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Ely Camargo

ELY CAMARGO
(84 anos)
Cantora, Folclorista, Violonista e Radialista

* Goiás, Cidade de Goiás ou Goiás Velho, GO (12/02/1930)
+ Goiânia, GO (03/11/2014)

A música folclórica do Estado de Goiás não poderá jamais ser citada sem incluir o nome de sua maior representante que é a cantora e folclorista Ely Camargo

Cantora, pesquisadora de folclore, violonista, professora e também farmacêutica, Ely Camargo, assim como Inezita Barroso, é uma das principais intérpretes não somente do folclore goiano, mas também do riquíssimo folclore brasileiro.

Ely Camargo nasceu no dia 12/02/1930 na cidade de Goiás, GO, a antiga e histórica Capital do Estado, também conhecida como Goyaz Velho, que é também a cidade-natal da poetisa e escritora Cora Coralina e também da artista plástica Goiandira do Couto.

Era filha de Joaquim Edison Camargo (Goiás, GO, 07/09/1900 - Goiânia, GO, 25/03/1966) que foi compositor e regente da Orquestra Sinfônica de Goiânia. Foi comemorado o Centenário de Joaquim Edison Camargo no dia 07/09/2000, ocasião na qual Ely Camargo gravou o CD "Lembranças de Goyaz" com 10 belíssimas composições por ela interpretadas.

Durante a infância, cantou em coros de igreja. Foi integrante em 1960 do Trio Guairá de Goiânia e, em 1961 e 1962, apresentou na Rádio Brasil Central de Goiânia, um programa que era por ela produzido e que também era retransmitido em Brasília, DF pela Rádio e TV Nacional.

Em 1962, Ely Camargo passou a morar em São Paulo onde assinou seu primeiro contrato com a extinta TV Tupi e, no mesmo ano, gravou o LP "Canções da Minha Terra" pela gravadora Chantecler. Ely Camargo também lançou na mesma gravadora os LP's com o mesmo título, nos Volumes 2, 3 e 4.

Em 1964, gravou, também na Chantecler, o LP "Folclore do Brasil", no qual interpretou "Cantos de Trabalho nas Plantações de Arroz, de São João da Boa Vista, SP", e também um "Canto de Ferreiro, de Botucatu, SP", recolhido por Rossini Tavares de Lima.

Pesquisando o nosso riquíssimo folclore, Ely Camargo reuniu um enorme e riquíssimo acervo coletado em viagens por diversos rincões do Brasil, incluindo também as Regiões Norte e Nordeste.

Além de alguns compactos e dois discos 78 RPM, Ely Camargo gravou cerca de 15 LP's, alguns dos quais foram lançados também em países como África do Sul, Alemanha, Itália e Portugal.


Seus dois Discos 78 RPM foram gravados na Chantecler em 1962 e 1963, tendo no Lado A do disco n° 78-0595 (1962) o arrasta-pé "Santo Antônio Tenha Dó" (Maria do Rosário Veiga Torres) e o samba caipira "Marido Pealado" (Teddy Vieira e Almayara), no Lado B do mesmo disco.

No Lado A do disco nº 78-0660 (1963), a valsa "Tempos Passados" (Zica Bergami) e a moda de viola "Lá Na Venda Lá Na Vendinha" (Lourdes Maia), no Lado B do mesmo Disco.

Ely Camargo também integrou o Conselho da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia e, na Rádio da Universidade Federal de Goiás, ela apresentou os programas "Brasil de Canto a Canto", "Ely Camargo Convida" e "Alma Brasileira".

Em 1973, Ely Camargo lançou pela gravadora Chantecler/Alvorada o LP "Minha Terra" (CALP 8053), o qual foi bastante elogiado pelo crítico José Ramos Tinhorão, no Jornal do Brasil.

Um dos maiores sucessos de Ely Camargo como compositora foi sem dúvida "O Menino e o Circo" (Ely Camargo), composição musical que ficou conhecida nas belíssimas vozes de Cascatinha & Inhana, gravação que está presente na 15ª faixa do CD "Meio Século de Música Sertaneja - Volume 02" da BMG (gravação original RCA Victor).

No final dos anos 90, Ely Camargo passou a trabalhar na Secretária Municipal de Cultura de Goiânia. Seus trabalhos mais recentes foram os CD's "Cantigas do Povo - Água da Fonte", que conta com a participação especial da Banda de Pífanos de Caruaru e de um coral regido por Sérgio Vasconcellos Corrêa, lançado em 1999 pelas Edições Paulinas, além do CD "Lembranças de Goyaz", um disco-tributo que Ely Camargo gravou em 2001 por ocasião do centenário de nascimento de seu pai, e o CD "Ely Camargo e Roberto Corrêa - Canções Brasileiras", lançado em 2009.

No CD "Cantigas do Povo - Água da Fonte", comentado no encarte por Jorge Kaszás e José Ramos Tinhorão, Ely Camargo interpreta Cantos Religiosos, tais como Reisados, Benditos, Cantos Para Pedir Chuva e Incelências, dos Estados de Alagoas, Goiás, Bahia, Minas Gerais e Ceará, recolhidos e adaptados por Ely Camargo e também pelo Frei Francisco Van Der Poel, OFM. 

No CD "Lembrança de Goyaz", Ely Camargo interpreta 10 belíssimas composições de seu pai Joaquim Edison Camargo que, de acordo com José Mendonça Teles, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, em comentário no encarte do CD:

"... viveu aquela geração romântica da antiga Vila Boa, dos saraus e das retretas, daí os temas apaixonados, e nostálgicos de suas músicas. Lembro-me dele dirigindo os corais do Lyceu e do Instituto de Educação de Goiás: magro, olhos fundos. estatura mediana, cabelos lisos, voz mansa, pausada, disfarçado bigodinho e inteiro na sua grandeza moral. A vida do maestro é toda ela dedicada à música, embora tenha se bacharelado em Direito. Pioneiro de Goiânia, aqui chegou em 1938, quando nasciam as primeiras casas da cidade. Foi o criador da primeira Orquestra Sinfônica de Goiânia. Este CD, comemorativo do centenário de seu nascimento, com 10 canções interpretadas por sua filha Ely Camargo, das quais 7 inéditas, resgata a memória do notável maestro que tanto cantou as belezas da terra goiana."

Gravado mais recentemente, em 2009, o CD "Ely Camargo e Roberto Corrêa - Canções Brasileiras", mixado e masterizado no Zen Studios de Brasília, DF, brinda o apreciador com a belíssima voz de Ely Camargo, acompanhada pelo solo de viola de Roberto Corrêa, com músicas tradicionais do cancioneiro popular, e também de autores conhecidos, cujas obras já caíram em domínio público. Destaque para "Casinha Pequenina" (Tradicional), e "Mostraram-me um Dia" (Gonçalves Crespo), também conhecida pelos títulos "Mucama", "Mestiça" e "Mulata", com poesia de Gonçalves Crespo, intitulada "Canção", escrita em 1870.

Morte

Na segunda-feira, 03/11/2014, um sono profundo silenciou uma das vozes mais importantes do cenário goiano. Ely Carmago, 84 anos, faleceu de causas naturais em seu apartamento. Ely Camargo era diabética, mas faleceu de causas naturais por conta da idade avançada. A cantora ficava sob os cuidados de uma cuidadora e passou mal na madrugada de segunda-feira. Após se recusar a ir para um hospital, Ely Camargo dormiu e não acordou mais.

O corpo de Ely Camargo foi velado no Cemitério Jardim das Palmeiras e o sepultamento aconteceu às 17:00 hs de 04/11/2014 no Cemitério Santana.

