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Visconde de Taunay

ALFREDO MARIA ADRIANO D'ESCRAGNOLLE TAUNAY
(56 anos)
Nobre, Escritor, Músico, Artista Plástico, Professor, Compositor, Instrumentista, Engenheiro Militar, Político, Historiador e Sociólogo

* Rio de Janeiro, RJ (22/01/1843)
+ Rio de Janeiro, RJ (25/01/1899)

Foi o primeiro e único Visconde de Taunay.

Alfredo Taunay nasceu em uma família aristocrática de origem francesa no Rio de Janeiro. Seu pai, Félix Émile Taunay, era pintor, professor e diretor da Academia Imperial de Belas Artes e seu avô paterno foi o conceituado Nicolas-Antoine Taunay. Sua mãe, Gabriela Hermínia Robert d'Escragnolle Taunay, fora uma dama da alta sociedade brasileira e era irmã do Barão d'Escragnolle e filha do Conde d'Escragnolle.

Família e Educação

Após obter seu bacharelado em literatura no Colégio Pedro II em 1858, aos quinze anos de idade, Taunay estudou física e matemática no Colégio Militar do Rio de Janeiro, tornando-se bacharel em matemática e ciências naturais em 1863.

Casou-se com Cristina Teixeira Leite, filha do Barão de Vassouras, neta do primeiro Barão de Itambé e sobrinha-neta do Barão de Aiuruoca. Seu filho foi o historiador Afonso d'Escragnolle Taunay, membro-fundador da Academia Brasileira de Letras.

Guerra do Paraguai e Carreira Política

Taunay lutou na Guerra do Paraguai como engenheiro militar, de 1864 a 1870. Desta experiência surgiu seu livro "A Retirada da Laguna" (1869).

Após seu retorno ao Rio de Janeiro, Taunay lecionou no Colégio Militar do Rio de Janeiro e iniciou simultaneamente sua carreira como político do Segundo Império.

Atingiu o posto de major em 1875. Foi eleito para a Câmara dos Deputados pela Província de Goiás em 1872, cargo para o qual seria reeleito três anos mais tarde.

No dia 26 de abril de 1876, foi nomeado presidente da Província de Santa Catarina. Assumiu o cargo de 7 de junho de 1876 a 2 de janeiro de 1877, quando o passou ao vice-presidente Hermínio Francisco do Espírito Santo, que presidiu a província por apenas um dia. Em 1 de janeiro de 1877, durante seu mandato como presidente, ele havia inaugurado, no Largo do Palácio, atual Praça Quinze de Novembro, o monumento aos heróis catarinenses da Guerra do Paraguai.

Inconformado com a queda do Partido Conservador, Taunay retirou-se da vida política em 1878, deixando o país para estudar, durante dois anos, na Europa.

Em 1881 é eleito deputado pela Província de Santa Catarina e, em 1885, nomeado presidente da Província do Paraná. Em Curitiba, foi um dos responsáveis pela criação do primeiro parque da cidade, o Passeio Público, inaugurado em 2 de maio de 1886 (véspera do dia da entrega do cargo).

Exerceu tal cargo até 3 de maio de 1886. Neste ano, torna-se senador por Santa Catarina, tendo sido escolhido de uma lista tríplice pelo Imperador em 6 de setembro de 1886, sucedendo Jesuíno Lamego da Costa.

Recebeu o título nobiliárquico de Visconde de Taunay de Dom Pedro II em 6 de setembro de 1889. Com a Proclamação da República naquele mesmo ano, Taunay deixou a política para sempre.

Carreira Literária e Artística

Crítico das influências da literatura francesa, Taunay buscava promover a arte brasileira no exterior. No dia 21 de agosto de 1883 propõe à Câmara dos Deputados a autorização de uma soma para a realização de uma sinfonia por Leopoldo Miguez em Paris, nos Concerts-Collone. Anteriormente fora responsável pela promoção de Carlos Gomes no exterior.

Taunay foi um autor prolífico, produzindo ficção, sociologia, música (compondo e tocando) e história. Na ficção, a obra Inocência é considerada pelos críticos como seu melhor livro.


Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a Cadeira nº 13, que tem como patrono Francisco Otaviano.

Faleceu Diabetico no dia 25 de janeiro de 1899.

Vera Sílvia Magalhães

VERA SÍLVIA ARAÚJO DE MAGALHÃES
(59 anos)
Economista, Socióloga e Guerrilheira

* Rio de Janeiro, RJ (05/02/1948)
+ Rio de Janeiro, RJ (04/12/2007)

Foi uma economista, socióloga e guerrilheira brasileira, militante da Dissidência Comunista da Guanabara e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).

