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Barão de Guaraciaba

FRANCISCO PAULO DE ALMEIDA
(75 anos)
Proprietário Rural e Banqueiro

☼ Lagoa Dourada, MG (10/01/1826)
┼ Rio de Janeiro, RJ (09/02/1901)

Francisco Paulo de Almeida, primeiro e único Barão de Guaraciaba, foi proprietário rural e banqueiro brasileiro, nascido em Lagoa Dourada, MG, no dia 10/01/1826.

Distinguiu-se por ter sido financeiramente o mais bem sucedido negro do Brasil pré-republicano. Possuiu diversas fazendas e cerca de duzentos escravos, com uma fortuna estimada à época em 700 mil contos de réis. Foi proprietário do emblemático Palácio Amarelo na cidade de Petrópolis, RJ.

Filho de António José de Almeida e de sua primeira esposa, Galdina Alberta do Espírito Santo, e casado com Brasília de Almeida (1844-1889).

Francisco Paulo de Almeida começou a trabalhar cedo, como ourives, especializado na confecção de abotoaduras de ouro e botões de colarinho. A filiação nas irmandades lhe possibilitou o aprendizado do violino e a autorização a tocar nos velórios, atividade que complementava seus ganhos.

Aos 16 anos, recebeu como parte da partilha de bens de sua mãe cerca de 257 mil réis. Cinco anos depois, por ocasião do falecimento da avó, foi-lhe concedido 99 mil réis. Considerando que esses valores eram parte da divisão entre numerosos herdeiros, pode-se supor que a família de Francisco tinha um bom nível econômico. Por essa época, Francisco trabalhava como tropeiro, viajando de Minas Gerais pela estrada geral que passava por Valença, Rio de Janeiro.

Casou tarde, por volta de 1860, aos 34 anos, com Brasília Eugenia da Silva Almeida, mulher branca, com quem teve 15 filhos. Neste ano comprou sua primeira fazenda no Arraial de São Sebastião do Rio Bonito. Começava sua ascensão como próspero cafeicultor no no Vale do Paraíba fluminense.

Palácio Amarelo, Petrópolis, RJ. Antiga residência do Barão de Guaraciaba
Os Negócios

Em poucos anos, o barão Francisco Paulo de Almeida comprou outras fazendas de café: Veneza, Santa Fé, Três Barras, Santa Clara e Piracema. Por último, em 1897, já na República, adquiriu a Fazenda Pocinho, entre os municípios de Vassouras e Barra do Piraí.

Suas fazendas estendiam-se pelo Vale do Paraíba fluminense somando um vasto território de 250 km2, centenas escravos e uma fortuna de quase 700 mil contos de réis, patrimônio de um bilionário. Só a fazenda Veneza, em Conservatória, possuía 400 mil pés de café. As sedes de suas fazendas eram belíssimas e ele vivia no extremo luxo. Na corte, possuía um espaçoso sobrado na Tijuca, Rua Moura Brito. Em Petrópolis, cidade de veraneio da nobreza imperial brasileira, era proprietário do célebre Palácio Amarelo, no centro da cidade. O palacete foi adquirido, em 1894, pelo governo para servir de sede da Câmara Municipal.

Homem talentoso para lidar com as finanças, o barão Francisco tinha investimentos diversificados. Em 1870, dedicou-se ao negócio de importação e exportação, com escritório situado na antiga Rua de Bragança, 31, na Corte. Participou da construção da Estrada de Ferro de Santa Isabel do Rio Preto, cujos trilhos atravessavam sua Fazenda Veneza e assistiu sua inauguração ao lado de Dom Pedro II, em 1883.

Aplicava em ações e foi sócio fundador do Banco Territorial de Minas Gerais e do Banco Crédito Real de Minas Gerais. A diversificação dos negócios evitou que Francisco perdesse sua fortuna com o declínio do café do Vale que levou à ruína os barões de café.

Fazenda Veneza, em Conservatória, RJ
O Título de Barão

Em 16/09/1887, Francisco Paulo de Almeida foi agraciado pelo título nobiliárquico de Barão de Guaraciaba. Segundo o decreto, assinado pela Princesa Isabel, regente do trono na ausência do imperador. O título fora-lhe concedido por "merecimento e dignidade" pela beneficência em favor da Santa Casa de Misericórdia de Valença, Rio de Janeiro, em que foi provedor no biênio 1882-1884.

Foi o primeiro e único barão negro do império. Na hierarquia nobiliárquica, barão era o primeiro título de nobreza, seguido por visconde, conde, marquês e duque, sendo este último o de maior importância. Era uma prerrogativa do monarca eleger quem ostentaria essas distinções. Não havia uma regra clara para a concessão, justificada, em geral, por "serviços prestados ao Estado".

Segundo Schwarcz, ao final do Império, a nobreza brasileira possuía 316 barões, 54 viscondes, 10 condes e nenhum duque. Duque de Caxias, o único duque em todo o período imperial, falecera em 07/05/1880. O nome Guaraciaba, palavra de origem tupi que significa "lugar do sol" (junção de kûarasy, sol, e aba, lugar) seguia a voga indianista presente na pintura acadêmica e nos romances brasileiros da época. Dar nomes indígenas aos títulos de nobreza conferia um caráter tropical e exótico à corte imperial.

O Barão e o Escravismo

Francisco Paulo de Almeida iniciou sua trajetória em uma época em que o fluxo de africanos escravizados foi mais vigoroso. A partir de 1850, com o fim do tráfico negreiro, a reposição da força de trabalho ocorreria por meio do tráfico interno. Como seria a relação de Francisco com a nobreza da Corte? E com a oligarquia cafeeira? Sabe-se que ele desfrutou da amizade da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. Mas o título de barão só lhe foi concedido ao final de sua vida. Por essa época, viajava frequentemente à Europa, permanecendo por longo tempo em Paris onde seus filhos estudavam. Como grande fazendeiro, homem de negócios e aristocrata Francisco certamente acompanhou todos embates sobre questão da mão de obra: o fim definitivo do tráfico (1850), a Lei de Terras (1850), a introdução de mão de obra livre imigrante nas fazendas de café, a Lei do Ventre Livre (1871), do Sexagenário (1885) e a abolição (1888).

Embora fosse mulato, ou negro, segundo algumas fontes, o barão Francisco estava longe de ser um abolicionista. Na abolição de maio de 1888, ele tinha cerca de 200 escravos na sua fazenda Veneza, em Conservatória.

Após a Proclamação da República, adquiriu o Palácio Amarelo, atual sede do Legislativo da cidade de Petrópolis, foi perseguido pelo legislativo, até vender seu imóvel.

O Barão de Guaraciaba, pelos fatos percebidos, tinha uma visão aguçada de seu tempo, das relações próprias de sua sociedade e dos atributos que o indivíduo necessitava para nela estar e transitar. Nesta sociedade, além do poder econômico, para se situar, para estar, para se manter e para se relacionar com a sociedade, era preciso se preocupar com a instrução.

Por isso, suas filhas, além do programa de estudos preconizado pela Lei Nacional de 15/10/1827, que instituiu a instrução pública para meninas em todo o Império brasileiro (leitura, escrita, quatro operações de aritmética, gramática de língua nacional, os princípios da moral cristã e de doutrina da religião católica, apostólica e romana, bem como as prendas que servem à economia doméstica), estudaram piano, o segundo instrumento de sua devoção. Os filhos foram enviados para estudar em Paris, França.

Nos últimos anos de sua vida, o Barão de Guaraciaba, viajou constantemente para Paris. Faleceu em 09/02/1901, na casa de sua filha Adelina, situada à Rua Silveira Martins, 81. Foi sepultado no Cemitério São João Batista longe da Baronesa que foi sepultada no Cemitério de Bemposta, distrito de Três Rios, RJ.

Em vida, o Barão de Guaraciaba desfez-se de quase todos os seus bens, deixando de herança a Fazenda Pocinho e a Fazenda Santa Fé para suas filhas e para os homens deixou dinheiro em espécie. 

Mônica de Souza Destro
O Barão Negro, Seu Palácio e Seus 200 Escravos
Família resgata memória de um dos homens mais ricos do Brasil Imperial e que ganhou título da Princesa Isabel
(Por Caio Barreto Briso)

Algumas páginas poderiam se desfazer em mãos descuidadas. São documentos guardados a sete chaves há mais de um século. Embora esmaecidas, as folhas mancham de tinta os dedos de quem as manuseia. "Aqui está a história da nossa família", diz Mônica de Souza Destro, na sala de sua casa, em Juiz de Fora, MG. Ela tem muitas pastas empilhadas na sua frente, onde guarda fragmentos de uma história tão esquecida quanto fascinante.

Revirar esses papéis é voltar ao tempo do tataravô de Mônica, o mineiro Francisco Paulo de Almeida, primeiro e único Barão de Guaraciaba, um proprietário rural e banqueiro brasileiro. Um dos mais importantes barões do café do segundo reinado. Titulado como Barão de Guaraciaba pela própria Princesa Isabel, acumulou um enorme patrimônio no Vale do Paraíba fluminense. Suas fazendas estendiam-se pelos estados do Rio de Janeiro e também de Minas Gerais, somando um vasto território estimado em 250 quilômetros quadrados, e uma fortuna de quase 700 mil contos de réis, coisa de bilionário. Mas um detalhe tornava o barão diferente dos outros nobres: Ele era negro em um país escravocrata. Reinou em um mundo dominado por brancos.

"Foi um gênio das finanças. Seu patrimônio era colossal, nem a queda do café o fez quebrar. As sedes de suas fazendas eram belíssimas, ele vivia no extremo luxo. Tinha investimentos diversificados, aplicava em ações, fundou bancos. Foi sócio fundador do Banco Territorial de Minas Gerais e do Banco Crédito Real de Minas Gerais. Por isso se tornou um dos homens mais ricos de seu tempo."
(Afirma o historiador José Carlos Vasconcelos, especialista no passado do Vale do Paraíba)

Mônica de Souza Destro é a guardiã dos documentos históricos que reconstroem a história do barão. Com a ajuda de Vasconcelos, ela está montando a árvore genealógica de sua família. É um trabalho hercúleo. Em um software de genealogia instalado em seu computador, já cadastrou 580 nomes de parentes. A lista começa com os 15 filhos que o barão teve com a mulher, Dona Brasília, e chega até Marina, de 10 anos, caçula de Mônica.

Quem começou a organizar o arquivo da família foi seu avô, o engenheiro Antônio Augusto de Almeida e Souza. Até os 98 anos, idade em que morreu, cuidou com esmero de todas as fotos, inventários, testamentos e certidões de nascimento e óbito dos parentes. Cada filho e neto do barão possui uma minibiografia, escrita à mão por seu Antônio.


Embora fosse negro, o aristocrata estava longe de ser um abolicionista. Quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, tinha cerca de 200 escravos na Fazenda Veneza, em Conservatória, onde possuía mais de 400 mil pés de café. Mesmo com a abolição, a maioria continuou trabalhando para o barão, e alguns foram incluídos no testamento, caso de Isabelinha, que trabalhava na sede da fazenda e ganhou, na divisão da herança, o mesmo valor em dinheiro que os filhos: quase 2.000 contos de réis.

Para desenvolver a árvore genealógica da família, Mônica, que trabalha como secretária em um consultório médico, foi atrás dos primos mais distantes. Conheceu diversos parentes de quem nunca ouvira falar, vários deles encontrados no Facebook - nem todos se interessaram em ajudá-la.

Dos 13 filhos do barão, 12 casaram e aumentaram a família, a exceção é Serbelina, a primogênita, que só viveu até os 2 anos.

Com a morte do patriarca, em 09/02/1901, em uma mansão no Catete - para onde se mudou após vender o Palácio Amarelo, em Petrópolis, à Câmara dos Vereadores -, sua família se espalhou por cidades do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A maioria dos descendentes não se parece mais nem de longe com o barão. Alguns, como Mônica, têm olhos claros. As filhas do Barão de Guaraciaba se casaram com portugueses, e os filhos, com mulheres brancas.

Familiares e historiadores acreditam que o barão tenha começado a vida como ouvires, especialista na confecção de abotoaduras de ouro. Também ganhava dinheiro tocando violino em enterros. Mas foi ao tornar-se tropeiro que ele teria lucrado o bastante para comprar sua primeira fazenda, em meados do século XIX.

O que ainda não se sabe sobre o barão, a tataraneta Mônica está tentando descobrir. Seu sonho é escrever um livro contando a saga do negro que conquistou o Império.

"O ramo da minha família é um dos que possuem menos recursos. Mas a história está conosco. Para mim, é o que importa", afirma.

Indicação: Miguel Sampaio

Barão de Macaúbas

ABÍLIO CÉSAR BORGES
(66 anos)
Médico, Educador e Pedagogista

☼ Rio de Contas, BA (09/09/1824)
┼ Rio de Janeiro, RJ (17/01/1891)

Abílio César Borges, primeiro e único Barão de Macaúbas, foi um médico e educador, pedagogista brasileiro. Era filho de Miguel Borges de Carvalho e de Mafalda Maria da Paixão. Nasceu no povoado de Macaúbas, então pertencente à pequena Vila de Rio de Contas, ao sul da Chapada Diamantina, exatamente quando esta completava cem anos de emancipada. Ali efetuou os primeiros estudos e, em 1838 mudou-se para Salvador a fim de completar sua formação.

Devemos muito do nosso conhecimento aos educadores que fizeram da sua profissão uma luta para o aperfeiçoamento da educação no Brasil. Entre tantos outros está Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas, que marcou presença no cenário da educação do Brasil entre 1856 e 1880. Ele também era médico e cirurgião e talvez por isso - por ter transformado a educação em opção de vida - tenha sido um pensador educacional.

Em 1841, depois de haver interrompido os estudos por causa da saúde, entrou para a Faculdade de Medicina da Bahia, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro, onde diplomou-se em 1847 - tendo realizado o curso de forma brilhante. Voltando para a Bahia, dedicou-se ao magistério por quatro anos.

