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Antônio Ermírio de Moraes

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
(86 anos)
Empresário, Engenheiro e Industrial

* São Paulo, SP (04/06/1928)
+ São Paulo, SP (24/08/2014)

Antônio Ermírio de Moraes foi um empresário, engenheiro e industrial brasileiro. Foi presidente e membro do conselho de administração do Grupo Votorantim e presidente da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Seu pai, o engenheiro pernambucano José Ermírio de Morais, criou o Grupo Votorantim, comprando as ações de uma empresa de tecelagem localizada na cidade de Votorantim, São Paulo que pertencia ao seu sogro, avô de Antônio Ermírio, o imigrante português António Pereira Inácio, diversificando o negócio. Sua mãe, Helena Rodrigues Pereira, nasceu em Boituva, SP, e teve com José Ermírio de Morais, quatro filhos, dos quais Antônio Ermírio foi o segundo.

Antonio Ermírio nasceu sem um rim e isso o ajudou a lutar toda a vida. Formou-se em engenharia metalúrgica em 1949 pela Colorado School Of Mines, mesma universidade que o seu pai, José Ermírio de Morais, estudou. Casou em 1953 com Maria Regina, com quem passou a lua-de-mel na Europa.

Na década de 50, sua família foi taxada de louca por querer concorrer com os grandes produtores de alumínio, como Alcan, Alcoa e Vale, e fundou a Companhia Brasileira de Alumínio. A empresa iniciou suas operações em 1955 produzindo apenas 4 mil toneladas e completou seu cinquentenário com 400 mil toneladas.

Em 1956, Antônio Ermírio de Moraes, teve de contrair empréstimos que equivaliam a 16 meses de faturamento, na mesma época sofreu um acidente ao visitar a unidade e, queimado por soda cáustica, ficou um mês de cama. Esta experiência ajudou a sedimentar em sua obsessão por conduzir o Grupo Votorantim da forma mais conservadora possível, evitando contrair dívidas.

Após assumir o grupo, Antônio Ermírio transformou-o em uma multinacional, com a aquisição de uma fábrica de cimento no Canadá. Expandiu o Grupo Votorantim, com mais de 60 mil funcionários, atuou nas áreas de cimento, celulose, papel, alumínio, zinco, níquel, aços longos, filmes de polipropileno bi orientado, especialidades químicas e suco de laranja.

Apesar do Grupo Votorantim possuir um banco, Antônio Ermírio de Moraes era um crítico do sistema financeiro e da especulação financeira:

"Se eu não acreditasse no Brasil, seria banqueiro!"

Antônio Ermírio de Moraes, 1980
Quando o banco foi criado não se conformava com o fato dele, ocupando somente um andar e empregando poucos funcionários, ser mais lucrativo do que sua Companhia Brasileira de Alumínio. Em relação ao banco Antônio Ermírio de Moraes costumava brincar que a instituição só foi criada "para não pagar os juros cobrados pelo mercado e estabelecidos pelo Banco Central".

Ao mesmo tempo que lidava com matérias-primas, Antônio Ermírio de Moraes deu o aval para a criação da Votorantim Ventures, a caçula das empresas do grupo criada há quase quatro anos. A Votorantim Ventures é um fundo de investimento com 300 milhões de dólares para investir em áreas tão diversas como biotecnologia, bioinformática, distribuição de MRO, serviços de datacenter e de call center, comércio eletrônico e biodiversidade.

Assim como o pai, aventurou-se na política, lançando-se à candidatura ao governo do Estado de São Paulo em 1986 pela União Liberal Trabalhista Social (PTB, PL e PSC), ficando em segundo lugar, perdendo para Orestes Quércia, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em uma época em que não havia segundo turno. Durante esta experiência ficou chocado com as manobras políticas e fisiológicas, todos que o abordavam pediam cargos para poder ficar sem trabalhar.

Foi a frustração com a política que o levou a escrever peças teatrais, dizia que "a política é o maior de todos os teatros". É autor de três peças de teatro, duas já lançadas no circuito paulistano: "Brasil S.A.", "Acorda Brasil" e "S.O.S Brasil". Todas as peças acabaram virando livro e a peça "Acorda Brasil" foi vista por 26 mil pessoas.

Também escreveu para a Folha de São Paulo uma coluna dominical durante 17 anos. O empresário sempre dedicou parte de seu tempo à Sociedade Beneficência Portuguesa de São Paulo, uma hora e meia todo dia. Também se dedicou à Associação Cruz Verde de São Paulo, à Fundação Antônio Prudente, entre outras organizações não governamentais.

Em 2001 deixou a presidência do conselho de administração do Grupo Votorantim e entregou o comando do conglomerado aos filhos e sobrinhos. Trabalhador incansável, uma combinação de doenças afetaram sua mente e seus movimentos, imobilizando-o numa cama, levando-o a sofrer de Hidrocefalia e Mal de Alzheimer.


Resultados e Homenagens

Em 2013 a família de Antônio Ermírio de Moraes apareceram entre os 100 maiores bilionários do mundo, segundo ranking da Forbes, com fortuna avaliada em US$ 12,7 bilhões. No Brasil, a família foi considerada a terceira mais rica, segundo ranking divulgado pela revista em maio de 2014.

Antônio Ermírio de Moraes trabalhava 12 horas por dia, mas ponderava que era preciso moderação.

"Na vida, o meio termo é o correto, nem tanto ao mar,  nem tanto à terra. Eu acho que é preciso trabalhar, mas não se descuidar do lazer, para você, para sua família, para sua saúde inclusive!"
(Antônio Ermírio de Moraes durante uma entrevista à rádio CBN)

Pela intensa atividade social e pela trajetória empresarial ascendente, o empresário é um ícone da classe empresarial industrial. O currículo exibe ainda o Prêmio Eminente Engenheiro do Ano, mérito reconhecido em 1979. Em 2003 recebeu a Medalha do Conhecimento do Governo Federal.