Discografia
  • S/D - Gralha Azul (LP)
  • S/D - Danças Folclóricas e Folguedos Populares (LP)
  • S/D - Cantos da Minha Gente (LP)
  • S/D - Cantigas do Povo (LP)
  • S/D - Água da Fonte (LP)
  • 1993 - Cantigas do Povo - Água da Fonte (LP)
  • 1978 - Minha Terra (LP)
  • 1968 - Canção da Guitarra - Músicas de Marcelo Tupinambá (LP)
  • 1964 - Canções da Minha Terra Volume 4 (LP)
  • 1964 - Folclore do Brasil (LP)
  • 1963 - Tempos Passados / Lá na Venda, Lá na Vendinha (78)
  • 1963 - Canções da Minha Terra Volume 3 (LP)
  • 1963 - Canções da Minha Terra. Volume 2 (LP)
  • 1962 - Santo Antônio Tenha Dó / Marido Pelado (78)
  • 1962 - Canções da Minha Terra (LP) • Chantecler • LP

Fonte: Boa Música
Indicação: Miguel Sampaio

Adib Jatene

ADIB DOMINGOS JATENE
(85 anos)
Médico, Professor, Inventor e Cientista

* Xapuri, AC (04/06/1929)
+ São Paulo, SP (14/11/2014)

Adib Domingos Jatene foi um médico (cirurgião torácico), professor universitário, inventor e cientista brasileiro. Filho de imigrantes árabes, formou-se em medicina na Universidade de São Paulo (USP), onde viria se tornar depois professor.

Conhecido e respeitado internacionalmente, além das dezenas de inovações no meio médico, como o inventor de uma cirurgia do coração, que leva seu nome, para tratamento da transposição das grandes artérias em récem-nascidos, e do primeiro coração-pulmão artificial do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Trabalhou com o professor Euryclides de Jesus Zerbini.

Vida

Filho de imigrantes libaneses, Adib Jatene nasceu em Xapuri no Acre. Aos dois anos perdeu seu pai, que era comerciante e fornecia os seringais. Terminou o curso primário no Acre, logo após foi para Uberlândia, MG, onde fez o ginásio e o primeiro ano científico. Depois foi para São Paulo, estudar engenharia no Colégio Bandeirantes, onde logo após acabou desistindo de cursar engenharia e resolveu cursar medicina.

No quarto ano do curso de medicina começou a adquirir vivência em cirurgia, e entrou no grupo do professor Euryclides de Jesus Zerbini, inclusive em maio de 1951, quando Zerbini operou o primeiro doente de estenose mitral e Adib Jatene o instrumentou.

Adib Jatene fez toda sua pós-graduação no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com o professor Zerbini.

Em 1957 esteve em Uberaba onde foi professor de Anatomia Topográfica, onde também logo após montou seu primeiro modelo de coração artificial que utilizava um oxigenador de disco e uma bomba de rolete.

Adib Jatene foi secretário estadual de Saúde no governo Paulo Maluf e duas vezes ministro da Saúde, durante o Governo Collor e, a última delas, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Era membro da Academia Nacional de Medicina.

CPMF

Adib Jatene é considerado por alguns o "pai" da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), pois ele foi buscar a aprovação da contribuição com a promessa do então presidente Fernando Henrique Cardoso de que ela seria um recurso a mais para a saúde. A promessa não foi cumprida e o Ministério da Saúde perdeu mais recursos do que os que conseguiu com a CPMF.

Quando perguntado se sua saída do Governo Fernando Henrique Cardoso teve relação com a CPMF, Adib Jatene respondeu:

"Teve relação direta. Eu disse ao presidente Fernando Henrique que precisava de recursos. Ele pediu para falar com o Pedro Malan (ministro da Fazenda). O Malan me disse que, em dois ou três anos, daria o dinheiro que eu precisava. Não podia esperar tanto tempo. Propus a volta do imposto sobre o cheque, que se chamava IPMF e havia sido extinto em 1994. O presidente disse: 'Você não vai conseguir aprovar isso!'. Respondi: 'Posso tentar?'. Ele autorizou. Pedi o compromisso dele de que o orçamento da Saúde não seria reduzido. A CPMF entraria como o adicional. E ele: 'Isso eu posso te garantir'. Depois da aprovação, a Fazenda reduziu o meu orçamento. Voltei ao presidente. Disse: 'No Congresso, me diziam que isso ia acontecer. Eu respondia que não, porque tinha a sua palavra. Se o senhor não consegue manter a sua palavra, entendo a sua dificuldade. Mas me faça um favor. Ponha outro no meu lugar. Foi assim que eu saí, em novembro de 1996'”

Morte

O cardiologista e ex-ministro da Saúde Adib Jatene, um dos maiores nomes da medicina no Brasil, morreu na noite de sexta-feira, 14/11/2014, aos 85 anos. Ele estava internado desde 22/09/2014 no Hospital do Coração (HCor), do qual era diretor-geral, após sofrer um infarto.

O ex-ministro já havia sofrido um ataque cardíaco em 2012. Após recuperar-se, escreveu um depoimento à Revista Veja São Paulo no qual relatou ter diagnosticado o seu próprio infarto.

"Peguei o telefone e não tive dúvida: liguei para o (Instituto) Dante Pazzanese e falei com o médico José Eduardo Sousa. Falei: 'Preciso de você. Estou infartando e teremos de fazer o cateterismo que deveríamos ter realizado semanas atrás!'"

Adib Jatene deixa sua mulher, Aurice, quatro filhos - os médicos Ieda, Marcelo e Fábio e a arquiteta Iara - e dez netos.

Fonte: Wikipédia e Veja 
Indicação: Fadinha Veras

Ariano Suassuna

ARIANO VILAR SUASSUNA
(87 anos)
Dramaturgo, Romancista, Poeta e Professor

* João Pessoa, PB (16/06/1927)
+ Recife, PE (23/07/2014)

Ariano Vilar Suassuna foi um dramaturgo, romancista e poeta brasileiro. Era o atual secretário de assessoria ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Foi defensor da cultura do Nordeste e autor do "Auto da Compadecida" e "A Pedra do Reino".

Ariano Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, PB, no dia 16/06/1927, filho de João Suassuna e Cássia Vilar. No ano seguinte, seu pai deixou o Governo da Paraíba e a família passou a morar no sertão, na Fazenda Acauã, em Aparecida, PB.

Com a Revolução de 1930, seu pai foi assassinado por motivos políticos no Rio de Janeiro e a família mudou-se para Taperoá, PB, onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano Suassuna fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de "improvisação" seria uma das marcas registradas também da sua produção teatral.

A partir de 1942 passou a viver no Recife, PE, onde terminou, em 1945, os estudos secundários no Ginásio Pernambucano, no Colégio Americano Batista e no Colégio Osvaldo Cruz.

Em 1943 iniciou a Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco.

Em 1947, escreveu sua primeira peça, "Uma Mulher Vestida de Sol".

Em 1948, sua peça "Cantam as Harpas de Sião" (ou "O Desertor de Princesa") foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. "Os Homens de Barro" foi montada no ano seguinte, em 1949. Seguiram-se "Auto de João da Cruz", de 1950, que recebeu o Prêmio Martins Pena, o aclamado "Auto da Compadecida", de 1955, "O Santo e a Porca - O Casamento Suspeitoso", de 1957, "A Pena e a Lei", de 1959, "A Farsa da Boa Preguiça", de 1960, e "A Caseira e a Catarina", de 1961.

Em 1950, formou-se na Faculdade de Direito e recebeu o Prêmio Martins Pena pelo "Auto de João da Cruz". Para curar-se de doença pulmonar, viu-se obrigado a mudar-se de novo para Taperoá. Lá escreveu e montou a peça "Torturas de um Coração" em 1951.


