Mostrando postagens com marcador Diplomata. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Diplomata. Mostrar todas as postagens

Luiz Felipe Lampreia

LUIZ FELIPE PALMEIRA LAMPREIA
(74 anos)
Sociólogo e Diplomata

☼ Rio de Janeiro, RJ (19/10/1941)
┼ Rio de Janeiro, RJ (02/02/2016)

Luiz Felipe Palmeira Lampreia foi um sociólogo e diplomata brasileiro. Filho de João Gracie Lampreia e Maria Carolina Palmeira Lampreia, graduado em sociologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em 1962. Ingressou no Instituto Rio Branco (IRBr) no mesmo ano.

Foi nomeado terceiro-secretário em novembro de 1963, foi embaixador em Paramaribo, Suriname, em Lisboa, Portugal, e em Genebra, Organização Mundial do Comércio (OMC) e outros organismos internacionais.

Foi Secretário Geral do Itamaraty entre 1992 e 1993 e Ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2001.

Era também professor associado de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Rio).

Foi ligado institucionalmente ao Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), um think tank de relações internacionais, do qual foi vice-presidente emérito.

Foi também presidente do Conselho de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). Além disso, foi membro dos conselhos de várias empresas internacionais de consultoria em planejamento estratégico, como McLarty Associates e Oxford Analytica, empresas industriais, como Partex Oil And Gas, Souza Cruz e Coca-Cola, e do banco português Caixa Geral de Depósitos.


A objetividade e o pragmatismo sempre foram marcantes no embaixador. Quando era ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique Cardoso, Luiz Felipe Lampreia não gostava de conversas longas. Costumava resolver tudo em menos de meia hora, enquanto ouvia cantos gregorianos em seu gabinete.

Crítico ao governo do Partidos dos Trabalhadores (PT), Luiz Felipe Lampreia escreveu artigos contra a entrada da Venezuela no Mercosul e os passos dados pelo seu sucessor, Celso Amorim, no Itamaraty. Um deles foi o fim das negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA).

Apesar das divergências, Luiz Felipe Lampreia sempre teve o Estado como prioridade. Assim, há cerca de um mês, assinou, junto com mais 40 embaixadores aposentados de todas as tendências políticas, um manifesto em favor do governo brasileiro no impasse com Israel. As autoridades israelenses tornaram público o nome do líder de assentamentos em territórios palestinos, Dani Dayan, para ser embaixador em Brasília, antes mesmo da concessão do agrément, ou seja, da autorização do Brasil.

Mesmo aposentado, Luiz Felipe Lampreia nunca parou. Mantinha um blog sobre Política Internacional na página de O Globo, escrevia artigos e participava de debates e entrevistas sobre política externa com frequência. Era vinculado ao Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e presidente do Conselho de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN).

Morte

Luiz Felipe Lampreia morreu aos 74 anos, na terça-feira, 02/02/2016, após uma parada cardíaca durante a manhã, um mês depois de ter alta do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Ele havia sido internado para tratar um tumor de pulmão.

João Cabral de Melo Neto

JOÃO CABRAL DE MELO NETO
(79 anos)
Poeta e Diplomata

* Recife, PE (09/01/1920)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/10/1999)

João Cabral de Melo Neto foi um poeta e diplomata brasileiro. Sua obra poética, que vai de uma tendência surrealista até a poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil.

Irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre, João Cabral foi amigo do pintor Joan Miró e do poeta Joan Brossa. Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, foi agraciado com vários prêmios literários. Quando morreu, em 1999, especulava-se que era um forte candidato ao Prêmio Nobel de Literatura.

Foi casado com Stella Maria Barbosa de Oliveira, com quem teve os filhos Rodrigo, Inez, Luiz, Isabel e João. Casou-se em segundas núpcias, em 1986, com a poetisa Marly de Oliveira.

Sobre Sua Obra

Na poesia de João Cabral de Melo Neto percebem-se algumas dualidades antitéticas, trabalhadas com um certo barroquismo e à exaustão. Entre espaço e tempo, entre o dentro e o fora, entre o maciço e o não-maciço, entre o masculino e o feminino, entre o Nordeste desértico e a Andaluzia fértil, ou entre a Caatinga desértica e o úmido Pernambuco. É uma poesia que causa algum estranhamento a quem espera uma poesia emotiva, pois seu trabalho é basicamente cerebral e "sensacionista", buscando uma poesia construtivista e comunicativa, objetiva.

Embora exista uma tendência surrealista em seus poemas, principalmente nos iniciais, como em "Pedra do Sono", buscando uma poesia que fosse também expressiva, João Cabral de Melo Neto não precisa recorrer ao pathos (paixão) para criar uma atmosfera poética, fugindo de qualquer tendência romântica, mas busca uma construção elaborada e pensada da linguagem e do dizer da sua poesia, transformando toda a percepção em imagem de algo concreto e relacionado aos sentidos, principalmente ao do tato, como pode-se perceber bem em "Uma Faca Só Lâmina". Neste poema, João Cabral de Melo Neto apresenta a imagem da faca através da sensação de vazio que a facada deixa na carne, contrastando com a própria faca sólida que a corta.

Algumas palavras são usadas sistematicamente na poesia deste autor: cana, pedra, osso, esqueleto, dente, gume, navalha, faca, foice, lâmina, cortar, esfolado, baía, relógio, seco, mineral, deserto, asséptico, vazio, fome. Coisas sólidas e sensações táteis: uma poesia do concreto.

Pedra do Sono

Primeiro livro de poemas de João Cabral de Melo Neto, "Pedra do Sono" é uma seleção de poemas com forte teor surrealista. Dentre os temas principais estão a descrição de estados oníricos, "lunares", revelando o interesse do jovem João Cabral pelos estados fronteiriços entre o sono e a vigília. "Pedra do Sono" foi mais tarde criticado por pelo próprio. Abandonando lentamente os elementos imagéticos simbolistas e surrealistas, João Cabral de Melo Neto várias vezes expressou a importância na poesia de apresentar a imagem, em lugar de sugerir atmosferas. Ora, em "Pedra do Sono" as atmosferas são importantíssimas. As atmosferas nebulosas, meditativas, muitas das quais em lugares enclausurados não estavam em desconexão com a literatura de seu tempo e de romances anteriores algumas das quais sobreviveram da obra posterior do autor, assim como de poemas que buscam pintar o efeito delirante de uma contemplação. Anos mais tarde, João Cabral de Melo Neto criticará sua tendência nesse livro de pintar atmosferas, em lugar de falar diretamente. Essa tendência continuará em parte em seu segundo livro, "Os Três Mal-Amados". Nessa obra João Cabral de Melo Neto coloca três personagens a falar, cada um representando um estado diverso de apreensão do mundo.

