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Germano Benencase

GERMANO BENENCASE
(77 anos)
Instrumentista, Compositor, Maestro e Professor de Música

☼ Vietri sul Mare, Itália (09/04/1897)
┼ Americana, SP (18/03/1975)

Germano Benencase foi um instrumentista, compositor, maestro e professor de música ítalo-brasileiro, nascido em Vietri sul Mare, Itália, uma pequena vila na Costa Amalfitana, no dia 09/04/1897.

Filho de Tarquino Benencase e Ana, Germano chegou ao Brasil em 1899 com seus pais e nove irmãos. Antes de se estabelecer em Americana, SP, nos anos 1900, seus pais passaram temporadas em São Paulo, Jundiaí e Campinas.

Seu pai estabeleceu uma alfaiataria na altura do número 343 da Avenida Antônio Lobo, e preferia que seu filho seguisse sua carreira. Apesar disso, sempre mostrou predileção pela música, e teve aula por apenas um mês, continuando seus estudos como autodidata. Estudou apenas o primário no Grupo Escolar Corrêa de Mello, em Campinas, SP.

De seus nove irmãos, três se tornaram artistas. Seu irmão Amálio "Lulu" Benencase, foi um famoso humorista e apresentador de rádio, conhecido principalmente pelo programa "Festa na Roça", muito popular nas rádios Difusora e Tupi de São Paulo durante os anos 30. Seus outros dois irmãos Danunzio e Paschoal foram talentosos instrumentistas.

Germano Benencase começou a compor músicas em 1913 sendo "Pensando Em Ti" a primeira delas. Seu estilo preferido era a valsa, e nos anos seguintes compôs músicas que ganharam reconhecimento a nível regional, e aos poucos se tornaram conhecidas em todo Brasil.

Seu maior sucesso, batizado como "O Piquenique Trágico" foi composto em uma circunstância muito peculiar:

Na tarde de 14/05/1916, Germano estava em sua residência quando ouviu a notícia de um acidente no Parque Ideal. Momentos depois de chegar ao local, presenciou a retirada do corpo da jovem Agar da Costa Lobo de dentro da lagoa. Ela fazia parte de um grupo de professores de Campinas que estavam visitando o parque. O pai da jovem era funcionário do Ginásio Estadual de Campinas, atual Colégio Culto à Ciência.

Em determinado momento, entraram em um grupo de cinco pessoas em um dos barcos disponíveis para aluguel no local, e foram para o meio da lagoa, local que graças a topografia tinha mais espaço para os barcos, mas que era também mais fundo. Em algum momento, movimentos bruscos fizeram o barco virar atirando todos os ocupantes no lago, resultando na morte da jovem.

Germano compôs as primeiras duas partes da música ali mesmo rabiscando as notas em seu caderno de forma improvisada. A terceira parte foi composta inspirada no choro da mãe de Agar, que seguia o cortejo fúnebre que levava sua filha até uma residência onde seria realizado o velório, antes do corpo seguir para Campinas.

Nas semanas seguintes, Germano aperfeiçoou a composição, e a finalizou no final de junho do mesmo ano. O título da obra foi inspirado na matéria do Jornal Comércio de Campinas, que trazia o título "Picnic Tragico" em grafia da época.

Germano enviou cópias das partituras para diversos jornais de Campinas e São Paulo, e obteve reconhecimento imediato.

Em 1918, a gravadora Odeon do Rio de Janeiro gravou a música e mais três composições de Germano em um disco de 78 rpm. Em 1919 novas composições foram lançadas pela mesma gravadora.

"O Piquenique Trágico" ganhou pelo mesmo duas letras. A primeira foi feita em 1916 por Inácio Dias Lemes, professor de Villa Americana, e era também inspirada nos acontecimentos do parque. A outra versão, sem relação com a tragédia, foi composta por Gomes de Almeida, amigo de Germano, e lançada em junho de 1941 pela Odeon, sendo um grande sucesso comercial.

Germano continuou sua carreira como músico. Se apresentava em bailes, festas e eventos públicos, e era diretor da orquestra do Cinema Central de Villa Americana. Na época os cinemas eram mudos e às vezes acompanhados por música ao vivo.

Em 1919, Germano se casa com Adelaide Andreoli, e nos anos seguintes nascem os quatro filhos do casal.

Em 02/01/1925, sua esposa falece, e em outubro do mesmo ano seu filho Antônio de apenas um ano de idade também morre. A morte de sua esposa e filho afetaram profundamente o compositor, o que acabou refletindo em suas músicas, que nesta época traziam títulos como: "Ao Pé da Cruz", "Caminho do Calvário", "Oração no Campo Santo", "Marcha Fúnebre", "Prelúdio da Morte", entre outros.

No final dos anos 20, Germano inicia sua carreira como professor de música. Lecionou no Colégio Piracicabano entre 1933 e 1964, onde formou várias gerações de músicos da cidade, e atuou como regente de diversos grupos do colégio e da cidade de Piracicaba.

Fundou em 1958 a Orquestra Rizzi, que nos anos 60 se uniu com a Orquestra Sinfônica de Amadores para formar a atual Orquestra Sinfônica de Piracicaba.

Germano Benencase compôs mais de 250 obras entre valsas, operetas, marchas fúnebres, hinos religiosos, escolares e esportivos.

Seu último trabalho foi no Educandário Divino Salvador de Americana, onde lecionou de 1960 até o fechamento da instituição em 1974.

Germano Benencase é reconhecido principalmente nas cidades de Americana e Piracicaba, no Estado de São Paulo. Em Americana, cidade adotada pela Família Benencase, e onde Germano trabalhou e morou até o fim de sua vida, foi agraciado com o título de Cidadão Americanense em 1973.

Em 1978, uma escola estadual da cidade de Americana recebeu a denominação de Escola Estadual Maestro Germano Benencase.

Em Piracicaba, Germano foi homenageado por seu amigo e ex-aluno do Colégio Piracicabano Egildo Rizzi. Durante concerto da Orquestra Sinfônica de Piracicaba, regida por Rizzi em 20/12/2012, quando foi executada e gravada em DVD a valsa "O Piquenique Trágico" no Teatro Municipal Erotides de Campos. Foi a última regência do Maestro Rizzi, que faleceu 11 dias depois.

Germano Benencase faleceu em Americana, SP, no dia 18/03/1975.

Principais Obras

  • Pensando em Ti
  • O Piquenique Trágico
  • Triste
  • Soou a Hora de Extinguir-se o Nosso Amor
  • Palestra Itália
  • Angelina
  • Valsa da Morte
  • Agonia Lenta
  • Saudades de Tula
  • Saudades de Adelaide
  • Aniversário Fatal
  • As Flores do Meu Amor
  • Ao Pé da Cruz
  • Caminho do Calvário
  • Oração no Campo Santo
  • Marcha Fúnebre
  • Prelúdio da Morte

Alberto Dines

ALBERTO DINES
(86 anos)
Jornalista, Professor, Biógrafo e Escritor

☼ Rio de Janeiro, RJ (19/02/1932)
┼ São Paulo, SP (22/05/2018)

Alberto Dines foi um jornalista, professor universitário, biógrafo e escritor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 19/02/1932.

