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Bira

UBIRAJARA PENACHO DOS REIS
(85 anos)
Baixista

☼ Salvador, BA (05/09/1934)
┼ São Paulo, SP (22/12/2019)

Ubirajara Penacho dos Reis, mais conhecido como Bira, foi um músico brasileiro, nascido em Salvador, BA, no dia 05/09/1934.

Natural de Salvador, BA, Ubirajara Penacho dos Reis ficou conhecido como "Bira do Jô". Tocava baixo elétrico no Sexteto do Jô, que se apresentava diariamente no "Programa do Jô", sempre seguindo as piadas do apresentador com seu riso peculiar.

O sexteto era formado por Bira (baixo elétrico), Tomati (guitarra elétrica), Osmar Barutti (piano), Chiquinho Oliveira (trompete), Derico (saxofone) e Miltinho (bateria). O grupo acompanhou o apresentador Jô Soares nos programas "Jô Soares Onze e Meia", no SBT, e "Programa do Jô", da TV Globo.

Bira ganhou ganhou popularidade no talkshow por sua risada forte e alta.

Bira foi endorser da fabricante de instrumentos musicais Tagima. Tinha um Tagima modelo Music Man de cor vermelho, o que mais usava, assim como seu Tagima modelo Jazz Bass cor Verde Abacate, fabricado antes do processo da Fender contra a Tagima, devido ao uso indevido de seus modelos.

Bira também utilizava chaves de fenda, rotativas e aparelhos de solda para realizar seus artifícios mecânicos.

Morte

Bira estava internado desde a última sexta-feira, 13/12/2019, em um hospital na Zona Leste de São Paulo. Bira sofreu um Acidente Vascular Cerebral, que comprometeu a parte do cérebro que comanda a fala e a deglutição. A informação foi confirmada por outro ex-integrante do sexteto, o saxofonista Derico"Como ele não fala e não come, estava sendo alimentado por meio de uma sonda. Um dos efeitos colaterais desse tipo de intervenção é a broncopneumonia" disse Derico.

A complicação respiratória fez com que Bira fosse levado à UTI do Hospital Sancta Maggiore, na Mooca. Apesar da situação delicada, Derico disse o tratamento com antibióticos surtiu efeito e que o ex-colega de banda deve deixar o centro de tratamento intensivo no domingo 22/12/2019.

Nas redes sociais de Bira, um comunicado assinado pela produtora RCS Music e familiares do baixista pediu que os fãs rezassem por ele:
"Venho pedir orações ao nosso querido Bira, que encontra-se hospitalizado em estado delicado. Contamos com vocês nesta corrente de orações e pensamentos positivos. Nosso muito obrigado".
Bira faleceu às 7h00 de domingo, 22/12/2019, aos 85 anos, em São Paulo, SP

Trabalhos

  • 1991-1999 - Jô Soares Onze e Meia (SBT)
  • 2000-2016 - Programa do Jô (TV Globo)

Fonte: WikipédiaVejaExtra
#FamososQuePartiram #Bira

Tião Neto

SEBASTIÃO COSTA CARVALHO NETO
(69 anos)
Baixista e Produtor Musical

☼ Rio de Janeiro, RJ (11/1931)
┼ Niterói, RJ (13/06/2001)

Sebastião Costa Carvalho Neto, conhecido como Tião Neto foi um baixista e produtor musical brasileiro nascido no Rio de janeiro, RJ, em novembro de 1931. Tião Neto já tocou com cantores consagrados da música popular brasileira, entre eles, Tom Jobim, João Gilberto e Sergio Mendes, acompanhando-os como músico de apoio.

Desde menino, ouvia muita música em casa, interessando-se por vários instrumentos. Aos sete anos de idade, recebeu seu primeiro prêmio como músico, tocando pandeiro numa rádio da Bahia, onde residia na época. Trabalhou em aviação, abandonando a profissão em 1957 para dedicar-se exclusivamente à música, como contrabaixista. Nessa época, estudou com o professor Vidal, baixista do quinteto de Radamés Gnattali.

Iniciou sua carreira artística na década de 1950, em sessões de jazz no Clube Central de Niterói, RJ, onde também se apresentava o pianista Sergio Mendes. Após participar de um festival de jazz no Uruguai, fez longas temporadas no Beco das Garrafas, em Copacabana, Rio de Janeiro, durante três anos, acompanhando todas as estrelas que aí se apresentavam.

Tião Neto foi cliente fundador do Petit Paris, em Niterói, RJ.

Tião Neto, Tom Jobim, Stan Getz, João Gilberto e Milton Banana
Em 1963, viajou para os Estados Unidos como um dos integrantes do grupo Bossa Três, com o qual gravou três LPs e apresentou-se, em Nova York, no "Ed Sullivan Show", programa de maior audiência da TV americana, na época. Ainda em Nova York, tomou parte na gravação do disco que viria a se tornar o carro-chefe da bossa nova no exterior, "Getz-Gilberto", ao lado de João Gilberto, Stan Getz, Astrud GilbertoTom Jobim, com uma vendagem de quatro milhões de discos em lançamento mundial.

Voltou ao Brasil em 1964, passando a integrar, com Sergio Mendes (piano) e Edison Machado (bateria), o Sergio Mendes Trio, com o qual se apresentou em espetáculos na América do Sul, América do Norte e no Japão. Com o trio, gravou o LP "The Swinger From Rio".

A partir de 1965, fixou residência em Los Angeles, Estados Unidos. Atuou em shows e gravações com grandes músicos americanos e com Sergio Mendes na série Brasil 65, 66, 77 e 88. 

Em 1984, voltou para o Brasil, montou um estúdio para gravação de jingles para campanhas comerciais. Continuou viajando eventualmente ao exterior para apresentações com Sergio Mendes. A partir desse ano, passou a integrar a Banda Nova, de Tom Jobim, atuando em gravações e shows no Brasil e no exterior.

