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Carlos Castello Branco

CARLOS CASTELLO BRANCO
(72 anos)
Jornalista, Contista e Romancista

☼ Teresina, PI (15/06/1920)
┼ Rio de Janeiro, RJ (01/06/1993)

Carlos Castelo Branco foi um jornalista e escritor brasileiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Piauiense de Letras. A coluna que manteve por décadas no Jornal do Brasil é um marco do jornalismo político. Seu acervo encontra-se no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Ruy Barbosa.

Era filho do desembargador Christino Castello Branco e de Dulcilla Santana Branco. Formou-se em Direito pela Universidade de Minas Gerais, em 1943.

Jornalista desde 1939, trabalhou na cadeia dos Diários Associados, passando por diversos cargos de chefia e fixando-se como repórter político, a partir de 1949, inicialmente no O Jornal, depois no Diário Carioca e na revista O Cruzeiro.

Vocação literária intermitente e absorvida pelo jornalismo, Carlos Castelo Branco foi parte da "geração mineira de 1945", ao lado de Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino, tendo publicado, em 1952, o livro "Continhos Brasileiros".

Único contista piauiense citado por Herman Lima no seu livro "Variações Sobre o Conto", a carreira puramente literária de Carlos Castello Branco interrompeu-se com o romance "Arco de Triunfo", publicado em 1959, para dar lugar a uma das mais fulgurantes carreiras do jornalismo brasileiro.


A atividade jornalística de Carlos Castello Branco seria interrompida brevemente em 1961, quando assumiu o cargo de Secretário de Imprensa do presidente Jânio Quadros. A proximidade com Jânio Quadros possibilitou-lhe recolher dados e circunstâncias que ninguém mais seria capaz de alinhar com tanta percuciência e segurança, e que ele iria relatar no seu livro póstumo "A Renúncia de Jânio" (1996). Ele próprio condicionou a publicação do depoimento a um prazo além de sua morte, porque não queria ninguém apontando-lhe reservas e omissões, ou até incapacidade em explicar a renúncia do presidente Jânio Quadros. Se houvesse por acaso alguma explicação objetiva, o notável jornalista que foi Carlos Castello Branco certamente decifraria as motivações desse ato.

Voltou ao jornalismo em 1962, como chefe da sucursal do Jornal do Brasil em Brasília, cargo que exerceu até 1972, e como colunista político, que foi até o fim da vida, na sua Coluna do Castello.

Reunindo suas colunas, publicou uma série de livros sobre "os fatos que precederam e sucederam o Movimento de março de 1964": os dois volumes de "Introdução à Revolução de 1964" e os quatro volumes de "Os Militares no Poder", que teriam seu seguimento, conforme disse o autor, "na medida da persistência do interesse público por um depoimento que, à margem da história, procura dar apenas uma visão parcial e contemporânea de situações complexas, repetitivas, monótonas, mas apaixonantes".

A Coluna de Castello representou, por unânime consenso, a peça mais importante do jornalismo político brasileiro. Sua leitura, todos os dias, constituía uma obrigação fundamental de todas as pessoas com qualquer dose de interesse, direto ou indireto, na vida pública do país.


A história de Carlos Castello Branco confunde-se com a história da redemocratização brasileira. Desde a queda da ditadura Vargas, Castelinho como todos os jornalistas o chamavam, passou a viver e a respirar com as instituições políticas. Pode-se dizer mesmo que passou a fazer parte delas: quando a liberdade floresce, Carlos Castello Branco se torna uma das personalidades importantes da República. Nas épocas de regressão, está sempre na primeira lista dos encarcerados. Não que ele fosse subversivo, perigoso. Ao contrário, era conservador e pacato. Mas seus escritos tinham a virtude de incomodar os poderosos que, a pretexto de salvar a pátria, escravizam seus concidadãos.

Além da aptidão jornalística de testemunhar, registrar e reter na memória, Carlos Castello Branco era uma estrela de primeira grandeza na profissão de interpretar os fatos políticos.

Jornalista dos mais conhecidos e respeitados, foi eleito, em 1976, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, cargo que exerceu até 1981.

Em 24/10/1978, foi homenageado nos Estados Unidos com o Prêmio Maria Moors Cabot, pela Universidade de Columbia, New York, destinado aos jornalistas notáveis das Américas. Recebeu também o Prêmio Mergenthaler, de liberdade de imprensa, o Prêmio Nereu Ramos de jornalismo, dado pela Universidade de Santa Catarina, e o Prêmio Almirante, na área de jornalismo.

Carlos Castello Branco era membro da Academia Piauiense de Letras e do Pen Clube do Brasil.

Na Academia Brasileira de Letras foi eleito em 04/11/1982 para a Cadeira nº 34, na sucessão de R. Magalhães Júnior, onde foi recebido em 25/05/1983, pelo acadêmico José Sarney.

Obras
  • 1952 - Continhos Brasileiros
  • 1959 - Arco de Triunfo (Romance)
  • 1975 - Introdução à Revolução de 1964, 2 Volumes
  • 1977 - Os Militares no Poder, Volume 1
  • 1978 - Os Militares no Poder, Volume 2
  • 1980 - Os Militares no Poder, Volume 3
  • 1981 - Os Militares no Poder, Volume 4
  • 1994 - Retratos e Fatos da História Recente
  • 1996 - A renúncia de Jânio
  • 1996 - Retratos e Fatos da História Recente

Fonte: O Nordeste

Geir Campos

GEIR NUFFER CAMPOS
(75 anos)
Poeta, Escritor, Contista, Radialista, Jornalista, Tradutor e Professor

☼ São José do Calçado, ES (28/02/1924)
┼ Niterói, RJ (08/05/1999)

Geir Nuffer Campos foi um poeta, escritor, jornalista e tradutor brasileiro. Filho de Getúlio Campos, dentista, e Nair Nuffer, professora.

Viveu parte da sua infância em Campos dos Goytacazes, RJ, e parte no Rio de Janeiro. A partir de 1941, passou a residir em Niterói, RJ.

Foi aluno do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e do Colégio Plínio Leite, em Niterói.

Em 1951, casou-se com Alcinda Lima Souto, que passou a chamar-se Alcinda Campos. Deste casamento vieram seus dois filhos: Carlos Augusto Campos e Mauro Campos.

Piloto, tripulou navios mercantes do Lloyd Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Advindo daí a sua condição de civil ex-combatente.

Poeta, estreou em 1950 com "Rosa dos Rumos", após ter publicado em jornais e revistas, especialmente no Diário Carioca, vários poemas, contos e traduções.

Editor, fundou em 1951, com Thiago de Mello, as Edições Hipocampo, que chegaram a publicar vinte volumes de poesia e prosa, dos autores mais representativos da literatura brasileira e também de alguns estreantes como Paulo Mendes Campos e outros. Nessa coleção apareceu, em janeiro de 1952, "Arquipélago", o seu segundo livro de versos.


