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Murilo Amorim

MURILO AMORIM CORREA
(70 anos)
Ator e Humorista

☼ Campinas, SP (19/12/1926)
┼ São Paulo, SP (13/05/1997)

Murilo Amorim Correa iniciou sua carreira no rádio, mas ganhou fama no cenário humorístico ao integrar o elenco do programa "A Praça da Alegria" nos anos 60, e depois na "A Praça é Nossa" nos anos 80. Seu papel mais conhecido foi no quadro "Vitório e Marieta", no qual atuava ao lado da comediante Maria Tereza. Outro personagem conhecido bastante conhecido foi Jacinto, o Donzelo.

Murilo Amorim e Maria Tereza, além de atuarem em várias estações de TV, também registraram vários álbuns humorísticos para a etiqueta Odeon nos anos 60. Murilo Amorim se destacou em outros selos discográficos, CBS e Copacabana, com Jacinto, o Donzelo.

Murilo Amorim Correa parece mais nome de visconde ou de professor de literatura, mas é aí, até no nome, que começa a graça do comediante que imortalizou o quadro do casal Vitório e Marieta e o Jacinto, o Donzelo, que risca, cisca, rabisca, prega fogo, mas não consegue garfar uma mulher!


Murilo fez fama como artista de rádio, TV e boates. Morando em São Paulo, capital, ficou tão conhecido como Roberto Carlos e o Pelé, apesar de não cantar e de nem saber jogar bola.

Murilo foi premiado várias vezes com o extinto Prêmio Roquete Pinto, que na época era o Oscar dos artistas no Brasil. O seu sucesso teve início com o quadro Vitório e Marieta, um dos maiores sucessos do rádio na década de 60.

Após esse trabalho, Murilo passou a interpretar o engraçado Jacinto, o Donzelo, um caipira maluco por mulher. O personagem, assim como o seu Vitório, logo ganhou fãs em todo o Brasil. Os textos, muito inteligentes, eram de Irvando Luiz.

Murilo Amorim Correa faleceu vítima de complicações circulatórias em São Paulo no dia 14 de fevereiro de 1997.

Vitório e Marieta

O italianíssimo casal Vitório e Marieta foi um grande sucesso no rádio, que acabou passando para a televisão. Mas fez sucesso também no teatro e vendeu muitos discos. O comendador Vitório era vivido por Murilo Amorim Correa e sua esposa Marieta era Maria Tereza.


Vitório e Marieta era um casal unido por uma coisa em comum: a burrice. Mas ambos julgavam-se muito espertos e inteligentes. Falavam as maiores asneiras e se achavam os tais, sempre rindo da "burrice" das pessoas com quem falavam.


No fim do quadro, Marieta encerrava sempre com a seguinte frase:


"Por isso que te admiro você, Vitório. Não existe homem mais inteligente que você na face da Terra. Ah, Vitório, eu não sei o que seria de mim sem você. É por isso que digo e repito sempre: e viva o Vitório!!!"


O quadro foi sucesso na "Praça da Alegria" e em outros programas humorísticos nos anos 60 e 70. As últimas apresentações, antes da morte de Murilo Amorim foi no programa do SBT, "Maria Tereza Especial", já nos anos 90.

Televisão

  • 1969 - Hotel do Sossego
  • 1968 - As Professorinhas ... Guedes
  • 1966 - Alma de Pedra
  • 1965 - A Indomável ... Nicolau
  • 1965 - Pecado de Mulher
  • 1964 - Uma Sombra em Minha Vida ... Noel
  • 1964 - Mãe ... Acácio
  • 1953 - TV de Vanguarda

Cinema

  • 1976 - Sabendo Usar Não Vai Faltar
  • 1957 - Absolutamente Certo ... Guilherme

Victor Giudice

VICTOR MARINO DEL GIUDICE
(63 anos)
Escritor, Crítico, Músico, Fotógrafo e Professor

* Niterói, RJ (14/02/1934)
+ Rio de Janeiro, RJ (22/11/1997)

Victor Marino del Giudice nasceu em Niterói, RJ, no dia 14 de fevereiro de 1934. Seus pais eram artesãos: Marino Francisco del Giudice, de origem italiana, fabricava chapéus enquanto ainda se usavam chapéus, e Mariannalia del Giudice, católica, era exímia bordadeira, com suas mãos "barrocas" de "fada branquíssima", como o filho a descreveria, ou fantasiaria, no conto "Minha Mãe". A maneira como se referia aos pais pela ausência, presente também no conto "A Única Vez", este sobre o pai, só faz enfatizar a importância da tia Elza, professora de piano com quem o pequeno Victor Giudice convivia mais intensamente e a quem chamava de "mãe".

Quando Victor tinha cinco anos, a família mudou-se para o bairro de São Cristóvão, no Rio, que se tornaria seu "país" ficcional e referência de origem para sempre. "Quando se nasce e se cresce em São Cristóvão, logo se aprende que em São Cristóvão todas as coisas são de São Cristóvão", diria o personagem semi-autobiográfico do seu conto "A Glória No São Cristóvão"

Victor Giudice foi um menino popular, que magnetizava os colegas de rua com suas histórias. Começou, portanto, a se desenvolver na infância uma das facetas mais sedutoras de sua personalidade carismática. Com as astúcias de um legítimo entertainer, que mistura lembrança e invenção de maneira indistinguível, ele enredou pela vida afora todos os que cruzaram seu caminho.

Como Tudo Começou

Aos cinco anos de idade, ele já aprendia a amar a grande música. O pai o levava ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro para ver em ação o célebre maestro Arturo Toscanini. Com a tia Elza iniciou os estudos de piano e canto, que mais tarde aprofundaria com professores renomados. Aos nove anos, frequentava recitais de piano e óperas. Aos 11 anos leu alguns volumes da censurada Coleção Verde, de romances eróticos, e uma descoberta revolucionou o seu futuro: escrever era um prazer. Foi quando Victor Giudice produziu o primeiro dos seus contos, "Os Três Suspiros De Helena".

O gosto pelas letras nunca mais o abandonou. Seguiram-se leituras de Rider Haggard, Conan DoyleEdgar Allan PoeLuís de CamõesJean-Paul Sartre, Machado de AssisHonoré de Balzac - cuja obra foi devorada nas incursões de adolescente às estantes da biblioteca do vizinho e futuro sogro, Drº Azevedo Lima, patriarca de uma família numerosa - tornou-se uma paixão eterna. Aliás, começou ali o namoro com Leda, a filha caçula e hoje professora de literatura, com quem se casou e teve os filhos Maurício, matemático, e Renata, jornalista.

Victor Giudice formou-se em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 1975, depois de cursar parcialmente Ciências Estatísticas nos anos 1950 e Direito nos anos 1960. Sua segunda mulher, Eneida Santos, foi uma colaboradora devotada e a primeira leitora de todos os seus rascunhos a partir de 1984.

O "Édipo Rei", de Sófocles, lido aos 12 anos, revelou-lhe o fascínio das histórias de mistério. Com os seriados do Cinema Fluminense, compreendeu o valor do suspense e da imprevisibilidade, atributos que iriam impregnar toda a sua obra literária. "Os Perigos De Nyoka", "O Fantasma", "Flash Gordon", "Capitão Marvel", "Império Submarino" - as chamadas "fitas em série" - figuram entre os primeiros objetos de cinefilia de Victor Giudice. Filmes dos franceses Henri-Georges Clouzot e André Cayatte também alinham-se entre suas influências inaugurais.

Por volta dos 13 anos, as visitas freqüentes aos estúdios da Cinédia lhe renderam uma ponta no filme "Pinguinho De Gente", de Gilda de Abreu. Bem mais tarde, tornou-se aluno da famosa atriz Dulcina de Moraes, com quem aprendeu os mistérios da interpretação. No entanto, Victor Giudice sempre foi um ator nato, além de imitador impagável. Suas performances-relâmpago ou a compenetrada declamação dos poemas do português Antonio Nobre eram um deleite para quem tinha a sorte de estar por perto.