Em 1986, paralelamente ao trabalho com a Banda Nova, criou o TNT (Tião Neto Trio) e a Banda São Jorge (de curta duração), apresentando-se em teatros e clubes de jazz por todo o Brasil.

Acompanhou a cantora Nana Caymmi durante três anos.

Tião Neto, Luiz Carlos Vinhas, Herbie Man, Kenny Dorhan e Sérgio Mendes Assistindo
Em 1998, foi contratado pela Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin), nas funções de curador, orientador e responsável pelo acervo discográfico da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, selecionando e catalogando toda a história da música brasileira gravada desde 1907. Ainda em 1998, reativou o Bossa Três, apresentando-se em shows em várias cidades brasileiras.

Realizou palestras sobre jazz em espaços culturais como o Teatro Municipal de Niterói, Sala Carlos Couto, Museu do Ingá, Centro Cultural Banco do Brasil, Universidade Gama Filho, entre outros.

Ao longo de sua carreira, foi agraciado com o Prêmio Folha de S. Paulo (1961), a inclusão na lista dos 20 melhores baixistas do mundo indicados pela revista Playboy (1968), o Troféu Vitor Assis Brasil (1988), o Troféu Projeto Brahma Extra (1989) e o Troféu 1º Prêmio Cantareira das Artes (1997).

Tião Neto morreu na noite do dia 13/06/2001, aos 69 anos, em Niterói, RJ, vítima de falência múltiplas dos órgãos.

Nico Assumpção

ANTONIO ÁLVARO ASSUMPÇÃO NETO
(46 anos)
Baixista

☼ São Paulo, SP (13/08/1954)
┼ Rio de Janeiro, RJ (20/01/2001)

Nico Assumpção, nome artístico de Antônio Álvaro Assumpção Neto, foi um contrabaixista brasileiro. Nasceu em São Paulo, no dia 13/08/1954. Seu pai, um industrial de classe média e amante do jazz, tocou baixo acústico, quando jovem, de forma amadora.

Na casa da família Assumpção, a música sempre esteve presente, sendo o jazz uma das principais paixões do pai de Nico, que comprava discos importados através de catálogo. Na década de 50 e 60 era muito comum o empresário de um um músico internacional em turnê no Brasil, levá-lo para jantar na casa de uma família bem sucedida, cujo anfitrião fosse conhecedor sua música e pudesse acolhê-lo com mais hospitalidade. A família de Nico era uma dessas, e seu pai, que tinha influência junto a esses empresários como Roberto Corte Real, sempre oferecia sua casa, fazendo com que Nico estivesse em contato com diversos músicos, como Frank Sinatra Jr., que visitou a casa da família durante sua passagem pelo Brasil em 1966.

Desde pequeno observava-se em Nico uma tendência musical ou um bom ouvido. Mas a realidade é que na casa onde moravam havia um móvel onde os discos eram guardados. Já aos 2 anos Nico alcançava a parte de baixo desse móvel e pedia para ouvir os discos do Michel Legrand, pianista, compositor e arranjador francês, que tornou-se um de seus grandes amigos anos mais tarde.

Aos 9 anos, Nico já aprendia a tocar violão através das aulas que tinha com o músico Paulinho Nogueira. Aos 13 anos já tocava em uma banda de garagem, covers dos Beatles, grupo que gostava muito. Mas como baixista da banda costumava faltar aos ensaios com frequência. Demonstrando um interesse maior pelos arranjos das músicas instrumentais, Nico trocou o violão pelo  baixo elétrico. A partir daí, dedicou-se somente ao baixo, passando, algum tempo depois, a estudar na escola de música Centro Livre de Aprendizagem Musical (CLAM), com o renomado professor Luiz Chaves do Zimbo Trio, com quem também teve aulas de baixo acústico.

Algum tempo depois, Nico foi convidado para dar aulas de baixo elétrico e baixo acústico na mesma escola onde estudava. Na mesma época, em 1974 e 1975, participou de um trio de jazz que tocava em alguns restaurantes de classe média-alta em São Paulo, como o Padoque Jardins e o Clube Harmonia.

Nessa época, os restaurantes obrigavam os músicos a entrarem pela porta dos fundos. Nico foi um dos primeiros a pleitear que os músicos entrassem pela porta da frente. Com isso, algumas pessoas, e até mesmo amigos de profissão, achavam-no arrogante, mas para ele isso era um direito: entrar pela porta da frente impunha um pouco mais de respeito ao músico, independente do seu nível social.

Paralelamente às suas atividades nos restaurantes de São Paulo, suas aulas com Luis Chaves e as aulas que ministrava no CLAM, Nico iniciou um curso por correspondência na Berklee College Of Music, no qual o aluno estudava a distância e enviava um teste com as respostas para uma futura eliminação de matérias.

Em 1974, quinze dias após o falecimento de seu pai, prestou vestibular na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) para o curso de economia, onde estudou por aproximadamente 3 anos. Continuou desenvolvendo suas atividades como músico tocando com Arrigo Barnabé, que ensaiava, no estúdio que Nico tinha em sua casa, as músicas que no ano de 1980 seriam gravadas no disco "Clara Crocodilo". A formação desta banda contava, além de Arrigo Barnabé, piano e voz, Nico no baixo, José Pires de Almeida Neto (Netão) na guitarra, Lea Freire na flauta e Duda Neves na bateria. A banda tocou em algumas faculdades como a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Universidade de São Paulo (USP), mas Nico não chegou a gravar o disco.