Acusado de Comunista

Em 1952, quando o Partido Comunista Brasileiro estava na ilegalidade, João Cabral de Melo Neto foi acusado de criar uma "célula comunista" no Ministério de Relações Exteriores junto com mais quatro diplomatas, Antônio Houaiss, Amaury Banhos Porto de Oliveira, Jatyr de Almeida Rodrigues e Paulo Cotrim Rodrigues Pereira, sendo todos afastados do Itamaraty por Getúlio Vargas em despacho de 20/03/1953 e conseguiram retornar ao serviço em 1954 após recorrerem ao Supremo Tribunal Federal. Ele é um dos autores que leva o surrealismo a seus poemas, conhecido também como pai, mestre, grande apócrifo da literatura pré moderna.

No Supremo Tribunal Federal, João Cabral de Melo Neto foi defendido pelo advogado José Guimarães Menegale, que afirmou:

"Antes de recapitularmos, para arrematar estas razões, que a gravidade da espécie alongou, consignaremos, afinal, esta afirmação enfática e definitiva: JOÃO CABRAL DE MELO NETO não professa a ideologia comunista. Repele a acusação, não em som de ultraje pessoal, mas por figurar torpeza, com que a vilania dos intrigantes interesseiros o quer enlear, ferir e prejudicar na carreira que abraçou e em que já prestara ao Brasil os serviços de sua viva inteligência, de sua cultura política e artística, de seu singelo e fecundo patriotismo. Nem por atos anteriores à punição, nem por manifestação subseqüentes poderão inquiná-lo de tal."

Academia Brasileira de Letras

João Cabral de Melo Neto foi eleito membro da academia em 15 de agosto de 1968, e empossado em 6 de maio de 1969, recebido por Múcio Leão. Ocupou a cadeira 37, antes ocupada pelo jornalista Assis Chateaubriand com uma importância grande na Literatura Brasileira.

Obras
  • 1942 - Pedra do Sono
  • 1943 - Os Três Mal-Amados
  • 1945 - O Engenheiro
  • 1947 - Psicologia da Composição Com a Fábula de Anfion e Antiode
  • 1950 - O Cão Sem Plumas
  • 1954 - O Rio ou Relação da Viagem Que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife
  • 1955 - Morte e Vida Severina
  • 1960 - Dois Parlamentos
  • 1960 - Quaderna
  • 1966 - A Educação Pela Pedra
  • 1975 - Museu de Tudo
  • 1980 - A Escola das Facas
  • 1984 - Auto do Frade
  • 1985 - Agrestes
  • 1987 - Crime na Calle Relator
  • 1990 - Primeiros Poemas
  • 1990 - Sevilha Andando
  • 1999 - Tecendo a Manhã


Prêmios
  • 1990 - Prêmio Camões
  • 1992 - Neustadt International Prize For Literature
  • 1994 - Premio Reina Sofía de Poesía Iberoamericana


Curiosidades

  • Estranhamente, João Cabral de Melo Neto escreveu um poema sobre a aspirina, que tomava regularmente, chamando-a de "Sol", de "Luz"… De fato, desde sua juventude João Cabral tomava de três a dez aspirinas por dia. Em entrevista à TV Cultura, certa vez, ele contava que boa parte da inspiração (inspiração sempre cerebral) provinha da aspirina, que a aspirina o salvava da nulidade!
  • João Cabral de Melo Neto não compareceu a nenhuma reunião da Academia Pernambucana de Letras como acadêmico, nem mesmo a sua posse.

Fonte: Wikipédia

Barão do Rio Branco

JOSÉ MARIA DA SILVA PARANHOS JÚNIOR
(66 anos)
Diplomata, Advogado, Geógrafo e Historiador

* Rio de Janeiro, RJ (20/04/1845)
+ Rio de Janeiro, RJ (10/02/1912)

Filho de José Maria da Silva ParanhosVisconde do Rio BrancoBarão do Rio Branco é o patrono da diplomacia brasileira e uma das figuras mais importantes da história do Brasil.

Cursou o Colégio Pedro II, em 1862, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, porém transferiu-se no último ano para a Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1866. e logo em seguida viajou pela Europa.

Iniciou-se nas letras em 1863, nas páginas da revista Popular, com uma biografia de Luís Barroso Pereira, comandante da fragata Imperatriz. Posteriormente, em 1866, na revista l'Illustration, desenhou e escreveu sobre a Guerra do Paraguai, defendendo o ponto de vista do Brasil.

Em 1868, substituiu por três meses Joaquim Manuel de Macedo como professor na cadeira de Corografia e História do Brasil, no Colégio Dom Pedro II.

Em 1869, foi nomeado promotor público de Nova Friburgo. No mesmo ano acompanhou, como secretário da Missão Especial, o Visconde do Rio Branco ao Rio da Prata e ao Paraguai. No mesmo caráter se manteve, em 1870 e 1871, nas negociações de paz entre os membros da Tríplice Aliança e o Paraguai.

Regressando ao Rio de Janeiro, dedicou-se ao jornalismo. Foi dirigir o jornal A Nação, juntamente com Gusmão Lobo, tendo colaborado, a partir de 1891, no Jornal do Brasil. Em maio de 1876, Rio Branco deixava o jornalismo para aceitar o cargo de cônsul-geral do Brasil em Liverpool.


A Diplomacia

Cônsul-geral em Liverpool a partir de 1876, foi ministro acreditado na Alemanha em 1900, assumindo o Ministério das Relações Exteriores, de 03/12/1902 até sua morte, em 1912. Ocupou o cargo ao longo do mandato de quatro presidentes da república - governos de Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca - configurando-se uma unanimidade nacional em sua época.

Em 1884, recebeu a comissão de delegado à Exposição Internacional de São Petersburgo e, depois de proclamada a República, foi nomeado, em 1891, em substituição do conselheiro Antonio Prado, superintendente geral na Europa da emigração para o Brasil, cargo que exerceu até 1893.