Em 1845, fundou, junto a outros, o Instituto Literário da Bahia, uma espécie de prelúdio de Academia de Letras (ABL), onde são realizados saraus, discutidas ideias e reunia os mais expressivos nomes da literatura baiana da época.

Era casado, desde 1848, com Francisca Antônia Wanderley, oriunda de importante família pernambucana, com quem teve vários filhos.

O Formador de Gênios

Em Salvador, ainda sem o baronato, Abílio César Borges fundou em 1858 o Ginásio Bahiano. Ali, mais que um professor e diretor, aplicava as novidades pedagógicas que incorporava em seus estudos.

Esta instituição, assim como o também famoso e contemporâneo Colégio Sebrão, foi responsável pelos fundamentos educacionais de futuras genialidades da Bahia, como Ruy Barbosa, Aristides Spínola, Castro Alves, Plínio de Lima, Cezar Zama, dentre tantos outros.

Conservou-se à frente da instituição por quase 14 anos. Viajou a Europa com o propósito de melhorar os seus conhecimentos sobre os problemas pedagógicos, de forma a torná-los aplicáveis aos seus trabalhos.

De volta da Europa, em 1871 mudou-se para o Rio de Janeiro, fundando ali o Colégio Abílio. Onze anos depois, graças à fama alcançada por sua instituição, foi nomeado como representante do Brasil no Congresso Pedagógico Internacional de Buenos Aires.

Em Barbacena, Minas Gerais, em 1881 instalou uma filial do colégio do Rio de Janeiro, por onde passaram ilustres personalidades da vida pública mineira. O prédio, que ainda hoje preserva características da construção original, serviu de sede para o antigo Colégio Militar de Minas Gerais e hoje é a sede do comando da Escola Preparatória de Cadetes-do-Ar.

Suas ideias, na época, eram inovadoras na educação brasileira: abolia completamente qualquer espécie de castigo físico, realizava torneios literários, culto ao civismo, etc. Imaginou um método de aprendizagem de leitura que denominou de Leitura Universal, para facilitar o estudo das primeiras letras, abriu vários cursos públicos gratuitos de leitura, convencido de que assim prestava o melhor serviço ao país.

A fim de poder ministrar as lições aos seus alunos, sem ofender entretanto os rígidos costumes da época, chegou até a mandar publicar, na Bélgica, um volume especial, adaptado para menores, de "Os Lusíadas".

Civista Extremado e Grande do Império

Ainda na Bahia, por ocasião da Guerra do Paraguai, manifestava-se exaltadamente pela imprensa, conclamando ao povo à luta em defesa da soberania brasileira. Mas, não restringiu-se a isto: chegou mesmo a patrocinar, de suas próprias rendas, o batalhão dos "Zuavos Baianos".

Pioneiro do Abolicionismo, fundou a Sociedade Libertadora 7 de Setembro, que publicava o jornal "Abolicionista".

A 30/07/1881, foi agraciado com o título de Barão de Macaúbas, depois elevado com a honra de Grande do Império, em 03/06/1882. Além dessa honraria, foi comendador da Imperial Ordem da Rosa, da Ordem de Cristo e da de São Gregório, o Magno.

Dom Pedro II demonstrava, através do reconhecimento dos méritos do Barão de Macaúbas, sua preocupação com a educação no país, Imperador que valorizava o magistério e que declarava que, se não fosse imperador, queria ser "Mestre-Escola".

O Barão de Macaúbas foi um homem à frente do seu tempo, que amava o seu país. Como educador, manteve-se sempre afeito às novidades quanto aos métodos de ensino, sem nunca perder o aprendizado próprio. Não tivesse deixado vestígios, bastaria o fato de ter sido o alicerce de Castro Alves e Ruy Barbosa, dentre muitos outros.

Barão de Macaúbas pertenceu à Academia Filomática, foi diretor geral do ensino na Bahia (1856), membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, além de muitas outras entidades lítero-científicas no Brasil e na Europa.

Morte

Nossa nação teve a infelicidade de nascer sob a fatalidade de uma desigualdade social tão profunda, que nos dividiu, primeiro, entre brancos conquistadores e índios, depois, entre brancos senhores e pretos escravos, o que sucede na classe dominante só tem real importância para o país, se o regime de divisão social se mantém e as duas nações continuam a coexistir no estranho paralelismo de sua simbiose a educação também acompanha essa divisão.

Abílio César Borges morreu em 16/02/1891 e hoje seu nome significa muito mais do que nome de ruas e escolas pelo Brasil afora. Seu exemplo se ergueu como um padrão do nosso orgulho, inspirando-nos a certeza e a segurança de podermos ter, como têm os países civilizados, escolas primárias que sejam escolas primárias, ginásios que sejam ginásios, escolas superiores que sejam escolas superiores e universidades que sejam universidades para todos os brasileiros, do mesmo modo por que esse grande educador do Império pôde fazê-los para os poucos selecionados daqueles remotos tempos.

Algumas Obras Publicadas

  • 1847 - Proposições Sobre Ciências Médicas (Tese de Doutoramento)
  • Vinte Anos de Propaganda Contra o Emprego da Palmatória e Outros Castigos Aviltantes no Ensino da Mocidade
  • Desenho Linear ou Geometria Prática Popular
  • 1858 - Memória Sobre a Mineração da Província da Bahia
  • Discursos Sobre a Educação
  • Gramática Portuguesa
  • Gramática Francesa
  • Epítome de Geografia
  • Livros e Leitura
  • Vinte e Dois Anos em Prol da Elevação dos Estudos no Brasil
  • Os Lusíadas de Camões
  • A Lei Nova do Ensino Infantil
  • Conferência Sobre o Aparelho Escolar Múltiplo e o Fracionamento
  • Segundo Livro de Leitura Para Uso da Infância Brasileira

Fonte: Wikipédia

Francesco Matarazzo

FRANCESCO ANTONIO MARIA MATARAZZO
(83 anos)
Agricultor, Mascate e Empresário

☼ Castellabate, Itália (09/03/1854)
┼ São Paulo, SP (10/12/1937)

Francesco Antonio Maria Matarazzo foi um agricultor italiano que, em 1881, emigrou para o Império do Brasil (1822-1889), tornando-se, neste país, mascate e, posteriormente, empresário. Tornou-se conhecido no Brasil como Francisco Matarazzo, Conde Francisco Matarazzo, Conde Matarazzo ou ainda Conde Francesco. Em italiano, sua titulação completa era Don Francesco Antonio Maria, Il Molto Onorevole Conte Matarazzo.

A importância de Francesco Matarazzo para o cenário econômico do Brasil só é comparável à que teve o Visconde de Mauá no Segundo Reinado do Império brasileiro (1822-1889), tendo sido um dos marcos da modernização do país.

Nasceu em Castellabate, uma pequena vila do sul da Itália, filho de Costabile Matarazzo e Mariangela Jovane, agricultores na região da Campânia. Francesco aos 27 anos emigra para o Império do Brasil (1822-1889), em 1881, em busca de melhores condições de vida. No desembarque, na Baía de Guanabara, perdeu a carga de banha de porco que trazia. Com o pouco dinheiro que lhe sobrou se estabeleceu na cidade de Sorocaba, província de São Paulo, no comércio de secos e molhados. Alguns anos depois estabeleceu uma empresa de produção e comércio de banha de porco.

Em 1890, mudou-se para São Paulo e fundou, com os irmãos Giuseppe e Luigi, a empresa Matarazzo & Irmãos. Diversificou seus negócios e começou a importar farinha de trigo dos Estados Unidos. Giuseppe participava da empresa com uma fábrica de banha estabelecida em Porto Alegre e Luigi com um depósito-armazém estabelecido na cidade de São Paulo.

No ano seguinte, a empresa foi dissolvida e constituiu-se em seu lugar a Companhia Matarazzo S.A. que já contava com 43 acionistas minoritários. Essa sociedade anônima passou a controlar também as fábricas de Sorocaba e Porto Alegre.

Em 1900, a guerra entre a Espanha e os países centro-americanos dificulto a compra do produto e ele conseguiu crédito do London And Brazilian Bank para construir um moinho na cidade de São Paulo. A partir daí, seu império empresarial se expandiu rapidamente, chegando a reunir várias fábricas por todo o Brasil. A renda bruta do conglomerado chegou a ser a quarta maior do país, e 6% da população paulistana dependia de suas fábricas, que, em 1911, passaram a se chamar Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM), uma sociedade anônima.

Sua estratégia de crescimento seguia o lema "uma coisa puxa a outra". Para embalar o trigo, montou uma tecelagem. Para aproveitar o algodão usado na produção do tecido, instalou uma refinaria de óleo, e assim por diante.

Em 1928, participou da fundação do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).

Francesco Matarazzo morreu na condição de homem mais rico do país, com uma fortuna de 10 bilhões de dólares americanos, sendo o criador do maior complexo industrial da América Latina do início do século XX. A riqueza produzida por suas indústrias ultrapassava o PIB de qualquer Estado brasileiro, exceto São Paulo.

Títulos Nobiliárquicos

Francesco Matarazzo não pertencia à nobreza italiana nem à nobreza de outros países da Europa, no entanto, no Brasil, já bilionário, alguns de seus filhos vieram a se casar com membros da alta nobreza italiana. Entre os quais, suas filhas Claudia e Olga Matarazzo, que casaram-se com Dom Francesco Ruspoli, 8º príncipe de Cerveteri, e o príncipe Dom Giovanni Alliata Di Montereale, respectivamente. Seus filhos Giuseppe e Attilio Matarazzo, casados com Dona Anna de Notaristefani dei Duchi di Vastogirardi e Dona Adele dall'Aste Brandolini, respectivamente.

Para que não ficasse mal perante a nobreza, em função de entes da alta nobreza italiana estarem casados com plebeus, as referidas famílias nobres com que os filhos de Francesco Matarazzo estavam casados fizeram um lobby em torno do rei Vítor Emanuel III da Itália. Da mesma forma, Francesco Matarazzo fazia várias homenagens aos reis da Itália, como um hospital construído na cidade de São Paulo, o Hospital Umberto I, fundado em 1904 e nomeado em homenagem ao rei Humberto I de Itália.

Os referidos membros da alta nobreza italiana receberam, então, várias respostas negativas por parte do então rei italiano em relação ao conferimento de um título nobiliárquico a Francesco Matarazzo. Essas famílias da alta nobreza italiana buscavam, com o conferimento de um título nobiliárquico ao pai dos consortes de seus filhos, amainar o preconceito da nobreza europeia em relação aos consortes desses nobres.

No entanto, alguns anos depois a Itália entrou na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Nesse cenário, o monarca italiano disse que, por se tratar do pai de consortes de membros da alta nobreza italiana, se Francesco Matarazzo doasse milhões de dólares estadunidenses ao Reino da Itália, o monarca italiano conferiria um título nobiliárquico ao mesmo. Após o envio de milhões de dólares estadunidenses e demais mercadorias, Francesco Matarazzo recebeu do rei Vítor Emanuel III o título nobiliárquico de O Muito Honorável Conde Matarazzo, em 1917.

No entanto, o agora conde Matarazzo jamais seria considerado como membro da nobreza por toda a nobreza europeia, somente os descendentes dos casamentos de seus filhos e filhas com os referidos membros da alta nobreza italiana que, é claro, são considerados membros. Por outro lado, com o título de nobreza, Francesco Matarazzo viria a ser aceito pelos quatrocentões.

Para além disso, suas filhas, Olga e Claudia Matarazzo, casadas com os referidos membros da alta nobreza italiana, passaram a ser tituladas, em italiano, como Donna Claudia dei Conti Matarazzo e Donna Olga dei Conti Matarazzo, sendo-lhes adicionado o Donna e o dei Conti Matarazzo, que, literalmente, em português, significa "dos Condes Matarazzo", como dita a tradição nobiliárquica italiana. Havendo a possibilidade das últimas alternarem para a titulação de Contessina Donna Olga Matarazzo e Contessina Donna Claudia Matarazzo, como também dita a tradição nobiliárquica italiana em relação as filhas de um conde, que podem usar o título de Contessina (literalmente, em português: Condessinha), bem como, há, também, a possibilidade de que, quando uma Contessina esteja mais crescida, venha a utilizar o título de Condessa.

Também, seus filhos Giuseppe e Attilio Matarazzo, casados com as referidas nobres da alta aristocracia italiana, passaram a ser titulados, em italiano, como Don Giuseppe, Conte Matarazzo (Dom Giuseppe, Conde Matarazzo) e Don Attilio, Conte Matarazzo (Dom Attilio, Conde Matarazzo), como dita a tradição nobiliárquica italiana. O mesmo procedimento aconteceria com todos os filhos do agora Conde Matarazzo.

O Conde Francesco Matarazzo em fotografia, publicada na revista "A Cigarra", em 1917
Títulos e Comendas

  • O Muito Honorável Conde Matarazzo - Feito pelo rei Vítor Emanuel III da Itália, no Decreto Real de 25/06/1917, e, posteriormente, foi feita uma extensão do título aos filhos varões, no Decreto Real de 02/12/1926 (Itália).
  • Presidente Honorário do Palestra Italia (Que, atualmente, atende pelo nome de Palmeiras)
  • Cavaliere Magistrale del Sovrano Militare Ordine di Malta (Malta)
  • Cavaliere di Gran Croce del Gran Crodone dell’Ordine della Corona d'Italia (Itália)
  • Cavaliere del Lavoro (Itália)
  • Croce al Mertio Ungherese (Itália)
  • Cavaleiro Oficial (Primeira Classe) da Ordem do Cruzeiro do Sul (Brasil).

