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Salvador Arena

SALVATORE ARENA
(83 anos)
Empresário e Benemérito

☼ Trípoli, Líbia (12/01/1915)
┼ São Bernardo do Campo, SP (28/01/1998)

Nascido em 12 de janeiro de 1915, em Trípoli, na Líbia, então colônia italiana, filho de Nicola Arena e Giuditta Patessio ArenaSalvador Arena chegou ao Brasil em 1920 com 5 anos. Salvador Arena e seus pais instalaram-se na Vila Prudente, bairro da zona leste de São Paulo predominantemente ocupado por imigrantes italianos. Passou a maior parte da infância na oficina do pai. Moravam em uma espécie de chácara, onde manipulava peças e máquinas, acompanhando o Srº Nicola, seu pai, que processava sucata de metais em uma oficina mecânica de sua propriedade.

Giuditta, Salvatore Arena e Nicola
Iniciação Profissional

Iniciou suas atividades profissionais aos oito anos. Fabricava velas para vender nas procissões, defendendo sua mesada e contribuindo com o rendimento familiar. A família não chegou a passar necessidade, mas tinha uma vida modesta.

Espírito Empreendedor

Em 1936, aos 21 anos, formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Em 1937, iniciou suas atividades profissionais na Light, seu primeiro emprego formal, onde trabalhou na implantação do sistema hidrelétrico de Cubatão, um modelo planejado por Billings. Naquele tempo, as máquinas eram todas importadas. Quando quebrava uma peça, não havia outro jeito senão fabricar outra. Por um longo período, Salvador Arena atuou como aquele que desenhava as peças, projetava seus detalhes e mandava fundi-las. O resultado, muitas vezes, era melhor que o original.

A Termomecanica

Em 1942, com um capital de U$ 200,00, fundou a Termomecanica São Paulo S.A. Naquela época, a empresa era voltada para a produção de fornos e equipamentos para padaria. Mais tarde, começou a fabricar fornos de revenimento, ventiladores, trefilas, fornos de fundição, prensas, etc. Já em meados da década de 50, iniciou a construção da nova fábrica, no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, com produção diversificada de metais não-ferrosos.


Gestão Inovadora

Empreendedor arrojado, criou um modelo de gestão próprio, inovador e avançado para a década de 60, que prezava, acima de tudo, seu "valioso capital humano". Conhecia os funcionários pelo nome e sobrenome, bem como seus familiares, para os quais estendeu benefícios como: cestas básicas com até 60 quilos de alimentos, atendimento médico e odontológico.

A política salarial diferenciada, uma marca da Termomecanica, foi sua criação. Tudo começou em 1948, após um grande esforço bem-sucedido de produção para atender um grande cliente, Salvador Arena concedeu, espontaneamente, o primeiro prêmio por produtividade. Não havia legislação a respeito de participação nos lucros e remuneração por produtividade, porém a prática incorporou-se à rotina da fábrica e, sempre que havia um trabalho especial, havia um prêmio.

Mesmo antes de ser criado o 13º salário, Salvador Arena pagava um adicional no fim do ano. Com o tempo, dependendo do desempenho anual calculado por ele mesmo, Salvador Arena distribuía a participação nos lucros, que chegava a 14, 15 e às vezes 17, 18 salários no ano. Em um determinado ano, foram pagos excepcionalmente 25 salários.

Concretizou a ideia de proteger os funcionários das altas taxas de juros do mercado e criou uma cooperativa de crédito, com juros subsidiados, como alternativa de financiamento pessoal.

Sabendo que muitos funcionários saiam na hora do almoço para beber um pouco no boteco próximo, mandou instalar garrafões de pinga no refeitório da empresa. Resultado: o índice de alcoolismo diminuiu, e a produção aumentou, contrariando as previsões de muitos de seus colegas empresários.

