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Celso Furtado

CELSO MONTEIRO FURTADO
(84 anos)
Economista e Professor

*  Pombal, PB (26/07/1920)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/11/2004)

Celso Furtado foi um economista e um dos mais destacados intelectuais do país ao longo do século XX. Suas idéias sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento divergiram das doutrinas econômicas dominantes em sua época e estimularam a adoção de políticas intervencionistas sobre o funcionamento da economia.

Nascido no interior da Paraíba, na cidade de Pombal, alto sertão do estado, estudou no Lyceu Paraibano e no Ginásio Pernambucano do Recife. Mudou-se em 1939 para o Rio de Janeiro. No ano seguinte ingressou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tendo concluído o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais em 1944, mesmo ano em que foi convocado para integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB), servindo na Itália.

Em 1946, ingressou no curso de doutoramento em economia da Universidade de Paris-Sorbonne, concluído em 1948 com uma tese sobre a economia brasileira no período colonial. Nesta estadia em Paris conheceu sua primeira esposa, a química argentina Lucia Tosi. Retornou ao Brasil, trabalhando no Departamento Administrativo do Serviço Público e na Fundação Getúlio Vargas.

Em 1949, mudou-se para Santiago do Chile, onde nasceu seu primeiro filho, Mário Tosi Furtado. No Chile, integrou a recém-criada Comissão Econômica Para a América Latina (CEPAL), órgão das Organização das Nações Unidas. Sob a direção do economista argentino Raúl Prebisch, a CEPAL se tornaria naquele período um centro de debates sobre os aspectos teóricos e históricos do desenvolvimento.

Retornando ao Brasil, na década de 1950 Celso Furtado presidiu o Grupo Misto CEPAL-BNDES, que elaborou um estudo sobre a economia brasileira que serviria de base para o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. No ano de 1953 assumiu uma diretoria do BNDES, e no ano seguinte nasceu seu segundo filho, André Tosi Furtado. Mais tarde, foi convidado pelo professor Nicholas Kaldor ao King's College da Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde escreveu Formação Econômica do Brasil, clássico da historiografia econômica brasileira.

Lula e Celso Furtado (Julho 2003)
Voltando ao Brasil, criou a pedido do presidente Juscelino Kubitschek, em 1959, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Formação Econômica do Brasil, a mais consagrada obra de Celso Furtado, foi publicada nesse ano, no mesmo período em que o autor ocupava o cargo de diretor do BNDES do governo de Juscelino Kubitschek. Celso Furtado já havia sido diretor da Divisão de Desenvolvimento da CEPAL por oito anos (de 1949 a 1957), fator que orientou a metodologia e os objetivos da obra. Isto é, Celso Furtado procurou descrever a evolução da economia brasileira, dentro do paradigma latino-americano, pela análise da estrutura produtiva de cada período histórico da sociedade brasileira (daí a famosa denominação "estruturalista" para o pensamento cepalino em geral), dando ênfase em conceitos analíticos especificamente cepalinos, tais como a visão da economia internacional baseada nas relações entre países centrais, industrializados, e países periféricos, agrícolas.

Em 1962, no governo João Goulart, foi nomeado o primeiro Ministro do Planejamento do Brasil, elaborando o Plano Trienal. Em 1963 retornou à superintendência da SUDENE, criando e implantando a política de incentivos fiscais para investimentos na região.

Com a edição do Ato Institucional nº 1 (AI-1), Celso Furtado foi incluído na primeira lista de cassados, perdendo seus direitos políticos por dez anos.

Em meados de abril de 1964 foi para Santiago do Chile, a convite do Instituto Latino-Americano Para Estudos de Desenvolvimento (ILDES), ligado à CEPAL. Em setembro do mesmo ano mudou-se para New Haven, nos Estados Unidos, assumindo o cargo de pesquisador graduado do Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Yale. No ano seguinte se mudou para a Paris, onde foi professor efetivo, por vinte anos, de Economia do Desenvolvimento e Economia Latino-Americana na Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Sorbonne, dedicando-se também a atividades de ensino e pesquisa nas universidades de Yale, American University e Columbia, nos Estados Unidos, e de Cambridge, na Inglaterra. Na década de 1970 viajou a diferentes países seja em missão das Organização das Nações Unidas, seja como conferencista ou professor-visitante, e dedicou-se intensamente à redação e publicação de livros. Nos meados dessa década, separou-se de sua primeira mulher.

Foi beneficiado pela anistia decretada em agosto de 1979. Com a Anistia, em 1979, retornou à militância política no Brasil, que passou a visitar com freqüência. Conciliou esta atividade com suas tarefas acadêmicas como diretor de pesquisas da École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. Em 1978 casou-se com sua segunda esposa, a jornalista e tradutora Rosa Freire d'Aguiar, com quem conviveu até final de sua vida.

Em 1981 filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1985 foi convidado a participar da Comissão do Plano de Ação do governo Tancredo Neves, e logo em seguida é nomeado Embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia, mudando-se para Bruxelas. De 1986 a 1988 foi ministro da Cultura do governo José Sarney, quando criou a primeira legislação de incentivos fiscais à cultura. Nos anos seguintes, retomou a vida acadêmica e participou de diferentes comissões internacionais. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1997.

Faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de novembro de 2004.

No dia 25 de setembro de 2009 foi inaugurada a Biblioteca Celso Furtado contendo os 7542 livros que pertenceram ao autor.

O Subdesenvolvimento

Celso Furtado faz parte dos pensadores brasileiros que consideram o subdesenvolvimento como uma forma de organização social no interior do sistema capitalista, sendo contrário à idéia de que seja uma etapa para o desenvolvimento, como podem sugerir os termos de país "emergente" e "em desenvolvimento". Na verdade, o subdesenvolvimento é um processo estrutural específico e não uma fase pela qual tenham passado os países hoje considerados desenvolvidos.

