Ulrico Mursa

ULRICO DE SOUZA MURSA
(72 anos)
Engenheiro

☼ Niterói, RJ (18/04/1862)
┼ (02/09/1934)

Ulrico de Souza Mursa foi um engenheiro brasileiro e diretor da Cia. Docas de Santos, nascido em Niterói, RJ, no dia 18/04/1862. Em sua homenagem, o seu nome foi dado ao estádio de futebol da Associação Atlética Portuguesa.

Ulrico Mursa,era filho de Laura Clementina Mursa e de Joaquim de Souza Mursa, irmão de Guido de Souza Mursa.

Em 1882 estudou engenharia na Universidade de Karlsruhe, em 1884 na Universidade de Braunschweig e na Universidade de Hanôver. Ao regressar ao Brasil, Ulrico Mursa participou da construção do Porto de Santos. Foi superintendente e diretor da Cia. Docas de Santos.

Ulrico Mursa foi associado benemérito e o primeiro presidente da Associação Beneficente dos Empregados da Companhia Docas de Santos, uma associação dos empregados da Docas. Ele era membro do conselho geral da Associação Protetora da Infância Desvalida.

Sendo um dos maiores benfeitores da Associação Atlética Portuguesa, Ulrico Mursa doou em 1914 a área usada para a construção do estádio da Portuguesa em 1917, tendo sido por isso homenageado com o seu nome dado ao estádio e a uma avenida de Santos.

Ulrico Mursa foi casado com Amalia Costa de Souza Mursa. Eles tiveram uma filha chamada Sônia.

Fonte: Wikipédia

Cayon Gadia

CAYON JORGE GADIA
(62 anos)
Radialista, Diretor e Produtor de TV

☼ Inhumas, GO (23/08/1945)
┼ São Paulo, SP (29/08/2007)

Cayon Gadia foi um radialista, diretor e produtor de televisão nascido em Inhumas, GO, no dia 23/08/1945.

Diretor musical do SBT, nos últimos nove anos, Cayon Gadia foi responsável por produzir trilhas sonoras para as novelas da emissora, como "Os Ricos Também Choram" (2005), "Pícara Sonhadora" (2001) e "Chiquititas".

Cayon Gadia também trabalhou na Rádio Bandeirantes e Antena 1.

Duas semanas antes de seu falecimento ele sentiu fortes dores, e após exames foi constatada uma Diverticulite.

Cayon Gadia faleceu aos 62 anos, na madrugada de quarta-feira, 29/08/2007, em São Paulo, no Hospital 9 de Julho, vítima de falência múltipla dos órgãos, depois de passar por cirurgia para curar uma Diverticulite.

O velório de Cayon Gadia ocorreu no Cemitério do Morumbi, Em São Paulo, SP. O sepultamento ocorreu às 15h00 do dia 29/08/2007.

Fonte: Wikipédia e Folha.com

Eduardo Chapot-Prévost

EDUARDO CHAPOT-PRÉVOST
(43 anos)
Médico, Cientista e Professor

☼ Cantagalo, RJ (25/07/1864)
┼ Rio de Janeiro, RJ (19/10/1907)

Eduardo Chapot-Prévost foi um médico-cirurgião, cientista e professor brasileiro nascido em Cantagalo, RJ, no dia 25/07/1864. Ele foi uma das mais ilustres e notórias personalidades da medicina brasileira, cujo nome tornou-se mundialmente famoso pela marcante e bem sucedida operação que realizou, no final do século XIX, separando as irmãs siamesas Maria e Rosalina.

Filho de Louis Chapot-Prévost, cirurgião dentista, de nacionalidade francesa, e de Louisa Lend Chapot-Prévost, de nacionalidade belga, professora de línguas. Cursou os preparatórios no Colégio Pedro II.

Vocacionado aos estudos médicos, Eduardo Chapot-Prévost matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Colou grau em 1885, defendendo a tese sobre "Formas Clínicas do Puerperismo Infeccioso e seu Tratamento", na Bahia.

No magistério, foi Professor Adjunto de Anatomia, em 1886, e de Histologia, em 1888, tendo logrado conquistar a cátedra de Histologia em 1890, com uma tese sob o título "Pesquisas Histológicas Sobre a Inervação das Vias Biliares Extra-Hepáticas".

Eduardo Chapot-Prévost participou de diversas comissões, entre elas a que foi a Berlim estudar o processo proposto do Doutor Robert Koch para a cura da tuberculose, em 1890, a que foi identificar uma suposta epidemia de cólera no Vale do Paraíba, em 1894, e outra, presidida por Domingos Freire, para debelar a febre amarela, em 1899. Ainda em 1899, chefiou a comissão da Diretoria Geral de Saúde Pública que foi a Santos investigar e combater um surto de peste bubônica, da qual fez parte Oswaldo Cruz. Dessa empreitada nasceriam o Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, e o Instituto Soroterápico do Estado de São Paulo.

Eduardo Chapot-Prévost integrou a comissão que foi a Berlim estudar o processo do Drº Robert Koch para cura da tuberculose, e a que reuniu no Rio de Janeiro, sob a presidência do professor Domingos Freire, para debelação da febre amarela. Foi patrono e membro titular da cadeira nº 81 da Academia Nacional de Medicina. É, também, o Patrono da Cadeira 60 da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro.

Notoriedade Mundial

Em 30/05/1900, o Drº Eduardo Chapot-Prévost realizou, pela primeira vez, na história da medicina, uma intervenção operatória que constituiu um marco na evolução da cirurgia mundial: A separação das meninas toracoxifópagas, Maria e Rosalina, de 7 anos de idade, cuja cirurgia durou apenas 90 minutos.

Drº Eduardo Chapot-Prévost, após realizar os mais minuciosos estudos sobre a operabilidade desse caso de toracoxifopagia, esgotando os métodos de investigação e exame possíveis, para a época, criou processos originais para as várias fases da inovadora cirurgia.

Drº Eduardo Chapot-Prévost e a esposa ao lado de Rosalina
Vida e Família

Eduardo Chapot-Prévost casou-se com Laura Caminhoá, filha do Comendador da Ordem da Rosa, Joaquim Monteiro Caminhoá, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e professor de Botânica e Zoologia, e de sua esposa, Delmira Monteiro Caminhoá.

Da união, nasceu um único filho, falecido em tenra idade.

Após longa enfermidade, Eduardo Chapot-Prévost faleceu em 19/10/1907, aos 43 anos de idade.

Maria e Rosalina

As irmãs Maria e Rosalina, ligadas pelo fígado, nasceram em 21/04/1893, em Cachoeiro do Itapemirim, ES, filhas de João Antônio Davel e Rosalina Pinheiro Davel. Entretanto, os poucos recursos da medicina do final do século XIX não permitiram aos médicos descobrir como e, por onde, elas estavam unidas.

