Dino 7 Cordas

HORONDINO JOSÉ DA SILVA
(88 anos)
Violonista

* Rio de Janeiro, RJ (05/05/1918)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/05/2006)

Horondino José da Silva, conhecido como Dino 7 Cordas, foi um violonista brasileiro reconhecido como maior influência do violão de 7 cordas, instrumento musical no qual desenvolveu sua linguagem e técnica. Foi também um dos maiores instrumentistas de choro.

Mestre de várias gerações de violonistas, é referência para todos que tocam ou estão aprendendo a tocar violão. Criou uma linguagem própria para o violão de sete cordas e, em mais de 60 anos de carreira, acompanhou os mais importantes nomes da música brasileira, de Francisco Alves, Orlando Silva, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Cyro Monteiro, Dorival Caymmi, Ângela Maria, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Cartola, João Nogueira, Alcione, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho a Marisa Monte.

Dino 7 Cordas conseguia "a façanha de se destacar sem nunca invadir o espaço dos outros instrumentos ou do cantor. Ao contrário, ele os valorizava. Suas gravações são clássicas não só porque ele toca muito bem, mas porque ele faz os outros tocarem e cantarem melhor", bem o definiu Marcello Gonçalves, integrante do Trio Madeira Brasil.

Nasceu na Rua Orestes, no bairro carioca do Santo Cristo. Filho de Caetano José da Silva, fundidor do Lloyd Brasileiro, e de Cacemira Augusta da Silva, conhecida pelo apelido de Filhinha. Seu registro de nascimento foi feito em agosto, motivo pelo qual em algumas obras importantes está consignada a data de 5 de agosto como sendo a de seu nascimento.

Sua relação com o violão vem desde a infância. Seu pai era violonista amador, assim como outros amigos que frequentavam a casa. Estava sempre atento ao movimento musical ao qual prestava enorme atenção. Começou a praticar inicialmente o bandolim, que abandonou pouco depois pelo violão.

Ao terminar o curso primário, empregou-se como operário em uma confecção de calçados. Por essa época já participava de festas e saraus familiares, onde revezava o violão com seu pai. Em uma dessas ocasiões, conheceu o pandeirista Jacó Palmieri e o cantor Augusto Calheiros, figuras que teriam grande importância para seu ingresso na vida profissional.

Por volta de 1934, passou a acompanhar Augusto Calheiros em espetáculos de circo, ganhando pequena remuneração que complementava a do trabalho na fábrica de calçados. Nessa época, já dominava o repertório musical de toadas, valsas e sambas que aprendia através do rádio. Seu modelo de acompanhamento era fornecido pela dupla Ney Orestes e Carlos Lentine, violonistas do Regional de Benedito Lacerda, um dos mais sólidos regionais da época. Esse tipo de aprendizado foi definitivo em sua carreira. Daí vieram o repertório e a capacidade de acompanhar diversos gêneros, entre tantas outras peculiaridades.

Uma das primeiras formações do Regional Benedito Lacerda:
Popeye (pandeiro), Dino 7 Cordas, Benedito Lacerda (flauta), Canhoto (cavaquinho) e Meira (violão)
Nos Regionais

Dino iniciou sua carreira na década de 30, convidado a integrar o Regional de Benedito Lacerda, que se apresentava na Rádio Tupi, acompanhando cantores nos programas e gravações de discos. Permaneceu nesse regional até 1950, quando solicitaram aumento de salário.

"Ganhávamos na época, 2 mil contos de reis e queríamos 2 mil e quinhentos. Então, nós quatro - eu, os falecidos Meira, Canhoto e Gilson, combinamos de parar no dia que terminasse nosso contrato, 31 de dezembro de 1950, se o aumento não viesse. O aumento não veio e nós saímos. Fomos para a Rádio Mayrink Veiga e o diretor na época, Gilberto Martins, ao saber o que havia ocorrido disse que pagaria 3 mil e quinhentos contos de réis para trabalharmos lá. Continuamos com o mesmo conjunto, sem o Benedito e sem o Pixinguinha no saxofone, que já era do conjunto há uns seis anos. E entraram o Altamiro Carrilho e o Orlando Silveira, de São Paulo, que tocava acordeon. Aí, ao invés de quinteto ficou sexteto, o Regional do Canhoto."

A dupla de violões Dino e Meira (Jaime Florence) atravessou décadas e conjuntos. Tocaram da década de 1930 à de 1970. No início dos anos 60, Jacob do Bandolim convidou-o a integrar o conjunto "Época de Ouro". Dino não saiu de imediato do conjunto de Canhoto: apresentava-se nos dois e havia a preocupação de não marcarem apresentações para o mesmo dia. Ele ressaltava que foi Jacob do Bandolim quem começou a divulgar o nome dos instrumentistas nas gravações de discos no Brasil, introduzindo nas contra capas a ficha técnica.