Alberto Dines casou-se em primeiras núpcias com Ester Rosali, sobrinha de Adolpho Bloch, com quem teve quatro filhos, e em segundas núpcias com a jornalista Norma Couri.

Como crítico de cinema, Alberto Dines iniciou sua carreira no jornalismo em 1952 na revista A Cena Muda. Transferiu-se para a recém-fundada revista Visão no ano seguinte, convidado por Nahum Sirotsky para cobrir assuntos ligados à vida artística, ao teatro e ao cinema. Logo após passou a fazer reportagens políticas.

Já em 1957 trabalhou para a revista Manchete, até se demitir da empresa após desentendimentos com Adolpho Bloch, seu proprietário.

Em 1959 assumiu a direção do segundo caderno do jornal Última Hora, de Samuel Wainer.

Em 1960, colaborou para o jornal Tribuna da Imprensa, então pertencente ao Jornal do Brasil.

Em 1960, convidado por João Calmon, dirigiu o jornal Diário da Noite, dos Diários Associados, pertencente a Assis Chateaubriand.

Em 1962, tornou-se editor-chefe do Jornal do Brasil, no qual permaneceu durante 12 anos. Depois de anos driblando a ditadura à frente do Jornal do Brasil, foi demitido em junho de 1973 justamente por publicar um artigo que contrariava a direção do jornal, ao criticar a relação amistosa de seus donos com o Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Em 1974 foi para os Estados Unidos, onde foi professor-visitante na Universidade de Colúmbia.

Voltou ao Brasil, em 1975, convidado por Cláudio Abramo para ser diretor da sucursal da Folha de S. Paulo no Rio de Janeiro. Na Folha de S. Paulo, também foi responsável pela criação da coluna "Jornal dos Jornais", dedicada a avaliar a imprensa, sendo uma espécie de embrião do futuro Observatório da Imprensa.

Em 1980, deixou a Folha de S. Paulo e passou a colaborar no O Pasquim.

Passou a residir em Lisboa e assumiu cargo de secretário editorial do Grupo Abril, ficando em Portugal entre 1988 e 1995, onde lançou a revista Exame. Ainda em Portugal, no ano de 1994, criou o Observatório da Imprensa, periódico crítico de acompanhamento da mídia.

Retornou ao Brasil em 1994, sendo um dos responsáveis em criar do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade de Campinas (UniCamp), onde foi pesquisador sênior.

Em 1996, lançou no Brasil a versão eletrônica do Observatório da Imprensa, que conta atualmente com versões no rádio e na televisão. Este que passou a ter uma edição na TV Educativa do Rio de Janeiro em maio de 1998.

Carreira no Magistério

Em seus mais de 50 anos de carreira, Alberto Dines dirigiu e lançou diversas revistas e jornais no Brasil e em Portugal. Lecionava jornalismo desde 1963, iniciando suas aulas na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Puc-RJ), onde ficou até 1966.

Em 1974, foi professor visitante da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, New York. Convidado para paraninfar uma turma desta Faculdade logo após a edição do AI-5, fez um discurso criticando a censura e, em conseqüência, foi preso em dezembro de 1968 e submetido a inquérito.

Publicações

Alberto Dines escreveu mais de 15 livros, entre eles "Morte No Paraíso, a Tragédia de Stefan Zweig" (1981) e "Vínculos do Fogo" (1992). O livro sobre Stefan Zweig foi adaptado para o cinema por Sylvio Back em 2002 no filme "Lost Zweig". Alberto Dines também fala sobre Stefan Zweig no documentário do mesmo diretor.

Prêmios

Alberto Dines recebeu em 1970, o Prêmio Maria Moors Cabot de jornalismo, em 1993, o prêmio Jabuti na categoria Estudos Literários, em 2007, o Austrian Holocaust Memorial Award, em 2009, o Austrian Golden Decoration For Science And Art, e em 2010 a Ordem do Mérito das Comunicações, no grau Grã-Cruz.

Morte

Alberto Dines faleceu às 7h15 de terça-feira, 22/05/2018, aos 86 anos, no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, Zona Sul de São Paulo, após dez dias internado por complicações de uma gripe, que evoluiu para uma pneumonia.

Alberto Dines deixou a mulher e quatro filhos. O sepultamento está ocorreu na quarta-feira, 26/05/2018, às 13h30, no Cemitério Israelita de Embu das Artes.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Valmir Bonvenuto
#FamososQuePartiram #AlbertoDines

Wilson Barbosa Martins

WILSON BARBOSA MARTINS
(100 anos)
Advogado, Professor e Político

☼ Campo Grande, MS (21/06/1917)
┼ Campo Grande, MS (13/02/2018)

Wilson Barbosa Martins foi um advogado e político brasileiro nascido em Campo Grande, MS, no dia 21/06/1917. Foi senador da República, deputado federal, prefeito de Campo Grande e governador do Estado de Mato Grosso do Sul.

Filho de Henrique Martins e de Adelaide Barbosa Martins, nasceu na Fazenda São Pedro, área que hoje corresponde ao município de Sidrolândia e na época era área rural de Campo Grande. Aos 9 anos, Wilson acompanhou a família de mudança para a cidade de Entre Rios, atual Rio Brilhante.

Os primeiros estudos começaram com o pai e em seguida em escolas privadas da cidade.

Em 1929, a família voltou a Campo Grande para que Wilson e o irmão Ênio prosseguissem com os estudos. Nessa época, houve o primeiro contato do jovem com o futuro sogro Vespasiano Barbosa Martins.

Com a Revolução de 1932, a família engajou-se na luta contra o governo do então presidente Getúlio Vargas. O pai de Wilson e outros parentes comandaram batalhões no novo e revolucionário Estado de Maracaju. Com a derrota após poucos meses, Vespasiano Barbosa Martins foi exilado e a família voltou à rotina.


Dois anos mais tarde, o jovem mudou-se para a cidade de São Paulo, onde concluiu os estudos fundamentais e bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Foi onde teve contato com José Fragelli, que viria a ser governador de Mato Grosso, e o conterrâneo Jânio Quadros.

A agitação política continuava após 1932. Wilson se envolveu timidamente em movimentos estudantis, o que levou a ser preso por um dia. À época, o grupo que o estudante se identificou era dado como de esquerda.

A partir de 1935, tornou-se censor do Governo Federal, ainda comandado por Getúlio Vargas.

Em seguida, trabalhou em uma loja como vendedor até se formar, em 1939. Advogou por alguns anos em um escritório, até decidir voltar à cidade natal. Abriu o próprio escritório na cidade até começar a se envolver de vez na política.

Wilson Barbosa Martins foi ainda professor e um dos proprietários do Colégio Oswaldo Cruz, onde conheceu alguns daqueles que seriam colaboradores em suas administrações.

