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César Ladeira

CÉSAR ROCHA BRITO LADEIRA
(58 anos)
Radialista e Produtor de Rádio

* Campinas, SP (11/12/1910)
+ Rio de Janeiro, RJ (08/09/1969)

Aluno da Faculdade de Direito quando, em 1931, quando ficou seduzido pelo rádio que começava a tomar um impulso extraordinário em todo o Brasil, e estreou como locutor na Rádio Record de São Paulo.

A Rádio Record de São Paulo, adquirida em 1931 por Paulo Machado de Carvalho, assume o papel de porta-voz do movimento insurrecional e pelas vozes de três locutores: César Ladeira, Nicolau Tuma e Renato Macedo, tendo por fundo musical a marcha Paris Belfort, levava a todo país o noticiário dos revoltosos paulistas furando o bloqueio da censura varguista.

Sua fama transpôs as fronteiras do estado de São Paulo e espalhou-se por todo o país em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, quando sempre à meia-noite, transmitia com entusiasmo as idéias do movimento. César Ladeira causou impacto neste ano. Depois, com a vitória do governo central, quase foi deportado com Paulo Machado de Carvalho, criador do rádio-jornalismo.


Em 1933, chegava ao Rio de Janeiro para assinar contrato na Rádio Mayrink Veiga, como locutor e diretor artístico. Atuava como um embaixador da musica paulistana, trazendo para a então capital da república os novos valores lá revelados. Desta forma aqui chegou Zézinho em 1933, passando logo a integrar o famoso regional da Rádio Mayrink Veiga.

Mesmo com o término da revolução e tendo se mudado para o Rio de Janeiro, César Ladeira - campinense de nascimento - não encerraria sua ligação com o ideal dos bravos heróis de 1932.

Em 1957, na ocasião da celebração dos 25 anos da Revolução Constitucionalista, o locutor lançaria um LP chamado: São Paulo de 32.

Neste álbum totalmente narrado por ele, temos uma crônica de sua própria autoria chamada 25 Anos Depois além de poemas de Guilherme de Almeida e Oliveira Ribeiro Neto.

Em 1935 estréia no cinema em Alô, Alô Brasil.


Em 1936 é a vez de César Ladeira buscar uma turma da pesada: Aimoré, Garoto, Nestor Amaral e Laurindo Almeida.

O locutor brasileiro nasceu da voz de César Ladeira, plena de "erres" iniciais carregados, copiados dos argentinos que os empregam só para distingui-los dos "agás" aspirados do espanhol. A voz grave de César Ladeira já era a mensagem em si. Ele começava na Rádio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro, depois da Hora do Brasil, e enfiava propaganda e cantores durante duas horas.

Deu novo ritmo à programação da emissora, dividindo-a em horários definidos e especializados, e um epíteto consagrador a cada artista do seu elenco. Desta forma, alguns cantores passaram a ser identificados: A Pequena Notável para Carmen Miranda, O Cantor Que Dispensa Adjetivos para Carlos Galhardo, O Caboclinho Querido para Sílvio Caldas, A Garota Grau Dez para Emilinha Borba e O Cantor das Mil e Uma Fãs para Ciro Monteiro.

Despertou o gosto dos ouvintes para a crônica vibrante, o editorial e o comentário. Difundiu programas literário-musicais de fim de noite, estimulando a cultura e colocando a Rádio Mayrink Veiga na preferência dos ouvintes.

Carlos Lacerda, César Ladeira, Luiz Vieira
Locutor mais imitado do rádio brasileiro, em 1948 transferiu-se para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, onde apresentou com grande sucesso o programa Seu Criado, Obrigado, ao lado de Daisy Lúcidi, durante dez anos, a Crônica da Cidade, por 20 anos e escreveu vários programas musicais.

César Ladeira participou ainda de alguns filmes brasileiros e criou a Empresa Brasileira de Comédias Musicais, produzindo o Café Concerto, espetáculo de luxo encenado nas boates cariocas Casablanca e Acapulco. Em 1967, apresentava-se em teatros de comédia na extinta TV Tupi Rio do Rio de Janeiro.

Foi marido da atriz Renata Fronzi. Seus filhos, Cesar Fronzi Ladeira e Renato Fronzi Ladeira, foram os criadores da banda de rock A Bolha.

É nome de rua em sua cidade natal.

Fonte: Pro-Memória de Campinas-SP, São Paulo Antiga e Wikipédia

Friedenreich

ARTHUR FRIEDENREICH
(77 anos)
Jogador de Futebol

* São Paulo, SP (18/07/1892)
+ São Paulo, SP (06/09/1969)

Apelidado "El Tigre" ou "Fried", foi a primeira grande estrela do futebol brasileiro na época amadora, que durou até 1933.

Friedenreich participou da excursão do Paulistano pela Europa em 1925 onde disputou dez jogos e voltou invicto. Teve importante participação no Campeonato Sul-Americano de Seleções, atual Copa América, de 1919. Ele marcou o gol da vitória contra os uruguaios na decisão e, ao lado de Neco, foi o artilheiro da competição. Após o feito, suas chuteiras ficaram em exposição na vitrine de um loja de jóias raras no Rio de Janeiro.

