Ivo Pitanguy

IVO HÉLCIO JARDIM DE CAMPOS PITANGUY
(90 anos)
Cirurgião Plástico, Professor e Escritor

☼ Belo Horizonte, MG (05/07/1926)
┼ Rio de Janeiro, RJ (06/08/2016)

"A busca da cirurgia plástica emana de uma finalidade transcendente. É a tentativa de harmonização do corpo com o espírito, da emoção com o racional, visando estabelecer um equilíbrio que permita ao indivíduo sentir-se em harmonia com sua própria imagem e com o universo que o cerca."
(Ivo Pitanguy)

Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy foi um cirurgião plástico, professor e escritor brasileiro, membro da Academia Nacional de Medicina e da Academia Brasileira de Letras. É considerado um dos mais renomados cirurgiões plásticos do país e do mundo.

Ivo Pitanguy nasceu em 05/07/1926 na cidade de Belo Horizonte, MG, filho da humanista Maria Stael Jardim de Campos Pitanguy e do cirurgião-geral Antônio de Campos Pitanguy.

Durante a infância e a adolescência, suas paixões eram os livros, a pintura, a poesia, a natureza e o esporte. O fascínio pelas artes, foi herdado da mãe, uma mulher sensível e culta, que lhe deu quatro irmãos: IvanIvetteYeda Lúcia e Jacqueline. A vocação pela medicina surgiu após o término dos estudos secundários, por influência do pai.

Ivo Pitanguy fez o ginásio em Belo Horizonte, nos colégios Arnaldo e Affonso Arinos. Cursou medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) até o 4º ano, quando, para servir o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva sem interromper os estudos, transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que frequentou até concluir o curso, ao mesmo tempo que servia na Cavalaria dos Dragões da Independência.

Por meio de concurso para interno de cirurgia geral, iniciou sua formação cirúrgica no Hospital do Pronto-Socorro do Rio de Janeiro, atual Hospital Souza Aguiar, complementada nos Serviços dos Professores George Grey, Josias de Freitas e Ugo Pinheiro Guimarães.

Sentindo que a sua vocação era a cirurgia plástica, inscreveu-se em um concurso organizado pelo Institute Of International Education, sendo contemplado com uma bolsa de estudos que o levou a Cincinnati, Estados Unidos, na condição de cirurgião residente do Serviço do Professor John Longacre, no Bethesda Hospital. Posteriormente, foi Visiting Fellow da Mayo Clinic, em Minnesota, e do Serviço de Cirurgia Plástica do Drº John Marquis Converse, em Nova York.


De volta ao Brasil, foi trabalhar no Hospital do Pronto-Socorro do Rio de Janeiro, onde recebeu o convite do professor Marc Iselin, que visitava o hospital, para ser seu assistant étranger (assistente estrangeiro) em Paris, onde ficaria por dois anos, período em que visitou os Serviços de Cirurgia Plástica dos professores C. Dufourmentel e R. Mouly em Paris e do Professor Paul Tessier em Suresnes.

O amadurecimento de sua formação profissional deu-se no Reino Unido, onde, através de uma bolsa de estudos do British Council, frequentou os serviços de Cirurgia Plástica de Sir Harold Gillies, em Londres, Sir Archibald McIndoe, no Queen Victoria Hospital, em East Grinstead, e do Professor Kilner, no Churchill Hospital, em Oxford.

A dificuldade encontrada nesta longa peregrinação por diversos Centros de Cirurgia Plástica o fez compreender a necessidade de transmitir os conhecimentos adquiridos através da criação de uma escola e ressaltar a importância social da especialidade para a classe médica e a população em geral.  

Criou o Serviço de Queimados do Hospital do Pronto-Socorro e o primeiro serviço de Cirurgia de Mão e de Cirurgia Plástica Reparadora da Santa Casa. O ensino que de forma socrática vinha prestando a seus discípulos, ganhou fôro ao conquistar a cátedra de cirurgia plástica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e mais tarde a do Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas. Nesta época, com a colaboração dos médicos residentes, pôde tratar de forma abrangente as vítimas do grande incêndio do Gran Circo Norte-Americano em Niterói, acontecimento que despertou a atenção de todos para a real importância social da cirurgia plástica.

A inauguração da Clínica Ivo Pitanguy em 1963 e sua integração com a 38ª Enfermaria da Santa Casa permitiu estruturar a formação profissional e de ensino. A clínica tornou-se um centro de referência nacional e internacional da especialidade, tendo sido frequentada por cerca de 5000 cirurgiões plásticos, entre Fellows e Visitantes. Sob sua orientação, na Clínica Ivo Pitanguy, na Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e nos Serviços Associados, o curso de três anos de pós-graduação em cirurgia plástica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) criado em 1960 já formou 500 cirurgiões plásticos de mais de 40 países.

O Serviço da 38ª Enfermaria da Santa Casa, que atende a população menos favorecida, ressalta a importância social da cirurgia plástica, abolindo, da especialidade, seu caráter elitista. A necessidade da resolução de problemas que foram surgindo deu, a Ivo Pitanguy, a oportunidade de criar inúmeras técnicas para solucioná-los.


Por sua iniciativa neste campo, Ivo Pitanguy foi agraciado pelo Papa João Paulo II com o Prêmio Cultura pela Paz. A Unesco, através do Instituto Internacional de Promoção e Prestígio, lhe concedeu também o Prêmio pela Divulgação Internacional da Pesquisa Médica, além dos diversos títulos e honrarias.

O conhecimento e a maturidade permitiram-lhe levar a experiência adquirida para todo Brasil e para várias partes do mundo através de mais de 1500 conferências, demonstrações cirúrgicas em encontros, seminários, simpósios e congressos internacionais.

Organizou e ministrou inúmeros cursos de Cirurgia Plástica no Brasil e no exterior, destacando-se o 1º Curso de Extensão Universitária em Cirurgia Plástica, da então Universidade do Brasil, ministrado no anfiteatro da Clínica Ivo Pitanguy, unindo a iniciativa privada ao ensino público. Organizou o 1º Curso de Cirurgia da Mão, o 1º Curso de Cirurgia Plástica da Academia Nacional de Medicina; os Cursos da Universidade Camplutense de Madrid; o Curso de Cirurgia Plástica do XXIII World Congress Of The International College Of Surgeons, Universidade de Harvard, Universidade de Paris, entre outros.

Membro de respeitadas entidades acadêmicas e culturais, Ivo Pitanguy é autor de cerca de 800 trabalhos científicos em revistas brasileiras e internacionais, tendo publicado uma série de livros. A obra "Plastic Surgery Of The Head And Body" foi premiada na Feira do Livro de Frankfurt e se tornou uma importante fonte didática e científica.

Ivo Pitanguy é patrono da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro honorário da American Society Of Plastic Surgery, (AISAPS) e de inúmeras outras entidades científicas e culturais.

Atualmente, além das cirurgias que realizava, Ivo Pitanguy apresentava conferências e ministrava aulas a convite de universidades e entidades médicas do Brasil e de outras partes do mundo. O professor participou de 2064 conferências no Brasil e em outros países, com aproximadamente 1800 publicações entre livros, capítulos de livros, prefácios, conferências e artigos científicos.

"O sofrimento do individuo não é proporcional à deformidade e sim ao transtorno causado a sua harmonia de viver com a sua imagem."
(Ivo Pitanguy)

A Família

O prazer de viver de Ivo Pitanguy era compartilhado com sua família. O cirurgião era casado com Marilu, que com seu refinamento e seu equilíbrio, era sua companheira há mais de 50 anos. Ivo Pitanguy sempre fez do esporte um forte elo com seus filhos Ivo, Gisela, Helcius e Bernardo.

Ao longo dos anos, os momentos de lazer do médico, eram intensamente desfrutados com a família em sua casa na Gávea, em sua ilha em Angra dos Reis e na prática do esqui nos alpes suíços. Com os filhos já adultos, Ivo Pitanguy acompanhava com orgulho e alegria o amadurecimento de seus netos, Ivo, Mikael, Pedro, Rafael e Antonio Paulo.