Vida Pessoal

Wilson Barbosa Martins casou-se com a escritora e artista plástica Nelly Martins, filha de Vespasiano Barbosa Martins. Estiveram juntos por quase 60 anos até a morte da esposa, em 2003. Tiveram três filhos: Thaís, Celina e Nelson.

Na década de 1980, se desentendeu com o irmão Plínio Barbosa Martins, de quem se afastou por longo período. Os dois discordavam do apoio a um candidato ao governo, Gandi Jamil. Plínio não queria apoiá-lo, por não ter boas relações com a família Jamil. Também foi contrário à candidatura da filha Celina como vice de Gandi Jamil, mas aceitou após ela não mudar de ideia.

Em 2013, foi internado após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Já em agosto de 2014, foi internado após um mal súbito. No dia seguinte, circularam boatos de que Wilson Barbosa Martins havia falecido, o que foi negado pelo hospital.

Durante a internação, passou por uma traqueostomia, até receber alta após 21 dias.

Nos últimos anos, Wilson Barbosa Martins tinha dificuldades de locomoção devido ao AVC sofrido em 2013 e não falava por causa da traqueostomia de 2014. Todavia, se mantinha lúcido, residindo com a filha Thaís.

Carreira Política

Filiação à UDN e Primeira Eleição

Wilson Barbosa Martins filiou-se à União Democrática Nacional (UDN) quando formada, em 1945. Não concorreu, mas trabalhou para eleger o amigo Fragelli como deputado estadual. O tio Vespasiano foi eleito senador pela mesma legenda naquele mesmo pleito.

Esteve no grupo fundador e escreveu uma coluna para o jornal Correio do Estado. Durante a administração do então prefeito de Campo Grande, Fernando Corrêa da Costa, foi um de seus secretários. Concorreu à sucessão em 1950, mas perdeu para Ary Coelho.

Defendeu melhorias para o abastecimento de energia elétrica de Campo Grande. A empresa administradora do serviço teve a diretoria destituída e o grupo de Wilson assumiu a gestão. A empreitada o fez conhecido, o que o credenciou para candidatar-se novamente à prefeitura, sendo eleito em 1958. Antes, era suplente do então senador por Mato Grosso João Vilas Boas.

Prefeito de Campo Grande

Assumiu o cargo em janeiro de 1959, em uma eleição marcada pela coligação que reuniu à União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Mesmo sendo uma cidade de médio porte, Campo Grande tinha uma administração desorganizada, o que levou Wilson a promover uma reforma com o aval da Câmara Municipal. Mesmo com uma oposição forte, a reforma foi aprovada.

Promoveu o primeiro concurso público da história da administração pública municipal e obras de infraestrutura, como construção de escolas e pavimentação asfáltica.

Em 1962, elege-se deputado federal por Mato Grosso, mesmo com rejeição de parte da União Democrática Nacional (UDN), que o tachavam de comunista. Nessa época, já se cogitava-se uma candidatura ao Governo do Estado, antes mesmo da criação de Mato Grosso do Sul.

Deputado Federal

No primeiro mandato na Câmara dos Deputados, integrou quatro Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e viajou em missão oficial ao Japão. Com o golpe de 1964 e a consequente instalação da Ditadura Militar, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) com a instalação do bipartidarismo.

Em 1966, recusou uma candidatura ao Governo de Mato Grosso à sucessão de Corrêa da Costa. Naquela ocasião, foi eleito aquele que viria a ser seu principal adversário político, Pedro Pedrossian. Wilson preferiu tentar a reeleição como congressista, e venceu.

No segundo mandato, foi vice-líder do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), integrou a Comissão de Constituição e Justiça e outras CPIs, além de fazer viagem oficial ao Peru. O clima se acirrava na Câmara e em 1968, o governo militar outorgou o Ato Institucional Número Cinco (AI-5), o que levou ao fechamento do Congresso Nacional e à cassação de mandatos parlamentares.

Teve o mandato cassado em 1969 e os direitos políticos suspensos por 10 anos, o que levou de volta à advocacia.

De Volta a Campo Grande

Voltou à cidade natal após a cassação do mandato e dos direitos políticos, voltando a abrir um escritório de advocacia. Permaneceu filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sem se envolver com política. Assistiu à criação do novo Estado de Mato Grosso do Sul, mas não tomou parte do processo por ainda estar suspenso da vida pública. Nessa época, já começava a divergência política com Pedro Pedrossian.

Acompanhou ainda a carreira política do irmão Plínio Barbosa Martins, e com o restabelecimento de seus direitos políticos, foi eleito o primeiro presidente da seccional estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Com a proximidade das primeiras eleições diretas para o Governo do Estado, a princípio articulou a candidatura do irmão. Plínio descartou a ideia, e o novo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) acabou apoiando Wilson para concorrer à sucessão de Pedro Pedrossian, sendo eleito em 1982.

Primeiro Governador Eleito de Mato Grosso do Sul

Assumiu o cargo em março em 1983, tendo como vice o então deputado estadual Ramez Tebet. Logo no começo, enfrentou o desafio de superar o desequilíbrio das contas públicas, com folhas de pagamentos funcionais e contratos atrasados, sendo obrigado a contrair empréstimos e renegociar dívidas com a União.

Com recursos Federais, promoveu obras de infraestrutura e manteve em dia salários dos servidores. Essa primeira administração foi marcada por grandes obras e crédito fácil junto à União, além de um secretariado composto por pessoas ligadas ao ex-governador Marcelo Miranda e outros do grupo de Wilson.

Em 1986, renunciou ao cargo para candidatar-se a uma vaga no Senado Federal, o que levou o vice-governador Ramez Tebet à Governadoria. Fez Marcelo Miranda como sucessor e elegeu-se senador.

Senador e Membro da Assembleia Constituinte

Em 1987, tomou posse como senador, e como membro da Assembleia Constituinte. Dentre as mais diversas políticas daquela que viria compor a atual Constituição Federal, votou a favor da proteção contra demissão sem justa causa, do voto aos 16 anos e da desapropriação da propriedade produtiva. Foi contra a pena de morte, o aborto, o presidencialismo e o mandato de cinco anos do então presidente José Sarney. Absteve-se sobre a limitação dos encargos da dívida externa e estava ausente nas votações para a criação de um fundo de apoio à reforma agrária e limitação do direito de propriedade privada.

Após a promulgação da Constituição e o restabelecimento do Congresso, foi quarto-suplente da Mesa Diretora do Senado, sendo relator de CPIs e projetos importantes, como a Medida Provisória nº 318, que fixou novas regras para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

Viajou em missão oficial para a Venezuela em 1990, e em 1992, votou a favor do afastamento e depois pela cassação do mandato do então presidente Fernando Collor, que enfrentou um processo de impeachment. Renunciou ao mandato em dezembro de 1994, após ser eleito novamente governador de Mato Grosso do Sul.