O Amor Pelas Imagens

A cinefilia infantil se perpetuaria na vida adulta, com um afeto especial pelo cinema clássico europeu: Visconti, Federico Fellini, os primeiros filmes de Mario Monicelli, os de Totò, Carné, Clouzot, as comédias inglesas dos anos 40 e 50 e a nobreza de Laurence Olivier à frente de adaptações shakespearianas como "Ricardo III". Já o cinema americano era capaz de lhe despertar sentimentos conflitantes. Ao mesmo tempo em que admirava a eficiência e verossimilhança de suas narrativas, abominava seus chavões e a superficialidade na abordagem dos temas. Os filmes de Orson Welles e grandes musicais como "O Mágico De Oz", "Cantando Na Chuva" e "Um Americano Em Paris" estavam acima de qualquer restrição. Quanto ao cinema nacional, irritava-se com freqüência diante dos sinais de amadorismo que o infestavam até o final da década de 70.

Apesar de não ter concretizado nenhum projeto nessa área, - o final dos 60 e começo dos 70 registram uma obscura experiência de curta-metragem e alguns audiovisuais didáticos - Victor Giudice gostava de rascunhar eletrizantes prólogos de filmes imaginários, capazes de deixar eventuais leitores com água na boca.

O desenho e a fotografia também o atraíram desde muito cedo. A começar pelos ladrilhos da casa, que ele, subversivamente, estimulava os companheiros de infância a decorar com seus próprios traços. Comprava filmes baratos em bobinas e punha-se a fotografar a Quinta da Boa Vista, o Campo de São Cristóvão e principalmente os amigos, naquilo que foi o início de um duradouro culto aos portraits. O amor pela fotografia seria uma constante na vida de Victor Giudice. Ele teve fotos publicadas na revista O Cruzeiro (1969) e no semanário Crítica (1974). Durante vários anos, um dos cômodos de sua casa funcionou como laboratório de revelação fotográfica.

Aos 16 anos, Victor Giudice perdeu o pai. A família morava então em Macaé, RJ, mas logo voltaria a São Cristóvão. Empregou-se aos 21 anos como arte-finalista numa pequena agência de publicidade. Pintou anúncios em cortinas de teatro e, já nos anos 60, formado em Estatística, trabalhou como desenhista de gráficos para órgãos públicos. Mais tarde, ao consagrar-se como escritor, não se furtou ao prazer de criar as capas de seus livros "Necrológio", "Salvador Janta No Lamas" e "O Museu Darbot E Outros Mistérios", além de uma revista de comércio exterior editada pelo Banco do Brasil. Durante toda a vida, Victor Giudice cultivou na intimidade os retratos e caricaturas de pessoas conhecidas, feitos em bico de pena, o esboço gráfico de personagens, e teve mesmo uma fase de pinturas em aquarela.

Um Homem Múltiplo

Funcionário do Banco do Brasil por mais de 20 anos, Victor Giudice se comprazia em transformar os jargões e absurdos reais da burocracia em ficção de sabor kafkiano. "O Arquivo", seu terceiro conto, tornou-se um clássico no Brasil e foi publicado em oito países, mostrando um homem que "progride" na empresa à medida que seu salário vai sendo reduzido e ele próprio vai se convertendo num objeto. No ambiente austero do Banco do Brasil, Victor Giudice fazia o terror da hierarquia e as delícias dos colegas, com sua irresistível tendência a satirizar o cotidiano, jogar pelos ares as formalidades e se lixar para os imperativos de um mito da época: uma boa carreira no Banco do Brasil. Os formulários burocráticos lhe serviam para fazer intervenções poéticas e a rotina do trabalho lhe inspirava situações de comédia.

O homem e o escritor se confundiam na relação visceral mantida com a cidade do Rio de Janeiro. O tradicional restaurante Lamas, onde se passa a ação do conto "Salvador Janta No Lamas", era apenas um dos muitos templos gastronômicos cariocas que Victor Giudice frequentava com regularidade e fervor quase religiosos. Ele podia se deliciar tanto com queijos finos e doces sofisticados, quanto com os salgadinhos mal encarados de uma lanchonete de esquina. Domesticamente, sua faceta de chef materializava-se em papas portuguesas, estrogonofes, haddocks ao leite, uma receita própria de "Peixe à Salvador", bolos de chocolate, quindões e manjares marmorizados.

Em Victor Giudice conviviam um intelectual de gosto refinado e um homem simples e popular. Ele mantinha longas relações amistosas não só com artistas e escritores, mas também com guardadores de carro, lanterneiros, porteiros de prédios, etc. Na sua teia de laços e afetos, crianças e adultos tampouco recebiam tratamento diferenciado.

Este homem em permanente trânsito social manifestava-se também na relação com a geografia da cidade. Seu coração estava, sem dúvida, na Zona Norte, mas os túneis eram caminho diário rumo a livrarias, lojas de discos e vídeos, restaurantes, casas de amigos, etc. Comutar entre as diversas zonas geográficas, culturais e econômicas da cidade era parte do estilo de vida de Victor Giudice, um homem cujo espírito desconhecia fronteiras de qualquer natureza.

A faceta místico-esotérica foi outro traço marcante da personalidade de Victor Giudice. Ele aprendeu leitura de mãos na juventude e dizia-se um apaixonado pelo ocultismo. Nos anos 80, estudou profundamente o tarô e colecionou dezenas de baralhos, de várias modalidades e procedências. Chegou a "botar" cartas informalmente, e criou o protótipo de uma certa Mandala Divinatória, jogo de números e peças geométricas que conformaria toda a vida do consulente. Existem fortes razões para se suspeitar de que o esoterismo um tanto jocoso era, no fundo, mais uma ferramenta de elaboração ficcional de que Victor Giudice lançava mão nas incansáveis peripécias de sua imaginação.

Fuga a Bayreuth

Depois de aposentar-se em 1986, Victor Giudice retomou a carreira de professor de teoria e criação literária, interrompida na década anterior. Os anos 90 estiveram entre os mais produtivos de sua carreira: além de dar aulas, lançou dois livros, escreveu grande parte de outros dois - o romance "Do Catálogo De Flores" e um volume de teoria da significação intitulado "O Que Significa Isto?" -, inspirou admiração e respeito como crítico de música erudita do Jornal do Brasil, ministrou cursos livres sobre ópera e música sinfônica, oficinas literárias e conferências em diversas partes do país, e ainda prestava consultoria à programação de óperas em vídeo do Centro Cultural Banco do Brasil.

Em agosto de 1996, já acometido pelos primeiros sintomas do que seria mais tarde diagnosticado como um tipo raro de tumor cerebral, ele realizou o sonho de comparecer ao Festival de Bayreuth, na Alemanha, para cultuar in loco o ídolo Richard Wagner. Victor Giudice, cuja vida fora um incessante diálogo com a cultura internacional, tinha medo de avião. Por isso fez poucas viagens ao exterior: esteve em Buenos Aires, Bogotá, fez três passagens rápidas por Nova York e empreendeu esta derradeira fuga a Bayreuth, com breve escala em Paris, primeiro e último vislumbre de uma Europa mitificada.

Um mês depois, Victor Giudice iniciou seu longo e lento duelo com a morte. Ela sairia vencedora na madrugada de 22 de novembro de 1997. Mas não na clínica da Zona Sul, onde ele havia passado os últimos meses, e sim na Tijuca, bairro onde moravam seus dois filhos, ali bem perto de São Cristóvão. Ou seja, dentro do perímetro mágico da sua lavoura criativa.


