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Rubem Biáfora

GERVÁSIO RUBEM BIÁFORA
(74 anos)
Cineasta, Roteirista, Produtor e Crítico de Cinema

* São Paulo, SP (1922)
+ São Paulo, SP (1996)

Gervásio Rubem Biáfora foi um cineasta e crítico de cinema brasileiro.

Aos 6 anos iniciou uma coleção de recortes de filmes, que iria formar um importante arquivo, doado em parte ao Curso de Cinema da Faculdade Armando Penteado. Aos 12 anos, mais de uma vez por semana, atravessava as linhas de trem em direção ao bairro do Brás, para ver os cartazes de cinema e fazer suas anotações.

Ingressou na imprensa em 1937. Crítico de cinema em atividade desde 1940, fez parte da primeira grande geração de críticos paulistanos, ao lado de Paulo Emílio Sales Gomes, Almeida Salles, B.J. Duarte, Afrânio Zuccolotto, Carlos Ortiz e Flávio Tambellini.

Escreveu para as publicações Platéia, O Dia, Revista Inteligência e Jornal de São Paulo. Fundou o Clube de Cinema de São Paulo em 1946, que mais tarde iria se transformar na Cinemateca Brasileira.

Em 1948 assumiu a coluna de cinema na Folha da Noite e empreendeu suas primeiras experiências em 16 mm. Em 1950, com José Júlio Spiewak, organizou o Grupo de Cinema Orson Welles.

Transferiu-se em 1953 para O Estado de S.Paulo, onde permaneceu por cerca de 30 anos (1982). Apoiou a tentativa do cinema industrial paulista e até algumas chanchadas cariocas. Inimigo ferrenho do Cinema Novo, apostou suas fichas na produção da Boca do Lixo.

Grande é o número de seus discípulos: Jacob Timoner, Walter George Durst, Walter Hugo Khouri, Carlos M. Motta, José Júlio Spiewak, Maurício Rittner, Alfredo Sternheim, Rubens Ewald Filho, Astolfo Araújo, Rubens Stoppa e Juan Bajon.

No período da Guerra Fria, foi acusado de americanófilo e de direitista com Antônio Moniz Viana, crítico do jornal carioca Correio da Manhã. Acusações injustas em função do domínio absoluto da produção americana na época, com mais de 300 filmes anuais, além de um competente sistema de distribuição internacional de seus produtos.

No ano de 1954 escreveu e dirigiu seriados de ficção científica e teleteatros na TV Record.

Em 1955 colaborou anonimamente no roteiro do longa "Sob o Céu da Bahia" de Ernesto Remani. Depois, nos estúdios da Vera Cruz, dirigiu o último filme da Brasil Filme, de produção de Flávio Tambellini, "Ravina", drama de época, com os protagonistas Eliane Lage e Mário Sérgio, duas estrelas remanescentes do estúdio paulista.

Em 1964, com o roteiro "O Monstro", tenta a realização de seu segundo longa.

Em 1966 fundou a Data Cinematográfica, quando dirigiu o curta colorido "Mário Gruber", retratando o pintor paulista. Produziu, escreveu e dirigiu "O Quarto", drama ambientado no centro da capital paulista, que mostra a triste vida cotidiana de pequeno funcionário de repartição pública.

Em 1970 é roteirista de "As Gatinhas", de Astolfo Araújo, que assina com o pseudônimo de Otto Leme. No ano seguinte também produziu "As Noites de Iemanjá", de Maurício Capovilla, e "Fora das Grades" de Astolfo Araújo. Foi o produtor, diretor e roteirista de "A Casa das Tentações", retrato da decadência da família tradicional.

Em 1978, colaborou outra vez, anonimamente, no roteiro do filme "Alucinada Pelo Desejo", único filme dirigido pelo seu ator predileto, Sérgio Hingst.

Rubem Biáfora morreu aos 74 anos vítima de um Acidente Cardiovascular.

Fonte: Enciclopédia do Cinema Brasileiro (Fernão Pessoa Ramos e Luiz Felipe Miranda - Pag. 58)

Santa Rosa

TOMÁS SANTA ROSA
(47 anos)
Cenógrafo, Artista Gráfico, Ilustrador, Pintor, Gravador, Decorador, Figurinista, Professor e Crítico de Arte

* João Pessoa, PB (20/09/1909)
+ Nova Délhi, Índia (29/11/1956)

Tomás Santa Rosa, também conhecido por Santa Rosa, tornou-se famoso em meados do século XX, época em que assinava com as iniciais SR as ilustrações das capas de alguns dos escritores mais importantes daquela geração. Os mais próximos o chamavam simplesmente de "Santa".

É reconhecido principalmente como cenógrafo, ou melhor, o primeiro cenógrafo moderno brasileiro, porém a atividade a qual se dedicou ao longo de sua vida foi a de ilustrador de livros. Entretanto o seu trabalho no ramo dos livros não era apenas ilustrá-los, era mais do que isso. Ele desenvolvia identidades visuais para os livros, ou seja, fazia um planejamento visual para estabelecer uma unicidade às publicações de determinada editora. Atualmente, o profissional que exerce esse tipo de atividade é o designer gráfico.

Como cenógrafo criou o espaço cênico para o espetáculo "Vestido de Noiva" (1943), de Nelson Rodrigues, trabalho que revolucionou a concepção cenográfica do Brasil. Como designer gráfico projetou e também ilustrou livros para a Livraria José Olympio Editora. Entre os autores dos livros estavam José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade. Como pintor, auxiliou Cândido Portinari na preparação de diversos murais.


Vida

Tomás Santa Rosa nasceu na cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba. Quando criança estudou piano e fez parte de um coral. Quase na casa dos 20 anos já trabalhava como contabilista. Nessa época passou no concurso público para ocupar cargo de mesma função no Banco do Brasil. Já contratado, foi transferido para a cidade de Salvador, BA. De lá foi para a cidade de Maceió, AL, onde participou do movimento intelectual local.

Tomás Santa Rosa não tinha formação acadêmica, era autodidata.

Em 1932, mudou-se para o Rio de Janeiro, então a capital do Brasil e o local de concentração de artistas e intelectuais do todo país. Naquele período o país vivia um momento de explosão do mercado editoral e de valorização artística.

Tomás Santa Rosa morreu aos 47 anos durante uma viagem a Índia para participar, primeiro, como representante do Brasil na Conferência Internacional de Teatro, em Bombaim, depois, como observador da 9ª Conferência Geral da Unesco Para a Educação, a Ciência e a Cultura, em Nova Délhi.

Meninas Lendo (Óleo Sobre Tela)

Alguns Projetos Gráficos de Livros

Seu primeiro projeto gráfico foi para o livro "Cahétes" de Graciliano Ramos, em 1933, Livraria Schmidt Editora.