Em 1952, voltou a residir em Recife. Deste ano a 1956, dedicou-se à advocacia, sem abandonar, porém, a atividade teatral. São desta época "O Castigo da Soberba" (1953), "O Rico Avarento" (1954) e o "Auto da Compadecida" (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por grupos de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e para o cinema.

Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Em 1957 foi encenada a peça "O Casamento Suspeitoso", em São Paulo, pela Companhia Sérgio Cardoso, e "O Santo e a Porca".

Em 1958, foi encenada a peça "O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna".

Em 1959, foi encenada a peça "A Pena e a Lei", premiada dez anos depois no Festival Latino-Americano de Teatro. Ainda em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste, que montou em seguida a "Farsa da Boa Preguiça" (1960) e "A Caseira e a Catarina" (1962).

No início dos anos 60, interrompeu sua bem-sucedida carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ali, em 1976, defendeu a tese de livre-docência "A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira".

Aposentou-se como professor em 1994 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Membro fundador do Conselho Federal de Cultura em 1967; nomeado, pelo reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1969.

Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o "Movimento Armorial", interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais. Convocou nomes expressivos da música para procurarem uma música erudita nordestina que viesse juntar-se ao movimento, lançado em Recife, em 18/10/1970, com o concerto "Três Séculos de Música Nordestina - do Barroco ao Armorial" e com uma exposição de gravura, pintura e escultura. Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998).


Entre 1958 e 1979, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o "Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta" (1971) e "História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana" (1976), classificados por ele de "romance armorial-popular brasileiro".

Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte, PE, onde ocorre a cavalgada inspirada no "Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta", um santuário ao ar livre, constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas em círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do município.

Foi membro da Academia Paraibana de Letras e e no ano de 2000, Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Em 2002, Ariano Suassuna foi tema de enredo no Carnaval carioca na escola de samba Império Serrano.

Em 2004, com o apoio da Academia Brasileira de Letras (ABL), a Trinca Filmes produziu um documentário intitulado "O Sertão: Mundo de Ariano Suassuna", dirigido por Douglas Machado e que foi exibido na Sala José de Alencar.

Em 2006, foi concedido título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mas que veio a ser entregue apenas em 10/06/2010, às vésperas de completar 83 anos. "Podia até parecer que não queria receber a honraria, mas era problemas de agenda", afirmou Ariano Suassuna, referindo-se ao tempo entre a concessão e o recebimento do título.

Em 2008, foi novamente tema de enredo, desta vez da escola de samba Mancha Verde no Carnaval paulista.

Em 2013 sua mais famosa obra, "Auto da Compadecida" foi o tema da escola de samba Pérola Negra em São Paulo.

Ariano Suassuna era um torcedor fanático do Sport Club do Recife.

De formação calvinista e posteriormente agnóstico, converteu-se ao catolicismo, o que viria a marcar definitivamente a sua obra.

Ariano Suassuna estreou seus dons literários precocemente no dia 07/10/1945, quando o seu poema "Noturno" foi publicado em destaque no Jornal do Commercio do Recife.


Movimento Armorial

Ariano Suassuna foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro. Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões.

As obras de Ariano Suassuna já foram traduzidas para inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês.

Academias

Academia Pernambucana de Letras

Em 1993, foi eleito para a cadeira 18 da Academia Pernambucana de Letras, cujo patrono é o escritor Afonso Olindense.

Academia Brasileira de Letras

Desde 1990, ocupava a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o Barão de Santo Ângelo.

Academia Paraibana de Letras

Assumiu a cadeira 35 na Academia Paraibana de Letras em 09/10/2000, cujo patrono é Raul Campelo Machado, sendo recepcionado pelo acadêmico Joacil de Brito Pereira.


Morte

Segundo boletim médico divulgado pelo Real Hospital Português, do Recife, em 23/07/2014, às 11:00 hs, seu quadro seguia instável e grave. O escritor permanecia em coma, respirando com a ajuda de aparelhos.

Ariano Suassuna passou mal na noite de segunda-feira, 21/07/2014, por volta das 20:00 hs, e foi levado ao hospital com um sangramento intracraniano. Ele foi submetido a uma cirurgia e encaminhado para a UTI Neurológica. Na manhã do dia 22/07/2014, foi realizado outro procedimento médico. No boletim divulgado no período da noite, os médicos constataram a piora de seu estado de saúde, com queda da pressão arterial e aumento da pressão intracraniana.

O escritor já tinha sido internado duas vezes em 2013. No dia 21 de agosto, Ariano Suassuna passou mal em sua residência e foi hospitalizado. O diagnóstico médico apontou infarto agudo do miocárdio, de pequenas proporções. Após seis dias na unidade de saúde, recebeu alta. Poucos dias depois, foi detectado um aneurisma cerebral. Ele passou por um procedimento cirúrgico para tratar o problema e foi para casa novamente no dia 4 de setembro.

Ariano Suassuna morreu no Recife, PE, na quarta-feira, 23/07/2014, aos 87 anos. O velório do corpo do escritor começa ainda na noite de  quarta-feira, no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, que decretou luto oficial de três dias. A partir das 23:00 hs, será aberto o acesso do público ao local. O enterro está previsto para a tarde de quinta-feira, 24/07/2014, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife.


Obras Selecionadas

  • 1947 - Uma Mulher Vestida de Sol
  • 1948 - Cantam as Harpas de Sião ou O Desertor de Princesa
  • 1949 - Os Homens de Barro
  • 1950 - Auto de João da Cruz
  • 1951 - Torturas de um Coração
  • 1952 - O Arco Desolado
  • 1953 - O Castigo da Soberba
  • 1954 - O Rico Avarento
  • 1955 - Auto da Compadecida
  • 1957 - O Casamento Suspeitoso
  • 1957 - O Santo e a Porca
  • 1958 - O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna
  • 1959 - A Pena e a Lei
  • 1960 - Farsa da Boa Preguiça
  • 1962 - A Caseira e a Catarina
  • 1987 - As Conchambranças de Quaderna
  • 1956 - Fernando e Isaura (Inédito até 1994)

Romance

  • 1956 - A História de amor de Fernando e Isaura
  • 1971 - O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta
  • 1976 - História d'O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana

Palestras

  • Defesa contra a teoria da evolução.

Poesia

  • 1945 - O Pasto Incendiado
  • 1955 - Ode
  • 1970 - O Pasto Incendiado
  • 1980 - Sonetos Com Mote Alheio
  • 1985 - Sonetos de Albano Cervonegro
  • 1999 - Poemas (Antologia)

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio e Fadinha Veras

Rubem Alves

RUBEM ALVES
(80 anos)
Psicanalista, Professor, Teólogo e Escritor

* Boa Esperança, MG (15/09/1933)
+ Campinas, SP (19/07/2014)

Rubem Alves foi um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, é autor de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis. Nasceu no dia 15/09/1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais, naquele tempo chamada de Dores da Boa Esperança. A cidade é conhecida pela serra imortalizada por Lamartine Babo e Francisco Alves na música "Serra da Boa Esperança".

A família mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1945, onde, apesar de matriculado em bom colégio, sofria com a chacota de seus colegas que não perdoavam seu sotaque mineiro. Buscou refúgio na religião, pois vivia solitário, sem amigos. Teve aulas de piano, mas não teve o mesmo desempenho de seu conterrâneo, Nelson Freire. Foi bem sucedido no estudo de teologia e iniciou sua carreira dentro de sua igreja como pastor em cidade do interior de Minas.