Bibliografia


Contos

  • Necrológio
  • Os Banheiros
  • Salvador Janta No Lamas
  • O Museu Darbot e Outros Mistérios


Romances

  • Bolero
  • O Sétimo Punhal


Teatro

  • Ária De Serviço (Diálogo para um só personagem, em um ato)
  • O Baile Das Sete Máscaras (Comédia em dois atos)


Contos Publicados no Exterior

  • 1973 - Os Pontos de Harmonisópolis, Lisboa
  • 1973 - O Arquivo (El Archivador), Manágua
  • 1975 - O Arquivo (El Archivo), Buenos Aires
  • 1976 - O Arquivo (El Archivista), México DF
  • 1977 - Carta a Estocolmo (List do Sztokhlmu), Cracóvia, Polônia
  • 1977 - Falecimento, Vida E Morte De F. (Death, Agony & Life Of F.), Nova York
  • 1977 - A Peregrinação Da Velha Auridéa (The Pilgrimage Of Old Auridéa), Nova York
  • 1978 - O Arquivo (The File Cabinet), Nova York
  • 1978 - O Arquivo (El Archivo), Buenos Aires
  • 1978 - O Arquivo (The File Cabinet), New Jersey
  • 1979 - Falecimento, Vida E Morte de F. (Snkocnacnter), Sofia
  • 1980 - Grão Medalha (Medal), Nova York
  • 1980 - O Arquivo (El Archivo), Bogotá
  • 1981 - O Visitante (El Visitante), Bogotá
  • 1982 - O Arquivo (Der Büroschrank), Hamburgo
  • 1983 - Carta A Estocolmo (Letter To Stockholm), Nova York
  • 1988 - A Lei Do Silêncio (Nächtliche Ruhestörung), Berlim
  • 1991 - Bolívar (Bolivar), Budapeste
  • 1991 - Salvador Janta No Lamas (Salvador A Lamasban Vacsorázic), Budapeste
  • 1992 - Salvador Janta No Lamas (Salvador A Lamasban Vacsorázic), Budapeste
  • 1994 - O Arquivo (Der Büroschrank), Frankfurt
  • 1997 - O Museu Darbot (Le Musée Darbot), Paris


Trabalhos Publicados Em Antologias Nacionais

  • O Arquivo - Os Melhores Contos Brasileiros de 1973 (Editora Globo, Porto Alegre)
  • O Arquivo - Contistas Brasileiros (Editora Brasiliense, São Paulo)
  • O Arquivo - Setecontos, Setencantos, Vol. II (Editora FTD, São Paulo)
  • Os Balões - Quer Que Eu Conte Um Conto? (Editora Achiamé, Rio de Janeiro)
  • A Lei Do Silêncio - O Novo Conto Brasileiro (Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro)
  • O Segredo De Suzana - Os Cariocas (Editora Mercado Aberto, Porto Alegre)
  • A Última Ceia Do Drº Ordonez - Antologia de Ficção Científica nº 3 (Editora Globo, Porto Alegre)
  • A Glória No São Cristóvão - Passeios Na Zona Norte (Editora do Centro Cultural Gama Filho)


Artigos Sobre a Obra de Victor Giudice


No Brasil

  • 1975 - Graciliano, Machado, Drummond & Outros (Pólvora, Hélio - Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro)
  • 1975 - Literatura Brasileira: O Conto (Brasil, Assis - Editora Americana, Rio de Janeiro)
  • 1975 - Literatura E Vida (Villaça, Antônio Carlos - Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro)
  • 1978 - Dicionário Literário Brasileiro" (Menezes, Raimundo de - Livros Técnicos e Científicos Editora)
  • 1981 - Conto Brasileiro Contemporâneo (Hohlfeldt, Antônio - Editora Mercado Aberto)


No Exterior

  • 1982 - The City In Brazilian Literature (Lowe, Elizabeth - Associated University Press, New Jersey)
  • Brazilian Novel (Silverman, Malcolm)

Walter Moraes

WALTER MORAES
(63 anos)
Jurista, Pensador Católico, Livre-Docente, Professor e Desembargador

* Catanduva, SP (13/11/1934)
+ Diadema, SP (17/11/1997)

Walter Moraes foi um jurista, pensador católico, livre-docente e professor adjunto do Departamento de Direito Civil da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Estudou no seminário menor da Congregação do Verbo Divino. Casou-se com Sônia dos Santos Moraes em 1959, com quem teve dois filhos. Graduou-se nos cursos de Filosofia e de Direito pela Universidade de São Paulo. Iniciou sua carreira como juiz de direito nas comarcas de Casa Branca, Quatá e Campos do Jordão. Destacou-se em sua atividade acadêmica sendo pioneiro, no Brasil, em vários campos do direito como Direito Autoral, Direito à Imagem e Direito da Família e Sucessões.

Em conjunto com o professor Antônio Chaves, colaborou na reformulação do Código de Menores que esteve vigente antes do atual Estatuto da Criança e do Adolescente. Sustentou juridicamente os direitos do nascituro mostrando a falácia dos argumentos em favor da descriminalização do aborto em seu artigo "O Problema Da Autorização Judicial Para O Aborto" e na célebre conferência "A Farsa Do Aborto Legal" proferida na Câmara dos Deputados em 24 de setembro de 1997, menos de dois meses antes de sua morte.

Representou o Brasil em vários eventos internacionais, foi diretor de redação da Revista Interamericana de Direito Intelectual, foi secretário do Instituto Interamericano de Direito de Autor, correspondente brasileiro da European Intellectual Property Review, membro do Conselho Editorial da Revista de Direito Civil, da Societé de Legislation Comparée, da Internationale Gesellschaft für Urheberrecht, da Associação Internacional de Direito da Família e das Sucessões, do Instituto dos Advogados de São Paulo, do Instituto Brasileiro de Propriedade Intelectual.

Autor de diversos livros e artigos entre os quais: "Adoção E Verdade", "Artistas Intérpretes E Executantes", "Posição Sistemática Do Direito Dos Artistas Intérpretes", "Programa de Direito do Menor I", "Código Dos Menores Anotado", "Questões De Direito Do Autor", "Sociedade Civil Estrita", "Teoria Geral E Sucessão Legítima", "Programa de Direito das Sucessões", "Concepção Tomista De Pessoa" e "O Problema Da Autorização Judicial Para O Aborto".

Fonte: Wikipédia

Paulo Freire

PAULO REGLUS NEVES FREIRE
(75 anos)
Professor e Filósofo

* Recife, PE (19/09/1921)
+ São Paulo, SP (02/05/1997)

Paulo Reglus Neves Freire foi um educador e filósofo brasileiro. É Patrono da Educação Brasileira.

Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído. Libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.

Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política. Autor de "Pedagogia do Oprimido", um método de alfabetização dialético, se diferenciou do vanguardismo dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático.

Em 13 de abril de 2012, foi sancionada a lei 12.612 que declarou o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.

Paulo Freire foi o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 41 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford.

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife. Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar de Pernambuco e de Edeltrudes Neves Freire, Dona Tudinha, Paulo teve uma irmã, Stela, e dois irmãos, Armando e Temístocles.

A irmã Stela foi professora primária do Estado. Armando, funcionário da Prefeitura da Cidade do Recife, abandonou os estudos aos 18 anos, não chegou a concluir o curso ginasial. Temístocles entrou para o Exército. Aos dois, Paulo Freire agradece emocionado, em uma de suas entrevistas a Edson Passetti, pois começaram a trabalhar muito jovens, para ajudar na manutenção da casa e possibilitar que Paulo continuasse estudando.

Sua família fazia parte da classe média, mas Paulo Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África.

O talento como escritor o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda.

A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart.


Primeiros Trabalhos

Paulo Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau lecionando língua portuguesa. Em 1944, casou com Elza Maia Costa de Oliveira, uma colega de trabalho.

Em 1946, Paulo Freire foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco, onde iniciou o trabalho com analfabetos pobres.

Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no mesmo ano, realizou junto com sua equipe as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do Método Paulo Freire. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de cana em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro, que, sob o presidente  João Goulart, empenhava-se na realização das reformas de base, aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num Plano Nacional de Alfabetização, que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos, os "círculos de cultura", pelo País.

Em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o golpe militar extinguiu esse esforço. Paulo Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida passou por um breve exílio na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.

Em 1967, durante o exílio chileno, publicou no Brasil seu primeiro livro, "Educação Como Prática Da Liberdade", baseado fundamentalmente na tese Educação e Atualidade Brasileira, com a qual concorrera, em 1959, à cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife.

O livro foi bem recebido, e Paulo Freire foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. No ano anterior, ele havia concluído a redação de seu mais famoso livro, "Pedagogia Do Oprimido", que foi publicado em várias línguas como o espanhol, o inglês, em 1970 e até o hebraico em 1981. Em razão da rixa política entre a ditadura militar e o socialismo cristão de Paulo Freire, ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o general Ernesto Geisel assumiu a presidência do país e iniciou o processo de abertura política.

Depois de um ano em Cambridge, Paulo Freire mudou-se para Genebra, na Suíça, trabalhando como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. Durante esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente na Guiné-Bissau e em Moçambique.

Com a Anistia em 1979 Paulo Freire pôde retornar ao Brasil, mas só o fez em 1980. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Quando o PT venceu as eleições municipais paulistanas de 1988, iniciando-se a gestão de Luiza Erundina (1989-1993), Paulo Freire foi nomeado Secretário de Educação da cidade de São Paulo e exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela Secretaria Municipal de Educação está a criação do Movimento de Alfabetização (MOVA), um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos que até hoje é adotado por numerosas prefeituras, majoritariamente petistas ou de outras orientações de esquerda,  e outras instâncias de governo.

Em 1986, sua esposa Elza morreu. Dois anos depois, em 1988, o educador casou-se com a também pernambucana Ana Maria Araújo, conhecida pelo apelido Nita, que além de conhecida desde a infância era sua orientanda no programa de mestrado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde foi professor.

Em 1991 foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire, para estender e elaborar as idéias de Paulo Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial.

Paulo Freire morreu vítima de um Ataque Cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6:53 hs, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias.

O Estado brasileiro, por meio do Ministério da Justiça, no Fórum Mundial de Educação Profissional de 2009, realizado em Brasília, fez o pedido de perdão post mortem à viúva e à família do educador, assumindo o pagamento de "reparação econômica".


A Pedagogia da Libertação

Paulo Freire delineou uma Pedagogia da Libertação, intimamente relacionada com a visão marxista do Terceiro Mundo e das consideradas classes oprimidas na tentativa de elucidá-las e conscientizá-las politicamente. As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos como os das Comunidades Eclesiais de Base (CEB).

No entanto, a obra de Paulo Freire não se limita a esses campos, tendo eventualmente alcance mais amplo, pelo menos para a tradição de educação marxista, que incorpora o conceito básico de que não existe educação neutra. Segundo a visão de Paulo Freire, todo ato de educação é um ato político.

Obras

  • 1959 - Educação e Atualidade Brasileira. Recife: Universidade Federal do Recife, 139p. (Tese de concurso público para a cadeira de História e Filosofia da Educação de Belas Artes de Pernambuco).
  • 1961 - A Propósito De Uma Administração. Recife: Imprensa Universitária, 90p.
  • 1963 - Alfabetização E Conscientização. Porto Alegre: Editora Emma.
  • 1967 - Educação Como Prática Da Liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (19 ed., 1989, 150 p).
  • 1968 - Educação E Conscientização: Extencionismo Rural. Cuernavaca (México): CIDOC/Cuaderno 25, 320 p.
  • 1970 - Pedagogia Do Oprimido. New York: Herder & Herder, 1970 (Manuscrito em português de 1968). Publicado com Prefácio de Ernani Maria Fiori. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 218 p., (23 ed., 1994, 184 p.).
  • 1971 - Extensão Ou Comunicação?. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971, 93 p.
  • 1976 - Ação Cultural Para A Liberdade E Outros Escritos. Tradução de Claudia Schilling, Buenos Aires: Tierra Nueva, 1975. Publicado também no Rio de Janeiro, Paz e terra, 149 p. (8. ed., 1987).
  • 1977 - Cartas À Guiné-Bissau. Registros De Uma Experiência Em Processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (4 ed., 1984), 173 p.
  • 1978 - Os Cristãos E A Libertação Dos Oprimidos. Lisboa: Edições BASE, 49 p.
  • 1979 - Consciência E História: A Práxis Educativa De Paulo Freire (Antologia). São Paulo: Loyola.
  • 1979 - Educação E Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 112 p.
  • 1979 - Multinacionais E Trabalhadores No Brasil. São Paulo: Brasiliense, 226 p.
  • 1980 - Quatro Cartas Aos Animadores E Às Animadoras Culturais. República de São Tomé e Príncipe: Ministério da Educação e Desportos, São Tomé.
  • 1980 - Conscientização: Teoria E Prática Da Libertação: Uma Introdução Ao Pensamento De Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 102 p.
  • 1981 - Ideologia E Educação: Reflexões Sobre A Não Neutralidade Da Educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • 1982 - A Importância Do Ato De Ler (Em três artigos que se completam). Prefácio de Antonio Joaquim Severino. São Paulo: Cortez/ Autores Associados. (26. ed., 1991). 96 p. (Coleção polêmica do nosso tempo).
  • 1982 - Sobre Educação (Diálogos), Vol. 1. Rio de Janeiro: Paz e Terra ( 3 ed., 1984), 132 p. (Educação e comunicação, 9).
  • 1982 - Educação Popular. Lins (SP): Todos Irmãos. 38 p.
  • 1983 -  Cultura Popular, Educação Popular.
  • 1985 - Por Uma Pedagogia Da Pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 3ª Edição
  • 1986 - Fazer Escola Conhecendo A Vida. Papirus.
  • 1987 - Aprendendo Com A Própria História (Com Sérgio Guimarães). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 168 p. (Educação e Comunicação; v.19).
  • 1988 - Na Escola Que Fazemos: Uma Reflexão Interdisciplinar Em Educação Popular. Vozes.
  • 1989 - Que Fazer: Teoria E Prática Em Educação Popular. Vozes.
  • 1990 - Conversando Com Educadores. Montevideo (Uruguai): Roca Viva.
  • 1990 - Alfabetização - Leitura Do Mundo, Leitura Da Palavra (Com Donaldo Macedo). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 272 p.
  • 1991 - A Educação Na Cidade. São Paulo: Cortez, 144 p.
  • 1991 - A Importância Do Ato De Ler - Em Três Artigos Que Se Completam. São Paulo: Cortez Editora & Autores Associados, 1991. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, v 4)- 80 p.
  • 1992 - Pedagogia Da Esperança: Um Reencontro Com A Pedagogia Do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra (3 ed. 1994), 245 p.
  • 1993 - Professora Sim, Tia Não: Cartas A Quem Ousa Ensinar. São Paulo: Olho d'água. (6 ed. 1995), 127 p.
  • 1993 - Política E Educação: Ensaios. São Paulo: Cortez, 119 p.
  • 1994 - Cartas A Cristina. Prefácio de Adriano S. Nogueira; notas de Ana Maria Araújo Freire. São Paulo: Paz e Terra. 334 p.
  • 1994 - Essa Escola Chamada Vida. São Paulo: Ática, 1985; 8ª edição.
  • 1995 - À Sombra Desta Mangueira. São Paulo: Olho d'água, 120 p.
  • 1995 - Pedagogia: Diálogo E Conflito. São Paulo: Editora Cortez.
  • 1996 - Medo E Ousadia. Prefácio de Ana Maria Saul; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; 5ª Edição.
  • 1996 - Pedagogia Da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • 2000 - Pedagogia Da Indignação - Cartas Pedagógicas E Outros Escritos. São Paulo: UNESP, 134 p.
  • 2003 - A África Ensinando A Gente (Com Sérgio Guimarães). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 248 p.