Os países subdesenvolvidos tiveram, segundo Celso Furtado, um processo de industrialização indireto, ou seja, como consequência do desenvolvimento dos países industrializados. Este processo histórico específico do Brasil criou uma industrialização dependente dos países já desenvolvidos e, portanto, não poderia jamais ser superado sem uma forte intervenção estatal que redirecionasse o excedente, até então usado para o Consumo Conspícuo das classes altas, para o setor produtivo. Note-se que isto não significava uma transformação do sistema produtivo por completo, mas um redirecionamento da política econômica e social do país que levasse em conta o verdadeiro desenvolvimento social.

História do Brasil

Na tentativa de explicar as causas do subdesenvolvimento brasileiro, Celso Furtado analisou a história do país considerando o modelo centro-periferia, muito comum no pensamento econômico da CEPAL. Celso Furtado defendia que o Brasil era periferia em relação ao centro, composto por países europeus e pelos Estados Unidos, até o fim do Ciclo do Café. Por consequência, o dinamismo do país era desproporcionalmente dependente das condições econômicas do centro. Além desse desequilíbrio, o Brasil possuía uma lógica social e econômica própria na qual uma economia de subsistência e com muito baixa produtividade existia ao lado de uma economia altamente dinâmica voltada à exportação. A relação entre as duas caracterizou os diferentes ciclos do país: Ciclo da Cana-de-Açúcar, Ciclo do Ouro e Ciclo do Café. Esse último permitiu o início de um forte processo de industrialização no país. No entanto, por conta de sua posição de periferia e o desequilíbrio entre suas duas "economias" internas, o Brasil teve que constantemente enfrentar dois grandes problemas: inflação e desigualdade de renda.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito a 7 de agosto de 1997, como oitavo ocupante da cadeira 11, que tem por patrono Fagundes Varela, tomou posse a 31 de outubro deste mesmo ano, saudado pelo acadêmico Eduardo Portella.

Em seu discurso de posse, registrou:

"O fundador desta Cadeira número 11 foi um antepassado meu, Lúcio Furtado de Mendonça , de quem possivelmente herdei os pendores memorialísticos, o gosto mal sucedido pela ficção literária e uma irreprimível sensibilidade social. Esse socialista declarado empenhou-se na criação desta Academia e certamente a ele mais do que a ninguém devemos a existência desta nobre Instituição."

Fonte: Wikipédia

Sônia de Moraes Angel

SÔNIA MARIA DE MORAES ANGEL JONES
(27 anos)
Guerrilheira, Professora, Economista e Militante da Ação Libertadora Nacional

* Santiago do Boqueirão, RS (09/11/1946)
+ São Paulo, SP (30/11/1973)

Foi uma integrante do grupo guerrilheiro de extrema-esquerda Ação Libertadora Nacional (ALN) e participante da luta armada contra a Ditadura Militar brasileira. Presa, torturada e morta por agentes do regime militar, seus restos só foram identificados décadas após sua morte.

Filha de um oficial do Exército Brasileiro, Sônia estudou no Colégio de Aplicação da antiga Faculdade Nacional de Filosofia e, posteriormente, na Faculdade de Economia e Administração da UFRJ, de onde foi desligada pelo Decreto nº 477, de 24 de setembro de 1969, antes de se formar, por participar de atividades subversivas. Para se sustentar, trabalhava como professora de português, no Curso Goiás, no Leblon, na cidade do Rio de Janeiro, de propriedade de sua família.

Casou-se, em 18 de agosto de 1968, com Stuart Edgard Angel Jones, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que conheceu nas manifestações e reuniões de militantes de esquerda.

Foi presa pela primeira vez em 1 de maio de 1969, quando das manifestações de rua na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, e primeiro levada para o DOPS para interrogatório e em seguida para o Presídio Feminino São Judas Tadeu. Foi solta apenas em 6 de agosto de 1969, após ser absolvida pelo Superior Tribunal Militar, por unanimidade, passando à clandestinidade com o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar.

Em liberdade, ela auto-exilou-se na França em maio de 1970, indo estudar na Universidade de Vincennes, enquanto lecionava português na Escola de Idiomas Berlitz, em Paris.

Após a prisão e desaparecimento do marido, Stuart Edgard Angel Jones, em maio de 1971, Sônia decide voltar ao Brasil e retomar a luta armada, ingressando na Ação Libertadora Nacional (ALN), mas por causa da intensidade da repressão, foi em seguida refugiar-se no Chile de Salvador Allende, onde trabalhou como fotógrafa. Retornou ao Brasil secretamente em maio de 1973, passando a residir em São Paulo.

Morte e Identificação

Foto de Sônia, assassinada em 1973, encontrada no DOPS/SP
Com Antônio Carlos Bicalho Lana, outro integrante da Ação Libertadora Nacional com quem se unira, foi morar em São Vicente, onde alugou um apartamento em 15 de novembro de 1973. No mesmo mês, ela e Lana foram presos por agentes do DOI/CODI de São Paulo.

Foi noticiado pelo II Exército em versão oficial, publicada nos jornais O Globo e O Estado de São Paulo de 1 de dezembro de 1973, que ela morrera, após combate, a caminho do hospital, num tiroteio com agentes de segurança no bairro de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo.

Existem, na verdade, duas versões posteriores para a tortura e morte de Sônia:

A primeira delas, dada pelo próprio tio da militante, coronel Canrobert Lopes da Costa, ex-comandante do DOI/CODI de Brasília e irmão do pai dela, que diz que "depois de presa, do DOI-CODI de São Paulo foi mandada para o DOI-CODI do Rio de Janeiro, onde foi torturada, estuprada com um cassetete e mandada de volta a São Paulo, já exangüe, onde recebeu dois tiros."