Com uma administração em crise, teve desentendimentos com o então governador Marcelo Miranda, o que o levou a filiar-se ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) com seu grupo político, permanecendo, mesmo após pedidos para reconsiderar do então deputado Ulysses Guimarães. Apoiou o candidato Gandi Jamil, que tinha como vice a filha Celina Jallad, contra seu histórico adversário Pedro Pedrossian. O resultado foi a eleição de Pedro Pedrossian, que assumiu o cargo pela segunda vez.

Segunda Vez Como Governador

Eleito em 1994, assumiu o cargo de governador pela segunda vez em 1995, tendo como vice Braz Melo. Assumiu mais uma vez a gestão de um estado em dificuldades financeiras, mas dessa vez não obteve muita ajuda do Governo Federal.

Deu continuidade a obras paradas e iniciou outras. Enfrentou greves de servidores e bloqueios de recursos. Foi um dos governadores que pressionaram o Congresso e o Governo Federal pela Reforma Administrativa, além da renegociação da dívida dos Estados.

Em 1996, firmou acordo com a União para diminuir o pagamento da dívida e apoiou André Puccinelli nas eleições municipais de Campo Grande. No ano seguinte, foi acusado de fazer aplicação irregular de recursos estaduais em áreas distintas pelo ex-secretário de Estado e Educação, Aleixo Paraguassu, e apontado pela imprensa nacional como candidato à reeleição pelo apoio e esforço pela aprovação da Emenda Constitucional 16. Ainda em 1997, Wilson autorizou a privatização da Empresa Energética de Mato Grosso do Sul (Enersul), com o objetivo de obter recursos para pagamento de dívidas com a União.

Com as eleições de 1998, Wilson descartou disputar a reeleição e em seguida uma nova candidatura ao Senado, abrindo espaço para que o ex-prefeito de Campo Grande Juvêncio da Fonseca disputasse uma cadeira na casa alta do Congresso.

Para sua sucessão, o então governador articulou a candidatura do então senador Lúdio Coelho, que não obteve apoio de lideranças políticas estaduais. O também senador Ramez Tebet também não foi feliz para tentar disputar o governo. Assim, Wilson apostou em seu secretário de Fazenda, Ricardo Bacha, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).[8]

Enfrentou a resistência do seu partido, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), para levar a candidatura de Ricardo Bacha em frente. Por fim, a legenda indicou Humberto Teixeira como vice de Ricardo Bacha.

Para Wilson e outras lideranças, haveria um segundo turno entre Ricardo Bacha e Pedro Pedrossian. Porém, ninguém previu que o candidato Zeca do PT poderia passar para a fase seguinte. Com o apoio do velho adversário Pedro PedrossianZeca do PT foi eleito superando décadas de revezamento entre velhas elites políticas.

A campanha de segundo turno foi dominada por acusações do Zeca do PT a Ricardo Bacha, desde uso da máquina pública à pagamentos de precatórios à Construtora Andrade Gutierrez, que teriam abastecido o caixa de campanha do tucano.

Wilson deixou o cargo com forte rejeição, sem participar da cerimônia de posse do sucessor e teve que usar por um período escolta policial para se locomover. Continuou militando politicamente por alguns anos após deixar o governo, mas não se candidatou a nenhum cargo eletivo.

Morte

Em 2013, foi internado após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Em agosto de 2014, foi internado após um mal súbito. No dia seguinte, circularam boatos de que Wilson havia falecido, o que foi negado pelo hospital. Durante a internação, passou por uma traqueostomia, até receber alta após 21 dias.

Nos últimos anos, o ex-governador tinha dificuldades de locomoção devido ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido em 2013 e não falava por causa da traqueostomia de 2014. Todavia, se mantinha lúcido, residindo com a filha Thaís.

Wilson Barbosa Martins faleceu aos 100 anos, na manhã de terça-feira, 13/02/2018, vítima de um infarto, em sua casa, em Campo Grande, MS.

O Governo do Estado decretou luto oficial de três dias pela morte do ex-governador.

Nos últimos anos ele vivia recluso, em casa, em razão da saúde debilitada. Em 2017, quando completou 100 anos, a Assembleia Legislativa do Estado realizou uma sessão solene em comemoração a data, onde ele foi representado por familiares.

O velório foi realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo. Além de familiares, amigos e políticos também marcam presença no funeral.

Wilson Barbosa Martins foi sepultado no fim da manhã de quarta-feira, 14/02/2018, no Cemitério Parque das Primaveras, em Campo Grande, MS.

Fonte: WikipédiaG1
Indicação: Valmir Bonvenuto
#FamososQuePartiram #WilsonBarbosaMartins

Eduardo Carneiro

EDUARDO CARNEIRO
(52 anos)
Ator, Cantor, Professor e Jornalista

☼ Fortaleza, CE
┼ Rio de Janeiro, RJ (08/02/2018)

Eduardo Carneiro foi um ator brasileiro nascido em Fortaleza, CE.

Eduardo Carneiro vivia no Rio de Janeiro há 28 anos e atuava também como cantor, professor e jornalista. Além da atual novela das 21h00, ele participou de "Velho Chico" (2016) e na temporada mais recente da série "Cidade dos Homens" (2007).

Atualmente Eduardo Carneiro fazia parte do elenco de apoio da novela na novela "O Outro Lado do Paraíso" e integrava o núcleo do garimpo da obra.

Morte

Eduardo Carneiro faleceu na quinta-feira, 08/02/2018. A causa da morte não foi revelada.

Em nota, a TV Globo confirmou a notícia e informou que o velório do corpo do ator será no Ceará, sua terra natal.

O ator Juliano Cazarré, que fez cenas com Eduardo Carneiro, lamentou a perda nas redes sociais. Os dois contracenaram juntos nas sequências do garimpo da ficção:
"Cearense, Dudu veio para o Rio batalhar pelo sonho de ser artista e viver da arte. Conseguiu. Era um guerreiro. Sempre com uma conversa boa, sempre gentil. Essa vida é mesmo um sopro. E a gente perde tanto tempo e energia reclamando e sofrendo por besteiras (...) Dudu, essa é minha singela homenagem a você. Brasileiro, artista, amigo. Voa, Ceará! Vai fazer teatro com os anjos. A gente se vê!"
Rafael Losso, outro colega do artista, publicou outra mensagem de luto:
"Perdemos um companheiro, amigo e parceiro. Um dos garimpeiros da nossa história que entre nós era conhecido como Ceará. Eduardo Carneiro. Grande ator e guerreiro. Meus sentimentos à família e aos amigos. Um grande abraço pra você, Du. Que o universo te abrace e você dance com os santos. Por favor, mais amor no mundo porque a vida é um átimo de segundo."
Indicação: Valmir Bonvenuto
#FamososQuePartiram #EduardoCarneiro

Osório Duque-Estrada

JOAQUIM OSÓRIO DUQUE-ESTRADA
(56 anos)
Poeta, Crítico Literário, Professor e Ensaísta

Vassouras, RJ (29/04/1870)
┼ Rio de Janeiro, RJ (05/02/1927)

Joaquim Osório Duque-Estrada foi um poeta, crítico literário, professor e ensaísta brasileiro, nascido no então Distrito de Paty dos Alferes, pertencente ao Município de Vassouras, que veio a ser emancipado em 1988, no dia 29/04/1870.