Fonte: Wikipédia

Adilson Barros

ADILSON BARROS
(50 anos)
Ator

* Sorocaba, SP (1947)
+ São Paulo, SP (11/11/1997)

Adilson Barros foi um ator brasileiro, formado pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/USP) e um dos criadores do grupo de teatro experimental Pessoal do Victor.

Começou no teatro na década de 70 e fez grandes peças como "Apenas Uma Mulher de Negócios", "Na Carreira do Divino" e "Feliz Ano Velho"  pela qual ganhou o Troféu Mambembe

Foi para o cinema em 1983 em um pequeno papel de um poeta em "Flor do Desejo". Veio a se consagrar nas telas dois anos depois ao defender o principal papel do filme "A Marvada Carne" de André Klotzel, o ingênuo e divertido Nhô Quim, um personagem que era uma espécie de Mazzaropi moderno.

Ainda no cinema, Adilson Barros participou de "Kuarup" e "Capitalismo Selvagem".

Na televisão, Adilson Barros fez apenas duas participações nas novelas "Brasileiras e Brasileiros", do SBT, em 1990 e, depois, em "O Rei do Gado" na Rede Globo.

Foi professor de artes cênicas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Morreu aos 50 anos, em 11 de novembro de 1997, vítima de complicações decorrentes da AIDS.


Cinema

  • 1983 - Flor do Desejo ... Poeta
  • 1987 - A Marvada Carne ... Quim
  • 1989 - Kuarup ... Otávio
  • 1993 - Capitalismo Selvagem ... Marcos

Televisão

  • 1990 - Brasileiras e Brasileiros
  • 1996 - O Rei do Gado


Hélio Beltrão

HÉLIO MARCOS PENA BELTRÃO
(81 anos)
Advogado, Economista e Administrador

* Rio de Janeiro, RJ (15/10/1916)
+ Rio de Janeiro, RJ (26/10/1997)

Advogado, economista e administrador público brasileiro nascido no dia 15/10/1916, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, no então Distrito Federal. Filho do deputado Heitor Beltrão, um inflamado líder udenista, e amigo pessoal do ex-presidente Ernesto Geisel, Hélio Beltrão acreditava que a engrenagem da administração pública deveria ser posta a funcionar em benefício do homem comum. Aboliu e aperfeiçoou diversas exigências burocráticas, como o reconhecimento de firma, o atestado de vida, atestado de residência, o credenciamento de firmas e inúmeros requerimentos e liberações de documentos que exigiam carimbo oficial. Era também a favor da revisão da legislação tributária em favor do município, por permitir que os problemas do cotidiano fossem tratados de acordo com as peculiaridades da própria região.

Popularmente conhecido como o ministro da Desburocratização, foi responsável pela abolição de 600 milhões de documentos desnecessários. Formado em Direito na Faculdade Nacional de Direito, foi servidor público no Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários (IAPI),  chegou à presidência da autarquia alguns anos depois.

Hélio Beltrão assumiu o ministério do Planejamento – e o Conselho Monetário Nacional – em 15 de março de 1967, por convite do presidente  Costa e Silva. Premissa básica de sua política de planejamento foi a descentralização administrativa, que acarretou a instalação de escritórios representativos do ministério em vários Estados. Com a entrada de Emílio Garrastazu Médici no poder, Hélio Beltrão deixou o cargo.

Hélio Beltrão tornou-se popular nos anos 1980 devido às sátiras que se fazia ao governo de João Figueiredo, que criou o ministério da Desburocratização, coordenado por Hélio Beltrão desde o início, em 1979. Para desburocratizar a administração pública, dizia-se, novos cargos foram criados e vários ofícios, despachados. Beltrão aboliu formalidades como atestados de vida e de idoneidade moral. Três anos depois, acumulou também a Previdência.

Hélio Beltrão ainda trabalhou como advogado, economista e administrador, em instituições como o Conselho Nacional de Petróleo, o Banco Nacional da Habitação, Petrobras, e presidente da Embraer.

Presidiu a Petrobrás (1985-1986) no governo José Sarney. Foi grande acionista do Grupo Ultra onde também foi executivo, e  vice-presidente da cadeia de lojas Mesbla.

Destacou-se como um dos signatários do famigerado AI-5 (1968), que permitiu a suspensão dos já restritos direitos políticos que vigoravam na época.

Era pai da jornalista Maria Beltrão e do executivo liberal Hélio Beltrão Filho, hoje sócio-herdeiro do Grupo Ultra.

Foi casado com a arqueóloga Maria Beltrão, com quem teve os filhos Cristiane, Hélio Beltrão Filho, hoje sócio-herdeiro do Grupo Ultra e a jornalista Maria Beltrão.

Um de seus hobbies era tocar violão.

Morte

Hélio Beltrão morreu vítima de um câncer, aos 81 anos, em 26 de outubro de 1997 na cidade do Rio de Janeiro.

Em sua memória foi criado em 1999 o Instituto Helio Beltrão, uma organização não governamental, sem vinculação político-partidária, que tem por objetivo promover estudos e propor iniciativas que contribuam para a maior eficiência e agilidade da administração pública e reduzam a interferência indevida ou excessiva do governo na vida do cidadão e da empresa.

Osmar

OSMAR ÁLVARES DE MACÊDO
(74 anos)
Mecânico, Engenheiro, Instrumentista e Inventor do Trio Elétrico

* Salvador, BA (22/03/1923)
+ Salvador, BA (30/06/1997)

Nasceu Osmar Macêdo no dia 22 de março 1923, na Ribeira, Salvador, BA. Grande parceiro de Dodô na invenção do Trio Elétrico, Osmar Álvares de Macêdo, filho de pai pernambucano.

Os soteropolitanos Adolfo Antônio Nascimento (Dodô) e Osmar Alvares Macêdo, foram responsáveis por um dos capítulos mais férteis da história da música de raiz nordestina e até mundial. Eles conseguiram além de eletrificar o frevo pernambucano criar uma nova forma de levar a música para os foliões do carnaval de Salvador e depois de todo o Brasil. A dupla esteve na ponta do desenvolvimento tecnológico agregado à música, pois criou, no ano de 1942, uma guitarra elétrica, a Guitarra Baiana, um ano depois do norte-americano Les Paul ter construído seu primeiro protótipo de guitarra elétrica.

A Dupla Elétrica também elevou o frevo a um nível instrumental jamais imaginado pelos pernambucanos. Dodô & Osmar estabeleceram novos padrões para o ritmo e depois viriam a incorporar outros gêneros musicais nordestinos e outros à folia "carnavalizante" do Trio Elétrico que mudou a face do carnaval na Bahia e depois em todo o país.

No ano de 1942, o mundo vivia os transtornos da Segunda Guerra Mundial e o violonista Benedito Chaves chegava à Bahia para exibir seu violão elétrico no Cinema Guarani, na Praça Castro Alves. Os jovens Dodô e Osmar foram conferir a audiência do músico e observaram que o violão era bem tocado, mas tinha microfonia e o artista precisava mudar a posição do amplificador a todo instante, interrompendo a apresentação. Eles resolveram pesquisar os corpos maciços das madeiras dos violões elétricos e conseguiram aperfeiçoar um corpo com cepo de jacarandá maciço e colocaram o captador em baixo das cordas, conseguindo obter um som alto e sem o efeito de microfonia.