O tempo foi passando e até que, quando tinham 5 anos de idade, os pais foram convencidos de que só no Rio de Janeiro seria possível resolver o caso. Poucos dias depois, rumaram para o Rio de Janeiro, onde o Drº Pinheiro Júnior apresentou os pais das irmãs toracoxifópagas ao Drº Álvaro Ramos, que decidiu realizar a operação.

Durante um ano, estiveram as crianças aos cuidados desse médico, em observação. A primeira tentativa de operação fracassou quando o Drº Álvaro Ramos descobriu que as meninas não estavam ligadas apenas por músculos ou cartilagem, como inicialmente se pensara.

Diante desse resultado frustrado, o Drº Pinheiro Júnior decidiu consultar o Drº Eduardo Chapot-Prévost sobre o caso. Ficou surpreso com a resposta do cientista que declarou estar disposto a assumir a responsabilidade da intervenção. Entretanto, como, na época, nem radiografias existiam, o decidido médico Eduardo Chapot-Prévost foi obrigado a mais de um ano de pesquisas.

Aplicando remédios para uma das irmãs a fim de verificar se a outra sentia os efeitos, foi que ele chegou à conclusão de que o órgão que ligava as duas era o fígado. Foram necessários vários meses de experiências para descobrir se elas possuíam um único fígado ou não.


Para preparar a operação, o Drº Eduardo Chapot-Prévost foi obrigado a esculpir em gesso, em tamanho natural, o modelo das duas crianças e a desenhar uma mesa de operação especial, que se dividia em duas, para permitir que ele, depois de separadas as toracoxifópagas, atendesse a uma delas, enquanto os assistentes concluíam a operação da outra. Inclusive, um aparelho especial para a sutura do fígado foi desenhado e construído pelo médico.

A Equipe Médica chefiada pelo Drº Eduardo Chapot-Prévost, na Operação de Toracoxifopagia, era composta por 13 médicos assistentes: Drº Paulino Werneck, Drº Pinheiro Junior, Drº Azevedo Monteiro, Drº Ernani Pinto, Drº Figueiredo Rodrigues, Drº João Gonçalves Lopes, Drº Amaro Campello, Drº Jonathas Campello, Drº José Chapot-Prévost, Drº Silvio Muniz, Drª Paula Rodrigues, Drº Dias de Barros e Drº Chardinal d’Arpenans.

Em 1900, o Drº Eduardo Chapot-Prévost usou, pela primeira vez no mundo, as máscaras de gaze, só dezenas de anos depois generalizadas pelos cirurgiões de todos os continentes, em seus atos operatórios. Para a hemostasia (interrupção fisiológica de uma hemorragia) do fígado, separado em larga ponte de conexão entre Maria e Rosalina, o Drº Eduardo Chapot-Prévost utilizou método e aparelhos originais, aceitos na técnica cirúrgica, após a publicação do seu trabalho: "Chirurgie dês Thoracopages", em Paris, no ano de 1901.

Durante o procedimento cirúrgico, a população estava acompanhando o drama de bondade e de amor que se representa na Casa de Saúde de São Sebastião.

Acabada a operação, suspensa a ação anestésica do clorofórmio, quando um silêncio trágico reinava naquela sala em que acabava de ser afirmada a glória da ciência humana, a Mariasinha, a que mais sofrera, a que mais sangue perdera, a que mais receios devia dali por diante inspirar, logo ao despertar, agitou uma das mãos no ar, e disse adeus à irmã.

A cirurgia feita por Eduardo Chapot Prévost
Um cronista na pressa de transmitir aos leitores as suas impressões pessoais, não soube compreender toda a significação desse adeus. Pareceu a essa alma apressada que havia ali, naquele gesto eloqüente da pequenina, a manifestação da primeira saudade, da primeira mágoa da separação, do primeiro desgosto do apartamento… Não era isso, não. Aquilo era um adeus aliviado e consolado, com que o galé se despede do calceta, com que o acusado se despede do banco dos réus, com que a alma da gente se despede de uma preocupação dolorosa, com que um devedor ameaçado de penhora se despede de uma dívida, com que todos os que sofrem se despedem do sofrimento.
"Como quereríeis vós que se amassem aquelas pobres almas, condenadas ao eterno convívio? Como quereríeis vós que não se repelissem aqueles dois corpos, condenados ao eterno contato?"
(Trecho apócrifo de texto encontrado junto aos documentos dos descendentes dos familiares de Eduardo Chapot-Prévost)

Infelizmente, Maria, uma das xifópagas, faleceu cinco dias e quatorze horas após a cirurgia, vitimada, conforme ficou provado pelo laudo da necropsia oficial, solicitada pelo próprio cirurgião, por uma pleuropericardite, quadro infeccioso para cuja debelação a medicina da época não dispunha de eficazes recursos.

Maria, caso tivesse acatado a dieta recomendada, também se salvaria. Muito voluntariosa, porém, e cheia de caprichos, não quis se submeter aos rigores que indicavam somente a ingestão de caldos e coisas leves. A enfermeira resolveu contrariar o conselho médico e deu-lhe um mingau de tapioca, que causou grave infecção intestinal.

A sobrevivência de Rosalina, a outra xifópaga, foi suficiente para atestar a magistral proficiência e o êxito do ato operatório, bem como para consagrar, no Brasil, e perante a ciência médica mundial, o nome de Eduardo Chapot-Prévost, cientista, mestre da medicina e imortal pioneiro deste tipo de cirurgia. Rosalina Henriques, depois de visitar toda a Europa, serviu de tema a várias conferências médicas.

Rosalina, aos 75 anos, com o marido Wantuil Henriques e os netos
Rosalina relatou, em diversos jornais da década de 1930, como ela e sua irmã Maria viveram presas, uma a outra, durante 7 anos. Havia entre elas profundas diferenças de gênio e de vontades. Maria era voluntariosa, caprichosa e, isso, causava rusgas constantes. Uma não queria satisfazer as vontades da outra e principiava a briga da qual sempre Rosalina levava a pior parte, pois, mais cordata, calma e ponderada, cedia aos caprichos da irmã. Resumindo: Rosalina gostava mais do sossego e Maria de brincadeiras mais movimentadas. Essas divergências eram constantes e manifestavam-se, inclusive, na hora de dormir. Uma queria ir para o leito e a outra não, porque não tinha sono. E como era difícil acomodarem-se no leito. A deformação no rosto da sobrevivente foi proveniente da posição a que era obrigada no leito. Maria também apresentava deformação idêntica, mas em sentido inverso porque as suas faces se encostavam, e, de tanto se tocarem, estabeleceram perfeita junção das partes em contato.