Filho de um comerciante alemão e de uma lavadeira negra brasileira, Arthur Friedenreich nasceu no Bairro da Luz, em São Paulo, e aprendeu a jogar bola com bexiga de boi. Poucos anos depois de Charles Miller chegar ao país, em 1894, trazendo o futebol como novidade, o Brasil revelou seu primeiro ídolo. Hoje em dia, são poucos aqueles que viram Friedenreich brilhar nas décadas de 1910, 1920 e 1930.

Carreira - Primeiros Anos

Jogador de futebol paulista, Friedenreich começou a jogar futebol ainda adolescente na cidade de São Paulo, nos clubes Germânia, atual Pinheiros, Mackenzie, Clube Atlético Ypiranga e o Paulistano, que hoje são apenas clubes sociais e já não atuam no futebol profissional.

Começa a se destacar pela imaginação, técnica, estilo e pela capacidade de improvisar. O apelido de "El Tigre" foi dado pelos uruguaios após a conquista do Campeonato Sul-Americano de 1919, atual Copa América.


Carreira - O Auge

A sua posição de origem foi a de centroavante. "El Tigre" acabou introduzindo novas jogadas no ainda menino futebol brasileiro, na época ainda amador, como o drible curto, o chute de efeito e a finta de corpo.

Foi campeão paulista em diversas oportunidades pelo clube Paulistano. Também atuou pelo São Paulo Futebol Clube, conquistando mais um campeonato paulista em 1931. O time do São Paulo campeão naquele ano ficou conhecido por "Esquadrão de Aço", e era formado por Nestor, Clodô, BartôMílton, BinoFabioLuizinho, Siriri, ArakenJunqueirinha.

Depois de ter jogado em 1917 no Flamengo, Friedenreich voltou ao Rio de Janeiro na década de 30 para novamente jogar pelo time. Clube onde ele afirmava ter orgulho de jogar e onde fez seu gol mil até o 1.046.

Era considerado pelos cronistas da época um jogador inteligente dentro de campo. Friedenreich talvez tenha sido o jogador mais objetivo e um dos mais corajosos de sua época. Parecia conhecer todos os segredos do futebol e sabia quando e como ia marcar um gol.

Nos dias atuais, ainda é considerado um dos maiores centroavantes que o Brasil já teve. No ano de 1925, voltou da Europa como um dos "Melhores do Mundo", depois de vencer, pelo Paulistano, nove dos dez jogos disputados.

Um de seus mais incríveis feitos, ocorrido em 1928, foi a marca de sete gols numa única partida contra o União da Lapa, batendo o recorde da época. Ele jogava pelo Paulistano e o resultado final foi de 9 a 0, no dia 16 de setembro. A curiosidade fica por conta do pênalti perdido por Friedenreich.

Friedenreich encerrou a carreira no Flamengo, em julho de 1935, aos 43 anos de idade.

Depois de abandonar os gramados, viveu na pobreza um bom tempo até morrer em 06/09/1969 vítima de arteriosclerose e pneumonia, ele sofria do Mal de Parkinson, em uma casa cedida pelo São Paulo.

Seleção Brasileira

Sua estréia na Seleção Brasileira se deu no ano de 1912 em um amistoso contra a seleção paulista, quando o escrete brasileiro venceu por 7 a 0 com dois gols de Friedenreich. Sua despedida aconteceu em 1935, em um jogo contra o River Plate no dia 23 de fevereiro, no qual o Brasil ganhou por 2 x 1.

Friendenreich fez pela seleção principal 23 jogos e marcou 10 gols. Já na seleção de veteranos, em 1935, disputou 2 jogos e marcou 2 gols. No ano de 1914 ganhou o primeiro título do Brasil na história: a Copa Roca, taça amistosa realizada para melhorar as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina. Outras conquistas importantes que conseguiu foram os Campeonato Sul-Americano de Seleções de 1919, marcando o gol do título na prorrogação contra os uruguaios, e 1922, primeiras conquistas relevantes da Seleção Brasileira.