Osmar ao lado da Fobica
Dodô era expert em eletrônica, trabalhava construindo instrumentos de som e tocava violão estridente enquanto Osmar tocava cavaquinho, bandolim e guitarra havaiana e gostava de adaptar arranjos de músicas clássicas e populares ao ritmo quente da folia. Ele era ao lado do instrumentista paulista Poly um dos melhores tocadores de guitarra havaiana do Brasil. Dodô consertava instrumentos e os dois tocavam frevos pernambucanos e choros cariocas num conjunto amador chamado "Três e Meio".

Em 1950, a pedido do governado da Bahia, Otávio Mangabeira, o bloco "Vassourinhas" de Pernambucano desfilou pelas ruas do centro da cidade e causou uma grande animação no meio da população. Inspirado pela alegria contagiante dos pernambucanos, a Dupla Elétrica resolveu subir a bordo de um Ford 1929 - com suas guitarras baianas e dois músicas na percussão -, e desfilam do Campo Grande rumo à Praça da Sé, mas como uma multidão os acompanhou foi impossível completar o percurso. O povão fez um verdadeiro "arrastão" da alegria até chegar na Praça Castro Alves. Estava se iniciando o fim do estilo antigo de Carnaval de rua em Salvador.

As ruas do centro da cidade eram tomadas, até 1950, por um desfile sem música de automóveis abertos com as famílias dos negociantes abastados jogando confetes, serpentinas e lança-perfume. Atrás deles, desfilavam os grandes clubes, blocos e mascarados, como "Os Fantoches de Euterpe", "Cruz Vermelha" e "Os Inocentes em Progresso". No passeio das avenidas do centro da cidade, as famílias disputavam o espaço para ver os desfile. A maioria da população, discriminada, contentava-se com os afoxés e batucadas na área da Baixa do Sapateiro e rendondezas. O Trio Elétrico trouxe o povo para o eixo central da festa.


Esse Tal "Trio Elétrico"

A partir do ano seguinte, com uma caminhonete e com a participação do parceiro de nome Temístoles Aragão tocando o terceiro Pau Elétrico, o Trio Elétrico Dodô & Osmar continuou a executar seus frevos, chorinhos e até músicas clássicas em ritmo "carnavaletrificado".

Outros trios começam a surgir na cidade como o "Tapajós", "Ypiranga", "Marajós" e "Saborosa", na esteira do seu sucesso popular. Devido a impedimentos relacionados às atividades profissionais dos dois mentores do trio elétrico, eles ficaram sem desfilar no Carnaval entre os anos de 66 a 73. Coube ao criador do Trio Elétrico Tapajós, Orlando Campos, um relevante papel na difusão e da construção de novos trios elétricos. Dodô continuou a construir "Paus Elétricos", pois era o único na cidade que dominava a técnica para construí-los.

A Volta no Jubileu de Prata

Depois de estar estabelecido como dono de uma empresa de metalurgia, Osmar Macedo reuniu seu parceiro Dodô que sobrevivia como técnico em eletrônica. O Trio Elétrico Dodô & Osmar voltou a sair no Carnaval de Salvador e em diversas Micaretas (Carnavais realizadas depois da Quaresma) no interior do estado da Bahia. No ano em que o Trio Elétrico iria comemorar 25 anos de existência e eles conseguiram, em fins de 1974, um contrato com a gravadora Continental para realizar o primeiro registro fonográfico do som do Trio Elétrico.

O álbum "Jubileu de Prata" foi lançado em janeiro de 1975, antes do Carnaval, e teve boa repercussão no Nordeste. O trabalho trazia além dos temas instrumentais, dois frevos elétricos com a participação do cantor Moraes Moreira que se tornou o primeiro vocalista de Trio Elétrico do mundo, pois até então predominava o som instrumental. Moraes Moreira tinha acabado de sair dos "Novos Baianos".

Nas faixas instrumentais do "Jubileu de Prata", despontava o talento de um dos filhos de Osmar, o jovem Armandinho Macêdo, que mediu forças com o pai "Desafilho", num potpourri de clássicos e populares que incluia trechos de: "Asa Branca" (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga), "Dança das Horas" (Ponchielli), "Luar do Sertão" (Catullo da Paixão Cearense), "Fazer-Fazer" (Bronquinha), "Urubu Malandro" (Louro-João de Barro), "Moto Perpétuo" (Paganini) e "Rapsódia Húngara" (Liszt). A direção artística ficou a cargo de Moraes Moreira. Outro destaque era a instrumental "Double Morse" que imitava a batida de um telégrafo e tem base num ritmo espanhol, uma homenagem à colônia espanhola de Salvador.

A partir daí, a formação da banda trazia parte do clã da família Macêdo e em torno desta se estabeleceu até a atualidade. Os Filhos, Aroldo (guitarra baiana) e André (percussão e vocais) e o sobrinho Betinho (baixo) se uniam a Ary Dias (percussão) e diversos bateristas e percussionistas participaram da banda do Trio Elétrico Dodô & Osmar.

Osmar ao lado da Fobica
Em 1976 lançaram o novo trabalho, "Dodô & Osmar - Armandinho" com faixas a instrumentais e outras com os vocais de Moraes Moreira. Destaque o frevo elétrico rasgado de Moraes Moreira, "Viva Nelson Ferreira", numa homenagem ao compositor pernambucano que fez diversos frevos de sucesso na década de 50 que integravam o repertório do Trio Elétrico Dodô & Osmar. Gilberto Gil fez uma composição especialmente para Dodô & Osmar chamada "Satisfação", que fazia referência no refrão de "Satisfaction" dos Rolling Stones e já demonstrava a sede de antropofagia musical de Armandinho ao querer expandir a sonoridade do Trio Elétrico Dodô & Osmar.

Em 1977 lançaram o terceiro álbum, "Bahia... Bahia... Bahia", numa homenagem ao clube de futebol mais popular do estado: O Esporte Clube Bahia. Com o uma versão do hino do clube composta por Adroaldo Ribeiro Costa eles ganham bastante projeção radiofônica, principalmente, nas rádios AMs em dias de jogos do time. Outro destaque do LP é o frevo de autoria de Osmar Baiana Brejeira e o frevo de Moraes Moreira "Santos Dumont, Dodô e Osmar" que compara a grandiosidade da invenção do primeiro à da invenção da dupla. O poeta dos Novos Baianos, Galvão, ainda fez parceria em ritmo carnavalesco em "Estripulia Elétrica". Os frevistas Nelson Ferreira, Levino Ferreira, Matias da Rocha e Joana Batista Ramos ainda são homenageados no pout-pourrit composto por Gostosão e Vassourinha.

O compositor Moraes Moreira ainda seria responsável pelo primeiro grande sucesso do Trio Elétrico Dodô & Osmar em nível nacional. O antigo frevo "Double Morse" presente no repertório das apresentações do trio desde anos 50 recebeu letra de estilo refinado e de tom romântico e virou um marco na carreira de Dodô & Osmar, dando nome ao seu quarto LP. Dando letras a antigos novos frevos elétricos, Moraes Moreira abria uma nova possibilidade estética ao Trio Elétrico lhe dando um aspecto de canção e aumentando sua inserção no contexto da Música Popular Brasileira.

Seguindo a tendência levada adiante, principalmente, pelos irmãos Armandinho e Osmar, eles gravam uma versão trioletrizada para o clássicos dos Beatles, "Eleanor Ribgy". Os dois pais do trio elétrico, Dodô e Osmar, então já senhores de meia-idade participam ativamente do processo criativo e das apresentações, mas já cedem espaço para seus seguidores. Ilustração dessa tendência é a participação cada vez maior de Aroldo como compositor que neste álbum traz o frevo "Segura a Onda" de estrutura melódica complexa com inserção de ritmo de marcha carnavalesca e já mais suingada.