Alguns Projetos Para Ariel Editora:

Alguns Projetos Para Livraria José Olympio Editora:

Alguns Cenários:
  • 1937 - "Ásia", de Henri-René Lenormand, Rio de Janeiro, RJ
  • 1942 - "Orfeu", de Jean Cocteau, Rio de Janeiro, RJ
  • 1943 - "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues
  • 1944 - "Pelleas e Melisanda", de Maurice Maeterlink, Rio de Janeiro, RJ
  • 1953 - "A Falecida", de Nelson Rodrigues, Rio de Janeiro, RJ
  • 1954 - "Senhora dos Afogados", de Nelson Rodrigues

Algumas Pinturas:
  • "Pescadores", s.d.; óleo s/ tela, c.i.d.; 60 x 80 cm - Coleção Particular
  • 1940 - "Meninas Lendo", 1940; óleo s/ tela, c.i.d.; 72 x 84 cm
  • 1943 - "Pescadores", óleo s/ tela, c.i.d.; 54 x 64,9 cm - Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, RJ)
  • 1945 - "Na Praia", óleo s/ tela, c.i.d.; 64,5 x 80 cm
  • 1948 - "O Vento", óleo s/ madeira, c.i.d.; 46 x 55 cm
  • 1950 - "Cabeça", óleo s/ tela, c.s.d.; 70 x 60 cm
  • 1950 - "Duas Mulheres", óleo s/ tela, c.i.d.; 56 x 47 cm
  • 1955 - "Mulheres na Praia", óleo s/ tela; 50 x 68 cm

Fonte: Wikipédia

Victor Giudice

VICTOR MARINO DEL GIUDICE
(63 anos)
Escritor, Crítico, Músico, Fotógrafo e Professor

* Niterói, RJ (14/02/1934)
+ Rio de Janeiro, RJ (22/11/1997)

Victor Marino del Giudice nasceu em Niterói, RJ, no dia 14 de fevereiro de 1934. Seus pais eram artesãos: Marino Francisco del Giudice, de origem italiana, fabricava chapéus enquanto ainda se usavam chapéus, e Mariannalia del Giudice, católica, era exímia bordadeira, com suas mãos "barrocas" de "fada branquíssima", como o filho a descreveria, ou fantasiaria, no conto "Minha Mãe". A maneira como se referia aos pais pela ausência, presente também no conto "A Única Vez", este sobre o pai, só faz enfatizar a importância da tia Elza, professora de piano com quem o pequeno Victor Giudice convivia mais intensamente e a quem chamava de "mãe".

Quando Victor tinha cinco anos, a família mudou-se para o bairro de São Cristóvão, no Rio, que se tornaria seu "país" ficcional e referência de origem para sempre. "Quando se nasce e se cresce em São Cristóvão, logo se aprende que em São Cristóvão todas as coisas são de São Cristóvão", diria o personagem semi-autobiográfico do seu conto "A Glória No São Cristóvão"

Victor Giudice foi um menino popular, que magnetizava os colegas de rua com suas histórias. Começou, portanto, a se desenvolver na infância uma das facetas mais sedutoras de sua personalidade carismática. Com as astúcias de um legítimo entertainer, que mistura lembrança e invenção de maneira indistinguível, ele enredou pela vida afora todos os que cruzaram seu caminho.

Como Tudo Começou

Aos cinco anos de idade, ele já aprendia a amar a grande música. O pai o levava ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro para ver em ação o célebre maestro Arturo Toscanini. Com a tia Elza iniciou os estudos de piano e canto, que mais tarde aprofundaria com professores renomados. Aos nove anos, frequentava recitais de piano e óperas. Aos 11 anos leu alguns volumes da censurada Coleção Verde, de romances eróticos, e uma descoberta revolucionou o seu futuro: escrever era um prazer. Foi quando Victor Giudice produziu o primeiro dos seus contos, "Os Três Suspiros De Helena".

O gosto pelas letras nunca mais o abandonou. Seguiram-se leituras de Rider Haggard, Conan DoyleEdgar Allan PoeLuís de CamõesJean-Paul Sartre, Machado de AssisHonoré de Balzac - cuja obra foi devorada nas incursões de adolescente às estantes da biblioteca do vizinho e futuro sogro, Drº Azevedo Lima, patriarca de uma família numerosa - tornou-se uma paixão eterna. Aliás, começou ali o namoro com Leda, a filha caçula e hoje professora de literatura, com quem se casou e teve os filhos Maurício, matemático, e Renata, jornalista.

Victor Giudice formou-se em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 1975, depois de cursar parcialmente Ciências Estatísticas nos anos 1950 e Direito nos anos 1960. Sua segunda mulher, Eneida Santos, foi uma colaboradora devotada e a primeira leitora de todos os seus rascunhos a partir de 1984.

O "Édipo Rei", de Sófocles, lido aos 12 anos, revelou-lhe o fascínio das histórias de mistério. Com os seriados do Cinema Fluminense, compreendeu o valor do suspense e da imprevisibilidade, atributos que iriam impregnar toda a sua obra literária. "Os Perigos De Nyoka", "O Fantasma", "Flash Gordon", "Capitão Marvel", "Império Submarino" - as chamadas "fitas em série" - figuram entre os primeiros objetos de cinefilia de Victor Giudice. Filmes dos franceses Henri-Georges Clouzot e André Cayatte também alinham-se entre suas influências inaugurais.

Por volta dos 13 anos, as visitas freqüentes aos estúdios da Cinédia lhe renderam uma ponta no filme "Pinguinho De Gente", de Gilda de Abreu. Bem mais tarde, tornou-se aluno da famosa atriz Dulcina de Moraes, com quem aprendeu os mistérios da interpretação. No entanto, Victor Giudice sempre foi um ator nato, além de imitador impagável. Suas performances-relâmpago ou a compenetrada declamação dos poemas do português Antonio Nobre eram um deleite para quem tinha a sorte de estar por perto.


O Amor Pelas Imagens

A cinefilia infantil se perpetuaria na vida adulta, com um afeto especial pelo cinema clássico europeu: Visconti, Federico Fellini, os primeiros filmes de Mario Monicelli, os de Totò, Carné, Clouzot, as comédias inglesas dos anos 40 e 50 e a nobreza de Laurence Olivier à frente de adaptações shakespearianas como "Ricardo III". Já o cinema americano era capaz de lhe despertar sentimentos conflitantes. Ao mesmo tempo em que admirava a eficiência e verossimilhança de suas narrativas, abominava seus chavões e a superficialidade na abordagem dos temas. Os filmes de Orson Welles e grandes musicais como "O Mágico De Oz", "Cantando Na Chuva" e "Um Americano Em Paris" estavam acima de qualquer restrição. Quanto ao cinema nacional, irritava-se com freqüência diante dos sinais de amadorismo que o infestavam até o final da década de 70.

Apesar de não ter concretizado nenhum projeto nessa área, - o final dos 60 e começo dos 70 registram uma obscura experiência de curta-metragem e alguns audiovisuais didáticos - Victor Giudice gostava de rascunhar eletrizantes prólogos de filmes imaginários, capazes de deixar eventuais leitores com água na boca.

O desenho e a fotografia também o atraíram desde muito cedo. A começar pelos ladrilhos da casa, que ele, subversivamente, estimulava os companheiros de infância a decorar com seus próprios traços. Comprava filmes baratos em bobinas e punha-se a fotografar a Quinta da Boa Vista, o Campo de São Cristóvão e principalmente os amigos, naquilo que foi o início de um duradouro culto aos portraits. O amor pela fotografia seria uma constante na vida de Victor Giudice. Ele teve fotos publicadas na revista O Cruzeiro (1969) e no semanário Crítica (1974). Durante vários anos, um dos cômodos de sua casa funcionou como laboratório de revelação fotográfica.