Curiosidades

  • Outra característica marcante da personalidade de Friedenreich era seu caráter questionador. Em 1932, engajou-se na Revolução Constitucionalista de 1932, doando troféus, medalhas e prêmios em benefício da causa.
  • O fato de ser descendente de alemães ajudou Friedenreich na carreira. Mulato, só assim ele pôde jogar nos grandes clubes frequentados pelos brancos da elite.
  • Uma excursão do Club Athletico Paulistano à Europa em 1925, deu a ele a chance de participar de um marco histórico do futebol do país. No dia 15 de março, pela primeira vez, um time brasileiro jogava no exterior. Ele comandou a goleada de 7 a 2 na França, que deu início a uma série de outras vitórias. E é apelidado de "Roi du Football" (Rei do Futebol).
  • Também foi contra a profissionalização do futebol no país. A partir dos anos 30, o futebol passou a caminhar rumo ao profissionalismo. A idéia não agradou Friedenreich, que recusou proposta do Flamengo, seu último clube, de continuar atuando, e abandonou os gramados após fazer sua última partida no dia 21 de julho de 1935.
  • Uma atitude infeliz do presidente da Liga Paulista de Futebol, Elpídio de Paiva Azevedo, causou uma das maiores decepções de Friendenreich na carreira. Ao saber que a comissão técnica da Seleção Brasileira não teria nenhum paulista, o dirigente impediu a ida dos jogadores do estado para a Copa do Mundo, no Uruguai em 1930. Assim, "El Tigre" encerrou a carreira sem sentir o sabor de disputar um Mundial.
  • A polêmica em relação aos gols de "El Tigre" se deve à soma de um erro com uma falta de critério por parte do jornalista Adriano Neiva da Motta e Silva, o De Vaney. Acontece que o "Velho Oscar", pai de Friendenreich, começou a anotar em pequenos cadernos todos os gols marcados pelo filho desde que começou a atuar. Em 1918, o atacante confiou a tarefa a um colega do Club Athletico Paulistano, o centroavante Mário de Andrada, que seguiu a trajetória do craque por mais 17 anos, registrando detalhes das partidas até o encerramento da carreira de Friendenreich, em 21/07/1935, quando ele vestiu a camisa do Clube de Regatas do Flamengo (mas não marcou gols) num 2 x 2 contra o Fluminense. A lenda ganhou consistência em 1962. Naquele ano, Mário de Andrada disse a De Vaney que tinha as fichas de todos os jogos de Friendenreich, podendo provar que o craque atuara em 1.329 partidas, marcando 1.239 gols. Mário de Andrada, porém, morreu antes de mostrar as fichas a De Vaney. Mesmo sem nunca comprovar esses dados, De Vaney resolveu divulgá-los, mas erroneamente inverteu o número de gols para 1.329. A estatística, no entanto, começou a rodar o mundo, e ainda por cima na forma errada. No livro "Gigantes do Futebol Brasileiro", de Marcos de Castro e João Máximo, de 1965, consta que Friendenreich marcou 1.329 gols. Outros livros e até enciclopédias referendaram o registro. A FIFA, entidade máxima do futebol, chegou a "oficializar" os números, até que enfim, Alexandre da Costa conferiu os registros de todos os jogos de Friendenreich em pelo menos dois jornais, Correio Paulistano e O Estado de São Paulo, e chegou a dois números surpreendentes: 554 gols em 561 partidas. "Não quis destruir o mito", jura o autor de "O Tigre do Futebol". "Adoro o Friendenreich. Apenas quis esclarecer essa questão". O problema é que não esclareceu completamente. Em "Fried Versus Pelé" (Orlando Duarte e Severino Filho), publicado semanas depois de "O Tigre do Futebol", o jornalista Severino Filho chega a outros números: 558 gols em 562 partidas. "Não há levantamento estatístico que não possa ser melhorado", escreve o autor de "O Tigre do Futebol". Mesmo nos dias de hoje, com mais recursos disponíveis, as discrepâncias prosseguem.
  • O choro "Um a Zero" (Benedito Lacerda, Pixinguinha e Nelson Ângelo) foi composto em homenagem ao gol de Friendenreich contra o Uruguai na final de 1919.
  • Friedenreich tem um parque no bairro de Vila Alpina, na Zona Leste de São Paulo, com seu nome. O parque, situado no início da Av. Francisco Falconi, é um dos maiores da região.
  • Friedenreich também tem uma escola com seu nome no Rio de Janeiro, coincidentemente, essa escola fica localizada dentro do Complexo Esportivo do Maracanã, próximo a entrada principal, a esquerda da estátua de Bellini.
Fonte: Wikipédia

Denis Brean

AUGUSTO DUARTE RIBEIRO
(52 anos)
Compositor, Jornalista e Radialista

* Campinas, SP (28/02/1917)
+ São Paulo, SP (16/08/1969)

Jovem ainda, interessou-se por música, formando com seus colegas do Colégio Ateneu Paulista, de Campinas, o Conjunto do Duarte, que tocava em festinhas.

Em 1934 mudou-se com a família para São Paulo, passando a trabalhar como escriturário. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo mas não chegou a fazer o curso, preferindo dedicar-se ao jornalismo. Dois anos depois, sua música Poesia da Uva obteve o primeiro prêmio na Festa da Uva de Jundiaí, gravada por Ciro Monteiro, em disco não comercial.

Em 1937, o Grupo X lançou em disco seu samba Brazilian Clipper, pela gravadora Columbia, e no ano seguinte, pela mesma gravadora, O Modelo de Beleza.

Em 1944 lançou a valsa carnavalesca No Tempo da Onça, gravada com enorme sucesso por Carlos Galhardo na RCA Victor. Mas seu maior sucesso foi obtido com Boogie-Woogie Na Favela, gravado por Ciro Monteiro em 1945 na gravadora RCA Victor, regravado nos anos seguintes por Zacarias e Sua Orquestra e pelos Anjos do Inferno, respectivamente.

Ainda em 1947, seu samba Bahia com H foi gravado com sucesso por Francisco Alves na gravadora Odeon.

Formou com Osvaldo Guilherme, que já conhecia há quatro anos, uma parceria que ia produzir dezenas de músicas, sendo a primeira Onde Há Fumaça, Há Fogo, gravada em 1947 por Joel e Gaúcho, tendo no outro lado do disco o sucesso Boogie-Woogie do Rato (de sua autoria). Na época, era um dos poucos compositores paulistas que gravavam no Rio de Janeiro.