Seu primeiro livro, um livro de poemas, foi "Alvéolos" (1886). Foi conhecido pela autoria da letra do Hino Nacional Brasileiro e sua atividade de crítico literário na imprensa brasileira do início do século XX. Foi membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Seu poema de 1909, em versos decassílabos, foi oficializado como letra do Hino Nacional Brasileiro por meio do Decreto nº 15.671, do presidente Epitácio Pessoa, em 06/09/1922, véspera do Centenário da Independência do Brasil. O autor morreu cinco anos mais tarde, em 05/02/1927.

Osório Duque-Estrada era filho do tenente-coronel Luís de Azeredo Coutinho Duque-Estrada e de Mariana Delfim Duque-Estrada. Era afilhado do general Osório, Marquês do Erval. Estudou as primeiras letras na capital do antigo império, nos colégios Almeida Martins, Aquino e Meneses Vieira.

Matriculou-se em 1882 no imperial Colégio Pedro II onde recebeu o grau de bacharel em letras, em dezembro de 1888. Em 1886, ao completar o 5º ano do curso, publicou o primeiro livro de versos, "Alvéolos".

Osório Duque-Estrada começou a colaborar na imprensa, em 1887, escrevendo os primeiros ensaios no Rio de Janeiro, como um dos auxiliares de José do Patrocínio na campanha da abolição.

Em 1888 alistou-se também nas fileiras republicanas, ao lado de Silva Jardim, entrando para o Centro Lopes Trovão e o Clube Tiradentes, de que foi segundo secretário. No ano seguinte foi para São Paulo a fim de se matricular na Faculdade de Direito, entrando nesse mesmo ano para a redação do Diário Mercantil. Abandonou o curso de Direito em 1891 para se dedicar à diplomacia, sendo então nomeado segundo secretário de legação no Paraguai, onde permaneceu por um ano.

Regressou ao Brasil, abandonando de vez a carreira diplomática. Fixou residência em Minas Gerais, de 1893 a 1896. Aí redigiu o "Eco de Cataguases". Nos anos de 1896, 1899 e 1900 foi sucessivamente inspetor geral do ensino, por concurso. Bibliotecário do Estado do Rio de Janeiro e professor de francês do Ginásio de Petrópolis, cargo que exerceu até voltar para o Rio de Janeiro, em 1902, sendo nomeado regente interino da cadeira de História Geral do Brasil, no Colégio Pedro II.

Deixou o magistério em 1905, voltando a colaborar na imprensa, em quase todos os diários do Rio de Janeiro. Entrou para a redação do Correio da Manhã, em 1910, dirigindo-o por algum tempo, durante a ausência de Edmundo Bittencourt e Leão Veloso. Foi nesse período que criou a seção de crítica "Registro Literário", mantida, de 1914 a 1917, no Correio da Manhã. De 1915 a 1917, no Imparcial, e de 1921 a 1924, no Jornal do Brasil. Uma boa parte de seus trabalhos desse período foram reunidos em "Crítica e Polêmica" (1924).

Tornou-se um crítico literário temido e gostava de polêmicas. De todas as censuras que fez, nenhuma conseguiu dar-lhe renome na posteridade. Osório Duque-Estrada tinha espírito contestador; gostava de polêmicas e de censurar atitudes alheias, testemunhado por seus colegas na Academia Brasileira de Letras. Segundo as palavras de Arthur Motta, Duque-Estrada "tinha um temperamento agressivo e espírito intolerante. Determinava-lhe a índole uma predisposição para os teirós e ação contínua de combate".

Como poeta, não fez nome literário, a não ser pela autoria da letra do Hino Nacional Brasileiro. Além do livro de estreia, publicado aos 17 anos, "Flora de Maio", com prefácio de Alberto de Oliveira, reunindo poesias escritas até os 32 anos de idade. Revelou sensível progresso na forma e na ideia. Conservou a feição dos poetas românticos, apesar de publicado em plena florescência do Parnasianismo, de que recebeu evidentes influxos, conservando, contudo, a essência romântica.

Osório Duque-Estrada foi o segundo ocupante da cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito em 25/11/1915, na sucessão de Sílvio Romero, recebido pelo acadêmico Coelho Neto em 25/10/1916. Recebeu o acadêmico Luís Carlos.

Obras

  • 1887 - Alvéolos (Poesia)
  • 1899 - A Aristocracia do Espírito
  • 1902 - Flora de Maio (Poesia)
  • 1909 - O Norte (Impressões de Viagem)
  • 1911 - Anita Garibaldi (Ópera-baile)
  • 1912 - A Arte de Fazer Versos
  • 1915 - Dicionário de Rimas Ricas
  • 1918 - A Abolição (Esboço Histórico)
  • 1924 - Crítica e Polêmica
  • Noções Elementares de Gramática Portuguesa
  • Questões de Português
  • Guerra do Paraguai
  • História Universal
  • História do Brasil
  • A Alma Portuguesa.

Encontram-se trabalhos seus na "Revista Americana", em "O Mundo Literário", na "Revista da Língua Portuguesa" e na "Revista da Academia Brasileira de Letras".

A letra do Hino Nacional Brasileiro manuscrita pelo autor, Joaquim Osório Duque-Estrada
Hino Nacional Brasileiro

Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva

Primeira Parte

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Segunda Parte

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.

Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #OsorioDuqueEstrada

Milton Luiz Pereira

MILTON LUIZ PEREIRA
(79 anos)
Jurista, Radialista, Professor e Político

☼ Itatinga, SP (09/12/1932)
┼ Curitiba, PR (16/02/2012)

Milton Luiz Pereira foi um jurista e político brasileiro, nascido em Itatinga, SP, no dia 09/12/1932.

Milton Luiz Pereira mudou-se ainda adolescente para Curitiba, PR. Na capital, iniciou amizade com José Richa, então estudante de Odontologia.

Filho de José Benedito Pereira e Júlia Pinto Pereira, formou em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1958. Foi Procurador Judicial Municipal e advogado credenciado pela Caixa Econômica Federal da Comarca de Campo Mourão, PR.

Como advogado, Milton Luiz Pereira foi atuar em Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná, em 1959, e rapidamente foi reconhecido por seu trabalho.

Em 1963 aceitou disputar a eleição para prefeito da cidade pelo Partido Democrata Cristão (PDC), de Ney Braga. O historiador Santos Júnior, que é de Campo Mourão, conta que a eleição parecia perdida. Milton Luiz Pereira tinha poucos recursos e concorria com o empresário Ivo Trombini, que além de dinheiro tinha o apoio do ex-presidente Juscelino Kubits­­chek. Então senador, Juscelino Kubits­­chek fez um grande comício no município. O troco de Milton Luiz Pereira foi visitar cada eleitor em casa. Elegeu-se.