Durante a estadia na Europa, produziu várias obras: redigiu uma memória sobre o Brasil para a Exposição de São Petersburgo; para o Le Brésil, de Sant'Anna Nery, escreveu "Esquisse de l'Histoire du Brésil"; apresentou contribuições para a Grande Encyclopédie, de Levasseur, na parte relativa ao Brasil.

Recebeu o título de Barão do Rio Branco às vésperas do fim do período imperial, mas continuou a utilizar o título "Rio Branco" em sua assinatura mesmo após a proclamação da república, em 1889. Isso se deu por ser um monarquista convicto e para homenagear seu falecido pai, o senador e diplomata José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco.

Questões Internacionais

Sua maior contribuição ao país foi a consolidação das fronteiras brasileiras, em especial por meio de processos de arbitramento ou de negociações bilaterais, dos quais se destacam três questões de fronteiras:

Amapá: Obteve uma vitória sobre a França sobre a fronteira do Amapá com a Guiana Francesa, causa ganha pelo Brasil em 1900 em uma arbitragem do governo suíço. A fronteira foi definida no Rio Oiapoque.

Palmas: Em 1895, havia já conseguido assegurar para o Brasil boa parte do território dos estados de Santa Catarina e Paraná, em litígio contra a Argentina no que ficou conhecido como a Questão de Palmas. Essa primeira arbitragem foi decidida pelo presidente norte-americano Grover Cleveland, e teve como opositor pelo lado da Argentina Estanislau Zeballos, que mais tarde se tornou ministro do exterior argentino e durante muito tempo acusou Rio Branco de perseguir uma política imperialista.

Acre: Foi o prestígio obtido nesses dois casos que fez com que Rodrigues Alves escolhesse Rio Branco para o posto máximo da diplomacia em 1902, quando o Brasil estava justamente envolvido em uma questão de fronteiras, desta vez com a Bolívia.

Esta tentava arrendar uma parte do seu território a um consórcio empresarial anglo-americano. A terra não era reclamada pelo Brasil, mas era ocupada quase que integralmente por colonos brasileiros, que liderados por Plácido de Castro resistiam às tentativas bolivianas de expulsá-los, episódio que ficou conhecido como Revolução Acreana.

Em 1903, assinou com a Bolívia o Tratado de Petrópolis, pondo fim ao conflito dos dois países em relação ao território do Acre, que passou a pertencer ao Brasil mediante compensação econômica e pequenas concessões territoriais. Esta é a mais conhecida obra diplomática de Rio Branco, cujo nome foi dado à capital daquele território, hoje Estado.


Outros Sucessos e Reconhecimento

Negociou com o Uruguai o condomínio sobre o Rio Jaguarão e a Lagoa Mirim, essencialmente uma concessão voluntária do Brasil a um vizinho que necessitava daqueles canais. Por essa razão, foi homenageado pelo governo do Uruguai, sendo conferido seu nome à antiga Pueblo Artigas, hoje cidade de Rio Branco, no departamento de Cerro Largo, vizinha da brasileira Jaguarão.

O município de Paranhos, MS, localizado na fronteira com o Paraguai foi batizado em sua homenagem.

Em 1908, então no Rio de Janeiro, convidou o engenheiro Augusto Ferreira Ramos a projetar um sistema teleférico que facilitasse o acesso ao cume do morro da Urca, conhecido mundialmente como o bondinho do Pão de Açúcar.

Em 1909, seu nome foi sugerido para a sucessão presidencial do ano seguinte. Rio Branco preferiu declinar de qualquer candidatura que não fosse de unanimidade nacional.

Foi presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1907 - 1912) e escreveu dois livros.
Seu filho, Paulo do Rio Branco, foi um proeminente jogador de rugby do Brasil na França.

Argentina e Amapá

Em 1893, Floriano Peixoto escolheu Rio Branco para substituir o Barão Aguiar de Andrade, falecido no desempenho da missão encarregada de defender os direitos do Brasil aos territórios das Missões. A questão, nos últimos dias do Império, fora submetida ao arbitramento do presidente Cleveland, dos Estados Unidos, como resultado do tratado de 07/09/1889, concluído com a Argentina.

Rio Branco, encarregado de advogar os pontos de vista brasileiros, apresentou ao presidente Cleveland uma exposição, acompanhada de valiosa documentação, reunida em seis volumes, A questão de limites entre o Brasil e a Argentina, obra que muito contribuiu para o laudo arbitral de 05/02/1895, inteiramente favorável às pretensões brasileiras.

Em 1898, foi encarregado de resolver outro importante assunto diplomático: a questão do Amapá. O tratado de 10/04/1897 escolheu para árbitro da questão o presidente da Suíça. Rio Branco vinha estudando a questão do Amapá desde 1895. Ao chegar a Berna, apresentou uma memória de sete volumes. A sentença arbitral, de 01/12/1900, foi favorável ao Brasil, e o nome de Rio Branco foi colocado em plano de superioridade em relação a qualquer outro político ou estadista brasileiro da época.

Ministro das Relações Exteriores

Em 31/12/1900 foi nomeado ministro plenipotenciário em Berlim. Em 1902 foi convidado pelo presidente Rodrigues Alves a assumir a pasta das Relações Exteriores, na qual permaneceu até a morte, em 1912.

Logo no início de sua gestão, defrontou-se com a questão do Acre, território fronteiriço que a Bolívia pretendia ocupar, solucionando-a pelo Tratado de Petrópolis. A seguir, encetou negociações com outros países limítrofes, cujas fronteiras com o Brasil suscitavam questões litigiosas. Seu empenho encerrou as velhas disputas que o Brasil mantinha com quase todos os países da América do Sul.

Em 1901, apesar dos esforços e do valor intelectual do plenipotenciário brasileiro, Joaquim Nabuco, a questão da Guiana Inglesa foi resolvida, por laudo do árbitro Victor Emanuel, rei da Itália, contra o Brasil. Rio Branco, no entanto, soube entender os motivos do laudo que despojava o Brasil de uma parte do seu território e deu a Joaquim Nabuco a compensação de nomeá-lo embaixador do Brasil em Washington.