Vera, filha de uma família da classe média alta carioca, de ideologia socialista - ganhou do tio, aos onze anos, o livro "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels - começou a militar na política com apenas 15 anos de idade, na Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas (Ames).

Aos vinte, em 1968 e já na universidade, ingressou no MR-8, grupo comunista clandestino que participou da luta armada contra a ditadura militar.

Luta Armada

Atuando na Frente de Trabalho Armado (FTA), a tropa de choque da DI-GB, um dos muitos grupos dissidentes do Partido Comunista Brasileiro, e que viria a se intitular de Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), após a prisão de quase todos os integrantes do MR-8 original, no intuito de confundir a repressão, depois de sua primeira ação num roubo de armas no gasômetro do bairro do Leblon, junto aos companheiros Cláudio Torres e Cid Benjamin, Vera participou de diversos assaltos a banco, supermercados, postos de gasolina e carros-forte, além de um assalto cinematográfico ao apartamento de um deputado em Copacabana, com os membros do grupo disfarçados de jornalistas. Nessas ações, ela usava sempre uma peruca loira, o que lhe deu a alcunha de "Loira 90" (porque nos assaltos a banco estava sempre armada com duas pistolas calibre .45) na imprensa e entre os agentes da repressão.

Mas ela passaria para a história como uma das mais famosas guerrilheiras do Brasil da ditadura militar, quando foi a única mulher a participar do seqüestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969.

Vera, codinome "Dadá" na militância, ficou encarregada de conseguir informações sobre a rotina do embaixador Elbrick e para isso chegou a flertar com o chefe da segurança da embaixada dos Estados Unidos, em Botafogo, vestida com uniforme de babá. Depois de conseguir as informações que permitiram o mapeamento da rotina do diplomata, ela atuou como vigia no dia do sequestro, 4 de setembro, posicionada dentro de uma padaria na rua Marques, no bairro do Humaitá, onde se deu a ação.

Após o sequestro, o primeiro do genêro no mundo e que libertou quinze presos políticos em troca da vida de Elbrick, Vera desapareceu na clandestinidade, caçada, como os outros sequestradores, pela polícia e pelos agentes dos serviços de inteligência das três forças armadas. Escondida na Penha com o então companheiro José Roberto Spigner, também guerrilheiro, continuou esporadicamente a participar de ações armadas e distribuição de propaganda política, até o começo do ano seguinte, quando escapou atirando de um cerco feito pela repressão a uma casa onde se escondia com companheiros, entre eles Spigner, morto no tiroteio.

Presa em março de 1970, numa casa do bairro do Jacarezinho, junto com outros companheiros denunciados por uma vizinha e levando um tiro que lhe trespassou a cabeça. Vera Sílvia foi torturada nas dependências do DOI-CODI do Rio de Janeiro, baseado num quartel da Polícia do Exército na Rua Barão de Mesquita, bairro da Tijuca, zona norte da cidade. Pendurada no pau-de-arara, respondeu aos torturadores quando lhe perguntaram sua profissão: "Minha profissão é ser guerrilheira". Vera acabou sendo libertada junto com outros 39 presos politicos em 15 de junho do mesmo ano, em troca do embaixador alemão no Brasil, Ehrenfried von Holleben, sequestrado por outro grupo guerrilheiro.

Cinema

Única mulher participante do sequestro do embaixador Elbrick, Vera foi retratada no filme "O Que É Isso, Companheiro?" de 1997 baseado na obra homônima de Gabeira por Fernanda Torres.

Exílio, Retorno e Morte

Banida do país, Vera morou na Argélia e no Chile com Fernando Gabeira, seu companheiro de sequestro e de banimento, com quem se casou, na Alemanha, na Suécia e na França. A maior parte do tempo em que foi obrigada a morar fora do Brasil, foi ocupada com estudos na Sorbonne, em Paris, onde foi aluna do sociólogo e futuro Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, também exilado na Europa. Retornando ao Brasil em 1979 após a aprovação da Lei da Anistia, trabalhou no governo do Rio de Janeiro como planejadora urbana, até se aposentar por invalidez.

Vera, musa dos integrantes da guerrilha no Rio de Janeiro, foi presa após levar um tiro na cabeça e torturada por três meses mesmo ferida e após dias em estado de coma, e, entre outras sequelas, sofreu o resto da vida de surtos psicóticos, sangramento da gengiva e crises renais, combateu um linfoma nos últimos anos de vida e morreu de infarto em 2007.