Descendência

Francesco Matarazzo e Filomena Sansivieri (1850-1940) tiveram 13 filhos:

  • Giuseppe Matarazzo (1877-1972), casado com Dona Anna de Notaristefani dei Duchi di Vastogirardi (1888-1959)
  • Andrea Matarazzo (1881-1958), casado com Dona Amália Cintra Ferreira (1885-1958)
  • Ermelino Matarazzo (1883-1920)
  • Teresa Matarazzo (1885-1960), casada com Gaetano Comenale
  • Mariangela Matarazzo (1887-1958), casada com Mário Comide
  • Attilio Matarazzo (1889-1985), casado com Dona Adele dall'Aste Brandolini
  • Carmela Matarazzo (1891-?), casada com Antonio Campostano
  • Lydia Matarazzo (1892-1946), casada com Giulio Pignatari (?-1937)
  • Olga Matarazzo (1894-1994), casada com o príncipe Dom Giovanni Alliata Di Montereale (1877-1938)
  • Ida Matarazzo (1895-?)
  • Claudia Matarazzo (1899-1935), casada com Dom Francesco Ruspoli, 8º principe di Cerveteri (1899-1989)
  • (Luigi) Luís Eduardo Matarazzo (1902-1958), casado com Bianca Troise.

Fonte: Wikipédia

Francisco Matarazzo Júnior

FRANCISCO MATARAZZO JÚNIOR
(77  anos)
Empresário

☼ São Paulo, SP (1900)
┼ São Paulo, SP (27/03/1977)

Francisco Matarazzo Júnior, também conhecido como Conde Chiquinho, foi um empresário brasileiro que dirigiu durante quatro décadas, desde 1937, com o falecimento do fundador, seu pai Francesco Matarazzo, até sua morte, as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, durante muito tempo o maior complexo industrial da América Latina.

Penúltimo dos treze filhos do fundador do complexo industrial, foi escolhido pelo pai para sucedê-lo no comando do grupo após a morte do filho anteriormente escolhido, Ermelino Matarazzo. A escolha gerou conflitos familiares.

Francisco Matarazzo Júnior protagonizou grandes desavenças com Assis Chateaubriand, como na questão da desocupação do prédio para a construção do Edifício Matarazzo, hoje sede da prefeitura paulistana.

Francisco Matarazzo Júnior teve cinco filhos e escolheu como sucessora a caçula, Maria Pia Esmeralda Matarazzo. A escolha também desagradou os outros herdeiros, gerando inclusive disputas judiciais.

Fonte: Wikipédia

Barão de Ivinhema

FRANCISCO PEREIRA PINTO
(93 anos)
Militar

* Rio de Janeiro, RJ (23/05/1817)
+ Rio de Janeiro, RJ (07/05/1911)

Francisco Pereira Pinto, primeiro e único Barão de Ivinhema, foi um militar brasileiro, tendo alcançado a patente de vice-almirante.

Filho de José Pereira Pinto e de Maria Genoveva Souto Maior. Casou-se em primeiras núpcias quando ainda não tinha o título de Barão, com Francisca Eulália Gavião e em segundas, já como Barão de Ivinhema, com Rita Jacques Pereira Pinto, viúva do Conselheiro e Marechal de Campo Francisco Félix da Fonseca Pereira Pinto.

Tendo-se formado na Academia da Marinha em 1834, cinco anos depois já comandaria um patacho como segundo-tenente, em força naval formada para debelar uma revolta em Laguna, Santa Catarina.

Participou da esquadra que trouxe a futura imperatriz-consorte Teresa Cristina Maria de Bourbon.

Durante a Guerra do Paraguai, participou da Batalha do Paiçandu. Exerceu diversos cargos administrativos da Marinha, como diretor da Escola da Marinha, diretor do Arsenal e Ministro Supremo do Tribunal Militar.

Moço fidalgo da Corte, recebeu os graus de grã-cruz da Imperial Ordem de São Bento de Avis e da Ordem Militar de Avis, de Comendador da Imperial Ordem de Cristo e da Imperial Ordem de Francisco José da Áustria, entre outras.

Fonte: Wikipédia

Marquês de Tamandaré

JOAQUIM MARQUES LISBOA
(89 anos)
Militar

* Rio Grande, RS (13/12/1807)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/03/1897)

Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré ou Almirante Tamandaré, foi um militar da Marinha do Brasil. Na carreira, atingiu o posto de almirante. Herói nacional, é o patrono da Marinha de Guerra do Brasil. O dia de seu nascimento, 13 de dezembro, é lembrado como o Dia do Marinheiro.

Participou nas lutas da Guerra da Independência do Brasil, na Bahia, da Confederação do Equador e da repressão às revoltas ocorridas durante o Período Regencial: a Cabanagem, a Sabinada, a Farroupilha, a Balaiada e a Praieira.

No plano externo, participou da Guerra Contra Oribe e Rosas e, com a eclosão da Guerra do Paraguai, comandou as forças navais em operação na bacia do Rio da Prata, em apoio à Batalha do Passo da Pátria, à Batalha de Curuzu e a Batalha de Curupaiti.

Era filho de Francisco Marques Lisboa, nascido na antiga província portuguesa de Estremadura em 1767, e de Eufrásia Joaquina de Azevedo Lima, nascida em Viamão, RS, radicados na vila vizinha ao município do Rio Grande e atual município de São José do Norte. Era irmão de Henrique Marques de Oliveira Lisboa.

Aos 13 anos de idade, alistou-se como voluntário na Marinha do Brasil, onde iniciou carreira como praticante de piloto na fragata Niterói, sob o comando de John Taylor. Nesse posto tomou parte em vários combates navais no litoral da então Província da Bahia, inclusive na perseguição à força naval portuguesa que se retirava em 1823.


Em 1825, durante a Guerra da Cisplatina (1825-1828), em que as Províncias Unidas do Rio da Prata pretendiam anexar a Província Cisplatina, então pertencente ao Império do Brasil, Joaquim Marques Lisboa, como tenente, se destacou em muitos combates pela liderança e coragem. Capturado com outros brasileiros, arrebatou ao inimigo o navio de guerra que os levava prisioneiros, assumindo o seu comando aos 18 anos de idade.

Aos 20 de idade, no comando da escuna Bela Maria, depois de travar combate de artilharia com um navio argentino e vencendo, demonstrou o seu espírito humanitário com o inimigo, o que lhe valeu o reconhecimento dos vencidos (1827). No mesmo ano foi capturado pelo navio argentino Patagonia.

Em 1840 já era Capitão-de-Fragata e, em 1847, Capitão de Mar-e-Guerra.

Em 1848 recebeu, na Grã-Bretanha, a fragata D. Afonso, primeiro navio misto - a vela e a vapor - de grande porte da armada brasileira. Durante esse comando, tendo a bordo o príncipe de Joinville, Francisco Fernando de Orléans, os duques de Aumale e o chefe da esquadra, almirante John Grenfell, teve a oportunidade de socorrer o navio Ocean Monarch, incendiado próximo ao porto de Liverpool, resgatando mais de cem pessoas.

Em 06/03/1850 socorreu a nau Vasco da Gama, perdida e avariada ao largo da barra do Rio de Janeiro, depois de uma forte tempestade.

Participou da Guerra Contra Oribes e Rosas, ou Guerra do Prata, em 1851, na Passagem do Tonelero.


Em 1852 foi promovido ao posto de Chefe-de-Divisão, correspondente a Comodoro em outra marinhas e, em 1854, a Chefe-de-Esquadra, correspondente Contra-Almirante.

Em 1857, durante uma permanência na Europa para acompanhar o tratamento de saúde da sua esposa, foi incumbido pelo governo imperial de fiscalizar a construção de duas canhoneiras na França e de oito outras na Grã-Bretanha. Eram navios de propulsão mista vela-vapor que significavam uma atualização necessária para que a Marinha brasileira continuasse a defender cabalmente os interesses do país. Esses navios atuaram na Guerra Contra Aguirre (Guerra do Uruguai) e na Guerra do Paraguai. Nesta questão, que evoluiu para uma intervenção militar brasileira, antes da rendição de Montevidéu, o Almirante Tamandaré liderou os combates em Salto e Paiçandu, ocupando-as com tropas brasileiras.

Em 1864, já com o título de Barão de Tamandaré, assumiu o cargo de Comandante-em-Chefe das operações navais brasileiras no Rio da Prata.

Durante a Guerra do Paraguai (1864 - 1870), coube a Marques Lisboa o comando das forças navais no início do conflito entre 1865 e 1866. Ele estabeleceu o bloqueio naval e organizou o apoio logístico para a força em operação, fundamentais para o seu bom êxito.


Na Batalha Naval do Riachuelo, em 11/06/1865, Francisco Manoel Barroso da Silva, por ele designado para comandar as Divisões em operação no Rio Paraná, obteve a vitória que mudou o curso da guerra em favor da Tríplice Aliança.

Marques Lisboa comandou a operação militar do Passo da Pátria num bem sucedido desembarque de tropas de grande envergadura e assim como o apoio naval na conquista das fortificações do Rio Paraguai, que impediam o avanço aliado.

Em 1866, por razões de saúde e políticas pediu o afastamento do cargo, sendo substituído pelo almirante Joaquim José Inácio, mais tarde Visconde de Inhaúma.

Quando da Proclamação da República do Brasil, no dia 15/11/1889, o Marquês de Tamandaré permaneceu fiel a Dom Pedro II do Brasil, quedando-se cerca de uma hora a sós com o Imperador, pedindo-lhe permissão para a Armada Imperial debelar o golpe de Estado, o que lhe foi negado.

Aos 82 anos de idade, e o último dos grandes militares monarquistas do passado ainda vivo, pois Duque de Caxias, Marquês do Herval, Almirante Barroso, Marechal Polidoro e todos os demais já haviam falecido, recusou-se a aceitar o fim da monarquia e permaneceu esperançoso da possibilidade de um contra-golpe. Permaneceu ao lado da Família Imperial até ao seu embarque definitivo no navio Alagoas para o exílio.

Foi reformado em 1890, falecendo sete anos depois, no dia 20/03/1897.

O Testamento do Almirante Tamandaré

A historiografia oficial omite todo o primeiro parágrafo deste documento alterando-lhe com isso o sentido do texto. Em 23/09/1893, Almirante Tamandaré assim dispôs:

Não havendo a Nação Brasileira prestado honras fúnebres de espécie alguma por ocasião do falecimento do Imperador, o senhor Dom Pedro II, o mais distinto filho desta terra, tanto por sua moralidade, alta posição, virtudes, ilustração, como pela dedicação no constante empenho ao serviço da Pátria durante quase 50 anos que presidiu a direção do Estado, creio que a nenhum homem de seu tempo se poderá prestar honras de tal natureza, sem que se repute ser isso um sarcasmo cuspido sobre os restos mortais de tal indivíduo pelo pouco valor dele em relação ao elevadíssimo merecimento do grande imperador.
Não quero pois, que por minha morte que me prestem honras militares, tanto em casa como em acompanhamento para sepultura.
Exijo que meu corpo seja vestido somente com camisa, ceroula e coberto com um lençol, metido em caixão forrado de baeta, tendo uma cruz na mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de dezembro de 1892, devendo colocar no lugar que faz cruz a haste e o cepo, um coração imitando o de Jesus, para que assim ornado signifique que a âncora cruz, o emblema da fé, esperança e caridade que procurei conservar sempre como timbre dos meus sentimentos. Sobre o caixão não desejo que se coloque coroas, flores nem enfeites de qualquer espécie, e só a Comenda do Cruzeiro que ornava o peito do Sr. Dom Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como o primeiro dos Voluntários da Pátria para libertar aquela possessão brasileira do jugo dos paraguaios, que a aviltavam com a sua pressão; e como tributo de gratidão e benevolência com que sempre me honrou e da lealdade que constantemente a Sua Majestade Imperial tributei, desejo que essa Comenda Relíquia esteja sobre meu corpo até que baixe a sepultura, devendo ficar depois pertencente a minha filha D.M.E.L. (Dona Maria Eufrásia Marques Lisboa) como memória d’Ele e lembrança minha.
Exijo que se não faça anúncios nem convites para o enterro de meus restos mortais, que desejo sejam conduzidos de casa ao carro e deste à cova por meus irmãos em Jesus Cristo que hajam obtido o foro de cidadãos pela lei de 13 de maio.
Isto prescrevo como prova de consideração a esta classe de cidadãos em reparação à falta de atenção que com eles se teve pelo que sofreram durante o estado de escravidão, e reverente homenagem à Grande Isabel Redentora, benemérita da Pátria e da Humanidade, que se imortalizou libertando-os.
Exijo mais, que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe enterrado em sepultura rasa até poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da Família Marques Lisboa.
Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha Pátria e prestar algum serviço à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: Aqui jaz o Velho Marinheiro.
Almirante Joaquim Marques Lisboa

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Duque de Caxias

LUÍS ALVES DE LIMA E SILVA
(76 anos)
Militar

* Porto da Estrela (Hoje Duque de Caxias), RJ (25/08/1803)
+ Desengano (Hoje Juparanã), RJ (07/05/1880)

Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, alcunhado O Pacificador ou O Marechal de Ferro, foi um dos mais importantes militares e estadistas da história do Império do Brasil. Filho do brigadeiro e regente do Império brasileiro, Francisco de Lima e Silva, e de Mariana Cândida de Oliveira Belo.

Luís Alves de Lima, como assinou seu nome por muitos anos, foi descrito por alguns dos seus biógrafos como um predestinado à carreira das armas que aos cinco anos de idade assentou praça no exército do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1808). O que os biógrafos não explicitam é que essa trajetória apoteótica é devida às especificidades da carreira militar nessa época. Ter sido cadete aos 5 anos não era um sinal de seu caráter especial: a honraria era concedida aos filhos de nobres ou militares e muitos alcançaram o mesmo privilégio, até mesmo com menor idade.


Pertencia a uma tradicional família de militares. De um lado, a família paterna, constituída de oficiais superiores e generais do Exército Português, e, posteriormente, quando da independência do Brasil, em 1822, do Exército Brasileiro. Do lado materno, a família era de oficiais de milícia. Foi com o pai e com os tios que Luís Alves de Lima e Silva aprendeu a ser militar.

Luís Alves de Lima e Silva desde cedo ingressou na vida militar. Teve intensa carreira profissional no Exército, ascendendo ao posto de marechal-de-campo aos 39 anos de idade.