Sua família ganhou o destaque do Prêmio Octavio Frias de Oliveira, tanto pela administração do Hospital Beneficência Portuguesa há mais de 50 anos, quanto pela participação no conselho curador da rede voluntária do Hospital A.C. Camargo e ser uma das maiores doadoras da Associação de Assistência à Criança Deficiente.

Em 2013, a vida do empresário foi retratada pelo sociólogo José Pastore em uma biografia intitulada "Antônio Ermírio de Moraes: Memórias de Um Diário Confidencial".

"No campo pessoal, a marca de Antônio Ermírio foi a simplicidade, sempre acompanhada de humildade e generosidade. Como empresário ele tinha como meta investir continuamente para gerar empregos de boa qualidade. [...] Como investidor ele pregava ser de responsabilidade dos empresários não apenas produzir e pagar impostos, mas também, ajudar o próximo. E para tanto, ele deu o exemplo ao longo dos seus 60 anos de trabalho", disse José Pastore, em nota.

Maria Regina Costa de Moraes e Antônio Ermírio de Moraes
Família

Antônio Ermírio de Moraes tinha 9 filhos, entre eles, Regina de Moraes, presidente da ONG Velho Amigo. Seu filho Carlos Ermírio de Moraes faleceu no dia 18/08/2011 após lutar durante 4 anos contra um câncer.


Morte

Antônio Ermírio de Moraes morreu na noite de domingo, 24/08/2014, em São Paulo, aos 86 anos. Segundo informações da assessoria de imprensa da empresa, ele morreu em sua casa, no Morumbi, Zona Sul, vítima de insuficiência cardíaca.

O corpo do empresário será velado a partir das 09:00 hs de segunda-feira, 25/08/2014, no Salão Nobre do Hospital Beneficência Portuguesa. A partir das 16:00 hs, o cortejo deve seguir ao Cemitério do Morumbi, onde ele será sepultado. Antônio Ermírio de Moraes deixa a esposa, Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos.


Nota do Grupo Votorantim

"É com grande pesar que o Grupo Votorantim comunica o falecimento do Drº  Antônio Ermírio de Moraes, aos 86 anos, na noite deste domingo, 24 de agosto, em São Paulo.
Presidente de honra do Grupo Votorantim, Dr. Antônio era engenheiro metalúrgico formado pela Colorado School Of Mines (EUA) e iniciou sua carreira no Grupo em 1949, sendo o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio, inaugurada em 1955.
Com o falecimento do Drº Antônio Ermírio de Moraes, o Grupo Votorantim perde um grande líder, que serviu de exemplo e inspiração para seus valores, como ética, respeito e empreendedorismo, e que defendia o papel social da iniciativa privada para a construção de um país melhor e mais justo, com saúde e educação de qualidade para todos.
Drº Antônio deixa a esposa, Dona Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos. O corpo será velado a partir das 9h desta segunda-feira no Salão Nobre do Hospital Beneficência Portuguesa e o cortejo sairá às 16h rumo ao Cemitério do Morumbi, onde o corpo será enterrado."

Alberto Pittigliani

ALBERTO PITTIIGLIIANI
(85 anos)
Empresário, Comerciante, Industrial e Financista

* Imbituba, SC (16/04/1918)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/08/2003)

Alberto Pittigliani, em 1954, adquiriu a gravadora Sinter, que transformou em uma das maiores do país, a Companhia Brasileira de Discos, vendendo-a quatro anos depois para a Philips, que o conservou na presidência até 1966. Sob sua direção, a gravadora obteve sucesso com o surgimento da Bossa Nova e foram lançados artistas como Elis Regina e Jorge Ben, hoje Jorge Benjor.

Alberto Pittigliani sempre incentivou a gravação de autores da Música Popular Brasileira, inclusive os da Velha Guarda, como Lamartine Babo, Pixinguinha, Ary Barroso, Ataulfo Alves, entre outros.

Além de gravar também com intérpretes brasileiros que viriam a se tornar grandes nomes do cenário internacional, teve participação direta na gravação e divulgação da música erudita nacional, produzindo discos de música clássica, de autores como Villa-Lobos, Radamés Gnattali, Cláudio Santoro, entre outros.

Alberto Pittigliani, Teresinha Morango e os filhos Alberto Jr e Andréa.
Pioneiro na modernização da indústria fonográfica nacional, foi o primeiro a lançar o disco Long-Play (LP) e a montar, em São Paulo, uma fábrica de fitas minicassete. Foi o fundador e o primeiro presidente da Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD).

Deixando o mundo do disco, foi um empresário de grande sucesso, tendo sido dono da fábrica de bebida Seagrams, que lançou no Brasil o Campari, e fundador da Tibrás, fábrica de titânio localizada na Bahia.

Alberto Pittigliani foi casado com Augusta Belleti, com quem teve uma filha, Suely Stambowsky, e com Teresinha Morango, Miss Brasil 1957, mãe de Andrea Pittigliani e Alberto Pittigliani Júnior.

Indicação: Miguel Sampaio

Jorge Street

JORGE LUÍS GUSTAVO STREET
(75 anos)
Médico, Empresário e Industrial

* Rio de Janeiro, RJ (22/12/1863)
+ São Paulo, SP (23/02/1939)

Jorge Luís Gustavo Street nasceu a 22 de dezembro de 1863, no Rio de Janeiro. Filho de Ernesto Diniz Street, austríaco, de origem inglesa e francesa, e de Heloísa Leopoldina Simonsen Street, brasileira.

Fez os cursos primário e secundário nos Colégios Almeida Martins e Vitória, no Rio de Janeiro e completou-os na cidade de Bonn, Alemanha Ocidental, humanidades, residindo em casa de uma família alemã, os Schilling, pela qual conservou grata recordação.