O álbum "Pombo Correio" é considerado o melhor da carreira da banda e traz ainda o choro instrumental em arranjo trioletrizado "Frevo da Lira", composição do mestre Waldir Azevedo e Luiz Lira. Os temas das letras de Moraes Moreira se relacionavam com a ambiência romântica que envolve o Carnaval como manifestação popular, lembrando a ambiência de antigas canções carnavalescas como "Colombina" e "Jardineira".

A Morte do Parceiro Dodô

Em 15 de junho de 1978, aos 57 anos, Adolfo Antonio Nascimento, popularmente conhecido como Dodô, morreu e deixou só o seu parceiro Osmar que desde 1938 faziam música juntos. Dodô se despediu da avenida e viajou para além de horizontes, deixando saudades nos 11 filhos e nos foliões que tanto o admiravam.

Artesão por excelência, ele fabricou a maioria das guitarras baianas existentes na Bahia até o final dos anos 70. Sua habilidade como luthier era de intensa criatividade. Quando Osmar teve necessidade de tocar vilão tenor e guitarra baiana, ele confeccionou um instrumento de dois braços. A pedido de Armandinho, ele, também, construiu uma guitarra-cavaquinho a qual foi dada o nome de "Dodô e Osmar" por ser o instrumento da dupla.

Apesar da morte de um dos fundadores do trio elétrico, o resto da banda sabia que o show tinha que continuar e não param muito tempo para pensar. A linha artística do Trio Elétrico Dodô & Osmar tem continuidade no LP seguinte chamado "Ligação" que ostentava uma preocupação de introduzir novas parceiras com compositores como os poetas Chacal e Fausto Nilo. Músicas instrumentais, "O Menino do Trio" (Armandinho), "De Irmão Para Irmão" (Armandinho e Betinho) e "Frevo Dobrado Número 4" (Aroldo), uma invenção do autor que mistura frevo com marcha-rancho. Novamente, Gilberto Gil engrandeceu o trabalho de Dodô & Osmar com "Atrás do Trio".

A primeira incursão internacional do Trio Elétrico Dodô & Osmar aconteceu de forma indireta com a participação, em julho de 1978, de Aroldo, André e Armandinho na apresentação da banda A Cor do Som, na noite brasileira do Festival de Jazz de Montreux na Suíça. Lá encantam o público gringo e brasileiros presentes com a música dos Beatles, "Eleanor Rigby", em ritmo de frevo trioletrizado.

Armandinho, Dodô & Osmar
Surge a Marca "Armandinho, Dodo & Osmar"

Em 1980, eles resolveram entrar na nova década lançando um novo álbum "Viva Dodô & Osmar" e se intitulando, a partir daí como Armandinho, Dodô e Osmar. A mudança do nome da banda ocorreu em decorrência da projeção que o guitarrista já tinha alcançado em nível nacional devido ao trio elétrico e ao grupo A Cor do Som que ele, também, participou entre 1977 e 1982. Eles conseguiram incorporar, em definito, em 1979, no álbum "Viva Dodô e Osmar" a sonoridade afro de Salvador para o repertório da banda, antes bastante calcado no compasso binário do frevo.

Neste LP, ressalta-se a composição de Caetano Veloso, "Beleza Pura". Trazia uma ambiência afro com forte acento percussivo e, pela primeira vez, vocais de Armandinho. A letra exaltava a beleza da beleza negra e blocos afros como o Badauê e Ilê Ayê. Outro ponto forte do LP é a faixa "Bloco do Prazer", uma composição de Moraes Moreira e Fausto Nilo. A guitarra havaiana é tocada com maestria por Osmar na sua composição "Manifesta". O clássico carnavalesco "Colombina" é regravado em ritmo de marchinha em arranjo trioletrizado.

Homenageando o músico Waldir Azevedo no álbum seguinte, "Vassourinha Elétrica" que marca a entrada da banda na gravadora Warner. O compositor que foi muito importante na formação musical de Dodô e Osmar faleceu em 1978 e não pode completar a obra que estava preparando especialmente para o Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar. Osmar lhe dedica como reverência um pout-pourrit com seus chorinhos "Delicado", "Arrasta-Pé", "Camundongo" e "Brasileiro". Outro que mereceu versões instrumentais trioletrizadas de suas composições foi Caetano Veloso em "Atrás do Trio Elétrico", "Sem Grilos", "Chuva, Suor e Cerveja" e "A filha da Chiquita Bacana". Ainda neste LP, Armandinho voltou a cantar em outra parceria com Fausto Nilo na frevo-afoxé "Zanzibar" (As Cores) que assim como "Beleza Pura" fazia parte do repertório da A Cor do Som só que em arranjos mais pop e menos "carnavalizadas".

Em 1981, o homenageado foi John Lennon que faleceu em dezembro do ano anterior e mostrou mais uma vez a intenção da banda em ter suas bases fincadas na raiz nordestina e brasileira, não esquecendo suas influências cosmopolitas. Osmar definiu o som do trio elétrico como "Música Pra Pular Brasileira" que incorpora da sinfonia de Beethoven, um choro de Pixinguinha e um passo double espanhol. O LP traz uma abertura para mais ritmos, até para o mambo caribenho. O compositor e cantor Moraes Moreira fez homenagem a Dodô na marcha-frevo "Dodô no Céu, Osmar na Terra" que vira hit no carnaval no Nordeste de 1982.

Na sequência, eles lançaram o álbum "Folia Elétrica" pela gravadora Som Livre que incorporou a intenção da banda de não ter a execução radiofônica restrita ao período carnavalesco. O próprio Armadinho saiu do grupo A Cor do Som para se dedicar integralmente ao Trio Elétrico. O disco foi recheado de frevo-rock, frevo-afoxé, frevo-trioletrizado e até o caribenho ritmo do merengue. Neste disco, eles regravaram a "Satisfação" de Gilberto Gil.

A abertura para o som dos afoxés se faz em "Alô Filhos de Gandhi", composição de Armandinho e do irmão André que se inicia no trabalho de composição. O destaque ficou por conta da satírica letra de Moraes Moreira em "Cadê o Trio?" que deu uma explicação dos motivos que levaram o Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar a desfilar no Carnaval de Itabuna em 1981 e 1982 por conta da falta de apoio para desfilar em Salvador. O LP contou ainda com participação do músico Sivuca que participou da faixa instrumental "Jazzquifrevo".

O Trio Elétrico Armadinho, Dodô & Osmar lançam, em 1986, o álbum "Chame Gente" e conseguem um sucesso a nível nacional com a faixa-título, um frevo de Caetano Veloso cantado por Armandinho. A letra faz uma verdadeira apologia à alegria característica da musicalidade e do espírito de Salvador, capital do maior carnaval de rua do mundo. No ano seguinte, Armandinho se afasta do seu trabalho de direção musical do Trio Elétrico para se dedicar à carreira-solo. O álbum "Aí Eu Liguei o Rádio!" trouxe novas parcerias como na faixa-título que é de autoria do baiano Walter Queiroz.

Em decorrência do avanço da chamada Axé Music por todo território nacional – com o estouro de novos artistas baianos, como Luiz Caldas e Sarajane -, em Recife e Olinda começou um processo de resistência à música baiana. Tentou-se até por força de lei, limitar a participação de artistas baianos no carnaval local. Para fazer um tributo à terra que deu a matéria-prima musical para a "Dupla Elétrica" moldar sua sonoridade do Trio Elétrico Dodô & Osmar, o vocalista e novo diretor artístico da banda, André Macêdo, cantou o frevo "A Vida é Um Pernambuco". E Chegam os anos 90...

Busto de Dodô e Osmar

A Década de 90

O Trio Elétrico ainda teve fôlego para lançar outros álbuns até o início da década de 90 incorporando até o samba-reggae no seu repertório. Decidiram continuar os shows, mas pararam com os lançamentos periódicos anuais de CDs. Em 1996, vários nomes da Música Popular Brasileira participam da homenagem a Osmar Macêdo no CD "Filhos da Alegria". Suas composições ganharam novas roupagens com a interpretações de Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Alceu Valença, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Bel Marques, Durval Lélys e Moraes Moreira. A direção artística ficou a cargo de seu filho, Aroldo Macêdo, e a banda de apoio foi formada por uma seleção dos próprios músicos do trio elétrico e da banda Asa de Águia.