Em 1975, Nico tocou baixo acústico com um trio de jazz cuja formação era composta por mais dois jovens estudantes e professores do CLAM: Paulo Cardoso (bateria), que hoje atua na área da medicina, e Eliane Elias (piano), que anos mais tarde se consagrou gravando, ao lado de Nico, o disco "Double Rainbow" de Joe Henderson, somente com músicas de Tom Jobim. Nesta apresentação, com uma duração total de 2 horas e meia e feita com seção dupla, o trio tocou apenas standards de jazz. A entrada era franca e a divulgação, feita pelo trio com a ajuda do irmão de Nico, que colaram diversos cartazes pelas faculdades de São Paulo. Essa apresentação registrou a maior lotação do Museu de Arte de São Paulo (MASP) até aquela data.

New York

Em 1976, aos 22 anos, mudou-se para New York a fim de aprofundar seus estudos. Chegando em New York, coincidentemente foi morar no prédio em que Ricardo Silveira (guitarra) morava, na Rua 22 entre 1rst e 2nd avenida, onde se conheceram e se tornaram amigos. Neste mesmo prédio morava Cláudio Celso (guitarra) e Guilherme Vergueiro (piano). Segundo Ricardo Silveira, "a gente sempre tocava na casa de um ou de outro e tocamos junto com o trompetista Cláudio Roditi". Nico começou como a maioria dos músicos brasileiros que buscam fazer carreira em New York: tocou com músicos brasileiros.

Alguns meses depois foi convidado para participar do Festival de Newport com o músico Dom Um Romão. Isto abriu-lhe as portas para tocar com Charlie Rouse (sax) e Don Salvador (piano), que, por sua vez, o colocou em contato para trabalhos com renomados músicos de jazz, como Wayne Shorter (sax), Kenny Barron (piano) e Billy Cobham (bateria). Nico também estudou arranjo e orquestração na Berklee College Of Music. O curso por correspondência feito anos antes  permitiu a eliminação de matérias, reduzindo o tempo total dos estudos.

Anos 80

Em 1981, de volta ao Brasil, Nico gravou seu primeiro disco instrumental solo de forma independente com 10 músicas, sendo 9 de sua autoria. Teve diversos empecilhos em para lançá-lo, pois dependia de uma grande gravadora para prensá-lo e distribuí-lo, além disso, era encontrado em poucas lojas, uma delas a Hi-Fi, em São Paulo. Atualmente este disco é conhecido como "Nico Assumpção" e teve uma prensagem de 3 mil cópias feitas pela Fermata.

Com uma carreira solo, sempre com músicas instrumentais, conquistou um grande espaço no Brasil, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro. Foi um dos primeiros baixistas brasileiros a lançar um disco de música instrumental, onde o baixo fosse o destaque.

Na década de 80, a música instrumental era um modismo entre os músicos e pessoas de classe média que frequentavam bares em São Paulo, lotados de segunda a domingo com uma atração diferente a cada noite. Um desses bares era conhecido como Penicilina, localizado na Alameda Lorena em São Paulo e quase foi comprado pelos irmãos Assumpção. A programação musical do bar ficava por conta de Nico, que também tocava em uma das noites. Para tocar no Penicilina era necessário entrar em contato com Nico para reservar uma data. Este bar teve um papel muito importante nos anos 80 para a música instrumental que conhecemos hoje.  Alguns músicos que se apresentaram lá se profissionalizaram, como Teco Cardoso, um dos maiores saxofonistas do Brasil, que tocou acompanhado por Silvio Mazzuca (baixo) e Michel Fridayson (piano), e que também tocou com Nico algum tempo depois.

Em 1982, indicado por Ricardo Silveira, Nico foi para o Rio de Janeiro para tocar no Prudente, um bar em Ipanema, acompanhando Marcos Rezende (piano), que também gostava muito de seu trabalho. Desde então, semanalmente ia para o Rio de Janeiro e ficava hospedado na casa de uma tia, em Laranjeiras no Parque Guile.

Marcos Rezende tinha casa cheia toda quarta-feira, e com isso, Nico mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro, morando, por 2 anos, em um um apartamento alugado em Botafogo, junto com Zeca Assumpção e Bob White. O que mais motivou sua mudança para o Rio de Janeiro foi a visibilidade que teria para a carreira, afinal era lá que estava a mídia de maior alcance nacional da época - Organizações Globo, vários outros semanários importantes, além de um grande número de artistas.

Firmado seu nome nas noites cariocas, todos queriam tocar com Nico Assumpção. Nesta época gravou muitos trabalhos em estúdio, principalmente com o Luiz Avellar (piano), dono de uma produtora e compositor de arranjos. Luiz Avellar sempre convidava Nico e Ricardo Silveira para gravar trabalhos que iam de jingles e trilhas, a discos de artistas da MPB. Além disso, o trio tocava algumas noites da semana em casas como Jazzmania, Parque da Catacumba e Mistura Fina. Esse bar é hoje o internacionalmente renomado Restaurante Mistura Fina, que tem apresentações de jazz e música instrumental também com atrações internacionais.

Em 1984 Nico gravou o que seria seu segundo disco solo no extinto estúdio Rádio Patrulha. Esse disco, gravado e mixado, nunca foi prensado e lançado. No mesmo ano, por ter boa experiência com gravações, ia uma vez por semana a São Paulo para fazer os arranjos e gravar o disco solo do amigo Cândido Penteado Serra, que integrou o grupo D’Alma, pela gravadora Eldorado. No término das gravações, Cândido decidiu lançar o disco com o nome "Banda Paulistana", dividindo os créditos com o amigo baixista.

Em 1985 Ricardo Silveira, convidado para tocar no Free Jazz Festival, reuniu Nico, Luiz Avellar, Carlos Bala (bateiria) e Steve Slagle (sax), que era seu amigo de New York, para tocar como sua banda no festival. Por mais duas semanas, de quarta a sábado, continuaram a tocar no bar Jazzmania. Surgia aí o Projeto High Life.

Logo após o festival, a banda decidiu acrescentar algumas músicas para aumentar o repertório, uma delas era "High Life" de Steve Slagle. A banda fazia duas entradas, e, no final da segunda semana, Luiz Avellar sugeriu que continuassem como banda, que seria de todos, e que gravassem um disco. O nome High Life surgiu, segundo Ricardo Silveira, por ser o nome de uma das músicas do repertório e porque não conseguiram pensar em um nome melhor naquela época.