Como professor ginasial, atual ensino fundamental, lecionou no Colégio Plínio Leite, onde antes estudara, e no Colégio Figueiredo Costa, ambos em Niterói. Como professor universitário, na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde em 1980 fez-se Mestre em Comunicação, com um trabalho, publicado, sobre "Tradução e Ruído na Comunicação Teatral", e em 1985 defendeu tese de doutoramento sobre "O Ato Criador na Tradução".

Como tradutor, começou a publicar em 1953, uma coletânea de poemas de Rainer Maria Rilke.

Como contista, lançou em 1960 a primeira edição de "O Vestíbulo".

Como radialista, em agosto de 1954 começou a produzir e apresentar, na Rádio Ministério de Educação, um programa semanal de meia hora, "Poesia Viva". Para essa mesma emissora produziu, durante muitos anos, diversos programas literários.

Como jornalista, colaborou e assinou colunas em diversos jornais, entre eles o Diário de Notícias e o Diário Carioca.

É o autor da letra do Hino de Brasília, cuja música é de autoria da professora Neusa Pinho França Almeida.

Foi membro fundador do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro e da Associação Brasileira de Tradutores, da qual foi presidente, lutando pela conscientização dos que traduzem profissionalmente no Brasil e pela regulamentação desta profissão.

Traduziu várias obras de Rilke, Brecht, Goethe, Shakespeare, Sófocles, Whitman e outros, sendo merecedor de um ensaio da professora Maria Thereza Coelho Ceotto da Universidade Federal do Espírito Santo.

Destacou-se enquanto ativista cultural de grande influência e presença na literatura brasileira, tornando-se o grande representante capixaba da "Geração de 45".

Foi um dos poucos poetas brasileiros a comporem uma coroa de sonetos.

Obras

Poesia
  • 1950 - Rosa dos Rumos
  • 1952 - Arquipélago
  • 1953 - Coroa de Sonetos
  • 1956 - Da Profissão do Poeta
  • 1957 - Canto Claro e Poemas Anteriores
  • 1959 - Operário do Canto
  • 1960 - Canto Provisório
  • 1964 - Cantigas de Acordar Mulher
  • 1968 - Canto ao Homem da ONU
  • 1969 - A Meus Filhos
  • 1970 - Metanáutica
  • 1977 - Canto de Peixe e Outros Cantos
  • 1982 - Cantos do Rio (Roteiro lírico do Rio de Janeiro)
  • 1983 - Cantar de Amigo ao Outro Homem da Mulher Amada

Contos
  • 1979 - O Vestíbulo
  • 1982 - Conto & Vírgula

Teatro
  • 1959 - O Sonho de Calabar
  • 1967 - Édipo-Rei, de Sófocles
  • 1970 - Macbeth, de William Shakespeare
  • 1970 - A Tragédia do Homem, de Imre Madách (Com Paulo Rónai)
  • 1972 - Castro Alves ou O Canto da Esperança
  • 1972 - As Sementes da Independência
  • 1976 - Mãe Coragem e Seus Filhos, de Bertolt Brecht
  • 1977 - A Alma Boa de Setsuan, de Bertolt Brecht
  • 1977 - Diz-que-sim & Diz-que-não, de Bertolt Brecht
  • 1977 - O Círculo de Giz Caucasiano, de Bertolt Brecht
  • 1977 - Na Selva das Cidades, de Bertolt Brecht
  • 1977 - A Exceção e a Regra, de Bertolt Brecht
  • 1978 - Luz nas Trevas, de Bertolt Brecht
  • 1978 - O Julgamento de Lúculus, de Bertolt Brecht
  • 1978 - A Condenação de Lúculus, de Bertolt Brecht
  • 1970 - A Tragédia do Homem, de Imre Madách (Com Paulo Rónai)

Peças Não Publicadas, Mas Registradas na Sociedade Brasileira dos Autores Teatrais (Levantamento Parcial)
  • 1967 - De Bocage a Nelson Rodrigues, (Com Nelson Rodrigues e Jaime Barcelos)
  • 1969 - Aquele Que Diz Sim e Aquele Que Diz Não, de Bertolt Brecht
  • 1974 - O Quarto Vazio
  • 1974 - Nós
  • 1974 - Arruda Para Você Também
  • 1974 - O Refugiado e os Sentados, de Miguel Hernandez
  • 1974 - A Estranha História do Doutor Fausto, de Christopher Marlowe
  • 1974 - Amar / Luar, de Jack Larson
  • 1983 - Esse Bocage

Teatro Infantil
  • 1959 - O Gato Ladrão
  • 1960 - A Verdadeira História da Cigarra e da Formiga
  • 1960 - História dos Peixinhos Voadores (Parceria com Maria Niedenthal)

Literatura Infanto-Juvenil
  • 1973 - Qual é a História de Hoje?, Joana Angélica d’Avila Melo

(Geir Campos é o autor dos contos das páginas: 14-15, 15-16, 29-30, 36-37, 49, 61-62, 65-66, 80-81, 83-84, 90-91, 113-114, 124-125, 126-127, 137-138, 142-144, 149-151, 154-156, 163-164, 179 e 186-187)
  • 1987 - Estórias Pitorescas da História do Brasil (Para Gente Grande e Pequena)
  • 1991 - Histórias de Anjos

Ensaios
  • 1960 - Carta aos Livreiros do Brasil
  • 1967 - Rubén Dário, Poeta Participante
  • 1978 - O Problema da Tradução no Teatro Brasileiro
  • 1981 - Tradução e Ruído na Comunicação Teatral
  • 1985 - Do Ato Criador na Tradução (Tese de Doutorado - Inédita em livro)

Referências
  • 1960 - Pequeno Dicionário de Arte Poética
  • 1986 - Como Fazer Tradução
  • 1986 - O Que é Tradução
  • 1989 - Glossário de Termos Técnicos do Espetáculo

Antologias
  • S/D - Alberto de Oliveira
  • S/D - Livro de Ouro da Poesia Alemã
  • 1960 - Poesia Alemã Traduzida no Brasil
  • 1986 - Versei, Antologia Poética (Exterior)

