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Carybé

HECTOR JULIO PÁRIDE BERNABÓ
(86 anos)
Pintor, Gravurista, Desenhista, Ilustrador, Ceramista, Escultor, Muralista, Pesquisador, Historiador e Jornalista

* Lanús, Argentina (07/02/1911)
+ Salvador, BA (02/10/1997)

Carybé era argentino naturalizado e radicado no Brasil. Acreditava na força da miscigenação das Américas. Retratou a cultura do povo da Bahia como ninguém.

Nos dias 7 e 9 de fevereiro de 1911, nasce em Lanús, província de Buenos Aires, Hector Julio Paride Bernabó, que viria a se tornar conhecido como Carybé. Veio ao mundo no dia 7, mas este só foi informado oficialmente da chegada no dia 9, data que consta no seu registro. Talvez em virtude dos dois aniversários por ano tenha nascido sua índole festeira.

É o caçula dos 5 filhos de Enea Bernabó e Constantina Gonzales de Bernabó.

Enea, natural de Fivizzano, região da Toscana, Itália, tinha espírito aventureiro e correu o mundo. Começou suas andanças aos dezessete anos, quando foi para os Estados Unidos, e não parou mais. Andou muito até encontrar Constantina, jovem de origem brasileira residente em Posadas, Argentina. Casaram-se e recomeçaram as andanças. Tiveram 5 filhos: Arnaldo, nascido no Brasil, Zora e Delia, no Paraguai, Roberto e Hector, na Argentina.

E continuaram as andanças. Nem bem o pequeno Hector completava 6 meses e a família já se mudava para a Itália. Lá, aprendeu as primeiras letras. Viveram em Gênova até o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, quando se mudaram para Roma e onde ficaram até 1919. Mas a situação difícil do pós-guerra, aliada ao espírito andarilho, já fazia com que Enea, sonhasse novamente com a América, onde em pouco tempo a família desembarcava, desta vez na cidade do Rio de Janeiro.

Pierre Verger, Jorge Amado e Hector Carybé
Foi um começo difícil. Enea demorou a conseguir trabalho. Mas a esposa Constantina sabia muito e ia ensinando suas artes aos filhos, que ajudavam no sustento da casa. A primeira morada foi em Bonsucesso, trocada depois por outra na Rua Pedro Américo, no Catete. Foi nessa que deu-se uma mudança que marcaria para sempre a vida de Hector. Escoteiro do Clube de Regatas do Flamengo, sua tropa era caracterizada pelos apelidos de nomes de peixe: Hector escolheu se chamar Carybé, pequeno peixe amazônico, apelido que o acompanhou para o resto da vida.

Carybé começou a trabalhar cedo, numa farmácia do Rio de Janeiro. Depois, foi ajudante no atelier de cerâmica de seu irmão Arnaldo. Em 1928 ingressou na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, que cursou durante dois anos.

Em 1929 seu outro irmão, Roberto, conseguiu contratos para fazer as decorações de carnaval dos hotéis Glória e Copacabana Palace. Os três irmãos trabalharam duro, mas valeu a pena: estes contratos renderam a pequena fortuna de dezenove contos de réis e a decisão de Enea de retomarem as andanças, desta vez com destino à Argentina, onde chegaram a bordo do navio Blue Star.

E é assim, tardiamente, que, aos dezoito anos, Carybé vem a conhecer a terra onde nasceu.

A família chega à Argentina junto com a crise econômica mundial e não havia trabalho. A dificuldade fez os irmãos aceitarem qualquer serviço que se apresentasse. Por fim, ingressaram no jornalismo. Na época os jornais contratavam desenhistas para publicidade, charges e ilustrações, trabalho que Carybé desenvolveu paralelamente aos desenhos e pinturas que fazia para satisfação pessoal.

Foi nessa época que, a pedido de um amigo baiano, Josué de Barros, Carybé trabalhou como pandeirista de Carmem Miranda, quando esta se apresentava na Rádio Belgrano, em Buenos Aires. Trabalho que acaba durando três temporadas. Na quarta, Carmem Miranda chegou acompanhada do conjunto Bando da Lua, e dispensou seu pandeirista, dando mais uma contribuição, ainda que dessa vez inconsciente, à arte. Carybé só não fica mais triste porque, coincidentemente, os músicos eram seus velhos amigos, dos tempos da Rua Pedro Américo.

Em 1938, os irmãos Bernabó foram contratados por um novo jornal, El Pregón, onde Carybé consegue o trabalho dos seus sonhos: viajar o mundo, herdeiro que era do espírito andarilho do velho Enea. De cada porto visitado, deveria mandar desenhos e uma breve reportagem sobre suas impressões do lugar. Assim, Carybé conhece Montevidéu, Paranaguá, Santos e Rio de Janeiro. Daí, as cidades históricas de Minas. De volta ao mar, Vitória e, finalmente, Salvador da Bahia, onde o aguardava uma surpresa que ele descreve assim:

"Na posta restante não havia dinheiro, só uma carta de meus irmãos dizendo que o jornal tinha falido, que estavam tão duros quanto eu, que tivesse boa sorte...

E tive!

Voltava, depois de seis meses de gostoso miserê, com os desenhos e aquarelas de minha primeira exposição individual, e com a certeza de que meu lugar, como pintor, era na Bahia."

De volta à Argentina, fez sua primeira exposição conjunta, com o artista Clement Moreau, em 1939, no Museo Municipal de Bellas Artes, em Buenos Aires, onde também teve sua primeira exposição individual, na Galeria Nordiska Kompaniet.

Em 1941, faz as ilustrações do primeiro Calendário Esso, trabalho que lhe rende o dinheiro necessário para uma longa viagem: de barco, caminhão e trem, percorre Uruguai, Paraguai e Brasil. Na volta à Argentina, entra no país pela província de Salta, onde permanece.

Em 1944, faz sua terceira viagem à Bahia. Em Salvador, aprende capoeira com Mestre Bimba, frequenta candomblés (notadamente o de Joãozinho da Goméia), desenha e pinta.

Em 1945, realizou sua primeira exposição individual no Brasil, na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil, no Rio de Janeiro.

Em 7 de maio de 1946, casou-se com Nancy Colina Bailey, em Tartagal, província de Salta, Argentina. Os recém casados seguiram em lua-de-mel para o Rio de Janeiro.

Em 6 de maio de 1947, nasceu o primeiro filho, Ramiro, em Buenos Aires. Trabalhou na série Conquista, de 1947 a 1949.

Em 1949, publicou Ajtuss, primeiro livro inteiramente escrito e ilustrado por Carybé.

No fim de dezembro de 1949, Carybé deixou a Argentina e veio ao Brasil. No Rio de Janeiro, recebeu do amigo Rubem Braga uma carta em que este pedia a Anísio Teixeira que lhe concedessem uma bolsa de trabalho na Bahia.

Em 01/01/1950 Carybé desembarcou em Salvador e desta vez para ficar.

Em 1951, expos na Secretaria de Educação da Bahia o resultado da bolsa de trabalho: a Coleção Recôncavo. No mesmo ano, ganhou a medalha de ouro da primeira Bienal Internacional de Livros e Artes Gráficas, pelas ilustrações do livro Bahia, Imagens da Terra e do Povo, de Odorico Tavares.

Em 1952, foi a São Paulo trabalhar no filme O Cangaceiro, de Lima Barreto. Fez 1600 desenhos de cena (storyboard). Segundo consta, foi a primeira vez na história do cinema em que um filme foi desenhado cena por cena. Carybé foi diretor artístico do filme, tendo também participado dele como figurante.