O disco foi gravado em dois dias no estúdio Nas Nuvens, do músico Liminha, pelos produtores Chico Neves e Vitor Faria. A banda fez diversos shows no Rio de Janeiro e São Paulo, um deles registrado nos arquivos do Centro Cultural São Paulo. O disco "High Life" é o único disco do "Grupo High Life", sendo conhecido por grande parte dos músicos, principalmente baixistas, como um disco solo de Nico Assumpção, talvez pelo fato de ter duas músicas de autoria do baixista - uma delas, "Cor de Rosa", muito importante em sua carreia, além dos solos de baixos, temas e acompanhamentos que destacam o baixo de uma maneira incomum para a época.

Em 1988, após ter participado nas edições anteriores do Free Jazz In Concert como side man, Nico faz um show com Luiz Avellar, Paul Liberman (sax), Ricardo Silveira (guitarra) e Jurim Moreira (bateria). Antes do evento, tocando a escala cromática como aquecimento, Nico percebe que a partir do 17º traste a nota fá se repetia nos trastes seguintes. Nico teve um acesso de pânico. A primera reação foi pedir um martelo, imaginando que os trastes estivessem empenados. Enquanto o roadie busca o martelo, Nico passou a mão debaixo da corda e descobre que ela estava amassada naquele ponto. Trocou a corda e  tudo bem, subiu para o palco e, segundo testemunhas do evento, foi um dos melhores shows do Nico.

Nico Assumpção reuniu uma legião de fãs, em primeiro lugar, músicos. Sempre fazia questão de tocar ao vivo, porque gostava muito. Tocou em casas como Blue Note e Village em New York, e em diversos bares, como os que temos hoje na Vila Madalena, em São Paulo. Tocou em diversos teatros e também em casas noturnas no Leblon, frequentadas por diversos músicos que se reuniam no fim de noite para tomar uma cerveja e fazer algumas jam sessions.

Nico Assumpção e João Bosco
João Bosco

A princípio, João Bosco fazia shows sozinho, voz e violão, em dado momento chamou o Nico para fazer um duo. Desde então, Nico consolidou seu trabalho com João Bosco, não apenas como baixista, mas, também, como parceiro musical.

Desta parceria sugirão os discos "Gagabirô" (1984), "Cabeça de Nego" (1986), "Ai Ai Ai de Mim" (1987), "Bosco" (1989), "Zona de Fronteira" (1991), "As Mil e Uma Aldeias" (1997) e "Benguelê Ballet Para um Corpo" (1998).

A afinidade entre os dois pode ser comprovada no especial transmitido pela TV Cultura. Neste show, sentimos uma concepção musical com poucos arranjos e muita liberdade para o baixista solar, João Bosco mantém sua maneira de tocar violão - é comum criar acompanhamentos de violão mais complexos, preenchendo os espaços quando se toca sozinho, e tocar de maneira mais enxuta, quando se está acompanhado por um baixista, omitindo as notas mais graves dos acordes para não embolar, porém neste show esse pensamento não foi percebido. João Bosco toca como se estivesse sozinho, preenchendo quase todo o espaço com seu violão, isso permite que Nico explore melhor a região aguda do baixo, fazendo vários solos durante as músicas.

Algum tempo depois, Nico sugeriu que João Bosco convidasse outros músicos, aí se forma um novo grupo: Nico (baixo), Marçal (percussão), Robertinho Silva (bateria) e Ricardo Silveira (guitarra). Posteriormente, Nelson Faria (guitarra) e Kiko Freitas (bateria), além dos baixistas Andre Neiva e Ney Conceição, ambos indicados pelo próprio Nico para substituí-lo.

Paralelo ao trabalho com João Bosco, que durou 15 anos, Nico fez uma série de shows e gravações com nomes como Milton Nascimento, Márcio Montarroyos (trompete), Victor Biglione (guitarra), Ricardo Silveira (guitarra), Wagner Tiso (teclado), Helio Delmiro (guitarra), Cesar Camargo Mariano (piano), Nelson Faria (guitarra), Robertinho Silva (bateria), Chico Buarque (compositor e intérprete), Marcos Rezende (piano), Edu Lobo (compositor) e Larry Coryell (guitarra), entre outros.

Em grande parte desses trabalhos, teve muita liberdade para criar suas melodiosas e precisas linhas de baixo e fraseados.

Nico ministrou vários workshops sobre técnicas de contrabaixo, harmonia, improvisação, levadas e etc. Utilizava como material de apoio uma apostila com diversos exercícios e exemplos de digitação, onde mostrava a sua forma de tocar. Esse material, posteriormente foi ampliado e sistematizado, tornado-se o seu método de improvisação Bass Solo, os segredos da improvisação, lançado no final de 2000 pela editora Lumiar.

Segredos

Qual o segredo que havia por trás do Nico? Por que ele tocava tanto? A resposta foi dada por Rossana, sua esposa:

"Ele sempre buscou o estudo. Não me lembro de um dia em que o Nico estivesse em casa que não tivesse entrado no estúdio para estudar, seja sábado, domingo ou feriado. Ele tocava, ele estudava e ele ouvia. A capacidade que ele tinha para buscar o aprimoramento é nítido no trabalho que ele deixou. Nico como músico era um ser perfeito. Nunca se contentava com 99%, tinha que ser 100%. O Nico e o contrabaixo eram como se fossem uma coisa só, como se fizessem parte um do outro; o dedo que toca a corda e a corda que penetra o dedo."

O Mestre

Nico Assumpção participou de centenas de gravações durante sua carreira entre discos completos e participações, além de um número incontável de shows. Não sobrava tempo para ministrar aulas particulares de música, apenas alguns poucos os baixistas que tinham o privilégio de ter Nico como professor.

