturais. Por causa disso, a escolha de "Atire em Sofia" foi muito lisonjeira para mim. E acho que é mais lisonjeira ainda, nesse sentido, para os próprios baianos - mostra como as cabeças mudaram. O livro, aliás, foi escrito na Bahia mesmo, em 1987/88, período em que interrompi meu jornal no Rio, a fim de ganhar tempo para a literatura, e aceitei um emprego aí.

Simone Ribeiro: Qual a sua opinião sobre a ficção brasileira produzida dos anos 70 para cá?
Sônia Coutinho: É uma ficção muito rica, mas foi sendo cada vez mais relegada. O público, de modo geral, tem se mostrado menos ligado e o espaço dado à literatura brasileira na imprensa nunca foi tão pequeno. O que vem nas capas são sempre os best-sellers e estrangeiros. Mas há suplementos culturais fora do eixo Rio-São Paulo que fazem um ótimo trabalho e abrem mais espaço para a boa literatura brasileira.

Simone Ribeiro: Marcel Proust, Clarice Lispector, Vírgina Woolf, você se considera de certa forma herdeira dessa literatura mais intimista ou psicológica?
Sônia Coutinho: Não acho que minha literatura seja intimista. Aliás, detesto essa palavra. A não ser que você se refira a textos bem trabalhados e até poéticos, mesmo quando o assunto é crime. Vêem elementos policiais em meus principais romances. Foi o caso de "Os seios de Pandora".
Quanto a mim, acho que escrevi o livro mais para desconstruir o policial clássico, machista, criando uma figura feminina de investigação. No lugar da detetive, uma repórter. Já "Atire em Sofia" e "O Caso Alice" são histórias de crime, embora claro que tenham outros elementos. São críticos, têm muito de mágico, sobrenatural mesmo e até toques históricos (em "Atire em Sofia").
"O Jogo de Ifá" é um pequeno romance experimental. Por outro lado, as personagens, na maioria mulheres, não estão mais trancadas no lar patriarcal, entregues ao seu intimismo, mas trabalham fora, se sustentam, moram sozinhas. E pagam um alto preço por isso, evidentemente. É a nova mulher brasileira, que apareceu no início dos anos 70, quando eu estreava em literatura, no Rio. Acho que uma contribuição da minha literatura foi dar voz a essa mulher.


Morte

Sônia Coutinho morreu na noite de sábado, 24/08/2013, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi velado no domingo, 25/08/2013, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e foi cremado na segunda-feira, 26/08/2013, às 11:00 hs, no Cemitério do Caju, na Zona Portuária da cidade. A informação foi confirmada pelo Crematório da Santa Casa da Misericórdia.

Sônia Coutinho foi casada com o poeta, escritor e jornalista Florisvaldo Mattos, com quem teve uma filha, a psicóloga Elsa de Mattos. "Ela foi uma pessoa de muita qualidade criativa e muito preparo cultural. Foi para o Rio de Janeiro e lá se realizou como uma das grandes de sua geração", disse Florisvaldo Mattos.

Indicação: Fada Veras

Cruz Cordeiro

JOSÉ DA CRUZ CORDEIRO FILHO
(79 anos)
Escritor, Poeta, Tradutor e Compositor

* Recife, PE (12/03/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/07/1984)

Cruz Cordeiro nasceu em Recife, PE, em 12/03/1905. Era filho de José da Cruz Cordeiro e Carolina Sabóia de Albuquerque Cordeiro. Tinha cinco irmãs e um irmão: Lourdes,  Augusta, Carmem, Carozinha, Bernadete e Humberto.  Aos 7 anos mudou-se com a família para o Estado do Rio de Janeiro.

Cruz Cordeiro, aos 13 anos de idade, em foto de 9.10.1918
De família abastada, Cruz Cordeiro foi internado, na época, num famoso colégio de padres, tendo sido "educado" dentro de uma prejudicial formação católica tradicional.  Em seu único romance escrito aos 33 anos, publicado com sucesso em 1938, intitulado "Uma Sombra Que Desce", no último capítulo Solidão,  ele escreve sobre a sua permanência no conhecido colégio:

"O pai gastara fortuna na sua instrução, à moda do tempo, internando-o em um dos mais famosos colégios de padres do país. Arrancado pequeno e para muito longe de casa, Jorge pouco ou nada aprendera. Desde então não gozara mais saúde. A comida era de inferior qualidade. Não nutria. Feita como si fosse para cachorro. E depois das frugalíssimas refeições seria castigado todo aquele que não participasse do futebol, da barra-bandeira, ou de qualquer outra brincadeira assim congestionante imposta àquelas crianças afastadas do convívio e da responsabilidade de quem as botou no mundo. Do colégio não podia se queixar. As cartas eram censuradas e a vergonha de uma expulsão tolhia os mais audazes. Aos domingos, em dias de visitação, a bóia era atacada de súbita melhora. O ardil surtia o efeito desejado: eram os alunos que reclamavam sem base, meninos vadios que inventavam tramas para dar o fora do colégio... Nas férias, diante da alegria de rever a casa paterna, esquecia-se de reagir, dizer o que não podia fazer por carta, do internato. E voltava no ano seguinte para continuar a estudar sem se alimentar. Foi se enfraquecendo. Sarampo, caxumba, e um violento tifo, devolveram-no, afinal, aos seus. A sua educação se completara..."

Durante a sua juventude, iniciou na Faculdade de Engenharia e no aprendizado do violino, ambos abandonados para mais tarde dar lugar a atividades multifacetadas no campo da cultura brasileira. Foi o sócio remido nº 7 do Clube de Regadas Guanabara onde praticou vários esportes, e onde mais tarde colocou seus quatro filhos como sócios para aprender natação e frequentar o clube recreativo.

Cruz Cordeiro, o filho José Roberto e sua esposa Dora Alencar Vasconcellos (Passeio Público, RJ)
Cruz Cordeiro casou-se com Dora Alencar Vasconcellos, nascendo da união o único filho José Roberto Cordeiro, falecido aos 31 anos nos Estados Unidos, em 1969. A Embaixadora Dora Alencar Vasconcellos faleceu aos 62 anos, em 1973, como representante do Brasil junto à República de Trinidad-Tobago, sendo sepultada com honras de estado no Cemitério de São João Batista, na aléa 10, jazigo numero 3782.