Formou-se em 1886 pela Escola de Medicina do Rio de Janeiro e em seguida fez cursos de aperfeiçoamento em Paris, Berlim e Viena. Dominava os idiomas francês e alemão. Regressando ao Brasil, exerceu medicina no Rio de Janeiro e em Petrópolis. Em 1894 ingressou na atividade industrial, recebendo de seu pai as ações da fábrica de sacaria de juta, no Rio de Janeiro.

Zélia Frias e Jorge Street
Casou-se em 25 de janeiro de 1897 com Zélia Frias, tendo o casal seis filhos. Em 1900 foi eleito para a diretoria da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e em 1904, com a fusão da Sociedade Auxiliadora com o Centro de Fiação e Tecelagem de Algodão, resultando no Centro Industrial do Brasil, foi eleito secretário-geral deste, permanecendo em sua diretoria até 1927.

Em 1904 fez as primeiras negociações para a compra da fábrica de sacaria de juta Santana, de propriedade do Conde Penteado, e iniciou a expansão da Companhia Nacional de Tecidos de Juta. Em 1912 principiou a construção da fábrica e Vila Operária Maria Zélia, em São Paulo, dirigindo-as até 1923, quando renunciou à direção da Companhia Nacional de Tecidos de Juta.

Família Street em 1913
Em 20 de junho de 1926, foi eleito presidente do Centro dos Industriais de Fiação e Tecelagem de São Paulo, cargo que ocupou até 18 de março de 1929. Em 11 de junho de 1927 fundou a Companhia de Tecidos de Algodão, no bairro da Mooca, São Paulo. Em 1928 fez parte da diretoria do centro das Industrias do Estado de São Paulo no cargo de primeiro-secretário, em 1931 foi consultor técnico da Federação das Industrias do Estado de São Paulo.

Em 31 de março de 1931 foi nomeado diretor-geral do Departamento Nacional de Industria e Comércio, do Ministério do Trabalho, Industria e Comércio. Em 1934 foi nomeado pelo interventor Armando Salles de Oliveira para o cargo de diretor-geral do Departamento Estadual do Trabalho, permanecendo no cargo até 1936.

Jorge Street faleceu em São Paulo a 23 de fevereiro de 1939.

Fonte: Jorge Street

Barão de Mauá

IRINEO EVANGELISTA DE SOUZA
(75 anos)
Comerciante, Armador, Industrial e Banqueiro

* Arroio Grande, RS (28/12/1813)
+ Petrópolis, RJ (21/10/1889)

Irineo Evangelista de Souza, Barão e Visconde com grandeza de Mauá, foi um comerciante, armador, industrial e banqueiro brasileiro. Ao longo de sua vida foi merecedor, por contribuição à industrialização do Brasil no período do Império (1822-1889), dos títulos nobiliárquicos primeiro de Barão (1854) e depois de Visconde de Mauá (1874).

Foi pioneiro em várias áreas da economia do Brasil. Dentre as suas maiores realizações encontra-se a implantação da primeira fundição de ferro e estaleiro no país, a construção da primeira ferrovia brasileira, a Estrada de Ferro Mauá, no atual estado do Rio de Janeiro, o início da exploração do rio Amazonas e afluentes, bem como o Guaíba e afluentes, no Rio Grande do Sul, com barcos a vapor, a instalação da iluminação pública a gás na cidade do Rio de Janeiro, a criação do primeiro Banco do Brasil, e a instalação do cabo submarino telegráfico entre a América do Sul e a Europa.

Primeiro como Barão, título recebido após construir a primeira estrada de ferro da América do Sul, e vinte anos depois, Visconde de Mauá, Irineo Evangelista de Sousa é o principal representante dos primórdios do capitalismo na América do Sul, ao incorporar e adotar, no Brasil, ainda no período do Império brasileiro (1822-1889), em suas empresas, os recursos e maquinários aplicados na Europa e nos Estados Unidos no período da Revolução Industrial do século XIX.

É considerado, pelos registros históricos, como o primeiro grande industrial brasileiro. Foi um dos grandes opositores da escravatura e do tráfico de escravos, entendendo que somente a partir de um comércio livre e trabalhadores libertos e com rendimentos poderia o Brasil alcançar situação de prosperidade. Todavia, somente com a Lei Áurea, de 1888, foi abolida a escravatura no Brasil, assinada pela Princesa Isabel.

Nascido em uma família de proprietários de pequena estância de criação de gado no Rio Grande do Sul, na fronteira com a República do Uruguai, Irineo Evangelista de Sousa ascendeu socialmente pelos seus próprios méritos, estudos e iniciativa, sendo considerado um dos empreendedores mais importantes do Brasil, no século XIX, estando à frente de grandes iniciativas e obras estruturadoras relacionadas ao progresso econômico no Segundo Reinado. De início incompreendido e contestado por uma sociedade rural e escravocrata, hoje é considerado o símbolo dos empreendedores capitalistas brasileiros do século XIX.

Foi precursor, no Brasil, do liberalismo econômico, defensor da abolição da escravatura, da valorização da mão-de-obra e do investimento em tecnologia. No auge da sua carreira (1860), controlava dezessete empresas localizadas em seis países (Brasil, Uruguai, Argentina, Inglaterra, França e Estados Unidos). No balanço consolidado das suas empresas em 1867, os seus ativos foram estimados em 155 mil contos de réis (155 milhões de Libras Esterlinas), enquanto o orçamento do Império, no mesmo ano, contabilizava 97 mil contos de réis (97 milhões de Libras Esterlinas). Sua biografia ficou conhecida, principalmente, pela exposição de motivos que apresentou aos credores e ao público ao ter a falência do seu banco, a Casa Mauá & Cia., decretada em 1878.

Litografia por Sisson (1861)
A Infância e a Juventude

Natural da Vila de Nossa Senhora da Conceição do Arroio Grande, à época distrito de Jaguarão, na então Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, atual Rio Grande do Sul, era filho de João Evangelista de Ávila e Sousa e de Mariana de Jesus Batista de Carvalho, sendo neto paterno do fundador da freguesia, Manuel Jerônimo de Sousa.