O repertório tem "Pombo Correio" aparece na voz de Daniela Mercury. Margareth Menezes regravou "Natal, Como Te Amo" e Gilberto Gil cantou "Taiane". A paraibana Elba Ramalho interpretou "Manifesto" e Luiz Caldas atacou de "Dodô no Céu, Osmar na Terra". Durval Lélys cantou o hino "Jubileu de Prata" e Ricardo Chaves, "Portando Sonhos". Carlinhos Brown interpretou "Diabolô" e Bell Marques ficou com "Baiana Brejeira". O pernambucano Alceu Valença cantou "Frevo Doido" e Moraes Moreira, "Nosso Grande Noé". O filho André Macedo gravou "Frevo do Trio". A música "Nosso Grande Noé" é uma composição inédita de Moraes Moreira em cuja letra é retratada a carreira artística e como engenheiro de Osmar Macêdo.

Osmar Macêdo adoeceu e veio a falecer no dia 30/06/1997, aos 74 anos, em Salvador, deixando toda a Bahia de luto. Seu corpo desfilou pelas ruas do centro da cidade em cima de um carro do Corpo de Bombeiros acompanhado por uma multidão. O Trio Elétrico Tripodão acompanhou o cortejo tocando no som mecânico vários sucessos de Dodô & Osmar sob os aplausos da multidão que chegou até a dançar respeitosamente.

Antes do enterro no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas, uma parada emocionante do cortejo na Praça Castro Alves onde Osmar comandou por diversos anos o encontro de trios elétricos que fechava o carnaval de Salvador, e onde está um busto dos dois pais do trio elétrico e da guitarra baiana. O trio elétrico seguiu comandado pelos filhos e neto do velho Osmar: o pai da música elétrica baiana.

Fonte: Música Nordestina

Zózimo Barrozo do Amaral

ZÓZIMO BARROZO DO AMARAL
(56 anos)
Jornalista

* Rio de Janeiro, RJ (28/05/1941)
+ Miami, Estados Unidos (18/11/1997)

Zózimo Barrozo do Amaral foi um dos mais prestigiados jornalistas do Brasil, na segunda metade do século XX. 

Filho de banqueiro, largou no meio o curso de direito, morou dois anos em Paris como estudante e freqüentou a sociedade carioca muito antes que ela, cada vez mais povoada por endinheirados que nasceram pobres, aprendesse a fazer qualquer coisa para freqüentar sua coluna. 

Ingressou no jornalismo em 1959, no jornal O Globo. Ali colaborou na coluna de Carlos Swann, até fevereiro de 1964 quando transferiu-se para o diário Jornal do Brasil, então um dos maiores do país. 

Foto: Veja Rio (http://vejario.abril.com.br)
Apesar de praticamente desconhecido, foi anunciado como uma grande aquisição pelo jornal, e aos poucos passou a imprimir à sua coluna o estilo bem-humorado e diversificado: não limitava-se a falar apenas da alta sociedade, mas também dos bastidores da política - o que lhe valeu a prisão em mais de uma ocasião, durante a Ditadura Militar de 1964 ao registrar que o general Aurélio de Lyra Tavares, ministro do Exército, levara um empurrão numa cerimônia em quartel, e armar uma trincheira solitária no Jornal do Brasil contra a candidatura Paulo Maluf, quando ele parecia fadado a ganhar a Presidência da República no tapetão de 1984.

Em sua coluna também comentava notícias sobre economia e, como editor, foi responsável pelo chamado "Caderno B" e também editorava o "Informe JB". 

Em 1993 voltou para O Globo, assinando sua própria coluna. Ali permaneceu até o ano de sua morte. Zózimo nasceu rico. Com a morte do pai, na década de 80, recebeu mais de 2 milhões de dólares. Com o dinheiro da herança, teve apartamento em Paris. Depois de trinta anos de sucesso, tinha menos que ao começar.

Aos 56 anos, seus luxos eram um apartamento em Miami e um automóvel Mercedes-Benz, ambos pendurados em prestações a perder de vista. Pródigo com dinheiro, Zózimo dissipou uma saúde que, bem depois de atravessar a barreira dos 40 anos, lhe permitia comparecer a vários jantares e festas numa noite e, depois de jogar tênis de manhã, chegar ao jornal com o ar de quem estava saindo de um spa. Foi o inventor da "esticada", que eventualmente emendava um jantar regado a champanhe francês com chope de bar diante do sol nascente.

Estátua Tamanho Natural (Leblon)
Ao mesmo tempo, foi o pioneiro das notícias de esporte nas colunas sociais. Cobriu, com garra de tenista e torcedor de futebol, Copas do Mundo e os Torneios de Roland-Garros. Do alto desse fôlego, em 1988 resumiu numa entrevista sua fórmula de colunismo: "É basicamente trabalho. A coluna sai pior ou sai melhor dependendo do tempo que se dedica a ela".

Esse tempo passou a faltar a ele e à coluna no começo da década de 90, quando iniciou uma briga difícil com o alcoolismo e a depressão. Da bebida, depois de uma série de internações, parecia livre havia três meses, quando uma dor de cabeça denunciou que tinha o organismo tomado pela Metástase. Acabara de largar o cigarro, depois de fumar desde a adolescência mais de quatro maços por dia, mesmo quando fazia em sua coluna campanhas contra o fumo. Essa era a marca registrada de Zózimo. Tratava todo mundo muito bem, mas se tratava muito mal.

Zózimo morreu numa terça-feira, dia 18/11/1997, vítima de um Câncer Pulmonar, no Hospital Mount Sinai, em Miami, Estados Unidos, onde tinha ido tratar-se. Estava inconsciente havia um mês e, antes que o seqüestrasse a violência terminal do câncer diagnosticado em setembro, reservou com exclusividade à mulher, Dorita Moraes Barros, as palavras em que condensou a derradeira amostra de sua incurável elegância: "Não sofra. Está ruim viver. Não me segure aqui. Boa viagem". Lacônica como uma nota, ele foi o jornalista que escrevia melhor em duas linhas. 

Excertos

Seu estilo inconfundível e muitas vezes sem dizer explicitamente aquilo que efetivamente noticiava, e que lhe renderam processos, e nenhuma condenação, denotavam sua capacidade de crítica e percepção, como nesta nota, lembrada pela jornalista Belisa Ribeiro, em que noticiou o fato da atriz Sônia Braga ter ficado de cócoras durante um discurso presidencial:

"No cinema: É um pássaro? É um avião? Não, é o Super-Homem. No Planalto: É uma penosa? É uma enceradeira? Não, é a Sônia Braga."

Numa de suas crônicas, o alvo foi a Lagoa Rodrigo de Freitas, para ele errada a começar pelo nome "que ninguém tem a menor idéia de quem seja"

"No fundo - ou no raso, já que a Lagoa dá hoje a impressão de ter no máximo, mesmo no meio, uns 20cm de profundidade (a gente olha e vê a centenas de metros de distância garças com água pela canela. Ou a Lagoa tem uma profundidade pífia ou são aquelas as garças mais pernaltas do mundo) - Deus talvez tenha posto ali os demônios para se vingar dos atentados cometidos contra aquela sua criação."

Homenagens

  • Uma estátua em tamanho natural do jornalista, feita pelo artista plástico Roberto Sá, foi inaugurada no Leblon, no dia 25 de novembro de 2001.
  • Também no Rio de Janeiro há um centro comunitário com seu nome.

Fonte: Wikipédia e Veja (Marcos Sá Corrêa)