O vestido tinha que ser de feitio todo especial. Da cintura para cima, com duas blusas; para baixo, uma saia somente. Comiam, cada qual no seu prato, mas sentadas numa só cadeira.

Rosalina disse que seus pais tiveram, depois, mais 10 filhos, todos eles perfeitos, e que o seu caso foi o único fenômeno que se registrou na sua família e na de seus parentes. Rosalina contou que depois de operada, passou a morar com o Drº Eduardo Chapot-Prévost, que mais tarde se tornou seu padrinho e lhe arranjou educação gratuita num colégio de irmãs de caridade, em Botafogo. Seu grande bem feitor tratava-a como filha.

Quando o padrinho morreu, tinha Rosalina 14 anos de idade e, muito embora a família do médico não quisesse, deixou a casa e foi morar com os pais. Educada, porém, não se habituou àquela vida de privações, no interior do Espírito Santo. Assim, ela voltou para o Rio de Janeiro e, depois, passou a residir com a família de Sebastião Lacerda, na vila que hoje tem seu nome e que se chamava Commercio.

Em Sebastião Lacerda, perto de Vassouras, conheceu o homem que viria a ser seu esposo. Dos seus 6 filhos, os 2 primeiros nasceram em maternidades do Rio de Janeiro, pois, os médicos temiam qualquer complicação no parto. Os outros 4, em mãos de parteiras, naquele lugarejo fluminense.

 Rosalina viveu mais de 80 anos.

Obras
  • 1890 - Pesquisas Histológicas
  • 1892 - A Bouba e a Sífilis
  • 1900 - O Carbúnculo no Matadouro
  • 1901 - Novo Xifópago Vivo
  • 1901 - Cirurgia dos Toracópagos
  • 1902 - Xifópago Operado
  • 1905 - Teratópago Brasileiro Vivo


Max Wolf Filho

MAX WOLF FILHO
(33 anos)
Militar e Herói Brasileiro

☼ Rio Negro, PR (29/07/1911)
┼ Biscaia, Espanha (12/04/1945)

Max Wolf Filho foi um militar do Exército Brasileiro, nascido em Rio Negro, PR, no dia 29/07/1911. Participou da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na frente de combate italiana durante a II Guerra Mundial.

Era filho de Max Wolf, descendente de alemães e de Etelvina, natural de Lapa, PR. Até os 4 anos viveu as tensões da Guerra do Contestado. Aos 5 anos, durante a I Guerra Mundial, frequentava a escola em Rio Negro, PR. Aos 11 anos já era o principal auxiliar de seu pai na torrefação e moagem de café. Aos 16 anos passou a trabalhar como escriturário de uma companhia que explorava a navegação no Rio Iguaçu. Nas horas de folga, juntava-se aos carregadores para ensacar erva-mate, carregar e descarregar vapores.

Max Wolf alistou-se em Curitiba, aos 18 anos, no 15º Batalhão de Caçadores (15º BC), hoje 20º Batalhão de Infantaria Blindado Sargento Max Wolf Filho (20º BIB), onde participou da Revolução de 1930.

Na década de 1930 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e ingressou na Polícia Militar na qual permaneceu por uma década. Combateu a Revolução de 1932 no Vale do Paraíba. Foi professor de Educação Física e Defesa Pessoal.

No ano de 1944 apresentou-se voluntariamente para compor a Força Expedicionária Brasileira (FEB), integrando a então 1ª Companhia do 11º Regimento de Infantaria (11º RI), em São João del-Rei, MG.

Ingressou na Força Expedicionária Brasileira (FEB) como 3° Sargento, desde cedo tornou-se muito popular e querido, dada as suas atitudes desassombradas e a maneira carinhosa e paternalista com que tratava seus subordinados. Com o passar do tempo passou a ser admirado não só pelos seus camaradas, mas pelos superiores tanto da Força Expedicionária Brasileira (FEB) como do V Exército de Campanha Americano, pelas suas inegáveis qualidades.

Todas as vezes que se apresentava para missões difíceis de serem cumpridas, lá estava o Sgt Wolf se declarando voluntário, principalmente participando de patrulhas. Fazia parte da Companhia de Comando e, portanto, sem estar ligado diretamente às atividades de combate, participou de todas as ações de seu Batalhão no ataque de 12 de dezembro a Monte Castelo, levando, de forma incessante, munição para a frente de batalha e retornando com feridos e, na falta deste, com mortos.

Indicado por sua coragem invulgar e pelo excepcional senso de responsabilidade, passou a ser presença obrigatória de todas as ações de patrulha de todas as companhias, como condição indispensável ao êxito das incursões.

Um desses exemplos está contido no episódio em que o General Zenóbio da Costa, ao saber do desaparecimento do seu Ajudante-de-Ordens, Capitão João Tarciso Bueno, que foi colocado à disposição do escalão de ataque, pelo general, por absoluta falta de recompletamento de oficiais, ordenou ao comandante do Batalhão que formasse uma patrulha para resgatar o corpo do seu auxiliar. O comandante adiantou ao emissário que a missão seria muito difícil, mas que tentaria. Para tanto, sabedor que só um Wolf poderia cumpri-la, o chamou, deu a ordem e ouviu do Sargento Wolf, com a serenidade, a firmeza e a lealdade que só os homens excepcionalmente dotados podem ter:

''Coronel, por favor, diga ao General que, desde o escurecer, este padioleiro e eu estamos indo e voltando às posições inimigas para trazer os nossos companheiros feridos. Faremos isto até que a luz do dia nos impeça de fazer. Se, numa dessas viagens, encontrarmos o corpo do Capitão Bueno, nós o traremos também!"

Não logrou o Sargento Wolf trazer o corpo do Capitão João Tarciso Bueno que, apenas ferido, havia sido resgatado por um soldado, mas ainda lhe foi possível, naquela madrugada, salvar muitas outras vidas.

Max Wolf Filho momentos antes de ser morto em combate
A Última Missão

O Sargento Max Wolf Filho foi elevado ao comando de um pelotão de choque, integrado por homens de elevados atributos de combate, especializado para as missões de patrulha, que marcharia sobre o acidente capital "Ponto Cotado 747", ação fundamental nos planos concebidos para a conquista de Montese.

Foi-lhe lembrado sobre a poupança da munição para usá-la no momento devido, pois, certamente, os nazistas iriam se opor à nossa vontade. Foi-lhe aconselhado que se precavesse, pois a missão seria à luz do dia.