Raphael Rabello tinha-o por mestre e ressaltava a sua importância para a profissionalização que os músicos instrumentais alcançaram. Dino a esse respeito, com sua humildade, respondia que Raphael Rabello era muito seu amigo.

Até alguns anos atrás, além das apresentações do "Época de Ouro", Dino, dava aulas de violão em dois endereços no centro do Rio: no Bandolim de Ouro e Casa Oliveira.

Sua criatividade foi assim resumida por Raphael Rabello: "O violão do Dino não tem clichê, não tem frase igual."

Dino 7 Cordas nunca fez questão de ter seu nome na capa de nenhum disco, mas por insistência de um dos seus discípulos mais famosos, em 1991 gravou o "Raphael Rabello & Dino 7 Cordas".

Dona Rosa

Em 1943, quando o Regional de Benedito Lacerda exibia-se no programa "Piadas do Manduca" de Lauro Borges, conheceu aquela que seria sua grande companheira, Dona Rosa, com quem teve um filho, Dininho, também músico, contrabaixista, com grande atuação na MPB.


O Violão de Sete Cordas

Dino tinha em seu nome artístico Sete Cordas, sua marca. O violão de sete cordas foi utilizado inicialmente por Tute, violonista do conjunto de Pixinguinha, "Os Oito Batutas". Dino passou a usá-lo após a morte do violonista, na década de 1950 em suas apresentações e gravações para conseguir um grave a mais.

"Eu gostava de ver a sétima corda. Eu achava muito bonito, mas pensava comigo: gosto tanto dessa sétima corda, mas não vou botar no meu violão, não. Porque senão o seu Tute pode não gostar e dizer que estou imitando ele. Mas eu era fã do velho. Depois com o tempo, ele se afastou, adoeceu e também morreu. E aí eu comecei a sentir falta dessa sétima corda no meu violão. Eu sentia que estava faltando qualquer coisa. Mandei fazer um violão no 'Bandolim de Ouro', com sete cordas. O efeito é um grave a mais. Porque o violão vai de mi a mi. Mi grave, lá, ré, sol, si e mi agudo. Eu senti a falta de uma nota mais grave que o mi grave. Então procurava e quando precisava da nota tinha que descer para o ré daquela nota, mas só que era aguda. Eu achava muito feio. Então botei a sétima corda para sentir o efeito. E ficava então com o mi bemol, o ré, ré bemol e o dó. Quer dizer, quatro notas a mais. Aí comecei a desenvolver, a meter os peitos. Quando o violão chegou, eu o botei na mão, entrei no microfone e quando eu sentia que eu podia bater no dó, eu dava no dó. E, aí, fui estudando naturalmente e passei para o violão de sete cordas."

Morte

Dino Sete Cordas, ou Horondino José da Silva, um dos maiores violonistas do Brasil, faleceu na madrugada de sábado, 27/05/2006, aos 88 anos, após internação de alguns dias no Hospital do Andaraí, Rio de Janeiro, acometido por pneumonia. O corpo foi velado e sepultado no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

3 comentários:

  1. GRANDE VIOLONISTA O DINO,ELE FOI O SEGUNDO DA DINASTIA DO 7 CORDAS E DEIXOU MUITOS DISCIPULOS E INFLUENCIOU UMA GERAÇAO INTEIRA,ELE FOI HUMILDE E SOUBE RESPEITAR O ESPAÇO DE OUTROS MUSICOS,ELE NUNCA FEZ QUESTAO DE APARECER EM UMA CAPA DE UM DISCO DINO FOI UM GRANDE MUSICO E DEIXOU UMA ENORME REFERENCIA PRA MUSICA...QUE DEUS A TENHA NO SEU SEIO,DESCANSE EM PAZ DINO

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  2. Dino 7 Cordas, o único até hoje autorizado a ter o sobrenome 7 CORDAS, ele fez por onde, ele fez tudo, ele era o cara, uma escola viva, criada por ele, desenvolvida por ele, não copiou ninguém, Dino 7 cordas é uma fonte inesgotável de violão 7 cordas, todos os que um dia ousarem tocar um violão de 7 cordas estarão bebendo nessa fonte. VIVA ETERNO MESTRE DINO, que hoje toca com Jacob, Altamiro, Abel Ferreira e ainda deve estar acompanhando Elizeth e Clara Nunes de vez em quando.

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  3. OLÁ MARCOS GOSTARIA QUE VC PUBLICASSE A BIOGRAFIA DO GRANDE MESTRE DO VIOLÃO JAYME FLORENCE O MEIRA QUE FEZ DUO COM DILERMANDO REIS E O DINO 7 CORDAS

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