A segunda versão, do ex-sargento Marival Chaves, ex-membro do DOI/CODI de São Paulo e do Centro de Informações do Exército (CIEx), em Brasília, dada à Revista Veja em 1992, afirma que "Sônia e Antônio Carlos foram presos e levados para um sítio na Zona Sul de São Paulo onde ficaram de cinco a dez dias sendo torturados, até morrerem, dia 30 de novembro de 1973 com tiros pelo corpo, sendo colocados, no mesmo dia, à porta do DOI-CODI/SP, para servir de exemplo. Ao mesmo tempo, foi montado um 'teatrinho' para justificar a versão oficial de que foram mortos em conseqüência de tiroteio, no mesmo dia 30 (metralharam com tiros de festim um casal e os colocaram imediatamente num carro).

Durante quase vinte anos, a família de Sônia investigou os fatos relativos à sua morte e a de seu companheiro Antônio Carlos Bicalho Lana. O resultado destas investigações foi transformado no vídeo Sônia Morta e Viva, dirigido por Sérgio Waismann.

Ela foi enterrada como indigente no Cemitério de Perus, em São Paulo, sob o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar, mesmo depois de identificada como Sônia Angel. Através de um processo na 1ª Vara Cívil de São Paulo, seu pai, Tenente-coronel da reserva João Luiz de Morais, conseguiu a correção do certificado de óbito e a verdadeira identificação da filha. Com Sônia oficialmente morta, seus supostos restos, encontrados no Cemitério de Perus, foram transladados para o Rio de Janeiro em 1981, oito anos após sua morte.

No ano seguinte, na tentativa de conseguir uma maior apuração do acontecido à Sônia, através de um processo contra Harry Shibata, legista do IML/SP que atestou sua morte, descobriu-se que os ossos entregues à família eram de um homem.

Para sepultar os restos mortais da filha, sua família teve que fazer um total de seis exumações de corpos. Apenas em 1991, através da identificação dos mortos de Perus feita pela Unicamp, os verdadeiros ossos de Sônia Angel Jones puderam ser realmente identificados e foram enterrados no Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 1991.

Homenagens Póstumas

Seu nome hoje batiza um viaduto no bairro do Jardim Santo Antônio, na cidade de São Paulo, um bairro na cidade de Mauá e uma rua no bairro do Tirol, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Em 2011, a atriz Fernanda Montenegro a homenageou fazendo seu papel numa campanha cívica da OAB pela abertura dos arquivos da Ditadura Militar, para saber a verdade sobre sua morte e de outros guerrilheiros assassinados ou desaparecidos, exibida na televisão e nos cinemas de todo o Brasil.

Fonte: Wikipédia

Dom Silvério

SILVÉRIO GOMES PIMENTA
(82 anos)
Professor, Orador, Poeta, Biógrafo, Prelado e Arcebispo

☼ Congonhas do Campo, MG (12/01/1840)
┼ Mariana, MG (30/08/1922)

Nascido em 1840, em Congonha do Campo, distrito de Ouro Preto, na época, capital da província de Minas Gerais, Silvério Gomes Pimenta tornou-se padre, depois bispo, arcebispo e, mais tarde, ingressou na Academia Brasileira de Letras. Foi o primeiro arcebispo negro do Brasil e também o primeiro membro do alto clero brasileiro eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 19.


 Segundo seus biógrafos, o pai, Antônio Alves Pimenta, teria origem lusitana e a mãe, Porsina Gomes de Araújo, africana. Vale lembrar que a Lei do Ventre Livre, que garantiu a liberdade aos filhos de escravizadas, só foi assinada em 1871. O que nos leva a concluir que ou ele não tenha nascido livre ou a mãe já fosse alforriada.

O pai morreu quando ele era muito pequeno e Porsina com seus filhos viviam em estado de miserabilidade, conforme Silvério relatou numa conferência episcopal internacional:

"... às angústias da pobreza, e não qualquer pobreza, senão uma indigência, na qual correram parelhas a fome, a nudez e o desagasalho."

Aos nove anos foi trabalhar no comércio e, a pedido de um tio paterno, foi admitido no colégio lazarista local. O mesmo tio conseguiu que o bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, Conde da Conceição, se tornasse padrinho de crisma do sobrinho e que o admitisse, aos 14 anos, no seminário da mesma ordem, uma vez que o colégio havia encerrado suas atividades.

Dois anos depois, o aluno começou a dar aulas de latim naquele mesmo seminário, além de trabalhar como ajudante de um sapateiro da cidade. Tornou-se também professor de Filosofia e de História Universal. Dom Viçoso foi quem o ordenou, aos 22 anos, na matriz de Sabará, e também tomou uma série de decisões que o ajudaram a evoluir na carreira sacerdotal.

Logo após a ordenação, Silvério foi enviado a Roma, na companhia do padre João Batista Cornagliotto, com quem foi recebido em audiência pelo Papa Pio IX, que indagou sobre a língua que utilizariam para conversar. E o Papa se surpreendeu com a resposta: "Em latim, ou grego, hebraico, francês ou alemão...".

Entusiasmado, o pontífice o convidou a fazer o sermão de uma missa no Vaticano. Surpreso com sua eloquência e conhecimentos teológicos, um cardeal teria comentado em latim: "Niger, sed sapiens!" (Negro, porém sábio!).

Ao retornar ao país, Silvério ocupou vários cargos religiosos até ser sagrado bispo titular de Cámaco e também assumiu o cargo de bispo auxiliar de Mariana, em 1890. Foi o primeiro religioso a se tornar bispo, no país, após a Proclamação da República. Em 1906, a diocese de Mariana foi elevada a arquidiocese e novamente ele foi pioneiro: desta vez o primeiro Arcebispo negro do Brasil.

Não lhe faltaram inimigos, principalmente, que o caluniaram com acusações amparadas tanto na cor de sua pele, quanto em sua origem paupérrima. Contam que durante uma visita à Basílica de Nossa Senhora de Lourdes, na França, o pároco local o impediu de ingressar na igreja. Informado de que estava diante de um arcebispo brasileiro, o vigário sentiu-se na obrigação de pedir-lhe perdão pela atitude racista.