Dora Vasconcellos era poetiza, e em vida deixou três livros publicados: "O Grande Caminho do Branco", "Palavra Sem Eco" e "Surdina do Contemplado". Ela iniciou parcerias com o compositor brasileiro erudito Heitor Villa-Lobos, durante a sua primeira permanência nos Estados Unidos em 1952. Dora criou inspiradas letras para algumas das belas canções da grande suíte "Floresta do Amazonas" (1958), sendo as mais conhecidas "Tarde Azul (Canção do Amor)" e "Canção do Amor (Melodia Sentimental)".


Com o falecimento de Dora Alencar Vasconcellos em 1973, Cruz Cordeiro casou-se em 05/12/1973 com Angelita Silva, companheira de longa data com a qual viveu até o dia do seu falecimento em 16/07/1984. Angelita Silva, com o casamento, passou a se chamar Angelita Silva da Cruz Cordeiro. Ela nasceu na Bahia, em 22/06/1910, filha de Canuto Silva Laureano e de Martinha Costa Maranhão. Da união entre Cruz Cordeiro e Angelita nasceram quatro filhos: Márcio (19/02/1943), Antônio José (23/l2/l944), Mário Eduardo (29/07/1949), e Ricardo (26/06/1951). Márcio Silva da Cruz Cordeiro, divorciado de Eliane Bastos Cordeiro, faleceu em 18/09/1995, aos 52 anos, em seu apartamento, em Botafogo, RJ. Segundo a médica atestante Drª Virgínia da Conceição Sencades Alves, a causa mortis foi desnutrição: esquizofrenia paranoide. Márcio foi enterrado no Cemitério de São João Batista, na sepultura perpétua da família de seu genitor.

Cruz Cordeiro e Angelita no Sanatório em Correias, Rio de Janeiro
Angelita formou-se em enfermagem pela Cruz Vermelha Brasileira, conhecendo Cruz Cordeiro na condição de enfermeira num hospital de cirurgia no Rio de Janeiro. Angelita e Dora tornaram-se amigas no hospital, e Dora, após acompanhar o marido durante a existência de sua prolongada enfermidade, seguiu o seu destino, a sua ambição, a sua carreira. Contratada pela família, Angelita assistiu Cruz Cordeiro também em sua recuperação num sanatório em Correias. Angelita, depois de ter sido uma das enfermeiras de Cruz Cordeiro no hospital, e sua enfermeira particular no sanatório, abandonou a profissão de enfermagem para dedicar-se ao companheiro, aos quatro filhos e à vida doméstica. Angelita faleceu em 21/03/2005, aos 94 anos, na UTI da Clínica de São Gonçalo S.A, em Niterói, RJ, tendo sido enterrada no Cemitério São João Batista na sepultura da família de seu marido.

Cruz Cordeiro, em parceria com Sérgio Alencar Vasconcellos, irmão de Dora Alencar Vasconcellos, fundou a pioneira Revista Phono-Arte, como editor e redator.  A revista teve o apoio das gravadoras e representantes de disco e de músicas impressas, inaugurando a crítica sistemática da música popular e erudita impressa e gravada no Brasil. A revista também iniciou comentários sobre filmes musicados do então chamado "cinema falado", logo que começou o filme sonoro no cinema. A Phono-Arte foi publicada com sucesso até o número 50, no período de 1928 a 1931, havendo coleções completas da revista no Museu do Som e da Imagem no Rio de Janeiro.


Logo após o término da sua importante Revista Phono-Arte, Cruz Cordeiro ingressou na RCA Victor Brasileira Inc., então recém-fundada no Brasil. No período de 1931 a 1936, exerceu cargo de publicidade e orientador artístico da empresa, na qual, por motivo de moléstia, aposentou-se prematuramente. Eram os tempos áureos de compositores como Lamartine Babo, Noel Rosa, João de Barrro, o Braguinha, Almirante, Joubert de Carvalho, e artistas como Carmen Miranda, Mário Reis e muitos outros. Cruz Cordeiro aumentou muito a venda de discos nacionais no seu período de atuação, passando a venda de 3 mil discos por  mês para 35 mil discos, conforme controlava em fichários adequados.

No auge de sua atuação bem sucedida na RCA Victor, Cruz Cordeiro foi acometido por uma doença incapacitante, forçando-o a se afastar do importante cargo que ocupava na recém-fundada empresa brasileira. Como pessoa enferma passou por vários consultórios médicos, por diversos diagnósticos equivocados e por algumas operações inúteis, até a descoberta da verdadeira causa da misteriosa doença: "um enorme abscesso nas suas nádegas, que tinham virado panelas de pus durante os dias de febre". O sofrimento físico e psíquico vivido pelo doente durante a duradoura moléstia levou Cruz Cordeiro ainda em recuperação a escrever o único romance intitulado "Uma Sombra Que Desce". O livro foi publicado em 1938 pela Cultura Moderna - Sociedade Editora Ltda., São Paulo, obtendo grande êxito ao ser lançado em 1939. Pelo seu grande sucesso e elevada qualidade literária, o romance foi traduzido para o espanhol por Bráulio Sánches Saez, e editado na Argentina pela Editorial Araújo, Buenos Aires, em 1942, na sua "Colección Universal" com o título de "Peregrinos Del Dolor".

Cruz Cordeiro, Angelita, Márcio e Antônio José, em Barbacena, MG.
Em consequência de sua prolongada enfermidade, Cruz Cordeiro foi aposentado na época por invalidez com 1 salário mínimo. O seu salário da RCA Victor foi pago durante um bom tempo mesmo após o início de sua doença, em razão da generosidade do diretor da empresa no Brasil, o norte-americano Mr. Evans. Após a sua aposentadoria por invalidez e completa recuperação, Cruz Cordeiro trabalhou até a velhice como datilógrafo na firma Werco Comércio e Indústria S.A., de seu parente Paulo Fernando Marcondes Ferraz. Além de ser um exímio datilógrafo, Cruz Cordeiro era conhecedor do inglês e do francês, tendo inclusive trabalhado como tradutor para aumentar a renda doméstica.

Como tradutor do inglês e do francês, a Casa Editora Vecchi Ltda., Rio de Janeiro, lançou suas traduções: "Abandonados" (1943) de Nevil Shute; "O Flagelo de Deus" (1953) de  Maurice Leblanc; "A Ilha dos 30 Ataúdes" (1952) de Maurice Leblanc; "Falso Testemunho" (1956) de Irving Stone; "Um Retrato de Mulher" (1945) de J.H. Wallis; "Os Mais Belos Contos Terroríficos" (1945) de famosos autores (Tradução de 4 dos 23 contos); "A Grande Audácia" (1955) de Maurice Leblanc.