Antes de falecer, em 1998, Salvador Arena havia colocado a Termomecanica em posição de destaque no setor industrial brasileiro, tendo sido classificada entre as maiores indústrias privadas do país, líder no setor de transformação de metais não-ferrosos em produtos semi-elaborados / produtos acabados e altamente capitalizada, com um patrimônio líquido avaliado em mais de 400 milhões de dólares.

Hoje, a empresa conta com duas unidades nos bairros Rudge Ramos e Jardim do Mar, ocupando 127 mil metros quadrados de área construída e mantendo mais de 2.000 postos de trabalho no município.

Empresário de Sucesso

O empreendedorismo de Salvador Arena conferiu-lhe vários prêmios e reconhecimentos de importância nacional:
  • 1978 - Revista Exame: Empresa do Ano
  • 1980 - Revista Exame: Empresa do Ano
  • 1983 - Melhor Desempenho Global dos Últimos 10 Anos - Melhor dos Melhores
  • 1988 - Melhor Liquidez no Setor Metalúrgico
  • 1992 - Revista Conjuntura Econômica da Fundação Getúlio Vargas: Prêmio FGV de Excelência Empresarial
  • 1993 - Revista Conjuntura Econômica da Fundação Getúlio Vargas: Prêmio FGV de Excelência Empresarial
  • 1994 - Revista Conjuntura Econômica da Fundação Getúlio Vargas: Prêmio FGV de Excelência Empresarial
  • 1996 - Melhor dos Melhores no Setor de Siderurgia e Metalurgia

O Empreendedor Social

O maior sonho de Salvador Arena sempre foi criar uma escola modelo. A vontade era tanta, que, no início da década de 60, chegou a montar um colégio dentro da fábrica. Comprou 150 cadeiras e mesas, que foram colocadas num pavilhão pertencente à fábrica. Contratou professores de português, matemática e ciências. Os funcionários encerravam o expediente às cinco da tarde e iam para as aulas. Alguns anos depois, essa escola sairia dos muros da sua fábrica e passaria a atender a comunidade de São Bernardo do Campo e das cidades vizinhas no Colégio Termomecanica.

O sucesso da sua empresa e a prosperidade nos negócios não eram os únicos focos da existência de Salvador Arena. Dono de uma personalidade crítica, encontrava disposição para empreender ações humanitárias, fazendo contribuições generosas para entidades beneficentes, filantrópicas e investindo em projetos sociais por ele idealizados.

A Fundação Salvador Arena

Salvador Arena previu que o tempo seria curto para tantos planos. Pensando nisso, criou a Fundação Salvador Arena, formalmente constituída em 1964, para funcionar como uma espécie de braço social e concentrar esforços para ajudar os carentes.

No testamento, lavrado em 1991, instituiu a Fundação Salvador Arena como herdeira universal e única de todo o seu patrimônio.

Deixou prescrições expressas nos estatutos de que a Fundação Salvador Arena devia "cooperar e envidar os esforços possíveis para a solução dos problemas de educação e assistência e proteção aos necessitados, sem distinção de nacionalidade, raça, sexo, cor, religião ou opiniões políticas em caráter geral...".

Dessa forma, Salvador Arena passou a promover institucionalmente as ações sociais beneméritas, as quais já praticava de forma pessoal. Nesse sentido, suas principais realizações e legados compreendem as seguintes áreas: Educação, Saúde, Promoção Social e Habitação Popular.

Salvador Arena e Educação

Como dizia Arena, "A Área de Educação é prioritária, onde tudo começa".

Prosseguiu, então, na realização de seu grande sonho: a construção de uma escola-modelo. Assim, em 1989, adquiriu uma gleba com área de mais de cinco alqueires no Bairro Alvarenga, em São Bernardo do Campo, e construiu o Colégio Termomecanica para atender, gratuitamente, crianças e adolescentes da comunidade, com qualidade e excelência de ensino.

Hoje, esse sonho amadureceu, cresceu e multiplicou-se. Além do Colégio Termomecanica, existem mais duas unidades de ensino, formando um verdadeiro Campus Educacional, que atende, gratuitamente, cerca de 1650 alunos, com investimentos da ordem de R$ 25 milhões anuais, com 100% de recursos próprios. 68% dos alunos são moradores de São Bernardo do Campo, e 75% são procedentes de famílias de baixa renda ou sem renda.