Amigo da Natureza

Se quando pequeno Ivo Pitanguy levava uma jibóia pendurada no pescoço pelas ruas de Belo Horizonte, a paixão pelos animais perdurou. O nome Pitanguy, inclusive, significa "rio das crianças" em tupi-guanari. "O convívio direto com a natureza é simplesmente vital para minha existência, meu bem-estar, minha harmonia", atestou. Foi este sentimento ecológico que o motivou a criar um santuário na Ilha dos Porcos Grande, em Angra dos Reis, RJ, onde desde a década de 70 preservava diversas espécies em extinção.

Nelida Piñon e Ivo Pitanguy
Academias

Ivo Pitanguy foi membro titular da Academia Nacional de Medicina desde 28/06/1973, quando assumiu a cadeira número 67.

Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 11/10/1990, na sucessão de Luís Viana Filho. Foi recebido em 24/09/1991, pelo acadêmico Carlos Chagas Filho. Ocupou a cadeira 22, cujo patrono é José Bonifácio, o Moço.


Morte

Ivo Pitanguy faleceu no sábado, 06/08/2016, aos 90 anos, no Rio de Janeiro. Ivo Pitanguy estava em casa, quando sofreu uma parada cardíaca, e não houve tempo para socorro.

A cremação ocorrerá no domingo, 07/08/2016, às 18h00, no Memorial do Carmo, no Caju, Rio de Janeiro. O corpo será velado a partir das 13h00, em uma cerimônia reservada à família e amigos próximos.

Ivo Pitanguy e Renata Fialdini
Títulos Honoríficos e Prêmios

  • Membro titular da Academia Nacional de Medicina
  • Membro da Academia Brasileira de Letras
  • Patrono da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
  • Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
  • Membro do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (Comissão Nacional da Unesco) e de várias associações médicas internacionais
  • 1976 - Cidadão Honorário do Rio de Janeiro
  • 1981 - Prêmio para Melhor Livro Científico do Ano (1981) na Feira Internacional do Livro de Frankfurt, pela sua obra "Aesthetic Surgery Ff The Head And Body"
  • 1984 - Humanitarian Award, Chicago, Estados Unidos
  • 1986 - Philosophiae Doctor Honoris Causa, conferido pela Universidade de Tel Aviv, Israel
  • 1987 - Prêmio Alfred Jurzykowski da Academia Nacional de Medicina
  • 1988 - Chancellier des Universités de Paris
  • 1988 - Membro Honorário de La Società Medica Di Bologna, vinculada à Universidade de Bologna
  • 1989 - Prêmio Cultura Per La Pace, concedido por S.S. o Papa João Paulo II e pela associação Insieme per la Pace, Itália

Fonte: Wikipédia, Clínica Ivo Pitanguy e IstoÉ
Indicação: Soraya Veras, Fadinha Veras, Neyde Almeida, Aline Alencar, Valmir Bonvenuto e Miguel Sampaio

Gregório Fortunato

GREGÓRIO FORTUNATO
(62 anos)
Segurança

☼ São Borja, RS (24/01/1900)
┼ Rio de Janeiro, RJ (23/10/1962)

Gregório Fortunato foi o chefe da guarda pessoal do presidente brasileiro Getúlio Vargas, também é conhecido como "Anjo Negro", devido ao seu porte físico e sua cor racial.

Gregório Fortunato nasceu na cidade de São Borja, no Rio Grande do Sul. Era filho dos escravos alforriados Damião Fortunato e Ana de Bairro Fortunato. Foi casado com Juraci Lencina Fortunato, com quem teve um casal de filhos.

Negro, de origem humilde e sem instrução, Gregório Fortunato trabalhou durante muito tempo como peão nas fazendas de gado da região de São Borja, RS. Aproximou-se da família Vargas em 1932, quando se destacou no combate à Revolução Constitucionalista de São Paulo, como soldado do 14º Corpo Auxiliar de São Borja, hoje Brigada Militar do Rio Grande do Sul, integrado uma unidade comandada por Benjamim Vargas, irmão do presidente Getúlio Vargas.

Em maio de 1938, após o fracassado golpe integralista contra Getúlio Vargas, Benjamim Vargas organizou uma guarda pessoal para proteger seu irmão. Preocupado em garantir a máxima fidelidade a Getúlio Vargas, recrutou em São Borja os 20 primeiros membros da guarda, inclusive Gregório Fortunato, que se tornou, na prática, o chefe da guarda que acompanhou o presidente até o final do Estado Novo.

Em 1945, Gregório Fortunato assumiu a chefia formal da equipe, sempre sob a supervisão de Benjamim Vargas. Nesse mesmo ano, com o golpe militar de 29 de outubro que depôs Getúlio Vargas, a guarda pessoal foi desativada. Nos anos seguintes, Gregório Fortunato trabalhou como funcionário da polícia gaúcha. Com a eleição de Getúlio Vargas para a presidência em outubro de 1950 e a posterior posse em janeiro de 1951, coube-lhe a tarefa de reorganizar e chefiar a nova guarda pessoal do presidente.

Desde o início do governo, Getúlio Vargas enfrentou uma das mais cerradas oposições da história da República, movida sobretudo pela União Democrática Nacional (UDN), por importantes setores das Forças Armadas, do empresariado e pela maioria dos grandes jornais do país. Gregório Fortunato era apresentado à opinião pública como símbolo da corrupção que, supostamente, crescia no interior do Governo Federal, sendo acusado de se aproveitar da sua proximidade com o poder para aplicar uma política clientelística e de favoritismo.

Atentado da Rua Tonelero

No dia 05/08/1954 ocorreu o evento considerado como o mais dramático da história política brasileira, que ficou conhecido como "Atentado da Rua Tonelero", que foi a tentativa de assassinato do jornalista Carlos Lacerda, ferrenho opositor de Getúlio Vargas.

Gregório Fortunato foi acusado de ser o mandante do crime, do qual Carlos Lacerda saiu levemente ferido, não tendo a mesma sorte o major da Aeronáutica do Brasil, Rubens Florentino Vaz, que foi baleado e morreu a caminho do hospital.

Na madrugada do dia 05/08/1954, o jornalista Carlos Lacerda, uma das mais destacadas figuras da oposição anti-getulista e então candidato a deputado federal pelo Distrito Federal na legenda udenista, foi levemente ferido em um atentado ocorrido na Rua Tonelero, no Rio de Janeiro. No atentado, morreu o major-aviador Rubens Florentino Vaz, que o acompanhava naquela ocasião. Logo no começo das investigações, Climério Euribes de Almeida, membro da guarda pessoal do presidente, foi envolvido no crime. No dia 09/08/1954, Getúlio Vargas determinou a dissolução da guarda, o que não impediu o aumento da tensão político-militar. Pouco depois, Gregório Fortunato acabou confessando ter encarregado Climério Euribes de Almeida de eliminar Carlos Lacerda.

A polícia fez busca e apreensão na casa de Gregório Fortunato e encontrou papéis que mostravam, que apesar de receber um salário de 15 mil cruzeiros, Gregório Fortunato era dono de um conjunto de bens estimado em torno de 65 milhões de cruzeiros. Os documentos apreendidos revelaram ainda que Gregório Fortunato comprou por 4 milhões de cruzeiros duas propriedades do filho mais moço de Getúlio VargasManuel Sarmanho Vargas, o Maneco, que se encontrava em situação financeira difícil. Quando os documentos vieram a público, Getúlio Vargas inicialmente não acreditou na veracidade. Depois ficou profundamente abalado.

No dia 15/08/1954, Gregório Fortunato foi preso e transferido para a Base do Galeão, onde passou 24 dias incomunicável, tendo sido interrogado várias vezes. Em seu depoimento, acusou Benjamim Vargas de mandante do crime, mas sempre sustentou a inocência de Getúlio Vargas, que se suicidou no dia 24/08/1954, em pleno desenvolvimento das investigações.

Julgado em outubro de 1956, Gregório Fortunato foi condenado a 25 anos de reclusão. Sua pena foi comutada para 20 anos pelo presidente Juscelino Kubitschek e, depois, para 15 anos pelo presidente João Goulart.