Partiu às 12h00 de Monteporte, passou pelo "Ponto Cotado 732" e foi a Maiorani, de onde saiu às 13h10 para abordar o "Ponto Cotado 747". Tomou, o Sargento Wolf todas as precauções, conseguindo aproximar-se muito do casario, tentando envolve-lo pelo norte. Estavam a 20 metros e o Sargento Wolf, provavelmente, tendo se convencido de que o inimigo recuava, estando longe, abandonou o caminho previsto para, desassombradamente, à frente de seus homens, com duas fitas de munição trançadas sobre seus ombros, alcançar o terço superior da elevação.

O inimigo deixou que ele chegasse bem perto, até quando não podiam mais errar. Eram 13h15 do dia 12/04/1945. O inimigo abriu uma rajada, atingindo e ferindo o comandante no peito que, ao cair, recebeu nova rajada de arma automática, tendo caído mortalmente também o soldado que estava ao seu lado.

Após esta cena, sucedeu-se a ação quase suicida de seus liderados para resgatar o corpo do comandante. A rajada da metralha inimiga rasgava um alarido de sangue. A patrulha procurava neutralizar a arma que calara o herói. Dois homens puxaram o corpo pelas penas. Um deles ficou abatido nessa tentativa. O outro, esquálido e ousado, trouxe o Sargento Wolf à primeira cratera que se lhe ofereceu.

Ali, mortos e vivos se confundiam. A patrulha, exausta, iniciava o penoso regresso às nossas linhas, pedindo que a artilharia cegasse o inimigo com os fogos fumígenos e de neutralização. Os soldados do 11º Regimento de Infantaria (11º RI) queriam, a qualquer custo, buscar o companheiro na cratera para onde tinha sido trazido, lembrando a ação que ele mesmo praticara tantas vezes. Queriam trazer o paciente artesão das tramas e armadilhas da vida e da morte das patrulhas. Foi impossível resgatá-lo no mesmo dia face a eficácia dos fogos inimigos, inclusive de artilharia.

Somente vários dias após sua morte, o corpo do Sargento Max Wolf Filho foi encontrado. Foi agraciado post mortem com as medalhas de Campanha de Sangue e Cruz de Combate, do Brasil e com a medalha Bronze Star, dos Estados Unidos da América.

Montese foi conquistada e seu nome será sempre presente pois as grandes ações resistem ao tempo e são eternas. Foi promovido "post-mortem" ao posto de 2º Tenente (Decreto Presidencial, de 28/06/1945).

Max Wolf Filho deixou na orfandade sua filha Hilda, seu elevo e a maior afeição de sua vida de soldado. Da Itália, escreveu a sua irmã Isabel, relatando seu orgulho em pertencer ao Exército Brasileiro e que, se a morte o visitasse, morreria com satisfação.

Max Wolf Filho foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro, em Pistóia, na Itália. Posteriormente, seus restos mortais foram trasladados para o Brasil.

Eis a síntese do heroísmo de um homem simples e valoroso. Seus restos mortais encontram-se no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Jazigo 32, Quadra G.

Carta comunicando a morte em combate do Sgt Max Wolf Filho
Reconhecimento

Em sua homenagem, a Escola de Sargentos das Armas (EsSA) leva seu nome como patrono.

Em 2010, foi criada a Medalha Sargento Max Wolf Filho pelo Decreto nº 7118. Tal medalha é conferida a Subtenentes e Sargentos do Exército brasileiro, em reconhecimento à dedicação e interesse pelo aprimoramento profissional, que efetivamente se tenham destacado no seu desempenho profissional, evidenciando características e atitudes inerentes ao 2º Sargento Max Wolf Filho.

Em São Paulo, a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Max Wolf Filho, Sgt. também leva o seu nome.

O 20º Batalhão de Infantaria Blindado (20º BIB), em Curitiba, PR, tem a denominação histórica de Batalhão Sargento Max Wolf Filho.

Condecorações
  • Cruz de Combate
  • Medalha Sangue do Brasil
  • Medalha de Campanha
  • Estrela de Bronze (Estados Unidos)

Zanine Caldas

JOSÉ ZANINE CALDAS
(82 anos)
Paisagista, Maquetista, Escultor, Moveleiro, Arquiteto, Designer de Produtos e Professor

☼ Belmonte, BA (25/04/1919)
┼ Vitória, ES (20/12/2001)

José Zanine Caldas foi um paisagista, maquetista, escultor, moveleiro, escultor e designer de produtos e professor, além de também atuar como professor no Brasil e no exterior, nascido em Belmonte, sul da Bahia, no dia 25/04/1919.

Por seu talento incomum foi reconhecido como Mestre da Madeira. Seu trabalho promoveu a integração do artesanato tradicional brasileiro e do modernismo de forma singular.

Zanine desde criança era apaixonado por obras e serrarias. Filho de um médico, com 13 anos ele começou a fazer presépios de Natal para os vizinhos usando caixas de seringa do pai, feitas de papelão. Mais tarde, tomou aulas de desenho com um professor particular e, aos 18 anos, foi para São Paulo, trabalhar como desenhista numa construtora.

Dois anos depois abriu sua própria empresa no Rio de Janeiro para construção de maquetes onde trabalhou entre 1941 e 1948. Por sugestão de Oswaldo Bratke, transfere-o depois para São Paulo, em atividade de 1949 a 1955. O ateliê atendia os principais arquitetos modernos das duas cidades, e era responsável pela maioria das maquetes apresentadas no livro "Modern Architecture In Brazil" (1956), de Henrique E. Mindlin. Do ateliê de Zanine saíam os protótipos de projetos assinados por nomes como Lúcio Costa, Oswaldo Arthur Bratke e Oscar Niemeyer.

Em 1949, em São José dos Campos, SP, uma sociedade entre Zanine, Sebastião Henrique da Cunha Pontes Paulo Mello, gerou a Zanine, Pontes e Cia. Ltda., mais conhecida como Móveis Artísticos Z, que produziu móveis por 12 anos para a classe média. O desenho dos móveis com forte influência modernista foi assinado por Zanine até sair da sociedade em 1953.


Zanine Caldas trabalhou como assistente do arquiteto Alcides da Rocha Miranda na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), entre 1950 e 1952.

Em São Paulo, desenvolveu projetos paisagísticos até 1958, quando se transferiu para Brasília, onde construiu sua primeira casa, em 1958, e coordenou a construção de outras até 1964.

Indicado por Rocha Miranda a Darcy Ribeiro, ingressou na Universidade de Brasília (UNB) em 1962, e deu aulas de maquetes até 1964, quando perdeu o cargo em virtude do golpe militar. Nesse ano, 1964, viajou pela América Latina e África, e, retornando ao Rio de Janeiro, construiu sua segunda casa, a primeira de uma série construída na Joatinga até 1968.