Definindo O Contorno Do Território Brasileiro

Veio, depois, uma série de tratados memoráveis: em 1904, com o Equador; em 1906, com a Guiana Holandesa; em 1907, com a Colômbia; em 1904 e 1909, com o Peru; em 1910, com a Argentina. Ficavam definidos, de um modo geral, os contornos do território brasileiro, assim como, com pequenas alterações, ainda hoje subsistem.

Além da solução dos problemas de fronteira, Rio Branco lançou as bases de uma nova política internacional, adaptada às necessidades do Brasil moderno. Foi, nesse sentido, um devotado pan-americanista, preparando o terreno para uma aproximação mais estreita com as repúblicas hispano-americanas e acentuando a tradição de amizade e cooperação com os Estados Unidos.


Últimos Dias

Sofrendo de problemas renais, pediu demissão de seu cargo, o que foi negado pelo presidente Hermes da Fonseca.

Em seus últimos instantes de vida, lamentou o bombardeio da capital baiana, Salvador, motivado por uma crise política e ocorrido em 10/01/1912.

Sua morte, durante o carnaval de 1912, alterou o calendário da festa popular naquele ano, dado o luto oficial e as intensas homenagens que lhe renderam na cidade do Rio de Janeiro.

"Morreu ontem o Barão do Rio Branco. Há dias a sua vida era a agonia prolongada pelos recursos da ciência. A cidade, os estados, o país inteiro, as nações vizinhas, a América, o mundo indagavam ansiosa da saúde do grande homem. E o grande homem caíra para não se levantar. Fora com um imenso soble, que resistindo anos e anos ao vendaval e a intempérie  dominando a vida, de repente estala e cai. Dizer do Barão do Rio Branco uma rápida impressão de dor, de luto, de lágrimas, quando o país inteiro soluça é bem difícil. E sua obra foi enorme e grandiosa. Ele teve duas vidas: a do jornalista de talento que se fez cônsul e a do cônsul que se transformou no maior dos brasileiros pelo seu desinteressado amor à Pátria, e no maior dos diplomatas contemporâneos pelo seu alto espírito, pela alta compreensão da função que exercia. Ele foi o dilatador do Brasil, alargando-o e aumentando-o em terras, graças ao seu engenho, sem um leve ataque à justiça e ao seu direito. (...)"
(Gazeta de Notícias, 11 de fevereiro de 1912)

Por ajudar na consolidação do território nacional sempre buscando soluções pacíficas para os conflitos com os vizinhos do Brasil o Barão do Rio Branco é considerado o patrono da diplomacia brasileira.

Seu corpo foi sepultado no jazigo de seu pai, no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.

Representações Na Cultura

O Barão do Rio Branco já foi retratado como personagem no cinema, interpretado por J. Silveira no filme "A Vida do Barão do Rio Branco" (1912). Também teve sua efígie impressa nas notas de 5 mil réis de 1913 e 1924, Cr$ 5 (cinco cruzeiros) de 1950, nas de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) de 1978 - por este fato, a gíria popular brasileira incorporou o termo "barão" como sinônimo de "mil" - e cunhado no verso das moedas de 50 centavos em circulação atualmente no Brasil. Até mesmo a quantia de mil reais é designada como "um barão".

Academia Brasileira de Letras e Homenagens

Foi o segundo ocupante da cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito em 01/10/1898, na sucessão de João Manuel Pereira da Silva.

Atualmente, também há referência a seu famoso título de nobreza no nome do notório Instituto Rio Branco, instituição de ensino superior subordinada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) que forma diplomatas de carreira.

Fundado em 1945 como parte da comemoração do centenário de nascimento do Barão do Rio Branco, o Instituto Rio Branco (IRBr) localiza-se em Brasília atrás do Palácio do Itamaraty.

Seu título é também atribuído ao nome do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, localizado na cidade de Urussanga, Estado de Santa Catarina, à cidade de Rio Branco, capital do Estado do Acre à Avenida Rio Branco, uma das principais vias urbanas do centro da cidade do Rio de Janeiro, capital, e a Rua Barão do Rio Branco em Curitiba, no Paraná.


Martins Pena

LUÍS CARLOS MARTINS PENA
(33 anos)
Dramaturgo e Diplomata

* Rio de Janeiro, RJ (05/11/1815)
+ Lisboa, Portugal (07/12/1848)

Luís Carlos Martins Pena foi dramaturgo, diplomata e introdutor da comédia de costumes no Brasil, tendo sido considerado o Molière brasileiro. Sua obra caracterizou pioneiramente, com ironia e humor, as graças e desventuras da sociedade brasileira e de suas instituições. É patrono da Academia Brasileira de Letras.

Filho de João Martins Pena e Ana Francisca de Paula Julieta Pena, pessoas de poucas posses. Com um ano de idade, tornou-se órfão de pai e aos dez anos, de mãe. Seu padrasto, Antônio Maria da Silva Torres, deixou-o a cargo de tutores e, por destinação destes, ingressou na vida comercial, concluindo o curso de Comércio aos vinte anos, em 1835.

Depois, passou a frequentar a Academia Imperial das Belas Artes, onde estudou arquitetura, estatuária, desenho e música. Simultaneamente, estudava línguas, história, literatura e teatro. Em 4 de outubro de 1838, foi representada, pela primeira vez, uma peça sua, "O Juiz de Paz na Roça", no Teatro São Pedro, pela célebre companhia teatral de João Caetano, o mais famoso ator e encenador da época.

Ainda no ano de 1838, entrou para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde exerceu cargos diversos, tais como amanuense da Secretaria dos Negócios Estrangeiros, em 1843, e adido à Legação do Brasil em Londres, Inglaterra, em 1847. Durante todo este período, contribuiu para a literatura brasileira com cerca de trinta peças, das quais aproximadamente, vinte sendo comédias, o que o tornou fundador do gênero da comédia de costumes no Brasil, e as restantes constituindo farsas e dramas. De agosto de 1846 a outubro 1847, fez críticas teatrais como folhetinista do Jornal do Commercio.

Em Londres, contraiu Tuberculose, e em trânsito para o Brasil, veio a falecer em Lisboa, Portugal, com apenas 33 anos de idade, em 7 de dezembro de 1848.