João Cabanas, Não Identificado e Gregório Fortunato
Morte

Em 23/10/1962, Gregório Fortunato foi assassinado na penitenciária Frei Caneca, no Rio de Janeiro, pelo também detento Feliciano Emiliano Damas, o que é apontado por muitos como queima de arquivo, já que o "Anjo Negro" escrevera um caderno de anotações, único objeto de sua propriedade que desapareceu na prisão após sua morte.

O JULGAMENTO DE GREGÓRIO
Publicado na Folha da Tarde, sexta-feira, 12 de outubro de 1956
Neste texto foi mantida a grafia original

RIO 11 (FOLHAS) - O julgamento de Gregorio Fortunato, indigitado mandante do crime da rua Toneleros, teve inicio às 9h10 de hoje. A despeito da grande multidão que se acotovelava diante dos portões do Foro Criminal, o número de pessoas que ocupava as dependências do Tribunal não era muito grande, graças às providências tomadas pelo presidente Sousa Neto para limitar a assistência através da expedição de convites numerados, correspondendo essa numeração à das cadeiras existentes no salão. Como nos julgamentos anteriores desta sessão, o policiamento era abundante e de grande eficiência, feito por elementos da Polícia Militar, Guarda Judiciária e Guarda Civil.

O CONSELHO DA SENTENÇA

Mediante o sorteio, foram escolhidos os seguintes jurados para compor o conselho de segurança: Francisco Gallotti, Joaquim Teixeira Mendes, Radagasio Tovar, Arlindo Ribeiro, Jorge Dutra de Sousa Gomes, Pedro Ening Cardoso e Otavio Augusto Lins Pereira. A defesa havia recusado a sra. Derly Schasfit Freitas e o sr. José Borges Macedo. A acusação não fez impugnações.

BEM DISPOSTO E CALMO

Gregorio Fortunato chegou ao Tribunal sob forte escolta da Polícia Militar. Mostrava-se bem disposto, parecia calmo e estava impecavelmente trajado com um costume de gabardine creme. Não assumiu a atitude humilde nem a postura cabisbaixa preferida pelos seus dois companheiros de empreitada que o antecederam no banco dos réus. Ao contrário, sentou-se com o busto erecto e a cabeça erguida. Portando-se com toda a naturalidade e desembaraço, como se estivesse num banco de bonde ou de jardim casualmente entre dois soldados.

A acusação tem a mesma composição dos dois julgamentos anteriores, isto é, o promotor Araújo Jorge auxiliado pelo deputado Adauto Lucio Cardoso e pelo criminalista Hugo Baldessarini. A defesa está a cargo dos advogados Romeiro Neto e Carlos de Araujo Lima.

Como se vê, o Tribunal que está julgando Gregorio é praticamente o mesmo que juizou Climerio e Alcino, condenando-os a 32 anos de reclusão. O juiz, o promotor e seus auxiliares são os mesmos, assim como pelo menos 4 dos 7 jurados funcionaram nos julgamentos anteriores.

MANDOU CLIMERIO "DAR UM JEITO"

Gregorio Fortunato ergueu-se com dignidade ao ser chamado para depor. Seu falar típico de gaúcho não era facilmente captado da bancada de Imprensa, mas num grande esforço íamos anotando as declarações do "anjo negro". Negou que houvesse mandado matar Carlos Lacerda para receber dinheiro.

Em suas declarações depois de ouvir a acusação de que havia colaborado para que outrem fizesse disparos contra o major Rubens Vaz, respondeu imediatamente: "Não é verdade! Não mandei isso! Não conhecia o major". E prosseguiu em suas declarações afirmando que fora instigado pelo general Mendes de Morais, o qual afirmara que a pregação de Carlos Lacerda vinha pondo em perigo o presidente Getulio Vargas e poderia levar o país a guerra civil e que, portanto, cabia a ele, Gregorio, conjurar esse perigo para salvar Getulio e a nação. Pensou durante três dias sobre as palavras do general Mendes de Morais. Lodi também falou no assunto, declara Gregorio, porém foi repelido porque falou em dinheiro. Disse que, não sendo assassino e tendo mulher e filhos, não mataria ninguém por dinheiro. Matou sim, porém "peleando". E acrescentou que não queria mentir, referindo então o episódio em que acusa coronel Adil de haver tentado matá-lo na Base Aérea porque se recusava a transferir a culpa do general Mendes de Morais para o presidente Vargas. Disse que o coronel sacou de um revolver para ameaçá-lo sendo obstado pelo coronel Scaffa, resultando daí a qualidade de "pai branco", que foi tão comentada.

Disse que o coronel João Adil de Oliveira, vendo que com ameaças não conseguia que Gregorio acusasse Getulio Vargas, tentou fazer com que ele acusasse qualquer pessoa da família Vargas ou que lhe fosse muito chegada, como o comandante Amaral Peixoto, o deputado Danton Coelho ou o sr. João Goulart, prometendo que modificaria tudo a seu favor se fizesse tal declaração. Ante suas negativas, afirma Gregorio, o coronel Adil espumava de raiva.

Declarou que não conhecia Alcino antes de ir ao Galeão. Mas conhecia Soares e supõe fosse homem de bem e trabalhador. Quando no entanto, viu sua ficha no Galeão ficou apavorado. Declarou também que nunca foi processado. Não reconheceu a arma do crime.

Voltando a falar do general, disse textualmente: "Fui procurado pelo general Mendes de Morais no Rio Negro para que desse um jeito no jornalista Carlos Lacerda para evitar que o país caísse numa guerra civil. Nunca me passou pela cabeça mandar matar ninguém, mas o general me falou de tal maneira que acabei me convencendo que era preciso matar Carlos Lacerda. Falei com Climerio, que fazia parte da guarda, e mandei que ele desse um jeito no jornalista. Climerio aceitou e depois eu soube que ele chamou para ajudar Soares, Alcino e João do Nascimento."

"LODI IA MATAR LACERDA"

O acusado prosseguiu dizendo que poucos dias antes do crime Mendes de Morais lhe dissera que já tinha outra pessoa para fazer o "serviço". Por isso, quando o delegado Brandão Filho lhe telefonou, informando-o do crime, pensou que tivesse sido praticado pelo homem mandado por Mendes de Morais. Nunca imaginou que a vítima de tudo viesse a ser o major Vaz. Disse que o deputado Euvaldo Lodi insistira dias antes do crime, dizendo que se ele, Gregorio, não tivesse quem praticasse o crime, o próprio Lodi faria o serviço.

Logo depois de reduzidas a termo as declarações do acusado, o juiz Sousa Neto iniciou a leitura do seu relatório, que se prolongou até às 17h40, em virtude do número de documentos cuja leitura foi pedida pela defesa.

BLOCO DE CONSTRANGIMENTO

Com a palavra o promotor Araujo Jorge, leu o libelo expresso em 15 itens, acusando Gregorio Fortunato de haver contribuído de algum modo para que outrem fizesse disparos de arma de fogo contra o jornalista Carlos Lacerda na noite de 4 para 5 de agosto de 1954, de que resultaram ferimentos na pessoa do jornalista e do guarda municipal Salvio Romeiro e a morte do major da Aeronáutica Rubens Florentino Vaz.

Em seguida, o promotor disse que era chegado o ponto culminante do processo, não pelo reflexo que podem ter na opinião pública mas pela maior culpabilidade do réu. Voltou a falar na "cadeia de constrangimento" já aludida nos julgamentos anteriores e disse que os acusados constituíam um verdadeiro bloco de constrangidos. Dizendo, a seguir: "...vimos Alcino transferir sua culpa para Climerio e este procurar transferir um pouco da sua pesada carga para Soares. Hoje vemos Gregorio transferir para os ombros agaloados do sr. general Mendes de Morais a sua culpa. Veremos que esse "preto de alma branca" procura passar a culpa para os "brancos de alma preta". Assim habilmente conduzida, a defesa coloca a acusação em posição difícil, pois transferindo sucessivamente a culpa de cada um é ela diminuída".