Em 28 de agosto de 1953, nasceu sua filha Solange, em Salvador.

Em 1955, ganhou o primeiro Prêmio Nacional de Desenho, na III Bienal de São Paulo.

Em 1957, oficializa sua relação com o país que o acolheu, naturalizando-se brasileiro. No mesmo ano é confirmado Obá de Xangô do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, como Otun Onã Shokun e Iji Apógan na casa de Omolu.

Em 1958, viajou para São Paulo, para realizar o mural do Banco Português. Ainda em 1958, viaja com Nancy para Nova York, seguindo daí para o México, Guatemala, Panamá e Peru, chegando, em 1959, à Bolívia e à Argentina, onde Nancy permaneceu.

Em 1959, ganha o concurso internacional para escolher o artista que faria os grandes painéis do terminal da American Airlines no Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York. Em 1960, chegou àquela cidade para executar as obras.

Em 1961, foi homenageado com Sala Especial na VI Bienal de São Paulo. No mesmo ano, iniciou a série de crônicas e reportagens que publicaria no Jornal da Bahia até 1969, sob o pseudônimo Sorgo de Alepo. Publicou o álbum de desenhos Carybé, pela Coleção Mestres do Desenho.

Em 1962, fez exposição individual no Museu de Arte Moderna, em Salvador, e publicou o livro As Sete Portas da Bahia.

Em 1963, expõs no Nigerium Museum, em Lagos, e recebeu o título de Cidadão da Cidade do Salvador. Desenhou com índios, pássaros e bichos o mapa do Brasil que decorava os aviões Electra II, da Varig.

Ao longo dos anos 60, criou vários painéis, dentre os quais:
  • 1964 - Em concreto, fachada do Edifício Bráulio Xavier, na Praça Castro Alves, em Salvador (15X5m)
  •  1965 - Mural em concreto para a fábrica da Willys, em Recife, e Índios (óleo sobre madeira), para o Banerj, no Rio de Janeiro
  • 1967 - Mural em concreto para o Bradesco, na agência da Rua Chile, em Salvador, medindo 3X36m
  • 1968 - Os Orixás, série de painéis em madeira para o Banco da Bahia.

Em 1966, participou de exposições em Bagdá (patrocínio da Fundação Calouste Gulbekian) e Roma (coletiva no Palazzo Piero Cortona, realizada por Assis Chateaubriand). No mesmo ano publicou Olha o Boi.

Em 1967 recebeu o Prêmio Odorico Tavares como Melhor Plástico de 1967. Em 1968, o quadro Cavalos é oferecido à Rainha da Inglaterra como presente do Estado da Bahia, pelo governador Luiz Viana. No Palácio da Aclamação, Carybé e Nancy participaram da solenidade de entrega da obra, onde encontram-se com a Rainha Elizabeth II e o Príncipe Philip, Duque de Edimburgo.

Em 1969 ilustrou Ninguém Escreve ao Coronel, livro de Gabriel Garcia Márquez, iniciando uma parceria que levaria todos os livros do autor publicados posteriormente no Brasil a serem ilustrados por Carybé. Ainda em 1969, viajou com Pierre Verger para o Benin, na África.

Em 1971, percorreu o Brasil com a exposição dos painéis Os Orixás (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Florianópolis, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza). No Rio de Janeiro, acompanhou os ensaios do bailarino russo Rudolf Nureyev, encontro que rendeu o álbum Nureyev. Ilustrou Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez.

Em 1972, pintou o mural Nordeste (Óleo sobre madeira - 3X13m), para o Banco do Nordeste do Brasil, em Salvador.

Participou, em 1973, da primeira Exposição de Belas Artes Brasil/Japão, em Tóquio, Atami, Osaka, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, sendo agraciado com a Medalha de Ouro. Ainda em 1973, criou o mural da Assembléia Legislativa da Bahia (Concreto - 11X16m). Participou da Sala Especial - Homenagem a Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho e Maria Martins, na XII Bienal de São Paulo.

Em 1974, publicou o álbum de xilogravuras Visitações da Bahia e, já em 1976, fez as ilustrações para o livro O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado.

Em 1977, entregou duas estátuas para o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro e venceu o III Concurso Nacional de Artes Plásticas da Caixa Econômica Federal. No mesmo ano, recebeu o diploma Honra ao Mérito Espiritual ao Obá de Xangô Onã Xokun do Culto Afro-Brasileiro Xangô das Pedrinhas, de Salvador.

Em 1978 criou, para o Banco do Estado da Bahia, o mural Fundação da Cidade de Salvador (Técnica mista - 4X18m) e ilustrou A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água, de Jorge Amado.

Em 1979, fez o mural Oxossi, no Parque da Catacumba, no Rio de Janeiro (Concreto 2,20X1,10m). Publicou Sete Lendas Africanas da Bahia, pasta com xilogravuras de sua autoria.

Em 8 de maio de 1981, viu mais de 15.000 pessoas comparecerem ao Largo do Pelourinho para comemorar seus 70 anos. Na ocasião, lançou o livro Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia, fruto de 30 anos de pesquisas. Em junho de 1982, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, da Universidade Federal da Bahia. Publicou Uma Viagem Capixaba, com Rubem Braga.

Em abril de 1983, inaugurou a mostra Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia, no The Caribbean Cultural Center, em Nova York. Desenhou cenários e figurinos para o Balé Gabriela, Cravo e Canela, apresentado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 1984, na Cidade do México, fez a exposição Semblanza de Dioses y Ritos Afrobrasileños, no Museo Nacional de Las Culturas. Realizou exposição individual no Philadelphia Arts Institute, nos Estados Unidos. Criou a escultura Homenagem à Mãe Baiana (Bronze - 3,30m), em Salvador. Moldou três murais para o Hotel da Bahia (Concreto - 108m2) e pintou outro para o Aeroporto Internacional de Salvador (Óleo sobre tela - 2,08X5m).

Em 1985, ilustrou o livro Lendas Africanas dos Orixás, de Pierre Verger e fez a cenografia e os figurinos da ópera La Bohème, encenada no Teatro Castro Alves, em Salvador. Em 1986, realizou a exposição Retrospectiva 1936/1986, no Núcleo de Arte do Desenbanco.

Em 1988, passou de Otun a Obá Onâ Xokun do terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá. Permaneceu em São Paulo entre março e outubro, fazendo os murais do Memorial da América Latina, cuja autoria divide com o amigo Poty Lazzarotto. São seis painéis, medindo 15x4m cada. Destes, executou três: Os Povos Africanos, Os Ibéricos e Os Libertadores.

Em 1989, fez uma mostra individual no Museu de Arte de São Paulo e lançou o livro Carybé, que abrange toda a sua obra até aquele momento, com edição e fotografias de Bruno Furrer, para a Odebrecht.

Em 1990 expõs os originais do livro Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia, na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro e no Memorial da América Latina, em São Paulo, em exposição conjunta com Pierre Verger.

Em 1992 participou da exposição Jorge Amado e as Artes Plásticas, no Museu de Arte da Bahia. No mesmo ano, viajou com Nancy para a Europa, onde fez uma exposição individual na Alemanha, no International Sommertheatre, no Festival de Hamburgo. Também foi a Paris, onde expõs 10 painéis dos Orixás no Centro Georges Pompidou, ainda em comemoração aos 80 anos de Jorge Amado. Ainda em 1992 tem o quadro São Sebastião adquirido pelos Musei Vaticani.

Em 1993, expõs pela terceira vez na Galeria de Arte do Casino Estoril, em Portugal. Em 1995, fez exposições de uma série de gravuras em diversas galerias, nas cidades de São Paulo, Campinas, Curitiba, Belo Horizonte, Foz do Iguaçu, Porto Alegre, Cuiabá, Goiânia, Fortaleza e Salvador.