Aos cinco anos de idade, em 1818, Irineo ficou órfão de pai, assassinado por ladrões de gado. Em 1821, sua mãe, Mariana de Jesus Batista de Carvalho, casou-se com João Jesus. Todavia, como o novo esposo não desejava conviver com os filhos do primeiro casamento da viúva, a filha mais velha, Guilhermina, foi obrigada a casar com apenas doze anos de idade. E Irineo, aos oito anos, foi entregue para a guarda de um tio, Manuel José de Carvalho.

Nesse período inicial de guarda com seu tio, Manuel José de Carvalho, no interior de São Paulo, Irineo foi alfabetizado. Aos nove anos de idade, Irineo seguiu com outro tio, José Batista de Carvalho, comandante de embarcação da marinha mercante, que transportava em seu navio couros e charque do porto do Rio Grande para o Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil.

No Rio de Janeiro, em estabelecimento comercial situado na Praça do Comércio, Irineo foi empregado, por indicação do tio, aos nove anos de idade, e ali se ocupou como caixeiro do armazém, das sete horas da manhã às dez da noite, a troco de moradia e comida. Aos onze anos foi trabalhar no comércio do português Antônio Pereira de Almeida, onde se vendiam desde produtos agrícolas até escravos - essa última, a maior fonte de renda do comerciante, de quem se tornou empregado de confiança, vindo a ser promovido, em 1828, a guarda-livros.

Diante da falência do comerciante, na crise do Primeiro Reinado (1822-1831) do Império do Brasil (1822-1889), liquidou as dívidas do patrão. Por recomendação do antigo empregador, foi admitido na empresa de importação do escocês Richard Carruthers em 1830, onde aprendeu inglês, contabilidade e aperfeiçoou a arte de comerciar.

Aos 23 anos tornou-se gerente e, logo depois, sócio da empresa. Richard Carruthers, percebendo o potencial de Irineo, iniciou-o na maçonaria (Rito de York), cujos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade tiveram influência direta na postura do Barão. Quando Richard Carruthers retornou para o Reino Unido, em 1839, Irineo assumiu os negócios da empresa. Adquiriu uma chácara em Santa Teresa onde foi residir e auxiliou conterrâneos envolvidos na Revolução Farroupilha a escapar de prisões no Rio de Janeiro.

Sua esposa, Maria Joaquina de Sousa (1861)
A Família e Descendentes

Em 1839, mandou buscar sua mãe, Mariana de Jesus Batista de Carvalho, já viúva, e sua única irmã, Guilhermina de Sousa Machado, que residiam no Rio Grande do Sul. Junto com elas, chegou ao Rio de Janeiro a sua sobrinha, Maria Joaquina de Sousa Machado, a May (apelido dado em referência ao mês de aniversário da mesma, "maio" em inglês), por quem Irineo se apaixonou e desposou em 1841.

Do casamento com sua sobrinha Maria Joaquina de Sousa Machado, Irineo teve ao todo dezoito filhos, sendo que onze nasceram com vida: Lísia (1842-1855), Irineo (1843-1849), Irineo Evangelista (1851-1915), Henrique (1852-1929), Artur (1853-1874), Maria Carolina (1854-1941), Ricardo (1856-1884), Lísia Ricardina (1860-1890), Hermínia (1862-1868), Irene (1865-1895) e Alice (1867-1869). Dos onze filhos nascidos vivos, sete atingiram a maioridade e apenas cinco sobreviveram após a morte do pai, em 1889. A morte prematura da maioria dos filhos, devido a doenças, era atribuída à proximidade do grau de parentesco entre Irineo e sua esposa, e dos problemas genéticos desse fato decorrentes.

Barão de Mauá em gravura de 1884
O Industrial

Uma viagem de negócios que fez à Inglaterra, em busca de recursos em 1840, permitiu a Irineo conhecer fábricas, fundições de ferro e o mundo dos empreendimentos capitalistas, convencendo-o de que o Brasil deveria trilhar o caminho da industrialização. A Inglaterra fora o cerne da Revolução Industrial, e o Brasil ainda era um país de produção rural. Ao retornar, diante da decretação da chamada Tarifa Alves Branco em 1844 e da alta dos preços do café no mercado internacional no período, decidiu tornar-se um industrial.

Tendo obtido junto ao governo imperial brasileiro a concessão do fornecimento de tubos de ferro para a canalização do Rio Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro em 1845, liquidou os interesses da Casa Carruthers e, no ano seguinte, adquiriu uma pequena fundição situada na Ponta da Areia, em Niterói, na então Província do Rio de Janeiro. Imprimindo-lhe nova dinâmica empresarial, transformou-a em um estaleiro de construções navais, dando início à indústria naval brasileira. No ano seguinte, o Estabelecimento de Fundição e Companhia Estaleiro da Ponta da Areia já multiplicara por quatro o seu patrimônio inicial, tornando-se o maior empreendimento industrial do país, empregando mais de mil operários e produzindo navios, caldeiras para máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas, além de artilharia, postes para iluminação e canos de ferro para águas e gás. Deste complexo saíram mais de setenta e dois navios em onze anos, entre os quais as embarcações brasileiras utilizadas nas intervenções platinas e as embarcações para o tráfego no rio Amazonas. Em 1849 construiu o maior navio mercante até então construído no país, o Serpente, um navio negreiro rápido, encomendado por Manuel Pinto da Fonseca, que depois de realizar uma única viagem de tráfico de escravos à África, foi vendido à Marinha do Brasil e rebatizado Golfinho.

O estaleiro, na Ponta da Areia, Niterói, Rio de janeiro, foi destruído por um incêndio em 1857 e reconstruído três anos mais tarde. Nos seus onze primeiros anos, antes do incêndio, havia fabricado 72 navios, dentre os a vapor e à vela. Acabou-se de vez quando a lei de 1860 isentou de direitos a entrada de navios construídos fora do país. Isso conduziu a empresa à falência.