O GENERAL NÃO ESTÁ LIVRE

Prosseguindo, o sr. Araujo Jorge declarou que se disse e de certo é verdade que o general está livre do processo. Sim, está livre em virtude do pronunciamento do ex-senador Ivo de Aquino, que promoveu o arquivamento de denúncia na justiça militar. Mas todos se esquecem de que há o pronunciamento do Supremo Tribunal pelo qual os crimes contra o jornalista Carlos Lacerda e o guarda são crimes comuns e o cometido contra o major é crime militar. A defesa embargou a decisão do Supremo, porém, para honra do Brasil e do general acusado, a decisão será mantida porque se ele proclama sua inocência deve desejar um julgamento que ponha termo à acusação. O general, portanto, deverá ser julgado aqui mesmo neste tribunal.

Passou depois a criticar o fato haver sido feita uma longa leitura de documentos por artes da defesa. Leitura que considerou afrontosa ao júri, dizendo que tinha o fito de cacetear os jurados. Admitiu que o processo suscitou uma onda de agitação no país e que realmente houve muita exploração política em torno dele, porém, o que se explorava era um fato concreto.

O REPORTER E A LANTERNA

Durante o discurso do promotor, por duas vezes faltou luz no Tribunal, durante alguns minutos, mas os trabalhos não chegaram a ser suspensos. O repórter das FOLHAS, que casualmente tinha em seu poder uma lanterna elétrica, acendeu-a, continuando a anotar as palavras do orador, o que provocou ligeira hilaridade de que participou o próprio juiz Sousa Neto. Restabelecida a iluminação, o promotor, que não se perturbara com a falta de luz, prosseguiu sem se abalar, passando a criticar o sr. Tancredo Neves que à época do crime era ministro da Justiça, por haver pronunciado uma frase que o promotor disse ser umas das mais infelizes da nossa história. Referia-se ao fato de haver o então ministro declarado que o crime não era mais que um incidente de rua. Segundo o promotor, essa frase provocou viva revolta no seio das classes armadas, e que daí por diante os chefes militares tiveram dificuldades de conter os ânimos exaltados da juventude militar, que sentia a declaração do ministro como uma bofetada.

Depois passou a rememorar os fatos que precederam o crime e as providências tomadas pelo general Caiado de Castro para que Gregorio não conseguisse fugir. Aí o promotor, em hábil golpe, passou a fazer o elogio do general Caiado de Castro, dizendo-o um grande patriota e homem de bem, para depois criticá-lo sutilmente, afirmando que não tivera a coragem de dar pessoalmente ordem a Gregorio para que não deixasse o Catete.

CINDIDA A DEFESA?

O promotor se alongou em seu discurso, ocupando quase todo o tempo reservado à acusação, e que parecia confirmar rumores insistentes, que corriam desde cedo, de que a acusação se desentendera e se cindira gravemente. Quando o sr. Araujo Jorge deixou a tribuna, restavam para seus auxiliares apenas 50 minutos. O sr. Baldessarini pouco pôde falar. No seu estilo habitual saiu da tribuna, aproximou-se do corpo de jurados e falando baixo, passou a ler jurisprudência e trechos de filosofia do Direito Penal, que trazia condensados em pequenas fichas de cartão. Em seguida, por 30 minutos, o sr. Adauto Lucio Cardoso falou da colaboração de Gregorio e do incentivo por ele oferecido aos desfalecimentos de Climerio, para que o crime fosse executado.

VEEMENTE ATAQUE AO SR. LACERDA

A defesa iniciou seu trabalho com o discurso pronunciado pelo advogado Carlos de Araujo Lima, que principiou dizendo:

"Lacerda não é brasileiro senão por nascimento pois é um agente dos "trusts" e de interesses estrangeiros. Suas campanhas contra a honra alheia levam ao crime". Depois, prosseguiu demonstrando a opinião de personalidades ilustres sobre o jornalista Carlos Lacerda. Citou palavras do sr. Seabra Fagundes em defesa do jornalista Carlos Lacerda, em certa ocasião, quando aquele homem público, entre outras coisas reconhece que Lacerda "... é o inimigo da paz pública e da ordem constituída, genial na manipulação do ódio como fator de perturbação".

Em seguida, disse que a acusação considerou a leitura dos autos como uma afronta ao Júri, mas que ela é uma necessidade processual, mesmo porque era preciso que se conhecessem os documentos em que a defesa iria se basear. Depois, citou a carta escrita por d. Helder Câmara ao jornalista Carlos Lacerda, em que o prelado adverte, como amigo e conselheiro, contra o perigo de incidir no erro de colocar suas paixões acima dos interesses nacionais e lhe dizia que não se entristecesse quando recebesse notícia de atos acertados. Fazia-lhe ver o perigo do panfletismo, do jornalismo violento e perturbador... No discurso em que o sr. Carlos de Araujo Lima defendeu Gregorio Fortunato, foi duramente atacado o jornalista Carlos Lacerda. "Lacerda é o crime, é a calunia, é o ódio e a violência em pessoa", disse o advogado, a certa altura. Afirmou que no seu afã de atacar, vilipendiar, injuriar, não mede conseqüências o terrível panfletário. Afirmou que o arquivo de Gregorio fora divulgado de maneira unilateral e justificou a juntada de documentos que tornaram mais longa a leitura dos autos, pois visavam ao restabelecimento da verdade, apresentada de um só lado, como o que foi feito na apresentação de propostas indecorosas feitas a Gregorio, sem que se publicassem as respostas que dera, repelindo-as. Aludiu ao fato de que o coronel Adil de Oliveira privava da intimidade dos falsários internacionais Malfussi e Cordero, relembrando o episódio da carta Brandi.

À 23h30 a sessão foi suspensa para ligeiro repouso, prosseguindo após a defesa com a palavra, na pessoa do criminalista Romeiro Neto. Ele continuava na tribuna à hora em que encerrávamos o expediente.

GREGÓRIO CONDENADO A 25 ANOS DE RECLUSÃO
Publicado na Folha da Tarde, sexta-feira, 12 de outubro de 1956
Neste texto foi mantida a grafia original

A sentença foi proferida às 5 horas da madruga de hoje - A pena: 11 anos pelo homicídio do major Vaz; 12 anos, pela tentativa de morte contra o jornalista Carlos Lacerda e 2 anos pelas lesões corporais causadas ao guarda municipal Salvio Romeiro - Durante o julgamento, o réu confessou que mandou Climerio "dar um jeito" no jornalista e reiterou suas acusações ao general Mendes de Morais.

RIO, 12 (FOLHAS) - Às 5 horas da madrugada de hoje o juiz Sousa Neto, de pé, juntamente com todo o Tribunal e a assistencia, anunciou a decisão do Conselho de Sentença, que considerava o réu Gregório Fortunato culpado de haver colaborado para que outrem fizesse disparos de armas de fogo contra o jornalista Carlos Lacerda, ferindo-o, e ao seu acompanhante, major Rubens Florentino Vaz, que veio a falecer em conseqüência destes ferimentos. Foi também o réu Gregorio Fortunato considerado culpado pelas lesões físicas que o guarda municipal Salvio Romeiro recebeu de João Alcino do Nascimento.

A totalidade dessas penas, como nos julgamentos anteriores, de Alcino e Climerio, somava 33 anos de reclusão. Porém, o juiz, reconhecendo que a intenção do réu era a de colaborar para crime menos grave do que o afinal sucedido, reduziu de 8 anos o montante da condenação. Assim sendo, o juiz condenou Gregorio Fortunato a 19 anos de reclusão pelo homicídio, dos quais diminuiu 8, em virtude da dirimente; a 12 anos, pela tentativa de homicídio contra Carlos Lacerda e, finalmente, a 2 anos, pelas lesões corporais causadas ao guarda municipal.

TESE DA DEFESA

Ao ser reaberta a sessão, do último intervalo dos debates, a palavra estava com a defesa, fazendo uso dela o advogado Romeiro Neto, que iniciou sua oração repelindo energicamente a acusação que lhe fizera o promotor público, de haver procedido com indignidade na defesa do acusado. Alegou a sua qualidade de advogado militante do Tribunal do Júri há 30 anos e em todo esse longo percurso de tempo só recebera manifestações de apreço, não só de seus colegas de profissão como também dos mais brilhantes vultos da magistratura. Em seguida, passou a definir a sua tese, alegando o motivo relevante que levou Gregorio a encomendar a Climerio o assassínio do jornalista Carlos Lacerda. Disse que não podia deixar de ser, assim considerada a fidelidade de Gregorio a pessoa do presidente Getulio Vargas e, no seu entender, própria segurança e base interna da nação.