Em 1996, desenhou vinhetas para a TV Educativa da Bahia - Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia. No mesmo ano viajou para a Espanha, onde realizou mostra individual na Casa de Galícia - Xunta de Galícia - Madri.

Em 1997, executou gradil e projeto de mural de concreto, ambos para o Museu de Arte Moderna da Bahia. Projeta o gradil da Praça da Piedade, em Salvador.

Em 02 de outubro de 1997, faleceu em Salvador vítima de problemas cardíacos. Certamente não por coincidência, no Terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá.

Fonte: Wikipédia

Afonso Arinos

AFONSO ARINOS DE MELO FRANCO
(84 anos)
Jurista, Político, Historiador, Professor, Ensaísta e Crítico

☼ Belo Horizonte, MG (27/11/1905)
┼ Rio de Janeiro, RJ (27/08/1990)

Afonso Arinos foi um jurista, político, historiador, professor, ensaísta e crítico brasileiro, nascido em Belo Horizonte, MG, em 27/11/1905. Destacou-se pela autoria da Lei Afonso Arinos contra a discriminação racial em 1951. Ocupou a Cadeira nº 25 da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde foi eleito em 23 de janeiro de 1958.

Filho de Afrânio de Melo Franco e de Sílvia Alvim de Melo Franco, sobrinho do escritor Afonso Arinos. Casou-se com Ana Guilhermina Rodrigues Alves Pereira, neta do presidente Rodrigues Alves, com quem teve dois filhos. Era irmão de Virgílio Alvim de Melo Franco.

Formou-se em 1927 na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, começando a carreira como promotor de justiça da comarca de Belo Horizonte.

Viajou para Genebra a fim de aperfeiçoar seus estudos. De retorno ao Brasil em 1936, iniciou a carreira de professor na antiga Universidade do Distrito Federal, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro ministrando aulas de História do Brasil.

Atuou ainda como professor no exterior ministrando cursos de História Econômica do Brasil na Universidade de Montevidéu (1938), curso na Sorbonne, em Paris, sobre cultura brasileira (1939) e cursos de literatura na faculdade de letras da Universidade de Buenos Aires (1944).

Em 1946, foi nomeado professor de História do Brasil do Instituto Rio Branco, Instituto este responsável pela formação e aperfeiçoamento profissional dos diplomatas de carreira do governo brasileiro. Foi catedrático de Direito Constitucional na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e na Universidade do Brasil.

Carreira Política

A carreira política de Afonso Arinos começou em 1947, quando foi eleito deputado federal por Minas Gerais em três legislaturas, de 1947 a 1958. Foi líder da União Democrática Nacional (UDN) até 1956, e depois líder do bloco da oposição ao Governo de Juscelino Kubitschek até 1958.

Dois fatos, sobretudo, marcaram fortemente a sua presença na Câmara dos Deputados: a autoria da lei contra a discriminação racial, que tomou o seu nome, Lei nº 1.390, de 03/07/1951, e o célebre discurso, pronunciado em 09/08/1954, pedindo a renúncia do presidente Getúlio Vargas. Quinze dias depois o presidente suicidou-se no Palácio do Catete.

Em 1958, foi eleito senador pelo antigo Distrito Federal, hoje Estado do Rio de Janeiro. Permaneceu no Senado Federal até 1966, mas afastou-se duas vezes do cargo para assumir o Ministério das Relações Exteriores, no governo de Jânio Quadros, no qual implementou a Política Externa Independente (PEI) e no regime parlamentarista do primeiro-ministro Francisco Brochado da Rocha, em 1963.

Foi o primeiro chanceler brasileiro a visitar a África, estando no Senegal do então presidente Léopold Sédar Senghor, em 1961.

Chefiou a delegação do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), durante as Assembléias Gerais de 1961 e 1962. Foi embaixador extraordinário, participando do Concílio Vaticano II em 1962, terminando com a chefia da delegação brasileira à Conferência do Desarmamento, em Genebra, no ano de 1963. É de sua autoria o capítulo sobre declaração de direitos que consta da Constituição de 1967.

Foi nomeado, pelo presidente José Sarney, presidente da Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, denominada Comissão Afonso Arinos, criada pelo Decreto nº 91.450 de 18/07/1985, com o objetivo de preparar um anteprojeto que deveria servir de texto básico para a elaboração da nova constituição. Em 1986, aos 81 anos, elegeu-se senador pelo Partido da Frente Liberal (PFL).

Foi membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), membro do Conselho Federal de Cultura, nomeado em 1967, quando da sua criação, e reconduzido em 1973.

Afonso Arinos recebeu o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, por duas vezes, quando da publicação de dois dos seus volumes de memórias: "Planalto" (1969) e "Alto-Mar Maralto" (1977).

Em 19/07/1958, Afonso Arinos tomou posse da cadeira 25 da Academia Brasileira de Letras (ABL), recebido pelo acadêmico Manuel Bandeira.

Afonso Arinos faleceu em pleno exercício do mandato de senador, em 27/08/1990. À época, encontrava-se filiado Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), por defender este, em seu programa partidário, a implantação do parlamentarismo no país.

Prêmios e Títulos

  • Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro;
  • Intelectual do Ano em 1973 (Prêmio Juca Pato, da Sociedade Paulista de Escritores);
  • Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Clube do Brasil, pela sua biografia de Rodrigues Alves.

Fonte: Wikipédia

Visconde de Cairu

JOSÉ DA SILVA LISBOA
(79 anos)
Economista, Historiador, Jurista, Publicista e Político

* Salvador, BA (16/07/1756)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/08/1835)

Primeiro Barão e Visconde de Cairu, foi um economista, historiador, jurista, publicista e político brasileiro, ativo na época da Independência do Brasil.

Sempre apoiou ardorosamente Dom João VI e Dom Pedro I. Ocupou diversos cargos na administração econômica e política do Brasil, deputado da Real Junta do Comércio e desembargador da Casa da Suplicação, após a instalação da corte no Rio de Janeiro, em 1808.

Diz-se na página 321 de Portugal como Problema - A Economia como Solução, Público-Fundação Luso-Americana, Lisboa, 2006:

"Impulsionou a criação de uma aula de economia política e colaborou directamente na redacção dos decretos que ditaram a abertura dos portos brasileiros e o levantamento da proibição de instalação de manufacturas no Brasil. A sua atitude favorável ao desenvolvimento económico da colónia acabaria por contribuir para a criação das condições indispensáveis à independência política do Brasil, em 1822, figurando Silva Lisboa - entretanto agraciado com o título de Visconde Cairú - como um dos nomes com lugar de honra no panteão dos heróis da pátria brasileira."

Estátua Visconde de Cairu, Mercado Modelo - Salvador, BA
Dados Biográficos

Era filho de um arquiteto português, Henrique da Silva Lisboa e de Helena Nunes de Jesus. Fez os preparatórios na Bahia desde seus oito anos, estudando filosofia, música e piano. Concluiu os estudos em Lisboa, pois como o governo português não permitia universidades na colônia, todos eram obrigados a se formar em Portugal, na Universidade de Coimbra.

Ali seguiu os cursos jurídico e filosófico a partir de 1774, formando-se em 1778. Nesse ano, foi nomeado substituto das cadeiras de grego e de hebraico do Colégio das Artes de Coimbra. Bacharel em cânones pela Universidade de Coimbra, onde concluiu os cursos de filosofia e medicina.