Traduções (Levantamento Parcial)
  • 1953 - Poemas de Rainer Maria Rilke
  • 1956 - Parábolas e Fragmentos de Kafka
  • 1956 - Nossa Vida Com Papai, Romance de Clarence Day Jr.
  • 1957 - O Coronel Jack, Romance de Daniel Defoe
  • 1958 - A Sabedoria de Confúcio
  • 1959 - A Alma Boa de Setsuan, Fábula Teatral de Bertolt Brecht (Com Antônio Bulhões)
  • 1964 - Folhas de Relva, Poesia de Walt Whitman
  • 1964 - Sociologia e Filosofia Social de Karl Marx - Textos escolhidos, seleção, introdução e notas por T. B. Bottomore e Maximilien Rubel
  • 1965 - Flor do Abandono, Romance de Zsigmond Móricz
  • 1966 - Poemas e Canções, Bertolt Brecht
  • 1967 - Poemas e Cartas a um Jovem Poeta, Rainer Maria Rilke (Com Fernando Jorge)
  • 1967 - Édipo-Rei, Peça de Sófocles
  • 1976 - Andares, Poesia de Hermann Hesse
  • 1977/1978 - Teatro de Bertolt Brecht (Várias peças como supervisor e tradutor)
  • 1980 - A Tragédia do Homem, Peça de Imre Madách (Com Paulo Rónai)
  • 1983 - Folhas das Folhas de Relva, seleção de poesias de Folhas de Relva, de Walt Whitman
  • 1985 - Arco-íris de Amor, de Joan Walsh Anglund
  • 1988 - A Vida de Nosso Senhor, romance de Charles Dickens
  • 1988 - Haicais: Poesia do Japão, da versão de Jan Ulenbrook
  • 1988 - O Quinto Evangelho, romance de Mario Pomilio
  • 1990 - Frases de Cabeceira Gerald Goodfrey
  • 1984 - Frases de Cabeceira 2 Gerald Goodfrey
  • S/D - Frases de Cabeceira 3 Gerald Goodfrey
  • S/D - Frases de Cabeceira 4 Gerald Goodfrey
  • 1991 - As Melhores Histórias de Natal
  • 1991 - O Livro de Emmanuel, psicografias de Pat Rodegast e Judith Stanton
  • 1992 - As Fogueiras do Rei, romance de Pedro Casals
  • 1993 - O Livro de Horas, poesia de Rainer Maria Rilke
  • 1994 - O Livro de Emmanuel II, psicografias de Pat Rodegast e Judith Stanton
  • 1995 - Cantos do Meu Coração, poemas e fotografias de Daisaku Ikeda

Traduções Que Colaborou
  • 1956 - A Terra Inútil, de T. S. Eliot - Tradução de Paulo Mendes Campos
  • 1982 - Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol - Tradução de Fernanda Lopes de Almeida. Geir Campos traduziu os poemas das páginas 8 e 9, 49, 98 e 99, 102 e 103, 116 e 117.


Fonte: Wikipédia
Nota: Todas as informações constantes nesta página foram escritas por Mauro Campos, filho do Geir Campos. Elas estão disponíveis na Web, nas publicações citadas ou em documentos que pertencem à família.

Dinah Silveira de Queiroz

DINAH SILVEIRA DE QUEIROZ
(71 anos)
Romancista, Contista e Cronista

* São Paulo, SP (09/11/1911)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/11/1982)

Filha de Alarico Silveira, advogado, homem público e autor de uma Enciclopédia Brasileira, e de Dinorah Ribeiro Silveira, de quem ficou órfã muito pequena. Quem lê "Floradas Na Serra", seu livro de estréia de 1939, tem sua atenção despertada por aquela cena em que, ao morrer, um personagem, não querendo contaminar a filha pequena, despede-se dela, à distância, e pede que retirem a fita que prendia o cabelo da menina para beijá-la. A cena se passou na realidade com a escritora. Dona Dinorah veio a falecer aos vinte e poucos anos, deixando duas filhas: Helena e Dinah.

Com a morte da mãe, cada uma das irmãs foi para casa de um parente. Dinah foi morar com sua tia-avó Zelinda, que tanto influiria em sua formação. Datam desses tempos as temporadas na fazenda em São José do Rio Pardo, na Mogiana. Nas freqüentes visitas que o pai fazia à filha, havia sempre tempo para os livros, quando ele lia, em voz alta, as narrativas de Herbert George Wells. As passagens da "Guerra dos Mundos" causariam grande impressão no espírito da menina, assim com os escritos de Camille Flamarion a respeito de astronomia.

Dinah Silveira de Queiroz estudou no Colégio Les Oiseaux, em São Paulo, onde com a irmã Helena colaborou assiduamente no Livro de Ouro, vindo "por motivo de doença de Helena", como sempre assegurou, a ficar, afinal, com seu troféu literário de menina.


Casou-se aos 19 anos com Narcélio de Queiróz, advogado e estudioso de Montaigne, que teria grande influência nas leituras da mulher e a levaria a descobrir a vocação de escritora. Teve duas filhas: Zelinda e Léa.

Em 1961, a romancista enviuvou e, no ano seguinte, casou-se com o diplomata Dário Moreira de Castro Alves.

Seu primeiro trabalho literário recebeu o título de "Pecado", seguido da novela "A Sereia Verde", publicado pela Revista do Brasil, dirigida por Otávio Tarquínio de Sousa. Seu grande sucesso viria em 1939, com o romance "Floradas Na Serra", contemplado com o Prêmio Antônio de Alcântara Machado (1940), da Academia Paulista de Letras, e transposto para o cinema em 1955.

Em 1941, publicou o volume de contos "A Sereia Verde", voltando ao romance em 1949, quando publicou "Margarida la Rocque", e em 1954, com o romance "A Muralha", em homenagem às festas do IV Centenário da fundação de São Paulo. Ainda em 54, a Academia Brasileira de Letras lhe conferiu o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.

Em 1956, fez uma incursão no teatro com a peça bíblica "O Oitavo Dia". No ano seguinte, publicou o volume de contos "As Noites do Morro do Encanto", que fora laureado com o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras (1950).


Em 1960, publicou outro volume de contos, "Eles Herdarão a Terra", no qual já manifestava seu interesse pela ficção científica, que irá expressar-se melhor em "Comba Malina" (1969). Em ambos, prevalece a narrativa vazada dentro do chamado realismo fantástico.

Em 1962 foi nomeada Adido Cultural da Embaixada do Brasil em Madri. Após o casamento com o diplomata Dário Moreira de Castro Alves, seguiu com o marido para Moscou. Permaneceu na União Soviética quase dois anos, escrevendo artigos e crônicas, que eram veiculados na Rádio Nacional, na Rádio Ministério da Educação e no Jornal do Commercio. A ausência do Brasil criou em Dinah Silveira de Queiroz a necessidade de uma contribuição à vida brasileira, à qual concorria com suas crônicas diárias, mais tarde recolhidas no livro de crônicas "Café da Manha" (1969), e ainda em "Quadrante I" e "Quadrante II".

De volta ao Brasil, em 1964, escreveu "Os Invasores", romance histórico em comemoração do IV Centenário da fundação da Cidade do Rio de Janeiro.

Em 1966, partiu novamente para a Europa, fixando-se em Roma. Na capital italiana continuou a escrever crônicas e manteve um programa semanal na Rádio do Vaticano. Publicou a biografia da Princesa Isabel, "A Princesa dos Escravos", e "Verão dos Infiéis", romance inspirado nas palavras do Papa Paulo VI ao falar perante a Assembléia da Organização das Nações Unidas, em 1965. Essa obra recebeu o prêmio de ficção Prefeitura do Distrito Federal em 1969, quando comemorava a escritora trinta anos de literatura.


Em novembro de 1974, iniciou a publicação do "Memorial do Cristo", cujo primeiro volume se intitula "Eu Venho", seguido, em 1977, do segundo volume, "Eu, Jesus".