REPLICA E TREPLICA

Na replica, depois do discurso do promotor Araujo Jorge, que procurou refutar as alegações da defesa, com a afirmativa de que Gregorio praticara o crime mediante paga, falaram também os srs. Hugo Baldessarini e Adauto Lucio Cardoso.

Durante a treplica, o advogado Carlos de Araujo Lima foi por várias vezes aplaudido pela assistencia que também, anteriormente, se manifestara contrária a alguns de seus argumentos. O juiz Sousa Neto, por mais de uma vez, teve de recorrer a enérgicos toques de sineta e ameaçou evacuar as galerias para manter a ordem. Falou também o sr. Romeiro Neto, que deu lugar às mesmas manifestações da assistencia.

Após a treplica, o juiz-presidente procedeu à leitura das conclusões e passou à formulação dos quesitos, recolhendo-se com os jurados à sala secreta, para deliberar, somente regressando ao salão do Júri às 5 horas da madrugada, quando anunciou a sentença que condenava Gregorio Fortunato a um total de 25 anos de reclusão.

Vander Lee

VANDERLI CATARINA
(50 anos)
Cantor e Compositor

☼ Belo Horizonte, MG (03/03/1966)
┼ Belo Horizonte, MG (05/08/2016)

Vanderli Catarina, mais conhecido como Vander Lee, foi um cantor e compositor brasileiro, conhecido por versos em que brincava com as palavras para falar do amor e do cotidiano, Vander Lee cantava sua simplicidade por meio da música. Com 19 anos de carreira e nove discos gravados - entre registros ao vivo e de estúdio -, Vander Lee viu grandes nomes da música nacional interpretarem suas canções, como Elza Soares, Gal Costa, Emilinha Borba, Maria Bethânia, Nando Reis, Rita Ribeiro, Margareth Menezes, Luiza Possi, entre tantos outros.

Nascido em Belo Horizonte, MG, em 03/03/1966, Vander Lee era o do meio entre sete irmãos e foi criado no Bairro Olhos D'água. Começou tocando em bares, abrindo shows de Maurício Tizumba no bar Vila Velha. O repertório ainda era pequeno, mas pouco depois veio a primeira demo, gravada com o guitarrista Luiz Peixoto, com as músicas próprias "Natureza", "Caminhada", "Minas Gerais" e "Canção do Bicho Homem".

Vander Lee passou a se apresentar em outros bares da noite mineira, saiu da casa dos pais, o emprego e a escola para viver da música, no início, contando com o grande apoio de Maurício Tizumba

Em 1987, participou do projeto Segunda Musical, no Teatro Francisco Nunes e fez a primeira apresentação baseada em composições próprias. No mesmo ano, participou do festival de música Canta Minas e ficou em segundo lugar com a música "Gente Não é Cor". A premiação impulsionou Vander Lee a gravar o primeiro disco independente. Nesta época, a assinatura do cantor ainda era Vanderly, mas o engano de um locutor de rádio, que o chamou de Vanderley, o fez repensar o nome artístico.


Em novembro de 1998, Vander Lee soube do lançamento de um livro de Elza Soares, no Cozinha de Minas. O mineiro superou a timidez e levou o disco até a cantora. Duas semanas depois, Elza Soares o ligou e pediu para incluir a música "Subindo a Ladeira" nos shows dela. Vander Lee dividiu o palco com ela em uma apresentação, em Belo Horizonte e logo depois em vários espetáculos em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. A partir daí viu seu nome projetado para todo o país.

Em 1999, o produtor Mário Aratanha ouviu músicas inéditas de Vander Lee e o convidou a gravar um CD pelo selo Kuarup. "No Balanço do Balaio" rendeu boas críticas e teve participações do gaitista e produtor Rildo Hora e de alguns companheiros mineiros como Maurício Tizumba, Tambolelê, Raquel Coutinho e do pai, José Delfino.

Vander Lee foi chamado para fazer vários shows, quando foi morar no Rio de Janeiro e conheceu o poeta Sérgio Natureza. O escritor fez a ponte até Luiz Melodia, que apadrinhou o projeto Novo Canto, naquele ano, com apresentações em Copacabana, São João do Meriti, e, pouco depois, outras performances conjuntas em Belo Horizonte e São Paulo.

Em 2003, Vander Lee conquistou o terceiro lugar no 6º Prêmio Visa, entre três mil concorrentes. A premiação deu fôlego para o primeiro disco ao vivo, que trouxe participações especiais de Elza Soares e Rogério Delayon.

A gravadora Indie Records distribuiu o disco e, em 2004, viabilizou o lançamento do álbum "Naquele Verbo Agora", que trouxe os hits "Brêu", "Meu Jardim" e "Iluminado". As faixas do disco foram muito executadas nas rádios e o fizeram finalista do Prêmio Tim de Música, nas categorias Melhor Disco e Melhor Cantor da Canção Popular.


Em 2006, gravou o CD e DVD "Pensei Que Fosse o Céu", mostrando versatilidade entre a música popular brasileira, o samba e o funk. Com o registro, conquistou o Prêmio Tim na categoria Melhor Disco de Canção Popular.

Vander Lee fez shows internacionais, se apresentando em Turim, na Itália, em 2008, além do Festival SXSW, nos Estados Unidos e do Festival Romerias de Mayo, em Cuba, ambos em 2009.

Ainda em 2009, Vande Lee lançou o disco "Faro", com dez canções novas e duas regravações, "Obscuridade", de Cartola e "Ninguém Vai Tirar Você de Mim", de Edson Ribeiro e Helio Justo que virou sucesso na voz de Roberto Carlos.

Em 2010, voltou ao Festival SXSW e em 2013 se apresentou em Lisboa, na programação do Ano do Brasil em Portugal.

O trabalho seguinte foi "Loa", em 2014, disco romântico de música popular brasileira com arranjos delicados de piano, violões, sax e flauta.

Em 2015, Vander Lee lançou seu nono disco, com 12 faixas, todas assinadas por ele, exceto "Idos Janeiros", feita com Flávio Venturini.

Há apenas um mês, no dia 02/07/2016, Vander Lee esteve no Rio de Janeiro, e gravou um DVD no Teatro Tom Jobim, em comemoração aos 20 anos do lançamento do primeiro disco. O registro tem lançamento previsto para 2017.

Morte

Vander Lee morreu na manhã de sexta-feira, 05/05/2016, aos 50 anos. Ele estava internado no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte. Ele se sentiu mal na tarde de quinta-feira, 04/08/2016, quando fazia hidroginástica e foi levado ao hospital da Unimed. De lá, foi encaminhado para o Hospital Madre Teresa, onde foi constatado um aneurisma no coração.

O cantor foi operado durante a noite e internado na UTI 3 do Hospital Madre Teresa, mas, ainda durante a noite, teve 11 paradas cardíacas e acabou morrendo. De acordo com nota divulgada pelo hospital, Vander Lee faleceu às 8h00.

O corpo de Vander Lee vai ser levado para a funerária Pax de Minas, onde será preparado para o velório, que deve começar às 16h00 horas, no Teatro Francisco Nunes, no Parque Municipal de Belo Horizonte.

Vander Lee era separado e deixou 3 filhos, Lucas (22 anos), Laura (18 anos), ambos do primeiro casamento, e Clara (13 anos), filha de Vander Lee e Regina Souza, também cantora.

Fonte: Wikipédia e UAI

Silvio Navas

SÍLVIO BENEDITO GUIMARÃES NAVAS
(74 anos)
Ator, Compositor, Dublador e Diretor de Dublagem

☼ Santos, SP (15/03/1942)
┼ Santos, SP (29/07/2016)

Silvio Benedito Guimarães Navas foi um ator, dublador e diretor de dublagem brasileiro nascido em Santos, SP, no dia 15/03/1942.