Em sua obra ele debruçou-se sobre a vida do Rio de Janeiro da primeira metade do século XIX e explorou, sobretudo, o povo comum da roça e das cidades. Com a ajuda de sua singular veia cômica, encontrou um ambiente receptivo que favoreceu a sua popularidade. Construiu uma galeria de tipos que constitui um retrato realista do Brasil da época e compreende funcionários públicos, meirinhos, juízes, malandros, matutos, estrangeiros, falsos cultos e profissionais da intriga social. Suas histórias giram em torno de casos de família, casamentos, heranças, dotes, dívidas e festas da roça e das cidades.

Após sua morte, ainda vieram a público algumas de suas peças, como "O Noviço" (1853) e "Os Dois ou o Inglês Maquinista" (1871). Sua produção foi reunida em "Comédias" (1898), editado pela Editora Garnier, e em "Teatro de Martins Pena" (1965), 2 volumes, editado pelo Instituto Nacional do Livro. "Folhetins - A Semana Lírica" (1965), editado pelo então Ministério da Educação e Cultura e pelo Instituto Nacional do Livro, abrange a colaboração do autor no Jornal do Commercio (1846-1847).

Martins Pena deu ao teatro brasileiro cunho nacional, influenciando, em especial, Artur Azevedo. Sobre sua obra, escreveu o crítico e ensaísta Sílvio Romero (1851-1914):

"...se se perdessem todas as leis, escritos, memórias da história brasileira dos primeiros 50 anos desse século XIX, que está a findar, e nos ficassem somente as comédias de Martins Pena, era possível reconstruir por elas a fisionomia moral de toda esta época."

Uma das principais salas do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília, leva seu nome.

Obra

A obra de Martins Pena reúne quase 30 peças, dentre comédias, sátiras, farsas e dramas. Destacou-se especialmente por suas comédias, nas quais imprimiu caráter brasileiro, fundando o gênero da comédia de costumes no Brasil, mas foi criticado pela baixa qualidade de seus dramas. No geral, produziu peças curtas e superficiais, contidas em um único ato, apenas esboçando a natureza das personagens e criando tramas, por vezes, com pouca verossimilhança e coerência. Ainda assim, construiu muitas passagens de grande vivacidade e situações surpreendentes e é constantemente elogiado pela espontaneidade dos diálogos e pela perspicácia no registro dos costumes brasileiros, mesmo que quase sempre satirizados.

Estes aspectos da obra de Martins Pena se devem às característica do teatro da época. Quase sempre, após a representação de um drama, era encenada uma farsa, cuja função era aliviar a plateia das emoções causadas pela primeira apresentação. Na maioria das vezes, essas peças eram de origem estrangeira, comumente portuguesa.

Martins Pena, então, percebeu que poderia dar ao teatro uma natureza mais brasileira a partir de tipos, situações e costumes, tanto rurais quanto urbanos, facilmente identificáveis pelo público do Rio de Janeiro. Às cenas rurais, reservou a comicidade e o humor, explorados por meio dos hábitos rústicos e maneiras broncas da curiosa gente rural, quase sempre pessoas ingênuas e de boa índole. Já às cenas urbanas, reservou a sátira e a ironia, compondo tipos maliciosos e escolhendo temas que representavam muitos dos problemas da época, como o casamento por interesse, a carestia, a exploração do sentimento religioso, a desonestidade dos comerciantes, a corrupção das autoridades públicas, o contrabando de escravos, a exploração do país por estrangeiros e o autoritarismo patriarcal, manifesto tanto na escolha de profissão para os filhos quanto de marido para as filhas.

Apesar disso, nada foi tratado do ponto de vista trágico e nunca um desfecho era funesto. Pelo contrário, dada a finalidade destas comédias, que era a de opor-se aos dramas, a trama comum consiste na apresentação dos problemas, na resolução cômica dos empecilhos e no surgimento, muitas vezes com casamento ou namoro sério, de um final feliz.

Academia Brasileira de Letras

Martins Pena é o patrono da cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de um dos fundadores desta academia, o teatrólogo Artur de Azevedo.

Fonte: Wikipédia

Guimarães Rosa

JOÃO GUIMARÃES ROSA
(59 anos)
Escritor, Médico e Diplomata

* Cordisburgo, MG (27/06/1908)
+ Rio de Janeiro, RJ (19/11/1967)

João Guimarães Rosa foi um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos. Foi também médico e diplomata.

Os contos e romances escritos por Guimarães Rosa ambientam-se quase todos no chamado sertão brasileiro. A sua obra destaca-se, sobretudo, pelas inovações de linguagem, sendo marcada pela influência de falares populares e regionais que, somados à erudição do autor, permitiu a criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos e palavras populares, invenções e intervenções semânticas e sintáticas.

Foi o primeiro dos seis filhos de Florduardo Pinto Rosa, "Flor", e de Joanita Francisca Guimarães Rosa, "Chikuitita".

Autodidata, começou ainda criança a estudar diversos idiomas, iniciando pelo francês quando ainda não tinha 7 anos, como se pode verificar neste trecho de entrevista concedido a uma prima, anos mais tarde:

"Eu falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo. Leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado). Entendo alguns dialetos alemães. Estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês. Bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração."

Ainda pequeno, mudou-se para a casa dos avós, em Belo Horizonte, onde concluiu o curso primário. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João del-Rei, mas logo retornou a Belo Horizonte, onde se formou. Em 1925, matriculou-se na então Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos.

Em 27 de junho de 1930, casou-se com Lígia Cabral Pena, de apenas 16 anos, com quem teve duas filhas: Vilma e Agnes. Ainda nesse ano se formou e passou a exercer a profissão em Itaguara, então município de Itaúna, MG, onde permaneceu cerca de dois anos. Foi nessa localidade que passou a ter contato com os elementos do sertão que serviram de referência e inspiração a sua obra.

Retornando de Itaguara, Guimarães Rosa serviu como médico voluntário da Força Pública, atual Polícia Militar, durante a Revolução Constitucionalista de 1932, indo para o setor do Túnel em Passa-Quatro, MG, onde tomou contato com o futuro presidente Juscelino Kubitschek, naquela ocasião o médico-chefe do Hospital de Sangue. Posteriormente, entrou para o quadro da Força Pública, por concurso. Em 1933, foi para Barbacena na qualidade de Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria. Aprovado em concurso para o Itamaraty, passou alguns anos de sua vida como diplomata na Europa e na América Latina.

