Dilermando Reis

DILERMANDO DOS SANTOS REIS
(60 anos)
Compositor, Professor de Violão, Arranjador e Instrumentista

* Guaratinguetá, SP (22/09/1916)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/01/1977)

Dilermando Reis foi um violonista e compositor brasileiro. Foi professor de música do então presidente Juscelino Kubitschek. Gravou diversos discos de sucesso, sendo o chorinho o seu estilo musical. Trabalhou na Rádio Clube do Brasil e na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Dilermando dos Santos Reis começou a estudar violão com o pai, o violonista Francisco Reis, ainda na infância. Em 1931, aos 15 anos de idade, Dilermando já era conhecido como o melhor violonista de Guaratinguetá. Neste mesmo ano, assistindo a um concerto do violonista Levino da Conceição, que se apresentava na cidade, tornou-se seu aluno e seu acompanhador, seguindo-o em suas excursões.

Em 1933 chegou ao Rio de Janeiro, em companhia de Levino da Conceição e segundo contou em depoimento "ao desembarcarmos na Central, tomamos o bonde com destino à Lapa à procura do violonista João Pernambuco", que era amigo de Levino da Conceição. O violonista residia num quarto de uma república na Praça dos Governadores, posteriormente Praça João Pessoa, localizada no cruzamento da Avenida Mem de Sá com a Rua Gomes Freire. Passaram o resto do dia e a noite com João Pernambuco, entre conversas e música.

Em 1934, Levino da Conceição a pretexto de fazer uma viagem, deixou pagos 15 dias de hotel para o jovem violonista e nunca mais voltou. Sozinho na cidade, Dilermando procurou auxílio com João Pernambuco, que o acolheu.

Em fins da década de 30, envolveu-se num caso amoroso com Celeste, companheira de seu ex-professor Levino Conceição. O casal passou a residir na Rua Visconde de Niterói, próximo ao Morro de Mangueira. Viveram juntos por toda a vida.

Um dos mais importantes violonistas brasileiros, Dilermando Reis atuou como instrumentista, professor de violão, compositor, arranjador, tendo deixado uma obra vultuosa, versátil, composta de guarânias, boleros, toadas, maxixes, sambas-canção e principalmente de valsas e choros.


Iniciou sua vida profissional aos 18 anos de idade. Segundo seu relato ao Jornal do Brasil:

"Naquela época as lojas de instrumentos musicais mantinham professores de música que ajudavam a aumentar a clientela. Dei aulas numa loja na rua Buenos Aires, depois fui apresentado por um aluno ao dono da loja Ao Bandolim de Ouro."

Em 1935, passou a lecionar na loja A Guitarra de Prata. Nessa época, Dilermando começou a acompanhar calouros na Rádio Guanabara, trabalho esporádico e sem contrato. No intervalo de uma dessas apresentações, Dilermando como costumava fazer, solava a valsa "Gota de Lágrima", de Mozart Bicalho quando o radialista Renato Murce ouviu e gostou. Levou o violonista para a Rádio Transmissora e deu-lhe um programa de solos de violão, para experimentar o resultado.

O programa foi um sucesso e iniciava-se neste momento uma carreira de violonista destinado à fama. Como já naquela época não era possível sobreviver apenas de solos de violão, continuou como acompanhador em regionais, como faziam todos os grandes violonistas da época como Garôto, Laurindo de Almeida, e outros.

Em 1940, Dilermando Reis transferiu-se pra a Rádio Clube do Brasil. Nesse mesmo ano, formou uma orquestra de violões composta de 10 violonistas, à qual acredita-se que tenha sido uma das primeiras do gênero. Atuou com êxito na Rádio Clube do Brasil e também no Cassino da Urca.

Em 1941, gravou seu primeiro disco pela Columbia, onde constavam a valsa "Noite de Lua" e o choro "Magoado", provavelmente o mais conhecido e mais executado de seus choros. Em 1944, fez um segundo disco também com composições suas. Em 1946, mais dois discos num dos quais registrou pela primeira vez músicas de outro compositor. Encerrou a década de 1940, com um total de nove discos gravados.

A década de 50, representou a consolidação e grande avanço na carreira do artista. Em 1956, assinou contrato com a Rádio Nacional, com o programa "Sua Majestade, o Violão", nos primeiros anos apresentado por Oswaldo Sargentelli e posteriormente por César Ladeira. O programa tinha por prefixo a mazurca "Adelita", de Francisco Tárrega e se manteve no ar até 1969.

Na década de 60, Dilermando Reis gravou vários LPs. Em 1960, lançou o disco "Melodias da Alvorada", em homenagem à nova capital, com arranjos e regência de Radamés Gnattali. De 1941 a 1962, lançou 34 discos de duas faces (68 músicas) em 78 rpm. Dentre essas, 43 de sua autoria. Com o início da era do LP, Dilermando Reis passou a gravar perfazendo um total de 35 LPs gravados em sua carreira.

Os LPs, mostraram uma nova faceta do violonista: o acompanhamento de cantores com apenas um violão, que neste caso se caracterizava pela apresentação da canção, seguida de um solo de Dilermando Reis, voltando ao acompanhamento para terminar. Nesse estilo de acompanhar, Dilermando Reis esteve ao lado de José Mojica quando este veio ao Brasil e fez um total de sete LPs com o cantor Francisco Petrônio.

Em 1970, Radamés Gnattali dedicou ao violonista o "Concerto nº 1", gravado nesse mesmo ano.

Como professor, ensinou a grandes violonistas dentre os quais Darci Vilaverde e Bola Sete. Foi também professor de Maristela Kubitscheck, filha do presidente Juscelino Kubitschek, de quem foi grande amigo e parceiro de serenatas. Essa amizade, aliás, valeu a Dilermando Reis a nomeação para um cargo público, o que muito lhe aliviou as dificuldades financeiras.