Começou a carreira na TV Excelsior. Também fez cinema e estreou no filme "2000 Anos de Confusão" em 1969. Depois fez o filme "Os Maridos Traem... e As Mulheres Subtraem" em 1970, um filme do gênero pornochanchada, trabalhando ao lado de Ney Latorraca que estava estreando pela primeira vez no cinema, e compôs com David Cardoso a música "Aleluia" para este filme. Trabalhou também em "Audácia", em 1970, novamente ao lado de Ney Latorraca, José Mojica Marins, entre outros.

Na dublagem, Silvio Navas entrou em 1960 à convite de Older Cazarré, na GravaSon, futura AIC São Paulo. Na empresa participou de alguns desenhos, como "Os Flintstones", mas sua atuação começou a ser mais forte no final dos anos de 1960 com o fim da TV Excelsior. Nessa época participou de várias séries da empresa, como "Viagem Ao Fundo do Mar", "A Feiticeira", "O Besouro Verde", entre outros.

No início dos anos 1970, foi trabalhar como diretor de dublagem na CineCastro paulistana. Dublou em São Paulo até 1977, quando mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar na Herbert Richers. Também entrou para a Tecnisom, Telecine, Vti e Delart, e nos anos de 1990 entrou para a Cinevídeo.


Ficou 21 anos no Rio de Janeiro, tendo voltado em 1998 para São Paulo, aonde continuou carreira na dublagem até por volta de meados dos anos de 2000, trabalhando principalmente na Álamo e Dublavídeo.

Nos anos 2000, mudou-se para Santos, no litoral paulista. Na mesma época dirigia um curso de dublagem na cidade.

Silvio Navas sempre dublou de tudo, mas sua voz sempre caiu bem para desenhos, como o Esquilo Secreto em "Esquilo Sem Grilo". O violão Darkseid em "Os Super Amigos". Foi a segunda voz do comedor de hambúrgueres Dudu em "Popeye", nas dublagens realizados do mesmo nos anos 1970 e 1980.

Também foi o conhecido violão Mumm-ra em "Thundercats", um de seus personagens mais conhecidos até os dias de hoje. Em "Os Smurfs" fez a voz do Papai Smurf, do Vaidoso e do Fazendeiro. Em "Futurama" substituiu Aldo César que havia falecido. No papel de Bender, foi a voz mais conhecida do Robô. No desenho dos anos de 1990 da "Família Addams" foi o Gómez. Em "Dragon Ball Z" foi a segunda voz do Pai da Chichi, o Rei Cutelo. Também o fez na versão da TV Globo de "Dragon Ball" e no filme "Dragon Ball Z - O Resgate de Gohan".

No cinema Silvio Navas já dublou os mais diversos atores, como Joe Pesci em clássicos como "Esqueceram de Mim", "Esqueceram de Mim 2 - Perdido em Nova York" e "Meu Primo Vinny"; o ator Kirk Douglas em "Ambição Acima da Lei", "Assim Estava Escrito", "Homem Sem Rumo", "Os Indomáveis - Draw" e "Sete Dias de Maio"; Humphrey Bogart em "Casablanca", "Horas de Desespero", "Não Somos Anjos", "O Falcão Maltês" e "Seu Último Refúgio"; Marlon Brando em "O Poderoso Chefão" (Primeira Dublagem), "Bandoleiros", "O Último Tango em Paris", "O Selvagem" e "Um Novato na Máfia"; John Goodman em "Os Flintstones - O Filme", "As Aventuras de Rocky & Bullwinkle", "De Que Planeta Você Veio", "O Maioral" e "O Poder da Corrupção"; Fred Astaire em "Bonita Como Nunca", "Ver, Gostar e Amar" e "Inferno na Torre". Além disso já dublou Omar Shariff, Spancer Tracy, Eli Wallach, Charlie Chaplin, entre outros.


Na trilogia "Star Wars", foi a voz de Darth Vader que originalmente era feita por James Earl Jones, nos filmes "Star Wars - Episódio IV - Uma Nova Esperança", "Star Wars - Episódio V - O Império Contra-Ataca" (Primeira Dublagem) e "Star Wars - Episódio VI - O Retorno de Jedi" (Primeira Dublagem).

Em séries foi a voz de Whizzer interpretado Paul Dooley na primeira dublagem de "Alf - O Eteimoso", Marujo Patterson interpretado por Paul Trinka a partir da 3ª temporada de "Viagem ao Fundo do Mar", Promotor Frank P. Scanlon interpretado por Walter Brooke em "O Besouro Verde", a primeira voz de Charles Ingalls interpretado por Michael Landon em "Os Pioneiros", Maurice Evans interpretando a si mesmo na 4ª temporada de "A Feiticeira", Drº Elias Huer interpretado por Tim O'Connor em "Buck Rogers no Século XXV", Sr. John Walton interpretado por Ralph Waite em "Os Waltons", Andrew Cooper interpretado por Dick Sargent em "Daniel Boone", além de participações em séries como "M.A.S.H.", "Magnum", entre outras.

A última produção que participou foi em 2007 na Dublavídeo, minissérie colombiana, "Zorro: A Espada e a Rosa", dublando o Sargento Garcia interpretado por César Mora.

Em 2014, participou do filme "O Indulto", ao lado dos dubladores Romeu D'Ângelo, Phillipe Maia e Ricardo Schnetzer, interpretando um Juiz.

  
Silvio Navas também era compositor, fazia parte da Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais (SICAM).

Silvio Navas também fez teatro. Participou de muitas peças infantis ao lado do amigo Older Cazarré. Entre elas está "O Gato de Botas", estreada no Teatro Veredas em 21/02/1970, com direção de Older Cazarré, ao lado de Gilberto Baroli, Aliomar de Matos, Maralise Tartarine e Célia Paula.

Silvio Navas foi casado com a atriz e dubladora Lígia Rinelli nos anos de 1970, não durando mais de 2 anos o casamento. Silvio Navas não teve filhos, e morava com um sobrinho em Santos.

Em 2012 sofreu um acidente, quebrou o fêmur e ficou muito tempo internado em um hospital do Sistema Único de Saúde (SUS) esperando cirurgia. Drama esse que foi acompanhado por seus seguidores nas redes sociais.

Em final de 2014, foi diagnosticado com Mal de Alzheimer, no qual muito provavelmente o fez se afastar das redes sociais e se isolar em seu apartamento em Santos.

Silvio Navas faleceu na noite de sexta-feira, 29/07/2016, aos 74 anos, em Santos, no litoral sul de São Paulo. A causa da morte não foi divulgada.