Segundo André Neiva e Patrick Laplan, Nico não adotava um método específico em suas aulas particulares, que muitas vezes se estendia por horas em sua casa como um bate-papo, sem um tempo pré-determinado, tocando e mostrando suas gravações e trabalhos de outros baixistas que considerava de grande importância para o desenvolvimento musical de qualquer músico. O enfoque principal de suas aulas era a harmonia. Falava sobre o ciclo de quintas ascendentes e descendentes, modos gregorianos e progressões, e a improvisação. A improvisação, segundo ele, deveria ser vista como uma história com começo, meio e fim, para que tenha contexto musical e não um amontoado de notas sem sentido.

Sempre dizia, principalmente aos alunos mais jovens, que um bom músico deve ser livre de preconceitos musicais, que o segredo para conseguir fazer música com estilo próprio está em saber misturar diversos estilos musicais. Demostrando ser um músico virtuoso, sem ser exibicionista, era admirado por seus alunos por sua simplicidade e respeito ao nível de conhecimento de cada um. Com imensa boa vontade de ajudar no desenvolvimento musical e profissional do aluno, orientava sobre como portar-se diante de um arranjador, maestro ou artista, em como deveriam ser firmes diante de algumas decisões, e, o mais importante na opinião de André Neiva, os ensinava a dizer não, mostrando que suas idéias, de que o músico deve ser sempre respeitado, continuavam fortes em seu modo de encarar a profissão.

Além das poucas aulas particulares ministradas em seu apartamento no Rio de Janeiro, Nico participou das edições de 92, 94 e 95 do Festival de Verão de Brasília na Escola de Música. Segundo o professor Oswaldo, que participou dos três cursos ministrados por Nico, "essa experiência (...) mudou minha visão no estudo do contrabaixo".

Nico demonstrou nesses festivais o domínio que tinha tanto sobre o baixo elétrico como o acústico, impressionando os músicos presentes pela sua técnica, conhecimento harmônico e fluência em improvisação, provando estar realmente à frente de seu tempo.

Com uma diferença de 16 anos entre o lançamento do segundo e o terceiro disco, em abril e junho de 2000, Nico voltou aos estúdios ao lado de Nelson Faria (guitarra) e Lincoln Cheib (bateria) para gravar o disco "Três/Three".

Foram regravadas músicas como "Cor de Rosa", uma das mais importantes de sua carreira, "Eu Sei Que Vou Te Amar" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), "Vera Cruz" (Milton Nascimento e Márcio Borges), músicas inéditas de autoria própria em parceria com Nelson Faria, além de composições de Lincoln Cheib e Mauro Rodrigues.

O último registro ao vivo de Nico Assumpção é no disco "Tocando Victor Assis Brasil", gravado no Mistura Fina nos dias 30 e 31 de março e 1 de abril de 2000, ao lado de Luiz Avellar (piano) e Kiko Freitas (bateria), tendo a participação especial de Nivaldo Ornelas (sax) e Ricardo Silveira (guitarra), tocando apenas composições de Victor Assis.

Nico e Mariana
Família

Nico dava grande valor ao relacionamento familiar. Tinha um profundo carinho pela mãe Conceição, sempre se lembrando de sua dedicação ao cuidar de seu pai adoentado. Também tinha uma profunda admiração pelo seu irmão mais novo, Neco, o arquiteto.

Casou-se duas vezes. Do primeiro casamento com Paula teve uma filha, Mariana, nascida em 1985. Do segundo casamento com Rossana Lorentz, não teve filhos. Viveram juntos por 6 anos até o seu falecimento em 20/01/2001.

Nico Assumpção e Marco Pereira
Morte

Nico sempre foi muito preocupado com a questão de preparo físico. Dava voltas de bicicleta em torno na Lagoa Rodrigo de Freitas e estava sempre bem disposto, tanto nos workshops, tanto nos shows.

Em 1999 ele iniciou um trabalho com o músico mineiro José Namen (teclado) em parceria com Nelson Faria (guitarra), cuja proposta era tocar Beatles em ritmo brasileiro, o trabalho chama-se "Beatles - Um Tributo Brasileiro". Fizeram alguns shows, inclusive em Ouro Preto. Durante esse período, Nico apresentou problemas de saúde, sendo necessária uma intervenção cirúrgica para correção de hérnia de disco.

Durante uma turnê na Europa para promover o CD da Maria João e do Mário Laginha, sentiu-se mal e comentou que chegando no Brasil faria exames. Foi então ao médico que o diagnóstico com câncer no pulmão em estágio avançado.

Nico encarou a doença de maneira serena e consciente do trabalho realizado. Na verdade, quem conversou com o Nico durante esse período, jamais imaginaria a gravidade do problema pelo qual ele estava passando. Em uma dessas ocasiões Rossana lhe perguntou como ficaria a memória da sua obra, não tinha um acervo de participações em shows, eventos, não havia produzido nenhum filme, tipo video-aula e etc. Nico respondeu que ela não precisava se preocupar com isso, iria aparecer muita coisa depois.

A doença se alastrou para o fígado e depois para a coluna vertebral. O tratamento foi difícil e doloroso, e o lançamento do disco "Três" ocorreu nesse período, inclusive com Nico autografando o CD no hospital em dezembro. Ele  falava inglês e francês fluentemente e, neste momento, já misturava as línguas sem nenhum motivo aparente durante a conversa. Era um evidente sinal que a doença já havia atingido um estágio muito avançado e fatal: o cérebro.

Amigos e parceiros o visitam nessa hora e ele fala pra um deles:

"Gostaria de poder voltar no tempo e começar de novo algumas coisas, para ser possível demonstrar e expressar para as pessoas que eu amo o quanto elas são importantes."