Na época, o tráfico de escravos gerava muito dinheiro. Porém, Irineo utilizou os recursos usados para a compra de africanos para financiar suas ideias promissoras.


O Banqueiro

Com a extinção do tráfico negreiro, a partir da Lei Eusébio de Queirós (1850), os capitais até então empregados no comércio de escravos passaram a ser investidos na industrialização. Aproveitando essa oportunidade, Irineo passou a se dividir entre as atividades de industrial e banqueiro, tendo acumulado fortuna aos quarenta anos de idade.

Entre os investimentos que realizou, além do estaleiro e fundição na Ponta da Areia, destacam-se:

  • O projeto de iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro, cuja concessão de exploração obteve por vinte anos. Pelo contrato, o empresário comprometia-se a substituir 21 milhas de lampiões a óleo de baleia por outros, novos, de sua fabricação, erguendo uma fábrica de gás nos limites da cidade. Os investidores só começaram a subscrever as ações da Companhia de Iluminação a Gás quando os primeiros lampiões, no centro da cidade, foram acesos, surpreendendo a população em 25 de março de 1854. Posteriormente, premido por dificuldades financeiras, Irineo cedeu os seus direitos de exploração a uma empresa de capital britânico, mediante 1,2 milhão de libras esterlinas e de ações no valor de 3.600 contos de réis.
  • A organização da Companhia de Navegação do Amazonas em 1852, com embarcações a vapor fabricadas no estaleiro da Ponta da Areia. Posteriormente, em 1866, o Império concedeu a liberdade de navegação do rio Amazonas a todas as nações, levando Irineo a desistir do empreendimento, transferindo os seus interesses a uma empresa de capital britânico.
  • A construção de um trecho de 14 quilômetros de linha férrea entre o Porto de Mauá, na baía de Guanabara, e a Estação de Fragoso, na raiz da Serra da Estrela, em Petrópolis, na então Província do Rio de Janeiro, a primeira no Brasil. No dia da inauguração, 30 de abril de 1854, na presença do imperador e de autoridades, a locomotiva, posteriormente apelidada de Baronesa (em homenagem à esposa de Mauá), percorreu em 23 minutos o percurso. Na mesma data, em reconhecimento, o empresário recebeu o título de Barão de Mauá. Este seria o primeiro trecho de um projeto maior, visando a comunicar a região cafeicultora do vale do rio Paraíba e de Minas Gerais ao porto do Rio de Janeiro. Em 1873 pela Estrada União e Indústria, a primeira estrada pavimentada no país, chegavam as primeiras cargas de Minas Gerais para a Estrada de Ferro Dom Pedro II, depois Estrada de Ferro Central do Brasil, empreendimento estatal inaugurado em 1858, que oferecia fretes mais baixos. Em 1882, vencidas as dificuldades técnicas da serra, os trilhos chegavam a Petrópolis.
  • O estabelecimento de uma companhia de bondes puxados por burros na cidade do Rio de Janeiro, cujo contrato para exploração Barão de Mauá adquiriu em 1862, mas cujos direitos, devido a necessidades de caixa, foram cedidos à empresa de capital norte-americano Botanical Garden’s Railroad (1866), que inaugurou a primeira linha de bondes em 1868, organizando uma lucrativa rede de transportes.
  • A participação, como acionista, no empreendimento da Recife & São Francisco Railway Company, a segunda do Brasil, em sociedade com capitalistas ingleses e de cafeicultores paulistas, destinada a escoar a safra de açúcar da região.
  • Participação, como acionista, na Ferrovia Dom Pedro II, mesmo tendo consciência que, pelo seu traçado, essa rodovia tiraria toda a competitividade da Rio-Petrópolis.
  • A participação, como empreendedor, na São Paulo Railway, depois Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, empreendimento totalmente custeado por ele, sendo a quinta ferrovia do país, em 16 de fevereiro de 1867.
  • O assentamento do cabo submarino, em 1874.

Em 1852, o Irineo fundou o Banco Mauá, MacGregor & Cia, com filiais em várias capitais brasileiras e em Londres, Paris e Nova York. No Uruguai, fundou em 1857 o Banco Mauá Y Cia., sendo o primeiro estabelecimento bancário daquele país, inclusive com autorização de emitir papel-moeda, sendo que tal banco abriu filial em Buenos Aires, tendo sido citado por Jules Verne como um dos principais bancos da América do Sul.

Mauá em 1885, aos 72 anos de idade
Política e Decadência

De ideias políticas de caráter liberal e defensor do abolicionismo, forneceu os recursos financeiros necessários à defesa de Montevidéu quando o governo imperial decidiu intervir nas questões platinas em 1850. Contrário à Guerra do Paraguai, foi deputado pela Província do Rio Grande do Sul em diversas legislaturas (1856, 1859-1860, 1861-1864, 1864-1866 e 1872-1875), tendo renunciado ao mandato em 1873 para melhor cuidar de seus negócios, ameaçados desde a crise bancária que se iniciara em 1864.

Teve influência política no Uruguai desde 1850, quando a pedido do amigo Paulino José Soares de Sousa, Visconde do Uruguai e então Ministro dos Estrangeiros, ajudou financeiramente os liberais sitiados em Montevidéu. Lá suas ações passaram a receber favores ou revezes, de acordo com o domínio de blancos ou colorados.

No Brasil, mesmo eleito pelo Partido Liberal, apoiou o gabinete de seu amigo Visconde do Rio Branco (1871-1875).

A combinação das suas ideias, juntamente com o agravamento da instabilidade política da região platina, tornou-o alvo das intrigas dos conservadores. As suas instalações passaram a ser alvo de sabotagens criminosas e os seus negócios foram abalados pela legislação que reduziu as taxas de importação sobre as importações de máquinas, ferramentas e ferragens (Tarifa Silva Ferraz, 1860). Com a falência do Banco Mauá em 1875, pediu moratória por três anos, sendo obrigado a vender a maioria de suas empresas a capitalistas estrangeiros e ainda os seus bens pessoais para liquidar as dívidas.