Trabalhos

  • Esquilo Secreto em "O Esquilo Sem Grilo"
  • Narrador em "Dinamite, o Bionicão"
  • Scooby-Dão em "Scooby-Doo Show" e que fazia parte de "Os Assombrados em Ho-Ho-Límpicos"
  • Gómez Addams em "Família Addams", desenho anos 1990
  • Darkseid e Vulcão Negro em "Super Amigos"
  • Narrador e todos os personagens em "Família Barbapapa"
  • Dudu (2ª voz) em "Popeye"
  • Spike e personagens secundários em "Tom & Jerry" (1ª dublagem)
  • Mumm-ra em "Thundercats"
  • Cat R. Waul em "Um Conto Americano: Fievel Vai Para o Oeste"
  • Rei Cutelo (2ª voz) e Rei Cold (2ª voz) em "Dragon Ball Z"
  • "Rei Cutelo" em "Dragon Ball" (TV Globo) e "Dragon Ball Z - O Resgate de Gohan"
  • Son Gohan em "Dragon Ball" (TV Globo)
  • Papai Smurf, Vaidoso e Fazendeiro em "Os Smurfs"
  • Bender (2ª voz) em "Futurama"
  • Chefe em "Teamo Supremo"
  • Imperador Geldon em "O Pirata do Espaço"
  • Monstro Estelar em "Silverhawks"
  • Morcegão em "As Peripécias do Ratinho Detetive"
  • Cat R. Waul em "Um Conto Americano: Fievel Vai Para o Oeste"
  • Rato em "O Natal do Mickey Mouse"
  • Coruja em "Bernardo e Bianca"
  • Percival C. McLeach em "Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus"
  • Deslock em "Patrulha Estelar"
  • Cy-Kill em "Gobots"
  • Trailbreaker (1ª voz) em "Transformers"
  • Coletor de Doações em "O Conto de Natal do Mickey"
  • Gripper em "Rambo" (Desenho)
  • Ketchum, o Crocodilo em "A Nossa Turma"
  • Chefe em "Disque M Para Macaco" - "O Laboratório de Dexter"
  • Zazu (1ª voz) em "Timão e Pumba"
  • Multi-Faces e Granamyr em "He-Man"
  • Dijon em "Ducktales: O Tesouro da Lâmpada Perdida"
  • Barney Bear em "Biblioteca de Desenhos Animados"
  • Whizzer (Paul Dooley) em "Alf - O Eteimoso" (1ª dublagem)
  • Marujo Patterson (Paul Trinka) em "Viagem ao Fundo do Mar" (3ª e 4ª temporadas)
  • Promotor Frank P. Scanlon (Walter Brooke) em "O Besouro Verde"
  • Charles Ingalls (Michael Landon) em "Os Pioneiros" (1ª voz)
  • Maurice Evans (Maurice Evans) em "A Feiticeira" (4ª temporada)
  • Tim O'Connor (Drº Elias Huer) em "Buck Rogers no Século XXV"
  • Srº John Walton (Ralph Waite) em "Os Waltons" (3ª voz)
  • Andrew Cooper (Dick Sargent) em "Daniel Boone"
  • Darth Vader (James Earl Jones) em "Star Wars - Episódio IV - Uma Nova Esperança", "Star Wars - Episódio V - O Império Contra-Ataca" (1ª dublagem) e "Star Wars - Episódio VI - O Retorno de Jedi" (1ª dublagem)
  • Ernest Borgnine em "Adeus a Inocência", "Crime e Paixão", "Demétrius e Os Gladiadores", "Fuga de Nova York", "Meu Ódio Será Sua Herança" e "Missão Resgate"
  • Walter Matthau em "A Justiça Fala Mais Alto", "Linhas Cruzadas", "O Espião Trapalhão", "O Homem Que Burlou a Máfia", "Piratas" e "Um Estranho Casal"
  • John Goodman em "Os Flinstones - O Filme", "As Aventuras de Rocky & Bullwinkle", "De Que Planeta Você Veio", "O Maioral" e "O Poder da Corrupção"
  • Kirk Douglas em "Ambição Acima da Lei", "Assim Estava Escrito", "Homem Sem Rumo", "Os Indomáveis - Draw" e "Sete Dias de Maio"
  • Humphrey Bogart em "Casablanca", "Horas de Desespero", "Não Somos Anjos", "O Falcão Maltês" e "Seu Último Refúgio"
  • Anthony Quinn em "A Vigésima Quinta Hora", "As Sandálias do Pescador", "Os Canhões de San Sebastia", e "Zorba - O Grego"
  • Charles Bronson em "Assassinato Nos Estados Unidos", "O Telefone", "O Lobo do Mar", "O Vingador" e "Pancho Villa"
  • Marlon Brando em "O Poderoso Chefão", "O Último Tango em Paris", "O Selvagem" e "Um Novato na Máfia"
  • Jack Lemmon em "Aeroporto 77" (1ª dublagem), "O Inquilino do 25° Andar", e "Síndrome da China"
  • Joe Pesci em "Esqueceram de Mim", "Esqueceram de Mim 2 - Perdido em Nova York" e "Meu Primo Vinny"
  • Charlie Chaplin em "O Grande Ditador", "Luzes da Ribalta", "Monsieur Verdeaux" e "Um Rei em Nova York"
  • Fred Astaire em "Bonita Como Nunca", "Desfile de Páscoa", "Inferno na Torre", e "Ver, Gostar e Amar"
  • Edward G. Robinson em "A Cidade dos Desiludidos",  "No Mundo de 2020", e "Os Dez Mandamentos"
  • Spancer Tracy em "Fruto Proibido", "Marujo Intrépido" e "O Médico e o Monstro"
  • Hoyt Axton (Randall Peltzer) em "Gremlins"
  • Ash (Iam Holm) em "Alien - O Oitavo Passageiro"
  • Agente Cedric (Omar Sharif) em "Top Secret - Superconfidencial"
  • Leon B. Little (Eli Wallach) em "Os Últimos Durões"
  • Detetive Krim (Vicent Gardenia) em "O Céu Pode Esperar"
  • Willy Wonka (Gene Wilder) em "A Fantástica Fábrica de Chocolate" (1ª dublagem)
  • Gerald O'Hara (Thomas Mitchell) em "...E O Vento Levou"
  • Dudu (Paul Dooley) em "Popeye - O Filme"
  • Ben Luckett (Wilford Brimley) em "Cocoon"
  • Edwin Stewart (Robert Duvall) em "Caçada Humana"
  • Sargento Garcia (César Mora) em "Zorro: A Espada e a Rosa"

Tião Neto

SEBASTIÃO COSTA CARVALHO NETO
(69 anos)
Baixista e Produtor Musical

☼ Rio de Janeiro, RJ (11/1931)
┼ Niterói, RJ (13/06/2001)

Sebastião Costa Carvalho Neto, conhecido como Tião Neto foi um baixista e produtor musical brasileiro nascido no Rio de janeiro, RJ, em novembro de 1931. Tião Neto já tocou com cantores consagrados da música popular brasileira, entre eles, Tom Jobim, João Gilberto e Sergio Mendes, acompanhando-os como músico de apoio.

Desde menino, ouvia muita música em casa, interessando-se por vários instrumentos. Aos sete anos de idade, recebeu seu primeiro prêmio como músico, tocando pandeiro numa rádio da Bahia, onde residia na época. Trabalhou em aviação, abandonando a profissão em 1957 para dedicar-se exclusivamente à música, como contrabaixista. Nessa época, estudou com o professor Vidal, baixista do quinteto de Radamés Gnattali.

Iniciou sua carreira artística na década de 1950, em sessões de jazz no Clube Central de Niterói, RJ, onde também se apresentava o pianista Sergio Mendes. Após participar de um festival de jazz no Uruguai, fez longas temporadas no Beco das Garrafas, em Copacabana, Rio de Janeiro, durante três anos, acompanhando todas as estrelas que aí se apresentavam.

Tião Neto foi cliente fundador do Petit Paris, em Niterói, RJ.

Tião Neto, Tom Jobim, Stan Getz, João Gilberto e Milton Banana
Em 1963, viajou para os Estados Unidos como um dos integrantes do grupo Bossa Três, com o qual gravou três LPs e apresentou-se, em Nova York, no "Ed Sullivan Show", programa de maior audiência da TV americana, na época. Ainda em Nova York, tomou parte na gravação do disco que viria a se tornar o carro-chefe da bossa nova no exterior, "Getz-Gilberto", ao lado de João Gilberto, Stan Getz, Astrud GilbertoTom Jobim, com uma vendagem de quatro milhões de discos em lançamento mundial.

Voltou ao Brasil em 1964, passando a integrar, com Sergio Mendes (piano) e Edison Machado (bateria), o Sergio Mendes Trio, com o qual se apresentou em espetáculos na América do Sul, América do Norte e no Japão. Com o trio, gravou o LP "The Swinger From Rio".

A partir de 1965, fixou residência em Los Angeles, Estados Unidos. Atuou em shows e gravações com grandes músicos americanos e com Sergio Mendes na série Brasil 65, 66, 77 e 88. 

Em 1984, voltou para o Brasil, montou um estúdio para gravação de jingles para campanhas comerciais. Continuou viajando eventualmente ao exterior para apresentações com Sergio Mendes. A partir desse ano, passou a integrar a Banda Nova, de Tom Jobim, atuando em gravações e shows no Brasil e no exterior.

Em 1986, paralelamente ao trabalho com a Banda Nova, criou o TNT (Tião Neto Trio) e a Banda São Jorge (de curta duração), apresentando-se em teatros e clubes de jazz por todo o Brasil.

Acompanhou a cantora Nana Caymmi durante três anos.