A eleição de Dinah Silveira de Queiroz, a segunda mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras, em 1980, foi a consagração de uma escritora vinda de uma das famílias brasileiras mais voltadas às letras. Além do pai, Alarico Silveira, nela figuram os nomes de Valdomiro Silveira, um dos fundadores da nossa literatura regional; Agenor Silveira, poeta e filólogo; Helena Silveira, contista, cronista e romancista; Miroel Silveira, contista e teatrólogo; Isa Silveira Leal, novelista; Breno Silveira, tradutor; Cid Silveira, poeta; e Ênio Silveira, editor.

A escritora viveu os últimos anos em Lisboa, Portugal, onde o embaixador Dário de Castro Alves chefiava a representação diplomática do Brasil. Lá escreveu seu último romance, "Guida, Caríssima Guida", publicado em 1981.

Dinah Silveira de Queiroz sempre dizia que só pararia de escrever quando morresse. E, já muito grave seu estado de saúde, continuava, mesmo assim, a ditar, em São Paulo, suas crônicas diárias. E ditou-as até três dias antes de passar para a eternidade.


Academia Brasileira de Letras

Dinah Silveira de Queiroz tornou-se a segunda mulher a ocupar uma cadeira, a sétima ocupante da cadeira sete, na Academia Brasileira de Letras, em sucessão a Pontes de Miranda, tendo sido recebida em 07/04/1981, mesmo ano da publicação de seu último trabalho, o romance "Guida, Caríssima Guida".

Adaptações

Tanto "Floradas na Serra" como "A Muralha" ganharam adaptações para o cinema e para a televisão, com muito sucesso. "Floradas na Serra" foi filmado em 1953 pelo estúdio Vera Cruz, com direção do italiano Luciano Salce e estrelado por Cacilda Becker e Jardel Filho.

Na televisão, houve duas adaptações. Uma na TV Cultura, de São Paulo, em 1981, na série "Teleromance", com Bete Mendes e Amaury Alvarez, e a outra no início da década de 1990, na TV Manchete, com as atuações de Carolina Ferraz, Marcos Winter, Myrian Rios e Tarcísio Filho. Já "A Muralha" foi adaptada para a televisão em três oportunidades: a primeira, em 1961, em uma adaptação simples e sem muitos recursos de Benjamin Cattan para a TV Tupi; a segunda adaptação foi de Ivani Ribeiro, em 1968, para uma superprodução da TV Excelsior que reuniu todo o elenco de estrelas da casa, na época, e em 2000, quando Maria Adelaide Amaral fez uma das minisséries mais caras da TV Globo.

Prêmios

Dinah Silveira de Queiroz foi laureada com vários prêmios literários. Recebeu em 1940 da Academia Paulista de Letras o Prêmio Antônio de Alcântara Machado pela obra "Floradas na Serra". Seu romance "Verão dos Infiéis" recebeu o Prêmio Prefeitura do Distrito Federal, em 1969. Da Academia Brasileira de LetrasDinah foi agraciada com duas importantes premiações: o Prêmio Afonso Arinos em 1950, pelo volume de contos "As Noites do Morro do Encanto" e o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, em 1954.


Obras


  • 1939 - Floradas na Serra (Romance)
  • 1941 - A Sereia Verde (Contos)
  • 1949 - Margarida La Rocque (Romance)
  • 1951 - As Aventuras do Homem Vegetal (Infantil)
  • 1954 - A Muralha (Romance)
  • 1956 - O Oitavo Dia (Teatro)
  • 1957 - As Noite do Morro do Encanto (Conto)
  • 1960 - Era Uma Vez Uma Princesa (Biografia)
  • 1960 - Eles Herdarão a Terra (Conto)
  • 1965 - Os Invasores (Romance)
  • 1966 - A Princesa dos Escravos (Biografia)
  • 1968 - Verão dos Infiéis (Romance)
  • 1969 - Comba Malina (Conto)
  • 1969 - Café da Manhã (Crônicas)
  • 1974 - Eu Venho, Memorial do Cristo I
  • 1977 - Eu, Jesus, Memorial do Cristo II
  • 1979 - Baía de Espuma (Infantil)
  • 1981 - Guida, Caríssima Guida (Contos)


Em Colaboração


  • 1960 - Antologia Brasileira de Ficção-Científica (Conto)
  • 1961 - Histórias do Acontecerá (Conto)
  • 1962 - O Mistério dos MMM (Contos)
  • 1962 - Quadrante 1 (Crônicas)
  • 1963 - Quadrante 2 (Crônicas)


Sônia Coutinho

SÔNIA COUTINHO
(74 anos)
Escritora, Jornalista, Contista e Tradutora

* Itabuna, BA (1939)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/08/2013)

Sônia nasceu em Itabuna, na Bahia, em 1939 e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1968, tendo trabalhado em vários jornais. Era filha do poeta simbolista e político Nathan Coutinho que foi deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa da Bahia. Escritora, jornalista e tradutora, participou do International Writing Program, em Iowa, Estados Unidos, em 1983, tendo sido escritora-residente na Universidade do Texas, a convite daquela instituição.

Em 1994, ganhou o grau de Mestre em Teoria da Comunicação com a tese-ensaio "Rainha do Crime - Ótica Feminina no Romance Policial". Sua obra revela o modo de ser e de pensar da mulher brasileira na atualidade. Mostra o universo feminino, do ponto de vista da própria mulher, que é o sujeito da enunciação.

Seu primeiro livro, "O Herói Inútil", foi lançado em 1964, em Salvador, pela Ed. Macunaíma. Sônia Coutinho ganhou duas vezes o Prêmio Jabuti de Literatura. Em 1979, com "Os Venenos de Lucrécia", e em 1999, com "Os Seios de Pandora".

Em 2006, a escritora recebeu o Prêmio Clarice Lispector, dado pela Biblioteca Nacional, para o melhor livro de contos com "Ovelha Negra" e "Amiga Loura". Entre outros títulos da autora, destaque para "Uma Certa Felicidade", "Mil Olhos de Uma Rosa" (2001), "O Caso Alice" (1991) e "O Jogo de Ifá" (2001).

Traduziu cerca de 30 livros de autores como Doris Lessing, Carson McCullers, E. M. Forster e Graham Greene.

A escritora participou de várias antologias nacionais e internacionais e teve sua obra também publicada nos Estados Unidos, na França e na Alemanha. Seu conto "Toda Lana Turner Tem Seu Johnny Stompanato", publicado originalmente em seu livro "O Último Verão de Copacabana", foi incluído na antologia "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século", organizado por Italo Moriconi.


Entrevista

Acompanhe parte de uma entrevista dada por Sônia Coutinho a Simone Ribeiro para o jornal A Tarde.