Por causa de seus problemas permanentes de saúde causados pela tortura, em 2002 ela foi a primeira mulher a receber reparação financeira do Estado, com uma pensão mensal vitalícia garantida por lei. Além de viver com Spigner e casar com Gabeira, Vera Sílvia foi casada mais duas vezes, uma delas com o cientista político Emir Sader.

Fonte: Wikipédia

Euclides da Cunha

EUCLIDES RODRIGUES PIMENTA DA CUNHA
(43 anos)
Escritor, Sociólogo, Repórter Jornalístico, Historiador, Geógrafo, Poeta e Engenheiro

☼ Cantagalo, RJ (20/01/1866)
┼ Rio de Janeiro, RJ (15/08/1909)


Euclides da Cunha nasceu na Fazenda Saudade, em Cantagalo, RJ. Era filho de Manuel Rodrigues da Cunha Pimenta e Eudóxia Alves Moreira da Cunha. Órfão de mãe desde os 3 anos de idade, Euclides da Cunha passou a viver em casa de parentes em Teresópolis, São Fidélis e no Rio de Janeiro.

Em 1883 ingressou no Colégio Aquino, onde foi aluno de Benjamin Constant Botelho de Magalhães, que muito influenciou sua formação introduzindo-lhe à filosofia positivista.

Em 1885, ingressou na Escola Politécnica e, no ano seguinte, na Escola Militar da Praia Vermelha, onde novamente encontra Benjamin Constant como professor.

Cadete Republicano

Contagiado pelo ardor republicano dos cadetes e de Benjamin Constant, professor da Escola Militar, durante uma revista às tropas atirou sua espada aos pés do Ministro da Guerra Tomás Coelho. A liderança da Escola tentou atribuir o ato à "fadiga por excesso de estudo", mas Euclides da Cunha negou-se a aceitar esse veredito e reiterou suas convicções republicanas. Por esse ato de rebeldia, foi julgado pelo Conselho de Disciplina e em 1888, desligou-se do Exército.

Euclides da Cunha participou ativamente da propaganda republicana no jornal A Província de São Paulo.

Proclamada a República, foi reintegrado ao Exército recebendo promoção. Ingressou na Escola Superior de Guerra e conseguiu ser primeiro-tenente e bacharel em Matemáticas, Ciências Físicas e Naturais.

Casou-se com Ana Emília Ribeiro, filha do major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro, um dos líderes da Proclamação da República.

Em 1891, deixou a Escola de Guerra e foi designado coadjuvante de ensino na Escola Militar. Em 1893, praticou na Estrada de Ferro Central do Brasil.

Ludgero Prestes
Ciclo de Canudos

Durante a fase inicial da Guerra de Canudos, em 1897, Euclides da Cunha escreveu dois artigos intitulados "A Nossa Vendeia" que lhe valeram um convite do jornal O Estado de São Paulo para presenciar o final do conflito como correspondente de guerra. Isso porque ele considerava, como muitos republicanos à época, que o movimento de Antônio Conselheiro tinha a pretensão de restaurar a monarquia e era apoiado por monarquistas residentes no país e no exterior.

Em Canudos, Euclides da Cunha adotou um jaguncinho chamado Ludgero, a quem se refere em sua Caderneta de Campo. Fraco e doente, o menino foi trazido para São Paulo, onde Euclides da Cunha o entregou a seu amigo, o educador Gabriel Prestes. O menino foi rebatizado de Ludgero Prestes.

Livro Vingador

Euclides da Cunha deixou Canudos quatro dias antes do final da guerra, não chegando a presenciar o desenlace final. Mas conseguiu reunir material para, durante cinco anos, elaborar "Os Sertões: Campanha de Canudos" (1902). Os Sertões foi escrito "nos raros intervalos de folga de uma carreira fatigante", visto que Euclides da Cunha se encontrava em São José do Rio Pardo liderando a construção de uma ponte metálica.

O livro trata da Campanha de Canudos (1897), no nordeste da Bahia. Nesta obra, ele rompe por completo com suas idéias anteriores e pré-concebidas, segundo as quais o movimento de Canudos seria uma tentativa de restauração da monarquia, comandada à distância pelos monarquistas. Percebe que se trata de uma sociedade completamente diferente da litorânea. De certa forma, ele descobre o verdadeiro interior do Brasil, que mostrou ser muito diferente da representação usual que dele se tinha.

Euclides da Cunha se tornou internacionalmente famoso com a publicação desta obra-prima que lhe valeram vagas para a Academia Brasileira de Letras (ABL) e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

Divide-se em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. Nelas Euclides da Cunha analisa, respectivamente, as características geológicas, botânicas, zoológicas e hidrográficas da região, a vida, os costumes e a religiosidade sertaneja e, enfim, narra os fatos ocorridos nas quatro expedições enviadas ao arraial liderado por Antônio Conselheiro.