Nos seus números de agosto 1941, novembro/dezembro de 1942, janeiro 1943 e janeiro/fevereiro 1944, a revista de cultura A Ordem, sob a direção de Alceu Amoroso Lima, revelou Cruz Cordeiro como poeta, publicando seus poemas: "Regresso", "História de Jangadeiro", "Aquele Velho", "Luz e Sombra", "Prece" e o "Problema do Poeta".

Anonimamente e
Na intimidade de cada pouso,
Silenciosamente e
No indevassável de cada alma,
Tudo vai tendo o seu próprio desconhecido
No concerto da beleza universal.
E assim somos como os búzios,
Que não falam: a vida em nós,
Como nas conchas diante do mar profundo,
É ressonância que a palavra,
Embora dom milagroso,
Jamais traduz exatamente.
E se tudo é silêncio e anonimato,
Se tudo ressoa sem palavras,
Se tudo é harmonia e beleza,
Por que então fazer poemas,
Que pedem títulos,
Que levam palavras e que
Se endereçam à alma de todas as criações?
(Poema - O Problema do Poeta)

Ainda, de 1939 a 1957, exerceu inúmeras outras atividades, conforme o texto abaixo escrito pelo próprio Cruz Cordeiro.

  • 1939 - Na revista Cine-Rádio Jornal, de Celestino Silveira, Rio de Janeiro, colaborou, frequente e animadamente, na seção "Fala o Amigo Fan", com seu nome literário Cruz Cordeiro  e, posteriormente, sob o pseudônimo de Tupiniquim, sempre em defesa da música brasileira popular, de que se tornou um dos seus melhores conhecedores e críticos.
  • 09/03/1940 - No famoso jornal crítico-literário de Brício de Abreu, Dom Casmurro, estreou com um trabalho de Linguística e Filologia, que passariam a ser a sua principal especialidade desde então, intitulado "A Ortografia dos Vocábulos Indígenas e Afro-negros". No mesmo periódico seguiu colaborando longo tempo até, praticamente, sua extinção.
  • 1941 - Colaborou com artigos para Diretrizes, publicação de Samuel Wainer e de projeção na época. Passou  a ser um dos colaboradores efetivos da Revista Filológica, publicação mensal sob a direção de Rui Almeida, que publicou até 1944. Ainda, tornou-se colaborador da Revista do Arquivo Municipal, publicação do Departamento de Cultura de São Paulo, onde se publicaram trabalhos seus como "Os Fundamentos Econômicos nas Origens dos Nomes Brasil e América" (Vol. LXXVIII de agosto/setembro 1941) e "Terminações Mineralógicas" (Vol. CII, 1945). Tornou-se colaborador do conceituado suplemento literário do Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, sob a direção de Raul Lima, tendo sua colaboração sido variada, focalizando de preferência, porém, temas linguísticos, filológicos e de música popular e folclórica brasileira.
  • Janeiro de 1942 – A Revista do Brasil (Ano V, 3ª fase, nº 43) publicou seu importante trabalho "A Língua Brasileira".
  • 1945 - Ingressa como colaborador dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, em constante colaboração através do suplemento literário do seu órgão líder no Rio de Janeiro: O Jornal, de preferência sobre assuntos de linguística, filologia, folclore e música popular brasileira.
  • 1955/1956 – Convidado por Lúcio Rangel, criador da Revista da Música Popular, Cruz Cordeiro escreve sobre folcmúsica e música popular brasileira, e apresenta uma discografia mensal da Produção Nacional.
  • 1957 -  Passa a colaborar também no suplemento literário do Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro.

O Jornal do Brasil, no Caderno Especial, em 26/01/1975, publica a Carta de Leitor de Cruz Cordeiro, intitulada "Fato Social e Fato Artístico", referindo-se às análises de caráter sociológico do historiador e crítico José Ramos Tinhorão, relativas aos compositores e letristas da nossa música popular.


O jornalista, escritor, crítico e historiador Sérgio Cabral entrevistou Cruz Cordeiro em sua residência, na Rua General Góis Monteiro, nº 88, apto 303, Botafogo, RJ. A extensa entrevista foi publicada no jornal O Globo, em 22/07/76, com o título "Cruz Cordeiro – O Primeiro Colunista de Discos do Brasil". A grande reportagem também foi publicada no livro "ABC do Sérgio Cabral – Um Desfile dos Craques da MPB" (Editora Codecri - Rio de Janeiro, 1979). Quando Cruz Cordeiro foi entrevistado por Sérgio Cabral, ele já tinha a idade avançada de 71 anos.

Entre os 72 e 73 anos de idade (1977/1978), Cruz Cordeiro foi internato no Hospital da Lagoa do Rio de Janeiro para a retirada de um coágulo no cérebro. Apesar de a cirurgia invasiva ter sido bem sucedida pela competência dos médicos na época, mais tarde Cruz Cordeiro sofreu um derrame cerebral que paralisou o seu lado esquerdo. Ele permaneceu em sua residência neste lamentável estado irreversível até o dia de seu falecimento, assistido por uma enfermeira e por sua sempre dedicada Angelita. Tendo ido visitar meu querido pai neste dia, estava em seu quarto e ao lado da sua cama, e junto à minha mãe presenciei a sua vida se esvaindo através de uma dispneia.

José da Cruz Cordeiro Filho faleceu em 16/07/1984 às 22:00 hs, aos 79 anos de idade. Segundo a Certidão de Óbito atestada pelo médico Drº Ismar Fernandes, a causa mortis foi Insuficiência Cardiorrespiratória e Arterioesclerose Cerebral.

Cruz Cordeiro foi sepultado no Cemitério São João Batista, no túmulo perpétuo da família, de mármore preto, encimado por uma grande imagem branca de Santa de Lourdes. A antiga sepultura, que tem espaço para três urnas funerárias, fica à esquerda logo após a entrada do Cemitério São João Batista, e da rua principal já pode se ver não muito distante a imagem bonita da alta escultura.

Meu pai era um homem de poucas palavras e não dado a manifestações físicas de carinho, embora fosse muito atento aos estudos dos seus quatro filhos. Eu mesmo tive professores particulares de português, francês e matemática, quando não ia bem nestas matérias durante o curso primário e básico comercial.  E comprou um piano para que eu fizesse o curso completo do instrumento, pois uma professora de música afirmou que eu tinha muito talento para o piano, embora mais adiante tenha abandonado o curso por não me sentir motivado. Todos os filhos, sem exceção, no momento próprio, foram inscritos no Instituto Brasil-Estados-Unidos (IBEU), e ao contrário dos demais irmãos abandonei o curso de inglês logo no início.