O Colégio Termomecanica, em atividade desde 1990, oferece mais de 1.100 vagas em seus cursos de altíssimo nível, que vão do Ensino Básico ao Ensino Médio, inteiramente gratuitos à população. Em outra unidade de ensino, a Fundação Salvador Arena mantém mais 180 vagas para crianças carentes do Sítio Bom Jesus, Parque Hawai e adjacências, em sua Escola de Educação Infantil Salvador Arena, em cursos que vão do Maternal ao Pré-Primário.

Em 2006, a Fundação Salvador Arena mantinha 550 vagas para a comunidade em cursos de nível superior gratuitos, na Faculdade de Tecnologia Termomecanica (FTT), nas faculdades de Tecnologia em Mecatrônica Industrial, Tecnologia em Industrialização de Alimentos, Tecnologia em Gestão de Processos Produtivos e Tecnologia em Sistemas de Informação.

Salvador Arena e Saúde

Salvador Arena também é uma importante referência na área da saúde no município. Criou o Centro de Diagnose, que funcionou de 1995 a janeiro de 2007, na Av. Caminho do Mar, onde foram realizados mais de 14 mil exames diagnósticos gratuitos todos os anos. Atualmente, a Fundação Salvador Arena realiza atendimento na área da saúde por meio de parcerias com hospitais filantrópicos e beneficentes, localizados na região do ABC e em São Paulo.

Salvador Arena e Promoção Social

Salvador Arena sempre esteve envolvido com as comunidades carentes, fazendo doações importantes para entidades sociais, visando à instalação de salas de aula para creches, melhorias nas dependências de asilos e abrigos infantis e fornecendo alimentação saudável para famílias em situação de pobreza.

Na década de 80, uma vez a cada dois meses, aos sábados, eram distribuídas 2000 cestas básicas com sessenta quilos de alimentos a desempregados. Cada funcionário da Termomecanica era estimulado a participar, indicando um candidato para receber a cesta. Era a versão atualizada do Programa "Adote um Desempregado", instituída por Salvador Arena em 1983, que o notabilizou no país inteiro.

Em São Bernardo do Campo, mais de uma centena de entidades sociais recebem ou já receberam doações da Fundação Salvador Arena criada por Salvador Arena e, anualmente, mais de 60 mil pessoas são atendidas diretamente por meio de seus programas.

Salvador Arena e Habitação Popular

Salvador Arena enchia-se de entusiasmo por idéias inovadoras que contribuíssem para o barateamento dos custos de construção de casas populares e que permitissem o acesso da população carente a uma condição digna de vida. Sonhava com a possibilidade de resolver o problema de falta de moradia no Brasil e estudava alternativas para isso.

Teve a ideia de utilizar o barro prensado para construir casas populares. Projetou as máquinas e as prensas. As partes formavam um Kit de uma casa simples, mas completa. Poderia ser montada com facilidade em qualquer lugar do país, a custos muito baixos, acessíveis às famílias mais pobres. Infelizmente faleceu antes de ver concluído um de seus projetos pessoais.

Por outro lado, os Conselheiros e Gestores escolhidos em vida por Salvador Arena, por meio da Fundação Salvador Arena, deram continuidade ao seu sonho e, em 2002, firmaram um convênio com a Prefeitura de São Bernardo do Campo, com a finalidade de realizar um projeto piloto para construir 170 casas populares e urbanizar a Favela Itatiba, localizada ao lado do Cemitério Jardim das Colinas, no Bairro dos Vianas. Essa parceria inédita mantém viva a intenção de Salvador Arena de empreender esforços para auxiliar famílias pobres a conquistar condições dignas de moradia e de vida, beneficiando 800 pessoas diretamente.