Ainda em Coimbra, bem à moda do século XVIII, estudou hebraico e grego. Em 1778 ainda, foi nomeado professor de filosofia nacional e moral, para a cidade de Salvador, na Bahia, cuja cadeira regeu 19 anos, e a da língua grega, que ali criou, por cinco anos.

Carreira Pública

Visconde de Cairu, economista brasileiro acompanhava as últimas teorias européias, como as de Adam Smith, que mencionavam que um país só progride se seus industriais e comerciantes dispõem do máximo de liberdade para ganhar dinheiro. Assim tão logo Dom João VI desembarcou no Brasil, pediu audiência para lhe propor a abertura dos portos brasileiros. Talvez Dom João VI tenha achado graça pela primeira vez, desde que fugiu de Lisboa, uma vez que a abertura já estava decidida pela Convenção Secreta de Londres.

Em 1797 voltou a Portugal, obtendo sua aposentadoria e a nomeação para o lugar de deputado e secretário da Mesa da Inspeção da Bahia, para onde partiu de novo. Tomou posse do cargo em 1798, ficando em exercício até 1808.

Em 1801 publicou em Lisboa sua primeira obra, Princípios do Direito Mercantil e Leis da Marinha para uso da mocidade portuguesa, que compreende o seguro maritimo, o câmbio maritimo, as avarias, as letras de câmbio, os contratos mercantes, os tribunais e as causas de comércio.

Em 1804 publicou sua obra capital, o tratado Princípios de Economia Politica, o primeiro livro que sobre semelhante assunto se escrevia em português, inspirado nos princípios da nova ciência, fundada por Adam Smith. Em 1804 escreveu as famosas "Observações apologéticas acerca da crítica que faz contra Smith o autor das Memórias Políticas sobre as Verdadeiras Bases da Grandeza das Nações."

De 1801 a 1808 continuou a publicar sua obra em sete volumes Principios de Direito Mercantil e Leis de Marinha.

No Rio de Janeiro, publicaria em 1808 as Observações Sobre o Comércio Franco no Brasil, três partes em dois volumes.

Quando o Príncipe Regente chegou à Bahia, Silva Lisboa era funcionário da Mesa de Inspeção da Agricultura e Comércio da Bahia e lhe coube redigir a Representação dos Comerciantes de Salvador, na qual pediam levantar o embargo do comércio com Portugal, ocupado pela França. Assim, hebraista, helenista, economista e jurista, seria o divulgador no Brasil dos princípios clássicos da economia liberal e ao mesmo tempo da ortodoxia católica em matéria de política.

O Original da Carta Régia de 28 de janeiro de 1808
Apresentou assim a Dom João VI, Príncipe Regente, as vantagens da abertura dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal. Disto resultou a Carta Régia de 28 de janeiro de 1808, que oficializou o ato. Ocupava, na época, o cargo de professor de Economia Política.

No Rio de Janeiro Com a Corte

Dom João VI ordenou a Silva Lisboa que o acompanhasse ao Rio de Janeiro, para auxiliá-lo. Distinguido desta forma, chegou ao Rio de Janeiro a 7 de Março de 1808, e logo em abril seguinte foi nomeado desembargador da Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens.

Visconde de Cairu e José Bonifácio
Em agosto de 1808, foi feito deputado da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação do Estado do Brasil. Em 1809 foi incumbido de organizar um código de comércio. Em 1810 recebeu a mercê do hábito de Cristo. Em 1815 foi encarregado do exame das obras para a impressão. Em 1821, foi incluído na lista dos membros da junta de cortes para o exame das leis constitucionais discutidas então em Lisboa, e inspetor-geral dos estabelecimentos literários e director dos estudos.

Silva Lisboa tentou reconciliar Portugal e o Brasil, e impedir a separação, e para isso fundou um jornal, O Conciliador do Reino Unido, em que defendeu os direitos do príncipe e ponderou as vantagens da monarquia continental. Quando a esperança de conciliação desapareceu, e para não perder a coroa, o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara se pôs à frente do movimento independentista, Lisboa não hesitou e principiou a combater pela independência. Escreveu uma obra, As Reclamações, de grande efeito.

Defensor da centralização do poder, Silva Lisboa combateu na imprensa os revolucionários da Confederação do Equador e no seu rebate brasileiro polemizou com o Typhis Pernambucano de Frei Caneca. No mesmo ano, 1824, publicou o Apelo à Honra Brasileira Contra a Facção Federalista de Pernambuco.

Homenagem no Bilhete da Loteria Federal
Depois da Independência, continuou a exercer cargos elevados, recebendo distinções honoríficas. Foi agraciado em 1825 pelo Imperador Dom Pedro I com o título de Barão e depois em 1826 de Visconde de Cairu, sendo ainda escolhido mais tarde Senador do Império.

Foi desembargador da Mesa do Paço e da Casa de Rogo, deputado e senador. Em 1832, lutou pela criação de uma Universidade no Rio de Janeiro, fato só concretizado quase cem anos depois, com a fundação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Comentário Sobre Sua Obra

Diz a introdução, página 321 da obra Portugal Como Problema - A Economia Como Solução, Público-Fundação Luso-Americana, Lisboa, 2006:

"Nos seus diversos livros e panfletos, recorre abundantemente a uma concepção de economia política fiel aos ensinamentos de Smith e assente num conjunto coerente de ideias e princípios fundamentais. Nomeadamente, a ideia de progresso e de busca incessante da prosperidade e da felicidade social, da qual faz parte integrante a educação, a instrução pública, a produção e a divulgação do conhecimento científico e dos resultados da inteligência humana. Também presente a ideia de que o Estado deve assegurar uma proteção ao bem comum, sem interferência excessiva nos assuntos particulares e com o permanente cuidado de não utilizar de forma abusiva os recursos gerados pela sociedade civil. Daqui decorre um outro princípio, o da valorização da concorrência entre agentes económicos como condição essencial do bom funcionamento da economia nacional, a par da defesa intransigente da liberdade de trabalho e de iniciativa individual.

Foi em nome da ortodoxia smithiana que José da Silva Lisboa invectivou, em 1804, as teses que Rodrigues de Brito explanara nos primeiros tomos de sua obra publicados em 1803. Este autor, por sua vez, respondeu a Silva Lisboa no ano seguinte, em 1805, no terceiro tomo das suas Memórias Políticas. A polémica e a discussão não ficaram por aqui. Silva Lisboa contra-argumentou e voltou a rebater o seu opositor num liongo apêndice aos Princípios de Economia Política que até recentemente se manteve inédito."

Estátua Visconde de Cairu - Salvador, BA
Obra Historiográfica

Silva Lisboa escreveu diversos livros de história que acompanhavam a conturbada conjuntura política em que viveu. Em 1815 publicou as Memória Sobre a Vida de Lord Wellington, em 1818 as Memórias Sobre os Benefícios Políticos de El-Rei Dom João VI, na década de 1820 publicou diversos volumes de sua inacabada História dos Principais Sucessos Políticos do Império do Brasil.

Academia Brasileira de Letras

Com a inovação da Academia Brasileira de Letras em criar os "Sócios Correspondentes", mais adiante foram sugeridos que se fizesse também o patronato de suas 20 cadeiras, cabendo a última delas ao Visconde de Cairu, seu patrono.

Fonte: Wikipédia

Capistrano de Abreu

JOÃO CAPISTRANO HONÓRIO DE ABREU
(73 anos)
Escritor, Pesquisador e Historiador

* Maranguape, CE (23/10/1853)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/08/1927)

Um dos primeiros grandes historiadores do Brasil, produziu ainda nos campos da etnografia e da linguística. A sua obra é caracterizada por uma rigorosa investigação das fontes e por uma visão crítica dos fatos históricos e suas pesquisas fazem contraponto à de Francisco Adolfo de Varnhagen.