Literatura

Quando nomeado bispo de Cámaco, começou a produzir suas célebres cartas pastorais. A primeira pastoral traz a data de 24 de novembro de 1890 e a última é de 10 de fevereiro de 1922.

Conhecedor que era do latim, grego, hebraico, além das línguas vivas que usava correntemente, publicou poesias em latim. Sua obra maior é a "Vida de Dom Viçoso". Como jornalista, Dom Silvério fundou e dirigiu, em Mariana, "O Bom Ladrão", "O Viçoso", "O Dom Viçoso" e o "Dom Silvério", editados sob sua orientação e dirigidos pelos padres Severiano de Resende e João Luís Espeschit.

Obras
  • 1873 - O papa e a Revolução (Sermões)
  • 1897 - Peregrinação a Jerusalém
  • 1876 - Dom Antônio Ferreira Viçoso, Bispo de Mariana, Conde da Conceição
  • 1873 - A Prática da Confissão (Estudos de Moral e Dogma)
  • 1890-1922 - Cartas Pastorais
  • Diversos Sermões, Orações, Conferências, Poesias Latinas em Periódicos

Academia Brasileira de Letras

Em 1919, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo recebido a 28 de maio de 1920 por Carlos de Laet. Ocupou a cadeira 19, que tem por patrono Joaquim Caetano da Silva, da qual foi o segundo imortal.

Fonte: WikipédiaRevista Raça Brasil

Agamenon Magalhães

AGAMENON SÉRGIO DE GODOY MAGALHÃES
(59 anos)
Promotor, Geógrafo, Professor e Político

* Serra Talhada, PE (05/11/1893)
+ Recife, PE (24/08/1952)

Agamenon Magalhães foi um promotor de direito, geógrafo, professor de geografia e político. Deputado estadual (1918), federal (1924, 1928, 1932, 1945), governador de estado (1937, 1950) e ministro (Trabalho e Justiça).

Tetraneto de Agostinho Nunes de Magalhães, e filho do juiz e deputado estadual Sérgio Nunes Magalhães, tornou-se bacharel pela Faculdade de Direito de Recife (1916), sendo em seguida nomeado para a promotoria da comarca de São Lourenço da Mata. No ano seguinte, casou-se com Antonieta Bezerra Cavalcanti e retornou a Recife, onde fixou residência.

Em 1918, foi eleito deputado estadual com apoio da agremiação governista estadual (Partido Republicano Democrata) e, em 1924, tornou-se deputado federal, reeleito quatro anos depois. Contudo, em 1930, rompendo com os governos estadual e federal, aderiu à Aliança Liberal formada em torno da candidatura de Getúlio Vargas. Após a revolução, apoiou o interventor Carlos de Lima Cavalcanti e ajudou a articular no estado o Partido Social Democrático (de sustentação ao Governo Provisório), pelo qual elegeu-se deputado constituinte em 1932.

Aliado Fiel de Vargas

A atuação de Agamenon Magalhães na Constituinte de 1933 foi pautada na defesa do regime parlamentarista, na qual não teve apoio nem do governo nem dos demais parlamentares. Apesar disso, em 1934, foi convidado pelo presidente Getúlio Vargas para a pasta do Trabalho, Indústria e Comércio.

Nesse período, deu apoio à criação da Justiça do Trabalho, ampliou a rede de apoio aos trabalhadores urbanos, e utilizou a arregimentação sindical para combater a infiltração comunista no movimento operário, principalmente após a Intentona Comunista de 1935. Para isso, defendeu a intensificação do controle sobre os sindicatos e o aceno com novas leis sociais para os trabalhadores. Em 1937, após a demissão de Vicente Rao, passou a acumular também as funções da pasta da Justiça.

Aliado fiel de Getúlio Vargas, Agamenon Magalhães entrou em choque com o interventor Carlos de Lima Cavalcanti, que tendia a apoiar a candidatura oposicionista de Armando de Sales Oliveira para a sucessão presidencial de 1938. Por este motivo, em novembro de 1937, após a decretação do Estado Novo, Agamenon Magalhães foi nomeado interventor federal em Pernambuco, substituindo seu antigo aliado e opositor.

O "Agamenonismo"

Ao voltar ao estado natal, Agamenon Magalhães anunciou que trazia consigo a "emoção do Estado Novo". Misto de populismo social com centralização política, o estilo de governo de Agamenon (por ele chamado de "ruralização") foi marcado pela busca da unidade social e política, apoiada na personalidade pública do interventor.

O governo estadual procurou envolver-se em todos os setores da vida cotidiana, seguindo um ideário tradicionista, autoritário e fortemente católico, que procurou apoiar-se tanto na censura oficial do Departamento de Imprensa e Propaganda, quanto na utilização do jornal oficioso, o Diário da Manhã.

Segundo Michel Zaidan:

"A obra administrativa de Magalhães pode ser dividida, primeiro, pela busca desenfreada do 'consenso máximo' na sociedade pernambucana, a partir de uma falsa imagem de paz e harmonia social no Estado. Objetivo perseguido através de uma feroz repressão aos adversários, críticos, comunistas, prostitutas, afro-brasileiros, vadios e homossexuais."

O governo Agamenon também combateu o cangaço e realizou obras contra a seca. Seu programa de erradicação dos mocambos (habitações insalubres) teve forte impacto entre as populações pobres, apesar das críticas de Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, seus adversários na intelectualidade.

A "Lei Malaia"

Em janeiro de 1945, Agamenon Magalhães foi novamente chamado por Getúlio Vargas para a pasta da Justiça. Mas desta vez, Getúlio não preparava o fechamento das instituições (como em 1937), e sim a sua democratização.