Em 1950 compôs, com Raul Duarte, a toada Marrequinha, gravada por Isaura Garcia. Compôs ainda La Vie En Samba (com Blota Júnior), gravado na Odeon por Dircinha Batista (1951), a mesma cantora que lançou o baião Mambo Não (com Luiz Gonzaga), lançando no ano seguinte a marcha Grande Caruso (com Osvaldo Guilherme), grande sucesso carnavalesco, interpretado por João Dias.

Trabalhou ainda como jornalista em São Paulo, no City News, Shopping News, Diário de São Paulo (sob o pseudônimo de Ribeiro Maia) e finalmente em A Gazeta Esportiva, onde permaneceu por mais de vinte anos.

Foi produtor de rádio, televisão e discos, tendo lançado na Odeon, entre outros, Hebe Camargo e Mário Genari Filho.

Na CBS produziu o LP Brasil na Copa do Mundo (1958), com os principais gols da Seleção Brasileira e seis músicas de sua autoria e Osvaldo Guilherme: Aquarela da Vitória, Brasil, Campeão do Mundo, Copa Que Pedimos a Deus, Futebol em Tempo de Samba, Os Reis do Futebol e Vingamos o Maracanã.

O grupo Simonetti e Sua Orquestra gravou pela RGE um LP só com músicas suas, entre as quais Bahia com H, A Moda de Cavaquinho, Boogie-Woogie na Favela, Festa do Samba e Moleque Teimoso.

Morreu vítima de Leucemia na Santa Casa de Misericórdia.

Fonte: Letras.com.br, Pró-Memória de Campinas e Projeto VIP

Hekel Tavares

HEKEL TAVARES
(73 anos)
Compositor, Maestro e Arranjador

☼ Satuba, AL (16/06/1896)
┼ Rio de Janeiro, RJ (08/08/1969)

Hekel Tavares foi um compositor, maestro e arranjador brasileiro nascido em Satuba, AL, no dia 16/06/1896.

Hekel Tavares estudou piano com uma tia e, ainda criança, aprendeu harmônica e cavaquinho, mas sua maior paixão era a música popular, principalmente a que vinha dos cantadores de desafios e dos reisados.

Foi para o Rio de Janeiro em 1921 e lá começou a estudar Orquestração com o maestro J. Otaviano.

Ao lado de Waldemar Henrique da Costa Pereira, Marcelo Tupinambá e Henrique Vogeler, sob a influência nacionalista da Semana de Arte Moderna (1922), criou um tipo de música situado na fronteira do erudito e do popular.

Iniciou-se profissionalmente como compositor de Teatro de Revista, fazendo em 1926 a música para a peça carnavalesca "Está na Hora", de Goulart de Andrade, levada no Teatro Glória. Ainda em 1926 apareceu regendo uma orquestra na revista "Plus-Ultra", no mesmo teatro.

Sua primeira composição de sucesso foi "Suçuarana" (Hekel TavaresLuiz Peixoto), lançada em 1927.

Em 1927, para o Teatro de Brinquedo, idealizado por Álvaro Moreyra e outros, que funcionava no subsolo do Teatro Cassino Beira-Mar, musicou a peça de estréia, sendo também o pianista desse espetáculo e de outros que se seguiram. Essa experiência de teatro ligeiro e elegante teve pouca duração, pois era ainda muito reduzido o público de alta classe média, para o qual eram dirigidos os espetáculos.


Assim, ainda em 1927, o compositor se viu na contingência de voltar às revistas mais populares dos teatros da Praça Tiradentes e foi também em uma parceria com o compositor Luiz Peixoto seu maior êxito popular com a música "Casa de Caboclo" gravada por Gastão Formenti na gravadora Parlophon em 1928. No mesmo ano de 1928, Patrício Teixeira gravou "Eu Ri da Lagartixa", também lançada na Parlophon.

No início da década de 30, Hekel Tavares compôs com muitos parceiros entre os quais Joraci Camargo com quem fez "Favela e Leilão", com Ascenso Ferreira "Chove!… Chuva!…", com Álvaro Moreyra "Bahia", com Murilo Araújo Banzo e com Luís Peixoto as músicas "Na Minha Terra Tem" e "Felicidade".

Em 1933, Jorge Fernandes registrou "O Que Eu Queria Dizer Ao Teu Ouvido" (Hekel Tavares e Mendonça Júnior) e "Guacyra" (Hekel Tavares e Joraci Camargo) pela gravadora Odeon.

Lançou sua primeira composição erudita, "André de Leão e o Demônio de Cabelo Encarnado", tendo como base um poema de Cassiano Ricardo em 1935.

Jorge Fernandes gravou "Caboclo Bom", música composta em parceria com Raul Pederneiras, em 1942, pela gravadora Columbia.

Autor de mais de 100 músicas, de 1949 a 1953 percorreu quase todo o Brasil, em missão especial do então Ministério da Educação e Saúde Pública, pesquisando motivos folclóricos que utilizaria em diversas obras, como no poema sinfônico "O Anhangüera", canção com argumento de sua esposa, Marta Dutra Tavares, e poemas de Murilo Araújo, e também, toadas sertanejas, maracatus, fox-trot.