Cadete desde os 5 anos de idade, ingressou aos 15 anos na Academia Militar, de onde saiu como tenente para ingressar numa unidade de elite do Exército do Rei. Em 1822, organizou a Guarda Imperial de Dom Pedro I. O batismo de fogo teve lugar no ano seguinte, ao entrar em campanha para combater os revoltosos na Bahia, no movimento contra a independência comandado pelo general Madeira de Melo. Em 1825, o então capitão Luiz Alves deslocou-se para a Campanha da Cisplatina, nos pampas gaúchos. Participou do esforço pela manutenção da ordem pública na capital do Império após a abdicação de Dom Pedro I, em 1831.

Voluntariamente se juntou as forças do Corpo de Guardas Municipais Permanentes que marcham contra a rebelião de Miguel de Frias, em 03/04/1832, que tentava derrubar a Regência.

Em 20/10/1832, após ser promovido a tenente-coronel, assumiu o seu primeiro comando militar: o Corpo de Guardas Municipais Permanentes - A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. A frente dela, implanta várias inovações na Corporação, como as rondas de Cavalaria e o Serviço Médico, além dos postos de major e tenente-coronel (a oficialidade da corporação só ia até capitão).

Duque de Caxias perto dos 54 anos
Em 1833, casou-se com Ana Luisa do Loreto Carneiro Viana, na época com 16 anos de idade, membro da aristocrática família Carneiro Leão, sendo neta da Baronesa de São Salvador de Campos de Goitacases. Com ela teve duas filhas, Luisa do Loreto, casada com o Barão de Santa Mônica, e Ana de Loreto, casada com o Visconde de Ururaí, e um varão, Luís Alves de Lima Filho, falecido na adolescência. Suas filhas deixaram conhecida descendência, em sua maioria, estabelecida em Macaé, RJ.

Em 1839, seguiu para o Rio Grande do Sul com uma força de 200 permanentes, para lutar na Revolução Farroupilha. Em dezembro de 1839 passou o comando dos permanentes, por ter sido nomeado presidente da Província do Maranhão.

Luiz Alves tomou parte nas ações militares da Balaiada, na Província do Maranhão, em 1839. Foi nomeado para presidente da Província do Maranhão e Comandante Geral das Forças Militares em operação, num esforço de união civil e militar. O papel que desempenhou, na resolução do conflito, valeu-lhe seu primeiro título de nobreza, o de Barão de Caxias, outorgado em 1841. O título faz referência à cidade maranhense de Caxias, palco de batalhas decisivas para a vitória das forças imperiais. Neste mesmo ano, foi eleito deputado à Assembléia Legislativa pela Província do Maranhão.

Dominou os movimentos revoltosos dos liberais em Minas Gerais e São Paulo em 1842. Em 1845, quando decorria a Guerra dos Farrapos, recebeu o título de marechal de campo. Passou a ocupar o cargo de presidente do Rio Grande do Sul. A sua ação militar e diplomática levou à assinatura da Paz de Ponche Verde em 1845, que pôs fim ao conflito. Sua atuação aliou ação militar com habilidade política, respeitando os vencidos. Contribuiu, assim, para a consolidação da unidade nacional brasileira e para o fortalecimento do poder central. Foi feito Conde de Caxias.

Duque de Caxias perto dos 58 anos
No plano externo, participou de todas as campanhas platinas do Brasil independente, como a Campanha da Cisplatina (1825-1828), contra as Províncias Unidas do Rio da Prata. Comandante-chefe do Exército do Sul (1851), dirigiu as campanhas vitoriosas contra Manuel Oribe, no Uruguai, e Juan Manuel de Rosas, na Argentina (1851-1852). Comandante-geral das forças brasileiras (1866) e, pouco depois, comandante-geral dos exércitos da Tríplice Aliança (1867), na Guerra do Paraguai (1864-1870). O Conde de Caxias, que já havia atuado como conselheiro no começo da guerra, assumiu o treinamento e a reorganização das tropas. Instituiu o avanço de flancos gerais, o contorno de trincheiras e o uso de balões cativos para espionagem. Finalmente, depois da célebre Batalha de Itororó seguiu-se a campanha final, a Dezembrada, uma fase de vitórias, como a Batalha do Avaí e Lomas Valentinas, em dezembro de 1868, conduzindo à ocupação da cidade de Assunção.

Após a ocupação da capital paraguaia, ainda antes do término do conflito, por motivos de saúde retornou a Corte. O comando das tropas foi mais tarde passado ao Conde D'Eu. Seu retorno a Corte, foi polêmico, seus opositores, partidários do Conde D'Eu, o acusavam de ter abandonado uma guerra ainda em curso, por outro lado, seus partidários defendiam que a tomada de Assunção encerrava a guerra, com o Paraguai sem recursos e Solano Lopez isolado e liderando um bando de maltrapilhos.

No Rio de Janeiro, Caxias recebeu o título de Duque, o único atribuído durante a época imperial.

Na vida política do Império seu papel foi, também, significativo, como um dos líderes do Partido Conservador. Tornando-se senador vitalício desde 1845, foi presidente das províncias do Maranhão e Rio Grande do Sul, por ocasião dos movimentos revolucionários que venceu, e vice-presidente da província de São Paulo. Ministro da Guerra e presidente do Conselho por três vezes na segunda metade do século XIX (1855-1857, 1861-1862 e 1875-1878), procurou modernizar os regulamentos militares, substituindo as normas de origem colonial.

Duque de Caxias aos 74 anos
Na terceira vez em que ocupou a presidência do Conselho apaziguou os conservadores, divididos no que dizia respeito à questão da escravatura, encerrou o conflito entre o Estado e os bispos ("questão religiosa") e iniciou o aperfeiçoamento do sistema eleitoral. Em reconhecimento aos seus serviços, o Imperador Dom Pedro II agraciou-o, sucessivamente, com os títulos de Barão, Conde, Marquês e Duque de Caxias.

Retirou-se, por motivos de saúde, para a fazenda de Santa Mônica, em Desengano (hoje Juparanã, Rio de Janeiro) em 1878.

No dia 07/05/1880, às 20:30 hs, fechava os olhos para sempre aquele bravo militar e cidadão, que viveu no seio do Exército para glória do próprio Exército. No dia seguinte, chegava, em trem especial, na Estação do Campo de Sant'Ana, o seu corpo, vestido com o seu mais modesto uniforme de Marechal-de-Exército, trazendo ao peito apenas duas das suas numerosas condecorações, as únicas de bronze: a do Mérito Militar e a Geral da Campanha do Paraguai, tudo consoante suas derradeiras vontades expressas.

Outros desejos testamentários são respeitados: enterro sem pompa; dispensa de honras militares; o féretro conduzido por seis soldados da guarnição da Corte, dos mais antigos e de bom comportamento, aos quais deveria ser dada a quantia de trinta cruzeiros (cujos nomes foram imortalizados em pedestal de seu busto em passadiço do Conjunto Principal antigo da Academia Militar das Agulhas Negras); o enterro custeado pela Irmandade da Cruz dos Militares; seu corpo não embalsamado.

Quantas vezes o caixão foi transportado, suas alças foram seguras por seis praças de pré do 1º e do 10º Batalhão de Infantaria. No ato do enterramento, o grande literato Visconde de Taunay, então major do Exército, proferiu alocução assim concluída:

"Carregaram o seu féretro seis soldados rasos; mas, senhores, esses soldados que circundam a gloriosa cova e a voz que se levanta para falar em nome deles, são o corpo e o espírito de todo o Exército Brasileiro. Representam o preito derradeiro de um reconhecimento inextinguível que nós militares, de norte a sul deste vasto Império, vimos render ao nosso velho Marechal, que nos guiou como General, como protetor, quase como pai durante 40 anos; soldados e orador, humildes todos em sua esfera, muito pequenos pela valia própria, mas grandes pela elevada homenagem e pela sinceridade da dor."


Foi enterrado no jazigo de sua esposa, no Cemitério do Catumbi, onde repousou até 1949, quando seus restos foram exumados e trasladados para o Panteão Duque de Caxias.

Para culto de sua memória, o governo federal proclamou-o, em 1962, "Patrono do Exército Brasileiro". O dia do seu nascimento, 25 de agosto, é considerado o Dia do Soldado. Seu nome está inscrito no "Livro dos Heróis da Pátria".

Os cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras prestam o seguinte juramento durante a cerimônia de graduação:

"Recebo o sabre de Caxias como o próprio símbolo da Honra Militar!"

Representações na Arte e Espetáculos

O Duque de Caxias já foi retratado como personagem na televisão, interpretado por Sérgio Britto na minissérie "Chiquinha Gonzaga" (1999) e Nelson Diniz na minissérie "A Casa das Sete Mulheres" (2003).

Também teve sua efígie impressa nas notas de Cr$ 2,00 (dois cruzeiros) emitida entre 1944 e 1958 e nas de Cr$ 100,00 (cem cruzeiros) emitidas de 1981 a 1984.


Homenagens

  • Há no centro da cidade de Niterói a Rua Marquês de Caxias em sua homenagem.
  • Em sua homenagem o Palácio Duque de Caxias no Rio de Janeiro, antiga sede do Ministério do Exército, atual sede do Comando Militar do Leste.
  • Em frente ao Palácio Duque de Caxias há o Panteão Duque de Caxias, com uma estátua equestre do patrono do Exército, monumento onde estão sepultados seus restos mortais e de sua esposa.
  • Em 14/03/1931, a antiga Porto da Estrela, onde nasceu, foi nomeada Distrito de Caxias. Em 31/12/1943, através do Decreto-Lei 1.055, elevou-se à categoria de município, recebendo o nome de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro.
  • Em sua homenagem, foi dado o nome de 25 de Agosto, data de seu nascimento, a um dos principais bairros do município de Duque de Caxias.
  • O 15º (responsável pela cidade de Duque de Caxias) e o 17º Batalhões (responsável pela Ilha do Governador) da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro recebem o nome de "Batalhão Duque de Caxias", haja vista cada terem recebido tal denominação quando o primeiro pertencia a Policia Militar do antigo estado do Rio de Janeiro e o segundo, a Polícia Militar do antigo estado da Guanabara. Além disso, o militar também foi comandante-geral daquela corporação, em seus primórdios.

Busto de Duque de Caxias (Parque da Redenção - Porto Alegre, RS)
Títulos e Condecorações

Títulos Nobiliárquicos
  • Barão por decreto de 18/07/1841
  • Visconde por decreto de 15/08/1843
  • Conde por decreto de 25/03/1845
  • Marquês por decreto de 20/06/1852
  • Duque por decreto de 23/03/1869

Títulos Agremiativos
  • Membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
  • Presidente de Honra do Institut D'Afrique
  • Sócio honorário do Instituto Politécnico do Brasileiro
  • Sócio efetivo da Sociedade dos veteranos da Independência da Bahia
  • Sócio honorário do Instituto Literário Luisense

Condecorações
  • Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro
  • Medalha de Ouro da Independência
  • Comendador da Ordem de São Bento de Avis
  • Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa
  • Grã-cruz da Ordem Militar de Avis
  • Medalha de Ouro da Campanha do Uruguai
  • Grã-cruz efetivo da Imperial Ordem da Rosa
  • Medalha de Ouro Comemorativa da Rendição de Uruguaiana
  • Grã-cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro
  • Grã-cruz da Imperial Ordem de D. Pedro I
  • Medalha do Mérito Militar
  • Medalha Comemorativa do término da Guerra do Paraguai


Campanhas Pacificadoras

Primeiro Reinado
  • 1825 - Guerra da Cisplatina

Período Regencial
  • 1841 - Balaiada (Maranhão/Piauí)
  • 1842 - Revolução Liberal em São Paulo
  • 1842 - Revolução Liberal em Minas Gerais

Segundo Reinado
  • 1835 a 1845 - Revolução Farroupilha

Fonte: Wikipédia
Indicção: Miguel Sampaio

Dom Pedro II

PEDRO DE ALCÂNTARA JOÃO CARLOS LEOPOLDO SALVADOR BIBIANO FRANCISCO XAVIER DE PAULA LEOCÁDIO MIGUEL GABRIEL RAFAEL GONZAGA
(66 anos)
Segundo e Último Monarca do Império do Brasil

* Rio de Janeiro, RJ (02/12/1825)
* Paris, França (05/12/1891)

Dom Pedro II, alcunhado "o Magnânimo", foi o segundo e último monarca do Império do Brasil, tendo reinado o país durante um período de 58 anos. Nascido no Rio de Janeiro, foi o filho mais novo do Imperador Dom Pedro I do Brasil e da Imperatriz Dona Maria Leopoldina da Áustria e, portanto, membro do ramo brasileiro da Casa de Bragança. A abrupta abdicação do pai e sua viagem para a Europa deixaram Pedro com apenas cinco anos Imperador e levaram a uma infância e adolescência triste e solitária. Obrigado a passar a maior parte do seu tempo estudando em preparação para imperar, ele conheceu momentos breves de alegria e poucos amigos de sua idade. Suas experiências com intrigas palacianas e disputas políticas durante este período afetaram grandemente o seu posterior caráter. Dom Pedro II cresceu para se tornar um homem com forte senso de dever e devoção ao seu país e seu povo. Por outro lado, ele ressentiu-se cada vez mais de seu papel como monarca.

Tendo herdado um Império no limiar da desintegração, Dom Pedro II transformou o Brasil numa potência emergente na arena internacional. A nação cresceu para distinguir-se de seus vizinhos hispano-americanos devido a sua estabilidade política, a liberdade de expressão zelosamente mantida, respeito aos direitos civis, a seu crescimento econômico vibrante e especialmente por sua forma de governo: uma funcional monarquia parlamentar constitucional. O Brasil também foi vitorioso em três conflitos internacionais, que foram a Guerra do Prata, a Guerra do Uruguai e a Guerra do Paraguai, sob seu reinado, assim como prevaleceu em outras disputas internacionais e tensões domésticas.