Doente, minado pelo diabetes, após liquidar as suas dívidas, encerrou um capítulo da sua vida empresarial. Com o pouco que lhe restou e o auxílio de familiares, dedicou-se à corretagem de café até falecer, aos 76 anos de idade, em sua residência na cidade de Petrópolis poucas semanas antes da queda do Império.

Seu corpo foi trazido à corte de trem, pela mesma estrada de ferro que construíra anos antes, e sepultado no mausoléu de sua família, no Cemitério de São Francisco de Paula, no bairro do Catumbi.


A Visão Empresarial de Mauá

Convivendo em uma sociedade rural e escravocrata, o contato com a mentalidade empresarial britânica que, nos meados do século XIX, gestava a segunda fase da Revolução Industrial, foi determinante para a formação do pensamento de Barão de Mauá.

O seu estilo liberal de administrar era personalíssimo para o Brasil, país acostumado à forte centralização monárquica que o Poder Moderador, expresso na Constituição de 1824, havia reafirmado. Sua característica principal, em qualquer setor econômico que atuou, foi o pioneirismo.

Com menos de trinta anos, já possuía fortuna que, segundo ele próprio, "assegurava-lhe a mais completa independência".

Os seus primeiros passos como empresário foram marcados pela ousadia de projeto, apostando no emprego à tecnologia de ponta. Em toda a sua carreira preocupou-se com a correta gestão de recursos, marcada por uma administração descentralizada, onde a responsabilidade de cada indivíduo na cadeia de comando era valorizada. A sua política salarial expressava, em si própria, um investimento nos talentos de seus empregados, tendo sido pioneiro, no país, na distribuição de lucros da empresa aos funcionários. Em complemento, incentivava os seus colaboradores mais próximos a montar empresas e a fazer negócios por conta própria. O nível de gerência era contemplado com créditos e apoio logístico para operar os empreendimentos, o que combinado com a autonomia administrativa e com a participação nos lucros, permitia fazer face à maioria das dificuldades.

Desse modo, Barão de Mauá controlou oito das dez maiores empresas do país: as restantes eram o Banco do Brasil e a Estrada de Ferro Dom Pedro II, ambas empreendimentos estatais. Chegou a controlar dezessete empresas, com filiais operando em seis países. Sua fortuna em 1867, atingiu o valor de 115 mil contos de réis, enquanto o orçamento do Império do Brasil para aquele ano contava apenas com 97 mil contos de réis. Estima-se que a sua fortuna seria equivalente a 60 bilhões de dólares, nos dias de hoje.

Barão de Mauá também foi muito conhecido por suas ideias contrárias à escravidão, o que o distanciava das elites políticas do Império, o que se ressentiu indiretamente nos seus interesses comerciais. Com o passar dos anos, Barão de Mauá foi se afundando em dívidas, pois sempre que não conseguia recursos, fosse através de subscrições, ou através do apoio financeiro do governo, lançava mão das reservas de sua base de operações: o Banco Mauá & Cia.


Homenagens

No dia 1 de maio de 1910 a prefeitura do então Distrito Federal inaugurou um monumento público em homenagem a Barão de Mauá. Uma estátua em bronze do Visconde em tamanho natural sob uma coluna de granito de cerca de oito metros de altura, de autoria do escultor Rodolfo Bernardelli, foi colocada no centro da Praça Mauá, próximo ao cais do porto carioca.

No dia 1 de junho 1914 Foi fundada a Escola Técnica Estadual Visconde de Mauá no bairro de Marechal Hermes, Rio de Janeiro. Hoje faz parte da Fundação de Apoio à Escola Técnica denominada FAETEC.

Em 1926 foi inaugurado o prédio da Estação Barão de Mauá, início da Estrada de Ferro Leopoldina, hoje abandonada.

Em 1936, a Casa da Moeda do Brasil lançou uma moeda de cupro-níquel comemorativa de 200 réis, série "Brasileiros Ilustres", com a efígie de Barão de Mauá no verso e da locomotiva Baronesa no anverso, com reedições em 1937 e 1938.

Em 1954, os Correios brasileiros emitiram selo com o desenho da Baronesa.

Diversas escolas de samba desenvolveram enredos referindo Irineo Evangelista de Sousa. No carnaval do Rio de Janeiro, em 1963 a Portela com o enredo "Barão de Mauá e Suas Realizações", ficou em 4º lugar no Grupo Especial, e, em 2012, a Acadêmicos do Cubango, com o enredo "Barão de Mauá - Sonho de um Brasil Moderno" obteve o 4º lugar no Grupo Acesso A. Na terra natal do personagem, a Escola de Samba Unidos da São Gabriel homenageou-o em 1992 com o enredo "O Apito do Trem", vindo a ser campeã naquele ano.

Representações na Cultura

Irineo Evangelista de Sousa já foi retratado como personagem no cinema e na televisão brasileiras, interpretado por Paulo Betti e Jorge Neves no filme "Mauá - O Imperador e o Rei" (1999) e Gracindo Júnior na minissérie "Chiquinha Gonzaga" (2002).

Fonte: Wikipédia

Delmiro Gouveia

DELMIRO AUGUSTO DA CRUZ GOUVEIA
(54 anos)
Industrial

* Ipu, CE (05/06/1863)
+ Pedra, AL (10/10/1917)

Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, mais conhecido como Delmiro Gouveia, foi um industrial brasileiro, um dos pioneiros da industrialização do país, e do aproveitamento do seu potencial hidroelétrico, tendo construído a primeira usina hidroelétrica do Brasil.

Nasceu na Fazenda Boa Vista, no município cearense de Ipu, sendo filho natural do cearense Delmiro Porfírio de Farias e da pernambucana Leonila Flora da Cruz Gouveia. Sua família transferiu-se em 1868 para o estado de Pernambuco, onde se estabeleceu na cidade de Goiana, mudando-se para o Recife em 1872.