Aos 16 anos, Victor Giudice perdeu o pai. A família morava então em Macaé, RJ, mas logo voltaria a São Cristóvão. Empregou-se aos 21 anos como arte-finalista numa pequena agência de publicidade. Pintou anúncios em cortinas de teatro e, já nos anos 60, formado em Estatística, trabalhou como desenhista de gráficos para órgãos públicos. Mais tarde, ao consagrar-se como escritor, não se furtou ao prazer de criar as capas de seus livros "Necrológio", "Salvador Janta No Lamas" e "O Museu Darbot E Outros Mistérios", além de uma revista de comércio exterior editada pelo Banco do Brasil. Durante toda a vida, Victor Giudice cultivou na intimidade os retratos e caricaturas de pessoas conhecidas, feitos em bico de pena, o esboço gráfico de personagens, e teve mesmo uma fase de pinturas em aquarela.

Um Homem Múltiplo

Funcionário do Banco do Brasil por mais de 20 anos, Victor Giudice se comprazia em transformar os jargões e absurdos reais da burocracia em ficção de sabor kafkiano. "O Arquivo", seu terceiro conto, tornou-se um clássico no Brasil e foi publicado em oito países, mostrando um homem que "progride" na empresa à medida que seu salário vai sendo reduzido e ele próprio vai se convertendo num objeto. No ambiente austero do Banco do Brasil, Victor Giudice fazia o terror da hierarquia e as delícias dos colegas, com sua irresistível tendência a satirizar o cotidiano, jogar pelos ares as formalidades e se lixar para os imperativos de um mito da época: uma boa carreira no Banco do Brasil. Os formulários burocráticos lhe serviam para fazer intervenções poéticas e a rotina do trabalho lhe inspirava situações de comédia.

O homem e o escritor se confundiam na relação visceral mantida com a cidade do Rio de Janeiro. O tradicional restaurante Lamas, onde se passa a ação do conto "Salvador Janta No Lamas", era apenas um dos muitos templos gastronômicos cariocas que Victor Giudice frequentava com regularidade e fervor quase religiosos. Ele podia se deliciar tanto com queijos finos e doces sofisticados, quanto com os salgadinhos mal encarados de uma lanchonete de esquina. Domesticamente, sua faceta de chef materializava-se em papas portuguesas, estrogonofes, haddocks ao leite, uma receita própria de "Peixe à Salvador", bolos de chocolate, quindões e manjares marmorizados.

Em Victor Giudice conviviam um intelectual de gosto refinado e um homem simples e popular. Ele mantinha longas relações amistosas não só com artistas e escritores, mas também com guardadores de carro, lanterneiros, porteiros de prédios, etc. Na sua teia de laços e afetos, crianças e adultos tampouco recebiam tratamento diferenciado.

Este homem em permanente trânsito social manifestava-se também na relação com a geografia da cidade. Seu coração estava, sem dúvida, na Zona Norte, mas os túneis eram caminho diário rumo a livrarias, lojas de discos e vídeos, restaurantes, casas de amigos, etc. Comutar entre as diversas zonas geográficas, culturais e econômicas da cidade era parte do estilo de vida de Victor Giudice, um homem cujo espírito desconhecia fronteiras de qualquer natureza.

A faceta místico-esotérica foi outro traço marcante da personalidade de Victor Giudice. Ele aprendeu leitura de mãos na juventude e dizia-se um apaixonado pelo ocultismo. Nos anos 80, estudou profundamente o tarô e colecionou dezenas de baralhos, de várias modalidades e procedências. Chegou a "botar" cartas informalmente, e criou o protótipo de uma certa Mandala Divinatória, jogo de números e peças geométricas que conformaria toda a vida do consulente. Existem fortes razões para se suspeitar de que o esoterismo um tanto jocoso era, no fundo, mais uma ferramenta de elaboração ficcional de que Victor Giudice lançava mão nas incansáveis peripécias de sua imaginação.

Fuga a Bayreuth

Depois de aposentar-se em 1986, Victor Giudice retomou a carreira de professor de teoria e criação literária, interrompida na década anterior. Os anos 90 estiveram entre os mais produtivos de sua carreira: além de dar aulas, lançou dois livros, escreveu grande parte de outros dois - o romance "Do Catálogo De Flores" e um volume de teoria da significação intitulado "O Que Significa Isto?" -, inspirou admiração e respeito como crítico de música erudita do Jornal do Brasil, ministrou cursos livres sobre ópera e música sinfônica, oficinas literárias e conferências em diversas partes do país, e ainda prestava consultoria à programação de óperas em vídeo do Centro Cultural Banco do Brasil.

Em agosto de 1996, já acometido pelos primeiros sintomas do que seria mais tarde diagnosticado como um tipo raro de tumor cerebral, ele realizou o sonho de comparecer ao Festival de Bayreuth, na Alemanha, para cultuar in loco o ídolo Richard Wagner. Victor Giudice, cuja vida fora um incessante diálogo com a cultura internacional, tinha medo de avião. Por isso fez poucas viagens ao exterior: esteve em Buenos Aires, Bogotá, fez três passagens rápidas por Nova York e empreendeu esta derradeira fuga a Bayreuth, com breve escala em Paris, primeiro e último vislumbre de uma Europa mitificada.

Um mês depois, Victor Giudice iniciou seu longo e lento duelo com a morte. Ela sairia vencedora na madrugada de 22 de novembro de 1997. Mas não na clínica da Zona Sul, onde ele havia passado os últimos meses, e sim na Tijuca, bairro onde moravam seus dois filhos, ali bem perto de São Cristóvão. Ou seja, dentro do perímetro mágico da sua lavoura criativa.


Bibliografia


Contos

  • Necrológio
  • Os Banheiros
  • Salvador Janta No Lamas
  • O Museu Darbot e Outros Mistérios


Romances

  • Bolero
  • O Sétimo Punhal


Teatro

  • Ária De Serviço (Diálogo para um só personagem, em um ato)
  • O Baile Das Sete Máscaras (Comédia em dois atos)


Contos Publicados no Exterior

  • 1973 - Os Pontos de Harmonisópolis, Lisboa
  • 1973 - O Arquivo (El Archivador), Manágua
  • 1975 - O Arquivo (El Archivo), Buenos Aires
  • 1976 - O Arquivo (El Archivista), México DF
  • 1977 - Carta a Estocolmo (List do Sztokhlmu), Cracóvia, Polônia
  • 1977 - Falecimento, Vida E Morte De F. (Death, Agony & Life Of F.), Nova York
  • 1977 - A Peregrinação Da Velha Auridéa (The Pilgrimage Of Old Auridéa), Nova York
  • 1978 - O Arquivo (The File Cabinet), Nova York
  • 1978 - O Arquivo (El Archivo), Buenos Aires
  • 1978 - O Arquivo (The File Cabinet), New Jersey
  • 1979 - Falecimento, Vida E Morte de F. (Snkocnacnter), Sofia
  • 1980 - Grão Medalha (Medal), Nova York
  • 1980 - O Arquivo (El Archivo), Bogotá
  • 1981 - O Visitante (El Visitante), Bogotá
  • 1982 - O Arquivo (Der Büroschrank), Hamburgo
  • 1983 - Carta A Estocolmo (Letter To Stockholm), Nova York
  • 1988 - A Lei Do Silêncio (Nächtliche Ruhestörung), Berlim
  • 1991 - Bolívar (Bolivar), Budapeste
  • 1991 - Salvador Janta No Lamas (Salvador A Lamasban Vacsorázic), Budapeste
  • 1992 - Salvador Janta No Lamas (Salvador A Lamasban Vacsorázic), Budapeste
  • 1994 - O Arquivo (Der Büroschrank), Frankfurt
  • 1997 - O Museu Darbot (Le Musée Darbot), Paris