Dom Pedro II impôs com firmeza a abolição da escravidão apesar da oposição poderosa de interesses políticos e econômicos. Um erudito, o Imperador estabeleceu uma reputação como um vigoroso patrocinador do conhecimento, cultura e ciências. Ele ganhou o respeito e admiração de estudiosos como Charles Darwin, Victor Hugo e Friedrich Nietzsche, e foi amigo de Richard Wagner, Louis Pasteur e Henry Wadsworth Longfellow, dentre outros.

Apesar de não haver desejo por uma mudança na forma de governo da maior parte dos brasileiros, o Imperador foi retirado do poder num súbito golpe de Estado que não tinha maior apoio fora de um pequeno grupo de líderes militares que desejam uma república governada por um ditador. Dom Pedro II havia se cansado da posição de Imperador e se tornado desiludido quanto as perspectivas do futuro da monarquia, apesar de seu grande apoio popular. Ele não permitiu qualquer medida contra sua remoção e não apoiou qualquer tentativa de restauração da monarquia. Ele passou os seus últimos dois anos de vida no exílio na Europa, vivendo só e com poucos recursos.

O reinado de Dom Pedro II veio a um final incomum - ele foi deposto apesar de altamente apreciado pelo povo e no auge de sua popularidade, e algumas de suas realizações logo foram desfeitas visto que o Brasil deslizou para um longo período de governos fracos, ditaduras e crises constitucionais e econômicas. Os homens que o exilaram logo começaram a enxergá-lo como um modelo para a República brasileira. Algumas décadas após sua morte, sua reputação foi restaurada e seus restos mortais foram trazidos de volta ao Brasil como os de um herói nacional. Sua reputação perdurou até o presente. Os historiadores o enxergam numa visão extremamente positiva, e ele é comumente considerado o maior brasileiro.

Dom Pedro II aos 10 meses de idade (1826)
Primeiros Anos

Nascimento

Dom Pedro nasceu as 02:30 hs do dia 2 de dezembro de 1825 no Paço de São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro. Batizado em homenagem a São Pedro de Alcântara, seu nome completo era Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga.

Pelo seu pai, o Imperador Dom Pedro I, ele era membro do ramo brasileiro da Casa de Bragança e seu nome era precedido pelo honorífico "Dom" ("Senhor" ou "Lorde") desde o nascimento. Ele foi neto do rei português Dom João VI e sobrinho de Dom Miguel I. Sua mãe foi a Arquiduquesa Maria Leopoldina da Áustria, filha de Francisco II, último monarca do Sacro Império Romano-Germânico. Pela sua mãe, Dom Pedro II era sobrinho de Napoleão Bonaparte e primo carnal dos Imperadores Napoleão II da França, Francisco José I de Áustria-Hungria e Dom Maximiliano I do México.

O único filho do sexo masculino legítimo de Dom Pedro I a sobreviver a infância, ele foi oficialmente reconhecido como herdeiro do trono brasileiro com o título de Príncipe Imperial em 6 de Agosto de 1826. A Imperatriz Maria Leopoldina morreu em 11 de dezembro de 1826, poucos dias após dar a luz a um menino natimorto, quando Pedro tinha um ano de idade. Pedro não guardou recordações de sua mãe, a não ser pelo o que depois foi contado a ele. A influência e lembrança de seu pai também apagou-se com o tempo, e não guardou fortes imagens de Dom Pedro I, mas apenas algumas poucas e vagas lembranças.

Dois anos e meio após a morte de Maria Leopoldina, o Imperador Dom Pedro I casou-se com Amélia de Leuchtenberg. O Príncipe Pedro passou pouco tempo com sua madrasta, no entanto, eles criaram um relacionamento afetuoso e mantiveram contato até a morte dela em 1873. O Imperador Dom Pedro I abdicou em 7 de Abril de 1831, após um longo conflito com a facção liberal, que por sua vez iria mais tarde dividir-se nos dois partidos dominantes na monarquia, os partidos Conservador e Liberal, dominante no parlamento. Dom Pedro I e Amélia partiram imediatamente para a Europa, onde Dom Pedro I iria lutar para restaurar sua filha Maria II, cujo trono em Portugal havia sido usurpado por seu irmão Miguel I. Deixado para trás, o Príncipe Imperial Pedro tornou-se "Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil".

O Imperador Dom Pedro II aos 12 anos vestindo o uniforme imperial de gala (1838)
Educação

Ao deixar o país, o Imperador Dom Pedro I selecionou três pessoas para cuidarem de seu filho e das filhas remanescentes. A primeira foi José Bonifácio de Andrada e Silva, seu amigo e líder influente da independência brasileira, nomeado tutor. A segunda foi Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho, depois Condessa de Belmonte, que detinha o cargo de aia desde o nascimento de Dom Pedro II. Quando bebê, Dom Pedro II a chamava de "dadama", pois não pronunciava corretamente a palavra "dama". Ele a considerava sua mãe de criação, e continuaria a chamá-la por afeto de "dadama" mesmo já adulto. A terceira pessoa escolhida foi Rafael, um veterano negro da Guerra da Cisplatina. Rafael era um empregado do paço pelo qual Dom Pedro I possuía uma profunda confiança e pediu para que olhasse por seu filho - um pedido no qual levaria a termo até o resto de sua vida.

José Bonifácio foi destituído de sua posição em dezembro de 1833 e substituído por outro tutor. Dom Pedro II passava os dias estudando, com apenas duas horas livres para recreação. Ele acordava as 06:30 da manhã e começava seus estudos as sete, continuando até as dez da noite, quando ia para cama. Um grande cuidado foi tomado em sua educação para incentivar valores e uma personalidade diferente da impulsividade e irresponsabilidade demonstradas pelo seu pai. Sua paixão por leitura o permitiu assimilar qualquer informação. Dom Pedro II não era um gênio, mas era inteligente e tinha grande capacidade para acumular conhecimento com facilidade.

O Imperador teve uma infância solitária e infeliz. A perda súbita de seus pais o assombraria por toda a vida. Ele teve poucos amigos de sua idade e o contato com suas irmãs era limitado. O ambiente em que foi criado o tornou uma pessoa tímida e carente que enxergava nos livros um refúgio e ao mesmo tempo uma fuga do mundo real.

A coroação de Dom Pedro II aos 15 anos de idade em 18 de julho de 1841
Coroação Antecipada

A elevação de Dom Pedro II ao trono imperial em 1831 levou a um período de crises, o mais conturbado da história do Brasil. Uma regência foi criada para governar em seu lugar até que atingisse a maioridade. Disputas entre facções políticas resultaram em diversas rebeliões e levaram a uma situação instável, quase anárquica, sob os regentes.

A possibilidade de diminuir a idade em que o jovem Imperador seria considerado maior de idade, ao invés de esperar até que completasse 18 anos de idade em 2 de dezembro de 1843, era levada em consideração desde 1835. A ideia era apoiada, de certa forma, pelos dois principais partidos políticos. Acreditava-se que aqueles que o auxiliassem a tomar as rédeas do poder estariam em posição para manipular o jovem inexperiente. Aqueles políticos que haviam surgido na década de 1830 haviam se tornado familiares aos perigos de governar.

De acordo com o historiador Roderick J. Barman, "eles haviam perdido toda a fé em sua habilidade para governar o país por si só. Eles aceitaram Dom Pedro II como uma figura de autoridade cuja presença era indispensável a sobrevivência do país". O povo brasileiro também apoiava a diminuição da maioridade, e consideravam Dom Pedro II "o símbolo vivo da união da pátria". Esta posição "deu a ele, aos olhos do público, uma autoridade maior do que a de qualquer regente".

Aqueles que defendiam a imediata declaração de maioridade de Dom Pedro II passaram uma moção requisitando ao Imperador que assumisse poderes plenos. Uma delegação foi enviada a São Cristóvão para perguntar se Dom Pedro II aceitaria ou rejeitaria a declaração antecipada de sua maioridade. Ele respondeu timidamente que "sim" quando perguntado se desejaria que a maioridade fosse diminuída  e "já" quando indagado se desejaria que viesse a ter efeito naquele momento ou preferiria esperar até o seu aniversário em dezembro.

No dia seguinte, em 23 de julho de 1840, a Assembléia Geral (o parlamento brasileiro) declarou formalmente Dom Pedro II maior aos 14 anos de idade. Lá, a tarde, o jovem Imperador prestou o juramento de ascensão. Foi aclamado, coroado e consagrado em 18 de julho de 1841.

Teresa Cristina esposa de Dom Pedro II, aos 24 anos de idade (1846)
Consolidação

Casamento

O fim da regência facciosa estabilizou o governo. Com um legítimo monarca no trono, a autoridade foi revestida numa única e clara voz. Dom Pedro II percebia o seu papel como o de um árbitro, mantendo seus conceitos pessoais de lado para não afetarem o seu dever de desemaranhar disputas políticas partidárias. O jovem monarca era dedicado, realizando inspeções diárias pessoais e visitas a repartições públicas. Seus súditos eram impressionados com a sua aparente auto-confiança, apesar de que sua timidez e falta de desenvoltura eram vistas como defeitos. Seu jeito reservado de falar apenas uma ou duas palavras a cada vez tornavam conversações diretas extremamente difíceis. Sua natureza taciturna era manifestação de uma prevenção quanto a relações próximas que tinha origem nas experiências de abandono, intriga e traição que vivenciou na infância.

Por trás das cenas, um grupo de servos palacianos de alto nível e notáveis políticos tornou-se conhecido como "Facção Áulica", e também "Clube da Joana", por estabelecerem influência sobre o jovem Imperador - e alguns eram de fato próximos, como Mariana de Verna.

Dom Pedro II foi usado com maestria pelos áulicos para eliminar seus inimigos, reais ou imaginários, através da remoção de seus rivais. Acesso a pessoa do monarca por políticos rivais e as informações que este recebia eram cuidadosamente controladas. Uma rodada contínua de negócios de governos, estudos, eventos e aparições pessoais, utilizadas como distrações, mantiveram o Imperador ocupado, isolando-o efetivamente e impedindo-o de perceber a extensão do quanto estava sendo explorado.

Preocupados com a taciturnidade e imaturidade do Imperador, os áulicos acreditavam que um casamento poderia melhorar o seu comportamento e sua personalidade. O governo do Reino das Duas Sicílias ofereceu a mão da Princesa Teresa Cristina. Um retrato foi enviado e este revelava uma jovem e bela mulher, o que levou Dom Pedro II a aceitar a proposta.

Eles foram casados por procuração em Nápoles em 30 de maio de 1843. A nova Imperatriz do Brasil desembarcou no Rio de Janeiro em 3 de setembro de 1843. Ao vê-la pessoalmente o Imperador aparentou estar claramente decepcionado. A pintura que havia recebido era claramente uma idealização. A Teresa Cristina real era baixa, um pouco acima do peso, coxa e apesar de não ser feia, também não era bonita. Ele fez pouco para esconder sua desilusão. Um observador afirmou que ele deu às costas a Teresa Cristina, outro disse que ele estava tão chocado que precisou sentar, e é possível que ambos tenham ocorrido. Naquela noite Dom Pedro II chorou e reclamou para Mariana de Verna, "Eles me enganaram, Dadama!". Foram necessárias horas para convencê-lo de que o dever exigia que ele seguisse em frente com o matrimônio. Uma celebração nupcial, com a ratificação dos votos tomados por procuração e o conferimento de uma benção nupcial, ocorreu no dia seguinte, 4 de setembro.


Estabelecimento da Autoridade Imperial

Por volta de 1846 Dom Pedro II já havia amadurecido fisica e mentalmente. Ele não era mais o jovem inseguro de 14 anos idade que se permitia levar por boatos, por sugestões de complôs secretos, e outras táticas manipuladoras. Ele cresceu num homem, que com 1, 90 m de altura, olhos azuis e cabelos loiros, era descrito como belo. Com seu crescimento, suas fraquezas desapareceram e suas qualidades de caráter vieram a tona. Ele aprendeu não só a ser imparcial e dedicado, mas também cortês, paciente e sensato. A medida que ele começou a exercer por completo sua autoridade, suas novas habilidades sociais e dedicação no governo contribuíram grandemente para sua eficiência imagem pública. O historiador Roderick J. Barman o descreveu: "Ele mantinha suas emoções sob disciplina férrea. Ele nunca era rude e nunca perdia a cabeça. Ele era excepcionalmente discreto com as palavras e cauteloso na forma de agir".

No fim de 1845 e no início de 1846 o Imperador realizou uma viagem pelas províncias mais ao sul do Brasil, passando por São Paulo, do qual o atual Paraná então fazia parte, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ele ficou surpreso pela recepção entusiástica e calorosa que recebeu em todas as províncias. Este sucesso o encorajou  pela primeira vez na vida, a agir de forma confiante por iniciativa e juízos próprios. Mais importante, este período viu o fim da Facção Áulica. Dom Pedro II eliminou com sucesso toda e qualquer influência que os áulicos detinham ao removê-los de seu círculo íntimo ao mesmo tempo em que evitava uma perturbação pública.

Dom Pedro II enfrentou três graves crises entre 1848 e 1852. O primeiro teste veio como a confrontação ao tráfico ilegal de escravos provenientes do continente africano. Este havia sido legalmente extinto como parte de um tratado com a Grã-Bretanha. O tráfico permaneceu inalterado, no entanto, e o parlamento britânico promulgou o Bill Aberdeen em 1845, autorizando navios de guerra britânicos de abordarem navios de carga brasileiros e apreender os que estivessem envolvidos no tráfico. Enquanto o Brasil se encontrava preso a este problema, a Revolta Praieira eclodiu em 6 de novembro de 1848. Se tratou de um conflito entre facções políticas locais na província de Pernambuco, e foi suprimida em março de 1849. A Lei Eusébio de Queirós foi promulgada em 4 de setembro de 1850, provendo ao governo brasileiro autoridade ampla para combater o tráfico ilegal de escravos. Com esta nova ferramenta, o Brasil passou a eliminar a importação de escravos. Por volta de 1852 esta primeira crise estava eliminada, com a Grã-Bretanha reconhecendo que o tráfico havia sido suprimido.