Euclides da Cunha em Canudos (Tela de Edmundo Migliaccio)
Ciclo Amazônico

Em agosto de 1904, Euclides a Cunha foi nomeado chefe da comissão mista brasileiro-peruana de reconhecimento do Alto Purus, com o objetivo de cooperar para a demarcação de limites entre o Brasil e o Peru. Esta experiência resultou em sua obra póstuma "À Margem da História", onde denunciou a exploração dos seringueiros na floresta.

Ele partiu de Manaus para as nascentes do Rio Purus, chegando adoentado em agosto de 1905. Dando continuidade aos estudos de limites, Euclides da Cunha escreveu o ensaio "Peru Versus Bolívia", publicado em 1907.

Escreveu, também durante esta viagem, o texto "Judas-Ahsverus", considerado um dos textos mais filosófica e poeticamente aprofundados de sua autoria.

Após retornar da Amazônia, Euclides da Cunha proferiu a conferência "Castro Alves e Seu Tempo", prefaciou os livros "Inferno Verde", de Alberto Rangel, e "Poemas e Canções", de Vicente de Carvalho.

Concurso de Lógica

Visando a uma vida mais estável, o que se mostrava impossível na carreira de engenheiro, Euclides da Cunha prestou concurso para assumir a Cadeira de Lógica do Colégio Pedro II. O filósofo Raimundo de Farias Brito foi o primeiro colocado, mas a lei previa que o presidente da república escolheria o catedrático entre os dois primeiros. Graças à intercessão de amigos, Euclides da Cunha foi nomeado. Depois de sua morte, Farias Brito acabaria ocupando a cátedra em questão.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito em 21/09/1903 para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na sucessão de Valentim Magalhães, e recebido em 18/12/1906 pelo acadêmico Sílvio Romero.

A "Tragédia da Piedade"

Sua esposa, Ana Emília Ribeiro, tornou-se amante de um jovem tenente, 17 anos mais novo do que ela, chamado Dilermando de Assis. Ainda casada com Euclides da Cunha, teve dois filhos de Dilermando de Assis, um deles morreu ainda bebê. O outro filho era chamado por Euclides de "a espiga de milho no meio do cafezal", por ser o único louro numa família de morenos. Aparentemente, Euclides da Cunha aceitou como seu esse menino louro.

A traição de Ana Emília Ribeiro desencadeou uma tragédia em 1909, quando Euclides da Cunha teria entrado na casa de Dilermando de Assis, armado, dizendo-se disposto a matar ou morrer. Dilermando de Assis reagiu e matou-o.

Foi julgado pela justiça militar e absolvido. Entretanto, até hoje o episódio permanece em discussão. Dilermando de Assis casou-se com Ana Emília Ribeiro e o casamento durou 15 anos.

O corpo de Euclides da Cunha foi velado na Academia Brasileira de Letras. O médico e escritor Afrânio Peixoto, que assinou o atestado de óbito, mais tarde ocuparia sua cadeira na Academia Brasileira de Letras.

O corpo de Euclides da Cunha exposto numa sala da Academia Brasileira de Letras
Versões

As versões sobre o desfecho da história abrigam diferentes hipóteses. A mais comedida defende que o escritor tenha sido vítima de uma emboscada, quando apenas queria resgatar seus filhos do ambiente libertino construído por Ana Emília Ribeiro e Dilermando de Assis.

A mais exasperante é a de que, movido pela humilhação da traição, Euclides da Cunha, em defesa de sua honra, partira disposto a matar seu rival e vingar-se de Ana Emília Ribeiro.

Exímio atirador, Dilermando de Assis justificou seu ato como legítima defesa, alegando que Euclides da Cunha agiu de forma premeditada, ao seguir armado à sua procura. Aos olhos da Justiça, o gesto de Dilermando de Assis foi leal, tanto que foi absolvido pelo júri popular.


Semana Euclidiana e Euclidianismo em Cantagalo

A cidade de São José do Rio Pardo, no Estado de São Paulo, realiza todos os anos, entre 9 e 15 de agosto, a Semana Euclidiana, em memória do escritor que ali vivia quando escreveu sua obra-prima "Os Sertões". São José do Rio Pardo tornou-se uma cidade turística conhecida como O Berço de Os Sertões.