Como titular da pasta, Agamenon aprovou o novo Código Eleitoral (Lei Agamenon) e convocou as primeiras eleições livres do Brasil, com a autorização para o funcionamento dos partidos políticos e o pleito direto para a presidência da República. No entanto, a tentativa de aprovar uma lei antitruste (chamada de "lei malaia" por seu opositor Assis Chateaubriand, fazendo assim menção ao seu apelido pernambucano, "China Gordo") aumentou as pressões de setores empresariais e militares contra o Governo Vargas.

Em outubro de 1945, Getúlio Vargas acabou sendo deposto, e com ele Agamenon deixou o ministério. O sucessor de Vargas, José Linhares, anunciou o veto à "lei malaia" como uma de suas primeiras medidas.

Líder do PSD

Apesar da deposição de Vargas, Agamenon conseguiu ser eleito para a Câmara dos Deputados e permanecer como uma das principais lideranças nacionais do Partido Social Democrático (PSD), ao qual se filiara. Na Constituinte de 1946, alinhou-se entre os defensores da intervenção estatal na economia.

Mesmo residindo no Rio de Janeiro, Agamenon Magalhães manteve-se como líder inconteste do PSD pernambucano, apesar de sua crescente oposição ao governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, que era do mesmo partido. A cisão deu-se quando Agamenon lançou a candidatura de Barbosa Lima Sobrinho ao governo de Pernambuco. Eurico Gaspar Dutra, por sua vez, apoiou o candidato da UDN, um usineiro apoiado por setores agrários e conservadores. A disputa eleitoral, vencida pelo PSD por pequena margem de votos em janeiro de 1947, foi violenta e contestada vários anos na justiça.

A máquina eleitoral de apoio ao PSD era garantida por uma extensa rede de apoiadores locais, utilizando-se do sistema do coronelismo. Essa rede possibilitou ao partido obter sucessivas vitórias em Pernambuco até 1958 (exceto na capital), derrotando todos os seus adversários. Em 1950, Agamenon lançou sua própria candidatura ao governo de Pernambuco, para suceder a Barbosa Lima Sobrinho.

Desta vez, porém, Agamenon Magalhães não seguiu a orientação de Getúlio Vargas (que naquele ano foi lançado candidato a presidente pelo PTB). Reconciliando-se com Eurico Gaspar Dutra, apoiou o candidato oficial do PSD, Cristiano Machado, enquanto Getúlio Vargas se aliou a João Cleofas de Oliveira, candidato da UDN e que depois seria seu ministro da Agricultura.

O eleitorado do interior (onde se concentrava a máquina do PSD) foi essencial para a nova vitória de Agamenon, eleito governador por 196 mil votos, contra 186 mil de seu adversário.

O Legado

No entanto, a eleição popular de Agamenon Magalhães não significou o pleno retorno do "agamenonismo" ao governo de Pernambuco: seu governo teve fim com sua morte súbita, em 24 de agosto de 1952.

O nacionalismo econômico e a visão social de Agamenon Magalhães marcaram a transição de uma visão agrária e oligárquica para a aliança com setores urbanos e operários (que marcou o conluio PSD/PTB em nível nacional). No entanto, em Pernambuco, o próprio PSD não conseguiu romper com sua formação conservadora. Com Etelvino Lins (sucessor de Agamenon), o partido obteve uma nova vitória nas eleições de 1954 elegendo o general Osvaldo Cordeiro de Farias, mas foi finalmente derrotado em 1958.

Agamenon Magalhães foi tio do deputado federal Sérgio Magalhães Junior, líder da Frente Parlamentar Nacionalista, e do governador Roberto Magalhães Melo.

Fonte: Wikipédia

Ludgero Prestes

LUDGERO PRESTES
(43 anos)
Professor

* Proximidades de Canudos, BA (15/11/1890)
+ Amparo, SP (13/10/1934)

Foi um menino sobrevivente da Guerra de Canudos, trazido para São Paulo pelo escritor e jornalista Euclides da Cunha. Ludgero se formou professor e veio a ser o primeiro diretor do Grupo Escolar de Bebedouro.

Crianças Como Butim de Guerra

Além da destruição total do arraial de Canudos, a degola em massa dos prisioneiros de guerra e o estupro de muitas mulheres e mocinhas sertanejas, a Guerra de Canudos foi marcada pelo extravio e distribuição desordenada de centenas de crianças, órfãs ou não, pelos militares.

Estas crianças eram encontradas em péssimas condições: feridas, nuas, esqueléticas, morrendo de fome. Após serem levadas pelos militares acontecia que meninas eram defloradas pelos seus supostos protetores, e muitas crianças passaram a viver como escravas nas casas de quem as abrigava. Na boca do povo, eram chamadas de jaguncinhos, um termo que aparece frequentemente durante os últimos dias da guerra.

O Comitê Patriótico da Bahia formou uma comissão para recolher crianças sertanejas feitas prisioneiras, e em seu relatório final descreve a situação em que muitos menores foram encontrados:

"E, pesa-nos dizê-lo, que grande parte dos menores reunidos pela comissão, dentre eles meninas púberes e mocinhas, se achavam em casa de quitandeiras e prostitutas. Foi, pois, para lamentar a distribuição indevida das crianças, sendo muitas remetidas para vários pontos do estado e para a capital, como uma lembrança viva de Canudos ou como um presente, sem que parentes ou o governo lhes conheça o paradeiro."

Mulheres e crianças presas durante os últimos dias da guerra de Canudos (1897)
O trabalho principal da comissão foi recolher o máximo possível destas crianças e, caso ainda tivessem pais ou parentes vivos, trazê-los de volta à sua família. Menores órfãos e sem família eram deixados em orfanatos ou com famílias de confiança. Mas no momento de instauração da comissão, a maior parte das crianças já estava longe, acompanhando militares oriundos de todo o território nacional.

O Jaguncinho de Euclides da Cunha

Também Euclides da Cunha, que estava em Canudos como correspondente de guerra para O Estado de São Paulo, recebeu um jaguncinho. No dia 21 de setembro de 1897 anotou em sua caderneta de campo:

"À 1 hora o general Artur mandou-me chamar para a prosa. (...) Conversamos até a hora do jantar. (...) Interrogamos um jaguncinho quase inanido vindo de Cocorobó."