Simone Ribeiro: Como você encara o fato de estar incluída entre os autores estudados para o Vestibular e ser conhecida por adolescentes?
Sônia Coutinho: Estou imensamente feliz. Inclusive porque "Atire em Sofia", o livro adotado, é muito crítico. É um livro sobre a Bahia, mas não tem nada a ver com o clima tradicional de louvações à beleza e alegria naturais. Por causa disso, a escolha de "Atire em Sofia" foi muito lisonjeira para mim. E acho que é mais lisonjeira ainda, nesse sentido, para os próprios baianos - mostra como as cabeças mudaram. O livro, aliás, foi escrito na Bahia mesmo, em 1987/88, período em que interrompi meu jornal no Rio, a fim de ganhar tempo para a literatura, e aceitei um emprego aí.

Simone Ribeiro: Qual a sua opinião sobre a ficção brasileira produzida dos anos 70 para cá?
Sônia Coutinho: É uma ficção muito rica, mas foi sendo cada vez mais relegada. O público, de modo geral, tem se mostrado menos ligado e o espaço dado à literatura brasileira na imprensa nunca foi tão pequeno. O que vem nas capas são sempre os best-sellers e estrangeiros. Mas há suplementos culturais fora do eixo Rio-São Paulo que fazem um ótimo trabalho e abrem mais espaço para a boa literatura brasileira.

Simone Ribeiro: Marcel Proust, Clarice Lispector, Vírgina Woolf, você se considera de certa forma herdeira dessa literatura mais intimista ou psicológica?
Sônia Coutinho: Não acho que minha literatura seja intimista. Aliás, detesto essa palavra. A não ser que você se refira a textos bem trabalhados e até poéticos, mesmo quando o assunto é crime. Vêem elementos policiais em meus principais romances. Foi o caso de "Os seios de Pandora".
Quanto a mim, acho que escrevi o livro mais para desconstruir o policial clássico, machista, criando uma figura feminina de investigação. No lugar da detetive, uma repórter. Já "Atire em Sofia" e "O Caso Alice" são histórias de crime, embora claro que tenham outros elementos. São críticos, têm muito de mágico, sobrenatural mesmo e até toques históricos (em "Atire em Sofia").
"O Jogo de Ifá" é um pequeno romance experimental. Por outro lado, as personagens, na maioria mulheres, não estão mais trancadas no lar patriarcal, entregues ao seu intimismo, mas trabalham fora, se sustentam, moram sozinhas. E pagam um alto preço por isso, evidentemente. É a nova mulher brasileira, que apareceu no início dos anos 70, quando eu estreava em literatura, no Rio. Acho que uma contribuição da minha literatura foi dar voz a essa mulher.


Morte

Sônia Coutinho morreu na noite de sábado, 24/08/2013, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi velado no domingo, 25/08/2013, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e foi cremado na segunda-feira, 26/08/2013, às 11:00 hs, no Cemitério do Caju, na Zona Portuária da cidade. A informação foi confirmada pelo Crematório da Santa Casa da Misericórdia.

Sônia Coutinho foi casada com o poeta, escritor e jornalista Florisvaldo Mattos, com quem teve uma filha, a psicóloga Elsa de Mattos. "Ela foi uma pessoa de muita qualidade criativa e muito preparo cultural. Foi para o Rio de Janeiro e lá se realizou como uma das grandes de sua geração", disse Florisvaldo Mattos.

Indicação: Fada Veras

Orígenes Lessa

ORÍGENES LESSA
(83 anos)
Jornalista, Contista, Novelista, Romancista e Ensaísta

* Lençóis Paulista, SP (12/07/1903)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/07/1986)

Orígenes Lessa foi um jornalista, contista, novelista, romancista e ensaísta brasileiro, e imortal da Academia Brasileira de Letras.

Filho de Vicente Themudo Lessa, historiador, jornalista e pastor presbiteriano pernambucano, e de Henriqueta Pinheiro Themudo Lessa. Em 1906, foi levado pela família para São Luís do Maranhão, onde cresceu até os nove anos, acompanhando a jornada do pai como missionário. Da experiência de sua infância resultou o romance "Rua do Sol". Em 1912, voltou para São Paulo. Aos 19 anos, ingressou num seminário protestante, do qual saiu dois anos depois.

Em 1924 ele transferiu-se para o Rio de Janeiro. Separado voluntariamente da família, lutou com grandes dificuldades. Para se sustentar, dedicou-se ao magistério. Completou um curso de Educação Física, tornando-se instrutor de ginástica do Instituto de Educação Física da Associação Cristã de Moços. Ingressou no jornalismo, publicando os seus primeiros artigos na seção "Tribuna Social-Operária" de O Imparcial.


Matriculou-se na Escola Dramática do Rio de Janeiro em 1928, dirigida então por Coelho Neto, objetivando o teatro como forma de realizar-se. Saudou Coelho Neto, em nome dos colegas, quando o romancista foi aclamado "Príncipe dos Escritores Brasileiros". Ainda em 1928, voltou para São Paulo, onde ingressou como tradutor no Departamento de Propaganda da General Motors, ali permanecendo até 1931.

Em 1929, começou a escrever no Diário da Noite de São Paulo e publicou a primeira coleção de contos, "O Escritor Proibido", calorosamente recebida por Medeiros e Albuquerque, João Ribeiro, Menotti del Picchia e Sud Menucci. Seguiram-se a essa coletânea "Garçon, Garçonnette, Garçonnière", menção honrosa da Academia Brasileira de Letras, e "A Cidade Que O Diabo Esqueceu".

Em 1932 participou ativamente na Revolução Constitucionalista, durante a qual foi preso e removido para o Rio de Janeiro. No presídio de Ilha Grande, escreveu "Não Há De Ser Nada", reportagem sobre a Revolução Constitucionalista, e "Ilha Grande", jornal de um prisioneiro de guerra, dois trabalhos que o projetaram nos meios literários. Nesse mesmo ano ingressou como redator na N. Y. Ayer & Son, atividade que exerceu durante mais de quarenta anos em sucessivas agências de publicidade.

Voltou à atividade literária, publicando a coletânea de contos "Passa-três" e, a seguir, a novela "O Joguete", e o romance "O Feijão E O Sonho", obra que conquistou o Prêmio Antônio de Alcântara Machado e teve um sucesso extraordinário, inclusive na sua adaptação como novela de televisão.

Em 1942 mudou-se para Nova York para trabalhar no Coordinator Of Inter-American Affairs, tendo sido redator na NBC em programas irradiados para o Brasil.

Em 1943, de volta ao Rio de Janeiro, reuniu no volume "Ok, América" as reportagens e entrevistas escritas nos Estados Unidos. Deu continuidade à sua atividade literária, publicando novas coletâneas de contos, novelas e romances.

A partir de 1970 dedicou-se também à literatura infanto-juvenil, chegando a publicar, nessa área, quase 40 títulos, que o tornaram um autor conhecido e amado pelas crianças e jovens brasileiros.

Orígenes Lessa foi casado com a jornalista e cronista Elsie Lessa, sua prima-irmã, com quem teve um filho, o jornalista, cronista e escritor Ivan Lessa. Também foi casado com Edith Thomas, com quem teve outro filho, Rubens Lessa. Na ocasião de sua morte, estava casado com Maria Eduarda LessaOrígenes Lessa foi sepultado em sua cidade natal, Lençóis Paulista, SP.