Na sexta feira, dia 19 de janeiro o amigo Luiz Avellar o visita. No sábado ele partiria para um trabalho em Boston. Aquele momento se transformou em uma despedida do parceiro de longas datas e de trabalhos que hoje fazem parte da história da música brasileira.

"Era um sábado de manhã, e eu não havia ligado para saber notícias durante aquela semana, estava em Belo Horizonte. Liguei para a sua casa e o telefone tocou até cair a ligação. Achei estranho e liguei para o celular da Rossana. Dona Conceição atende e eu pergunto pelo Nico. A resposta, curta, foi de uma dimensão tal que me deixou completamente sem reação: ele faleceu durante a madrugada."

Era o dia 20/01/2001. Nico faleceu e suas cinzas, no dia seguinte, foram depositadas na lagoa Rodrigo de Freitas. Nesse local, há uma placa em sua homenagem, colocada sob uma árvore, com o nome "Recanto Nico Assumpção".

Em agosto de 2002, com a presença de sua mãe, Dona Conceição e de sua filha Mariana, por iniciativa da Rossana, com a participação de Cláudio Infante (bateria), de Afonso Cláudio (sax), de Nelson Faria (guitarra) e de André Neiva (baixo), foi realizado um show em tributo a Nico Assumpção na loja Show Point, no centro do Rio de Janeiro.

Foi a comemoração do relançamento em CD do seu primeiro LP da carreira solo, tocando apenas músicas de sua autoria, como "Cor de Rosa", "Maxixe", "Paca Tatu, Cotia Não" e "The Quartet". Além disso, o show inaugurava o Espaço Nico Assumpção, um auditório localizado dentro da loja Show Point, feito em sua homenagem.

No final do evento, Dona Conceição confidenciou: "Esse baixista me fez lembrar o Nico algumas vezes."

Alguns anos depois, muitas homenagens foram feitas. Mas como resumir Nico Assumpção? Talvez a resposta esteja no diálogo de João Bosco com um trombonista sueco, encantado com o solo da música "Holofotes", do CD "Zona de Fronteira" de 1991.

"Quem fez esse solo?" - perguntou o sueco surpreso. João Bosco imediatamente respondeu: "Foi o Nico, um baixista brasileiro!"

Renato Rocha

RENATO DA SILVA ROCHA
(53 anos)
Baixista e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (27/05/1961)
+ Guarujá, SP (22/02/2015)

Renato da Silva Rocha, conhecido também como Billy ou Negrete, foi um músico brasileiro nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 27/05/1961. Era baixista e compositor da banda Legião Urbana, no qual fez parte do elenco nos três primeiros discos do grupo, "Legião Urbana", "Dois" e "Que País É Este".

Renato Rocha nasceu em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, no dia 27/05/1961, mas mudou-se para Brasília em 1970, aos nove anos, porque seu pai, militar, havia sido transferido para Capital Federal.

O primeiro lugar de Brasília em que Renato Rocha viveu foi na W3, onde ficou de 1970 a 1974. Em 1974, Renato Rocha mudou-se para a quadra 306, onde passou a ter contato com a banda Tela, uma das várias bandas brasilienses surgidas na década de 70. Nessa época, ele também começou a fazer bicicross (BMX). Apesar do contato com a banda Tela, Renato Rocha nunca a integrou.

Os primeiros apelidos de Renato Rocha foram Renatão, por causa de seu tamanho, e Romeu, herói olímpico grego das lutas - o músico sempre foi brigão. Quando entrou para o time de vôlei da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), ganhou o apelido de Negrelle, que foi um famoso jogador do clube. Mais tarde, porém, o apelido foi mudado para Negrete, numa brincadeira de seus amigos com o sotaque francês. Ainda em Brasília, Renato Rocha foi membro da facção hardcore dos punks dessa cidade, a Gangue dos Carecas.

Renato Rocha mudou-se logo depois para a Quadra 16, onde passou a ser amigo de Geruza, o ex-integrante das bandas Escola de Escândalos e Blitx 64. Nessa mesma época, através de Geruza, Renato Rocha conheceu André Pretorius, Renato Russo e Fê Lemos.

A primeira banda que Renato Rocha integrou foi a Gestapo. A banda era formada por Lulu Gouveia, Judas, Joãozinho Viradinha, que depois virou cantor gospel, e Renato Rocha. Depois formou com Toninho Maia a banda Hosbond Kama.

Em 1981, ele passou a integrar a banda Dents Kents, composta ainda por Fred (Vocal), Ameba (Bateria), que mais tarde mudou seu nome para Jander e foi para Plebe Rude, Feijão (Guitarra). O Dents Kents existiu de 1981 a 1982.

Na Legião Urbana

A Legião Urbana originalmente era um trio, com Renato Russo tocando baixo. Renato Rocha ingressou na Legião Urbana logo depois da banda ter assinado o contrato com a EMI, em 1984, a quatro dias do início das gravações do primeiro LP. O motivo foi à tentativa de suicídio de Renato Russo ao cortar os pulsos, ficando assim impossibilitado de gravar. Renato Rocha era amigo de Marcelo Bonfá, baterista da Legião Urbana, o que facilitou sua entrada para a banda. A partir daí, virou quadro fixo do grupo e compôs "Quase Sem Querer" e "Daniel na Cova dos Leões", junto com o líder da banda Renato Russo.

Renato Rocha deixou a Legião Urbana em 1989, quando a banda estava prestes a assinar o contrato do álbum "As Quatro Estações". Em uma entrevista concedida anos mais tarde, ele afirmou que foi expulso por Renato Russo que, saindo de um elevador, disse: "Você está fora da minha banda!".

Após anos, Renato Rocha foi convidado a fazer uma participação no álbum "Uma Outra Estação", tocando baixo na faixa "Riding Song", que se tratava de uma faixa em que a passagem dos instrumentos e o coral do refrão estavam gravados. Contudo, como não havia a voz de Renato Russo, a gravadora utilizou depoimentos dos quatro membros da banda em cima do arranjo.