Praça Capistrano de Abreu, no Centro de Maranguape
Historiador, João Capistrano Honório de Abreu nasceu na cidade de Maranguape, em 23 de outubro de 1853. Fez seus primeiros estudos em rápidas passagens por várias escolas.

Em 1869, viajou para Recife onde cursou humanidades, retornando ao Ceará dois anos depois. Em Fortaleza, foi um dos fundadores da Academia Francesa, órgão de cultura e debates, progressista e anticlerical, que durou de 1872 a 1875.

No Rio de Janeiro

Neste último ano, viajou para o Rio de Janeiro e aí se fixou, tornando-se empregado da Editora Garnier.

Foi aprovado em concurso público para bibliotecário da Biblioteca Nacional durante a gestão de Ramiz Galvão.

150 Anos do Nascimento de Capistrano de Abreu
Em 1879, foi nomeado oficial da Biblioteca Nacional. Lecionou corografia e história do Brasil no Colégio Pedro II, nomeado por concurso em que apresentou tese sobre o Descobrimento do Brasil e o seu desenvolvimento no século XVI. Eleito para a Academia Brasileira de Letras, recusou-se a tomar posse.

Dedicou-se ao estudo da história colonial brasileira, elaborando uma teoria da literatura nacional, tendo por base os conceitos de clima, terra e raça, que reproduzia os clichês típicos do colonialismo europeu acerca dos trópicos, invertendo, todavia, o mito pré-romântico do "bom selvagem".

É patrono da cadeira 15 da Academia Cearense de Letras e da cadeira 23 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

Morreu no Rio de Janeiro, aos 73 anos, em 13 de agosto de 1927.

Fonte: Wikipédia

Câmara Cascudo

LUÍS DA CÂMARA CASCUDO
(87 anos)
Escritor, Historiador, Antropólogo, Advogado, Jornalista e Professor

* Natal, RN (30/12/1898)
+ Natal, RN (30/07/1986)

Luís da Câmara Cascudo foi um historiador, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro. Câmara Cascudo passou toda a sua vida em Natal, RN e dedicou-se ao estudo da cultura brasileira. Foi professor da Faculdade de Direito de Natal, hoje Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), cujo Instituto de Antropologia leva seu nome.

Pesquisador das manifestações culturais brasileiras, deixou uma extensa obra, inclusive o "Dicionário do Folclore Brasileiro" (1952). Entre seus muitos títulos destacam-se: "Alma Patrícia" (1921), obra de estreia, e "Contos Tradicionais do Brasil" (1946). Estudioso do período das invasões holandesas no Brasil, publicou "Geografia do Brasil Holandês" (1956). Suas memórias, "O Tempo e Eu" (1971) foram editadas postumamente.

Câmara Cascudo quase chegou a ser demitido de sua posição como professor por estudar figuras folclóricas como o Lobisomem.

Começou o trabalhou como jornalista aos 19 anos em A Imprensa, de propriedade de seu pai, e depois passou pelo A República e o Diário de Natal. Nos anos 60 já havia publicado quase 2000 textos.


Posições Políticas

Câmara Cascudo foi monarquista nas primeiras décadas do século XX e durante a década de 30 combateu a crescente influência marxista no Brasil. Também combateu, em parte, sob a impressão causada pela assim chamada Intentona Comunista de 1935, quando Natal foi palco e sede da primeira tentativa de um governo fundado nas ideias marxistas da América Latina, Câmara Cascudo aderiu ao integralismo brasileiro e foi membro destacado e Chefe Regional da Ação Integralista Brasileira, o movimento nacionalista encabeçado por Plínio Salgado.

Desencantou-se rapidamente com o Integralismo, tal como outro famoso ex-integralista, Dom Hélder Câmara, e já durante a Segunda Guerra Mundial favoreceu os Aliados, demonstrando sua antipatia aos fascistas italianos e aos nazistas alemães.

Fiel ao seu pensamento anticomunista, não se opôs ao Golpe Militar de 1964, mas protegeu e ajudou a diversos potiguares perseguidos pelos militares. Muito contribuiu para a cultura na gestão do prefeito de Natal, Djalma Maranhão.


Cultura

A TV Brasil fez um programa chamado "O Teco Teco", em que o personagem se chama Cascudo, em homenagem a Câmara Cascudo, que é amigo de Betinho, personagem em homenagem a Alberto Santos Dumont.

Luis da Câmara Cascudo aparece no anverso da nota de 50.000 Cruzeiros


Obra

O conjunto da obra de Luís da Câmara Cascudo é considerável em quantidade e qualidade. O autor escreveu 31 livros e 9 plaquetas sobre o folclore brasileiro, em um total de 8.533 páginas, o que o coloca entre os intelectuais brasileiros mais profícuos, ao lado de nomes como Pontes de Miranda e Mário Ferreira dos Santos.

É também notável que tenha obtido reconhecimento nacional e internacional publicando e vivendo distante do eixo Rio-São Paulo.


  • 1921 - Alma Patrícia
  • 1923 - Histórias Que o Tempo Leva
  • 1924 - Joio - Crítica e Literatura
  • 1927 - Lopez do Paraguay
  • 1933 - Conde d’Eu
  • 1933 - O Homem Americano e Seus Temas
  • 1933 - Dois Ensaios de História
  • 1934 - Viajando o Sertão
  • 1936 - Em Memória de Stradelli
  • 1938 - O Doutor Barata
  • 1938 - O Marquês de Olinda e Seu Tempo
  • 1939 - Governo do Rio Grande do Norte
  • 1939 - Vaqueiros e Cantadores
  • 1944 - Antologia do Folclore Brasileiro
  • 1944 - Os Melhores Contos Populares de Portugal
  • 1945 - Lendas Brasileiras
  • 1946 - Contos Tradicionais do Brasil
  • 1947 - Geografia dos Mitos Brasileiros
  • 1947 - História da Cidade do Natal
  • 1949 - Os Holandeses no Rio Grande do Norte
  • 1951 - Anubis e Outros Ensaios
  • 1951 - Meleagro
  • 1952 - Literatura Oral no Brasil
  • 1953 - Cinco Livros do Povo
  • 1953 - Em Sergipe Del Rey
  • 1954 - Dicionário do Folclore Brasileiro
  • 1954 - História de Um Homem - (João Câmara)
  • 1954 - Antologia de Pedro Velho
  • 1955 - História do Rio Grande do Norte
  • 1955 - Notas e Documentos Para a História de Mossoró
  • 1955 - Trinta "Estórias" Brasileiras
  • 1956 - Geografia do Brasil Holandês
  • 1956 - Tradições Populares da Pecuária Nordestina
  • 1957 - Jangada
  • 1957 - Jangadeiros
  • 1957 - Rede de Dormir
  • 1958 - Superstições e Costumes
  • 1959 - Canto de Muro
  • 1961 - Ateneu Norte-Rio-Grandense
  • 1961 - Vida Breve de Auta de Souza
  • 1963 - Dante Alighieri e a Tradição Popular no Brasil
  • 1963 - História da Alimentação no Brasil
  • 1965 - História da República do Rio Grande do Norte
  • 1965 - Made In África
  • 1965 - Nosso Amigo Castriciano
  • 1966 - Flor dos Romances Trágicos
  • 1966 - Voz de Nessus
  • 1967 - Folclore no Brasil
  • 1967 - Jerônimo Rosado (1861-1930)
  • 1967 - Seleta, Luís da Câmara Cascudo
  • 1968 - Coisas Que o Povo Diz
  • 1968 - Nomes da Terra
  • 1968 - O Tempo e Eu
  • 1968 - Prelúdio da Cachaça
  • 1969 - Pequeno Manual do Doente Aprendiz
  • 1970 - Gente Viva
  • 1970 - Locuções Tradicionais no Brasil
  • 1971 - Ensaios de Etnografia Brasileira
  • 1971 - Na Ronda do Tempo
  • 1971 - Sociologia do Açúcar
  • 1971 - Tradição, Ciência do Povo
  • 1972 - Ontem
  • 1972 - Uma História da Assembleia Legislativa do RN
  • 1973 - Civilização e Cultura (2 Volumes)
  • 1973 - Movimento da Independência no RN
  • 1974 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. I)
  • 1974 - Prelúdio e Fuga do Real
  • 1974 - Religião no Povo
  • 1976 - História dos Nossos Gestos
  • 1976 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. II)
  • 1977 - O Príncipe Maximiliano no Brasil
  • 1977 - Antologia da Alimentação no Brasil
  • 1977 - Três Ensaios Franceses
  • 1977 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. III)
  • 1978 - Mouros e Judeus
  • 1978 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. IV)
  • 1981 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. V)
  • 1985 - Superstição no Brasil
  • 1989 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. VI.)