Estou cansado de presenciar fatos consumados,
De ter notícias de desgraças ou de vitórias,

Acabei por detestar os acontecimentos.
Queria que Deus me desse a pré-ciência
O dom divinatório e a mais absoluta vidência,
Que me fizesse entrar no espírito de todas as coisas,
Que me coordenasse com a essência universal e
me concedesse, desde logo,
A paz imensa que pressinto no infinito.
(Poema - Prece)

Antônio José, ao lado de seus pais Cruz Cordeiro e Angelita, na sua primeira exposição individual no Foyer da Sala Cecília Meireles, realizada no período de 06/07 a 06/08/1979
O filho de Cruz Cordeiro, Antônio José Silva da Cruz Cordeiro, autor da presente biografia resumida, homenageando o seu querido, saudoso e admirado pai, organizou, anteriormente, o site Revista Phono-Arte,  e do qual retirou  a maioria das informações desta biografia à pedido de Marcos Carvalho, criador deste blog.

Fonte: Antônio José Silva da Cruz Cordeiro e Revista Phono-Arte

Eugênia Brandão

EUGÊNIA ÁLVARO MOREYRA
(50 anos)
Jornalista, Atriz, Diretora Teatral e Tradutora

* Juiz de Fora, MG (06/03/1898)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/06/1948)

Eugênia Álvaro Moreyra foi uma jornalista, atriz e diretora de teatro brasileira. De personalidade anti-convencional e transgressora, foi uma das pioneiras do feminismo e uma das líderes da campanha sufragista no país. Ligada ao Movimento Modernista Brasileiro e defensora de idéias comunistas, foi perseguida pelo governo de Getúlio Vargas, chegando a ser presa acusada de participação na Intentona Comunista.

Casada com o poeta e escritor Álvaro Moreyra, desempenhou com ele papel importante na renovação do setor teatral brasileiro, organizando campanhas culturais de popularização e trabalhando como atriz, diretora, tradutora, declamadora e posteriormente presidente do sindicato dos profissionais de teatro.

Juventude e Carreira Jornalística

Chamada do jornal 'A Rua' para
a notícia sobre a 'aposentadoria'
de Eugênia Moreyra, 1914
Eugênia Brandão nasceu em Juiz de Fora no ano de 1898. Filha do Drº Armindo Gomes Brandão e de Maria Antonieta Armond Brandão, e neta de Honório Augusto José Ferreira Armond, o Barão de Pitangui, teve uma infância confortável em sua cidade natal, mas com a morte de seu pai, a família passou a enfrentar dificuldades financeiras. Como Maria Antonieta não pôde requerer a herança deixada pelo marido, que pela lei deveria ficar sob responsabilidade dos filhos de sexo masculino, mudou-se com Eugênia para o Rio de Janeiro em meados de 1910 à procura de emprego. Conseguiu trabalho em uma agência do Correios nas redondezas da Lapa, enquanto a filha, autodidata, aprendeu a ler e a escrever em português e francês a partir da análise de jornais, livros e dicionários.

Eugênia conseguiu seu primeiro emprego aos 15 anos, como vendedora da loja de artigos masculinos e femininos Magazin Parc Royal, no centro do Rio de Janeiro. Pouco depois passou a trabalhar como atendente na Freitas Bastos, livraria localizada no Largo da Carioca. É ali, em meios às obras de autores nacionais e internacionais, que tomou gosto pela literatura e pelo teatro.

Aos 16 anos, encontrava-se totalmente integrada à vida boêmia da cidade, inclusive nos modos e nos trajes - fumando cigarrilhas, circulava pelas ruas vestida de terno, gravata e chapéu de feltro. É dessa forma que se apresentou na redação do jornal A Rua, à procura de uma vaga de jornalista. Aprovada pelo bom texto e pela ousadia, sua contratação provocou espanto e admiração em uma sociedade até então acostumada a ver o sexo feminino representado na imprensa apenas por poetisas, folhetinistas, cronistas e ensaístas. Uma mulher exercer o jornalismo era, inclusive, algo tão incomum que se cunhou até mesmo um termo para designar a função: "Reportisa".

Pouco depois o periódico noticiou o fim prematuro da carreira da jovem, que decidiu buscar refúgio em um internato para moças, o Asilo Bom Pastor. O mistério e a razão para tal só foram desvendados meses depois, quando uma reportagem assinada por ela foi publicada na primeira página do diário. Eugênia, na verdade, internara-se com a única intenção de entrevistar a irmã de uma mulher assassinada em um crime de ampla repercussão, que ficou conhecido como "A Tragédia da Rua Drº Januzzi, 13".

A mulher, porém, já havia sido retirada do asilo, mas Eugênia permaneceu morando no local na tentativa de obter informações com outras internas. Não conseguiu nada, mas percebeu ali a oportunidade de relatar o cotidiano restritivo da clausura. A série resultante de reportagens, publicada em capítulos durante cinco dias seguidos, conquistou um grande número de leitores, rendendo à sua autora o reconhecimento dos colegas, dos jornais concorrentes e do público, que passou a defini-la como a "a primeira repórter do Brasil". Antes de casar-se e abandonar temporariamente a profissão, Eugênia circulou ainda pelas redações de A Notícia e O Paíz, outros dois célebres jornais da época.

Da esquerda para a direita: Pagu, Elsie Lessa, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Eugênia Álvaro Moreyra na Semana de Arte Moderna de 1922.
Casamento e Agitação Política e Cultural

No auge de sua carreira como repórter, Eugênia conheceu o poeta Álvaro Moreyra, que frequentava os mesmos círculos intelectuais e boêmios que ela. Apaixonados, casaram-se em 1914. Eugênia então adotou o nome do marido como seu sobrenome, e deixou a carreira jornalística de lado para se dedicar à nova família. O casal teve oito filhos, sendo que quatro sobreviveram à infância: Sandro Luciano, João Paulo, Álvaro Samuel e Rosa Marina.

Participou com Álvaro Moreyra da Semana de Arte Moderna de 1922, fundando com ele em 1927 o grupo Teatro de Brinquedo, cuja intenção era manifestar no teatro as idéias modernistas.

Entre 1928 e 1932, realizaram diversas excursões pelo interior e periferias do Rio de Janeiro, apresentando textos de autores modernos europeus.