A terceira crise envolveu um conflito com a Confederação Argentina relacionado a ascendência sobre os territórios ao redor do Rio da Prata e da livre navegação de seus afluentes. Desde a década de 1830 que o ditador argentino Dom Juan Manuel de Rosas apoiava rebeliões dentro do Uruguai e do Brasil. Somente em 1850 que foi possível ao Brasil reagir a ameaça que representava Rosas. Uma aliança foi forjada entre o Brasil, Uruguai e províncias rebeldes argentinas, levando a Guerra do Prata e a consequente queda do governante argentino em fevereiro de 1852. Nas palavras do historiador Roderick J. Barman, " uma porção considerável do crédito deve ser... assinalado ao Imperador, cuja cabeça fria, tenacidade em seu propósito, e um senso do que era possível se revelaram indispensáveis".

O sucesso do Império em sua atuação nas três crises aumentou consideravelmente a estabilidade e prestígio da nação, e o Brasil emergiu como um poder no hemisfério. Internacionalmente, os europeus começaram a enxergar o país como personificador de ideais liberais familiares, como liberdade de imprensa e respeito constitucional a liberdades civis. Sua monarquia parlamentarista representativa se firmava em grave contraste a mistura de ditaduras e instabilidade endêmica as demais nações da América do Sul durante este período.


Crescimento

Dom Pedro II e a Política

Dom Pedro II, aos 20 anos de idade (1846)
No início da década de 1850, o Brasil gozava de estabilidade interna e de prosperidade econômica. A nação estava sendo ligada de um ponto a outro através de linhas férreas, telegráficas e de navios a vapor, unindo-a em uma única entidade. Na opinião pública em geral, tanto doméstica quanto externa, esses feitos eram possíveis devido a duas razões: "ao seu governo como uma monarquia e pela personalidade de Dom Pedro II".

Dom Pedro II não era nem uma figura ornamental como os monarcas da Grã-Bretanha e nem um autocrata à maneira dos czares russos. O Imperador exercia poder através da cooperação com políticos eleitos, interesses econômicos e apoio popular. Esta interdependência e interação fizeram muito para influenciar a direção do reinado de Dom Pedro II. Os mais notáveis sucessos políticos do Imperador foram alcançados devido a maneira cooperativa e de não-confrontação no qual ele agia quanto a interdependência e interação com interesses diversos e com as figuras partidárias nos quais ele tinha que lidar. Ele era impressionantemente tolerante, raramente se ofendendo com críticas, oposição, ou mesmo incompetência. Ele era cuidadoso em nomear somente candidatos altamente qualificados para posições no governo, e buscava coibir a corrupção. Ele não tinha autoridade constitucional para forçar a aceitação as suas iniciativas sem o devido apoio, e sua maneira colaboradora quanto a governar manteve a nação progredindo e permitiu ao sistema político funcionar com sucesso.

As incertezas de sua infância e a exploração sofrida nas mãos de outros durante a sua juventude fizeram com que o Imperador se determinasse a manter um controle sobre seu próprio destino. Em sua visão, para atingir a auto-determinação seria necessário obter poder necessário e mantê-lo. Ele usava sua ativa e essencial participação no direcionamento do governo como meios de influência. Sua direção se tornou indispensável, apesar de que nunca resultou em um "governo de um homem só". O Imperador respeitava as prerrogativas da legislatura  mesmo quando os políticos resistiam, postergavam ou frustravam seus objetivos e nominações.

O sistema político nacional brasileiro assemelhava-se ao de outras nações parlamentaristas. O Imperador, como Chefe de Estado, pediria a um membro do Partido Conservador ou do Partido Liberal para formar um gabinete. O outro partido formaria a oposição na legislatura, como contrapeso ao novo governo. "Em seu manejo dos dois partidos, ele tinha que manter uma reputação de imparcialidade, trabalhar de acordo com a vontade popular, e evitar qualquer imposição flagrante de sua vontade na cena política".

A presença ativa de Dom Pedro II na cena política era parte importante da estrutura do governo, que também incluía o gabinete de ministros, a Câmara dos Deputados e o Senado (os últimos dois formavam a Assembléia Geral ou Parlamento). A maior parte dos políticos apreciavam e apoiavam o papel do Imperador. Muitos haviam vivido durante o período regencial, quando a falta de um monarca que poderia manter-se acima de interesses mesquinhos e próprios levou a anos de luta entre facções políticas. Suas experiências com a vida pública criaram neles a convicção de que o Imperador era "indispensável para paz e prosperidade permanente do Brasil".

Dom Pedro II por volta dos 22 anos de idade (1848)
Esta é uma cópia posterior de um 
daguerreótipo presumivelmente perdido.
É a fotografia sobrevivente mais antiga do Imperador
Vida Doméstica

O casamento de Dom Pedro II e Teresa Cristina começou mal. Com maturidade, paciência, e o nascimento de seu primeiro filho, Afonso, o relacionamento melhorou. Mais tarde Teresa Cristina teve outros três filhos: Isabel (1846), Leopoldina (1847) e por último, Pedro (1848). Contudo, Afonso e Pedro morreram na infância, o que devastou o Imperador. Além de sofrer como pai, sua visão do futuro do Império mudou completamente. Apesar de sua afeição por suas filhas, ele não acreditava que a Princesa Isabel, apesar de sua herdeira, teria qualquer chance real de prosperar no trono. Ele acreditava que o seu sucessor precisava ser um homem para que a monarquia fosse viável. Ele passou cada vez mais a enxergar o sistema imperial como inexoravelmente preso a si, que não sobreviveria a sua morte. Isabel e sua irmã receberam uma educação excepcional, apesar de não terem sido preparadas para governar sobre a nação. Dom Pedro II excluía deliberadamente Isabel da participação nos negócios e decisões de governo.

Por volta de 1850, Dom Pedro II começou a ter casos discretos com outras mulheres. A mais famosa e duradoura dessas relações envolveu Luísa Margarida de Barros Portugal, Condessa de Barral, com quem ele formou uma relação de amizade romântica e íntima, mas não adúltera, depois que a nomeou aia de suas filhas em novembro de 1856.

Por toda a sua vida, o Imperador manteve a esperança de encontrar a sua alma gêmea, algo que ele sentia ter sido roubado de si ao ser obrigado a casar por razões de Estado com uma mulher pelo qual ele nunca teve paixão. Isto é apenas um dos exemplos que ilustram a dupla personalidade do Imperador: uma que era Dom Pedro II, que levava com afinco o seu dever no papel de Imperador que o destino havia lhe imposto, e outra que era Pedro de Alcântara, que considerava o cargo imperial um fardo ingrato e que estava mais feliz nos mundos da literatura e da ciência.

Dom Pedro II era o que atualmente se considera um trabalhador compulsivo, e sua rotina era exigente. Ele normalmente acordava as sete da manhã e não dormia antes das duas da madrugada do dia seguinte. Seu dia inteiro era reservado aos negócios de Estado e o pouco tempo livre disponível era gasto lendo e estudando. O Imperador vestia diariamente uma simples casaca, calça e gravata pretas. Para ocasiões especiais ele usava o uniforme de gala e só aparecia vestido com o manto imperial e portando a coroa e cetro duas vezes ao ano, na abertura e encerramento da Assembléia Geral.

Dom Pedro II obrigava políticos e funcionários públicos a seguirem seus exemplos de padrões exigentes. O Imperador exigia que os políticos trabalhassem oito horas por dia e adotou uma política exigente de seleção de funcionários públicos baseada na moralidade e mérito. Para estabelecer o padrão, ele vivia de forma simples. Bailes e eventos de corte cessaram após 1852. Ele também recusou as reiteradas propostas para aumentarem o valor de sua lista civil (Rs 800:000$000 por ano, ou cerca de $405,000 ou £90,000 em 1840) desde 1840, quando representava 3% dos gastos públicos, até 1889, quando havia caído para 0,5%. Ele recusava luxo, uma vez explicando: "Também entendo que despesa inútil é furto a Nação".

Patrono das Artes e das Ciências

Dom Pedro II por volta do 61 anos (1887)
"Nasci para consagrar-me às letras e às ciências ", o Imperador comentou em seu diário pessoal em 1862. Ele sempre teve prazer em ler e encontrou nos livros um refúgio para a sua posição. Sua habilidade para relembrar trechos que havia lido no passado era notável. Os interesses de Dom Pedro II eram diversos, e incluíam antropologia, geografia, geologia, medicina, direito, estudos religiosos, filosofia, pintura, escultura, teatro, música, química, poesia e tecnologia. No final de seu reinado, havia três livrarias em São Cristóvão contendo mais de 60.000 livros. Sua paixão por linguística o levou por toda a vida a estudar novas línguas, e ele era capaz de falar e escrever não somente em português, mas também em latim, francês, alemão, inglês, italiano, espanhol, grego, árabe, hebraico, sânscrito, chinês, provençal e tupi. Tornou-se o primeiro brasileiro fotógrafo quando adquiriu uma câmera de daguerreótipo em março de 1840. Criou um laboratório fotográfico em São Cristóvão e outro de química e física. Ele também construiu um observatório astronômico no paço.

A erudição do Imperador surpreendeu Friedrich Nietzsche quando ambos se conheceram. Victor Hugo falou dele: "Senhor, és um grande cidadão, és o neto de Marco Aurélio", e Alexandre Herculano o chamou de um "príncipe cuja opinião geral o considera como o primeiro de sua era graças à sua mente dotada, e devido à sua constante aplicação desse dom para as ciências e cultura".

Dom Pedro II tornou-se membro da Royal Society, da Academia de Ciências da Rússia, das Reais Academias de Ciências e Artes da Bélgica e da Sociedade Geográfica Americana. Em 1875 foi eleito membro da Académie des Sciences francesa, uma honra dada anteriormente a somente dois outros chefes de estado: Pedro, o Grande e Napoleão Bonaparte.

Dom Pedro II trocou cartas com cientistas, filósofos, músicos e outros intelectuais. Muitos de seus correspondentes se tornaram seus amigos, incluindo Richard Wagner, Louis Pasteur, Louis Agassiz, John Greenleaf Whittier, Michel Eugène Chevreul, Alexander Graham Bell, Henry Wadsworth Longfellow, Arthur de Gobineau, Frédéric Mistral, Alessandro Manzoni, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e James Cooley Fletcher.

Dom Pedro II cedo percebeu que tinha a oportunidade para utilizar seu conhecimento que havia acumulado em uso prático para o benefício do Brasil. O Imperador considerava a educação como de importância nacional e era ele mesmo um exemplo do valor do aprendizado. Ele comentou: "Se eu não fosse Imperador, eu gostaria de ser um professor. Eu não conheço tarefa mais nobre do que direcionar as jovens mentes e preparar os homens de amanhã."

A educação também colaborou no seu objetivo de criar um sentimento de identidade nacional brasileira. Seu reino viu a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro para promover pesquisa e preservação nas ciências históricas, geográficas, culturais e sociais. A Imperial Academia de Música e Ópera Nacional e o Colégio Pedro II também foram fundados, o último servindo como modelo para escolas por todo o Brasil.

A Imperial Escola de Belas Artes, estabelecida por seu pai, recebeu maior apoio e fortalecimento. Utilizando sua lista civil, Dom Pedro II providenciou bolsas de estudo para brasileiros frequentarem universidades, escolas de arte e conservatórios musicais na Europa. Ele também financiou a criação do Instituto Pasteur, assim como a casa de ópera Bayreuth Festspielhaus de Wagner, além de outros projetos semelhantes. Seus esforços foram reconhecidos tanto em casa quanto no exterior. Charles Darwin falou dele: "O Imperador faz tanto pela ciência, que todo sábio é obrigado a demonstrar a ele o mais completo respeito."

Popularidade e Conflito Com a Grã-Bretanha

No fim de 1859, Dom Pedro II partiu em viagem as províncias ao norte da capital, visitando Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Após quatro meses ele retornou, em fevereiro de 1860. A viagem foi um grande sucesso, com o Imperador sendo alegre e calorosamente recepcionado em todos os lugares.

A primeira metade dos anos 1860 viu-se paz e prosperidade no Brasil. Liberdades civis foram mantidas. Liberdade de expressão existia desde a independência do Brasil e continuou a ser defendida com veemência por Dom Pedro II. O Imperador encontrou em jornais da capital e das províncias uma forma ideal de manter conhecimento da opinião pública e da situação em geral da nação. Outra maneira de monitorar o Império foi através de contato direto com seus súditos. Uma oportunidade para isto era durante as audiências públicas regulares nas terças e sábados, onde qualquer pessoa de qualquer classe social, inclusive escravos, poderiam ser admitidos e apresentar suas petições e estórias. Visitas a escolas, colégios, prisões, exibições, fábricas, quartéis, e outras aparições públicas apresentavam mais oportunidades a ele de reunir informação em primeira mão.

A tranquilidade desapareceu quando o cônsul britânico no Rio de Janeiro, William Dougal Christie, quase iniciou uma guerra entre sua nação e o Brasil. Christie, que acreditava na diplomacia das canhoneiras, enviou um ultimato contendo exigências abusivas provenientes de dois incidentes menores ocorridos no fim de 1861 e começo de 1862. O primeiro foi o naufrágio de uma barca comercial na costa do Rio Grande do Sul que resultou no saque de sua carga pela população local. O segundo foi a prisão de dois oficiais britânicos embriagados que causavam distúrbios nas ruas do Rio de Janeiro.

O governo brasileiro se recusou a ceder, e Christie enviou ordens para que navios de guerra britânicos capturassem embarcações mercantes brasileiras como indenização. A Marinha do Brasil foi preparada para o conflito iminente, foi ordenada a compra de artilharia costeira, assim como de encouraçados e as defesas nas costas tiveram permissão para atirar contra qualquer navio de guerra britânico que tentasse capturar embarcações mercantes brasileiras. Dom Pedro II foi a maior razão da resistência do Brasil, ele rejeitou qualquer sugestão para que o país cedesse. A resposta veio como surpresa para Christie, que mudou seu tom e propôs um acordo pacífico através de arbitragem internacional. O governo brasileiro apresentou suas demandas e, ao ver a recusa do governo britânico, cortou relações diplomáticas com a Grã-Bretanha em junho de 1863.