Em 1968, mudou-se para Nova Viçosa, Bahia, abriu um ateliê-oficina, que funcionou até 1980, e participou do projeto de uma reserva ambiental com o artista plástico Frans Krajcberg, para quem projetou um ateliê em 1971.

Simultaneamente, entre 1970 e 1978, manteve o escritório no Rio de Janeiro, para onde retornou em 1982. Um ano depois fundou o Centro de Desenvolvimento das Aplicações das Madeiras do Brasil (DAM), e o transferiu em 1985 para a Universidade de Brasília (UNB). Nesse período propôs a criação da Escola do Fazer, um centro de ensino sobre o uso da madeira da região para a construção de casas, mobiliário e objetos utilitários para a população de baixa renda.


Em 1975 o cineasta Antonio Carlos da Fontoura fez o filme "Arquitetura de Morar", sobre as casas da Joatinga, com trilha sonora de Tom Jobim, para quem Zanine Caldas projetou uma casa. Dois anos depois, a obra do arquiteto é exposta no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), em Belo Horizonte, e no ano seguinte no Solar do Unhão, em Salvador.

Em 1986, a publicação de sua obra na revista "Projeto" nº 90 inicia uma polêmica no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) sobre o fato de Zanine Caldas ser auto-ditada. Vários arquitetos saem em sua defesa, entre eles Lúcio Costa, que lhe entrega cinco anos depois, no 13º Congresso Brasileiro de Arquitetura em São Paulo, o título de Arquiteto Honorário dado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

Em 1989 é reintegrado no seu posto na Universidade de Brasília (UNB), mas não chega a dar aulas. Nesse ano vai para Europa, onde projeta residências em Portugal e dá aulas na École d´Architecture de Grenoble, França. O Musée des Arts Decoratifs de Paris mostra suas peças de design em 1989, ano em que recebe a medalha de prata do Colégio de Arquitetos da França.

Perseguido, Zanine chegou a se asilar na embaixada da Iugoslávia, mas no último momento decidiu não viajar para aquele país. Reapareceu ao final dos anos 60. Estabeleceu-se no Rio de Janeiro onde construiu dezenas de casas no bairro de Joatinga, um local de geografia privilegiada, situado entre São Conrado e a Barra da Tijuca. Realizou ali uma arquitetura ao mesmo tempo colonial e moderna, cuja escolha de material privilegiava a preservação do meio ambiente e enfatizava o conceito de autoconstrução.


Nos anos 80, ao estabelecer uma oficina para antigos canoeiros em Nova Viçosa, BA, em sua comunidade "proto-ecológica", reassumiu sua ligação com as técnicas caboclas e reinterpretou as tradições artesanais regionais. À época, Zanine sonhava em transformar Nova Viçosa em uma capital cultural e a sua utopia chegou a reunir nomes como os de Chico BuarqueOscar Niemeyer e Dorival Caymmi. Lá ajudou a construir a residência do artista Franz Krajcberg.

Durante muitos anos, Zanine foi o centro de uma polêmica que tentou impedi-lo de construir por não ser um profissional diplomado. Chegou a ser impedido pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) de levar adiante a construção de alguns projetos. No entanto, pelo domínio da técnica e materiais Zanine acabou sendo reconhecido como Arquiteto Honoris Causa. Lúcio Costa foi um dos defensores do título, causando polêmica no meio.

Em 1991 Lúcio Costa teve a honra de entregar-lhe o título de arquiteto honorário, atribuído pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

No final da década de 80, seu trabalho foi exposto no Museu do Louvre, em Paris, trazendo-lhe o reconhecimento internacional.

Zanine Caldas morreu em Vitória, ES, no dia 20/12/2001, aos 82 anos, vítima de um infarto. Ele já vinha sofrendo de hidrocefalia e apresentava diversas dificuldades de comunicação e raciocínio.

Casado por seis vezes, deixou seis filhos, entre eles o arquiteto José Zanine Caldas Filho, o designer Zanini de Zanine Caldas, que em seus desenhos tem como inspiração os projetos do pai, também ganhando notoriedade por móveis

Indicação: Paulo Roberto Santos

Beto Sem Braço

LAUDENIR CASEMIRO
(52 anos)
Feirante, Cantor e Compositor

☼ Rio de Janeiro, RJ (24/05/1940)
┼ Rio de Janeiro, RJ (15/04/1993)

Laudenir Casemiro, mais conhecido como Beto Sem Braço, foi um cantor e compositor brasileiro nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 24/05/1940. Seu pseudônimo lhe foi dado na infância, em consequência de uma queda de cavalo, na qual perdeu o braço direito.

Trabalhou como feirante, pertenceu à Ala de Compositores da Vila Isabel e mais tarde, transferiu-se para a Escola de Samba Império Serrano.

No início da década de 1970 estreou no mercado fonográfico com a gravação de "Ai Que Vontade", interpretada por Oswaldo Nunes, tornando-se o seu primeiro sucesso em nível nacional.

No ano de 1977, Paulinho Mocidade interpretou "Põe Pimenta" (Beto Sem Braço e Jorginho Saberás) no LP "Se o Caminho é Meu", pela RCA.

Em 1978, Beth Carvalho, no LP "De Pé No Chão", gravou "Marcando bobeira" (Beto Sem Braço, Dão e João Quadrado).

Roberto Serrão, Beto Sem Braço, Martinho da Vila e Noca da Portela
Em 1979, Almir Guineto, no LP "Jeito De Amar", pela gravadora RGE, incluiu "Lindo Requebrado" (Beto Sem Braço, Almir Guineto, Carlos Senna e Adalto Magalha).

Na década de 1980, Beth Carvalho interpretou várias composições suas, como "Quando o Povo Entra Na Dança" (Beto Sem Braço e Carlito Cavalcanti), no LP "Sentimento Brasileiro" (1980).

Em 1981, Beth Carvalho incluiu no disco "Na Fonte", outra composição sua, "Escasseia" (Beto Sem Braço, Aluízio Machado e Zé do Maranhão).

Em 1983, o LP "Suor No Rosto" obteve um grande sucesso devido à interpretação de "Camarão Que Dorme a Onda Leva" (Beto Sem BraçoZeca Pagodinho e Arlindo Cruz).

Em 1984, Beth Carvalho juntamente com Martinho da Vila, interpretaram "São José de Madureira" (Beto Sem Braço Zeca Pagodinho), em novo disco da cantora.