Tião Neto, Luiz Carlos Vinhas, Herbie Man, Kenny Dorhan e Sérgio Mendes Assistindo
Em 1998, foi contratado pela Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin), nas funções de curador, orientador e responsável pelo acervo discográfico da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, selecionando e catalogando toda a história da música brasileira gravada desde 1907. Ainda em 1998, reativou o Bossa Três, apresentando-se em shows em várias cidades brasileiras.

Realizou palestras sobre jazz em espaços culturais como o Teatro Municipal de Niterói, Sala Carlos Couto, Museu do Ingá, Centro Cultural Banco do Brasil, Universidade Gama Filho, entre outros.

Ao longo de sua carreira, foi agraciado com o Prêmio Folha de S. Paulo (1961), a inclusão na lista dos 20 melhores baixistas do mundo indicados pela revista Playboy (1968), o Troféu Vitor Assis Brasil (1988), o Troféu Projeto Brahma Extra (1989) e o Troféu 1º Prêmio Cantareira das Artes (1997).

Tião Neto morreu na noite do dia 13/06/2001, aos 69 anos, em Niterói, RJ, vítima de falência múltiplas dos órgãos.

Afrânio da Costa

AFRÂNIO ANTÔNIO DA COSTA
(87 anos)
Advogado e Esportista

☼ Macaé, RJ (14/03/1892)
┼ Rio de Janeiro, RJ (26/06/1979)

Afrânio Antônio da Costa foi um advogado e esportista brasileiro, filho de Mário Antonio da Costa e de Maria Izabel Costa, bacharel em Direito pela Faculdade Livre das Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.

Colou grau em 28/12/1912 e advogou intensivamente no Fórum do Rio de Janeiro até 07/07/1931, para onde foi nomeado juiz de direito da 8ª Vara Criminal do Distrito Federal, após concurso. De sua documentação consta a certidão especificada de 694 causas por ele patrocinadas nos 18 anos de advocacia.

Ele foi o chefe da equipe brasileira de tiro esportivo e ganhou a medalha de prata nos VII Jogos Olímpicos de Verão, disputados em Antuérpia, na Bélgica, em 1920, ano em que o país esteve pela primeira vez representado nos Jogos por uma delegação.

Afrânio Antônio da Costa foi o primeiro esportista a ganhar uma medalha olímpica (Prata) para o Brasil, em 1920, nos Jogos de Antuérpia, na Bélgica, numa prova de tiro. Ele alcançou o feito um dia antes de Guilherme Paraense entrar para a história com a conquista da primeira medalha de ouro do Brasil, também no tiro, na mesma competição, mas em outra modalidade. Como atletas, os dois defenderam o Fluminense, no Rio de Janeiro.

Praticante e grande apreciador da modalidade, Afrânio da Costa, amigo do então presidente do Fluminense Futebol Clube, Arnaldo Guinle, foi um dos responsáveis pela construção do primeiro estande de tiro do clube, inaugurado em 1919.

Com a proximidade dos Jogos Olímpicos de 1920, Afrânio da Costa foi designado como chefe da equipe de tiro esportivo que iria, com a delegação brasileira, rumo a Antuérpia. Ao longo da viagem, que durou 28 dias, ele produziu um diário com relatos dos acontecimentos por todo o trajeto.

Revelou, por exemplo, que em Bruxelas, Bélgica, sua equipe teve as munições e os alvos de treinamento roubados. Assim que soube do roubo de armas e munição da equipe durante a escala que vôo havia feito em Bruxelas, Afrânio da Costa aproximou-se do coronel George Sanders, chefe da equipe dos Estados Unidos, e conseguiu o empréstimo de duas pistolas Colt e de 2.000 balas. O material emprestado resultou na conquista de três medalhas - uma de ouro, uma de prata e outra de bronze. Sem a iniciativa de Afrânio da Costa, o Brasil não teria sequer participado das provas.

Afrânio Antônio Costa e Dario Barbosa, participantes da equipe brasileira de Tiro dos Jogos Olímpicos da Antuérpia
Como atirador, Afrânio da Costa, que praticava tiro desde 1912, obteve 489 pontos na prova de Pistola Livre 50m Masculino, realizada no dia 02/08/1920. Aquela foi, portanto, cronologicamente, a primeira medalha olímpica conquistada pelo Brasil. A arma de Afrânio da Costa, também emprestada, era o mesmo Colt 22 com que o americano Alfred Lane havia conseguido o ouro em Estocolmo, oito anos antes. Com ela, Afrânio da Costa terminou na frente do próprio Alfred Lane (Bronze), porém atrás do também americano Karl Frederick (Ouro).

Na prova de Tiro Rápido 25m Masculino, Guilherme Paraense ganhou medalha de ouro.

Em 1922, nos Jogos Olímpicos Latino-Americanos disputado, organizado e patrocinado pelo clube onde competia, o Fluminense Futebol Clube, conquistou a medalha de prata na competição de Pistola Livre Individual e a de ouro na Competição Por Equipe, tendo sido por diversas vezes campeão carioca e brasileiro de tiro.

Afrânio da Costa participou da fundação, em 1923, da Federação Brasileira de Tiro (FBT). Foi vice-presidente da União Internacional de Tiro (UIT), hoje International Shooting Sport Federation (ISSF) e membro do Comitê Olímpico Brasileiro.

Advogado, Afrânio da Costa voltaria a integrar uma delegação olímpica brasileira como chefe da equipe de tiro que foi a Los Angeles, em 1932.

Em 1934 chefiou a Seleção Brasileira de Futebol na 2ª Copa do Mundo realizada na Itália.

Em 07/07/1937 foi transferido para a 2ª Vara Civel.

Em 14/03/1940 foi nomeado desembargador do Tribunal de Justiça. Como juiz de direito trabalhou no Tribunal de Justiça cerca de 7 anos, substituindo desembargadores titulares.

Em 04/06/1945, com o advento do regime eleitoral, instalou o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal e foi seu primeiro presidente por 2 anos. Dirigiu e orientou o primeiro alistamento eleitoral, após 1937, tendo atendido cerca de 750.000 eleitores. Sob sua presidência foram realizadas as eleições para Presidente da República e Congresso Nacional, em 03/10/1946 e para completar o Parlamento em janeiro de 1947. Não houve recursos para o Tribunal Superior durante sua gestão.

Fernando Soledade, Tenente Guilherme Paraense, Afrânio da Costa, Tenente Mário Maurety e Dario Barbosa
Por decreto de 09/06/1947, Diário Oficial de 10/06/1947, foi nomeado Ministro do Tribunal Federal de Recursos, e, a seguir, em 25/06/1947, escolhido por seus pares primeiro presidente. Na inauguração estiveram presentes o presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, todo o seu Ministério bem como o cardeal Jayme de Barros Câmara dentre outras autoridades.

Também em 1947, foi eleito para presidir a recém-criada Confederação Brasileira de Tiro ao Alvo (CBTA), no Rio de Janeiro, atualmente denominada Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE).

Em 01/07/1949 foi nomeado para o Supremo Tribunal, tendo permanecido até marco de 1956.

Foi Cavaleiro da Milenar Ordem Soberana e Militar de Malta, tendo sido distinguido com as condecorações: Caxias, Rio Branco, Cinqüentenário da República, Maria Quitéria e Marechal Hermes.

Em reconhecimento público recebeu das mãos do presidente da República, Epitácio Pessoa, em fevereiro de 1921, nos salões do Fluminense Futebol Clube, em seção solene promovida pela Liga da Defesa Nacional, com a presença de todo o Ministério e o Corpo Diplomático, uma placa de ouro com dizeres alusivos ao alto significado da vitória em nome do esporte nacional. Foi saudado na ocasião pelo próprio presidente da República e por Henrique Coelho Neto, em nome da Liga de Defesa Nacional.

Conquistou na Bélgica, Argentina, Chile, França e Suíça 159 medalhas de ouro, 39 de prata e 25 de bronze, alem de 19 tacas de prata, 24 de bronze, além de objetos de arte. Foi 19 vezes campeão brasileiro.

Afrânio da Costa faleceu em 28/07/1979 no Rio de Janeiro, aos 87 anos, tendo sido velado na sede do Fluminense Futebol Clube, do qual havia sido Presidente.

Indicação: Miguel Sampaio