Fonte: Wikipédia

Washington Luís

WASHINGTON LUÍS PEREIRA DE SOUSA
(97 anos)
Advogado, Historiador, Político e Presidente do Brasil

* Macaé, RJ (26/10/1869)
+ São Paulo, SP (04/08/1957)

Foi o décimo primeiro presidente do estado de São Paulo, décimo terceiro presidente do Brasil e último presidente da República Velha.

Foi deposto em 24 de outubro de 1930, vinte e um dias antes do término do seu mandato como presidente da República, por um golpe militar, que passou o poder, em 3 de novembro, às forças político-militares comandadas por Getúlio Vargas, na denominada Revolução de 1930.

Foi o criador do primeiro Serviço de Inteligência do Brasil em 1928.

O apelido que o definia era Paulista de Macaé, pois, embora nascido no estado do Rio de Janeiro, sua biografia política foi toda construída no estado de São Paulo. Foi chamado também de O Estradeiro, e, durante a Revolução de 1930, de Doutor Barbado pelos seus opositores.

Início da Carreira

Fez seus primeiros estudos na cidade do Rio de Janeiro como aluno interno do renomado Colégio Pedro II. Para Washington Luís poder estudar, seus pais, que eram pobres, tiveram que tirar os outros filhos da escola.

Graduou-se em direito em 1891 pela Faculdade de Direito de São Paulo. Nomeado promotor público em Barra Mansa, renunciou ao cargo para se dedicar à advocacia em Batatais, onde iniciou a carreira política.

Como historiador, suas principais obras foram A Capitania de São Paulo e Na Capitania de São Vicente.

Foi vereador em 1897 e intendente em 1898 em Batatais. Como intendente, fez uma experiência pioneira de reforma agrária no Brasil. Iniciou a sua carreira política no Partido Republicano Federal (PRF), ingressando depois no Partido Republicano Paulista (PRP), elegendo-se deputado estadual para o biênio 1904 - 1905.

Participou ativamente na Assembleia Constituinte Estadual de 1905, apoiando sobretudo o municipalismo, defendendo ampla autonomia dos municípios frente aos governos estaduais e federal.

Secretário de Justiça e Segurança Pública


Deixou o cargo de deputado estadual para assumir, em 13 de março de 1906, a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública, onde permaneceu até 1 de maio de 1912.

A Secretaria de Justiça, reorganizada pela lei nº 1.006 de 17 de dezembro de 1906, foi reformada passando a cuidar também da segurança pública, tendo seu comando centralizado nas mãos de Washington Luís, abrangendo a Polícia de Carreira, a chamada hoje, Polícia Civil, criada pouco antes, em dezembro de 1905, e a Força Pública Paulista, atual Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Coube a Washington Luís modernizar a Força Pública, atual Polícia Militar do Estado de São Paulo, com a vinda de uma missão militar francesa. Instalou a recém-criada Polícia Civil de São Paulo, nomeando apenas funcionário público de carreira formado em direito para o cargo de delegado de polícia, não mais aceitando nomeações pelos líderes políticos locais: os coronéis, que ficaram, assim, com seu poder reduzido. Esta modernização da Polícia Civil recebeu o nome de Polícia Sem Política.

Reorganizou o Gabinete de Identificações, atual Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, reorganizou o Gabinete Médico Legal. Criou o Gabinete de Reclamação e Objetos Achados. Instituiu a identificação dactiloscópica nas delegacias, a técnica mais moderna da época. Exigiu que os promotores denunciassem pais, muitos na época, que não registravam os filhos, o que deu impulso ao Registro Civil em São Paulo.

Em 1910, apoiou a Campanha Civilista de Ruy Barbosa. Incentivou a criação do Automóvel Clube de São Paulo do qual foi seu vice-presidente. Percorreu as estradas paulistas, traçando os primeiros projetos para a melhoria de suas rodovias e implantação de um plano rodoviário estadual.

Seu maior desafio nesta secretaria foram os contínuos ataques dos índios aos trabalhadores da estrada de ferro Noroeste do Brasil e aos pioneiros do oeste paulista. Outro grande desafio foi a greve dos soldados da Força Pública, atual Polícia Militar do Estado de São Paulo, na onda de greves de 1907, tendo decidido ir pessoalmente ao Quartel da Luz e convencido os soldados a encerrá-la. Conseguiu manter a ordem pública durante a disputada campanha eleitoral de 1910 entre Ruy Barbosa e Hermes da Fonseca.

Sua diretriz administrativa como secretário de Justiça e Segurança foi:

"Não prender sem motivo, não prender sem processar!"
(Washington Luís)

Ainda em 1910, criou o Gabinete de Investigações e Capturas, o qual deu maior eficiência à Polícia Civil de São Paulo. Criou em 1909 a Penitenciária do Estado de São Paulo e iniciou sua construção.


 Deputado Estadual em 1912-1913

Foi novamente eleito deputado estadual para o mandato de 1912 a 1913, quando defendeu que presos com boa conduta deveriam ter redução da pena e que deveria se utilizar presidiários na construção de estradas.

Conseguiu também como deputado estadual a aprovação da lei estadual nº 1.406 de 1913, que estabelecia o regime penitenciário do estado de São Paulo e regulamentava a utilização de presos na construção de rodovias, sendo que uma das principais obras viárias a utilizar presidiários foi a Estrada Velha de Campinas, iniciada em 1916.

Essa lei, no seu artigo 16, dizia que o governo paulista estabeleceria o sistema de viação pública e as características das rodovias paulistas, o que foi feito, pelo decreto estadual 2.585 de 15 de julho de 1915. O governador Lucas Nogueira Garcez entendia que a lei 1.406 podia ser vista como a "gênese da moderna legislação rodoviária brasileira".

E assim, Washington Luís, explicou a importância das estradas, na Câmara dos Deputados Paulista:

"As estradas aproximam os centros produtores dos centros consumidores, valorizam as terras que atravessam, tornam baratos os produtos que exploram e trazem a facilidade de comunicação para correios e escolas!"
(Washington Luís)

Prefeito de São Paulo

Foi prefeito da cidade de São Paulo, de 15 de janeiro de 1914 a 15 de agosto de 1919, sendo que, no primeiro mandato (1914-1917) foi eleito vereador, e posteriormente eleito prefeito pela Câmara Municipal de São Paulo. Para o segundo mandato (1917-1919), foi eleito pelo voto direto do povo.