Com a morte de sua mãe teve que começar a trabalhar aos 15 anos de idade, em 1878, inicialmente como cobrador da Brazilian Street Railways Company no trem urbano, denominado maxambomba. Posteriormente chegou a Chefe da Estação de Caxangá, no Recife. Foi despachante em armazém de algodão.

Em 1883 foi ao interior de Pernambuco, interessado no comércio de peles de cabras e de ovelhas, que passou a negociar, tendo obtido grande sucesso. Em 1886 estabeleceu-se no ramo de couros e passou a trabalhar, por comissão, para o imigrante sueco Herman Theodor Lundgren, fundador das Casas Pernambucanas, e para outras empresas especializadas nesse comércio, como a Levy & Cia. Trabalhava também por conta própria. Em 1896 fundou a empresa Delmiro Gouveia & Cia e passou a alijar seus concorrentes do mercado, empregando os melhores funcionários das empresas concorrentes.

Principais Realizações

Em 1899, inspirado pela Feira Internacional de Chicago de 1893, inaugurou no Recife o Derby, um moderno centro comercial e de lazer, que pode ser considerado o primeiro shopping center do Brasil. Esse empreendimento foi um grande sucesso e motivo de orgulho para o Recife, e chegou a atrair multidões estimadas em mais de 8 mil pessoas, até que foi deliberadamente incendiado em 2 de janeiro de 1900 pela polícia de Pernambuco, por orientação do Conselheiro Rosa e Silva, que era feroz inimigo político de Delmiro Gouveia, e a mando do então governador Sigismundo Gonçalves.

Após o incêndio, ateado por razões políticas no Derby, e também em virtude de ter-se apaixonado por, e depois raptado, uma filha natural de 16 anos do então governador de Pernambuco, seu arqui-inimigo político, Delmiro Gouveia concluiu que sua vida corria perigo no Recife e transferiu-se, em 1903, para Pedra, em Alagoas, uma povoação perdida no coração do sertão, mas de localização estratégica para seu comércio, na Microrregião Alagoana do Sertão do São Francisco, fazendo fronteira com Pernambuco, Sergipe e Bahia, e hoje denominada Delmiro Gouveia em sua homenagem. Delmiro Gouveia comprou uma fazenda em Pedra, às margens da Ferrovia Paulo Affonso, onde centralizou seu lucrativo comércio de peles e construiu currais, açude, sua residência, e prédios para abrigar um curtume  (nome dado ao local onde se processa o couro cru).

Planejando construir ali uma fábrica de linhas de costura, que até então eram importadas da Inglaterra, as conhecidas Linhas Corrente, que monopolizavam o mercado brasileiro, e apelando para ideais nacionalistas, nativistas e cívicos então em voga, conseguiu do governo de Alagoas concessões que incluíam o direito à posse de terras devolutas, isenção de impostos para a futura fábrica, e permissão para captar energia da Cachoeira de Paulo Afonso, além de recursos governamentais para ajudar na construção de 520 quilômetros de estradas ligando Pedra a outras localidades.

A partir de 1912 iniciou a construção da fábrica de linhas e da Vila Operária da Pedra, com mais de 200 casas de alvenaria. Em 26 de janeiro de 1913 inaugurou a primeira hidroelétrica do Brasil com potência de 1.500 HP na queda de Angiquinho. Em 1914 iniciou as atividades da nova fábrica sob a razão social Companhia Agro Fabril Mercantil, produzindo as linhas com nome comercial Estrela para o Brasil, e Barrilejo para o resto da América Latina. Com preços muito abaixo das Linhas Corrente, produzidas na Inglaterra pela Machine Cotton, que até então monopolizava o mercado de linhas de costura em toda a América Latina, logo dominou o mercado brasileiro, e amplas fatias dos mercados latino-americanos.

O sucesso da empresa, que em 1916 já produzia mais de 500.000 carretéis de linha por dia, chamou a atenção do conglomerado inglês Machine Cotton, que tentou por todos os meios comprar a fábrica. Por motivos políticos e questões de terras, Delmiro Gouveia entrou em conflito com vários coronéis da região, o que provavelmente, segundo a maioria dos historiadores, ocasionou seu misterioso assassinato à bala. Outros historiadores - apoiados no conceito de Direito Romano qui prodest? - a que isto serviu? a quem isto aproveitou? - incluem a Machine Cottton no rol dos suspeitos. Seus herdeiros, não resistindo às pressões da Machine Cotton, venderam a fábrica à empresa inglesa, detentora na América Latina da marca Linhas Corrente, que mandou destruir as máquinas, demolir os prédios, e lançar os maquinários e escombros no rio São Francisco, livrando-se assim de uma incômoda concorrência.

Destaques

Construiu a primeira hidrolétrica do Brasil, uma usina com potência de 1.500 HP, na queda de Angiquinho, uma cachoeira em Paulo Afonso.

"Ele exportava peles de bode para a moda de Nova York um século antes de se ouvir falar por aqui no tal do mundo fashion", dizia um artigo.

Em 1899 inaugurou em Recife o primeiro shopping center do Brasil, o Derby, um centro comercial e de lazer com mercado, hotel, cassino, velódromo, parque de diversões e loteamento residencial.

Em 1914 fundou a Companhia Agro Fabril Mercantil, a primeira na América do Sul a fabricar linhas para costura e fios para malharia. Após seu assassinato, até hoje não bem esclarecido, o maquinário original da Companhia Agro Fabril Mercantil foi atirado em um penhasco do Rio São Francisco pelo grupo escocês Machine Cotton que comprou a empresa de seus sucessores, para destruí-la, livrando-se da assim da sua concorrência no ramo.

Fonte: Wikipédia

Gilberto Mestrinho

GILBERTO MESTRINHO DE MEDEIROS RAPOSO
(81 anos)
Industrial, Auditor Fiscal e Político

* Manaus, AM (23/02/1928)
+ Manaus, AM (19/07/2009)

Gilberto Mestrinho era amazonense de Manaus, mas passou boa parte da infância dele em Lábrea, na região do Alto Purus, para onde foi com os pais Thomé de Medeiros Raposo e Balbina Mestrinho de Medeiros Raposo.