Fez com o ritmo alagoano coco obras sinfônicas, peças clássicas como o "Concerto Para Piano" e "Orquestra em Formas Brasileiras", obras para piano e violino, coro misto, solistas e coros infantis entre outros motivos folclóricos e regionais, tais como: "Engenho Novo" e "Bia-tá-tá".

Ainda com o material obtido na viagem, em 1955 fez "Oração do Guerreiro", para baixo profundo. Compôs ainda o "Concerto, Para Piano e Orquestra", "Concerto em Formas Brasileiras", para violino e orquestra, "O Sapo Dourado" "A Lenda do Gaúcho", fantasias infantis.

Deixou inacabados: "Rapsódia Nordestina" e "Fantasia Brasileira", ambas para piano e orquestra, e o drama folclórico "Palmares".

Mas Hekel Tavares, pessoa tão importante no cenário musical do inicio do século passado, acabou passando despercebido pela maioria por causa da retirada da educação musical das escolas em 1960, motivo pelo qual infelizmente nós brasileiros ficamos a mercê de uma formação musical totalmente influenciada pelo mercado discográfico, ou seja, condenados a alienação de ouvir as últimas sensações do momento.

Ficam assim desconhecidos os bons e importantes músicos que fizeram o brilhante passado da nossa música, e é justamente por conta disso que não chegam aos nossos ouvidos músicas tão boas quanto às do célebre maestro alagoano Hekel Tavares.

É creditada a Hekel Tavares a autoria da famosa música "As Penas do Tiê", que foi motivo de batalha judicial com o cantor Raimundo Fagner.

Fonte: Wikipédia

Cacilda Becker

CACILDA BECKER YÁCONIS
(48 anos)
Atriz

* Pirassununga, SP (06/04/1921)
+ São Paulo, SP (14/06/1969)

"A morte emendou a gramática / Morreram Cacilda Becker / Não eram uma só. Eram tantas..."

Assim se manifestou o poeta Carlos Drummond de Andrade, por ocasião do falecimento dessa atriz, considerada uma das personalidades mais importantes da classe teatral brasileira e defensora da categoria na fase do regime militar de 1964.

Cacilda Becker Yáconis nasceu em Pirassununga (SP) e cedo conheceu as dificuldades da vida. Quando seus pais, Alzira Yáconis Becker e Edmundo Radamés Becker, se separaram, ela e as irmãs Cleide e Dirce ficaram com a mãe. Foram morar em Santos, e apesar da falta de recursos, Cacilda conseguiu fazer os estudos de balé, e se formou professora. Mudou-se, então, para São Paulo, mas foi trabalhar como escriturária numa firma de seguros.

Aos 20 anos, foi para o Rio de Janeiro disposta a iniciar a carreira de atriz e conquistou uma oportunidade no Teatro do Estudante, em uma montagem de Hamlet, dirigida por Pascoal Carlos Magno. Começou a afirmar-se profissionalmente já nessa época, 1941, na companhia de Raul Roulien. Junto com Laura Suarez, interpretou "Trio em Lá Menor", de Raimundo Magalhães Júnior.

Dois anos depois, Cacilda Becker regressou a São Paulo. Fez rádio-teatro para sobreviver, mas era no palco que ela mostrava a sua extraordinária capacidade de trabalho. Entrou para o Grupo Universitário de Teatro, fundado por Décio de Almeida Prado e participou de três montagens: "Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente; "Irmãos das Almas", de Martins Pena e "Pequeno Serviço em Casa de Casal", de Mário Neme.

Voltou novamente ao Rio para trabalhar com "Os Comediantes", grupo inovador no panorama teatral brasileiro. Dirigida por Ziembinski, participou da remontagem da peça "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, em 1946, ao lado de Olga Navarro e Maria Della Costa.

Em 1948, o Teatro Nacional Popular, no Rio de Janeiro, foi fundado por Maria Della Costa, com Ziembinski no elenco. Cacilda, em São Paulo, ingressou no Teatro Brasileiro de Comedia (TBC). Também passou a lecionar interpretação na recém inaugurada Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD).

Em pouco tempo se tornou a primeira atriz do TBC. Entre os principais trabalhos dessa fase estão "Seis Personagens à Procura de um Autor", de Luigi Pirandello; "Anjo de Pedra", de Tennessee Williams, e "Antígona", de Sófocles e de Anouilh. No cinema trabalhou em "A Luz dos Meus Olhos" (1947) e "Floradas na Serra" (1954).

O TBC entrou em declínio a partir de 1955. Os diretores italianos que o fundaram regressaram à Europa, enquanto os atores mais famosos abriram suas próprias companhias. Cacilda fundou a sua, ao lado dos atores Walmor Chagas, seu marido, de Ziembinski, e de sua irmã Cleide Yáconis que também iniciara carreira no TBC e se firmava como atriz de talento. O grupo encenou peças como "Longa Jornada Noite Adentro", de Eugene O'Neill, e "A Visita da Velha Senhora", de Durrenmatt. Atuou ainda em "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf", de Edward Albee, sendo especialmente lembrada por sua "Maria Stuart", de Johann Schiller.