Com a fragmentação do movimento modernista brasileiro após a Revolução de 1930, Eugênia passou a defender, juntamente com Álvaro Moreyra, Pagu e Oswald de Andrade, posições de esquerda, participando ativamente da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e sendo consequentemente perseguida pelo governo de Getúlio Vargas.

Por influência de Carlos Lacerda, Eugênia Álvaro Moreyra filiam-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB), e em maio de 1935, ela integrou o grupo de fundadoras da União Feminina do Brasil, organização promovida por mulheres filiadas ou simpatizantes do Partido Comunista do Brasil. A casa dos Moreyra nesta época tornara-se ponto de encontro de boêmios e intelectuais, e entre os diversos frequentadores estavam Di Cavalcanti, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos e Jorge Amado.

Em novembro de 1935, após a Intentona Comunista, Eugênia foi detida acusada de envolvimento com o Partido Comunista do Brasil e a revolta. Permaneceu cerca de quatro meses na Casa de Detenção da Rua Frei Caneca, onde dividiu cela com militantes comunistas como Olga Benário Prestes, Maria Werneck de Castro, Nise da Silveira, Armanda Álvaro Alberto e Eneida de Moraes. Foi libertada por falta de provas na madrugada de 01/02/1936, retornando ao ativismo político e exercendo, entre outras atividades, uma campanha para a libertação de Anita Leocádia Benário Prestes, o bebê de Olga Benário que nascera após a deportação da companheira de Luis Carlos Prestes para um campo de concentração na Alemanha nazista de Adolf Hitler.

Em 1937, Álvaro Moreyra apresentou à Comissão de Teatro do Ministério da Educação e Cultura o plano para a organização de uma "Companhia Dramática Brasileira", que foi aceito. Ele e sua esposa excursionaram então pelos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, realizando posteriormente uma temporada de três meses no Teatro Regina, Rio de Janeiro.

Na segunda fila, Eugênia Brandão é a segunda da direita para a esquerda. A garotinha na foto é Bibi Ferreira, famosa atriz do Rio de Janeiro.
Atuação Sindical e Morte

Entre 1936 e 1938, Eugênia foi presidente da Casa dos Artistas, o sindicato da classe teatral de São Paulo. Eleita para um novo mandato em fevereiro de 1939, foi impedida de assumir o cargo por Filinto Müller, que encaminhou ao Ministério do Trabalho a denúncia de que ela se tratava de "pessoa que figura como comunista na Delegacia de Segurança e Política Social", sendo a eleição consequentemente anulada por ordem direta do ministro Valdemar Falcão.

Ela candidatou-se ainda a deputada federal constituinte nas eleições gerais de 1945, mas na ocasião nenhuma mulher conseguiu ser eleita para representar os interesses femininos durante a elaboração da Constituição brasileira de 1946.

No dia 16 de junho de 1948, Eugênia estava em sua casa no Rio de Janeiro jogando cartas quando sentiu-se mal. Veio a morrer pouco depois no quarto, ao lado dos filhos, em decorrência de um Derrame Cerebral. Estava então com 50 anos de idade.


Legado

Em um depoimento publicado no jornal Correio da Manhã após a morte de Eugênia, o escritor Oswald de Andrade afirmou que "o que se deve a ela será calculado um dia". A realidade, porém, é que com o passar dos anos a importante e desbravadora atuação de Eugênia em setores até então predominantemente masculinos, como o político e sindical, tornou-se cada vez mais subestimada, e ela permanece uma personagem à margem dos livros de história - lembrada, quando muito, apenas pelo pioneirismo na imprensa.

Após a morte de Álvaro Moreyra em 1964, foi encontrado em seus arquivos pessoais um número expressivo de fotografias e recortes de jornais e revistas sobre a esposa. O acervo havia sido parcialmente utilizado por ele como referência na composição do livro autobiográfico "As Amargas, Não...", sendo posteriormente doado por parentes à Fundação Casa de Ruy Barbosa.

A veia jornalística do casal Moreyra persistiu na família. O filho Sandro foi cronista esportivo, a neta Sandra tornou-se repórter da TV Globo e a bisneta Cecília formou-se em comunicação.

Fonte: Wikipédia

Décio Pignatari

DÉCIO PIGNATARI
(85 anos)
Poeta, Ensaísta, Ficcionista, Tradutor, Ator, Publicitário e Professor

* Jundiai, SP (20/08/1927)
+ São Paulo, SP (02/12/2012)

Décio Pignatari formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Estreou como poeta em fevereiro de 1949 nas páginas da Revista de Novíssimos, juntamente com os irmãos Haroldo e Augusto de Campos.

Desde os anos 1950, realizava experiências com a linguagem poética, incorporando recursos visuais e a fragmentação das palavras. Tais aventuras verbais culminaram no Concretismo, movimento estético que fundou junto com Augusto e Haroldo de Campos, com quem editou as revistas Noigandres e Invenção,  publicou a "Teoria da Poesia Concreta" (1965) e com os quais também colaborou na Revista Brasileira de Poesia.

Como teórico da comunicação, traduziu obras de Marshall McLuhan e publicou o ensaio "Informação, Linguagem e Comunicação" (1968). Sua obra poética está reunida em "Poesia Pois é Poesia" (1977).


Décio Pignatari publicou traduções de Dante AlighieriJohann Wolfgang von Goethe e William Shakespeare, entre outros, reunidas em "Retrato do Amor Quando Jovem" (1990) e 231 poemas. Publicou seu primeiro livro de poesias em 1950 "Carrossel", o volume de contos "O Rosto da Memória" (1988) e o romance "Panteros" (1992), além de uma obra para o teatro, "Céu de Lona".

Durante anos publicou artigos no "Suplemento Dominical" do Jornal do Brasil. Tornou-se professor de Teoria Literária no curso de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e se doutorou em 1973, sob orientação de Antonio Cândido. 

Escreveu "Semiótica e Literatura" e "Poesia, Pois é, Poesia". Também se aventurou como ator, primeiro no filme "O Gigante da América" (1978) e depois no documentário "Poema: Cidade" e em "Sábado", filme de Ugo Giorgetti, realizado em 1995.

Morte

Décio Pignatari morreu vítima de Insuficiência Respiratória no domingo, 02/12/2012, aos 85 anos. Ele estava internado desde sexta-feira, 30/11/2012, no Hospital Universitário de São Paulo, e faleceu por volta das 9:00 hs da manhã, segundo a assessoria do hospital. Ele também sofria de Mal de Alzheimer.