No início da carreira diplomática, exerceu, como primeira função no exterior, o cargo de Cônsul-adjunto do Brasil em Hamburgo, na Alemanha, de 1938 a 1942. No contexto da Segunda Guerra Mundial, para auxiliar judeus a fugir para o Brasil, emitiu, ao lado da segunda esposa, Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, mais vistos do que as cotas legalmente estipuladas, tendo, por essa ação humanitária e de coragem, ganhado, no pós-Guerra, o reconhecimento do Estado de Israel.Aracy de Carvalho Guimarães Rosa é a única mulher homenageada no Jardim dos Justos entre as Nações, no Yad Vashem que é o memorial oficial de Israel para lembrar as vitimas judaicas do Holocausto.

Guimarães Rosa e sua esposa Aracy de Carvalho

No Brasil, em sua segunda candidatura para a Academia Brasileira de Letras, foi eleito por unanimidade em 1963. Temendo ser tomado por uma forte emoção, adiou a cerimônia de posse por quatro anos. Em seu discurso, quando enfim decidiu assumir a cadeira da Academia, em 1967, chegou a afirmar, em tom de despedida, como se soubesse o que se passaria ao entardecer do domingo seguinte:

"… a gente morre é para provar que viveu!"

Faleceu três dias mais tarde na cidade do Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 1967. Se o laudo médico atestou um infarto, sua morte permanece um mistério inexplicável, sobretudo por estar previamente anunciada em sua obra mais marcante - Grande Sertão: Veredas -, romance qualificado por Guimarães Rosa como uma "autobiografia irracional".

Talvez a explicação esteja na própria travessia simbólica do rio e do sertão de Riobaldo, ou no amor inexplicável por Diadorim, maravilhoso demais e terrível demais, beleza e medo ao mesmo tempo, ser e não-ser, verdade e mentira. Diadorim-Mediador, a alma que se perde na consumação do pacto com a linguagem e a poesia. Riobaldo (Rosa-IO-bardo), o poeta-guerreiro que, em estado de transe, dá à luz obras-primas da literatura universal. Biografia e ficção se fundem e se confundem nas páginas enigmáticas de João Guimarães Rosa, desaparecido prematuramente aos 59 anos de idade, no ápice de sua carreira literária e diplomática.

Contexto Literário

Realismo mágico, regionalismo, liberdades e invenções linguísticas e neologismos são algumas das características fundamentais da literatura de Guimarães Rosa, mas não as suficientes para explicar seu sucesso. Guimarães Rosa prova o quão importante é ter a linguagem a serviço da temática, e vice-versa, uma potencializando a outra. Nesse sentido, o escritor mineiro inaugura uma metamorfose no regionalismo brasileiro que o traria de novo ao centro da ficção brasileira.

Guimarães Rosa também seria incluído no cânone internacional a partir do boom da literatura latino-americano pós-1950. O romance entrara em decadência nos Estados Unidos (onde à época era vitrine da própria arte literária, concorrendo apenas com o cinema), especialmente após a morte de Céline (1951), Thomas Mann (1955), Albert Camus (1960), Hemingway (1961), Faulkner (1962). E, a partir de Cem Anos de solidão (1967), do colombiano Gabriel García Márquez, a ficção latino-americana torna-se a representação de uma vitalidade artística e de uma capacidade de invenção ficcional que pareciam, naquele momento, perdidas para sempre. São desse período os imortais Mario Vargas Llosa (Peru), Carlos Fuentes (México), Julio Cortázar (Argentina), Juan Rulfo (México), Alejo Carpentier (Cuba) e mais recentemente Ángel Rama (Uruguai).

Academia Brasileira de Letras

É o terceiro ocupante da cadeira 2, eleito em 6 de agosto de 1963, na sucessão de João Neves da Fontoura e recebido pelo acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco em 16 de novembro de 1967.

Obras
  • 1936 - Magma
  • 1946 - Sagarana
  • 1947 - Com o Vaqueiro Mariano
  • 1956 - Corpo de Baile
  • 1956 - Grande Sertão: Veredas
  • 1962 - Primeiras Estórias
  • 1964 - Campo Geral
  • 1965 - Noites do Sertão
  • 1967 - Tutaméia - Terceiras Estórias
  • 1969 - Estas Estórias (Póstumo)
  • 1970 - Ave, Palavra (Póstumo)
  • 2011 - Antes das Primeiras Estórias (Póstumo)

Fonte: Wikipédia

Marquês de Abrantes

MIGUEL CALMON DU PIN E ALMEIDA
(68 anos)
Nobre, Político e Diplomata

* Santo Amaro da Purificação, BA (23/10/1796)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/1865)

Miguel Calmon du Pin e Almeida, Visconde Com Grandeza e Marquês de Abrantes, foi um nobre, político e diplomata brasileiro. Presidiu o conselho interino de governo da Bahia em 1823. Publicou obras notáveis sobre história, diplomacia, agricultura e outras.

Filho de José Gabriel Calmon de Almeida e de Maria Germana de Sousa Magalhães. Casou com Maria Carolina da Piedade Pereira Baía, filha de Manuel Lopes Pereira Baía (Barão de Meriti) e que, enviuvando-se, casou novamente com Joaquim Antônio de Araújo e Silva (Barão do Catete). Embora não tendo tido descendentes diretos, um sobrinho foi-lhe homônimo, e outros tantos Miguel Calmon du Pin e Almeida existiram.

Formado pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1821, de 1822 a 1823, no contexto da luta pela Independência da Bahia, presidiu o conselho interino que governou a província a partir da Vila de Cachoeira, coordenando a resistência brasileira contra o Governador das Armas, Inácio Luís Madeira de Melo.

Além dos diversos cargos públicos e condições nobiliárquicas, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, presidente da Imperial Academia de Música e provedor da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

Vida Pública

Elegeu-se deputado constituinte em 1827, assembléia da qual foi o secretário – quando foi convidado pelo imperador Dom Pedro I para ocupar a pasta da fazenda, ocasião em que organizou a Caixa de Amortização da Dívida Pública e, depois, foi Ministro dos Estrangeiros.

Uma das figuras mais expressivas do Império, foi indicado pelo imperador para governar a Bahia, recusando a indicação.

Com a abdicação de Dom Pedro I, retraiu-se da política, voltando à sua terra natal. Fundou em Santo Amaro a Sociedade de Agricultura da Bahia e a Sociedade Philomática de Química. Ligado à produção de açúcar, em 1834 escreveu o ensaio sobre o fabrico do açucar, buscando estimular e modernizar a produção, ameaçada pela concorrência estrangeira.