Orígenes Lessa recebeu inúmeros prêmios literários: Prêmio Antônio de Alcântara Machado (1939), pelo romance "O Feijão E O Sonho", Prêmio Carmem Dolores Barbosa (1955), pelo romance "Rua Do Sol", Prêmio Fernando Chinaglia (1968), pelo romance "A Noite Sem Homem", Prêmio Luísa Cláudio de Sousa (1972), pelo romance "O Evangelho De Lázaro".


Academia Brasileira de Letras

Foi eleito em 09/07/1981 para a cadeira 10 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Osvaldo Orico, foi recebido em 20/11/1981 pelo acadêmico Francisco de Assis Barbosa.

Contos, Romances e Reportagens

  • 1929 - O Escritor Proibido (Contos)
  • 1930 - Garçon, Garçonnette, Garçonnière (Contos)
  • 1931 - A Cidade Que O Diabo Esqueceu (Contos)
  • 1932 - Não Há De Ser Nada (Reportagem)
  • 1933 - Ilha Grande (Reportagem)
  • 1935 - Passa-três (Contos)
  • 1938 - O Feijão E O Sonho (Romance)
  • 1945 - Ok, América (Reportagem)
  • 1946 - Omelete Em Bombaim (Contos)
  • 1948 - A Desintegração Da Morte (Novela)
  • 1955 - Rua do Sol (Romance)
  • 1956 - Oásis Na Mata (Reportagem)
  • 1959 - João Simões Continua (Romance)
  • 1960 - Balbino, O Homem Do Mar (Contos)
  • 1963 - Histórias Urbanas (Contos)
  • 1968 - A Noite Sem Homem (Romance)
  • 1968 - Nove Mulheres (Contos)
  • 1972 - Beco Da Fome (Romance)
  • 1972 - O Evangelho De Lázaro (Romance)
  • 1979 - Um Rosto Perdido (Contos)
  • 1984 - Mulher Nua Na Calçada (Contos)
  • 1984 - O Edifício Fantasma (Romance)


Ensaios

  • 1973 - Getúlio Vargas Na Literatura De Cordel
  • 1985 - O Índio Cor-de-Rosa - Evocação de Noel Nutels
  • 1982 - Inácio da Catingueira e Luís Gama, Dois Poetas Negros Contra O Racismo Dos Mestiços
  • 1984 - A Voz Dos Poetas


Literatura Infanto-Juvenil

Apresenta quase 40 títulos, entre os quais destacam-se:

  • 1934 - O Sonho De Prequeté
  • 1971 - Memórias De Um Cabo De Vassoura
  • 1972 - Sequestro Em Parada De Lucas
  • 1972 - Memórias De Um Fusca
  • 1972 - Napoleão Ataca Outra Vez
  • 1972 - A Escada De Nuvens
  • 1972 - Confissões De Um Vira-Lata
  • 1972 - A Floresta Azul
  • 1976 - O Mundo É Assim, Taubaté
  • 1978 - É Conversando Que As Coisas Se Entendem
  • 1983 - Tempo Quente Na Floresta Azul


Fonte: Wikipédia

Lêdo Ivo

LÊDO IVO
(88 anos)
Jornalista, Poeta, Romancista, Contista, Cronista e Ensaísta

* Maceió, AL (18/02/1924)
+ Sevilha, Espanha (23/12/2012)

Quinto ocupante da Cadeira nº 10, eleito em 13 de novembro 1986, na sucessão de Orígenes Lessa e recebido em 7 de abril de 1987 pelo acadêmico Dom Marcos Barbosa. Recebeu os acadêmicos Geraldo França de Lima, Nélida Piñon e Sábato Magaldi.

Lêdo Ivo nasceu no dia 18 de fevereiro de 1924, em Maceió, AL, filho de Floriano Ivo e Eurídice Plácido de Araújo Ivo. Casado com Maria Lêda Sarmento de Medeiros Ivo (1923-2004), tem o casal três filhos: Patrícia, Maria da Graça e Gonçalo.

Fez os cursos primário e secundário em sua cidade natal. Em 1940, transferiu-se para o Recife, onde ocorreu sua primeira formação cultural. Em 1941, participou do I Congresso de Poesia do Recife. Em 1943 transferiu-se para o Rio de Janeiro e se  matriculou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, pela qual se formou. Passou a colaborar em suplementos literários e a trabalhar na imprensa carioca, como jornalista profissional.

Em 1944, estreou na literatura com "As Imaginações", poesia, e no ano seguinte publicou "Ode e Elegia", distinguido com o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. Nos anos subsequentes  sua obra literária avolumou-se com a publicação de livros de poesia, romance, conto, crônica e ensaio.

Em 1947, seu romance de estréia "As Alianças" mereceu o Prêmio de Romance da Fundação Graça Aranha. Em 1949, pronunciou, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a conferência "A geração de 1945". Nesse ano, formou-se pela Faculdade Nacional de Direito, mas nunca advogou, preferindo continuar exercendo o jornalismo.


No início de 1953, foi morar em Paris. Visitou vários países da Europa e, em fins de 1954, retornou ao Brasil, reiniciando suas atividades literárias e jornalísticas.

Em 1963, a convite do governo norte-americano, realizou uma viagem de dois meses (novembro e dezembro) pelos Estados Unidos, pronunciando palestras em universidades e conhecendo escritores e artistas.

Ao seu livro de crônicas "A Cidade e os Dias" (1957) foi atribuído o Prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras.

Como memorialista, publicou "Confissões de um Poeta" (1979), distinguido com o Prêmio de Memória da Fundação Cultural do Distrito Federal, e "O Aluno Relapso" (1991).

Seu romance "Ninho de Cobras" foi traduzido para o inglês, sob o título "Snakes’ Nest", e em dinamarquês, sob o título "Slangeboet". No México, saíram várias coletâneas de poemas seus, entre as quais "La Imaginaria Ventana Abierta", "Oda al Crepúsculo", "Las Pistas", "Las Islas Inacabadas", "La Tierra Allende", "Mía Patria Húmeda" e "Réquiem".

Em Lima, foi editada uma antologia, "Poemas"; na Espanha saíram "La Moneda Perdida" e "La Aldea de Sal"; nos Estados Unidos, "Landsend", antologia poética; na Holanda, a seleção de poemas "Vleermuizen em blauw Krabben" (Morcegos e Goiamuns).

No Chile, saiu a antologia "Los Murciélagos". Na Venezuela, foi publicada a antologia "El Sol de los Amantes".

Na Itália foram publicados "Illuminazioni" e "Réquiem".


Em 1973, foram conferidos a "Finisterra" o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa (poesia) do PEN Clube do Brasil, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal e o Prêmio Casimiro de Abreu do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

O seu romance "Ninho de Cobras" conquistou o Prêmio Nacional Walmap de 1973. Em 1974, "Finisterra" recebeu o Prêmio Casimiro de Abreu, do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em 1982, foi distinguido com o Prêmio Mário de Andrade, conferido pela Academia Brasiliense de Letras ao conjunto de suas obras.