No período de 1953 a 1957 estudou Teologia no Seminário Presbiteriano  de Campinas, SP, tendo se transferido para Lavras, MG, em 1958, onde exerceu as funções de pastor naquela comunidade até 1963.

Casou-se em 1959 e teve três filhos: Sérgio (1959), Marcos (1962) e Raquel (1975) que foi sua musa inspiradora na feitura de contos infantis.

Em 1963 foi estudar em New York, retornando ao Brasil no mês de maio de 1964 com o título de Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary. Denunciado pelas autoridades da Igreja Presbiteriana como subversivo, em 1968, foi perseguido pelo regime militar. Abandonou a igreja presbiteriana e retornou com a família para os Estados Unidos, fugindo das ameaças que recebia. Lá, tornou-se Doutor em Filosofia (Ph.D.) pelo Princeton Theological Seminary.

Sua tese de doutoramento em teologia, "A Theology Of Human Hope", publicada em 1969 pela editora católica Corpus Books é, no seu entendimento, "um dos primeiros brotos daquilo que posteriormente recebeu o nome de Teoria da Libertação".

De volta ao Brasil, lecionou no Instituto Presbiteriano Gammon, na cidade de Lavras, MG, no Seminário Presbiteriano de Campinas, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde recebeu o título de Professor Emérito.


Tinha um grande número de publicações, tais como crônicas, ensaios e contos, além de ser ele mesmo o tema de diversas teses, dissertações e monografias. Muitos de seus livros foram publicados em outros idiomas, como inglês, francês, italiano, espanhol, alemão e romeno.

Em 1971, foi professor-visitante no Union Theological Seminary.

Em 1973, transferiu-se para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), como professor-adjunto na Faculdade de Educação.

No ano seguinte, 1974, ocupou o cargo de professor-titular de Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Foi nomeado professor-titular na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, em 1979, professor livre-docente no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) daquela universidade. Convidado pela Nobel Fundation, proferiu conferência intitulada "The Quest For Peace".

Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi eleito representante dos professores titulares junto ao Conselho Universitário, no período de 1980 a 1985, Diretor da Assessoria de Relações Internacionais de 1985 a 1988 e Diretor da Assessoria Especial para Assuntos de Ensino de 1983 a 1985.

No início da década de 80 tornou-se psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise.

Em 1988, foi professor-visitante na Universidade de Birmingham, Inglaterra. Posteriormente, a convite da  Rockefeller Fundation fez residência no Bellagio Study Center, Itália.

Na literatura e na poesia encontrou a alegria que o manteve vivo nas horas más por que passou. Admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octávio Paz, Saramago, Nietzsche, T. S. Eliot, Camus, Santo Agostinho, BorgesFernando Pessoa, entre outros, tornou-se autor de inúmeros livros, e colaborador em diversos jornais e revistas com crônicas de grande sucesso, em especial entre os vestibulandos. 


Afirmava que era "psicanalista, embora heterodoxo", pois nela reside o fato de que acredita que no mais profundo do inconsciente mora a beleza.

Após se aposentar tornou-se proprietário de um restaurante na cidade de Campinas, SP, onde deu vazão a seu amor pela cozinha. No local eram também ministrados cursos sobre cinema, pintura e literatura, além de contar com um ótimo trio com música ao vivo, sempre contando com "canjas" de alunos da Faculdade de Música da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Rubem Alves era membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadão-honorário de Campinas, onde recebeu a Medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.

Rubem Alves viveu em Campinas, onde mantinha um grupo, chamado Canoeiros, que se encontra semanalmente para leitura de poesias.

Sua mensagem é direta e, por vezes, romântica, explorando a essência do homem e a alma do ser. É algo como um contraponto à visão atual de homo globalizadus que busca satisfazer desejos, muitas vezes além de suas reais necessidades.

"Ensinar" era descrito por Rubem Alves como um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte. É como a vida de um palhaço que entra no picadeiro todos os dias com a missão renovada de divertir. Ensinar é fazer aquele momento único e especial. Ridendo dicere severum (Rindo, dizer coisas sérias). Mostrando que esta, na verdade é a forma mais eficaz e verdadeira de transmitir conhecimento. Agindo como um mago e não como um mágico. Não como alguém que ilude e sim como quem acredita e faz crer, que deve fazer acontecer.

Em alguns de seus textos, cita passagens da Bíblia, valendo-se de metáforas.


Teologia

Autor do livro "Da Esperança (Teologia da Esperança Humana)", Rubem Alves é tido por muitos estudiosos como uma das mais relevantes personalidades no cenário teológico brasileiro. O fundador da reflexão sobre uma teologia libertadora, que em breve seria chamada de Teologia da Libertação. Via no Humanismo um messianismo restaurador e assim, desde os anos 60 participou do movimento latino-americano de renovação da teologia.

Sua posição liberal logo lhe trouxe graves problemas em seu relacionamento com o protestantismo histórico e especificamente presbiteriano. Foi questionado desde cedo por suas ideias e teve de abandonar o pastorado, tendo antes abandonado suas convicções doutrinárias ortodoxas.

Foi dessa experiência que surgiu o livro "Protestantismo e Repressão", que busca elucidar os labirintos do cotidiano histórico deste movimento religioso. Escreveu ainda um livro em inglês que falava do futuro da humanidade, "Filhos do Amanhã", onde tratou de como um futuro libertador dependia de categorias que a ciência ocidental havia desprezado.

Lançou ainda um livro chamado "Variações Sobre a Vida e a Morte", onde trata de construir uma teologia poética, preocupada com o corpo, com a vida em sua dimensão real.

Foi proibido de falar nos púlpitos da Igreja Presbiteriana do Brasil, o que não o impediu de ser convidado para pregar na Igreja Presbiteriana de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 31/10/2003, por ocasião das comemorações pela Reforma Protestante.


Morte

Rubem Alves morreu no sábado, 19/07/2014, vítima de falência múltipla de órgãos, aos 80 anos. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Centro Médico de Campinas, a 93 km de São Paulo.

Rubem Alves foi internado no dia 10/07/2014 com um quadro de insuficiência respiratória, devido a uma pneumonia. Segundo boletim médico, ele tinha apresentado agravamento das funções renais e pulmonares na sexta-feira, dia 18/07/2014.


Obras

Crônicas
  • As Contas de Vidro e o Fio de Nylon
  • Navegando
  • Teologia do Cotidiano
  • A Festa de Maria
  • Cenas da Vida
  • Concerto Para Corpo e Alma
  • E Aí? - Cartas Aos Adolescentes e a Seus Pais
  • O Quarto do Mistério
  • O Retorno Eterno
  • Sobre o Tempo e a Eterna Idade
  • Tempus Fugit


Livros Infantis
  • A Menina, a Gaiola e a Bicicleta
  • A Boneca de Pano
  • A Loja de Brinquedos
  • A Menina e a Pantera Negra
  • A Menina e o Pássaro Encantado
  • A Pipa e a Flor
  • A Porquinha de Rabo Esticadinho
  • A Toupeira Que Queria Ver o Cometa
  • Estórias de Bichos
  • Lagartixas e Dinossauros
  • O Escorpião e a Rã
  • O Flautista Mágico
  • O Gambá Que Não Sabia Sorrir
  • O Gato Que Gostava de Cenouras
  • O País dos Dedos Gordos
  • A Árvore e a Aranha
  • A Libélula e a Tartaruga
  • A Montanha Encantada dos Gansos Selvagens
  • A Operação de Lili
  • A Planície e o Abismo
  • A Selva e o Mar
  • A Volta do Pássaro Encantado
  • Como Nasceu a Alegria
  • O Medo da Sementinha
  • Os Morangos
  • O Passarinho Engaiolado
  • Vuelve, Pájaro Encantado