No dia seguinte, continua:

"Noto com tristeza que o jaguncinho que me foi dado pelo general continua doente e talvez não resista à viagem para Monte Santo."

Euclides da Cunha o levou consigo e o menino sobreviveu, chegando à Pauliceia a 21 de outubro de 1897. A Gazeta de Notícias do dia seguinte escreve:

"Em companhia do Dr. Euclides veio um jaguncinho de sete anos, que ficará sob a proteção do Dr. Gabriel Prestes, diretor da Escola Normal. O jaguncinho não tem nem pai nem mãe, é muito vivo e narra com precisão admirável todos os episódios sangrentos dos últimos combates nos quais ele perdeu os pais."

Chegando em São Paulo, Euclides da Cunha entregou Ludgero para ser criado pelo influente educador Gabriel Prestes. Segundo Laura Rodrigo Otávio, esposa de Rodrigo Otávio Filho e amiga da família, Ludgero era "vesgo, um tanto desengonçado".

Não tendo filhos, Gabriel Prestes ofereceu a Ludgero um lar e muita ternura. Ludgero acabou se formando pela escola de seu pai adotivo, a Escola Normal Caetano de Campos.

Em Busca de sua Origem

A República e seus defensores não pouparam esforços para varrer Canudos do mapa. As lembranças tinham de ser apagadas inclusive dos corações e das mentes dos jaguncinhos. Escreve a historiadora Vanessa Sattamini:

"Apesar de toda a violência da guerra, das mortes, dos assassinatos que não pouparam mulheres e crianças, esta pareceu-me a maior e mais cruel das violências empreendidas pelo governo republicano: tirar de crianças que já haviam perdido tudo, o direito sobre a sua própria história de vida."

Em São Paulo, o jaguncinho trazido por Euclides da Cunha recebeu o sobrenome de seu orientador, passando a chamar-se Ludgero Prestes. Também lhe deram uma data de nascimento: 15 de novembro, o dia da Proclamação da República em nome da qual Canudos tinha sido destruída, data escolhida simbolicamente para reforçar a sua ingressão no mundo civilizado.

Na sua primeira matrícula escolar, de 1898, nos seus dados de filiação consta apenas o nome de Gabriel Prestes como tutor, e Bahia como lugar de origem. Mas parece que Ludgero, com o passar dos anos, foi se identificando cada vez mais com o seu passado e sua origem no sertão baiano, porque no último ano do curso complementar seu diploma de professor primário não refere mais a Gabriel Prestes, e sim a um homem chamado João Luiz, presumidamente seu verdadeiro pai. Além disso, a cidade de origem aparece claramente assinalada como Canudos, Bahia. A sua certidão de casamento é o primeiro documento conhecido que menciona também o nome de sua mãe: Maria Luiz, casada com João Luiz. No entanto, é pouco provável que Ludgero tenha realmente nascido em Canudos.

Em 1890, o ano de seu nascimento, Canudos não passava de uma fazenda com poucas casas. A maior parte dos habitantes de Canudos começou a chegar a partir de 1893, ano em que Antônio Conselheiro se estabeleceu no local. E visto que ele, órfão aos 7 anos, desconhecia o sobrenome de seus pais, é possível que tampouco tenha sabido onde nasceu. Euclides da Cunha faz crer que o menino teria vindo do Cocorobó, uma fazenda a 15 km de Canudos.

Ludgero Prestes como diretor do Grupo Escolar de Bebedouro, SP (1913)

Vida Adulta

Ludgero Prestes de Euclides da Cunha, que neste meio tempo tinha se tornado um célebre escritor:

"... não poderei traduzir-te a minha comoção ao ver aparecer-me quase homem - e homem na mais digna significação da palavra - o pobre jaguncinho que me apareceu pela primeira vez há onze anos no final de uma batalha."

Tornou-se professor em Serra Negra, onde casou-se com a também professora Beatriz da Cunha Lima Prestes e teve seu primeiro filho, Gabriel.

Em 7 de abril de 1913 foi nomeado diretor interino do recém-fundado Grupo Escolar de Bebedouro, interior de São Paulo. Em 1914 tornou-se professor em Amparo. De 1921 a 1927 foi diretor do Grupo Escolar de Olímpia, atualmente chamada de Escola Estadual Dona Anita Costa, em Olímpia.

Faleceu a 13 de outubro de 1934, em Amparo, aos 43 anos de idade, de Câncer de Fígado. Deixou esposa e quatro filhos.

Fonte: Wikipédia

Mário Palmério

MÁRIO DE ASCENÇÃO PALMÉRIO
(80 anos)
Professor, Político e Escritor

* Monte Carmelo, MG (01/03/1916)
+ Uberaba, MG (24/09/1996)

Filho de Francisco Palmério e de Maria da Glória Palmério, seu pai era engenheiro civil e advogado, homem de cultura e de largo prestígio em toda a região triangulina, exercendo, nos últimos anos de sua vida, o cargo de Juiz de Direito nas várias comarcas do estado, tendo falecido em Uberaba aos oitenta anos de idade. Mário Palmério fez seus estudos secundários no Colégio Diocesano de Uberaba e no Colégio Regina Pacis, de Araguari, licenciando-se em 1933.

Em 1935, matriculou-se na Escola Militar de Realengo, no Rio de Janeiro, de onde se desligou, no ano seguinte, por motivos de saúde. Em 1936, ingressou no Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais, sendo designado para servir na sucursal de São Paulo.

Na capital paulista, iniciou-se no magistério secundário, como professor de matemática no Colégio Pan-Americano, estabelecimento de ensino então mantido pela Escola Paulista de Medicina. Passando a lecionar em outros estabelecimentos, pouco tempo depois Mário Palmério dedicava-se exclusivamente ao magistério.