Então, entre 1964 e 1967, foi prefeito de Campo Mourão, PR, e ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nessas funções, realizou obras e julgamentos importantes. Mas o maior legado que deixou ao Paraná e ao Brasil, segundo relatos de várias pessoas que o conheceram, em artigos e cartas publicadas pela Gazeta do Povo, foi sua conduta. Um homem público íntegro, humilde e sempre pronto para aprender.

Como prefeito, promoveu uma grande inovação para a época: criou o Conselho Comunitário, que contava com a participação de uma pessoa de cada bairro da cidade. O trabalho foi produtivo: as receitas financeiras do município cresceram e a gestão de Milton Luiz Pereira entregou várias obras, como bibliotecas, rede de água e esgoto, estradas, a rodoviária. Graças ao Conselho e às obras, Cam­­po Mou­­rão foi escolhido à época como "Município Modelo do Paraná".

Entre o final da década de 1960 até a sua aposentadoria, exerceu diversos cargos na esfera jurídica Estadual e Federal, como:
  • Juiz Federal Substituto da 2ª Vara da Seção Judiciária do Paraná;
  • Juiz Federal da 5ª Vara da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul;
  • Juiz Substituto do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, em vários biênios;
  • Ministro do Tribunal Federal de Recursos;
  • Juiz Presidente do Conselho de Administração do Tribunal Regional Federal;
  • Ministro do Superior Tribunal de Justiça, decreto de 1992;

Também foi professor catedrático em universidades de Curitiba e Umuarama.

Em 14/02/2014, no segundo aniversário de falecimento de Milton Luiz Pereira e sua esposa Mary, foi fundado o Instituto Milton Luiz Pereira, com a intenção de promover ações e assistência sociais, bem como estudos e iniciativas para o exercício das virtudes e ideais daquele que lhe deu o nome.

Milton Luiz Pereira e o Fusca
Presente do Povo

Em 1967, Milton Luiz Pereira renunciou ao cargo de prefeito para ser nomeado juiz federal, atingindo o objetivo de chegar à magistratura. O convite surgiu de contatos com políticos. Eles já haviam oferecido outros cargos, como secretário estadual, e sugerido a candidatura à Assembleia ou à Câ­­ma­­ra Federal. Mas Milton Luiz Pereira não se interessou.

Foi nessa época que a população de Campo Mourão fez a célebre arrecadação de dinheiro e comprou um Fusca de presente para o prefeito, que não tinha automóvel. Santos Júnior conta que se esqueceram de colocar gasolina. Mas isso não foi problema. A população empurrou o Fusca, com Milton Luiz Pereira, a mulher e os filhos, até a casa deles. "Além do carro, o ex-prefeito ganhou um jogo de canetas, um relógio de ouro e até um frango, presente de um lavrador, que andou 20 quilômetros, a pé!", relata o historiador.

O Fusca azul se tornou um amuleto usado por Milton Luiz Pereira até o fim da vida. Foi seu único carro.


"Toda vez que entro nele, sinto-me em Campo Mourão. Naquele momento, senti que o povo sabe ser justo!", dizia o juiz.

Milton Luiz Pereira permaneceu como juiz federal e, em 1988, assumiu a presidência do Tribunal Federal de Recursos (TFR), fato noticiado com destaque na Gazeta do Povo de 20 de novembro. O órgão já estava em vias de ser extinto, por força da nova Constituição. O Judiciário foi remodelado e surgiram os Tribunais Regionais Federais. Pela sua experiência, Milton Luiz Pereira assumiu o TRF da 3ª Região, em São Paulo.

Em 1992 foi nomeado Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde ficou por 10 anos.

Aposentado, teve mais tempo para se dedicar às novenas na Igreja São Judas Tadeu, do qual era devoto, e à família. Com Rizoleta Mary teve 5 filhos e com ela viveu até o fim.

Morte

Milton Luiz Pereira, o Drº Milton, como era conhecido entre os servidores da Justiça Federal, faleceu na madrugada do dia 16/02/2012, em Curitiba, PR, aos 79 anos, poucas horas após o falecimento de sua esposa, Rizoleta Mary Pereira. Ela morreu por volta das 19h00 de quarta-feira, 15/02/2012, e o ministro às 2h20 de quinta-feira, 16/02/2012.

Os dois estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, PR, há uma semana, de acordo com familiares. Milton Luiz Pereira e Rizoleta Mary Pereira tinham câncer no pulmão e morreram em decorrência de complicações da doença.

Em nota oficial, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ministro Ari Pargendler lamentou as mortes, pois "formavam um casal harmonioso nutrido pelo amor que sentiam pelos filhos".

O velório do casal começou por volta das 12h30 de quinta-feira, 16/02/2012, no Cemitério Parque Iguaçu, de acordo com informações do Serviço Funerário Municipal e da funerária responsável. Os corpos foram sepultados na sexta-feira, 17/02/2012, às 10h00, no mesmo cemitério.

Carlos Chagas

CARLOS CHAGAS
(79 anos)
Advogado, Professor e Jornalista

☼ Três Pontas, MG (20/05/1937)
┼ Brasília, DF (26/04/2017)

Carlos Chagas foi um advogado, professor e jornalista brasileiro, nascido em Três Pontas, MG, no dia 20/05/1937. Era o pai de Helena Chagas, ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma Rousseff.

Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Carlos Chagas foi professor da Universidade de Brasília (UnB) durante 25 anos.

Iniciou no jornalismo como repórter de O Globo, em 1958. Depois passou pelo O Estado de S. Paulo, onde permaneceu durante 18 anos.

Apresentou o programa "Jogo do Poder", exibido pela CNT e que antes ia ao ar pelas Rede Manchete e RedeTV!. Apresentou também o programa "Falando Francamente".

Além de apresentador, era colunista de 12 jornais onde comentava e criticava a forma com que a imprensa brasileira atuava. Foi comentarista de política do Jornal do SBT em Brasília e na Jovem Pan.

Antônio Paes de Andrade e Carlos Chagas
Atualmente era comentarista do CNT Jornal em Brasília.

Em 29/12/2016, Carlos Chagas participou pela última vez do "Jogo do Poder", já que ele anunciou tanto sua saída da emissora como a aposentadoria da televisão. Na sua despedida estavam entre os convidados sua filha Helena Chagas.

Como escritor Carlos Chagas publicou, entre outros livros, "O Brasil Sem Retoque: 1808-1964", "Carlos Castelo Branco: O Jornalista do Brasil" e "Resistir é Preciso".

Carlos Chagas pertencia à Academia Brasiliense de Letras.