Fonte: Wikipédia

Neville George

NEVILLE GEORGE TREBILCOK
Dublador, Locutor, Ator, Apresentador de Telejornal, Produtor, Roteirista e Tradutor
(63 anos)

* São Paulo, SP (12/03/1939)
+ Rio de Janeiro, RJ (19/10/2002)

Neville George trouxe para a publicidade brasileira a locução mais coloquial. Ainda estava longe do considerado coloquial de hoje, mas para a época em que começou a gravar comerciais, sua locução fazia a diferença. Tanto que nos anos 1970 ele gravava muito, mas muito mesmo, os mais diversos produtos. Falava mais baixo, mais macio, adequava mais o tom ao produto, à mensagem. Dono de um timbre muito bonito e elegante, tinha um som ligeiramente anasalado e seus finais de frase eram um pouco alongados o que conferia à sua voz uma personalidade única. Foi uma mudança de referencial.

Gravava vídeos institucionais em português, inglês, espanhol, francês e italiano. Inteligente e culto, usou sua versatilidade para atuar em diversas áreas: locutor, ator, dublador, apresentador de telejornal, produtor, roteirista e tradutor.

Neto por parte de pai de um imigrante inglês, iniciou sua carreira como representante comercial, quando foi descoberto nos estúdios de dublagem, tendo vivido a época de ouro dos estúdios Arte Industrial Cinematográfica (AIC) de São Paulo.


No final dos anos de 1960 Neville George foi para o Rio de Janeiro trabalhar na TV Cinesom, aonde alem de dublador foi narrador da empresa por algum tempo. Além disso, também passou pelas empresas Dublasom Guanabara e Herbert Richers.

No início dos anos de 1970 retornou a São Paulo, a foi dublar no CineCastro, tendo feito na empresa a voz do Coronel Robert E. Hogan interpretado por Bob Crane em "Guerra, Sombra e Água Fresca", entre outros.

Em meados dos anos 70, Neville George se afastou da dublagem e foi trabalhar em um telejornal como apresentador na TV Tupi de São Paulo.

Em 1999 quando a emissora Rede TV! foi inaugurada, Neville George foi chamado para ser o locutor da mesma.


Na dublagem se destacou-se por grandes personagens como a terceira voz de Barney Rubble na série clássica de "Os Flintstones"James T. West interpretado por Robert Conrad na série "James West"Drº Leonard McCoy interpretado por DeForest Kelley na primeira temporada de "Jornada Nas Estrelas"Omir em "Viagem Ao Fundo Do Mar"Drº Doug Phillips interpretado por Robert Colbert em "O Túnel do Tempo"Coronel Hogan em "Guerra, Sombra e Água Fresca", além de ter narrado algumas vezes o desenho animado "A Corrida Maluca" e a abertura de "Além da Imaginação".

Muito novo, com aproximadamente 20 anos, Neville George casou com Ruth Maria e desta união nasceram Adriana e André.

Casou com Siomara Nagy, locutora e dubladora.

Aos 40 anos, depois de se separar da Siomara NagyNeville George se casou novamente com Maria Cristina e desta união nasceram Fabiana Trebilcock e Manuella.

Neville George lutava contra um Câncer no Pâncreas, e veio a falecer no dia 19 de outubro de 2002, deixando uma marca na dublagem brasileira e deixando o seu trabalho de narração da Rede TV!, aonde era admirado por muitos. Esse é mais um dos grande profissionais da dublagem do nosso país.

Escute AQUI a voz de Neville George.

Anna Amélia

ANNA AMÉLIA DE QUEIROZ CARNEIRO DE MENDONÇA
(75 anos)
Poetisa, Tradutora e Feminista

* Rio de Janeiro, RJ (17/08/1896)
+ Rio de Janeiro, RJ (1971)

Anna Amélia nasceu no Rio de Janeiro no dia 17 de agosto de 1896,  filha do engenheiro e colecionador José Joaquim de Queiroz Júnior. Passou a infância em uma fazenda no interior de Minas Gerais, onde recebeu instruções de professoras estrangeiras: aprendendo inglês, francês e alemão. Dos 12 aos 14 anos, começou a escrever versos, publicados em 1911, com o título de "Esperanças". Em 1922, publicou seu segundo livro de poemas, "Alma", em 1926, "Ansiedade", em 1936, "A harmonia das Coisas e dos Seres", em 1939, "Mal de Amor", em 1951, "50 Poemas de Anna Amelia" e em 1957, "Todomundo".

Para além de suas atividades literárias, Anna Amélia foi profundamente ativa para o reconhecimento da mulher no Brasil. Dirigiu durante dois anos a página feminina do Diário de Notícias. Foi a primeira mulher a ser membro do Tribunal Eleitoral (1934), fazendo parte também de uma mesa apuradora. Foi nomeada por Getúlio Vargas representante do Brasil no I Congresso Feminista Internacional, da Woman League International, em Istambul, 1935. Nesta época era vice-presidente da Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino. Foi delegada do Brasil de 1941 a 1943 na Comissão Interamericana de Mulheres.

Entre estas atividades, Anna Amélia fundou em 1939 a Casa do Estudante do Brasil, sendo por este motivo eleita a "Rainha dos Estudantes Brasileiros". Com sede especialmente construída, a Casa do Estudante do Brasil era uma instituição voltada para o intercâmbio cultural entre os estudantes. Reunindo alguns residentes e muitos associados, o prédio possuía um restaurante, salão de festa e conferência, auditórios para cursos de extensão universitária, biblioteca, apartamentos para professores visitantes, consultórios médico e dentário, farmácia e barbearia. Tinha ainda uma publicação chamada "Rumo", onde eram publicados artigos sobre o ensino, história do Rio de Janeiro e do país, debates de temas atuais e textos literários.

Toda esta estrutura educacional fora idealizada por Anna Amélia, que foi presidente vitalícia da instituição até a sua morte, em 1971. E em retribuição a sua dedicação, a Casa do Estudante do Brasil ergueu, em 1975, o busto em um largo em frente a sua sede, no Castelo. Este largo, no dia da inauguração do busto passou a ser chamado Praça Anna Amélia. A cerimônia foi concorrida e noticiada em quase todos os jornais da cidade. Estiveram presentes ministros, o prefeito da cidade, o secretário de Educação, várias escolas de primeiro grau, o coral do Colégio Pedro II, a família, amigos intelectuais e os dirigentes da Casa do Estudante do Brasil. No discurso de Paschoal Carlos Magno está explícita a intenção da bronzificação.