Filho do casal Tomé de Medeiros Raposo e Balbina Mestrinho de Medeiros Raposo. Industrial e auditor fiscal, foi prefeito de Manaus (1956-1958) durante o governo Plínio Coelho de quem foi Secretário de Economia e Finanças ao deixar a prefeitura. Filiado ao PTB foi eleito governador do Amazonas em 1958. Durante seu mandato transferiu seu domicílio eleitoral para o Território Federal do Rio Branco e foi eleito deputado federal em 1962 sem que precisasse renunciar ao governo.

Sua trajetória política, entretanto, foi interrompida pelo Ato Institucional Número Um que cassou o seu mandato em 9 de abril de 1964 na primeira leva de expurgos ditada pelos militares. Gilberto Mestrinho passou então a residir no Rio de Janeiro.

Com o fim do bipartidarismo mediante a reforma política aprovada pelo governo João Figueiredo em novembro de 1979, retornou ao meio político com uma breve passagem pelo PTB antes de integrar-se ao PMDB, mudança ocorrida em razão da proibição das coligações partidárias, o que tornou vulnerável sua opção anterior.

Em 1982 foi eleito governador do Amazonas no primeiro pleito direto em vinte anos. Sua ação como administrador permitiu a vitória de seu candidato Manoel Ribeiro à prefeitura de Manaus em 1985 e a eleição de Amazonino Mendes como seu sucessor em 1986. Tais fatos, porém, não o livraram de uma derrota em 1988 quando perdeu a prefeitura de Manaus para o então candidato do PSB, Artur Virgílio Neto.

Eleito para o seu segundo mandato de governador em 1990 cumpriu integralmente seu mandato e em 1998 foi eleito senador pelo Amazonas. Na Câmara Alta do Parlamento foi três vezes consecutivas (1999-2007) presidente da Comissão Mista de Orçamento.

Em sua última tentativa de concorrer a um cargo público lançou-se como candidato a reeleição ao Senado pelo PMDB do Amazonas, partido do qual era presidente estadual, mas ficou apenas em terceiro lugar ao final do pleito.

Foi recentemente homenageado pela Câmara Municipal de Manaus pelos relevantes serviços prestados à cidade de Manaus e ao Estado do Amazonas.

Em sua juventude, a fama de conquistador rendeu-lhe o carinhoso apelido, entre os amazonenses, de "Boto Tucuxi": em referência à lenda do boto que engravidava as caboclinhas pelo interior do Amazonas.

Morreu em 19/07/2009 no Hospital Prontocord onde estava internado havia quinze dias com Insuficiência Renal Crônica. Apesar da doença, Gilberto Mestrinho morreu por Complicações Cardíacas e há alguns meses, retirou um nódulo maligno do pulmão.

Fonte: Wikipédia


Olavo Setúbal

OLAVO EGYDIO DE SOUSA ARANHA SETÚBAL
(85 anos)
Engenheiro, Industrial, Banqueiro e Político

* São Paulo, SP (15/04/1923)
+ São Paulo, SP (27/08/2008)

Foi prefeito da capital paulista, indicado pelo governador Paulo Egydio Martins. Filho do advogado, político, poeta e escritor Paulo Setúbal e de Francisca Egydio de Sousa Aranha, sendo descendente da viscondessa de Campinas, Maria Luzia de Sousa Aranha.

Formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, começou sua carreira empresarial ao fundar a Deca, uma indústria especializada em louças sanitárias. Depois foi responsável pelo crescimento e expansão do Banco Itaú, do qual era um dos maiores acionistas e presidente do conselho, além de presidente executivo da holding do grupo, a Itaúsa.

Entre 1975 e 1979, indicado pelo governador Paulo Egydio Martins, ocupou a prefeitura da cidade de São Paulo, ocasião na qual concluiu inúmeras obras, entre elas a abertura das avenidas Sumaré e Juscelino Kubitschek e a reforma da Praça da Sé, dando-lhe o atual formato. Buscou requalificar o centro de São Paulo com a implementação dos calçadões no centro velho e centro novo, além da desapropriação e restauração do Edifício Martinelli, onde até hoje estão instaladas algumas Secretarias Municipais. Também criou a EMURB, Empresa Municipal de Urbanização.

Apesar do apoio de Paulo Egydio e da significativa aprovação popular à sua administração, não conseguiu a indicação da ARENA para o governo do Estado em 1978, o que o levou a se desfiliar do partido. Com a reforma pluripartidária de 1980, fundou, ao lado de Tancredo Neves, o Partido Popular, reunindo setores moderados egressos da ARENA e do MDB. O partido, entretanto, teve vida curta, sendo logo incorporado pelo PMDB.

Em 1985, foi um dos principais financiadores da vitoriosa campanha de Jânio Quadros à prefeitura de São Paulo. Filiou-se ao PFL tentando ser indicado pela sigla para a corrida ao governo estadual em 1986, o que o levou até a se descompatibilizar do Ministério das Relações Exteriores. Entretanto, a falta de um acordo político fez com que o partido abdicasse de um nome próprio para a disputa. Com isso, Olavo Setúbal apoiou a candidatura derrotada do empresário Antônio Ermírio de Moraes (PTB).

Entre março de 1985 e fevereiro de 1986, durante o governo Sarney, foi ministro das Relações Exteriores. Havia sido indicado por Tancredo Neves.

Morreu aos 85 anos de Insuficiência Cardíaca. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês. O velório foi realizado no Centro Empresarial Itaúsa – Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha, 100 - Jabaquara, das 16 horas de quarta-feira às 10 horas de quinta-feira. O corpo foi cremado em cerimônia privativa para os familiares.

Fonte: Wikipédia e Estadão.com.br