Com a nomeação de Abreu Sodré para o Governo de São Paulo, Cacilda assumiu a Presidência da Comissão Estadual de Teatro em 1968. Durante sua gestão, fez grandes conquistas e participou ativamente na luta contra a ditadura. Sua frágil aparência contrastava com a garra com que defendia seus ideais, seus amigos e o teatro.

Voltou a representar, sob a direção de Flávio Rangel, o vagabundo Estragon de "Esperando Godot", de Samuel Beckett, ao lado de Walmor Chagas e de seu filho Luís Carlos Martins, que estreava no teatro.

Em 6 de maio de 1969, durante uma apresentação, sofreu um Derrame Cerebral em conseqüência do rompimento de um Aneurisma. Morreu aos 48 anos, depois de 38 dias em coma no Hospital São Luís, em São Paulo.


Ataulfo Alves

ATAULFO ALVES DE SOUZA
(59 anos)
Cantor e Compositor

* Miraí, MG (02/05/1909)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/04/1969)

Ataulfo Alves era um dos sete filhos do Capitão Severino, violeiro, sanfoneiro e repentista da Zona da Mata, nasceu em 2 de maio de 1909 na Fazenda Cachoeira, propriedade dos Alves Pereira, no município de Miraí, MG.

Com oito anos, já fazia versos, respondendo aos improvisos do pai. Com a morte deste, a família teve de se mudar para a cidade, onde aos dez anos começou a ajudar a mãe no sustento da casa: foi leiteiro, condutor de bois, carregador de malas na estação, menino de recados, marceneiro, engraxate e lavrador, ao mesmo tempo em que estudava no Grupo Escolar Dr. Justino Pereira.

Aos 18 anos, aceitou o convite do Dr. Afrânio Moreira Resende, medico de Miraí, para acompanhá-lo ao Rio de Janeiro, onde fixaria residência. Durante o dia, trabalhava no consultório, entregando recados e receitas, e, a noite, fazia limpeza e outros serviços domésticos na casa do médico. Insatisfeito com a situação, conseguiu uma vaga de lavador de vidros na Farmácia e Drogaria do Povo. Rapidamente aprendeu a lidar com as drogas e tornou-se prático de farmácia. Depois do trabalho voltava para casa no bairro de Rio Comprido, onde costumava freqüentar rodas de samba. Já sabia tocar violão, cavaquinho e bandolim, e organizou um conjunto que animava as festas do bairro.

Em 1928, com apenas 19 anos, casou-se com Judite. Nessa época, em que já começara a compor, tornou-se diretor de harmonia de "Fale Quem Quiser", bloco organizado pelo pessoal do bairro. Em 1933, Bide, que viria a fazer sucesso com o samba "Agora e Cinza", ouviu algumas composições suas no Rio Comprido, e resolveu apresentá-lo a Mr. Evans, diretor americano da Victor. Foi então que Almirante gravou o samba "Sexta-feira", sua primeira composição a ser lançada em disco. Dias depois, Carmem Miranda, que ele havia conhecido antes de ser cantora, gravou "Tempo Perdido", garantindo sua entrada no mundo artístico.

Em 1935, através de Almirante e Bide, conseguiu seu primeiro sucesso com "Saudade do Meu Barracão", gravado por Floriano Belham. Seu nome cresceu muito quando apareceram as gravações do samba "Saudade Dela", em 1936, por Sílvio Caldas e da valsa "A Você" (com Aldo Cabral) e do samba "Quanta Tristeza" (com André Filho), em 1937, por Carlos Galhardo, que se tornaria um dos seus grandes divulgadores. Passou a compor com Bide, Claudionor Cruz, João Bastos Filho e Wilson Batista, com quem venceu os Carnavais de 1940 e 1941, com "Oh!, Seu Oscar e O Bonde de São Januário".

Em 1938, Orlando Silva, outro grande interprete de suas musicas, gravou "Errei, Erramos". Em 1941, fez sua primeira experiência como intérprete, gravando seus sambas "Leva, Meu Samba..." e "Alegria na Casa de Pobre" (com Abel Neto). Em 1942 a situação financeira difícil e a hesitação dos cantores em gravar sua ultima composição fizeram com que ele próprio lançasse, para o Carnaval do ano, "Ai, Que Saudades da Amélia", gravado com acompanhamento do grupo Academia do Samba e abertura de Jacob do Bandolim, o samba, feito a partir de três quadras apresentadas por Mário Lago para serem musicadas, resultou em grande sucesso popular. Juntos fizeram ainda "Atire a Primeira Pedra", para o Carnaval de 1944, e em 1945 lançaram "Capacho" e "Pra Que Mais Felicidade".

Resolvido a continuar interpretando suas músicas, juntou-se a um grupo de cantoras, organizando um conjunto que, por sugestão de Pedro Caetano, foi chamado de Ataulfo Alves e suas Pastoras. Inicialmente formado por Olga, Marilu e Alda. Representativas da década de 1950, quando faziam sucesso musicas de fossa e de amores infelizes, são suas composições "Fim de Comedia" e "Errei, Sim", gravadas por Dalva de Oliveira.

Em 1954 participou do show "O Samba Nasce no Coração", realizado na boate Casablanca, quando lançou o samba "Pois é...". O pintor Pancetti gostou muito da musica e, inspirado nela, fez um quadro com o mesmo nome, que ofereceu ao compositor. Compôs então "Lagoa Serena" (com J. Batista), dedicando-a a Pancetti, que, novamente, o homenageou com a tela "Lagoa Serena".