Saudades

Em 28 de janeiro de 1998, Salvador Arena faleceu devido a um ataque cardíaco, após um dia de trabalho em sua Fábrica. Seu legado permanece até hoje na Fundação Salvador Arena e na Termomecanica São Paulo S.A.

Salvador Arena morreu na plenitude de seus 83 anos junto aos que mais amava: Seu colégio, seu funcionários, suas máquinas, sua fábrica, sua comunidade.

Homem de convicções pessoais embasadas em teorias sociais, enérgico, austero, paternalista, visionário, obstinado, polêmico, sua mola propulsora era acreditar nas pessoas e em suas potencialidades, na dedicação e no amor ao trabalho. Sempre lhe sobrou ousadia, talento e suor para pôr em prática suas idéias ao longo de sua existência. E é assim que será sempre lembrado por todos aqueles que tiveram o privilégio de partilhar de seu convívio.

Quando um velho amigo o convidou para fazerem juntos uma viagem ao exterior, Salvador Arena foi categórico com seu jeito italiano, gesticulando e apontando para as fábricas:
"Eu sou feliz aqui, por que eu vou sair? Meu mundo é isto aqui!"

Títulos e Prêmios

1936 - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
Diploma de Graduação em Engenharia Civil
São Paulo, SP - 18 de dezembro de 1936

1960 - Society Of Automotive Engineers Inc.
Diploma de Membro Emérito
New York, USA - 13 de junho de 1960

1960 - American Society For Testing Materials
Diploma de Membro Emérito
New York, USA - Janeiro de 1960

1962 - Sociedade Amigos do Estudante do Estado de São Paulo
Casa do Estudante Harmonia
Título de Sócio Benemérito
São Bernardo do Campo, SP - 23 de outubro de 1962

1963 - Casa do Estudante Harmonia
Diploma de Honra ao Mérito
São Bernardo do Campo, SP - 22 de setembro de 1963

1964 - Associação Comercial e Industrial do ABC
Diploma para Termomecanica de Sócio-Contribuinte
São Bernardo do Campo, SP - 02 de dezembro de 1964

1971 - Câmara Municipal de São Bernardo do Campo
Título de Cidadão Sambernardense
São Bernardo do Campo, SP - 27 de maio de 1971

1971 - Ministério da Aeronáutica
Medalha Mérito Santos Dumont
Brasília, DF - 02 de julho de 1971

1972 - Câmara Municipal de Diadema
Título de Cidadão Diademense
Diadema, SP - 18 de dezembro de 1972

1974 - Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo
Medalha do Mérito Cívico, por serviços de alta relevância prestados para a comunidade.
São Bernardo do Campo, SP - Julho de 1974

1975 - Associação dos Engenheiros e Arquitetos do ABC
Título de Engenheiro Emérito do ABC
São Bernardo do Campo, SP - 10 de dezembro de 1975

1977 - Ministério da Aeronáutica
Ordem do Mérito Aeronáutico
Diploma de Admissão no Corpo de Graduados Especiais no Grau de Oficial.
Brasília, DF - 06 de setembro de 1977

1984 - Ministério da Aeronáutica
Ordem do Mérito Aeronáutico
Diploma de Promoção Para o Grau de Comendador.
Brasília, DF - 20 de setembro de 1984

1988 - Exército Brasileiro
Diploma de Empresário Colaborador do Exército Brasileiro
Rio de Janeiro, RJ - 19 de julho de 1988

1988 - Sociedade Amigos do Estudante do Estado de São Paulo
Casa do Estudante Harmonia
Diploma de Gratidão ao Incentivo Para a Educação
São Bernardo do Campo, SP - 23 de outubro de 1988

1989 - Sereníssima Grande Loja do Estado de São Paulo
Medalha de Mérito Maçônico da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo
São Paulo, SP - 01 de fevereiro de 1989

1994 - Ministério do Exército
Título Amigo do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército Brasileiro
Guaratiba, RJ - 06 de agosto de 1994