Filosofia da Ciência e da Educação
  • A Alegria de Ensinar
  • Conversas Com Quem Gosta de Ensinar
  • Estórias de Quem Gosta de Ensinar
  • Filosofia da Ciência
  • Entre a Ciência e a Sapiência)


Filosofia da Religião
  • O Enigma da Religião
  • L' Enigma Della Religione
  • O Que é Religião?
  • What Is Religion?
  • Was Ist Religion?
  • Protestantismo e Repressão
  • Protestantism And Repression
  • Dogmatismo e Tolerância
  • O Suspiro dos Oprimidos


Biografias
  • Gandhi: A Magia dos Gestos Poéticos


Teologia
  • A Theology Of Human Hope
  • Christianisme, Opium ou Liberation?
  • Teologia Della Speranza Umana
  • Da Esperança
  • Tomorrow's Child
  • Hijos Del Manana
  • Il Figlio Dei Domani
  • Teologia Como Juego
  • Variações Sobre a Vida e a Morte
  • Creio na Ressurreição do Corpo
  • Ich Glaube An Die Auferstehung Des Leibes
  • I Believe In The Resurrection Of The Body
  • Je Crois En La Résurrection Du Corps
  • Poesia, Profecia, Magia
  • Der Wind Blühet Wo Er Will
  • Pai Nosso
  • Vater Unser
  • The Poet, The Warrior, The Prophet)
  • Parole da Mangiari (The Poet, The Warrior, The Prophet)

Vídeos
  • O Símbolo
  • Visões do Paraíso (Realizado Para Apresentação na ECO-92)
  • Conversando Com Quem Gosta de Ensinar


João Ubaldo Ribeiro

JOÃO UBALDO OSÓRIO PIMENTEL RIBEIRO
(73 anos)
Escritor, Professor, Jornalista e Roteirista

* Itaparica, BA (23/01/1941)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/07/2014)

João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro foi um escritor, jornalista, roteirista e professor brasileiro, formado em direito e membro da Academia Brasileira de Letras. Foi ganhador do Prêmio Camões de 2008, maior premiação para autores de língua portuguesa.

João Ubaldo Ribeiro teve algumas obras adaptadas para a televisão e para o cinema, além de ter sido distinguido em outros países, como a Alemanha. É autor de romances como "Sargento Getúlio", "O Sorriso do Lagarto", "A Casa dos Budas Ditosos", que causou polêmica e ficou proibido em alguns estabelecimentos, e "Viva o Povo Brasileiro", tendo sido, esse último, destacado como samba-enredo pela escola de samba Império da Tijuca, no Carnaval de 1987.

João Ubaldo Ribeiro era pai do ator e apresentador Bento Ribeiro.

Nascido na Bahia na casa do avô materno, quando completou dois meses de idade a família mudou-se para Aracaju, SE, onde passou parte da infância. Seu pai, Manuel Ribeiro, advogado de renome na capital baiana, veio a ser o fundador e diretor do curso de Direito da Universidade Católica do Salvador (UCSal). Sua mãe Maria Filipa Osório Pimentel deu à luz mais dois filhos: Sônia Maria e Manuel.


Formação

Seu pai, por ser professor, não suportava a ideia de ter um filho analfabeto e João Ubaldo iniciou seus estudos com um professor particular, em 1947. Alfabetizado, ingressou no Instituto Ipiranga, em 1948, ano em que leu muitos livros infantis, principalmente a obra de Monteiro Lobato. O pai de João Ubaldo sempre fora exigente, o que fez do garoto se empenhar intensamente nos estudos.

Em 1951 ingressou no Colégio Estadual Atheneu Sergipense, em Aracaju. Prestava ao pai, diariamente, contas sobre os textos que havia lido e algumas vezes era obrigado a resumi-los e traduzir alguns de seus trechos. Afirma ter feito essas tarefas com prazer e, nas férias, estudava também o latim.

Seu pai era chefe da Polícia Militar, e nessa época, passou a sofrer pressões políticas, o que o fez transferir-se com a família para Salvador. Na capital baiana João Ubaldo foi matriculado no Colégio Sofia Costa Pinto.

Em 1955 matriculou-se no curso clássico do Colégio da Bahia, conhecido como Colégio Central, onde conheceu seu colega Glauber Rocha.

Em 1958 iniciou seu Curso de Direito na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Em 1959, entrou para o curso do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Exército no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) da Bahia, mas não chegou a completá-lo: escolhido para compor um grupo de estudantes convidado para uma viagem para os Estados Unidos, na volta ao quartel foi injustamente desligado.

Em 1964, João Ubaldo partiu para os Estados Unidos com uma bolsa de estudos concedida pelo governo daquele país para fazer seu mestrado em Ciência Política na Universidade do Sul da Califórnia.


Jornalismo

Em 1957 estreou no jornalismo, trabalhando como repórter no Jornal da Bahia, sendo depois transferido para a Tribuna da Bahia, onde chegou a exercer o posto de editor-chefe. Editou juntamente com Glauber Rocha, revistas e jornais culturais e participou do Movimento Estudantil (1958). Apesar de nunca ter exercido a profissão de advogado, foi aluno exemplar. Nessa mesma Universidade, concluído o curso de Direito, fez pós-graduação em Administração Pública.

João Ubaldo Ribeiro colaborou nos editais O Globo, Frankfurter Rundschau (Alemanha), Jornal da Bahia, Die Zeit (Alemanha), The Times Literary Supplement (Inglaterra), O Jornal (Portugal), Jornal de Letras (Portugal), O Estado de São Paulo, A Tarde e muitos outros, internacionais e nacionais.


Vida Pessoal e Viagens

Seu primeiro casamento foi em 1960 com Maria Beatriz Moreira Caldas, sua colega na Faculdade de Direito. Separaram-se após nove anos de vida conjugal. João Ubaldo passou boa parte de sua vida no exterior, em países como nos Estados Unidos (como estudante e, posteriormente, como professor convidado), em Portugal (editando em parceria com o jornalista Tarso de Castro a revista Careta) e na Alemanha (publicando crônicas semanais para o jornal Frankfurter Rundschau, além de produzir peças para o rádio).

Em 1964 partiu para os Estados Unidos, através de uma bolsa de estudos conseguida junto à Embaixada norte-americana, para fazer seu mestrado em Administração Pública e Ciência Política na Universidade da Califórnia do Sul. Na sua ausência, teve até sua fotografia divulgada pela televisão baiana, encimada com a palavra Procura-se.

Voltou ao Brasil em 1965 e começou a lecionar Ciências Políticas na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ali permaneceu por seis anos, mas desistiu da carreira acadêmica e retornou ao jornalismo.

Em 1969 casou-se com a historiadora Mônica Maria Roters, com quem teve duas filhas, Emília e Manuela. O casamento acabou em 1978, e em 1980 casou-se com a psicanalista Berenice Batella, com quem teve dois filhos, Bento e Francisca.

João Ubaldo Ribeiro participou, em Cuba, do júri do concurso Casa das Américas, juntamente com o critico literário Antônio Cândido e o ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri. O primeiro prêmio havia sido concedido à brasileira Ana Maria Machado. Residindo em Portugal editou com o jornalista Tarso de Castro, a revista Careta.

Voltou a residir no Rio de Janeiro em 1991 e, em 1994, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Participou no mesmo ano da Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha, recebendo o Prêmio Anna Seghers, concedido somente a escritores alemães e latino-americanos.


Carreira Literária

Em 1959 participou da antologia Panorama do Conto Baiano, com o conto "Lugar e Circunstância". A antologia foi publicada pela Imprensa Oficial da Bahia. Nesse período trabalhou na Prefeitura de Salvador como office-boy do Gabinete e logo em seguida como redator do Departamento de Turismo.