Beto Sem Braço e Bandeira Brasil cantam "Ladainha", a última composição de sucesso da dupla.
Em 1986, Zeca Pagodinho incluiu várias composições suas em seu disco, como "Quando Eu Contar, Iaiá" (Beto Sem Braço e Serginho Meriti),  "Vou Lhe Deixar No Sereno" (Beto Sem Braço Jorginho Saberás), "Cidade Do Pé Junto" (Beto Sem Braço Zeca Pagodinho) e "Brincadeira Tem Hora" (Beto Sem Braço Zeca Pagodinho), muito divulgadas em rodas de samba e emissoras de rádio por todo o país. Neste mesmo ano, outro sucesso de sua autoria viria a ser amplamente divulgado na voz de Carlos Sapato, "Papagaio" (Beto Sem Braço, Almir Guineto e Luverci Ernesto). A música foi gravada para o LP "Explosão Do Pagode", pela gravadora Fama, obtendo repercussão nacional. Ainda em 1986, duas outras composições suas foram gravadas no disco de Almir Guineto pela RGE, "Quem Me Guia" (Beto Sem Braço e Serginho Meriti) e "Flecha Do Cupido" (Beto Sem Braço, Almir Guineto e Guará da Empresa). Dominguinhos do Estácio, no LP "Bom Ambiente", interpretou "Dura prova" (Beto Sem Braço, Serginho Meriti e Aluízio Machado) e Reinaldo interpretou "Coco de Catolé" (Beto Sem Braço Joel Menezes) no LP "Aquela Imagem", lançado pela gravadora Continental. Alcione gravou "Na Paz De Deus" (Beto Sem Braço, Sombrinha e Arlindo Cruz).

Em 1987, Jovelina Pérola Negra, no disco "Luz do Repente", incluiu duas músicas suas, "Feira De São Cristóvão" (Beto Sem Braço e Bandeira Brasil) e "Calango Do Morro" (Beto Sem Braço e Paulo Vizinho). No LP "Perfume de Champanhe", Almir Guineto cantou "Coisa Da Roça" (Beto Sem Braço e Almir Guineto), e o Grupo Exporta Samba gravou "Daltônico Varela" (Beto Sem Braço e Serginho Meriti), "Samba Em Berlim" (Beto Sem Braço e Joel Menezes) e "Morena Do Canjerê"(Beto Sem Braço Joel Menezes). Deni de Lima gravou em seu primeiro disco pela RGE duas composições de sua autoria: "Céu Da boca" e "Concórdia".

Beto Sem Braço é carregado na escolha do samba-enredo do carnaval de 1987.
Em 1988, Elza Soares, no disco "Voltei", interpretou, de sua autoria, "Erê" (Beto Sem Braço Bandeira Brasil) e Zeca Pagodinho incluiu no disco "Jeito Moleque" outra composição sua, "Manera, Mané" (Beto Sem Braço, Serginho Meriti e Arlindo Cruz). Participou do LP "Samba De Roda De Salvador", produzido pelo baiano Walmir Lima e lançado pelo selo K-Tel, no qual foi incluída sua composição "Eu Quero Ver" (Beto Sem Braço Celso Apache), interpretada pela Sarabanda, Beto Sem Braço e Giba.

Em 1990, Zeca Pagodinho gravou diversas composições de Beto Sem Braço no CD "Mania De Gente", pela gravadora RCA, entre elas, "Aonde Será Que Eu Vá" (Beto Sem Braço e Martinho da Vila).

No ano de 1996, "Boi" (Beto Sem Braço e J. C. Santos), foi gravada por Zeca Pagodinho no CD "Deixa Clarear".

Em 1999, Zeca Pagodinho, no disco "Ao Vivo", interpretou  "Camarão Que Dorme a Onda Leva" (Beto Sem BraçoZeca Pagodinho e Arlindo Cruz) e "São José de Madureira" (Beto Sem Braço). Nesse mesmo ano, Leci Brandão, no disco "Auto-Estima", gravou "Com Toda Essa Gente"  (Beto Sem Braço, Dudu Nobre e Zeca Pagodinho).

No ano 2000, Zeca Pagodinho interpretou "A Paisagem", no disco "Água da Minha Sede". Neste mesmo ano, Nininha, Almirzinho, Kléber, Nonana da Mangueira e Luizinho SP gravaram o CD "Pagode de Mesa - Terra Samba". No disco, feito ao vivo na casa de show Terra Samba, em São Paulo, foi incluída uma composição de autoria de Beto Sem Braço, "Pintou Uma Lua Lá" (Beto Sem Braço e Maurição).

Zeca Pagodinho e Beto Sem Braço
Em 2002, Deni Lima gravou um disco só com composições de Beto Sem Braço: "Deni de Lima Canta Beto Sem Braço", lançado pela gravadora Virrec, que, entre outras, apresentou as inéditas "Panos de Buda", "Marimbondo Dá Mel""Um Dia De Rei" e regravações de grandes sucessos do compositor. Em setembro de 2002 vários artistas, entre eles, Almir Guinéto, Arlindo Cruz, Serginho Meriti, Bandeira Brasil, Deni de Lima, Ivan Milanez, Marquinhos China, Ircea Pagodinho e Maurição fizeram o show-homenagem "Bum-Bum-Baticum-Beto", tributo ao compositor no Bar Supimpa, na Lapa, Rio de Janeiro. Ainda em 2002, Dudu Nobre regravou "Papagaio" em seu terceiro disco solo "Chegue Mais".

No show "Tributo a Beto Sem Braço" apresentado no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, vários companheiros e parceiros, entre eles, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Deni de Lima, Arlindo Cruz e Sombrinha, lhe prestaram homenagem.

Dentre os muitos sucessos de sua carreira estão "Manera Mané" e "Meu Bom Juiz", ambas interpretadas por Bezerra da Silva.


Em 2003, sua composição "Meu Bom Juiz" deu título ao disco de Bezerra da Silva. Neste mesmo ano, Arlindo Cruz e o Grupo Roda fizeram show em sua homenagem, somente com composições de sua autoria, no projeto "Sala de Visita", apresentado no Ballroom. Zeca Baleiro incluiu "Deixa a Fumaça Entrar" (Beto Sem Braço e Martinho da Vila), no show de "Petshopmundocão", no Canecão. Zeca Pagodinho lançou o CD "Zeca Pagodinho Acústico MTV", disco no qual incluiu "Quando Eu Te Contar (YaYá)" ((Beto Sem Braço Serginho Meriti) e "Brincadeira Tem Hora" (Beto Sem Braço e Zeca Pagodinho).

Em 2004, Arlindo Cruz no Teatro Rival Br prestou homenagem a Guará, Neoci e Beto Sem Braço, no show "Arlindo Cruz - Homenagem Aos Poetas do Cacique de Ramos". Neste mesmo ano Beth Carvalho interpretou "Camarão Que Dorme a Onda Leva" (Beto Sem BraçoZeca Pagodinho e Arlindo Cruz) no DVD ao vivo "Beth Carvalho - A Madrinha do Samba", gravado em no Canecão e com a participação especial de Zeca Pagodinho nesta faixa.