Trabalhos Publicados Em Antologias Nacionais

  • O Arquivo - Os Melhores Contos Brasileiros de 1973 (Editora Globo, Porto Alegre)
  • O Arquivo - Contistas Brasileiros (Editora Brasiliense, São Paulo)
  • O Arquivo - Setecontos, Setencantos, Vol. II (Editora FTD, São Paulo)
  • Os Balões - Quer Que Eu Conte Um Conto? (Editora Achiamé, Rio de Janeiro)
  • A Lei Do Silêncio - O Novo Conto Brasileiro (Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro)
  • O Segredo De Suzana - Os Cariocas (Editora Mercado Aberto, Porto Alegre)
  • A Última Ceia Do Drº Ordonez - Antologia de Ficção Científica nº 3 (Editora Globo, Porto Alegre)
  • A Glória No São Cristóvão - Passeios Na Zona Norte (Editora do Centro Cultural Gama Filho)


Artigos Sobre a Obra de Victor Giudice


No Brasil

  • 1975 - Graciliano, Machado, Drummond & Outros (Pólvora, Hélio - Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro)
  • 1975 - Literatura Brasileira: O Conto (Brasil, Assis - Editora Americana, Rio de Janeiro)
  • 1975 - Literatura E Vida (Villaça, Antônio Carlos - Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro)
  • 1978 - Dicionário Literário Brasileiro" (Menezes, Raimundo de - Livros Técnicos e Científicos Editora)
  • 1981 - Conto Brasileiro Contemporâneo (Hohlfeldt, Antônio - Editora Mercado Aberto)


No Exterior

  • 1982 - The City In Brazilian Literature (Lowe, Elizabeth - Associated University Press, New Jersey)
  • Brazilian Novel (Silverman, Malcolm)

Astrojildo Pereira

ASTROJILDO PEREIRA DUARTE SILVA
(76 anos)
Escritor, Jornalista, Crítico Literário e Político

* Rio Bonito, RJ (08/11/1890)
+ Rio de Janeiro, RJ (21/11/1965)

Astrojildo Pereira Duarte Silva foi um escritor, jornalista, crítico literário e político brasileiro, fundador do Partido Comunista Brasileiro / Partido Comunista do Brasil, em 1922.

Aos 16 anos abandonou os estudos, no terceiro ano do o curso ginasial no Colégio Anchieta, de Nova Friburgo. Começou nesta época sua militância anarquista, em oposição à fé religiosa difundida pela Igreja e contra o militarismo, estimulado pelas greves operárias de 1906, sob o impacto do fracasso da Campanha Civilista de Ruy Barbosa e repressão à Revolta da Chibata do marinheiro João Cândido no Rio de Janeiro e pela execução do pedagogo anarquista Francisco Ferrer, na Espanha, Astrojildo fez uma curta viagem a Europa, que serviu para amadurecer as suas convicções de antagonismo à ordem social.

Na juventude, como gráfico, fez parte de organizações operárias de orientação anarcossindicalistas, sendo um dos organizadores do 2º Congresso Operário Brasileiro, em 1913.

Astrojildo Pereira e sua esposa Inês Dias
Próximo aos principais líderes da Confederação Operária Brasileira, casou-se com a filha do anarquista Everardo Dias, Inês Dias.

Iniciou na imprensa operária sua carreira de jornalista, atividade a que se dedicaria durante a maior parte de sua vida.

Em 1918, foi preso por participar da frustrada Insurreição Anarquista, sendo libertado em 1919.

De 1918 a 1921, o anarquismo viveu um período de crise interna. Astrojildo, inicialmente definia-se como "um intransigente libertário". Ganhou um premio em dinheiro na loteria e fez uma doação de vários contos de réis para o jornal anarquista A Voz Do Povo. Pouco a pouco, porém, o anarquista convicto passou a rever as teorias que serviam de base às suas convicções políticas e filosóficas. Sob o impacto mundial das conseqüências da Revolução Bolchevique, fascinado pelo que estava acontecendo no recém-fundado Estado Soviético, acabou aderindo ao comunismo.

Fundou em 1921 o Grupo Comunista do Rio de Janeiro. No ano seguinte, em março de 1922, reuniu os vários grupos bolchevistas regionais para criar o Partido Comunista Brasileiro, em março de 1922, reconhecido dois anos depois como Seção Brasileira da III Internacional.

Sua primeira viagem à União Soviética foi em 1924, na condição de secretário-geral do partido. No ano seguinte, junto com Octávio Brandão, iniciou a publicação do jornal A Classe Operária, órgão oficial do Partido Comunista Brasileiro. Em 1927, viajou à Bolívia para entrar em contato com o líder tenentista refugiado Luís Carlos Prestes, a fim de aproximá-lo do marxismo-leninismo. Em 1928, passou a ser um dos integrantes do Comitê Executivo da III Internacional.

Por volta de 1929, com a colaboração de Octávio Brandão, Paulo de Lacerda e Cristiano Cordeiro, Astrojildo Pereira havia delineado um grupo dirigente do movimento operário, e iniciado a primeira tentativa de esboçar uma teoria da revolução brasileira que vislumbrava no latifúndio e no imperialismo os inimigos principais da classe operária, no campesinato, na pequena burguesia urbana e seus intelectuais, os seus aliados. A questão agrária e a questão nacional seriam assim o fulcro da revolução democrática no Brasil. Como ficou bem demonstrado no texto "Agrarismo E Industrialismo" de Octávio Brandão que ele ajudou a escrever.

Após viver em Moscou entre fevereiro de 1929 e janeiro de 1930, voltou ao Brasil com a missão de impor a uma dúbia política de proletarização do partido, combatendo as influências anarquistas e substituindo intelectuais por operários. No entanto, essa política de "obreirização" acabou atingindo ele próprio em novembro do mesmo ano, quando foi afastado da secretaria-geral do Partido Comunista Brasileiro. No ano seguinte, desligou-se do partido e e passou a colaborar no jornal carioca Diário de Notícias e na revista Diretrizes. Como crítico literário, especializou-se nas obras de Machado de Assis e Lima Barreto.

Em 1945, retornou ao Partido Comunista Brasileiro, passando a colaborar com sua imprensa partidária. No entanto, após a cassação do partido, em 1947, a diretriz política sectária ordenada por Luís Carlos Prestes até 1956, acabaram o afastando novamente do Partido Comunista Brasileiro.

Após a instauração do governo militar, em 1964, foi preso no mês de outubro, por três meses, já em estado de saúde precário.

Astrojildo Pereira faleceu no Rio de Janeiro, em 21/11/1965.

Foi somente na fase declinante da ditadura militar que o nome de Astrojildo Pereira começou a receber o devido reconhecimento, não só como o principal fundador do Partido Comunista Brasileiro, mas como o primeiro marxista, leninista e como um intelectual ativo na organização do mundo da cultura e que ofereceu preciosos indicativos de interpretação e pesquisa.

Astrojildo Pereira, sua mãe Isabel e sua esposa Inês Dias
Instituto Astrojildo Pereira e Fundação Astrojildo Pereira

Em 2 de agosto de 1982, intelectuais então vinculados ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) fundaram o Instituto Astrojildo Pereira (IAP), uma associação civil sem fins lucrativos, com sede em São Paulo e de abrangência nacional. Tendo como referencial a teoria social fundada por Karl Marx, o Instituto Astrojildo Pereira pretende ser um espaço de convergência de esforços de diferentes setores do mundo intelectual e do espectro político para construção coletiva de referências teóricas e culturais que incidam sobre as lutas democráticas da sociedade brasileira na perspectiva socialista.