Em 1961, participou da coletânea de contos "Reunião", editada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com os contos "Josefina", "Decalião" e "O Campeão".

Em 1963 escreveu seu primeiro romance, "Setembro Não Faz Sentido", com prefácio do colega Glauber Rocha e apadrinhamento de Jorge Amado. O título original seria "A Semana da Pátria", mas por sugestão da editora, João Ubaldo alterou o título.

A Editora Civilização Brasileira lançou, em 1971, o romance "Sargento Getúlio", feito que garantiu a João Ubaldo o Prêmio Jabuti de 1972 concedido pela Câmara Brasileira do Livro, na categoria "Revelação de Autor". Segundo a crítica da época, o livro continha o melhor de Graciliano Ramos e o melhor de Guimarães Rosa.

Publicou, em 1974, o livro de contos "Vencecavalo e o Outro Povo", cujo título inicial era "A Guerra dos Pananaguás", pela Editora Artenova. Com tradução feita pelo próprio autor, vários romances tornaram-se famosos no exterior, entre eles o "Sargento Getúlio" que, lançado nos Estados Unidos em 1978, ganhou receptividade pela crítica do país.

Em 1981 mudou-se para Lisboa, Portugal e, voltando ao Brasil, publicou "Política" - livro ainda adotado em faculdades e republicado como "Já Podeis da Pátria Filhos" -, além de iniciar colaboração no jornal O Globo. Sua produção jornalística nessa época foi reunida em 1988 no livro "Sempre Aos Domingos".

Em 1982 iniciou o romance "Viva o Povo Brasileiro", intitulado primeiramente como "Alto Lá, Meu General". Nesse ano participou do Festival Internacional de Escritores, em Toronto, Canadá. "Viva o Povo Brasileiro" foi finalmente editado em 1984, e recebeu o Prêmio Jabuti na categoria "Romance" e o Golfinho de Ouro, do Governo do Rio de Janeiro. Iniciou a tradução do livro para a língua inglesa, tarefa que lhe consumiu dois anos de trabalho, a partir do qual preferiu utilizar o computador. Ao lado dos escritores Jorge Luis Borges e Gabriel Garcia Marquez, participou de uma série de nove filmes produzidos pela TV estatal canadense sobre a literatura na América Latina.

Em 1983, estreou na literatura infanto-juvenil com o livro "Vida e Paixão de Pandonar, o Cruel".

Em 1989 lançou o romance "O Sorriso do Lagarto". Sua segunda experiência na literatura infanto-juvenil apresentou-se em 1990 com o livro "A Vingança de Charles Tiburone". Nesse ano João Ubaldo participou do já citado Frankfurter Rundschau e, retornando em 1991 ao país de origem, hospedou-se no Rio de Janeiro.

Em 1994 lançou o livro de crônicas "Um Brasileiro em Berlim", sobre sua estada na cidade.

Publica, em 1997, o romance "O Feitiço da Ilha do Pavão", pela Editora Nova Fronteira. No mesmo ano, antes da publicação deste romance, João Ubaldo foi hospitalado com fortes dores de cabeça devido uma queda.

Foi escolhido, em 1999, um dos escritores em todo mundo para dar um depoimento ao jornal francês Libération sobre o milênio que se aproximava na época.

Em 2000, saíram várias reedições de seus livros na Alemanha, incluindo uma nova edição de bolso de "Sargento Getúlio". O "Sorriso do Lagarto" foi publicado na França. "A Casa dos Budas Ditosos" foi traduzido para o inglês, nos Estados Unidos. "Viva o Povo Brasileiro" foi indicado para o exame de Agrégation, um concurso nacional realizado na França para os detentores de diploma de graduação.

Seus principais romances são "Sargento Getúlio", "Viva o Povo Brasileiro" e "O Sorriso do Lagarto", no qual expressou com bastante vivacidade e imaginação exuberante aspectos políticos e sociais da vida nordestina e brasileira.

Foi um dos grandes criadores de artigos jornalísticos no Jornal Bahia (Jornal a Tarde), onde esses além de serem críticos-educativos, fortaleceram a construção política da sociedade que tinha acesso aos seus materiais.


Reconhecimento

João Ubaldo Ribeiro foi detentor da Cátedra de Poetikdozentur (Docente em Poesia) na Universidade de Tübigen, Alemanha e também consagrado na Avenida Marquês de Sapucaí. Seu livro "Viva o Povo Brasileiro" foi escolhido como samba-enredo da escola Império da Tijuca para o Carnaval do ano de 1987.

Em 1993 foi eleito para a cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras, na vaga aberta com a morte do jornalista Carlos Castello Branco.

Participou em 1994 da Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha, recebendo o Prêmio Anna Seghers, concedido somente a escritores germanófonos e latino-americanos.

Em 2008 recebeu o Prêmio Camões pelo "alto nível de sua obra literária", "especialmente densa das culturas portuguesa, africanas e dos habitantes originais do Brasil". Ele foi o oitavo brasileiro a ganhar o prêmio. Especula-se que o valor do prêmio foi 100 mil euros, semelhante ao que foi pago a António Lobo Antunes, ganhador do Prêmio Camões de 2007.


Estilo Literário

O estilo literário de João Ubaldo Ribeiro é basicamente traçado pela ironia e pelo contexto social do Brasil, abrangendo também cultura portuguesa e cultura africana. Antônio Olinto, escritor, crítico literário, diplomata e também membro da Academia Brasileira de Letras, disse que João Ubaldo constrói sua estrutura muitas vezes começando a história pelo meio, como se ela já houvesse existido antes. "Mas como falar deste país sem o lanho do humor? Em tudo insere João Ubaldo a visão do humorista, que vê o que não aparece, identifica a nudez das gentes, entende os pensamentos ocultos", disse Antônio Olinto, no mesmo artigo. Segundo ele, em João Ubaldo Ribeiro o humor atinge seu auge em "Vencecavalo e o Outro Povo".

Antônio Olinto também reforçou que "no fundo, chega João Ubaldo à criação de um país e de um povo, país dele e povo dele, mas também país que existe fora das palavras e povo que ri fora e dentro das palavras. As duas realidades - a real, que envolve o caminho de cada brasileiro e a realidade não menos real, mas com outras vestiduras - mesclam-se na obra de João Ubaldo de tal maneira que ele acaba promovendo uma invenção do Brasil e uma invenção de cada um de nós. Nisso - e no modo como pega no país para o mostrar pelo avesso, e nas gentes desse país, para mostrá-las de cara lavada - provoca uma reação de espanto e incredulidade". Para Antônio Olinto, João Ubaldo é o "porta-voz" do Brasil, devido os inúmeros materiais produzidos por ele quanto às condições sociais que condizem com a atualidade nacional. Essas análises, não só encontradas em livros, podem ser descobertas também na grande gama de artigos escritos por João Ubaldo em diversos jornais do país. No artigo, Antônio Olinto terminou dizendo que "inventando um país, João Ubaldo inventou-se a si mesmo e foi eleito pelos seus leitores o porta-voz deste país."