Em 1939, matriculou-se na seção de Matemática da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, época em que passou a lecionar também no Colégio Universitário da Escola Politécnica, por nomeação do governo daquele Estado.

Seu destino seria, entretanto, realizar obra educacional de maiores proporções e, atraído pelo extraordinário progresso que alcançava Uberaba e toda a região triangulina, em virtude do desenvolvimento de sua pecuária de gado indiano, Mário Palmério deixou São Paulo para abrir naquela cidade mineira o Liceu do Triângulo Mineiro.

Em 1945, construiu imponente conjunto de edifícios, na cidade de Uberaba, para sede do Colégio do Triângulo Mineiro e da Escola Técnica de Comércio do Triângulo Mineiro, e visava já à criação da primeira escola superior a instalar-se na região. Em 1947, o governo federal autorizou o funcionamento da Faculdade de Odontologia do Triângulo Mineiro, fundada por Mário Palmério, primeiro passo para a transformação de Uberaba em cidade universitária.

No Triângulo Mineiro, Mário Palmério fundou, em 1950, a Faculdade de Direito e, em 1953, a Faculdade de Medicina. Por essa época exercia o mandato de deputado federal por Minas Gerais, tendo sido eleito em 1950 na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro. Suas atividades desdobraram-se assim em dois setores importantes, o educacional e o da representação parlamentar. Em ambos, seu trabalho foi produtivo.

Mário Palmério e Getúlio Vargas, no início da década de 1950
Na Câmara dos Deputados exerceu a vice-presidência da Comissão de Educação e Cultura durante todo o seu primeiro mandato (1950-1954). Reeleito em 1954, passou a integrar a Comissão de Orçamento e a Mesa da Câmara. Por indicação do presidente da Câmara dos Deputados, matriculou-se, em 1955, na Escola Superior de Guerra, onde concluiu o Curso Superior de Guerra. O exercício de seu mandato e suas outras atividades no Rio de Janeiro não impediram, entretanto, seu trabalho educacional em Uberaba, e Mário Palmério fundou, em 1956, a Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro.

A exemplo de Graciliano Ramos, estréia na vida literária não propriamente tarde, mas a meio caminho: só aos 40 anos aparece seu primeiro livro, fruto quarentão de aventura intelectual cujo propósito era bem outro, isto é, a política. "Vila dos confins nasceu relatório, cresceu crônica e acabou romance...", segundo confessou o próprio autor.

Educador, político, literato, todo o trabalho nesses três largos campos de atividade ele realizou inspirado pelo amor à sua terra e à sua gente. A mesma inspiração levou-o a prosseguir, a tentar novas e fecundas iniciativas. Construiu em Uberaba a Cidade Universitária em terreno de área superior a 300 mil metros quadrados, e o Hospital Mário Palmério, da Associação de Combate ao Câncer do Brasil Central, maior nosocômio em todo o interior do Brasil.

Candidatando-se novamente, em 1958, Mário Palmério reelegeu-se, pela terceira vez - e agora com mais expressiva votação - deputado federal por Minas Gerais. Em setembro de 1962, desejoso de afastar-se das lides partidárias, foi nomeado pelo presidente João Goulart para o cargo de embaixador do Brasil junto ao governo do Paraguai. Assumiu o posto em 10 de outubro do mesmo ano.

Permaneceu nessa missão até abril de 1964. Sua passagem pelo Paraguai, na condição de embaixador do Brasil, foi marcada por intenso trabalho, destacando-se a reforma e reinstalação do edifício da embaixada, a conclusão das obras do Colégio Experimental - doado ao Paraguai pelo governo brasileiro - e da Ponte Internacional de Foz do Iguaçu, e a instalação em novo edifício, amplo e central, do Serviço de Expansão e Propaganda, Missão Cultural e Consulado. Dando ênfase às atividades culturais e artísticas, Mário Palmério integrou-se admiravelmente no seio da intelectualidade paraguaia, estreitando-se assim, mais ainda e de forma duradoura, os laços de compreensão e amizade entre os dois países.

De regresso ao Brasil, Mário Palmério reencetou suas atividades literárias. Isolando-se em fazenda de sua propriedade, no sertão sudoeste de Mato Grosso - Fazenda São José do Cangalha - escreveu Chapadão do Bugre, romance para o qual vinha colhendo, desde o êxito de Vila dos Confins, abundante material lingüístico e de costumes regionais, e que recebeu de toda crítica os mais rasgados elogios. Lançado em outubro de 1966, o romance teve inúmeras edições.

Durante vários anos viajou de barco pelo rio Amazonas e seus afluentes, levantando dados sobre a realidade física, social e cultural da região Amazônica. Em 1987 deixou de vez o Amazonas e voltou a morar em Uberaba, como presidente das Faculdades Integradas daquela cidade.

Em 1988, recebeu a Medalha do Mérito Santos-Dumont, conferida pelo Ministério da Aeronáutica. Neste mesmo ano, Mário Palmério cria a Universidade de Uberaba, que atualmente conta com quarenta cursos superiores.

A faculdade de Monte Carmelo, sua terra natal, leva o seu nome, como forma de homenageá-lo: Fundação Carmelitana Mário Palmério. Oferece diversos cursos (Administração, Pedagogia, Letras, Ciência Biológicas), e vem se destacando pela qualidade de ensino.

Mário Palmério era casado com Cecília Arantes Palmério. Teve dois filhos, Marcelo e Marília.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito para a cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Guimarães Rosa, em 4 de abril de 1968, e recebido em 22 de novembro de 1968 pelo acadêmico Cândido Mota Filho.

Fonte: Wikipédia

Bertha Homem de Mello

BERTHA CELESTE HOMEM DE MELLO
(97 anos)
Farmacêutica, Poetisa e Professora

* Pindamonhangaba, SP (21/03/1902)
+ Jacareí, SP (16/08/1999)

Foi uma poetisa, farmacêutica e professora, autora da letra em português da canção "Parabéns a Você", comumente cantada nos aniversários.