Retornou à política em 1837, para fazer oposição à regência do Diogo Antônio Feijó, sendo nomeado no mesmo ano, novamente, Ministro da Fazenda. Em 1840 foi eleito senador pelo Ceará, e novamente Ministro da Fazenda, quando assume o novo imperador, Dom Pedro II, após a extinção do Ministério da Maioridade.

Em 1843 torna-se conselheiro de Estado e nos dois anos seguintes cumpre missões diplomáticas em Paris, Londres e Berlim.

Incentivador da indústria, foi presidente da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (1848-1865), e primeiro presidente do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura (1860-1866).

Foi o principal organizador da Exposição Nacional, organizada sob a égide da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, em 1861. No ano seguinte volta a ocupar o Ministro dos Estrangeiros, onde protagoniza um dos mais sérios embates diplomáticos do Brasil face à Inglaterra.

No contexto da Questão Christie, a condução desse contencioso pelo ministro Miguel Calmon foi pautada pela mais hábil prudência, conduzindo-a a um resultado satisfatório ao Brasil.

Como deputado geral, pela província da Bahia, ocupou mandatos sucessivos na 1ª, 2ª e 4ª legislaturas, de 1826 a 1841.

Títulos Nobiliárquicos

Foi o primeiro e único Visconde Com Grandeza e Marquês de Abrantes.

Títulos e Comendas
  • Por sua atuação no Brasil e em Portugal, recebeu o epíteto de "Estadista de Dois Impérios".
  • Grande do Império; 
  • Veador de Sua Majestade, a Imperatriz;
  • Dignitário da Imperial Ordem da Rosa;
  • Grã-cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro;

Além destas, era membro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (de Portugal), da Ordem dos Santos Maurício e Lázaro (Itália), da Ordem de Leopoldo I (Bélgica) e da Real Ordem Constantina das Duas Sicílias.

Governo Interino da Bahia

Era partidário do movimento que resistiu ao domínio do general Madeira de Melo, português, que dominara a cidade de Salvador à revelia do então príncipe regente Dom Pedro I.

Proclamada a Independência, na Vila de Cachoeira é formado um governo interino que resiste aos ataques portugueses. Em sua mensagem ao imperador, de 1823, consigna importantes registros:

"A arte de governar foi sempre difícil. A mesma história fabulosa dos tempos heróicos, em que deuses e semi-deuses regiam os homens, e a crônica dos grandes gênios, que escorados pela justiça, prudência e sabedoria têm governado povos em diferentes idades e merecido decantadas apoteoses, não deixaram de provar esta verdade terrível.

Colaborador e consócio dos ajuntamentos patrióticos que concertavam o plano de reação que devíamos opor ao dominante infame partido português, podemos afirmar que a revolução do Recôncavo foi prematurada. (...) Neste precário e calamitoso estado de coisas, resolveram os patriotas, em 20 de agosto constituir e instalar um Governo Geral, que aliasse mais e mais todas as Vilas, e chamasse as forças, atenções e interesses para o grande fim da Salvação da Pátria."

Vitoriosos, os baianos retomaram a capital, aguardando a nomeação, pelo imperador, do presidente da província. Enfrentou, entretanto, o próprio general Pedro Labatut, a quem acusou de "ditatorial", forçando-lhe a retirada do comando das forças baianas.

Neste breve interregno, Miguel Calmon cuidou de desarmar os portugueses, que "a despeito do amor da esposa e filhos, decente fortuna, cômoda habitação, e costume de longo tempo, (tramavam) contra a causa do Brasil, haviam atraído sobre todos os naturais de Portugal o furor do povo brasileiro" - como deixou registrado, na mesma mensagem.

Atividades Maçônicas

Em 9 de setembro de 1850, em substituição a Antônio Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, é eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, cargo que ocupou até 1863, quando então o passou a Bento da Silva Lisboa.

Fonte: Wikipédia

Osvaldo Aranha

OSVALDO EUCLIDES DE SOUSA ARANHA
(65 anos)
Político e Diplomata

* Alegrete, RS (15/02/1894)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/01/1960)

Filho de Luísa de Freitas Vale, por quem foi alfabetizado, e do coronel da Guarda Nacional e fazendeiro Euclides de Sousa Aranha, dono da estância Alto Uruguai, em Itaqui (interior do Rio Grande do Sul). Passou a infância em Alegrete, cidade à qual seu avô teria fundado.

Cursou, no Rio de Janeiro, o Colégio Militar e a Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também estudou em Paris antes de advogar em seu estado natal e de ingressar na política.

Em 1923, quando explodiu a luta fratricida entre Chimangos (aliados de Borges de Medeiros - presidente da província) e Maragatos (opositores à sua quinta reeleição), chegou a pegar em armas e lutou a favor do sistema republicano de Borges de Medeiros.

Em 1925, foi intendente de Alegrete. Então, introduziu muitas modernizações, como, por exemplo, a excelente rede de esgotos da cidade. Com sua peculiar diplomacia, conseguiu a paz entre as famílias separadas pelos conflitos políticos de 1923.

Dois anos mais tarde era eleito Deputado Federal. Em 1928, tornou-se Secretário do Interior, onde dedicou grande esforço para obras educacionais.

Projeção Nacional

Amigo e aliado de Getúlio Vargas, foi o grande articulador da campanha da Aliança Liberal nas eleições, agindo nos bastidores para organizar o levante armado que depôs Washington Luís e tornou realidade a Revolução de 1930.

Em vista da vitória do movimento, Osvaldo Aranha negocia com a Junta Militar, no Rio de Janeiro, a entrega do governo a Getúlio Vargas. Posteriormente, foi nomeado Ministro da Justiça e, em 1931, Ministro da Fazenda. Neste cargo, promoveu o levantamento de empréstimos que os estados e municípios haviam contraído no estrangeiro, no período anterior a 1930, tendo em vista a consolidação global da Dívida Externa Brasileira.

Alijado do processo político para a escolha do interventor em Minas Gerais, Osvaldo Aranha pediu demissão do cargo em 1934. No mesmo ano, aceitou o cargo de Embaixador em Washington.