Depois da Legião Urbana

Depois da Legião Urbana, Renato Rocha integrou a banda Cartilage, não confundir com Cartilage, banda de death metal da Finlândia, na qual lançou os discos "Cartilage Virtual" e "Solana Star", cujo nome fazia referência ao navio Solana Star, que naufragou em 1987.

Em 25/03/2012, o programa jornalístico "Domingo Espetacular", da TV Record, exibiu uma matéria em que mostrava que o baixista havia se transformado em morador de rua no Rio de Janeiro. A reportagem descrevia a série de acontecimentos que o levaram a perder tudo e ir morar nas ruas cariocas. Especulava também o porquê de os direitos autorais não serem suficientes para que o músico conseguisse tocar sua vida dignamente e também o porquê de sua vida ter se transformado tão radicalmente. Ainda na reportagem, o ECAD comunicou que repassa ao músico um valor de cerca de R$ 900 por mês.

Em 2002, em uma entrevista, ele havia afirmado que a Legião Urbana rendia menos de mil reais por mês a ele. Também assumiu fazer uso de maconha, bebidas alcoólicas e que teve uma juventude marcada por estas e outras drogas.

Em 2013, Renato Rocha subiu junto com outros músicos no palco montado no Estádio Nacional Mané Garrincha, no show "Renato Russo Sinfônico". Neste tributo, Renato Russo apareceu no palco na forma de projeção holográfica.

Em 2014, Renato Rocha foi convidado para uma participação no projeto "Urbana Legion", idealizado por Egypcio, da banda Tihuana. Neste projeto, Renato Rocha voltou aos palcos para tocar os sucessos do Legião Urbana, junto com o também ex-integrante Eduardo Paraná.

Morte

Renato Rocha foi encontrado morto, na manhã de domingo, 22/02/2015, dentro de um hotel em Guarujá, no litoral de São Paulo. Renato Rocha foi encontrado sentado, encostado na porta do quarto, no hotel localizado no bairro da Enseada, por volta das 8:30 hs. De acordo com informações do Instituto Médico Legal (IML), Renato Rocha morreu em decorrência de uma parada cardíaca.

Ainda de acordo com a polícia, o corpo foi encontrado por uma amiga que acompanhava Renato Rocha na pousada. Segundo informações, Renato Rocha estava internado em uma clínica de reabilitação de dependentes químicos em Cotia, na Grande São Paulo.

Após a remoção do corpo, que foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) da cidade, a polícia fez uma varredura no quarto do hotel. Segundo o delegado, além de não existirem marcas de violência, nenhum tipo de droga foi encontrada durante a perícia realizada no local.

Renato Rocha deixou um casal de filhos e uma neta.

Discografia

Com a Legião Urbana
  • 1985 - Legião Urbana
  • 1986 - Dois
  • 1987 - Que País É Este
  • 1997 - Uma Outra Estação (Participação Especial no contrabaixo de "Riding Song")

Com a Cartilage

Nos anos 1990, pós Legião Urbana:
  • Cartilage Virtual
  • Solana Star

Composições
  • Angra dos Reis (Com Renato Russo e Marcelo Bonfá)
  • Daniel na Cova dos Leões (Com Renato Russo)
  • Mais do Mesmo (Com Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá)
  • Plantas Embaixo do Aquário (Com Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá)
  • Quase Sem Querer (Com Dado-Villa Lobos e Renato Russo)

Fonte: Wikipédia

Zé Menezes

JOSÉ MENEZES DE FRANÇA
(92 anos)
Compositor e Instrumentista

* Jardim, CE (06/09/1921)
+ Teresópolis, RJ (31/07/2014)

José Menezes de França, por pseudônimo Zé Menezes era um violonista, compositor, tocava violão de seis e sete cordas, violão tenor, bandolim, banjo, cavaquinho, viola de dez cordas, guitarra amplificada, guitarra portuguesa e contrabaixo.

Zé Menezes é considerado um dos grandes cavaquinistas da Música Popular Brasileira.


De Juazeiro Para o Mundo

Zé Menezes começou sua carreira de instrumentista de forma precoce. Seu gosto musical foi despertado quando aos 6 anos de idade ouviu a banda de música de sua cidade natal. Aos 8 anos de idade, já tocava cavaquinho profissionalmente no cinema de Juazeiro do Norte, CE, e passou a ser conhecido como Zé do Cavaquinho. Nesta época, compôs sua primeira música "Meus Oito Anos" a qual teve o privilégio de apresentar perante o Padre Cícero. Aos 11 anos, já era músico da Banda Municipal de Juazeiro.

Por volta dos 12 anos de idade, em companhia do primo Luís Roseo, Zé Menezes foi então residir em Fortaleza, CE, onde passou um ano como locutor de um serviço de alto-falantes. Retornou posteriormente a Juazeiro, onde retomou sua carreira de músico em festas e cinemas.

Em 1938, Luís Roseo passou pela cidade como líder de uma banda de jazz. Zé Menezes decidiu-se a acompanhá-lo de volta à Fortaleza, onde, durante algum tempo, dedicou-se a aprender o ofício de alfaiate. Todavia, por volta de 1940 foi contratado como segundo violonista pela Ceará Rádio Clube e acabou por formar seu próprio grupo musical, um "regional", com o qual se apresentou na emissora durante quatro anos.

Passando por Fortaleza em 1943, para a inauguração do serviço de ondas curtas da Ceará Rádio Clube, o radialista César Ladeira conheceu o jovem músico e ofereceu-lhe um contrato com a Rádio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro. Naquela cidade, angariou prestígio como solista e em 1945 formou o Conjunto Milionários do Ritmo.

Em 1947, Zé Menezes foi contratado pela Rádio Nacional, emissora onde permaneceria por cerca de 25 anos, apresentando-se inicialmente ao lado de Garoto no programa "Nada Além de Dois Minutos".