No período da Ditadura Militar, Carlos Chagas foi assessor de imprensa da Pre­si­dência da República no governo do general Costa e Silva, e dessa experiência nasceu o livro "A Ditadura Militar e os Golpes Dentro do Golpe: 1964-1969". Baseado nas suas próprias memórias e nos relatos de outros jornalistas, Carlos Chagas conta os bastidores do golpe de 1964, que tirou o presidente João Gou­lart e pôs o general Castelo Branco no poder.

Caso Sociedade dos Amigos de Plutão

Em 02/09/2006, Carlos Chagas publicou no site da revista "Brasília em Dia" uma notícia sobre a criação de uma Organização Não Governamental (ONG) chamada Sociedade dos Amigos de Plutão. Na notícia, Carlos Chagas divulgou detalhes sobre a suposta ONG apontando número de diretores, valores destinados à organização e uma ligação íntima entre o presidente da ONG, supostamente um ex-líder sindical, filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao Partido dos Trabalhadores (PT), e o então presidente Lula.

A notícia em questão gerou grande repercussão dentro e fora da internet, atingindo seu ápice quando o então senador piauiense Heráclito Fortes do então Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), propôs uma CPI para apurar a suposta criação da ONG.

Carlos Chagas publicou uma retratação no dia 02/10/2006 em sua coluna na Tribuna da Imprensa. Nela, afirmou que tudo aquilo não passava de uma metáfora que, entretanto, não estava devidamente caracterizada.

Carlos Chagas, filha e esposa
Morte

Carlos Chagas faleceu na quarta-feira, 26/04/2017, em Brasília, DF, aos 79 anos. Sua filha Helena Chagas avisou em sua página no Facebook sobre o falecimento do pai.


Eduardo Chapot-Prévost

EDUARDO CHAPOT-PRÉVOST
(43 anos)
Médico, Cientista e Professor

☼ Cantagalo, RJ (25/07/1864)
┼ Rio de Janeiro, RJ (19/10/1907)

Eduardo Chapot-Prévost foi um médico-cirurgião, cientista e professor brasileiro nascido em Cantagalo, RJ, no dia 25/07/1864. Ele foi uma das mais ilustres e notórias personalidades da medicina brasileira, cujo nome tornou-se mundialmente famoso pela marcante e bem sucedida operação que realizou, no final do século XIX, separando as irmãs siamesas Maria e Rosalina.

Filho de Louis Chapot-Prévost, cirurgião dentista, de nacionalidade francesa, e de Louisa Lend Chapot-Prévost, de nacionalidade belga, professora de línguas. Cursou os preparatórios no Colégio Pedro II.

Vocacionado aos estudos médicos, Eduardo Chapot-Prévost matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Colou grau em 1885, defendendo a tese sobre "Formas Clínicas do Puerperismo Infeccioso e seu Tratamento", na Bahia.

No magistério, foi Professor Adjunto de Anatomia, em 1886, e de Histologia, em 1888, tendo logrado conquistar a cátedra de Histologia em 1890, com uma tese sob o título "Pesquisas Histológicas Sobre a Inervação das Vias Biliares Extra-Hepáticas".

Eduardo Chapot-Prévost participou de diversas comissões, entre elas a que foi a Berlim estudar o processo proposto do Doutor Robert Koch para a cura da tuberculose, em 1890, a que foi identificar uma suposta epidemia de cólera no Vale do Paraíba, em 1894, e outra, presidida por Domingos Freire, para debelar a febre amarela, em 1899. Ainda em 1899, chefiou a comissão da Diretoria Geral de Saúde Pública que foi a Santos investigar e combater um surto de peste bubônica, da qual fez parte Oswaldo Cruz. Dessa empreitada nasceriam o Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, e o Instituto Soroterápico do Estado de São Paulo.

Eduardo Chapot-Prévost integrou a comissão que foi a Berlim estudar o processo do Drº Robert Koch para cura da tuberculose, e a que reuniu no Rio de Janeiro, sob a presidência do professor Domingos Freire, para debelação da febre amarela. Foi patrono e membro titular da cadeira nº 81 da Academia Nacional de Medicina. É, também, o Patrono da Cadeira 60 da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro.

Notoriedade Mundial

Em 30/05/1900, o Drº Eduardo Chapot-Prévost realizou, pela primeira vez, na história da medicina, uma intervenção operatória que constituiu um marco na evolução da cirurgia mundial: A separação das meninas toracoxifópagas, Maria e Rosalina, de 7 anos de idade, cuja cirurgia durou apenas 90 minutos.

Drº Eduardo Chapot-Prévost, após realizar os mais minuciosos estudos sobre a operabilidade desse caso de toracoxifopagia, esgotando os métodos de investigação e exame possíveis, para a época, criou processos originais para as várias fases da inovadora cirurgia.

Drº Eduardo Chapot-Prévost e a esposa ao lado de Rosalina
Vida e Família

Eduardo Chapot-Prévost casou-se com Laura Caminhoá, filha do Comendador da Ordem da Rosa, Joaquim Monteiro Caminhoá, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e professor de Botânica e Zoologia, e de sua esposa, Delmira Monteiro Caminhoá.

Da união, nasceu um único filho, falecido em tenra idade.

Após longa enfermidade, Eduardo Chapot-Prévost faleceu em 19/10/1907, aos 43 anos de idade.

Maria e Rosalina

As irmãs Maria e Rosalina, ligadas pelo fígado, nasceram em 21/04/1893, em Cachoeiro do Itapemirim, ES, filhas de João Antônio Davel e Rosalina Pinheiro Davel. Entretanto, os poucos recursos da medicina do final do século XIX não permitiram aos médicos descobrir como e, por onde, elas estavam unidas.

O tempo foi passando e até que, quando tinham 5 anos de idade, os pais foram convencidos de que só no Rio de Janeiro seria possível resolver o caso. Poucos dias depois, rumaram para o Rio de Janeiro, onde o Drº Pinheiro Júnior apresentou os pais das irmãs toracoxifópagas ao Drº Álvaro Ramos, que decidiu realizar a operação.

Durante um ano, estiveram as crianças aos cuidados desse médico, em observação. A primeira tentativa de operação fracassou quando o Drº Álvaro Ramos descobriu que as meninas não estavam ligadas apenas por músculos ou cartilagem, como inicialmente se pensara.

Diante desse resultado frustrado, o Drº Pinheiro Júnior decidiu consultar o Drº Eduardo Chapot-Prévost sobre o caso. Ficou surpreso com a resposta do cientista que declarou estar disposto a assumir a responsabilidade da intervenção. Entretanto, como, na época, nem radiografias existiam, o decidido médico Eduardo Chapot-Prévost foi obrigado a mais de um ano de pesquisas.

Aplicando remédios para uma das irmãs a fim de verificar se a outra sentia os efeitos, foi que ele chegou à conclusão de que o órgão que ligava as duas era o fígado. Foram necessários vários meses de experiências para descobrir se elas possuíam um único fígado ou não.