Convidado por Humberto Teixeira, em 1961 participou de uma caravana de divulgação da musica popular brasileira na Europa, para onde levou "Mulata Assanhada" e "Na Cadência do Samba" (com Paulo Gesta), que acabara de lançar. Retornou no mesmo ano e fundou a ATA (Ataulfo Alves Edições), tonando-se editor de suas musicas. Por essa época, desligou-se de suas pastoras – na ocasião Nadir, Antonina, Geralda e Geraldina –, passando a se apresentar sozinho, esporadicamente.

Depois de realizar em 1964 uma temporada no Top Club, do Rio de Janeiro, como sentisse piorar a Úlcera no Duodeno, em 1965 decidiu passar o seu titulo de General do Samba para seu filho, Ataulfo Alves Júnior.

Em decorrência do agravamento da Úlcera, morreu após uma intervenção cirúrgica, no Rio de Janeiro em 20 de abril de 1969.

Fonte: MPB Net

Jacob do Bandolim

JACOB PICK BITTENCOURT
(51 anos)
Músico, Compositor e Bandolinista

* Rio de Janeiro, RJ (14/02/1918)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/08/1969)

São de sua autoria clássicos do choro como "Noites Cariocas" e "Doce de "Côco". Alcançou popularidade ao montar o conjunto Época de Ouro, que permanece em atividade.

Morava em uma casa com jardim e avarandada em Jacarepaguá (Rio de Janeiro) rodeado pelas rodas de choro e de grandes amigos chorões. Apesar de não ser um entusiasta do carnaval, gostava do frevo. Estudou no Colégio Anglo-Americano e serviu no CPOR; trabalhou no arquivo do Ministério da Guerra, quando já tocava bandolim. Por fim, Jacob fez carreira como serventuário da justiça no Rio de janeiro, chegando a escrivão de uma das varas criminais da capital.


Em 1968 foi realizado um espetáculo no Teatro João Caetano (Rio de Janeiro) em benefício do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS). Com Jacob do Bandolim, A divina Elizeth Cardoso, Zimbo Trio e o Época de Ouro. A apresentação de Jacob tocando a música "Chega de Saudade" (Tom Jobim / Vinicius de Moraes), foi antológica. Foi lançado álbum com dois longplays (LP) da gravação original do espetáculo, em edição limitada.

Foi "guru" de Sérgio Cabral (pai do governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho), Hermínio Bello de Carvalho, Ricardo Cravo Albin.

Teve um casal de filhos, sendo que um deles, era o jornalista polêmico (O Globo, Última Hora) e compositor Sérgio Bittencourt, já falecido. A sua filha Elena Bittencourt preside o Instituto Jacob do Bandolim.

Passou à tarde, no bairro de Ramos, com o seu amigo compositor e maestro Pixinguinha, chegando na varanda da sua casa cansado e esbaforido, caiu nos braços de sua esposa Adília, já sem vida.

Fonte: Wikipédia

Costa e Silva

ARTUR DA COSTA E SILVA
(70 anos)
Militar, Marechal e Presidente do Brasil

* Taquari, RS (03/10/1899)
+ Rio de Janeiro, RJ (17/12/1969)

Marechal Artur da Costa e Silva foi um militar e político brasileiro, o segundo presidente do regime militar instaurado pelo Golpe Militar de 1964.

Nascido no interior do Rio Grande do Sul, era então, quando assumiu a presidência da república, marechal do Exército Brasileiro, e já havia ocupado o Ministério da Guerra no governo anterior, do marechal Castelo Branco.

Seu governo iniciou a fase mais dura e brutal do regime ditatorial militar, à qual o general Emílio Garrastazu Médici, seu sucessor, deu continuidade.

Sob o governo Costa e Silva foi promulgado o Ato Institucional Nº 5 (AI-5), que lhe deu poderes para fechar o Congresso Nacional, caçar políticos e institucionalizar a repressão e a tortura, sendo que no seu governo, houve um aumento significativo das atividades subversivas e de guerrilha visando combater o golpe de Estado de 1964 e o regime militar por ele instalado.

Vida Militar

Filho de comerciantes portugueses da Ilha da Madeira, Artur da Costa e Silva iniciou sua carreira militar ao ingressar no Colégio Militar de Porto Alegre, onde conclui como primeiro da turma ou aluno-comandante. Casou com Iolanda Barbosa Costa e Silva, filha de um militar.

Em 1918 entrou na Escola Militar de Realengo, no Rio de Janeiro, na qual se classificou como terceiro da turma. Aspirante em 18 de janeiro de 1921, era segundo-tenente em 1922 quando participou da tentativa de levante do 1° Regimento de Infantaria da Vila Militar, a 5 de julho daquele ano.

Chegou ao generalato a 2 de agosto de 1952 e alcançou o último posto, general-de-exército, em 25 de novembro de 1961. Estagiou nos Estados Unidos, de janeiro a junho de 1944, após ter sido instrutor-adjunto de tática geral da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Adido militar na Argentina de 1950 a 1952, destacou-se por ter exercido o comando da 3ª Região Militar, no Rio Grande do Sul, de 1957 a 1959, da 2ª Divisão de Exército, em São Paulo, e o comando do IV Exército, em Pernambuco, de agosto de 1961 a setembro de 1962, quando passou a chefe do departamento geral de pessoal e depois a chefe do departamento de produção e obras.