Ao seu livro de ensaios "A Ética da Aventura" foi atribuído, em 1983, o Prêmio Nacional de Ensaio do Instituto Nacional do Livro. Em 1986, recebeu o Prêmio Homenagem à Cultura, da Nestlé, pela sua obra poética.

Eleito "Intelectual do Ano de 1990", recebeu o Troféu Juca Pato do seu antecessor nessa láurea, o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. Ao seu livro de poemas "Curral de Peixe" o Clube de Poesia de São Paulo atribuiu o Prêmio Cassiano Ricardo em 1996.

Em 2004 foi-lhe outorgado o Prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro, pelo conjunto da obra.

No plano internacional, Lêdo Ivo é detentor do Prêmio de Poesia del Mundo Latino Victor Sandoval (México, 2008), do Prêmio de Literatura Brasileira da Casa de las Américas (Cuba, 2009) e do Prêmio Rosalía de Castro, do PEN Clube da Galícia (Espanha, 2010).

Ao longo de sua vida literária, Lêdo Ivo foi convidado numerosas vezes para representar o Brasil em congressos culturais e participar de encontros internacionais de poesia.

É sócio efetivo da Academia Alagoana de Letras, sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, sócio efetivo da Academia de Letras do Brasil, sócio honorário da Academia Petropolitana de Letras, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.

Morte

Lêdo Ivo morreu, na madrugada de domingo, 23/12/2012, em Sevilha, na Espanha, vítima de Infarto, aos 88 anos.

Segundo informações de familiares, o jornalista passou mal quando almoçava num restaurante. Ele seguiu até o hotel onde recebeu atendimento médico, mas acabou falecendo antes mesmo de ser encaminhado ao hospital da cidade.

O corpo de Lêdo Ivo vai ser cremado na Europa. As cinzas serão trazidas para o Rio de Janeiro e serão sepultadas no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras no Cemitério São João Batista.

O imortal vai ser homenageado numa sessão extraordinária da Academia Brasileira de Letras no dia 10 de janeiro de 2013.


Condecorações

  • Ordem do Mérito dos Palmares, no grau de Grã-Cruz
  • Ordem do Mérito Militar, no grau de Oficial
  • Ordem do Rio Branco, no grau de Comendador
  • Medalha Manuel Bandeira
  • Cidadão honorário de Penedo, Alagoas
  • Grande Benemérito do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
  • Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Alagoas
  • Pertence ao PEN Clube Internacional, sediado em Paris

Bibliografia
Conjunto da obra de Lêdo Ivo

Poesia

  • 1944 - As Imaginações
  • 1945 - Ode e Elegia
  • 1948 - Acontecimento do Soneto. Barcelona: O Livro Inconsútil
  • 1948 - Ode ao Crepúsculo
  • 1949 - Cântico. Ilustrações de Emeric Marcier
  • 1951 - Linguagem: (1949-19041)
  • 1951 - Ode Equatorial. Com xilogravuras de Anísio Medeiros
  • 1951 - Acontecimento do Soneto. Incluindo Ode à Noite
  • 1955 - Um Brasileiro em Paris e O Rei da Europa
  • 1960 - Magias
  • 1962 - Uma Lira dos Vinte Anos
  • 1964 - Estação Central
  • 1965 - Rio, a Cidade e os Dias: Crônicas e Histórias
  • 1972 - Finisterra
  • 1974 - O Sinal Semafórico
  • 1980 - O Soldado Raso
  • 1982 - A Noite Misteriosa
  • 1985 - Calabar
  • 1987 - Mar Oceano
  • 1990 - Crepúsculo Civil
  • 1995 - Curral de Peixe
  • 1997 - Noturno Romano. Com gravuras de João Athanasio
  • 2000 - O Rumor da Noite
  • 2004 - Plenilúnio
  • 2008 - Réquiem
  • 2004 - Poesia Completa - 1940-2004
  • 2008 - Réquiem. Com pinturas de Gonçalo Ivo e desenho de Gianguido Bonfanti

Antologias

  • 1965 - Antologia Poética
  • 1966 - O Flautim
  • 1966 - 50 Poemas Escolhidos Pelo Autor
  • 1976 - Central Poética
  • 1983 - Os Melhores Poemas de Lêdo Ivo (2ª edição, 1990)
  • 1986 - 10 Contos Escolhidos
  • 1987 - Cem Sonetos de Amor
  • 1991 - Antologia Poética
  • 1995 - Os Melhores Contos de Lêdo Ivo
  • 1988 - Um Domingo Perdido (Contos)
  • 2000 - Poesia Viva
  • 2004 - Melhores Crônicas de Lêdo Ivo
  • 2004 - 50 Poemas Escolhidos Pelo Autor
  • 2005 - Cem Poemas de Amor
  • 2010 - O Vento do Mar

Romance

  • 1947 - As Alianças (Prêmio da Fundação Graça Aranha)
  • 1948 - O Caminho Sem Aventura
  • 1964 - O Sobrinho do General
  • 1973 - Ninho de Cobras (V Prêmio Walmap)
  • 1984 - A Morte do Brasil

Conto

  • 1961 - Use a Passagem Subterrânea
  • 1966 - O Flautim
  • 1986 - 10 Contos Escolhidos
  • 1995 - Os Melhores Contos de Lêdo Ivo
  • 1998 - Um Domingo Perdido

Crônica

  • 1957 - A Cidade e os Dias
  • 1971 - O Navio Adormecido no Bosque
  • 2004 - As Melhores Crônicas de Lêdo Ivo

Ensaio

  • 1951 - Lição de Mário de Andrade
  • 1955 - O Preto no Branco. Exegese de um poema de Manuel Bandeira
  • 1958 - Raimundo Correia: Poesia (apresentação, seleção e notas)
  • 1961 - Paraísos de Papel
  • 1963 - Ladrão de Flor
  • 1963 - O Universo Poético de Raul Pompéia
  • 1967 - Poesia Observada
  • 1972 - Modernismo e Modernidade
  • 1976 - Teoria e Celebração
  • 1976 - Alagoas
  • 1982 - A Ética da Aventura
  • 1995 - A República da Desilusão
  • 2009 - O Ajudante de Mentiroso
  • 2009 - João do Rio

Autobiografia

  • 1979 - Confissões de um Poeta
  • 1991 - O Aluno Relapso

Literatura Infanto-Juvenil

  • 1990 - O Canário Azul
  • 1995 - O Menino da Noite
  • 2000 - O Rato da Sacristia
  • 2009 - A História da Tartaruga

Edição Conjunta

  • 1971 - O Navio Adormecido no Bosque (reunindo A Cidade e os Dias e Ladrão de Flor)

Cora Coralina

ANA LINS DOS GUIMARÃES PEIXOTO BRETAS
(95 anos)
Escritora, Poetisa, Contista e Doceira

* Cidade de Goiás, GO (20/08/1889)
+ Goiânia, GO (10/04/1985)


Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, foi uma poetisa e contista brasileira. Considerada uma das principais escritoras brasileiras, ela teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965 intitulado Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, quando já tinha quase 76 anos de idade.

Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Filha de Francisco Paula Lins Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por Dom Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão. Ana nasceu e foi criada às margens do Rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do século XVIII, tendo sido uma das primeiras edificações da antiga Vila Boa de Goiás.


Começou a escrever os seus primeiros textos aos 14 anos de idade, publicando-os nos jornais da cidade de Goiás, e nos jornais de outras cidades, como constitui exemplo o semanário Folha do Sul da cidade goiana de Bela Vista - desde a sua fundação a 20 de janeiro de 1905 -, e nos periódicos de outros rincões, assim a revista A Informação Goiana do Rio de Janeiro, que começou a ser editada a 15 de julho de 1917, apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com a Mestra Silvina. Melhor, Mestre-Escola Silvina Ermelinda Xavier de Brito (1835 - 1920).

Conforme Assis Brasil, na sua antologia A Poesia Goiana no Século XX, página 66, "a mais recuada indicação que se tem de sua vida literária data de 1907, através do semanário 'A Rosa', dirigido por ela própria e mais Leodegária de Jesus, Rosa Godinho e Alice Santana". Todavia, constam trabalhos seus nos periódicos goianos antes dessa data. É o caso da crônica A Tua Volta, dedicada a Luiz do Couto, o "querido poeta gentil das mulheres goyanas", estampada no referido semanário Folha do Sul, da cidade de Bela Vista, ano 2, n. 64, p. 1, 10 de maio de 1906.

Ao tempo em que publica essa crônica, ou um pouco antes, Cora Coralina começa a frequentar as tertúlias do Clube Literário Goiano, situado em um dos salões do sobrado de dona Virgínia da Luz Vieira. Que lhe inspira o poema evocativo Velho Sobrado. Quando começa então a redigir para o jornal literário A Rosa (1907). Publicou, nessa fase, em 1910, o conto Tragédia na Roça.

Casou em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, quando ele, Cantídio, exercia a Chefatura de Polícia, cargo equivalente ao de Secretário da Segurança, do governo do presidente Urbano Coelho de Gouvêa (1909-1912), para o interior de São Paulo, onde viveu durante 45 anos, inicialmente nos municípios de Avaré e Jaboticabal e depois em São Paulo (1924). Ao chegar à capital, teve de permanecer algumas semanas trancada num hotel em frente à Estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 haviam parado a cidade.

Em 1930, presenciou a chegada de Getúlio Vargas à esquina da Rua Direita com a Praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução Constitucionalista de 1932.

Com a morte do marido, passou a vender livros. Posteriormente, mudou-se para Penápolis, no interior do estado, onde passou a produzir e vender linguiça caseira e banha de porco. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás.

Ao completar 50 anos de idade, a poetisa relata ter passado por uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a perda do medo". Nessa fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás. Durante esses anos, Cora Coralina não deixou de escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com ambiente em que fora criada. Ela chegou ainda a gravar um LP declamando algumas de suas poesias. Lançado pela Gravadora Paulinas Comep, o disco ainda pode ser encontrado hoje em formato CD.

Foi membro efetivo das seguintes entidades culturais:
  • Academia Goiana de Letras 
  • Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás
  • Gabinete Literário Goiano
  • União Brasileira de Escritores
  • Academia Brasiliense de Letras

Em 1979, recebeu uma carta de
Carlos Drummond de Andrade, a qual a lança definitivamente ao Brasil como uma grande poeta. Durante muitos anos, esse mesmo grande poeta homenageou Cora Coralina em diversas cartas e publicações.

Viveu 95 anos, sendo 78 dedicados à escrita. Inúmeras foram as participações, condecorações, homenagens e prêmios recebidos. Frequentou somente o curso primário e recebeu o título Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás de Doutora Feita Pela Vida (1983). Logo depois, no mesmo ano, foi eleita Intelectual do Ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores

A 31 de janeiro de 1999, a sua principal obra, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, foi aclamada através de um seleto júri organizado pelo jornal O Popular, de Goiânia, uma das 20 obras mais importantes do século XX. Enfim, Cora Coralina torna-se autora canônica.

Cora Coralina faleceu em Goiânia. A sua casa na Cidade de Goiás foi transformada num museu em homenagem à sua história de vida e produção literária.

Carta de Drummond a Cora Coralina

Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1983.
 
Minha querida amiga Cora Coralina: Seu "Vintém de Cobre" é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( ...). Não lhe escrevi antes, agradecendo a dádiva, porque andei malacafento e me submeti a uma cirurgia. Mas agora, já recuperado, estou em condições de dizer, com alegria justa: Obrigado, minha amiga! Obrigado, também, pelas lindas, tocantes palavras que escreveu para mim e que guardarei na memória do coração.

O beijo e o carinho do seu,

Drummond. 

Primeiros Passos Literários

Os elementos folclóricos que faziam parte do cotidiano de Ana serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse a dona de uma voz inigualável e sua poesia atingisse um nível de qualidade literária jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do Centro-Oeste brasileiro.

Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela a descoberta de como a simplicidade pode ser o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.


Divulgação Nacional

Foi ao ter a segunda edição (1978) de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, composta e impressa pelas oficinas gráficas da Universidade Federal de Goiás, com capa retratando um dos becos da cidade de Goiás e ilustrações elaboradas pela consagrada artista Maria Guilhermina, orelha de J. B. Martins Ramos, e prefácio de Oswaldino Marques, saudada por Carlos Drummond de Andrade no Jornal do Brasil, a 27 de dezembro de 1980, que Ana, já conhecida como Cora Coralina, ganhou a atenção e passou a ser admirada por todo o Brasil.

"Não estou fazendo comercial de editora, em época de festas. A obra foi publicada pela Universidade Federal de Goiás. Se há livros comovedores, este é um deles". Manifestou-se, ao ensejo, o vate Drummond.

Casa de Cora Coralina

A primeira edição de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, seu primeiro livro, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965, quando a poetisa já contabilizava 75 anos. Reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX. Já a segunda edição, repetindo, saiu em 1978 pela imprensa da Universidade Federal de Goiás. E a terceira, em 1980. Desta vez, pela recém implantada editora da Universidade Federal de Goiás, dentro da Coleção Documentos Goianos.

Onze anos depois da primeira edição de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, compôs, em 1976, Meu Livro de Cordel. Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed. Global).

Livros e Outras Obras

  • Estórias da Casa Velha da Ponte (Contos)
  • Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (Poesia)
  • Meninos Verdes (infantil)
  • Meu Livro de Cordel
  • O Tesouro da Casa Velha
  • A Moeda de Ouro Que o Pato Engoliu (Infantil)
  • Vintém de Cobre
  • As Cocadas (Infantil)

Fonte: WikipédiaNossa Casa