Cinema e Televisão

João Ubaldo teve várias de suas obras adaptadas para o cinema e para a televisão, tendo, inclusive, participado no processo de criação delas:
  • Seu livro "Sargento Getúlio" tornou-se um filme, com título homônimo, premiado em 1983, dirigido por Hermano Penna e protagonizado por Lima Duarte.
  • Quando voltou a residir no Rio de Janeiro em 1991, voltando do exterior, seu romance "O Sorriso do Lagarto" foi adaptado para uma minissérie na Rede Globo, tendo como protagonistas os atores Tony Ramos, Maitê Proença e José Lewgoy.
  • Em 1993 adaptou "O Santo Que Não Acreditava em Deus" para a série "Caso Especial", da Rede Globo, que teve Lima Duarte no papel principal.
  • Em 1997, ano em que foi internado devido às dores de cabeça, o cineasta Cacá Diegues comprou os direitos de filmagem do livro "Já Podeis da Pátria Filhos", embora o filme não tenha sido produzido.
  • Em 1998, vendeu os direitos autorais de "Viva o Povo Brasileiro" para o cineasta André Luis Oliveira.
  • Em 1999, juntamente com Cacá Diegues, escreveu o roteiro de "Deus é Brasileiro", em cima de seu conto "O Santo Que Não Acreditava em Deus".

Academia Brasileira de Letras

João Ubaldo Ribeiro ocupava a cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 07/10/1993 na sucessão de Carlos Castelo Branco. Foi recebido pelo acadêmico Eduardo Portella em 08/06/1994.

Internação

A secretária Valéria dos Santos, que trabalhou durante dez anos com João Ubaldo Ribeiro, disse que em maio ele chegou a ser internado durante cinco dias por causa de problemas respiratórios. Segundo ela, o escritor reduziu o cigarro, mas não chegou a parar de fumar como foi orientado pelos médicos.

Valéria dos Santos contou que há cerca de um ano e meio João Ubaldo vinha escrevendo um novo romance, mas que não revelou seu conteúdo. Ele acordava por volta das 5:00 hs para se dedicar ao livro e por volta das 10:00 hs, parava para atender telefonemas e outras demandas.

Morte

João Ubaldo Ribeiro morreu de madrugada de sexta-feira, 18/07/2014, em sua casa, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, aos 73 anos, vítima de uma embolia pulmonar.

Sua secretária Valéria dos Santos informou: "Ele acordou por volta das 3:00 hs, 18/07/2014, e chamou a mulher dizendo que estava se sentindo mal. Chamaram uma ambulância e os paramédicos tentaram reanimá-lo, mas ele já estava morto", acrescentando que o cardiologista particular dele também foi chamado.

O enterro ocorreu no sábado, 19/07/2014, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A Academia Brasileira de Letras, onde foi feita uma parte do velório, na sexta-feira, 18/07/2014, foi reaberta às 8:00 hs. Uma cerimônia religiosa foi celebrada pelo capelão do Outeiro da Glória, Sérgio Costa Couto. De lá, o corpo seguiu às 9:30 hs para o Cemitério São João Batista, onde o corpo foi sepultado no Mausoléu dos Imortais da Academia Brasileira de Letras.

O corpo seria velado a partir das 10:00 hs na Academia Brasileira de Letras, mas a cerimônia sofreu atrasos por conta da chegada dos filhos que vieram de outros estados, e acabou sendo adiada para às 12:00 hs. A filha Manuela, que mora da Alemanha, chegou às 8:00 hs de sábado, 19/07/2014, ao velório, portando malas e muito emocionada.

De acordo com funcionários do Cemitério São João Batista, o sepultamento do acadêmico estava previsto para ocorrer às 16:00 hs de sexta-feira, 18/07/2014, mas por conta das mudanças e da chegada de Manuela, o enterro foi adiado para sábado.

O velório, no Salão dos Poetas Românticos, ficou aberto ao público, até as 19:00 hs. Duas filhas do autor chegaram ao local no início da tarde. A Academia Brasileira de Letras decretou luto por três dias.

Várias coroas de flores chegaram à Academia Brasileira de Letras durante toda a manhã, entre elas homenagem de um dos bares frequentados pelo imortal. O corpo só chegou ao local, entretanto, por volta das 11:30 hs.

Obras Selecionadas

Romances
  • 1968 - Setembro Não Tem Sentido
  • 1971 - Sargento Getúlio
  • 1979 - Vila Real
  • 1984 - Viva o Povo Brasileiro
  • 1989 - O Sorriso do Lagarto
  • 1997 - O Feitiço da Ilha do Pavão
  • 1999 - A Casa dos Budas Ditosos
  • 2000 - Miséria e Grandeza do Amor de Benedita
  • 2002 - Diário do Farol
  • 2009 - O Albatroz Azul

Contos
  • 1974 - Vencecavalo e o Outro Povo
  • 1981 - Livro de Histórias - Reeditado em 1991, incluindo os contos "Patrocinando a Arte" e "O Estouro da Boiada", sob o título de "Já Podeis da Pátria Filhos".

Crônicas
  • 1988 - Sempre Aos Domingos
  • 1995 - Um Brasileiro em Berlim
  • 1999 - Arte e Ciência de Roubar Galinhas
  • 2000 - O Conselheiro Come
  • 2006 - A Gente Se Acostuma a Tudo
  • 2008 - O Rei da Noite

Ensaios
  • 1981 - Política: Quem Manda, Por Que Manda, Como Manda

Literatura Infanto-Juvenil
  • 1983 - Vida e Paixão de Pandonar, o Cruel
  • 1990 - A Vingança de Charles Tiburone
  • 2011 - Dez Bons Conselhos de Meu Pai

Prêmios

  • Prêmio Golfinho de Ouro, do Estado do Rio de Janeiro, conferido, em 1971, pelo romance "Sargento Getúlio".
  • Dois prêmios Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1972 e 1984, respectivamente para o Melhor Autor e Melhor Romance do Ano, pelo romances "Sargento Getúlio" e "Viva o Povo Brasileiro".
  • Prêmio Altamente Recomendável - Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, 1983, para "Vida e Paixão de Pandonar, o Cruel".
  • Prêmio Anna Seghers, em 1996, Mogúncia, Alemanha.
  • Prêmio Die Blaue Brillenschlange, Zurique, Suíça.
  • Detém a Cátedra de Poetik Dozentur na Universidade de Tubigem, Alemanha, 1996.
  • Prêmio Lifetime Achievement Award, em 2006.
  • Prêmio Camões, em 2008.

Fonte: WikipédiaG1

Mário Gennari Filho

MÁRIO GENNARI FILHO
(59 anos)
Compositor, Instrumentista e Professor

* São Paulo, SP (07/07/1929)
+ São Paulo, SP (06/1989)

Mario Gennari Filho foi um exemplo de superação pois apesar de ser um deficiente visual não o impedi-o de tornar-se um excelente instrumentista, que tocava acordeom, violão, piano, solovox, guitarra havaiana. Além disso era exímio compositor, professor de vários instrumentos, mas principalmente de acordeom. Junto com a também acordeonista Rosani M. de Barros, teve um conservatório para o ensino do acordeom em São Paulo. Mario Gennari Filho formou inúmeros instrumentistas, na sua atuação como professor.

Destacou-se como acordeonista, principalmente nas décadas de 40 e 50. Sua estréia se deu quando tinha apenas oito anos, na Rádio Bandeirantes de São Paulo, no programa de Capitão Barduíno.

Em 1943, aos 14 anos gravou o primeiro disco pela gravadora Columbia, em dupla de acordeom com Ângelo Reale interpretando ao acordeom a rancheira "Sempre Alegre" e o maxixe "Rã na Frigideira", ambos de autoria de Ângelo Reale.

Em 1944 gravou seus primeiros discos solos com um choro "Tutti-Frutti" e uma polca, "Deliciosa", de sua autoria.

Em 1945 gravou a valsa "Viajando Pela Itália" (Valenti) e "Valsa da Meia-Noite" (Domínio Público), pela Continental. Gravou mais de 35 discos em 78 RPM pelas gravadoras Columbia, Continental e Odeon.

Em 1948 gravou de sua autoria a rancheira "Sorocabana" e a polca "Saci Pererê".