"Não faltam por aí pessoas sempre dispostas a fundar instituições que se apresentam como beneficentes e, as mais das vezes, prestam serviços a certo grupo de necessitados. Na maioria dos casos, porém, o objetivo principal consiste em promover os fundadores e mantenedores - seja com propósitos eleitorais, seja com finalidade lucrativa. Bem diferente é o caso da Casa do Estudante do Brasil. Ana Amélia que dirigiu a Casa do Estudante até o seu último dia de vida, era uma poetisa ilustre, uma dama de prestígio social e era rica. Não precisava se promover. Só pensou em servir. Seu busto foi agora colocado à frente da Casa. Ela continua, em espírito eterno e em bronze eterno, no lugar que gostava." 

Anna Amélia casou-se com Marcos Carneiro de Mendonça, goleiro e historiador. A partir de 1944 o casal passou a residir em um palacete do século 19 no bairro do Cosme Velho, conhecido como "Solar dos Abacaxis", por conta dos adornos em ferro fundido que ainda hoje decoram a balaustrada das janelas frontais do solar. A mansão foi erguida em 1843 pelo bisavô de Anna Amélia, o comendador Borges da Costa.

Em seu segundo livro "Alma", em 1922, a poetisa introduziu o tema do futebol na poesia brasileira e colaborou a seu modo para difundir e popularizar esse esporte. Ensinava o jogo aos operários da fábrica de seu pai e dava instruções preciosas durante as partidas. Desde muito jovem era entusiasta do esporte: no seu 12º aniversário, pediu aos pais como presente, uma bola, uma botina de sola grossa e começou a treinar.

Anna Amélia e Marcos tiveram três filhos, sendo a mais nova a crítica teatral Bárbara Heliodora.

Anna Amélia é considerada hoje uma expressão importante da literatura brasileira do século XX. Rever a sua vida é resgatar a importância da mulher para a nossa cultura e arte. 

Fonte: Wikipédia e Bolsa de Mulher

Rachel de Queiroz

RACHEL DE QUEIROZ
(92 anos)
Escritora, Romancista, Jornalista, Tradutora, Cronista e Dramaturga 

* Fortaleza, CE (17/11/1910)
+ Rio de Janeiro, RJ (04/11/2003)

Autora de destaque na ficção social nordestina. Foi primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Em 1993, foi a primeira mulher galardoada com o Prêmio Camões, equivalente ao Nobel, na língua portuguesa. Ingressou na Academia Cearense de Letras no dia 15 de agosto de 1994 na ocasião do centenário da instituição.

Rachel de Queiroz era filha de Daniel de Queiroz Lima e Clotilde Franklin de Queiroz, descendente pelo lado materno da família de José de Alencar.

Em 1917, após uma grande seca, mudou-se com seus pais para o Rio de Janeiro e logo depois para Belém do Pará. Retornou para Fortaleza dois anos depois.


Em 1925 concluiu o curso normal no Colégio da Imaculada Conceição. Estreou na imprensa no jornal O Ceará, escrevendo crônicas e poemas de caráter modernista sob o pseudônimo de Rita de Queluz. No mesmo ano lançou em forma de folhetim o primeiro romance, "História de um Nome".

Aos vinte anos, ficou nacionalmente conhecida ao publicar O Quinze (1930), romance que mostra a luta do povo nordestino contra a seca e a miséria. Demonstrando preocupação com questões sociais e hábil na análise psicológica de seus personagens, destaca‐se no desenvolvimento do romance nordestino.

Começou a se interessar em política social em 1928-1929 ao ingressar no que restava do Bloco Operário Camponês em Fortaleza, formando o primeiro núcleo do Partido Comunista. Em 1933, começou a dissentir da direção e se aproximou de Lívio Xavier e de seu grupo em São Paulo, lá indo morar até 1934. Milita então com Aristides Lobo, Plínio Mello, Mário Pedrosa, Lívio Xavier, se filiando ao sindicato dos professores de ensino livre, controlado naquele tempo pelos trotskistas.

Estátua na Praça dos Leões (Fortaleza, CE)
Depois, viajou para o norte em 1934, lá permanecendo até 1939. Já escritora consagrada, mudou-se para o Rio de Janeiro. No mesmo ano foi agraciada com o Prêmio Felipe d'Oliveira pelo livro As Três Marias. Escreveu ainda "João Miguel" (1932), "Caminhos de Pedras" (1937) e "O Galo de Ouro" (1950).

Foi presa em 1937, em Fortaleza, acusada de ser comunista. Exemplares de seus romances foram queimados. Em 1964, apoiou a Ditadura Militar que se instalou no Brasil.

Lançou "Dôra Doralina" em 1975, e depois Memorial de Maria Moura (1992), saga de uma cangaceira nordestina adaptada para a televisão em 1994 numa minissérie apresentada pela Rede Globo. Exibida entre maio e junho de 1994 no Brasil, foi apresentada em Angola, Bolívia, Canadá, Guatemala, Indonésia, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, sendo lançada em DVD em 2004.

Publicou um volume de memórias em 1998. Transformou a sua Fazenda Não Me Deixes, propriedade localizada em Quixadá, estado do Ceará, em reserva particular do patrimônio natural.

Morte

Morreu em 4 de novembro de 2003, vítima de problemas cardíacos, no seu apartamento no Rio de Janeiro, dias antes de completar 93 anos.

Academia Brasileira de Letras

Sua eleição, em 4 de novembro de 1977 para a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras, causou certo frisson nas feministas de então. Mas a reação da escritora ao movimento foi bastante sóbria. Numa entrevista, em meio ao grande furor que sua nomeação causou, declarou:

"Eu não entrei para a Academia por ser mulher. Entrei, porque, independentemente disso, tenho uma obra. Tenho amigos queridos aqui dentro. Quase todos os meus amigos são homens, eu não confio muito nas mulheres."

Um verdadeiro choque anafilático no movimento feminista.

Recebida por Adonias Filho, foi a quinta ocupante da cadeira 5, que tem como patrono Bernardo Guimarães.