1997 - Ministério da Aeronáutica
Diploma de Membro Honorário da Força Aérea Brasileira
São Paulo, SP - 22 de maio de 1997

1997 - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo
Prêmio Master da Engenharia do ABC
São Bernardo do Campo, SP - 14 de outubro de 1997

1998 - Fundação Antônio Prudente
Diploma de Honra ao Mérito
São Paulo, SP - 13 de abril de 1998

Cláudio Villas-Bôas

Cláudio Villas-Bôas
(81 anos)
Humanista e Sertanista

* Botucatu, SP (08/12/1916)
+ São Paulo, SP (01/03/1998)

Cláudio Villas-Bôas nasceu em Botucatu, e, juntamente com os irmãos Orlando Villas-Bôas e Leonardo Villas-Bôas, criou o Parque Nacional do Xingu e a própria FUNAI. Os irmãos Villas-Bôas ficaram internacionalmente conhecidos depois de realizarem a chamada "Marcha Para o Oeste", quando contataram 21 aldeias indígenas em locais de difícil acesso, entre 1966 e 1968. A maioria dessas tribos ainda não tinha tido nenhum contato com o mundo civilizado.

Os últimos anos do sertanista Cláudio Villas-Bôas no Xingu foram marcados por longas conversas com líderes indígenas que habitam o norte do parque, sobre as ameaças que eles sofriam com a abertura de fazendas e estradas em torno da área demarcada. Nesses encontros o sertanista, angustiado, não cansava de aconselhar os índios a se unirem. "O inimigo de vocês não é outro grupo indígena, mas o homem branco", repetia Cláudio Villas-Bôas.

A preocupação do sertanista com a situação dos índios do Xingu aumentou quando o parque, criado em l958, foi cortado ao norte pela rodovia que iria ligar Brasília a Manaus, a BR-080. Traçada no papel, a estrada nunca foi concluída, mas deixou o Parque Nacional do Xingu vulnerável. Os índios xinguanos, até o início da década de 70, tinham poucos contatos com o mundo externo.


Os militares que dirigiram a FUNAI na década de 70 defendiam que o Parque Nacional do Xingu não podia continuar "como um zoológico onde os índios eram mantidos longe dos brancos para o deleite de fotógrafos e antropólogos". Cláudio Villas-Bôas e seu irmão Orlando Villas-Bôas, lutavam para que os índios xinguanos, mesmo encantados com as novidades que chegavam da cidade, não sucumbissem aos valores do chamado mundo civilizado.

A inauguração do primeiro trecho da BR-080, já dentro do parque, foi acompanhada pelo cacique Raoni e outros guerreiros da tribo, que pintados de preto não escondiam sua irritação. Na tentativa de melhorar o clima de constrangimento, o então presidente da FUNAI, general Bandeira de Mello, ofereceu a Raoni a oportunidade de fazer uma plástica para tirar o botoque que o cacique ainda hoje usa no lábio inferior. "Se eu quiser falo com o Cláudio", respondeu ríspido o chefe metutire.

Pouco antes de deixar o parque definitivamente, em 1976, Cláudio Villas-Bôas estava pessimista quanto ao futuro não só dos índios do Xingu.

"Quem viveu mais de 30 anos com os índios, como eu, sente que eles representam uma outra humanidade, com valores complexos que nós não conseguimos compreender", dizia o sertanista. Ele também repetia que o índio é sempre mais feliz antes de entrar em contato com o branco. Cláudio Villas-Bôas sabia do que estava falando. No início da década de 70, os irmãos Villas-Bôas chefiaram a expedição lançada pelo governo para entrar em contato com os índios Crenhacarore e dois anos depois mais da metade tinha morrido dizimada pelas doenças levadas pelos brancos.


Morte

O sertanista Cláudio Villas-Bôas morreu, na madrugada 01/03/1998, em São Paulo, vítima de Ataque Cardíaco fulminante, no apartamento no qual ele morava com o irmão Orlando Villas-Bôas, na zona oeste da cidade e foi sepultado no final da tarde, no Cemitério do Morumbi. Cláudio Villas-Bôas tinha 81 anos e, nos últimos meses, vinha apresentando problemas de saúde.