Para preparar a operação, o Drº Eduardo Chapot-Prévost foi obrigado a esculpir em gesso, em tamanho natural, o modelo das duas crianças e a desenhar uma mesa de operação especial, que se dividia em duas, para permitir que ele, depois de separadas as toracoxifópagas, atendesse a uma delas, enquanto os assistentes concluíam a operação da outra. Inclusive, um aparelho especial para a sutura do fígado foi desenhado e construído pelo médico.

A Equipe Médica chefiada pelo Drº Eduardo Chapot-Prévost, na Operação de Toracoxifopagia, era composta por 13 médicos assistentes: Drº Paulino Werneck, Drº Pinheiro Junior, Drº Azevedo Monteiro, Drº Ernani Pinto, Drº Figueiredo Rodrigues, Drº João Gonçalves Lopes, Drº Amaro Campello, Drº Jonathas Campello, Drº José Chapot-Prévost, Drº Silvio Muniz, Drª Paula Rodrigues, Drº Dias de Barros e Drº Chardinal d’Arpenans.

Em 1900, o Drº Eduardo Chapot-Prévost usou, pela primeira vez no mundo, as máscaras de gaze, só dezenas de anos depois generalizadas pelos cirurgiões de todos os continentes, em seus atos operatórios. Para a hemostasia (interrupção fisiológica de uma hemorragia) do fígado, separado em larga ponte de conexão entre Maria e Rosalina, o Drº Eduardo Chapot-Prévost utilizou método e aparelhos originais, aceitos na técnica cirúrgica, após a publicação do seu trabalho: "Chirurgie dês Thoracopages", em Paris, no ano de 1901.

Durante o procedimento cirúrgico, a população estava acompanhando o drama de bondade e de amor que se representa na Casa de Saúde de São Sebastião.

Acabada a operação, suspensa a ação anestésica do clorofórmio, quando um silêncio trágico reinava naquela sala em que acabava de ser afirmada a glória da ciência humana, a Mariasinha, a que mais sofrera, a que mais sangue perdera, a que mais receios devia dali por diante inspirar, logo ao despertar, agitou uma das mãos no ar, e disse adeus à irmã.

A cirurgia feita por Eduardo Chapot Prévost
Um cronista na pressa de transmitir aos leitores as suas impressões pessoais, não soube compreender toda a significação desse adeus. Pareceu a essa alma apressada que havia ali, naquele gesto eloqüente da pequenina, a manifestação da primeira saudade, da primeira mágoa da separação, do primeiro desgosto do apartamento… Não era isso, não. Aquilo era um adeus aliviado e consolado, com que o galé se despede do calceta, com que o acusado se despede do banco dos réus, com que a alma da gente se despede de uma preocupação dolorosa, com que um devedor ameaçado de penhora se despede de uma dívida, com que todos os que sofrem se despedem do sofrimento.
"Como quereríeis vós que se amassem aquelas pobres almas, condenadas ao eterno convívio? Como quereríeis vós que não se repelissem aqueles dois corpos, condenados ao eterno contato?"
(Trecho apócrifo de texto encontrado junto aos documentos dos descendentes dos familiares de Eduardo Chapot-Prévost)

Infelizmente, Maria, uma das xifópagas, faleceu cinco dias e quatorze horas após a cirurgia, vitimada, conforme ficou provado pelo laudo da necropsia oficial, solicitada pelo próprio cirurgião, por uma pleuropericardite, quadro infeccioso para cuja debelação a medicina da época não dispunha de eficazes recursos.

Maria, caso tivesse acatado a dieta recomendada, também se salvaria. Muito voluntariosa, porém, e cheia de caprichos, não quis se submeter aos rigores que indicavam somente a ingestão de caldos e coisas leves. A enfermeira resolveu contrariar o conselho médico e deu-lhe um mingau de tapioca, que causou grave infecção intestinal.

A sobrevivência de Rosalina, a outra xifópaga, foi suficiente para atestar a magistral proficiência e o êxito do ato operatório, bem como para consagrar, no Brasil, e perante a ciência médica mundial, o nome de Eduardo Chapot-Prévost, cientista, mestre da medicina e imortal pioneiro deste tipo de cirurgia. Rosalina Henriques, depois de visitar toda a Europa, serviu de tema a várias conferências médicas.

Rosalina, aos 75 anos, com o marido Wantuil Henriques e os netos
Rosalina relatou, em diversos jornais da década de 1930, como ela e sua irmã Maria viveram presas, uma a outra, durante 7 anos. Havia entre elas profundas diferenças de gênio e de vontades. Maria era voluntariosa, caprichosa e, isso, causava rusgas constantes. Uma não queria satisfazer as vontades da outra e principiava a briga da qual sempre Rosalina levava a pior parte, pois, mais cordata, calma e ponderada, cedia aos caprichos da irmã. Resumindo: Rosalina gostava mais do sossego e Maria de brincadeiras mais movimentadas. Essas divergências eram constantes e manifestavam-se, inclusive, na hora de dormir. Uma queria ir para o leito e a outra não, porque não tinha sono. E como era difícil acomodarem-se no leito. A deformação no rosto da sobrevivente foi proveniente da posição a que era obrigada no leito. Maria também apresentava deformação idêntica, mas em sentido inverso porque as suas faces se encostavam, e, de tanto se tocarem, estabeleceram perfeita junção das partes em contato.

O vestido tinha que ser de feitio todo especial. Da cintura para cima, com duas blusas; para baixo, uma saia somente. Comiam, cada qual no seu prato, mas sentadas numa só cadeira.

Rosalina disse que seus pais tiveram, depois, mais 10 filhos, todos eles perfeitos, e que o seu caso foi o único fenômeno que se registrou na sua família e na de seus parentes. Rosalina contou que depois de operada, passou a morar com o Drº Eduardo Chapot-Prévost, que mais tarde se tornou seu padrinho e lhe arranjou educação gratuita num colégio de irmãs de caridade, em Botafogo. Seu grande bem feitor tratava-a como filha.

Quando o padrinho morreu, tinha Rosalina 14 anos de idade e, muito embora a família do médico não quisesse, deixou a casa e foi morar com os pais. Educada, porém, não se habituou àquela vida de privações, no interior do Espírito Santo. Assim, ela voltou para o Rio de Janeiro e, depois, passou a residir com a família de Sebastião Lacerda, na vila que hoje tem seu nome e que se chamava Commercio.

Em Sebastião Lacerda, perto de Vassouras, conheceu o homem que viria a ser seu esposo. Dos seus 6 filhos, os 2 primeiros nasceram em maternidades do Rio de Janeiro, pois, os médicos temiam qualquer complicação no parto. Os outros 4, em mãos de parteiras, naquele lugarejo fluminense.

 Rosalina viveu mais de 80 anos.

Obras
  • 1890 - Pesquisas Histológicas
  • 1892 - A Bouba e a Sífilis
  • 1900 - O Carbúnculo no Matadouro
  • 1901 - Novo Xifópago Vivo
  • 1901 - Cirurgia dos Toracópagos
  • 1902 - Xifópago Operado
  • 1905 - Teratópago Brasileiro Vivo