Também em São Carlos, SP, celebra-se todos os anos, uma Semana Euclidiana, em homenagem ao escritor que morou na cidade entre 1901 e meados de 1903, ali terminando seu trabalho "Os Sertões" e o publicando em 1902.

A cidade de Cantagalo, berço natal de Euclides da Cunha, também mantém viva a memória do escritor, através de eventos e um museu dedicado a Euclides da Cunha e suas obras.

Em 2009, ano do centenário de sua morte, a cidade de Cantagalo realizou o Seminário Internacional 100 Anos Sem Euclides. Na cidade, o Grupo Euclidiano de Atividades Culturais (GEAC) é o difusor do movimento.

Fonte: Wikipédia

Betinho

HERBERT JOSÉ DE SOUSA
(61 anos)
Sociólogo e Ativista dos Direitos Humanos

* Bocaiúva, MG (03/11/1935)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/08/1997)

Herbert Jose de Souza nasceu em Bocaiúva, no norte de Minas Gerais e, junto com seus dois irmãos - o cartunista Henfil e o músico Chico Mário, herdou da mãe a hemofilia, e desde a infância sofreu com outros problemas, como a tuberculose. "Eu nasci para o desastre, porém com sorte" - costumava dizer.

Foi criado em ambientes inusitados: a penitenciária e a funerária, onde o pai trabalhava. Mas sua formação teve grande influência dos padres dominicanos, com os quais travou contato na década de 1950. Integrou a Juventude Estudantil Católica (JEC), a Juventude Universitária Católica (JUC) e, em 1962, fundou a Ação Popular (AP), da qual foi o primeiro coordenador.

Carreira

Concluiu seus estudos universitários em Sociologia, no ano de 1962. Durante o governo de João Goulart assessorou o Ministério de Educação e Cultura (MEC), chefiou a assessoria do Ministro Paulo de Tarso Santos, e defendeu as reformas de base, sobretudo a reforma agrária.

Com o golpe militar, em 1964, mobilizou-se contra a ditadura, sem nunca esquecer as causas sociais. Com o aumento da repressão, foi obrigado a se exilar no Chile, em 1971. Lá assessorou Salvador Allende, até sua deposição em 1973. Conseguiu escapar do golpe de Pinochet refugiando-se na embaixada panamenha. Posteriormente morou no Canadá e no México. Durante esse período foram reforçadas as suas convicções sobre a democracia, que ele julgava ser incompatível com o sistema capitalista.

Foi homenageado como "O irmão do Henfil" na canção "O Bêbado e a Equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc, gravada por Elis Regina - "Meu Brasil / Que sonha com a volta do irmão do Henfil / De tanta gente que partiu…" - à época da campanha pela anistia aos presos e exilados políticos. Anistiado em 1979, Betinho voltou ao Brasil.

Em 1981, junto com os economistas Carlos Afonso e Marcos Arruda, fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), e passou a se dedicar à luta pela reforma agrária, sendo um de seus principais articuladores. Nesse sentido conseguiu reunir, em 1990, milhares de pessoas no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, em manifestação pela causa.

Betinho também integrou as forças que resultaram no impeachment do Presidente da República Fernando Collor. Mas o projeto pelo qual se imortalizou foi, provavelmente, a Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida, movimento em favor dos pobres e excluídos.


Doença e Morte

Em 1986 Betinho descobriu ter contraído o vírus da AIDS em uma das transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia. Em sua vida pública esse fato repercutiu na criação de movimentos de defesa dos direitos dos portadores do vírus. Junto com outros membros da sociedade civil, fundou e presidiu até a sua morte a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Dois dos seus irmãos, HenfilChico Mário, morreram em 1988 por conseqüência da mesma doença. Mesmo assim, não deixou de ser ativo até o final de sua vida, dizendo que a sua condição de soropositivo o forçava a "comemorar a vida todas as manhãs".

Betinho morreu em 1997, já bastante debilitado pela AIDS, vítima de Insuficiência Hepática, decorrente de Hepatite C, depois de 26 dias internado no Hospital da Beneficência Portuguesa, com uma infecção oral.

Deixou dois filhos: Daniel, filho do seu primeiro casamento com Irles Carvalho, e Henrique, filho do segundo casamento com Maria Nakano, com quem viveu por 27 anos.


Reparação

Em 18 de agosto de 2010, a Comissão de Anistia concedeu à família de Betinho uma indenização mensal, além de um montante retroativo, em razão da perseguição política sofrida por ele durante a ditadura militar, comprovada por documentos encontrados nos arquivos do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Sua viúva, Maria Nakano, também recebeu o direito a uma pensão vitalícia.

Fonte: Wikipédia