Prêmios Outorgados

1930 - Prêmio Fundação Graça Aranha para "O Quinze".
1939 - Prêmio Sociedade Felipe d' Oliveira para "As Três Marias".
1954 - Prêmio Saci, de O Estado de São Paulo, para "Lampião".
1957 - Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de obra.
1959 - Prêmio Teatro, do Instituto Nacional do Livro, e Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, para "A Beata Maria do Egito".
1969 - Prêmio Jabuti de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, para "O Menino Mágico".
1980 - Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de obra.
1981 - Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará.
1983 - Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em solenidade realizada no Clube Militar.
1985 - Medalha Rio Branco, do Itamarati.
1986 - Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador.
1989 - Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais.
1993 - Prêmio Camões, o maior da Língua Portuguesa, sendo a primeira mulher a recebê-lo.
1993 - Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual do Ceará - UECE.
1995 - Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, de Sobral.
1996 - Prêmio Moinho Santista de Literatura
2000 - Título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
2001 - Medalha Boticário Ferreira, da Câmara Municipal de Fortaleza.
2001- Troféu Cidade de Camocim em 20 de Julho de 2001 (Academia Camocinense de Letras e Prefeitura Municipal de Camocim)

Obras

Principais:
  • 1930 - O Quinze (Romance)
  • 1932 - João Miguel (Romance)
  • 1937 - Caminho de Pedras (Romance)
  • 1939 - As Três Marias (Romance)
  • 1948 - A Donzela e a Moura Torta (Crônicas)
  • 1950 - O Galo de Ouro  (Romance - Folhetins na revista O Cruzeiro)
  • 1953 - Lampião (Peça Teatral)
  • 1958 - A Beata Maria do Egito (Peça Teatral)
  • 1958 - Cem Crônicas Escolhidas
  • 1964 - O Brasileiro Perplexo (Crônicas)
  • 1967 - O Caçador de Tatu (Crônicas)
  • Um Alpendre, Uma Rede, Um Açude - 100 Crônicas Escolhidas
  • O Homem e o Tempo - 74 Crônicas Escolhidas
  • 1969 - O Menino Mágico (Infanto-Juvenil)
  • 1975 - Dôra, Doralina (Romance)
  • 1976 - As Menininhas e Outras Crônicas
  • 1980 - O Jogador de Sinuca e Mais Historinhas
  • 1986 - Cafute e Pena-de-Prata (Infanto-Juvenil)
  • 1992 - Memorial de Maria Moura (Romance)
  • 1995 - Teatro (Teatro)
  • 1997 - Nosso Ceará (Relato - com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
  • 1998 - Tantos Anos (Autobiografia - com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
  • 2000 - Não Me Deixes: Suas Histórias e Sua Cozinha (Memórias Gastronômicas - com Maria Luiza de Queiroz Salek)
Reunidas de Ficção:
  • 1948 - Três Romances
  • 1960 - Quatro Romances
  • 1973 - Seleta (Seleção de Paulo Rónai; notas e estudos de Renato Cordeiro Gomes)

No dia 4 de dezembro de 2003, um mês depois de sua morte, foi lançado na Academia Brasileira de Letras o livro Rachel de Queiroz, um perfil biográfico da escritora, fruto de uma longa pesquisa realizada pela jornalista Socorro Acioli, publicado pelas Edições Demócrito Rocha.

Sua biografia foi narrada no livro No Alpendre com Rachel, de autoria de José Luís Lira, lançado na Academia Brasileira de Letras em 10 de julho de 2003, poucos meses antes do falecimento da escritora.

Traduções

Romances:
  • 1940 - A Família Brodie (A. J. Cronin)
  • 1940 - Eu Soube Amar (Edith Wharton)
  • 1942 - Mansfield Park (Jane Austen)
  • 1942 - Destino da Carne (Samuel Butler)
  • 1942 - Náufragos (Erich Maria Remarque)
  • 1943 - Tempestade d’Alma (Phyllis Bottone)
  • 1943 - O Roteiro das Gaivotas (Daphne Du Maurier)
  • 1946 - A Crônica dos Forsyte (John Galsworthy)
  • 1944 - Helena Wilfuer (Vicki Baum)
  • 1944 - Humilhados e Ofendidos (Fiódor Dostoiévski)
  • 1944 - Fúria no Céu (James Hilton)
  • 1945 - A Intrusa (Henry Ballamann)
  • 1945 - Recordações da Casa dos Mortos (Fiódor Dostoiévski)
  • 1945 - Stella Dallas (Olive Prouty)
  • 1946 - A Promessa (Pearl Buck)
  • 1946 - Cranford (Elisabeth Gaskell)
  • 1947 - O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë)
  • 1947 - Anos de Ternura (A. J. Cronin)
  • 1947 - O Quarto Misterioso e Congresso de Bonecas (Mário Donal)
  • 1947 - Aventuras de Carlota (M. D’Agon de La Contrie)
  • 1947 - A Casa dos Cravos Brancos (Y. Loisel)
  • 1948 - Os Robinsons da Montanha (André Bruyère)
  • 1948 - A Mulher de Trinta Anos (Honoré de Balzac)
  • 1948 - Aventuras da Maleta Negra (A. J. Cronin)
  • 1948 - Os Dois Amores de Grey Manning (Forrest Rosaire)
  • 1948 - A Conquista da Torre Misteriosa (Germaine Verdat)
  • 1950 - A Afilhada do Imperador (Jean Rosmer)
  • 1950 - A Deusa da Tribo (Suzanne Sailly)
  • 1950 - A Predileta (Raphaelle Willems)
  • 1951 - Os Demônios (Fiódor Dostoiévski)
  • 1952 - Os Irmãos Karamazov (Fiódor Dostoiévski)
  • 1963 - Os Carolinos: Crônica de Carlos XII (Verner Von Heidenstam)
  • 1966 - O Deserto do Amor (François Mauriac)
  • 1970 - Idade da fé (Anne Fremantle)
  • 1971 - A Mulher Diabólica (Agatha Christie)
  • 1972 - O Romance da Múmia (Théophile Gautier)
  • 1972 - O Lobo do Mar (Jack London)
  • 1972 - Miguel Strogoff (Júlio Verne)
Biografias e Memórias:
  • 1935 - Eduardo VI e o Seu Tempo (André Maurois)
  • 1943 - A Exilada: Retrato de Uma Mãe Americana (Pearl Buck)
  • 1965 - Minha Vida - caps. 1 a 7 (Charles Chaplin)
  • 1947 - Memórias de Alexandre Dumas, Pai (Alexandre Dumas)
  • 1946 - Vida de Santa Teresa de Jesus (Santa Teresa de Jesus)
  • 1947 - Mulher Imortal (Irwin Stone)
  • 1944 - Memórias (Leon Tolstói)
  • 1952 - Os Deuses Riem (A. J. Cronin)

Fonte: Wikipédia