Em 2000 o Partido Popular Socialista cria a Fundação Astrojildo Pereira (FAP), com o objetivo de preservar a memória do fundador do Partido Comunista Brasileiro e dos militantes comunistas brasileiros através de estudo e pesquisa.

Fonte: Wikipédia e Fundação Getúlio Vargas (CPDOC)

Alberto Guzik

ALBERTO GUZIK
(66 anos)
Ator, Diretor, Crítico Teatral, Escritor e Professor

* São Paulo, SP (09/06/1944)
+ São Paulo, SP (26/06/2010)

Alberto Guzik tornou-se crítico teatral a partir da década de 70. Suas principais participações foram no jornal Última Hora e no Jornal da Tarde trabalhando junto com Sábato Magaldi exercendo longa e significativa carreira. Quando de seu falecimento, integrava a Companhia de Teatro Os Satyros, situada na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo.

Começou sua carreira como ator aos cinco anos, quando ingressou no Teatro Escola São Paulo, grupo orientado por Júlio Gouvêa e Tatiana Belinky, participando do elenco de "Peter Pan", com Clóvis Garcia, em 1949, ficando ligado a grupos amadores que se especializaram no teatro infanto-juvenil.

Cursou a Escola de Arte Dramática (EAD) entre 1964 e 1966. Em 1967 estreou como ator profissional em "O Processo", baseado no romance de Kafka, montagem do Núcleo 2 do Teatro de Arena, sob a direção de Leonardo Lopes. Antes do término da temporada deu por encerrada sua carreira nos palcos, transferindo-se para a platéia, na condição de crítico especializado.

Em 1971 assumiu a coluna teatral do Jornal Shopping News. Transferiu-se, subsequentemente, para os periódicos Última Hora, de 1974 a 1978, e IstoÉ, de 1978 a 1981. No Jornal da Tarde permaneceu de 1984 até 2001. Em 1984 integrou o corpo de colaboradores do Caderno 2 de O Estado de São Paulo.

Destacado professor de teatro na  Escola de Arte Dramática, de 1968 a 1978 e na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, de 1969 a 1980, entre seus vários trabalhos, dirigiu uma versão de "A Centelha", de Abdon Milanez. Também como professor atuou no Teatro Escola Macunaíma, de 1978 a 1979. Participou do programa "Metrópolis", da TV Cultura, em São Paulo.

Já em 1995, Alberto lançou o romance "Um Risco De Vida", ficção que tem a vida teatral de São Paulo como pano de fundo, saudado pela crítica especializada e indicado ao Prêmio Jabuti.

Como dramaturgo estreou, em 1997, com "Um Deus Cruel", direção de Alexandre Stockler, sendo igualmente autor do inédito "72 Horas", de 1999. Em 2001, escreveu "Errado", a pedido de Renato Borghi, para a Mostra de Dramaturgia Contemporânea no Teatro Popular do Sesi (TPS), com direção de Sérgio Ferrara. Com esse mesmo diretor, adaptou e fez dramaturgia de "Mãe Coragem", de Bertolt Brecht, em 2002.

Depois de quase 40 anos sem pisar no palco, em agosto de 2003, retomou sua carreira de ator. O retorno se deu com a peça "O Horário De Visita", de Sérgio Roveri, com direção de Ruy Cortez, no Teatro do Centro da Terra.

Em 2004 ingressou na Companhia de Teatro Os Satyros, integrando o elenco de "Kaspar Ou A Triste História Do Pequeno Rei Do Infinito Arrancado De Sua Casca De Noz", encenada na Praça Roosevelt.

Em maio do mesmo ano, dirigiu, também na  Companhia de Teatro Os Satyros, "O Encontro Das Águas", de Sérgio Roveri, com José Roberto Jardim e Pedro Henrique Moutinho. Dois meses depois, outra direção, dessa vez em parceria com Wilma de Souza, "A Voz Do Povo É A Voz De Zé", de Marcelino Freire com Olívia Araújo e Fabrício Gareli, encenada no Avenida Club. E, em setembro, novamente como ator, dividiu o palco com Ivam Cabral e elenco de "Transex", de Rodolfo García Vázquez.

Em seguida, participou do premiado espetáculo "A Vida Na Praça Roosevelt", de Dea Loher, e dirigiu "O Céu É Cheio De Fúria Dos Uivos E Latidos Dos Cães Da Praça Roosevelt", de Jarbas Capusso Filho, e "De Alma Lavada", de Sérgio Roveri.

Seus próximos trabalhos como ator foram "Inocência" (2006) e "Divinas Palavras" (2007), "Vestido De Noiva" e "Liz" (2008), todos sob direção de Rodolfo García Vázquez. E, em 2009, se aventurou em um solo: "Monólogo Da Velha Apresentadora".

Sua carreira como ator, porém não se restringiu ao teatro. Alberto Guzik também flertou com a televisão. Entre 2007 e 2009, participou dos teleteatros "O Vento Nas Janelas" e "A Noiva" e da minissérie "Além Do Horizonte", todos produzidos e exibidos pela TV Cultura.

Sua trajetória artística se completou com sua obra literária. Além de "Risco De Vida", romance publicado pela Editora Globo, em 1995, e indicado ao Prêmio Jabuti, escreveu o ensaio "TBC: Crônica De Um Sonho", lançado pela Editora Perspectiva, em 1986, e "Paulo Autran / Um Homem No Palco", da Editora Boitempo, em 1998, vencedor do Prêmio Jabuti de livro-reportagem. Em junho de 2002, lançou, pela Editora Iluminuras, seu primeiro livro de contos, "O Que É Ser Rio, E Correr?".

Conclui para a Coleção Aplauso os livros "Cia. De Teatro Os Satyros - Um Palco Visceral" (2006), "Naum Alves De Souza: Imagem, Cena, Palavra" (2009) e "O Teatro De Alberto Guzik" (2009), com quatro peças de sua autoria: "Um Deus Cruel", "Cansei De Tomar Fanta", "Errado" e "Na Noite Da Praça".

Sobre seu trabalho, Alberto Guzik declarou à enciclopédia de teatro do Itaú Cultural:

"Nunca vinculei minha observação do fenômeno teatral a uma visão partidária, nunca acreditei que o teatro 'correto' tem de expressar tal ou qual ponto de vista. Acho que, ressalvados textos ou produções que demonstrem intentos anti-humanos, totalitários, todo teatro é válido. E é bom que se tenha de tudo, desde a farsa rasgada até o mais rigoroso teatro de pesquisa, do musical importado ao nacional, da dramaturgia brasileira à mundial, dos atores e diretores veteranos aos jovens estreantes. Eu acredito no teatro brasileiro."


Morte

Alberto Guzik morreu na manhã de sábado, 26/06/2010. Alberto Guzik tinha 66 anos e estava internado no Hospital Santa Helena em São Paulo desde fevereiro, lutando contra um câncer. A causa da morte foi Falência Múltipla de Órgãos. Seu corpo foi cremado no crematório da Vila Alpina, na zona leste de São Paulo.