Recuperou e editou os documentos quinhentistas da Câmara Municipal de São Paulo, criou as feiras-livres de alimentos e enfrentou a Primeira Guerra Mundial, a Gripe Espanhola (1918), as Greve Operárias de 1917 e a grande geada de 1918. Construiu e recuperou 200 quilômetros de estradas municipais paulistanas.

Foi um dos patrocinadores e organizadores do primeiro Congresso Paulista de Estradas de Rodagem, realizado em São Paulo de 30 de maio a 7 de junho de 1917, que discutiu regras e fontes de recursos para ampliação e manutenção da malha rodoviária paulista. Buscou, também, apoio empresarial para investimentos em rodovias. Washington Luís foi eleito, ao final do congresso, o primeiro presidente da Associação Permanente de Estradas de Rodagem.

A sua insistência em priorizar rodovias foi mal vista pelos seus adversários políticos. Sua política, porém, foi firmemente defendida por Monteiro Lobato, que atribuía o desenvolvimento dos Estados Unidos à sua enorme rede rodoviária.

Oficializou o brasão da cidade de São Paulo em 1916.

Washington Luís, como historiador dos governadores paulistas, inspirou-se no governador Bernardo José Maria de Lorena que construiu a Calçada do Lorena, Bernardo José Pinto Gavião Peixoto que abriu a Estrada da Maioridade e nos governadores da década de 1860 que investiram a maior parte do orçamento da província na recuperação da Estrada da Maioridade.

A Agitação Operária e a Greve de 1917

A Washington Luís, caluniosamente, quando presidente do Estado de São Paulo, foi-lhe atribuída a frase "Questão social é questão de polícia", quando a frase verdadeira foi:

"A agitação operária é uma questão que interessa mais à ordem pública do que à ordem social, representa o estado de espírito de alguns operários, mas não de toda a sociedade!"
(Washington Luís)

Não havendo nenhum registro de abuso de autoridade de Washington Luís nem como secretário da Justiça nem em demais cargos que ocupou.

Durante sua gestão no comando da capital paulista, se deu a agitação dos anarquistas durante a chamada Greve Geral de 1917. Washington Luís era o prefeito da capital paulista e Altino Arantes o presidente do estado e encarregado do policiamento e da ordem pública.

De acordo com depoimentos da época da Greve Geral de 1917, textos publicados e relatos de jornais, entrevistas de coveiros e funcionários da polícia em diversos órgãos da imprensa oficial e da imprensa operária, foram de centenas os mortos da Greve Geral de 1917, sendo atacados, pelos grevistas, funcionários da prefeitura, inclusive enfermeiros, conforme relata o presidente Altino Arantes na sua mensagem ao Congresso do Estado de 1918. Washington Luís então redobrou os esforços para manter os serviços públicos funcionando normalmente durante a Greve Geral de 1917.


No Governo do Estado de São Paulo


Em 1 de maio de 1920, chegou à presidência do estado, na qual ficou até 1 de maio de 1924, e consolidou sua posição de comando na comissão executiva do Partido Republicano Paulista (PRP).

A prioridade de seu governo era povoamento do interior do estado e o grande número de obras rodoviárias executadas. "Governar é abrir estradas" foi seu lema, na campanha eleitoral de 1920. Devido a esse lema, recebeu o apelido de Estradeiro. Lema e prioridade de governo, os quais, foram, depois, assimilados pelos governadores posteriores de São Paulo. A sua frase ainda é citada pelos políticos paulistas.

A frase, na sua íntegra, que é uma extensão da frase de Afonso Pena "Governar é povoar", dava ênfase à ocupação do território:


"Governar é povoar. Mas, não se povoa sem se abrir estradas, e de todas as espécies. Governar é, pois, fazer estradas!"
(Washington Luís)

Foi muito criticado pelos seus adversários que eram contra essa novidade da época: as estradas. Chegando a ser chamado de General Estrada de Bobagem, um trocadilho com estrada de rodagem.

Seguiram a tradição de Washington Luís e também são considerados Estradeiros, os seguintes governadores paulistas: Ademar de Barros, Paulo Egídio Martins, Paulo Maluf e Orestes Quércia. Franco Montoro deu impulso às pequenas estradas do interior do estado chamadas de estradas vicinais.

Ademar de Barros, em 27 de dezembro de 1938 declarou:

"O programa rodoviário idealizado pelo ex-presidente Washington Luís será por mim integralmente realizado. Abrir estradas! Eis aí uma das acertadas soluções para o desenvolvimento econômico-financeiro do Estado. Convencido da oportunidade desta medida, estudei a realização de uma completa rede rodoviária, a unir todos os centros produtores, estes com as saídas naturais da riqueza estadual!"
(Ademar de Barros)

As principais estradas implantadas, visando ligar São Paulo aos estados vizinhos e ao Porto de Santos, foram:

  1. São Paulo - Bananal, na divisa com o Rio de Janeiro
  2. São Paulo - Santos, recuperando a Estrada do Mar, antiga Estrada da Maioridade.
  3. São Paulo - Ribeirão Preto;
  4. São Paulo - Sorocaba.

De seu mandato como presidente do estado de São Paulo (1920-1924), destacam-se ainda:

  1. Garantiu a segurança do estado, enviando tropas da Polícia Militar para combater, na fronteira com o Mato Grosso do Sul, os revoltosos do levante tenentista de 5 de julho de 1922.
  2. Presidiu o Centenário da Independência do Brasil, reformou o Museu do Ipiranga e construiu e inaugurou, em 7 de setembro de 1922, o Monumento à Independência do Brasil e diversos monumentos ao longo da Rodovia Caminho do Mar, que liga a capital paulista ao litoral, como o Padrão do Lorena e o Cruzeiro Quinhentista.
  3. Restabeleceu a imigração europeia interrompida pela Primeira Guerra Mundial para as lavouras de café. Criou um tribunal rural para dirimir conflitos entre colonos e fazendeiros.
  4. Criou colônias agrícolas especialmente de japoneses e procurou não enviar imigrantes diretamente para terras devolutas do sertão do estado por entender que não estavam adaptados ainda ao novo clima e solo.
  5. Estabelece por lei, em 1921, que, as terras devolutas do estado, possam ser adquiridas, por doação do estado, e não mais por compra, como se fazia até então, permitindo a posseiros regularizarem suas terras.
  6. Realizou o reconhecimento do oeste paulista ainda composto de terras virgens visando seu povoamento.
  7. A Semana de Arte Moderna de 1922, que ele apoiou.
  8. Pediu ao escritor Monteiro Lobato que escrevesse um livro para ser usado em aulas de leitura das escolas estaduais. Tal livro chamado: A Menina do Narizinho Arrebitado lançou Monteiro Lobato na literatura infanto juvenil.
  9. A criação de várias faculdades de farmácia e odontologia no interior do estado em uma iniciativa pioneira de interiorizar a educação.
  10. Criou o Museu Republicano de Itu.
  11. Modernizou o Arquivo Público do Estado de São Paulo, editando e publicando documentos históricos valiosos e transformou o Museu Paulista (Museu do Ipiranga) em museu histórico com enfoques nos Bandeirantes.
  12. Recebeu em 1923, o rei da Bélgica.
  13. Em 1922, o Gabinete de Investigações e Capturas, da Secretaria de Justiça e Segurança, desbaratou o Partido Comunista de São Paulo, subordinado à Rússia e que foi o primeiro partido político desta ideologia a ser organizado no Brasil.
  14. Realizou uma reforma completa do ensino público estadual e uma reforma do poder judiciário.
  15. Refinanciou a dívida interna e a dívida externa do Estado.
  16. Criou os processos de indenização por acidente de trabalho.
  17. Estabeleceu em definitivo as fronteiras de São Paulo com o Rio de Janeiro e com o Paraná. Encaminhou o problema da divisa de São Paulo com Minas Gerais que finalmente foi resolvida no governo de Armando de Sales Oliveira.