Guerra do Paraguai

Primeiro Voluntário da Pátria

Com a ameaça de guerra com a Grã-Bretanha, o Brasil teve que dirigir suas atenções para suas fronteiras ao sul. Outra guerra civil havia começado no Uruguai jogando seus dois partidos políticos um contra o outro. O conflito interno levou ao assassinato de brasileiros e ao saque de suas propriedades no Uruguai. O governo brasileiro decidiu intervir, temeroso de aparentar fraqueza frente a possibilidade de conflito com os britânicos. Um exército brasileiro invadiu o Uruguai em dezembro de 1864, iniciando a breve Guerra do Uruguai, que terminou em 20 de fevereiro de 1865.

Enquanto isso, em dezembro de 1864 o ditador do Paraguai, Francisco Solano López se aproveitou da situação para estabelecer seu país como poder regional. O exército paraguaio invadiu a província brasileira do Mato Grosso, atual estado do Mato Grosso do Sul, resultando na Guerra do Paraguai. Quatro meses depois, tropas paraguaias invadiram território argentino como um prelúdio de uma invasão à província brasileira do Rio Grande do Sul.

A par da anarquia reinante no Rio Grande do Sul e da incapacidade e incompetência de seus chefes militares em resistirem ao exército paraguaio, Dom Pedro II decidiu ir à frente de batalha pessoalmente. Tanto o gabinete quanto a Assembleia Geral se recusaram a aquiescer ao desejo do Imperador. Após receber também a recusa do Conselho de Estado, Dom Pedro II fez o seu memorável pronunciamento: "Se os políticos podem me impedir que siga como imperador, vou abdicar e seguir como voluntário da Pátria" - uma alusão aos brasileiros que se voluntariaram para ir a guerra e que ficaram conhecidos por toda a nação como "Voluntários da Pátria". O próprio monarca foi chamado popularmente de "Voluntário Número Um".

Dom Pedro II partiu para o sul em julho de 1865. Ele desembarcou no Rio Grande do Sul poucos dias depois e seguiu de lá por terra. A jornada foi realizada montada a cavalo e por carretas, e à noite o imperador dormia em tenda de campanha. Dom Pedro II alcançou Uruguaiana, uma cidade brasileira ocupada pelo exército paraguaio, em 11 de setembro. Quando de sua chegada, a força paraguaia já se encontrava cercada.

O Imperador cavalgou a uma distância de um tiro de rifle de Uruguaiana para demonstrar sua coragem, mas os paraguaios não o atacaram. Para evitar mais derramamento de sangue, ele ofereceu os termos de rendição ao comandante paraguaio, que os aceitou. A coordenação das operações militares por Dom Pedro II e seu exemplo pessoal teve um papel decisivo na repulsa à invasão paraguaia do território brasileiro. Havia uma crença generalizada de que a guerra estava próxima de seu fim e que a rendição de Francisco Solano López era iminente. Antes de partir de Uruguaiana, ele recebeu o embaixador britânico Edward Thornton, que se desculpou publicamente em nome da Rainha Vitória e do governo britânico pela crise entre os dois Impérios. O Imperador considerou suficiente esta vitória diplomática sobre a mais poderosa nação do mundo e reatou relações amistosas entre as duas nações. Ele retornou ao Rio de Janeiro e foi recebido com enormes celebrações.

Conclusão da Guerra

Contra todas as expectativas, a guerra prosseguiu por cinco anos. Durante este período, o tempo e a energia de Dom Pedro II foram dedicados ao conflito. Ele se ocupou no recrutamento e equipamento de tropas para reforçar as linhas de frente de batalha, e na construção de novos navios de guerra. Ao mesmo tempo procurou impedir que querelas entre os partidos políticos prejudicassem o esforço de guerra. Sua recusa em aceitar qualquer resultado que não a total vitória sobre o inimigo foi essencial para o resultado final da guerra. Sua tenacidade foi recompensada com a notícia de que Francisco Solano López morrera em batalha em 1 de março de 1870, levando ao fim do conflito bélico.

Mais de 50 mil soldados brasileiros morreram e os custos da guerra foram equivalentes a onze vezes a receita anual do governo. No entanto, o país se encontrava tão próspero que o governo pôde quitar o débito em apenas dez anos. O conflito foi um estímulo para a produção e para o crescimento econômico nacional. Dom Pedro II recusou a proposta da Assembléia Geral de erguer uma estátua equestre sua para comemorar a vitória e ao invés preferiu utilizar o dinheiro necessário para construir escolas de ensino primário.

Apogeu

Um Abolicionista no Trono

Dom Pedro II por volta dos 25 anos de idade (1851)
A vitória diplomática sobre o Império Britânico e a vitória militar sobre o Uruguai em 1865, seguida da bem-sucedida conclusão da guerra com o Paraguai em 1870, resultou no que foi chamado de "Era Dourada" e apogeu do Império brasileiro. A década de 1870 foram bons anos para o Brasil e a popularidade do imperador era maior do que nunca. Progressos foram feitos tanto na esfera política quanto na social e todos os segmentos da sociedade foram beneficiados com as reformas e pela prosperidade nacional crescente. A reputação internacional do Brasil melhorou consideravelmente graças a sua estabilidade política e potencial de investimento. O império era visto como uma nação moderna e progressiva sem equivalente nas Américas, com a única exceção dos Estados Unidos. A economia começou rapidamente a crescer e a imigração floresceu. Estradas de ferro, navegação e outros projetos de modernização foram adotados. Com "a escravidão fadada à extinção e outras reformas projetadas, as perspectivas de 'avanços morais e materiais' pareciam vastas".

Em 1870, poucos brasileiros eram contrários à escravidão, e ainda menos brasileiros opunham-se publicamente à ela. Dom Pedro II era um dos poucos que o faziam, considerando a escravidão "uma vergonha nacional". O imperador nunca possuiu escravos.

Em 1823, escravos formavam 29% da população brasileira, mas essa porcentagem caiu para 15,2% em 1872. A abolição da escravatura era um assunto delicado no Brasil. Escravos eram usados por todos, do mais rico ao mais pobre. Dom Pedro II desejava por fim à escravidão gradualmente para pouco impactar a economia nacional. Ele conscientemente ignorava o crescente prejuízo político à sua imagem e à monarquia em consequência de seu suporte à escravidão.

O imperador não tinha autoridade constitucional para diretamente intervir e por um fim na escravidão. Ele precisaria usar todas seus esforços para convencer, influenciar e ganhar suporte entre os políticos para atingir sua meta. Seu primeiro movimento público contra a escravidão ocorreu em 1850, quando ele ameaçou abdicar a menos que a Assembléia Geral declarasse o tráfico negreiro no Atlântico ilegal.

Após a fonte estrangeira do fornecimento de novos escravos ter sido eliminada, Dom Pedro II dedicou sua atenção no começo dos anos 1860 em remover a fonte restante: a escravidão de crianças nascidas como escravos. Legislação foi feita através de sua iniciativa, mas o conflito com o Paraguai atrasou a discussão da proposta na Assembléia Geral.

Dom Pedro II abertamente pediu a gradual erradicação da escravidão em 1867. Ele foi pesadamente criticado, e seu movimento foi condenado como "suicídio nacional". Opositores frequentemente diziam que "a abolição era seu desejo pessoal e não o desejo da nação". Por fim, foi decretada a lei Lei do Ventre Livre em 28 de setembro de 1871, sob a qual todas crianças nascidas de mulheres escravas após aquela data eram consideradas livres.

As crianças remanescentes de Dom Pedro II em 1855
Princesas Leopoldina e Isabel (sentada)
Viagem a Europa e Norte da África

Em 25 de maio de 1871 o imperador e sua esposa viajaram à Europa. Ele há tempo ansiava por férias no exterior. Quando chegou a notícia de que sua filha mais nova, a princesa Leopoldina, então com 23 anos, havia morrido de tifo em Viena, ele finalmente encontrou um motivo forte para partir. Ao chegar em Lisboa, imediatamente dirigiu-se ao Palácio das Janelas Verdes, onde encontrou-se com sua madrasta, Amélia de Leuchtenberg, que não via há quarenta anos. O encontro foi emocionante e Dom Pedro II escreveu no seu diário:

"Eu chorei de felicidade e também de dor por ver minha mãe tão afetuosa para comigo, mas também por vê-la tão idosa e doente"

Em seguida ele visitou a Espanha, a Grã-Bretanha, a Bélgica, a Alemanha, Áustria, Itália, Egito, Grécia, Suíça e França. Em Coburgo visitou a tumba de sua filha. Sua impressão sobre a viagem foi de um tempo de "alívio e liberdade". Viajando com o nome de Dom Pedro de Alcântara, insistia em ser tratado informalmente e em parar apenas em hotéis. Passava seus dias em passeios e encontrando com cientistas e outros intelectuais com quem partilhava interesses. A viagem foi um sucesso, e suas maneiras nobres e curiosidade valeram-lhe notícias respeitosas nas nações que visitou. Este prestígio aumentou quando chegaram à Europa as notícias sobre a aprovação da Lei do Ventre Livre. Ele e sua comitiva voltaram em triunfo ao Brasil em 31 de março de 1872.

A Questão Religiosa

Dom Pedro II aos 39 anos de idade (1865)
Logo após sua chegada Dom Pedro II enfrentou uma crise inesperada, a chamada "Questão Religiosa". No Brasil vigorava o regime de união entre Igreja e Estado, o padroado, significando que o governo exercia controle sobre vários aspectos da vida religiosa nacional, nomeando padres e bispos para suas designações e pagando-lhes salário. Reservava-se também o direito de aprovar ou não as determinações canônicas da Santa Sé. Na mesma época, sob influência da corrente ultramontana do catolicismo, conservadora e ortodoxa, a qual reivindicava a supremacia absoluta da Igreja em todos os assuntos, os bispos de Olinda e do Pará interditaram irmandades sob sua jurisdição alegando que entre seus membros havia maçons, uma vez que a maçonaria era condenada pela Igreja. Entretanto, legalmente a maçonaria era autorizada a funcionar no Brasil. Haviam inclusive inúmeros padres maçons, pois no país havia uma forte tendência liberal.

O governo tentou fazer com que os bispos obedecessem às leis em vigor, mas ambos recusaram, alegando fidelidade às orientações ultramontanas. Os bispos acabaram presos e condenados a trabalhos forçados em 1874. Pouco depois a sentença foi comutada em prisão simples.

O Imperador era católico, mas aceitava algumas ideias liberais, como a liberdade de pensamento e a teoria da evolução. Nem ele nem a Igreja desejavam um rompimento, mas o governo não poderia tolerar uma desobediência explícita à lei. A questão religiosa desencadeou uma grande polêmica, que nem a anistia dos bispos em 1875 aplacou, vindo a enfraquecer a posição do governo.

Dom Pedro II (sentado, à direita) nas cataratas do Niágara (1876)
Viagem aos EUA, Europa e Oriente Médio

Mais uma vez o Imperador viajou para o exterior, desta vez indo aos Estados Unidos. Ele foi acompanhado por seu leal criado Rafael, que o criou na infância. Dom Pedro II chegou à Nova York em 15 de abril de 1876, e de lá viajou pelo interior do país, indo até São Francisco no oeste, Nova Orleans no sul, Washington, D.C., no noroeste, e Toronto, Canadá. Sua viagem foi um "triunfo completo", tendo Dom Pedro II causado uma profunda impressão no povo americano por sua simplicidade e gentileza. Depois atravessou o Atlântico, onde visitou a Dinamarca, Suécia, Finlândia, Rússia, o Império Otomano e a Grécia. Em sequência foi para a Terra Santa, Egito, Itália, Áustria, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Países Baixos, Suíça e Portugal. Ele voltou ao Brasil em 22 de setembro de 1877.

As viagens de Dom Pedro II ao exterior causaram um profundo impacto psicológico. Enquanto viajava, ele estava praticamente livre das restrições impostas pelo seu cargo. Sob o pseudônimo Pedro de Alcântara, ele aproveitava a satisfação de se mover como uma pessoa comum, até mesmo viajando por trem apenas com sua esposa. Apenas quando viajava para fora era que o Imperador podia se desvincilhar das formalidades e exigências da vida que conhecia no Brasil. Se tornou mais difícil se readaptar às suas rotinas como Chefe de Estado ao retornar. Com a morte prematura de seus filhos do sexo masculino, a fé do Imperador no futuro da monarquia se evaporara. Suas viagens para o exterior agora o tornaram ressentido do peso que o destino colocara em seus ombros quando era apenas uma criança de cinco anos de idade. Se antes ele não tinha interesse em assegurar o trono para a próxima geração, agora ele não tinha interesse sequer em mantê-lo em seu tempo de vida.

Dom Pedro II vestido com o uniforme de almirante aos 44 anos de idade.
Os anos de guerra envelheceram prematuramente o Imperador
Declínio e Queda

Na década de 1880 o Brasil continuou a prosperar e a diversidade social aumentou notavelmente, testemunhando inclusive o primeiro movimento pelos direitos da mulher. Por outro lado, as cartas que Dom Pedro II escreveu neste período revelam um homem cansado do mundo, cada vez mais alienado e pessimista. Ele permanecia fiel às suas obrigações como Chefe de Estado e era meticuloso em seu cumprimento, apesar de frequentemente sem entusiasmo. Por causa do crescente "indiferentismo do Imperador pela sorte do destino do regime" e por sua falta de atitude em defesa do sistema imperial quando ele começou a ser questionado, historiadores têm atribuído a "principal, talvez única, responsabilidade" pela queda da monarquia à Dom Pedro II.