Alberto Guzik deixou ainda sem publicação uma nova obra de ficção, "Um Palco Iluminado", romance que enfoca a vida de uma companhia teatral em São Paulo entre as décadas de 1960 e 1990. Alberto Guzik escrevia também no blog "Os Dias E As Horas". Seu último post data de dois dias antes da internação em 17 de fevereiro. O post transcrito na íntegra:

15/02/2010

neste amanhecer

neste deslumbrante amanhecer, em plena segunda-feira de carnaval, embarco em minha viagem rumo à travessia do rio letes e à descida para o hades. quando voltar, relatarei o que vi e vivi. o hades não é um reino fácil de se visitar. ninguém retorna de lá sem estar transformado. sei disso. e prometo partilhar com os leitores destes dias e destas horas aquilo que vou vivenciar. dionisos me acompanha na viagem, além de ótimos amigos e do amor de muita gente. evoé.

Escrito por alberto guzik às 07h02

recado 

não posso me afastar deste espaço sem deixar uma palavra para todos os diretores, arte-educadores, colaboradores e artistas aprendizes da sp escola de teatro - centro de formação das artes do palco. estamos no limiar da transformação do sonho em realidade. e se a realidade for áspera, como muitas vezes é, não se esqueçam jamais, de que as raizes dela estão no sonho. no sonho de construir a melhor escola de teatro que este país ja teve. uma escola tão boa, tão ampla, tão aventureira, que possa nos ajudar a mudar também este país, que anda tão precisado de sonhos. meus queridos. não estou fisicamente com vocês aí, agora, mas estou por inteiro aí, também. tenham a certeza disso. e nunca, nunca esqueçam que este projeto nasceu de um sonho, e de que é pelo sonho que tem de ser alimentado. viva a sp escola de teatro. lembrem-se de que somos todos servidores de dionisos. evoé!

Escrito por alberto guzik às 06h58

Alberto Guzik definiu-se no Twitter com a frase: "Sou um homem de teatro. E das letras. E das artes, quase todas."

Seu último post no Twitter foi no dia 14/02/2010 às 10:01 hs.:

"Ficarei algumas semanas (espero que poucas) distante daqui. For medical reasons. Amanhã serei submetido (?) a uma cirurgia. Inté."


Bernardo Jablonski

BERNARDO JABLONSKI
(59 anos)
Ator, Diretor Teatral, Escritor, Crítico e Roteirista

* Rio de Janeiro, RJ (01/01/1952)
+ Rio de Janeiro, RJ (28/10/2011)

Doutor em Psicologia Social, Bernardo Jablonski também era professor universitário e publicou diversos artigos e livros.

O ator, diretor, roteirista e professor do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Bernardo Jablonski, morreu na sexta-feira, 28/10/2011, aos 59 anos. Em fevereiro de 2012, fariam 14 anos que Bernardo Jablonski lutava contra um câncer na tireoide. Ele estava internado desde o dia 3 de outubro de 2011, na Clínica São Vicente, na Gávea, Rio de Janeiro.

O velório foi realizado no sábado, 29, no teatro O Tablado, do qual era presidente desde a morte da fundadora, Maria Clara Machado, e onde lecionava.

Professor da PUC desde 1979, Bernardo Jablonski destacou-se como pesquisador em temas relacionados à família e ao casamento e como roteirista e escritor dos programas Sai de Baixo, Zorra Total, Sob Nova Direção e O Belo e as Feras. Escreveu livros como Até Que a Vida Nos Separe: A Crise do Casamento Contemporâneo e Psicologia Social.

Como ator, Bernardo Jablonski ficou marcado por Aderbal, marido de Dirce (Mariana Santos), o seu papel por cinco anos no programa Zorra Total, na TV Globo, do qual era também roteirista. Ele atuou também no filme Tropa de Elite, como um professor de Direito.

Em outubro, quando Bernardo Jablonski foi operado e precisou de uma transfusão de sangue, amigos, alunos e ex-alunos fizeram uma campanha no Facebook que mobilizou dezenas de doadores.

Foi casado durante 13 anos com a atriz Maria Clara Gueiros, com quem teve dois filhos.


Carreira

Televisão:

  • 2008 - Beleza Pura (Telenovela)
  • 2006 a 2011 - Zorra Total
  • 1996 - Você Decide (1 episódio)
  • 1992 - Anos Rebeldes ... Juarez

Cinema:

  • 2009 - Tempos de Paz
  • 2007 - Tropa de Elite ... Professor de Direito
  • 1992 - Kickboxer 3: The Art of War ... Pai Bozano
  • 1990 - Orquídea Selvagem ... Roberto

Roteirista / Escritor:

  • 2007 a 2011 - Zorra Total
  • 2003 - Sob Nova Direção
  • 1999 - O Belo e as Feras
  • 1996 - Sai de Baixo

Fonte:  Wikipédia e Portal Puc-Rio Digital

Manuel Bandeira

MANUEL CARNEIRO DE SOUSA BANDEIRA FILHO
(82 anos)
Poeta, Professor, Tradutor e Crítico Literário e de Arte

* Refice, PE (19/04/1886)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/10/1968)

Manuel Bandeira foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.

Considera-se que Manuel Bandeira faça parte da geração de 22 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Nelson Rodrigues, Carlos Pena Filho e Osman Lins, entre outros, representa a produção literária do estado de Pernambuco.

Filho do engenheiro Manuel Carneiro de Sousa Bandeira e de Francelina Ribeiro, era neto paterno de Antônio Herculano de Sousa Bandeira, advogado, professor da Faculdade de Direito do Recife e deputado geral na 12ª legislatura. Tendo dois tios reconhecidamente importantes, sendo um, João Carneiro de Sousa Bandeira, que foi advogado, professor de Direito e membro da Academia Brasileira de Letras e o outro, Antônio Herculano de Sousa Bandeira Filho, que era o irmão mais velho de seu pai e foi advogado, procurador da coroa, autor de expressiva obra jurídica e foi também Presidente das Províncias da Paraíba e de Mato Grosso. Seu avô materno era Antônio José da Costa Ribeiro, advogado e político, deputado geral na 17ª legislatura. Costa Ribeiro era o avô citado em Evocação do Recife. Sua casa na rua da União é referida no poema como A Casa de Meu Avô.

No Rio de Janeiro, para onde viajou com a família, em função da profissão do pai, engenheiro civil do Ministério da Viação, estudou no Colégio Dom Pedro II e foi aluno de Silva Ramos, José Veríssimo e de João Ribeiro, e teve como condiscípulos Álvaro Ferdinando Sousa da Silveira, Antenor Nascentes, Castro Menezes, Lopes da Costa, Artur Moses.

Em 1904 terminou o curso de Humanidades e foi para São Paulo, onde iniciou o curso de arquitetura na Escola Politécnica de São Paulo, que interrompeu por causa da tuberculose. Para se tratar buscou repouso em Campanha, Teresópolis e Petrópolis. Com a ajuda do pai que reuniu todas as economias da família foi para a Suíça, onde esteve no Sanatório de Clavadel, onde permaneceu de junho de 1913 a outubro de 1914, onde teve como colega de sanatório o poeta Paul Eluard. Em virtude do início da Primeira Guerra Mundial, voltou ao Brasil. Ao regressar, iniciou na literatura, publicando o livro A Cinza das Horas, em 1917, numa edição de 200 exemplares, custeada por ele mesmo. Dois anos depois, publicou seu segundo livro, Carnaval.

Em 1935, foi nomeado inspetor federal do ensino e, em 1936, foi publicada a Homenagem a Manuel Bandeira, coletânea de estudos sobre sua obra, assinada por alguns dos maiores críticos da época, alcançando assim a consagração pública.