Senador da República e a Candidatura à Presidência

Logo depois de Washington Luís deixar o governo paulista, ocorre a Revolta Paulista de 1924, e ele, então, se alista nas tropas que combateram a Revolução de1924, dando seu apoio ao seu sucessor no governo paulista, Carlos de Campos.

Passa brevemente pelo Senado Federal, eleito em 1925, após deixar o governo de São Paulo, assumindo a vaga aberta pelo falecimento do senador Alfredo Ellis em 1925.

É escolhido para disputar a presidência da República, como candidato único, sem nenhuma oposição e dissidência, tal era seu prestígio político. Foi apoiado, sem restrições, pelo Partido Republicano Paulista e demais partidos republicanos estaduais, no tradicional esquema de revezamento entre Minas Gerais e São Paulo na presidência da república, conhecido como Política do Café Com Leite.

Assim, no dia 1 de março de 1926, Washington Luís obtém a maior votação até então para a presidência da República: 688.528 votos contra 1.116 votos dados ao general Joaquim Francisco de Assis Brasil. Fernando de Melo Viana é eleito, no mesmo dia, vice-presidência da República.


Presidente da República

Assumiu a presidência da República em 15 de novembro de 1926. Sua eleição foi recebida com grandes esperanças, após um período de agitações políticas.

Isento de prevenções e de rancores, Washington Luís libertou todos os presos políticos e também muitos cidadãos presos injustamente, segundo sua mensagem presidencial de 1927, e não prorrogou o Estado de Sítio que caracterizou o quadriênio anterior, de Artur Bernardes, que continuou vigorando, porém, em alguns estados, para o combate da Coluna Prestes. Extinguiu os presídios políticos da Ilha da Trindade e da Clevelândia do Norte no Amapá.

A Coluna Prestes, esgotada e sem apoio da população para uma revolução, em 1926, se retira para a Bolívia. O país viveu em relativa tranquilidade interna, durante seu governo, até que começassem os rumores de uma revolução, em 1930.

Enfrentou a crise internacional do café e a crise financeira internacional, iniciada em outubro de 1929, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, mas mesmo assim tentou estabilizar a taxa de câmbio e equilibrar o orçamento nacional.

Em 18 de dezembro de 1926, instituiu a reforma econômica, financeira, monetária e cambial no Brasil, através do decreto nº 5.108, sendo, naquele momento, seu ministro da fazenda, Getúlio Vargas.

Criou o Conselho de Defesa Nacional, em 1927, constituído pelo presidente da República e pelos ministros de Estado, com a tarefa de "coordenar a produção de conhecimentos sobre questões de ordem financeira, econômica, bélica e moral, referentes à defesa da Pátria". Este conselho foi o embrião dos órgãos de inteligência e de segurança nacional do Brasil.

Pelo decreto nº 5.141, de 5 de janeiro de 1927 é criado o Fundo Especial para Construção e Conservação de Estradas de Rodagens Federais, para financiar o desenvolvimento rodoviário do Brasil.

Uma de suas realizações foi a Rodovia Rio-Petrópolis que, inaugurada em 1928, mais tarde receberia seu nome, pertencente a BR-040, primeira rodovia asfaltada do Brasil e considerada na época como uma grande obra da engenharia civil brasileira, um marco (muitos populares pensavam que as obras foram realizadas por norte-americanos ou outros estrangeiros).

Terminou a Rodovia São Paulo-Rio (que ainda existe em alguns trechos chamados de SP-62, SP-64, SP-66 e SP-68, no estado de São Paulo), iniciada no seu mandato como governador do estado de São Paulo, inaugurando-a em 5 de maio de 1928. Obra de dificílima realização. Foi a primeira rodovia a ligar São Paulo ao Rio de Janeiro e única ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro até a inauguração da Rodovia Presidente Dutra em 1950.

A viagem de automóvel entre São Paulo e Rio de Janeiro passou a ter uma duração de 14 horas, contra 33 dias de duração em 1908 quando o Conde Lesdain fez a primeira viagem (na época chamada de raid) entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Criou, em 1928, a Polícia Rodoviária Federal. Instituiu, pelo decreto nº 5083, de 1 de dezembro de 1926, o Código de Menores. Criou, em 1927, a Aviação do Exército.

Em 1928, o Brasil recebeu a visita do presidente dos Estados Unidos, Herbert Hoover.

Como havia feito na prefeitura e no governo do estado de São Paulo, Washington Luís publicou documentos antigos do Arquivo Nacional, preservando assim muitos textos da História do Brasil, que corriam o risco de ser destruídos por insetos. Publicou também as obras completas de Ruy Barbosa.

A Crise Sucessória de 1930

Em 1929, Washington Luís apoiou Júlio Prestes, presidente de São Paulo à sua sucessão, e o presidente da Bahia, Vital Soares, como candidato a vice-presidente. Com isso, rompia com a Política do Café Com Leite, em que havia o predomínio de presidentes paulistas (café) e mineiros (leite) na presidência (a Política do Café Com Leite não ocorreu de forma alternada, como muitos pensam).

Os governadores de dezessete estados apoiaram o candidato indicado pelo presidente Washington Luís. Negaram apoio ao candidato Júlio Prestes, apenas os presidentes de três estados, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba (Até hoje, lê-se NEGO na Bandeira da Paraíba).

Os presidentes destes três estados e políticos de oposição de diversos estados se unem formando a Aliança Liberal) e lançam Getúlio Vargas candidato a presidente da República, e o presidente da Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque como candidato a vice-presidente da República.

Em 1 de março de 1930, Júlio Prestes venceu a eleição contra os protestos da oposição que denunciava fraude. Surgem boatos sobre uma possível revolução, desmentidos por Getúlio Vargas e outras lideranças da Aliança Liberal.

O surgimento de um movimento insurgente em São José de Princesa, na Paraíba - que parecia, segundo a oposição, ter sido instigado pelo Governo Federal contra o presidente do estado, João Pessoa, - seguido do assassinato (de natureza pessoal) do mesmo João Pessoa e a Grande Depressão Econômica de 1929, servem de pretexto para reunir as forças aliancistas, que conspiram e iniciam uma revolução em 3 de outubro de 1930.

Em 24 de outubro de 1930, os ministros militares depõem Washington Luís, que é preso, sai do Palácio do Catete acompanhado do Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, Sebastião Leme da Silveira Cintra e é conduzido ao Forte de Copacabana. Uma junta militar assume a presidência, entregando-a a Getúlio Vargas no dia 3 de novembro de 1930.


Túmulo de Washington Luís no Cemitério da Consolação
Depois da Presidência e Homenagens


Washington Luís foi exilado, vivendo muitos anos nos Estados Unidos e posteriormente na Europa. Regressou ao Brasil em 1947, recusando-se a voltar à política.

Em 4 de agosto de 1957, faleceu em São Paulo, e hoje está enterrado no Cemitério da Consolação.

Foi homenageado, na ocasião de seu centenário de nascimento, em 1969, quando foram lançados dois livros. Há rodovias com seu nome, mas é um dos poucos presidentes que não têm uma cidade nomeada em sua homenagem.

Fonte: Wikipédia