Em 1948 teve a primeira música gravada, o samba "Nova Ilusão" (Zé Menezes e Luiz Bittencourt) pelo grupo Os Cariocas. A música fez tanto sucesso que acabou por converter-se numa espécie de prefixo do conjunto. Em 1950 seria regravada por Francisco Sergi e Orquestra e em 1953 por Dick Farney e Quinteto.


Do "Quarteto Continental" ao "Sexteto Radamés"

Foi na Rádio Nacional que Zé Menezes conheceu o maestro Radamés Gnattali, o qual, em 1949, convidou-o para integrar o Quarteto Continental tocando guitarra. O Quarteto Continental era composto ainda pelo próprio Radamés Gnattali ao piano, Luciano Perrone (bateria) e Pedro Vidal Ramos (contrabaixo). Além das apresentações na Rádio Nacional, com os arranjos requintados e inovadores criados pelo maestro, o grupo acompanhou em estúdio gravações feitas por artistas conceituados da época, tais como Os Cariocas, Edu da Gaita e Aracy de Almeida.

Em 1951, o Quarteto Continental tornou-se um Quinteto, com a entrada de Chiquinho do Acordeom, e em 1959, com a entrada de Aída Gnattali, irmã de Radamés Gnattali, tocando um segundo piano, o grupo tornou-se o Sexteto Radamés Gnattali. O Sexteto excursionou pela Europa no ano seguinte, tendo apresentado-se em Paris, Londres, Oxford, Roma, Lisboa e Porto.


Zé Menezes, o "Transviado"

Com o declínio das emissoras de rádio frente ao avanço da televisão na década de 60, Zé Menezes mudou de atividade e tornou-se maestro na RCA Victor e arranjador de um time de estrelas da Música Popular Brasileira que incluíam Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Gilberto Milfont, Miúcha, Tom Jobim, entre outros.

Foi também a partir de 1960 que Zé Menezes criou o grupo Os Velhinhos Transviados, composto por músicos experientes e que se dedicou a criar paródias de músicas antigas e modernas. Segundo Zé Menezes, "Era uma sátira àquelas coisas todas que a gente via, aqui e no exterior. A gente tocava música antiga de forma moderna, e música moderna de forma antiga, sempre brincando muito"Os Velhinhos Transviados gravaram seu primeiro discos, homônimo, em 1962, seguido por "Os Velhinhos Transviados - Sensacionais" no mesmo ano e "Os Velhinhos Transviados - Fabulosos" em 1963. Ao todo, foram treze LPs lançados até 1971.


Zé Menezes, Global

Na década de 70, Zé Menezes passou a trabalhar na Rede Globo de Televisão como primeiro guitarrista. Depois, ocupou os cargos de maestro, arranjador e diretor musical. Foi na Rede Globo que ele se aposentou em 1992, não sem antes compor trilhas e vinhetas para programas tais como "Chico City", "Viva o Gordo" e "Os Trapalhões", do qual é o autor do famoso tema de abertura, ainda presente no imaginário popular brasileiro.


Morte

Zé Menezes morreu na noite de quinta-feira, 31/07/2014, aos 92 anos, em Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital São José e a causa da morte não foi divulgada.


Discografia

  • 2007 - Gafieira Carioca (CD)
  • 1998 - Relendo Garoto (RGE, CD)
  • 1995 - Chorinho In Concert (CID, CD)
  • 1971 - Os Velhinhos Transviados na Curtisom (RCA Victor, LP)
  • 1964 - Os Velhinhos Transviados - Bárbaros! (RCA Victor, LP)
  • 1963 - Os Velhinhos Transviados - Espetaculares (RCA Victor, LP)
  • 1962 - Os Velhinhos Transviados - Sensacionais (RCA Victor, LP)
  • 1962 - Os Velhinhos Transviados (RCA Victor, LP)
  • 1961 - Para Ouvir, Dançar e Amar (RCA Victor, LP)
  • 1960 - E daí...? / Noites de Moscou (Sinter, 78)
  • 1959 - Carrilhão na Batucada / A Felicidade (Sinter, 78)
  • 1958 - Come Prima / O-lá-lá Bambolê (Sinter, 78)
  • 1957 - Nunca, Jamais / 'Na Voce, 'Na Chitarra E' o Poco' e Luna (Sinter, 78)
  • 1957 - Maracangalha / Le Rififi (Sinter, 78)
  • 1957 - Bolero Napolitano / Faz Que Vai (Sinter, 78)
  • 1957 - Ritmos Em Alta Fidelidade (Sinter, LP)
  • 1957 - Temperado / Ritmo Latino (Mocambo, 78)
  • 1957 - Anastácia / Gafieira é Comigo (Mocambo, 78)
  • 1955 - Amor Brejeiro / Violão na Gafieira (Continental, 78)
  • 1955 - Il Torrente / Polca Brasileira (Continental, 78)
  • 1955 - Maluquinho / Meu Xodozinho (Mocambo, 78)
  • 1954 - Um, Dois, Três / Borocochô (Sinter, 78)
  • 1954 - Se Você Não Tem Amor / Currupião (Sinter, 78)
  • 1954 - A Voz do Violão (Sinter, LP)
  • 1953 - Vai ou Não Vai? / Mentira de Amor (Sinter, 78)
  • 1952 - Meu Cavalo Alumínio / Baião do Ceará (Sinter, 78)
  • 1951 - Não Interessa Não / Vitorioso (Sinter, 78)
  • 1951 - Encabulado / De Papo Pro Á (Sinter, 78)
  • 1951 - Copacabana / Um Domingo no Jardim de Alah (Sinter, 78)
  • 1951 - Guriatan de Coqueiro / A Viola do Zé (Sinter, 78)
  • 1945 - Comigo é Assim / Seresteiro (Todamérica, 78)
  • 1941 - Nunca Aos Domingos / Taki (Philips, 78)