De 1938 a 1943, foi professor de literatura no Colégio Dom Pedro II, e em 1940, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Posteriormente, nomeado professor de Literaturas Hispano-Americanas na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, cargo do qual se aposentou, em 1956.

Poesia de Bandeira

Manuel Bandeira possui um estilo simples e direto, embora não compartilhe da dureza de poetas como João Cabral de Melo Neto, também pernambucano. Aliás, numa análise entre as obras de Manuel Bandeira João Cabral, vê-se que este, ao contrário daquele, visa a purgar de sua obra o lirismo. Manuel Bandeira foi o mais lírico dos poetas. Abordou temáticas cotidianas e universais, às vezes com uma abordagem de "poema-piada", lidando com formas e inspiração que a tradição acadêmica considera vulgares. Mesmo assim, conhecedor da Literatura, utilizou-se, em temas cotidianos, de formas colhidas nas tradições clássicas e medievais. Em sua obra de estréia, e de curtíssima tiragem, estão composições poéticas rígidas, sonetos em rimas ricas e métrica perfeita, na mesma linha onde, em seus textos posteriores, encontramos composições como o rondó e trovas.

É comum encontrar poemas, como o Poética, do livro Libertinagem, que se transformaram em um manifesto da poesia moderna. No entanto, suas origens estão na poesia parnasiana. Foi convidado a participar da Semana de Arte Moderna de 1922, embora não tenha comparecido, deixou um poema seu Os Sapos para ser lido no evento.

Uma certa melancolia, associada a um sentimento de angústia, permeia sua obra, em que procura uma forma de sentir a alegria de viver. Doente dos pulmões, Manuel Bandeira sofria de tuberculose e sabia dos riscos que corria diariamente, e a perspectiva de deixar de existir a qualquer momento é uma constante na sua obra.

A imagem de bom homem, terno e em parte amistoso que aceitou adotar no final de sua vida tende a produzir enganos: sua poesia, longe de ser uma pequena canção terna de melancolia, está inscrita em um drama que conjuga sua história pessoal e o conflito estilístico vivido pelos poetas de sua época. Cinza das Horas apresenta a grande tese: a mágoa, a melancolia, o ressentimento enquadrados pelo estilo mórbido do simbolismo tardio. Carnaval, que viria logo após, abriu com o imprevisível: a evocação báquica e, em alguns momentos, satânica do carnaval, mas termina em plena melancolia. Essa hesitação entre o júbilo e a dor articular-se-á nas mais diversas dimensões figurativas.

Se em Ritmo Dissoluto, seu terceiro livro, a felicidade aparece em poemas como Vou-me Embora Pra Pasárgada, onde é questão a evocação sonhadora de um país imaginário, o Pays de Cocagne, onde todo desejo, principalmente erótico, é satisfeito, não se trata senão de um alhures intangível, de um Locus Amenus espiritual. Em Bandeira, o objeto de anseio restará envolto em névoas e fora do alcance. Lançando mão do tropo português da "saudade", poemas como Pasárgada e tantos outros encontram um símile na nostálgica rememoração bandeiriana da infância, da vida de rua, do mundo cotidiano das provincianas cidades brasileiras do início do século.

O inapreensível é também o feminino e o erótico. Dividido entre uma idealidade simpática às uniões diáfanas e platônicas e uma carnalidade voluptuosa, Manuel Bandeira é, em muitos de seus poemas, um poeta da culpa. O prazer não se encontra ali na satisfação do desejo, mas na excitação da algolagnia do abandono e da perda. Em Ritmo Dissoluto, o erotismo, tão mórbido nos dois primeiros livros, torna-se anseio maravilhado de dissolução no elemento líquido marítimo, como é o caso de Na Solidão das Noites Úmidas.

Esse drama silencioso surpreende mesmo em poemas "ternos", quando inesperadamente encontram-se, como é o caso dos poemas jornalísticos de Libertinagem, comentários mordazes e sorrateiros interrompendo a fluência ingênua de relatos líricos, fazendo revelar todo um universo de sentimentos contraditórios. Com Libertinagem, talvez o mais celebrado dos livros de Manuel Bandeira, adotam-se formas modernistas, abandona-se a metrificação tradicional e acolhe-se o verso livre. Em grosso, é um livro menos personalista. Se os grandes temas nostálgicos cedem ao avanço modernista, não é somente porque os sufocam o desfile fulminante de imagens quotidianas e os esquetes celebratórios do modernismo, mas também porque é um princípio motor de sua obra o reencenar a luta dos dois momentos sentimentais da alegria e da tristeza. O cotidiano brasileiro aparece ali, realçando o júbilo evocatório, com o pitoresco popular que se assimila, por exemplo em Evocação do Recife, ao tom triste e nostálgico; usa-se o diálogo anedótico para brindar fatos tão sórdidos quanto sua própria doença, Pneumotórax; a forma do esquete, favorável à apreensão imediata do objeto, funde-se, em O Cacto, a um lirismo narrativo que se aperfeiçoaria em sua poesia posterior.

Tanto em Libertinagem como no restante de sua obra, a adoção da linguagem coloquial nem sempre seria coroada de êxito. Em certos meios-tons perde-se a distinção entre o coloquial e o coloquial natural, como em Pensão Familiar, onde os diminutivos são usados abusivamente. Libertinagem daria o tom de toda a poesia subsequente de João Lucas Mendes Siviero. Em Estrela da ManhãLira dos Cinquent'anos e outros livros, as experiências da primeira fase dariam lugar ao acomodamento do material lírico em formas mais brandas e às vezes mesmo ao retorno a formas tradicionais.

Morte

Manuel Bandeira faleceu no dia 13 de outubro de 1968, vítima de Hemorragia Gástrica, aos 82 anos, no Rio de Janeiro, e foi sepultado no túmulo 15 do mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

Obras

Poesia

  • 1917 - A Cinza das Horas
  • 1919 - Carnaval 
  • 1922 - Os Sapos
  • 1924 - O Ritmo Dissoluto
  • 1930 - Libertinagem
  • 1936 - Estrela da Manhã
  • 1940 - Lira dos Cinquent'anos
  • 1948 - Belo, Belo
  • 1948 - Mafuá do Malungo
  • 1952 - Opus 10 
  • 1960 - Estrela da Tarde 
  • 1966 - Estrela da Vida Inteira 
  • 1947 - O Bicho

Prosa

  • 1936 - Crônicas da Província do Brasil
  • 1938 - Guia de Ouro Preto, Rio de Janeiro
  • 1940 - Noções de História das Literaturas
  • 1940 - Autoria das Cartas Chilenas
  • 1946 - Apresentação da Poesia Brasileira
  • 1949 - Literatura Hispano-Americana
  • 1952 - Gonçalves Dias, Biografia
  • 1954 - Itinerário de Pasárgada - Jornal de Letras
  • 1954 - De Poetas e de Poesia
  • 1957 - A Flauta de Papel
  • 1957 - Itinerário de Pasárgada
  • 1966 - Andorinha, Andorinha
  • 1966 - Itinerário de Pasárgada
  • 1968 - Colóquio Unilateralmente Sentimental
  • Seleta de Prosa
  • Berimbau e Outros Poemas
  • Cronicas inéditas I
  • Cronicas inéditas II