Única filha de casal de fazendeiros de Pindamonhangaba, Bertha formou-se em Farmácia. Casou-se e teve uma única filha, Lorice.

Tinha 40 anos de idade quando participou, junto a outros cinco mil candidatos, do concurso para a escolha da letra de Parabéns a Você, que compôs em apenas cinco minutos. Além deste concurso, que venceu usando o pseudônimo de Léa Guimarães, participava de diversos outros que ouvia pelo rádio, sendo vencedora diversas vezes - como na quadra feita para escolha do jingle de uma cera de polimento de pisos, que dizia: "Vou lhe contar um segredo / Que todos sabem de cor / Dá lustro até num rochedo / A supercera Record".

Dotourou-se em Letras, escrevendo poemas que foram mais tarde publicados no livro Devaneios. Aos 54 anos mudou-se para a cidade de Jacareí, onde lecionou por mais de 40 anos e em 12 de setembro de 1998 recebeu o título de cidadã honorária, mesmo data em que lançou seu livro. Além da canção mais conhecida, uma outra, intitulada Arraiá, foi gravada pelo cantor Rolando Boldrin.

Declarava ter se emocionado em várias ocasiões em que sua letra foi entoada, especialmente durante a festa do quarto centenário da cidade de São Paulo e durante visita do Papa João Paulo II em 1980, na cidade de Aparecida.

O Concurso

Em 1942, o compositor Almirante, insatisfeito com o fato de no Brasil a canção de aniversário ser cantada em inglês, idealizou um concurso na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, para a criação em português da canção norte-americana Happy Birthday To You.

A escolha da canção vencedora coube à Academia Brasileira de Letras, com os Imortais Olegário Mariano, Cassiano Ricardo e Múcio Leão.

A canção de Bertha foi a vencedora por dois motivos principais: foi uma das únicas que trazia cada verso diferente (a maioria repetia a mesma frase) e pela beleza.

A letra original de Parabéns a Você:

"Parabéns a você,
nesta data querida,
muita felicidade,
muitos anos de vida."

Sobre ela, diversas vezes, a autora se irritava com os erros comumente cometidos pelas pessoas, que costumam entoar os versos como "parabéns pra você / nessa data querida / muitas felicidades..." Sobre os erros grifados ela acentuava que não era "pra você", e sim "a você"; "nesta data" e nunca "nessa" e, finalmente, o terceiro erro, repetia que "a felicidade é uma só" - singular e não plural.

Direitos Autorais

A compositora, apesar de ter direitos autorais pela execução da popular canção, nunca recebeu os valores devidos pela sua composição - que no Brasil equivalem a 8,3 por cento do montante arrecadado, sendo a música mais executada no país. Outros 8,3% são devidos ao compositor Jorge de Mello Gambier, que compusera em 1978 outra estrofe, e o restante aos detentores dos direitos da música, representados pela gravadora Warner.

Faleceu na  cidade de Jacareí aos 97 anos, vítima de Pneumonia.

No ano de 2009 a filha e herdeira de Bertha, Lorice, ingressou com uma ação a fim de receber os pagamentos que lhe são devidos.

Fonte: Wikipédia

Austregésilo de Athayde

BELARMINO MARIA AUSTREGÉSILO AUGUSTO DE ATHAYDE
(94 anos)
Jornalista, Cronista, Ensaísta, Orador e Professor

* Caruaru, PE (25/09/1898)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/1993)

Nascido na antiga Rua da Frente (atual Rua Quinze de Novembro) em Caruaru, Pernambuco, filho do desembargador José Feliciano Augusto de Athayde e de Constância Adelaide Austregésilo, e bisneto do tribuno e jornalista Antônio Vicente do Nascimento Feitosa.

Colaborador do jornal A Tribuna e tradutor na agência de notícias Associated Press, formou-se no ano de 1922 em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do antigo Distrito Federal e ingressou no jornalismo. Trabalhou como escritor e jornalista, chegando a dirigente dos Diários Associados, a convite de Assis Chateaubriand.

Foi diretor-secretário de A Tribuna e colaborador do Correio da Manhã. Assumiu a direção de O Jornal em 1924, órgão líder dos Diários Associados. Sua declarada oposição à Revolução de 1930 e o apoio ao Movimento Constitucionalista de São Paulo (1932) levou-o a prisão e exílio na Europa e depois na Argentina.

Permaneceu muitos meses em Portugal, Espanha, França e Inglaterra, e de lá se dirigiu a Buenos Aires, onde residiu por dois anos (1933-1934).

De volta ao Brasil reiniciou nos Diários Associados como articulista e diretor do Diário da Noite e redator-chefe de O Jornal, do qual foi o principal editorialista, além de manter a coluna diária Boletim Internacional. Tomou parte como delegado do Brasil na III Assembléia Geral das Nações Unidas, em Paris no ano de 1948, tendo sido membro da comissão que redigiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em cujos debates desempenhou papel decisivo.

Austregésilo de Athayde e Josué Montello
Também escreveu semanalmente na revista O Cruzeiro e, por sua destacada atividade jornalística, recebeu em 1952, na Universidade de Columbia, Estados Unidos, o Prêmio Maria Moors Cabot.

Diplomado na Escola Superior de Guerra em 1953, passou a ser conferencista daquele centro de estudos superiores. Após a morte em 1968 de Assis Chateaubriand, passou a integrar o condomínio diretor dos Diários Associados.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 9 de agosto de 1951, para a cadeira 8, sucedendo a Oliveira Viana, e foi recebido em 14 de novembro de 1951, pelo acadêmico Múcio Leão.

Tornou-se presidente da instituição em 1959, tendo sido reeleito para dirigi-la por longos 34 anos, até o fim de sua vida.

Fonte: Wikipédia