Entre os vários intérpretes das mais de 500 músicas gravadas estão Alcione, Jovelina Pérola Negra, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Bezerra da Silva e Fundo de Quintal.

Beto Sem Braço faleceu no Rio de janeiro, RJ, no dia 15/04/1993, aos 53 anos, vítima de uma tuberculose.

Victor Siaulys

VICTOR SIAULYS
(72 anos)
Empresário, Advogado, Conferencista e Escritor

☼ São Paulo, SP (30/05/1936)
┼ São Paulo, SP (19/03/2009)

Victor Siaulys foi um empresário brasileiro nascido em São Paulo, SP, no dia 30/05/1936.

Filho de imigrantes lituanos, Victor Siaulys cresceu na capital paulista e começou a trabalhar ainda jovem ajudando seu pai no dia-a-dia da feira.

Estudando à noite, passou a trabalhar em um banco, depois em uma emissora de rádio até ser contratado como propagandista na Winthrop. Em seguida, foi para a Squibb, onde conheceu seus futuros sócios, Adalmiro Dellape Baptista e Antonio Gilberto Depieri. Nessa época, iniciou o curso de Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo mas destacou-se trabalhando como propagandista em empresas farmacêuticas. Mudou-se para o laboratório Sintofarma, onde começou sua experiência com desenvolvimento de produtos.

Em 1965, criou com Adalmiro Dellape BaptistaAntonio Gilberto Depieri e Raphael Dellape Baptista, a Prodoctor, para comercializar os produtos da Sintofarma.

Em 1966, compraram juntos um pequeno laboratório chamado Aché. Na divisão de funções, assumiu o desenvolvimento e marketing dos produtos.

Em 1978, nasceu sua terceira filha, Lara, com deficiência visual.

No Aché, Victor Siaulys, passou comandar a área de Recursos Humanos e investir nas ações de Responsabilidade Social. Como presidente do Conselho de Administração do Aché, vislumbrava novos negócios para a empresa, com destaque para os medicamentos fitoterápicos.

Sob sua liderança, a Aché Laboratórios, de capital 100% nacional, tornou-se um dos maiores laboratórios do país.

Em homenagem à filha que nasceu cega, criou junto com a esposa Mara em 1991 a entidade filantrópica Laramara - Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual, de apoio a inclusão educacional e social da pessoa com deficiência visual.

Victor Siaulys foi conselheiro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e escreveu o livro "Mercenário ou Missionário", pela editora da Laramara.

Morte

Em 2006, Victor Siaulys descobriu uma leucemia, seu quarto câncer. Os anteriores foram de tireoide, pele e próstata. Em 2008, passou por um transplante de medula.

Victor Siaulys faleceu às 19h30 de quinta-feira, 19/03/2009, no Hospital Albert Einsten, em São Paulo, SP, onde estava internado há 30 dias, lutando contra seu quarto câncer, aos 73 anos,  vítima de complicações causadas por um transplante de medula.

A luta de Victor Siaulys contra o câncer era pública. Em uma de suas internações ele escreveu uma mensagem, que foi enviada aos amigos mais próximos e acabou se tornando um viral, ficando conhecida via internet.

O corpo foi velado no Hospital Albert Einstein. O cortejo rumo ao Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, saiu às 15h00, onde ocorreu uma cerimônia de corpo presente celebrada pelo amigo e mentor Frei Beto e logo em seguida o corpo foi cremado.

Clóvis Tavares

SEBASTIÃO CLÓVIS TAVARES
(69 anos)
Professor, Militante da UJC e Espírita 

☼ Campos dos Goytacazes, RJ (20/01/1915)
┼ Campos dos Goytacazes, RJ (13/04/1984)

Sebastião Clóvis Tavares, mais conhecido por Clóvis Tavares, foi um espírita brasileiro nascido no distrito de São Sebastião, em Campos dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro, em 20/01/1915. Era dia de São Sebastião e, por isso, seus pais deram-lhe o nome de batismo em homenagem ao padroeiro, embora sempre tenha sido tratado, em casa e em todos os ambientes, simplesmente por Clóvis.

A família mudou-se para a sede do município quando ele contava com 9 anos de idade. Desde a infância, demonstrou pendores religiosos. Era comum, na região de São Sebastião, ver seus irmãos jogando bola ou brincando de cabra-cega e ele lendo ou rezando em seu oratório particular.

Afeiçoou-se ao padre da Igreja de São Sebastião, chamado Émille Dés Touches, francês de nascimento, de família nobre e abastada. Ele teria abandonado a sua herança para dedicar-se à vida religiosa, tendo decidido vir para o Brasil seguindo uma inspiração ou determinação do Alto. Foi o seu professor de Francês e seu primeiro orientador espiritual. Do padre Émille Dés Touches, o público espírita conhece "Petição de Servo", eivada de beleza e sabedoria espiritual.

Na adolescência, estudando no célebre Liceu de Humanidades de Campos, integrou um grupo de jovens idealistas que decidiram mudar o mundo. Engajaram-se na União da Juventude Comunista (UJC) e viveram um sonho de liberdade.

Dois desses jovens eram Nina Arueira e Clóvis Tavares, que enamoraram-se e tornaram-se noivos. Os dois viviam intensamente a vida partidária, sendo líderes de greves operárias e movimentos estudantis. Inesperadamente, Nina Arueira é acometida de uma febre tifoide e Clóvis Tavares passa a fazer plantão ao seu lado, passando noites acordado, em vigilância, mas sem oração.

Por um destes 'mistérios da vida', ela conheceu, já doente, um homem chamado Virgílio de Paula, que a recebeu em sua casa para prestar-lhe tratamento. Era um profundo conhecedor de Teosofia e Espiritismo. Nina interessou-se inicialmente pela Teosofia. Leu "Do Recinto Interno", de Annie Bésant e decidiu, já no leito, renunciar à política partidária. Contou a Clóvis a sua decisão. Este, que também estava a discordar da direção partidária quanto a rumos decididos que feriam a sua ética, passou a escutar de Nina as lições que ela ouvia do Vovô Virgílio.


Virgílio de Paula, por sua vez, aos poucos introduziu um pouco de Evangelho em suas conversações com Nina. Ela maravilhou-se com a visão de um Jesus Cristo amigo dos pobres e dos sofredores. Um Jesus Cristo amigo da justiça e da caridade e entregou-se, de alma inteira, ao Evangelho, explicado pela racionalidade Espírita. Foram apenas alguns meses, mas ela desencarnou considerando-se espírita.