Em 1950 gravou na Odeon o baião "Casinha Pequenina" (Domínio Público), com arranjos seus e que se tornou um de seus maiores sucessos. No mesmo ano gravou o choro "Brasileirinho" de Waldir Azevedo.


Em 1951 gravou o fox "Terceiro Homem" (Anton Karas), com a participação de Garoto na guitarra havaiana, e "Maringá" (Joubert de Carvalho), em ritmo de baião. No mesmo ano gravou outro de seus grandes sucessos, "Chuá-Chuá" (Sá Pereira e Ari Pavão).

Em 1952 gravou "Taí" (Joubert de Carvalho) em ritmo de baião, e o baião "A Cuíca Tá Roncando" (Raul Torres). Ainda em 1952 obteve um de seus maiores sucessos com "Baião Caçula", regravado mais quatro vezes no mesmo período.

Em 1953 gravou de Francisco Alves, David Nasser e Felisberto Martins o baião "Quando Eu Era Pequenino" e de Joubert de Carvalho o bolero "Que Bom Que Estava".

Em 1955 gravou com sucesso de sua autoria o bolero "Teu Nome Tem Cinco Letras". Trabalhou na Rádio Bandeirantes e depois integrou o elenco da Rádio Tupi paulista, onde ficou por 12 anos. Com o advento da televisão, passou a atuar em vários programas paulistas.

Em 1957 gravou de sua autoria o maxixe "Namoro Sertanejo" e o baião "A Saudade Já Chegou".

Em 1958 compôs com Celeste Novais o rock balada "Perdoa-me", gravado por Tony Campello e o calipso "Belo Rapaz", gravado por Celly Campello, em disco que lançou os irmãos Campello.

Mário Gennari Filho acompanhou os irmãos Tony CampelloCelly Campello nos seus primeiros discos pela gravadora Odeon no final dos anos 50. Nos discos constam o nome de Mario Gennari e seu Conjunto. Algumas famosas canções acompanhadas por Mário Gennari Filho foram "Banho de Lua", "Estúpido Cupido", "Lacinhos Cor de Rosa" e "Pobre de Mim".

Em 1959 gravou com seu conjunto na gravadora Odeon o samba "Canta Brasil" (David Nasser e Alcir Pires Vermelho) e "Brigas, Nunca Mais" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes).

Mário Gennari Filho fez várias excursões por todo o Brasil e recebeu várias vezes o Prêmio Roquette Pinto de melhor instrumentista.

Mário Gennari Filho faleceu em São Paulo, em junho de 1989, aos 59 anos. 


Discografia

  • 1967 - Mário Gennari Filho Revive Mário Gennari Filho (LP)
  • 1967 - Mário Gennari Filho e Seu Conjunto (LP)
  • 1965 - Sucessos - Mário Gennari Filho e Conjunto (LP)
  • 1963 - Telstar / Afrikaan Beat (Odeon, 78)
  • 1963 - Baião Caçula / Zíngara (Odeon, 78)
  • 1962 - Sucessos Que Andam Pelo Brasil (LP)
  • 1962 - Pinta Braba / Flor De Ipê (Orion, 78)
  • 1961 - Eu Danço, Tu Danças, Todos Dançam (LP)
  • 1961 - Rumbanita / Piccolina (Odeon, 78)
  • 1961 - Balanço Do Samba / Bat Masterson (Odeon, 78)
  • 1960 - O Milionário do Acordeom (LP)
  • 1960 - Cidade Maravilhosa / Casinha Pequenina (Odeon, 78)
  • 1960 - Pedacinho De Lua / Cupido Não Falhou (Odeon, 78)
  • 1959 - Mário Gennari Filho e Seus Sucessos (LP)
  • 1959 - Nativo / Canta Brasil (Odeon, 78)
  • 1959 - Brigas Nunca Mais / Hino Ao Amor (Odeon, 78)
  • 1959 - La Violetera / Quem É? (Odeon, 78)
  • 1958 - Em 4 Instrumentos (LP)
  • 1957 - Namoro Sertanejo / A Saudade Já Chegou (Odeon, 78)
  • 1957 - Razão De Um Querer / Brotolândia (Odeon, 78)
  • 1957 - Saudade Da Bahia / Que Murmurem (Odeon, 78)
  • 1957 - Cascatella / No Jardim De Um Templo Chinês (Odeon, 78)
  • 1956 - Dançando Com o Acordeonista Milionário
  • 1956 - Longe De Minha Terra / Sobre O Arco-Íris (Odeon, 78)
  • 1956 - Minha Prece / Lavadeiras De Portugal (Odeon, 78)
  • 1956 - Lisboa Antiga / Os Pobres De Paris (Odeon, 78)
  • 1956 - Mambo Do Martelo / Prece Ao Samba (Odeon, 78)
  • 1955 - Eu Tive Que Te Beijar / Teu Nome Tem Cinco Letras (Odeon, 78)
  • 1955 - Recuerdos De Ypacarai / Porque Te Quero (Odeon, 78)
  • 1954 - Ritmos Dançantes (LP)
  • 1954 - Seis Amores / Mira-me (Odeon, 78)
  • 1954 - Vaya Com Dios / Baião Do Auditório (Odeon, 78)
  • 1954 - Menina Na Janela / Bahia Com "H" (Odeon, 78)
  • 1954 - Violetas Imperiais / Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite (Odeon, 78)
  • 1953 - A Voz Do Violão / O Cigano (Odeon, 78)
  • 1953 - Quando Eu Era Pequenino / Que Bom Que Estava (Odeon, 78)
  • 1953 - Brincando De Roda / Vivo Só (Odeon, 78)
  • 1953 - Parabéns São Paulo / Lili (Odeon, 78)
  • 1952 - Taí / Velho Romance (Odeon, 78)
  • 1952 - A Cuíca Tá Roncando / Boneca (Odeon, 78)
  • 1952 - Copacabana / Índia (Odeon, 78)
  • 1952 - Coisinha Boa / Teu Nome (Odeon, 78)
  • 1952 - Garota / Cubanita (Odeon, 78)
  • 1952 - Baião Da Sorte / ABC Do Mambo (Odeon, 78)
  • 1951 - Terceiro Homem / Maringá (Odeon, 78)
  • 1951 - Chuá-Chuá / O "Eme" De Minha Mão (Odeon, 78)
  • 1951 - Odeon / Casinha Pequenina (Odeon, 78)
  • 1951 - De Papo Pro Ar / Na Baixa Do Sapateiro (Odeon, 78)
  • 1951 - Baião Caçula / Zingara (Odeon, 78)
  • 1950 - Casinha Pequenina / Aquarela Do Brasil-Rio de Janeiro (Odeon, 78)
  • 1950 - Brasileirinho / Não Me Toques (Odeon, 78)
  • 1949 - No Tempo Antigo / Arapuã (Continental, 78)
  • 1948 - Sorocabana / Saci Pererê (Continental, 78)
  • 1946 - El Novillero / Ou Vai, Ou Racha (Continental, 78)
  • 1945 - Viajando Pela Itália / Valsa Da Meia-Noite (Continental, 78)
  • 1945 - Tico-Tico No Fubá / Elci (Continental, 78)
  • 1945 - Raio De Sol / La Venzzoza (Continental, 78)
  • 1945 - Um Passeio Em Pernambuco / Granada (Continental, 78)
  • 1944 - Os Pintinhos No Terreiro / Tutti-Frutti (Continental, 78)
  • 1944 - Deliciosa (Continental, 78)
  • 1943 - Sempre Alegre / Rã Na Frigideira (Colúmbia, 78)


Indicação: Miguel Sampaio