Após a sua experiência com os perigos e obstáculos de governo, as figuras políticas que surgiram na década de 1830 olharam para o Imperador como provedor de uma fonte fundamental de autoridade essencial tanto para governar quanto para a sobrevivência nacional. Estes velhos estadistas morreram ou se retiraram da vida pública até que, nos anos 1880, eles haviam sido quase todos substituídos por uma geração mais nova de políticos que não haviam experienciado os primeiros anos do reinado de Dom Pedro II, quando perigos internos e externos ameaçaram a existência da nação. Eles haviam apenas conhecido uma administração estável e prosperidade. Em grande contraste com aqueles da era anterior, a nova geração não via razão para manter e defender a instituição imperial como força benéfica unificadora para a nação. O papel de Dom Pedro II em atingir uma era de unidade nacional, estabilidade e bom governo eram agora ignorados e desconsiderados pelas elites dirigentes. Por seu sucesso, o Imperador havia tornado sua posição desnecessária.

A falta de um herdeiro que pudesse prover de forma possível uma nova direção para a nação também diminuiu as perspectivas a longo termo para a continuação da monarquia brasileira. O Imperador amava sua filha Isabel, mas ele considerava a ideia de uma sucessora feminina como contrária ao papel requerido de um governante do Brasil. Ele enxergava a morte de seus dois filhos como um sinal de que o Império estava destinado a ser suplantado. A resistência a aceitar uma mulher governante também era compartilhada pela classe política. Apesar da Constituição permitir a sucessão feminina ao trono, o Brasil ainda era um país bastante tradicional, e apenas um sucessor masculino era percebido como capaz de ser um Chefe de Estado.

O republicanismo era um credo elitista que nunca floresceu no Brasil, e que tinha pouco apoio nas províncias. Mas uma ameaça séria à monarquia foi a combinação de ideias republicanas e a disseminação do positivismo entre os oficiais de baixa e média patente no exército, o que levou a indisciplina nas tropas. Eles sonhavam com uma república ditatorial que acreditavam ser superior a monarquia democrática liberal.

Dom Pedro II em 1887, com 61 anos.
Um imperador cansado de sua coroa e resignado quanto ao fim da monarquia.
A Abolição da Escravatura e o Golpe de Estado Republicano

A saúde do Imperador declinava consideravelmente, e seus médicos sugeriram que ele buscasse tratamento na Europa. Ele partiu em 30 de junho de 1887. Em Milão ele passou duas semanas entre a vida e a morte, recebendo até mesmo a extrema unção. Em 22 de maio de 1888, ainda na cama se recuperando, recebeu a notícia de que a escravidão havia sido abolida no Brasil. Deitado na cama, com uma voz fraca e lágrimas nos olhos, ele disse: "Grande povo! Grande povo!".

Dom Pedro II retornou ao Brasil e desembarcou no Rio de Janeiro em 22 de agosto de 1888. O "país inteiro o recebeu com um entusiasmo jamais visto. Da capital, das províncias, de todos os lugares, chegaram provas de afeição e veneração." Com a devoção expressada pelos brasileiros com o retorno do Imperador e da Imperatriz da Europa, a monarquia aparentava gozar de apoio inabalável e parecia estar no ápice de sua popularidade.

A nação brasileira desfrutava de grande prestígio no exterior durante os anos finais do Império, e havia se tornado um poder emergente no cenário internacional. Previsões de perturbações na economia e na mão-de-obra causadas pela abolição da escravatura não se realizaram e a colheita de café de 1888 foi bem-sucedida. Contudo, o fim da escravidão desencadeou em uma transferência explícita do apoio ao republicanismo pelos grandes fazendeiros de café. Detentores de grande poder político, econômico e social no país, os fazendeiros apreciaram a abolição como confisco de propriedade privada. Para evitar uma reação republicana, o governo aproveitou o crédito fácil disponível no Brasil como resultado de sua prosperidade. Ele disponibilizou grandes empréstimos a juros baixos aos cafeicultores e distribuiu fartamente títulos de nobreza e outras honrarias a figuras políticas influentes que haviam se tornado descontentes. O governo também tomou medidas indiretas para administrar a crise com os militares revivendo a moribunda Guarda Nacional, que então existia praticamente apenas no papel.

As medidas tomadas pelo governo alarmaram os republicanos civis e os militares positivistas. Estes entenderam as ações do governo como uma ameaça aos seus propósitos, o que os incitou à reação. A reorganização da Guarda Nacional foi iniciada pelo gabinete em agosto de 1889, e a criação de uma força rival levou os dissidentes no corpo de oficiais do exército a cogitarem atos extremos. Para ambos os grupos, republicanos e militares dissidentes, haviam se tornado um caso de "agora ou nunca". Apesar de não haver desejo entre a maior parte da população brasileira para uma mudança na forma de governo, os republicanos civis passaram a pressionar os oficiais civis a derrubar a monarquia.

Os positivistas realizaram um golpe de Estado em 15 de novembro de 1889 e instituíram uma república. As poucas pessoas que presenciaram o acontecimento não perceberam que se tratava de uma rebelião. A historiadora Lídia Besouchet afirmou que "raramente uma revolução havia sido tão minoritária".

Durante todo o processo, Dom Pedro II não demonstrou qualquer emoção, como se não se importasse com o desenlace. Ele rejeitou todas as sugestões para debelar a rebelião feitas por políticos e militares. Quando soube da notícia de sua deposição, simplesmente comentou: "Se assim é, será minha aposentadoria. Trabalhei demais e estou cansado. Agora vou descansar". Ele e sua família foram mandados para o exílio na Europa, partindo em 17 de novembro.

A última fotografia da família imperial no Brasil (1889)
Exílio e Legado

Últimos Anos

Houve resistência monarquista significante após a queda do Império, o qual foi sempre reprimida. Distúrbios contra o golpe ocorreram, assim como batalhas renhidas entre tropas monarquistas do Exército contra milícias republicanas. O novo regime suprimiu com rápida brutalidade e total desdenho por todas as liberdades civis quaisquer tentativas de criar um partido monarquista ou de publicar jornais monarquistas.

A Imperatriz Teresa Cristina faleceu poucos dias após a sua chegada à Europa e Isabel e sua família se mudaram para outro lugar enquanto seu pai se estabeleceu em Paris. Seus últimos dois anos de vida foram solitários e melancólicos, vivendo em hotéis modestos com quase nenhum recurso e escrevendo em seu diário sobre sonhos em que lhe era permitido retornar ao Brasil.

Certo dia realizou um longo passeio pelo rio Sena em carruagem aberta, apesar da temperatura extremamente baixa. Ao retornar para o Hotel Bedford à noite, sentiu-se resfriado. A doença evoluiu nos dias seguintes até tornar-se uma pneumonia. O estado de saúde de Dom Pedro II rapidamente piorou até a sua morte às 00:35 hs do dia 5 de dezembro de 1891. Suas últimas palavras foram: "Deus que me conceda esses últimos desejos - paz e prosperidade para o Brasil."

Enquanto preparavam seu corpo, um pacote lacrado foi encontrado no quarto com uma mensagem escrita pelo próprio Imperador:

"É terra de meu país, desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria"

O pacote que continha terra de todas as províncias brasileiras foi colocada dentro do caixão.

A Princesa Isabel desejava realizar uma cerimônia discreta e íntima, mas acabou por aceitar o pedido do governo francês de realizar um funeral de Chefe de Estado. No dia seguinte, milhares de personalidades compareceram a cerimônia realizada em Madeleine. Além da família de Dom Pedro II, estavam: Francisco II, ex-rei das Duas Sicílias, Isabel II, ex-rainha da Espanha, Luís Filipe, Conde de Paris, e diversos outros membros da realeza européia. Também estavam presentes o general Joseph Brugère, representando o presidente Sadi Carnot, os presidentes do Senado e da Câmara, assim como senadores, deputados, diplomatas e outros representantes do governo francês. Quase todos os membros da Academia Francesa, do Instituto de França, da Academia de Ciências Morais e da Academia de Inscrições e Belas-Artes também participaram. Representantes de outros governos, tanto do continente americano, quanto europeu se fizeram presentes, além de países longínquos como Turquia, China, Japão e Pérsia.

Em seguida o caixão foi levado em cortejo até a estação de trem, de onde partiria para Portugal. Apesar da chuva incessante e da temperatura extremamente baixa, cerca de 300.000 pessoas assistiram ao evento. A viagem prosseguiu até a Igreja de São Vicente de Fora, próximo a Lisboa, onde o corpo de Dom Pedro II foi depositado no Panteão dos Braganças em 12 de dezembro de 1891.

Os membros do governo republicano brasileiro, "temerosos da grande repercussão que tivera a morte do Imperador", negaram qualquer manifestação oficial. Contudo, o povo brasileiro não ficou indiferente ao falecimento de Dom Pedro II, pois a repercussão no Brasil foi também imensa, apesar dos esforços do governo para a abafar. Houve manifestações de pesar em todo o país: comércio fechado, bandeiras a meio pau, toques de finados, tarjas pretas nas roupas, ofícios religiosos. Foram realizadas missas solenes por todo o país, seguidas de pronunciamentos fúnebres em que se enalteciam Dom Pedro II e o regime monárquico".

Dom Pedro II em seu leito de morte, 6 de dezembro de 1891.
O livro embaixo do travesseiro sob sua cabeça simboliza que, mesmo após a morte, sua mente descansa sobre o conhecimento.
Legado

Os brasileiros se mantiveram apegados a figura do imperador popular a quem consideravam um herói e continuaram a vê-lo como o Pai do Povo personificado. Esta visão era ainda mais forte entre os brasileiros negros ou de ascendência negra, que acreditavam que a monarquia representava a libertação. O fenômeno de apoio contínuo ao monarca deposto é largamente devido a uma noção generalizada de que ele foi "um governante sábio, benevolente, austero e honesto".

Esta visão positiva de Dom Pedro II, e nostalgia por seu reinado, apenas cresceu a medida que a nação rapidamente caiu sob o efeito de uma série de crises políticas e econômicas que os brasileiros acreditavam terem ocorridas devido a deposição do Imperador. Ele nunca cessou de ser considerado um herói popular, mas gradualmente voltaria a ser um herói oficial.

Surpreendentemente, fortes sentimentos de culpa se manifestaram dentre os republicanos, que se tornaram cada vez mais evidentes com a morte do Imperador no exílio. Eles elogiavam Dom Pedro II, que era visto como um modelo de ideais republicanos, e a era imperial, que acreditavam que deveria servir de exemplo a ser seguido pela jovem república.

No Brasil, as notícias da morte do Imperador causaram um sentimento genuíno de remorso entre aqueles que, apesar de não possuírem simpatia pela restauração, reconheciam tanto os méritos quanto as realizações de seu falecido governante.

Seus restos mortais, assim como os de sua esposa, foram finalmente trazidos ao Brasil em 1921 a tempo do centenário da independência brasileira em 1922 e o governo desejava dar a Dom Pedro II condizentes aos de Chefe de Estado. Um feriado nacional foi decretado e o retorno do Imperador como herói nacional foi celebrado por todo o país. Milhares participaram da cerimônia principal no Rio de Janeiro.

O historiador Pedro Calmon descreveu a cena: "Os velhos choravam. Muitos ajoelhavam-se. Todos batiam palmas. Não se distinguiam mais republicanos e monárquicos. Eram brasileiros". Esta homenagem marcou a reconciliação do Brasil republicano com o seu passado monárquico.

Os historiadores possuem uma grande estima por Dom Pedro II e seu reinado. A literatura historiográfica que trata dele é vasta e, com a exceção do período imediatamente posterior a sua queda, enormemente positiva, e até mesmo laudatória. O Imperador Dom Pedro II é comumente considerado por historiadores o maior brasileiro.

De uma maneira bem similar aos métodos que foram usados pelos republicanos do começo do século XX, os historiadores apontam as virtudes do Imperador como exemplos a serem seguidos, apesar de que nenhum foi longe o bastante para propôr a restauração da monarquia. O historiador Richard Graham comentou:

"A maior parte dos historiadores do século XX, além disso, têm olhado nostalgicamente para o período (do reinado de Dom Pedro II), usando suas descrições do Império para criticar - as vezes sutilmente, outras vezes nem tanto - os regimes republicanos e ditatoriais subsequentes do Brasil."


Títulos e Honrarias

Formas de Tratamento e Títulos

  • 02/12/1825 - 07/04/1831: Sua Alteza Imperial O Príncipe Imperial
  • 07/04/1831 - 15/11/1889: Sua Majestade Imperial O Imperador

A forma de tratamento e o título completo do monarca foram "Sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil".

Honrarias

O Imperador Dom Pedro II foi Grão-mestre das seguintes ordens brasileiras:

  • Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo
  • Imperial Ordem de São Bento de Avis
  • Imperial Ordem de Sant'Iago da Espada
  • Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul
  • Imperial Ordem de Pedro Primeiro
  • Imperial Ordem da Rosa.

Dom Pedro II foi membro das seguintes ordens estrangeiras:

  • Grã-Cruz da Ordem de Santo Estêvão da Áustria-Hungria
  • Grande Cordão da Ordem de Leopoldo da Bélgica
  • Grã-Cruz da Ordem da Estrela da Romênia
  • Cavaleiro da Ordem do Elefante da Dinamarca
  • Grã-Cruz da Ordem de São Januário das Duas Sicílias
  • Grã-Cruz da Ordem de São Fernando e do Mérito das Duas Sicílias
  • Grã-Cruz da Legião de Honra da França
  • Grã-Cruz da Ordem do Salvador da Grécia
  • Grã-Cruz da Ordem Neerlandesa do Leão dos Países Baixos
  • Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro da Espanha
  • Cavaleiro Estrangeiro da Ordem da Jarreteira do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
  • Grã-Cruz da Ordem Soberana e Militar de Malta
  • Grã-Cruz da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém
  • Grã-Cruz da Sagrada Ordem Militar Constantiniana de São Jorge
  • Grã-Cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa de Portugal
  • Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito de Portugal
  • Grã-Cruz da Ordem da Águia Negra da Prússia
  • Grã-Cruz de todas as Ordens de Cavalaria da Rússia
  • Grã-Cruz da Ordem da Anunciação da Itália
  • Grã-Cruz da Ordem do Serafim da Suécia
  • Grã-Cruz da Ordem da Estrela Polar da Suécia
  • Grã-Cruz (Primeira Classe) da Ordem de Medjidié do Império Turco-Otomano

Fonte: Wikipédia