Após a sua morte é que Clóvis Tavares começou a ler os livros que ela lera no seu estágio derradeiro. E como ocorreu com Nina, ele também apaixonou-se pela cosmovisão espiritista. Quando leu pela primeira vez os versos de Olavo Bilac, Cruz e Souza, Fagundes Varella, Augusto dos Anjos, Castro Alves, João de Deus, Auta de Souza, entre outros, então declarou-se espírita. E com o mesmo afinco que se dedicou há apenas alguns meses à política partidária, passou a militar ativamente no meio espírita. Começou a frequentar o Grupo Espírita João Batista, dirigido pelo Srº Virgílio de Paula e outros companheiros da primeira hora do Espiritismo em Campos.

Em pouco tempo, Clóvis Tavares passou a realizar palestras doutrinárias que a muitos atraíram por sua fluência evangélica e pelo ardor de seu verbo. Paralelamente a essas atividades, fundou uma escola de Doutrina Espírita para crianças, na casa da mãe de sua antiga noiva, Dona Didi Arueira. Passaram a chamar essa casa de Escola Infantil Jesus Cristo.

Mais uma vez, o inesperado ocorreu. Os frequentadores do Grupo Espírita João Batista, somados aos pais das crianças da Escola Infantil, afluíram em número crescente para escutar suas palestras na casa de Dona Didi.

Decide, então, a diretoria do Grupo Espírita João Batista auto-dissolver-se e passar a integrar os quadros da nascente Escola Jesus Cristo, já sem o qualificativo de "Infantil".

Repetiu-se, em escala institucional, o mesmo que acontecera entre João Batista e Jesus Cristo. "É necessário que eu diminua para que Ele cresça", e o Grupo precursor João Batista dissolveu-se e seus seguidores, assim como os seguidores de João, passaram a seguir a Escola Jesus Cristo. Iniciou-se uma nova era para o Espiritismo local, até então conhecido apenas pelas sessões mediúnicas.

Clóvis Tavares, Carlos Vítor e Hilda Mussa Tavares, em 1957
Com Clóvis Tavares, alvoreceu, em 1935, o Espiritismo da cultura e da prática da caridade. Clóvis sempre priorizou na Escola Jesus Cristo o serviço de amor ao próximo e o estudo doutrinário. Na Escola Jesus Cristo, ele fundou dois orfanatos: um de meninas, dirigido inicialmente pela filha de Virgílio de Paula, Inaiá de Paula, e outro para meninos, dirigido por ele mesmo e por seu companheiro de ideais, Medeiros Correia Júnior. Fundou, ainda, um Culto de Assistência, onde um grupo de irmãos visitava duas favelas de Campos, para distribuição de gêneros e para a realização de um culto de Evangelho no Lar dos assistidos.

Fundou, ainda, a Sopa dos Domingos com a ajuda dos irmãos portugueses Inocêncio Noronha, Bonifácio de Carvalho, Dona Candinha e Dona Mariquinhas, portugueses que sempre estiveram presentes na história da Escola Jesus Cristo.

Surge, ainda, por seu ideário, o Curso Elzinha França para orientação espiritual às crianças. A escolha do nome Elzinha França deveu-se ao fato de que a Mocidade Espírita de Campos, da qual fazia parte a jovem Hilda Mussa, com quem se casaria mais tarde, e sua amiga Zenith Pessanha, visitava as famílias pobres da Escola Jesus Cristo na busca do sofrimento a fim de mitigá-lo. Numa dessas peregrinações, na favela, encontram desvalida menina recém-nascida, abandonada. Como não havia, na época, nenhum órgão oficial de amparo à criança e nem de longe pensava-se no Estatuto da Criança e do Adolescente, decidiram trazer a menina para a Casa da Criança. Apesar de Clóvis Tavares ter providenciado todos os cuidados médicos, a menor desencarnou em pouco tempo.

Todavia, em uma de suas habituais viagens a Pedro Leopoldo para encontrar-se com Chico Xavier, obteve do médium a informação de que o visitava um espírito de muita luz, chamado Elzinha França. Clóvis Tavares, a princípio pasmo, contou ao médium quem era a menina, que Chico Xavier identificou como sendo uma professora que estava integrando a equipe espiritual de serviço na Escola Jesus Cristo e que trabalharia na educação dos menores.

Chico Xavier e Clovis Tavares
Clóvis Tavares fundou o Clube da Fraternidade, espaço artístico e lúdico para a realização de jogos infantis, teatros e coros musicais nos domingos à tarde, numa época em que não havia televisão.

Passou a visitar semanalmente os presos, recordando o ensino de Paulo aos hebreus: "Lembrai-vos dos encarcerados, como se vós mesmos estivésseis presos com eles. E dos maltratados, como se habitásseis no mesmo corpo com eles." (Hb, 13:3).

Uma vez por ano, pregava o Evangelho Consolador no cemitério, no dia 2 de novembro, iniciando uma prática consoladora e esclarecedora na nossa Terra.

Outra particularidade da Escola Jesus Cristo foi abrigar em suas dependências, na década de 60, uma escola de educação formal: o Instituto Allan Kardec.

Paralelamente a essa atividade espírita, Clóvis Tavares lecionava História em duas escolas e Direito Internacional Público na Faculdade de Direito de Campos. Foi autor de livros espíritas, renunciando, todavia, aos direitos autorais, pois, aprendeu com Chico Xavier a doá-los às editoras que se dedicavam à difusão doutrinária.

Tornou-se amigo íntimo de Chico Xavier, com quem conviveu por 50 anos, o que é relatado nos referidos livros do parágrafo anterior. Frequentava com assiduidade as reuniões do Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo. Visitou, também, Belo Horizonte várias vezes, onde travou contato com Arnaldo Rocha, Joaquim Alves, Cícero Pereira e tantos outros que dignificaram o Espiritismo em Minas Gerais.

Na década de 1950, passou a se corresponder com o sábio italiano Pietro Ubaldi, a quem promoveu duas vindas ao Brasil - a última das quais, definitiva. Traduziu do italiano os seguintes livros do referido autor: "As Noúres, Ascese Mística, Grandes Mensagens" e "Fragmentos de Pensamento e Paixão".

Clóvis Tavares veio a casar-se somente 20 anos após da desencarnação de Nina Arueira, e a jovem Hilda Mussa, que o ajudava na pesquisa sobre a vida dos santos católicos, passou a ser também a sua fiel colaboradora nos trabalhos da Escola Jesus Cristo. Deste matrimônio nasceram cinco filhos: Carlos Vítor, que faleceu aos 17 anos, após uma vida de sofrimentos para ele e para os pais - que está relatado no livro: "A Morte é Simples Mudança" - , Margarida, Flávio, Luís Alberto e Celso Vicente.

Clóvis Tavares faleceu, vítima de parada cardíaca no hospital Santa Casa de Campos, no dia 13/04/1984.