No governo João Goulart, reprimiu com extrema eficiência as manifestações estudantis no nordeste,mas acabou afastado do comando do IV Exército. Ao final de 1963, participou ativamente da conspiração que derrubou o presidente da república democraticamente eleito João Goulart, o qual os militares acusavam de estar tramando um golpe de estado, e assumiu o Ministério da Guerra logo depois de vitorioso o Golpe de 1964 no dia 31 de Março de 1964, permanecendo ministro da Guerra no governo Castelo Branco iniciado em 15 de abril de 1964.

Como ministro da Guerra, tomou a posição de defensor dos interesses da chamada linha dura da ultradireita no interior das Forças Armadas e com o Ato Institucional Nº 2 (AI-2) que transferiu a eleição do novo presidente para o Congresso Nacional, se impôs como candidato à sucessão de Castelo Branco e alijando os militares castelistas - como o futuro presidente Ernesto Geisel e seu futuro auxiliar Golbery do Couto e Silva - de postos de responsabilidade.

Quando Costa e Silva estava em campanha para a presidência de República, escapou por pouco de um atentado no Aeroporto Internacional dos Guararapes em 25 de julho de 1966, quando era esperado por cerca de 300 pessoas neste aeroporto em Recife. Foram vários mortos e feridos no que ficou conhecido como o Atentado dos Guararapes. Como seu avião entrou em pane, naquele dia, em João Pessoa, Costa e Silva se dirigiu para Recife por automóvel.

Na Presidência da República

No dia do seu aniversário, em 3 de outubro de 1966, Costa e Silva foi eleito presidente da República pelo Congresso Nacional, obtendo 294 votos. Foi candidato único pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA). O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) se absteve de votar.

Tomou posse, em 15 de março de 1967, em meio a grandes expectativas quanto ao progresso econômico e a redemocratização do País. Neste dia 15 de março, entrou em vigor, a Constituição de 1967, deixando de vigorar, a partir daquele dia, os 4 atos institucionais baixados por Castelo Branco.

Extinguiu a Frente Ampla, movimento de oposição que reunia políticos do período pré-64. Combateu a inflação, revisou a política salarial e ampliou o comércio exterior. Iniciou uma reforma administrativa, expandiu as comunicações e os transportes, mas não resolveu os problemas da educação.

Politicamente, porém, a situação se tornava mais tensa. Em 26 de junho de 1968, membros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) lançaram um carro-bomba contra o Quartel General do II Exército, em São Paulo. Mário Kozel Filho, soldado que era sentinela naquele momento, dirigiu-se ao carro e morreu quando a carga de dinamite explodiu. Ainda saíram feridos gravemente outros seis militares. Ainda em 1968, a morte do estudante secundarista Edson Luís num confronto com a polícia provocou a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro. A situação política agravou-se ainda mais em agosto, quando o deputado Márcio Moreira Alves recomendou, num discurso, que as moças se recusassem a dançar com cadetes em protesto contra o regime militar. O governo pediu licença ao Congresso Nacional para processar o deputado, mas o pedido foi negado. Costa e Silva convocou então o Conselho de Segurança Nacional e, no dia 13 de dezembro de 1968, editou o Ato Institucional Nº 5 (AI-5), que lhe dava poderes para fechar o Parlamento, cassar políticos e institucionalizar a repressão.

Em maio de 1969, Costa e Silva fizera anunciar a convocação de uma comissão de juristas para elaborar uma reforma política, através de uma emenda constitucional que incluiria a extinção do AI-5, voltando a ter plena vigência Constituição de 1967, aquela que havia institucionalizado o Regime Militar, e que entrou em vigor no dia da posse de Costa e Silva, 15 de março de 1967. Segundo o jornalista Carlos Chagas, Costa e Silva pretendia assinar essa emenda no dia 7 de setembro de 1969. De acordo com o jornalista, Costa e Silva presidiu todas as demoradas reuniões dos juristas.

"Não mais cassações de mandatos, nem recesso do Congresso e das Assembleias, muito menos intervenção nas universidades ou suspensão do habeas-corpus. Com a reforma da Constituição voltaria a prevalecer o Estado de Direito. Senão democratizado, porque as eleições presidenciais continuariam indiretas, pelo menos constitucionalizado voltaria o país a ser"
(Carlos Chagas)

Entretanto, uma semana antes do 7 de setembro de 1969, Costa e Silva sofreu o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

De todo modo, a emenda constitucional contendo a extinção do AI-5 foi esquecida. Em seu lugar, vieram outros Atos Institucionais, outros atos complementares e a Emenda Constitucional N° 1, apelidada pelos juristas de "Constituição de 1969", outorgada por uma junta militar, que impediu a posse do vice-presidente da República, o jurista Pedro Aleixo, e deu posse ao general Emílio Garrastazu Médici como presidente da República. Assim teria início aquele que é considerado por muitos como o período mais repressivo e brutal de toda a história do Brasil independente.

Fonte: Wikipédia