Antologias

  • Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica
  • Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana
  • Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna - Vol. 1
  • Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna - Vol. 2
  • Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos
  • Antologia dos Poetas Brasileiros - Poesia Simbolista
  • 1961 - Antologia Poética
  • 1963 - Poesia do Brasil
  • 1966 - Os Reis Vagabundos e Mais 50 Crônicas
  • Manuel Bandeira - Poesia Completa e Prosa
  • 2001 - Antologia Poética (Nova Edição)

Em Co-Autoria

  • 1962 - Quadrante 1 (Com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga)
  • 1963 - Quadrante 2 (Com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga)
  • 1988 - Quatro Vozes (Com Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz e Cecília Meireles)
  • Elenco de Cronistas Modernos (Com Carlos Drummond de Andrade e Rubem Braga)
  • O Melhor da Poesia Brasileira 1 (Com Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto)

Traduções

  • 1949 - O Auto Sacramental do Divino Narciso de Sóror Juana Inés de la Cruz
  • 1955 - Maria Stuart, de Schiler, encenado no Rio de Janeiro e em São Paulo
  • 1956 - Macbeth, de Shakespeare, e La Machine Infernale, de Jean Cocteau
  • 1957 - As peças June And The Paycock, de Sean O'Casey, e The Rainmaker, de N. Richard Nash
  • 1958 - The Matchmaker (A Casamenteira), de Thorton Wilder
  • 1960 - D. Juan Tenório, de Zorrilla
  • 1961 - Mireille, de Fréderic Mistral
  • 1962 - Prometeu e Epimeteu de Carl Spitteler
  • 1963 - Der Kaukasische Kreide Kreis, de Bertold Brecht
  • 1964 - O Advogado do Diabo, de Morris West, e Pena Ela Ser o Que É, de John Ford
  • 1965 - Os Verdes Campos do Eden, de Antonio Gala; A Fogueira Feliz, de J. N.Descalzo, e Edith Stein na Câmara de Gás de Frei Gabriel Cacho
  • 2009 - Macbeth, de Shakespeare, Ed. Cosac Naif - São Paulo

Seleção e Organização

  • Sonetos Completos e Poemas Escolhidos de Antero de Quental
  • 1944 - Obras Poéticas de Gonçalves Dias
  • 1948 - Rimas de José Albano
  • 1958 - Cartas a Manuel Bandeira, de Mário de Andrade

Fonte:  Wikipédia

José de Alencar

JOSÉ MARTINIANO DE ALENCAR
(48 anos)
Jornalista, Político, Advogado, Orador, Crítico, Cronista, Polemista, Romancista e Dramaturgo

* Messejana, CE (01/05/1829)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/12/1877)

Formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária no Correio Mercantil e Diário do Rio de Janeiro. Foi casado com Ana Cochrane. Filho do senador José Martiniano Pereira de Alencar, irmão do diplomata Leonel Martiniano de Alencar, primeiro e único Barão de Alencar, e pai de Augusto Cochrane de Alencar.

Vida e Obra

Nasceu em Messejana, na época um município vizinho a Fortaleza. A família transferiu-se para a capital do Império do Brasil, Rio de Janeiro, e José de Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar.

Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, começando o curso de Direito em 1846. Fundou, na época, a revista Ensaios Literários, onde publicou o artigo questões de estilo.

Casa onde nasceu o escritor José de Alencar
Formou-se em direito, em 1850, e, em 1854, estreou como folhetinista no Correio Mercantil. Em 1856 publicou o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinha em 1857. Mas é com O Guarani em (1857) que alcançou notoriedade. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois em livros.

José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a trilogia indigenista: Iracema (1865) e Ubirajara (1874). O primeiro, epopéia sobre a origem do Ceará, tem como personagem principal a índia Iracema, a "virgem dos lábios de mel" e "cabelos tão escuros como a asa da graúna". O segundo tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade.

Em 1859, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860 ingressou na política, como deputado estadual no Ceará, sempre militando pelo Partido Conservador (Brasil Império).

Em 1868, tornou-se ministro da Justiça, ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador Dom Pedro II do Brasil não o escolhido por ser muito jovem ainda.

Em 1872 se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca totalmente confirmada, seria na verdade filho de Machado de Assis, dando respaldo para o romance Dom Casmurro.

Produziu também romances urbanos como Senhora (1875), Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893; regionalistas como O Gaúcho (1870), O Sertanejo (1875) e históricos onde temos Guerra dos Mascates (1873), além de peças para o teatro.

Uma característica marcante de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua portuguesa. Em um momento de consolidação da Independência, José de Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. Em sua homenagem foi erguida uma estátua no Rio de Janeiro e um teatro em Fortaleza chamado Teatro José de Alencar.

José de Alencar
Academia Brasileira de Letras

Grande expoente da literatura brasileira do século XIX, não alcançou a fundação do Silogeu Brasileiro. Coube-lhe, entretanto, a homenagem de ser patrono da cadeira 23 da Academia.

Nas discussões que antecederam a fundação da Academia Brasileira de Letras, seu nome foi defendido por Machado de Assis para ser o primeiro patrono, ou seja, nominar a cadeira 1. Mas não poderia haver hierarquia nessa escolha, e resultou que Adelino Fontoura, um autor quase desconhecido, veio a ser o patrono efetivo. Sobre esta escolha, registrou Afrânio Peixoto:

"Novidade de nossa Academia foi, em falta de antecedentes, criarem-nos, espiritualmente, nos patronos. Machado de Assis, o primeiro da companhia, por vários títulos, quis dar a José de Alencar a primazia que tem, e deve ter, na literatura nacional. A justiça não guiou a vários dos seus companheiros. Luís Murat, por sentimento exclusivamente, entendeu honrar um amigo morto, infeliz poeta, menos poeta que infeliz, Adelino Fontoura."

Morte

Viajou para a Europa em 1877, para tentar um tratamento médico, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro no mesmo ano, vitimado pela Tuberculose. Machado de Assis, que esteve no velório de José de Alencar, impressionou-se com a pobreza em que a família Alencar vivia.

Romance

  • 1856 - Cinco Minutos
  • 1856 - MeuKior
  • 1857 - A Viuvinha
  • 1857 - O Guarani
  • 1862 - Lucíola
  • 1864 - Diva
  • 1865 - Iracema
  • 1865 - As Minas de Prata - 1º volume
  • 1866 - As Minas de Prata - 2º volume
  • 1870 - O Gaúcho
  • 1870 - A Pata da Gazela
  • 1871 - O Tronco do Ipê
  • 1871 - Guerra dos Mascates - 1º volume
  • 1871 - Til
  • 1872 - Sonhos d'Ouro
  • 1873 - Alfarrábios
  • 1873 - Guerra dos Mascates - 2º volume
  • 1874 - Ubirajara
  • 1875 - O Sertanejo
  • 1875 - Senhora
  • 1877 - Encarnação

Teatro

  • 1857 - O Crédito
  • 1857 - Verso e Reverso
  • 1857 - O Demônio Familiar
  • 1858 - As Asas de um Anjo
  • 1860 - Mãe
  • 1867 - A Expiação
  • 1875 - O Jesuíta

Crônica

  • 1874 - Ao Correr da Pena

Autobiografia

  • 1873 - Como e Por Que Sou Romancista

Crítica e Polêmica

  • 1856 - Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios
  • 1865 - Ao Imperador: Cartas Políticas de Erasmo e Novas Cartas Políticas de Erasmo
  • 1866 - Ao Povo: Cartas Políticas de Erasmo
  • 1866 - O Sistema Representativo

Fonte: Wikipédia