Em 1972, gravou o LP "Dilermando Reis Interpreta Pixinguinha", e em 1975 lançou "O Violão Brasileiro de Dilermando Reis" ambos pela Continental. Em alguns de seus LPs foi acompanhado pelos grandes violonistas Horondino Silva, o Dino Sete Cordas e em outros por Jaime Florence, o Meira.

Além de sua vasta obra, Dilermando Reis deixou inúmeros arranjos editados. Na década de 90, o violonista Genésio Nogueira iniciou uma coleção de LPs e CDs dedicados à obra do compositor.


Discografia
  • 1941 - Noite De Lua / Magoado
  • 1944 - Dança Chinesa / Adeus De Pai João
  • 1945 - Recordando / Saudade De Um Dia
  • 1945 - Minha Saudade / Rapsódia Infantil
  • 1946 - Noite De Estrelas / Dedilhando
  • 1946 - Adelita / Grajaú
  • 1948 - Vê Se Te Agrada / Dois Destinos
  • 1948 - Araguaia
  • 1949 - Súplica / Tempo De Criança
  • 1949 - Flor De Aguapé / Doutor Sabe Tudo
  • 1950 - Alma Sevilhana / Quando Baila La Muchacha
  • 1951 - Xodó Da Baiana / Promessa
  • 1951 - Cuidado Com O Velho / Vaidoso
  • 1951 - Sentimental / Bingo
  • 1952 - Sons De Carrilhões / Abismo De Rosas
  • 1953 - Calanguinho / Penumbra
  • 1953 - Alma Nortista / Interrogando
  • 1954 - Recordando A Malaguenha / Uma Noite Em Haifa
  • 1954 - Eu Amo Paris / Fingimento
  • 1955 - Poema De Fibich / Barqueiro Do Volga
  • 1955 - Dois Destinos / Vê Se Te Agrada
  • 1955 - Limpa-Banco / Sonhando Com Você
  • 1955 - Rosita / Chuvisco
  • 1956 - Tristesse - Opus Nº 3 / Adelita
  • 1956 - Dilermando Reis
  • 1956 - Sua Majestade O Violão
  • 1958 - Se Ela Perguntar / Índia
  • 1958 - Romance De Amor / Pavana
  • 1958 - Abismo De Rosas
  • 1958 - Volta Ao Mundo Com Dilermando Reis
  • 1960 - La Despedida (Chilena N° 1) / Ausência
  • 1960 - Melodias Da Alvorada
  • 1960 - Abismo De Rosas
  • 1961 - Uma Valsa E Dois Amores / Marcha Dos Marinheiros
  • 1961 - Soluços / Odeon
  • 1962 - Oiá De Rosinha / Abandono
  • 1962 - Pequena Cantiga De Natal / Idealista / Felicidade / Ato De Caridade
  • 1962 - No Tempo Do Vovô / Fingimento
  • 1962 - L'arlequin De Toléde / Recordando A Malagueña
  • 1962 - Presença De Dilermando Reis
  • 1962 - Uma Voz E Um Violão - Francisco Petrônio e Dilermando Reis
  • 1963 - Sons De Carrilhões / Despertar Da Montanha
  • 1963 - Gotas De Lágrimas / Cisne Branco
  • 1963 - Uma Voz E Um Violão Em Serenata - Volume 2
  • 1964 - Junto A Teu Coração
  • 1965 - Meu Amigo Violão
  • 1965 - Gotas De Lágrimas
  • 1965 - Sua Majestade, O Violão
  • 1965 - Junto A Teu Coração
  • 1966 - Subindo Ao Céu
  • 1967 - Recordações
  • 1968 - Saudade De Ouro Preto
  • 1968 - Dilermando Reis
  • 1969 - Dilermando Reis
  • 1970 - Grand Prix
  • 1970 - Dilermando Reis
  • 1971 - Dilermando Reis
  • 1971 - Uma Voz E Um Violão Em Serenata - Volume 6
  • 1972 - Dilermando Reis Interpreta Pixinguinha
  • 1973 - Homenagem A Ernesto Nazareth
  • 1973 - Uma Voz E Um Violão Em Serenata - Volume 7
  • 1975 - O Violão Brasileiro De Dilermando Reis
  • 1976 - Concerto Nº 1 Para Violão E Orquestra
  • 1977 - O Melhor De Dilermando Reis
  • 1978 - Dilermando Reis
  • 1978 - Presença De Dilermando Com Orquestra de Radamés
  • 1978 - Dilermando Reis No Choro
  • 1979 - Aplausos
  • 1986 - Violão Brasileiro
  • 1988 - Dilermando Reis Interpreta Pixinguinha
  • 2004 - Noite De Estrelas (CD)

Fonte: Wikipédia e NetSaber
Indicação: Moacir Teles Maracci

Um comentário:

  1. DILERMANDO REIS FOI O MELHOR VIOLONISTA DA HISTORIA DO VIOLAO MUNDIAL,,EU ANDEI PESQUIZANDO E OUVINDO VIOLONISTAS DO MUNDO TODO VIVOS E FALECIDOS E PUDE CONSTATAR QUE DILERMANDO REIS FOI O VIOLONISTA QUE MAIS CHEGOU PERTO DA PERFEIÇAO MUSICAL,ELE ULTRAPASSOU OS LIMITES DA TECNICA DO VIOLAO,O SOM DAS SUAS CORDAS ERA IMPECAVEL SEM ERROS E SEM MALABARISMO,,PRA SE LEVANTAR OUTRO IGUAL A O NIVEL DE DILERMANDO REIS EU ACHO QUE SO DAQUI UNS 200 ANOS

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