Nesse período como Embaixador, se impressionou com a democracia estadunidense. Atuou sempre em defesa das relações brasileiras com os Estados Unidos e se tornou amigo pessoal do presidente Roosevelt. Prestigiado no cargo, foi convidado para palestras em todo o país.

Demitiu-se do cargo de Embaixador por não aceitar os caminhos que o Brasil traçara com a declaração do Estado Novo, em 1937.

Em março de 1938, é convencido por seu amigo Getúlio Vargas a assumir o Ministério das Relações Exteriores e, no cargo, lutou contra elementos germanófilos dentro do Estado Novo, em busca de maior aproximação com os Estados Unidos, no conturbado período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Sob sua direção, o Itamaraty sofreu grandes reformas administrativas.

Projeção Internacional

No processo de envolvimento brasileiro à Segunda Guerra Mundial, Osvaldo Aranha teve papel fundamental, representando no governo a ala pan-americanista, defendendo uma aliança com os Estados Unidos sempre em oposicão aos chefes militares, capitaneados, principalmente pelo Ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, que eram partidários de uma aproximação com a Alemanha.

Na Conferência do Rio, em janeiro do 1942, presidida por Osvaldo Aranha, o Brasil, e todos os países americanos decidem por romper as relações com os Países do Eixo menos Argentina e Chile, que o fariam posteriormente. A decisão foi uma vitórias das convicções pan-americanas de Osvaldo Aranha.

Em 1944, Osvaldo Aranha se demite do cargo de Chanceler, após ser enfraquecido dentro do governo e pelo fechamento da Sociedade dos Amigos da América, do qual era vice-presidente. Para muitos observadores da época, Osvaldo Aranha era o candidato natural nas eleições de 1945, mas a parca base política e a fidelidade a Getúlio Vargas o impediram de disputar as eleições.

Voltou a cena política em 1947, como chefe da delegação brasileira na recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU). Presidiu a II Assembléia Geral da ONU que votou o Plano da ONU Para a Partição da Palestina de 1947, que culminou na criação do Estado de Israel, fato que rendeu a Osvaldo Aranha eternas gratidões dos judeus e sionistas por sua atuação.

Em 1953, no segundo Governo Vargas, voltou a ocupar a pasta da Fazenda e introduziu reformas com o objetivo de estabilizar a situação caótica econômica que o país enfrentava. Com a morte do amigo Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha se retira do governo e passa a dar atenção aos seus negócios pessoais e à advocacia. No Governo Juscelino Kubitschek, retorna à ONU, à frente da delegação brasileira, para fechar com êxito sua carreira política.

Morte

Na noite do dia 27 de janeiro de 1960, Osvaldo Aranha faleceu em sua residência, na Rua Cosme Velho nº 415, de Ataque Cardíaco. Sua morte causou grande comoção tanto no Brasil como no mundo. Seu enterro, acompanhado por milhares de pessoas, reuniu os maiores nomes da política brasileira, entre eles o presidente Juscelino Kubitschek (que foi um dos que carregaram o caixão de Osvaldo Aranha), Tancredo Neves e Horácio Lafer.

Homenagens

Por ter sido um dos articuladores da criação do Estado de Israel foi homenageado emprestando seu nome a uma rua em Tel Aviv, Israel. Pelo mesmo motivo, há também uma rua com o seu nome em Bersebá, Israel, localizada no Campus da Universidade Ben-Gurion do Negev.

Família e Acervo

Membro de uma família tradicional da Região Sudeste do Brasil, a cidade de Campinas, no Estado de São Paulo: os Souza Aranha, era bisneto da Viscondessa de Campinas, Maria Luzia de Sousa Aranha, tendo sido seus pais, Euclides Egydio de Souza Aranha e Luiza de Freitas Valle. Neto de Martim Egydio de Souza Aranha e Talvina do Amaral Nogueira. E membro de uma outra tradicional família do sudeste brasileiro e do Rio Grande do Sul: os Freitas Valle (sendo descendente do Barão de Ibirocaí, primo do Ministro das Relações Exteriores Ciro de Freitas Vale, sobrinho do Senador Eurico de Freitas Vale e primo do Senador José de Freitas Valle).

Casou-se com Delminda Benvinda Gudolle, tendo sido seus filhos, Luiza Zilda Aranha, que se casou com Sérgio Corrêa Afonso da Costa; Euclydes Aranha, Oswaldo Aranha e Delminda Gudolle Aranha, que se casou com Antônio Corrêa do Lago.

Herdou de seus pais uma extensa propriedade rural e o gosto pelos livros. Leitor compulsivo, adorava escrever cartas e teve discursos e conferências publicados. Entre seus autores prediletos estavam Victor Hugo, Eça de Queiroz, Joaquim Nabuco, Machado de Assis e, embora não fosse positivista, gostava de ler as obras do filósofo Augusto Comte.

Um trabalho minucioso de análise de seu acervo de livros é realizado pelos professores da Universidade da Campanha de Alegrete, no Rio Grande do Sul. Ao todo são contabilizados 11.485 volumes em sua biblioteca pessoal. Os professores pretendem delinear um novo perfil da personalidade histórica de Osvaldo Aranha: "Com este vasto acervo é possível contar e recontar a história deste político e diplomata", afirma um dos responsáveis pelo projeto de preservação da biblioteca particular de Osvaldo Aranha, localizada no prédio do Instituto Estadual de Educação Oswaldo Aranha, na cidade de Alegrete.

As obras do jurista Ruy Barbosa, Estadista e Ministro da Fazenda da República, aparecem com destaque em seu acervo.

Inicialmente com 4.585 livros, o acervo foi doado pelo próprio Osvaldo Aranha em 1942, para mais tarde, 1962, mais de 7 mil exemplares de obras variadas virem a ser doados pela família do ex-ministro. Além disso, também compõe o acervo mais de mil recortes de jornais, feitos a pedido do Diplomata, sobre o que saia na imprensa a seu respeito. Estes recortes integram o acervo do Museu Oswaldo Aranha, também em Alegrete. Entre as preciosidades do acervo está a coleção do jornal A Federação (1884-1937), órgão oficial do Partido Republicano Rio-Grandense, autografada pelo líder federalista Joaquim Francisco de Assis Brasil, inimigo de Borges de Medeiros, de quem Osvaldo Aranha era defensor.

Fonte: Wikipédia