Eli Coimbra

ELIUMAR ANTÔNIO DE MACEDO COIMBRA
(56 anos)
Locutor Esportivo e Repórter

☼ (30/01/1942)
┼ São Paulo, SP (25/11/1998)

Nascido Eliumar Antônio de Macedo Coimbra, foi um narrador esportivo brasileiro, um dos maiores nomes da reportagem esportiva do Brasil, iniciou carreira na TV Tupi, passando também pela TV Manchete, SBT, TV Bandeirantes e TV Record.

Eli Coimbra foi atleta do Santos de Pelé nas categorias infantil, juvenil, júnior e aspirantes. Parou ao ingressar na Faculdade de Educação Física de Santos e iniciar sua vida profissional nas rádios da cidade litorânea, numa trajetória de 29 anos.

Em rádio atuou em Santos e em São Paulo, na Rádio Bandeirantes. Mesclando sobriedade com boa dose de humor, conquistou credibilidade e respeito no meio esportivo, entre jogadores, dirigentes e colegas de profissão.

Eli Coimbra e Silvio Luiz
Apaixonado por futebol, cunhou com o amigo Roberto Petri o termo "Dente de Leite", que virou categoria esportiva. O programa, da Tupi de São Paulo, "Futebol Dente de Leite", surgiu após o fracasso brasileiro na Copa de 1966 na Inglaterra, para estimular e revelar novos atletas, aliando esporte com a educação das crianças. Foi uma iniciativa pioneira e vanguardista que celebrizou as máximas "Craque de Bola, Craque na Escola" e "Bola no Pé, Livro na Mão". O "Projeto Dente de Leite", que revelou inúmeros jovens para o futebol brasileiro e mundial, como Falcão e Casagrande, só para citar dois exemplos.

Eli Coimbra marcou época com suas entrevistas bem humoradas e amistosas.

Em 1996, na TV Record, comandou o programa "Com a Bola Toda", exibido nas noites de domingo. Como cronista esportivo, cobriu cinco Copas do Mundo e quatro Olimpíadas.


Eli Coimbra trabalhou com grandes profissionais como Walter Abraão, Luciano do Valle, Flávio Prado, José Luiz Datena, Juarez Soares, Silvio Luiz, entre outros.

Eli Coimbra morreu na quarta-feira, 25/11/1998, em São Paulo, aos 56 anos. Ele havia sofrido um infarto no domingo à noite, 22/11/1998, depois de sentir-se mal em casa. Internado em um hospital da Unicor, Eli Coimbra teve duas paradas cardíacas, não reagiu bem a uma cirurgia de ponte de safena e faleceu por volta das 14h00min de quarta-feira. O corpo do jornalista foi velado na Câmara Municipal de São Paulo.

Eli Coimbra deixou a esposa Maria do Carmo Di Fiore Coimbra, quatro filhos, Ely Di Fiore Coimbra, Ivã Di Fiore Coimbra, Andréa Di Fiore Coimbra e Adriana Di Fiore Coimbra, e na ocasião, três netos, Lucas, Ely e Beatriz.

Maurício Tragtenberg

MAURÍCIO TRAGTENBERG
(69 anos)
Sociólogo e Professor

* Getúlio Vargas, RS (04/11/1929)
+ São Paulo, SP (17/11/1998)

Seus avós, imigrantes judeus, instalaram-se no interior do Rio Grande do Sul cultivando como unidade familiar uma agricultura de subsistência, e foi lá que Maurício Tragtenberg iniciou sua aprendizagem de português, espanhol, esperanto e russo, além das leituras de autores russos como Piotr Kropotkin, Mikhail Bakunin, Liev TolstóiMaurício Tragtenberg frequentou o grupo escolar, em Porto Alegre, mas não foi além da terceira série do primário.

Após a morte precoce do pai, transferiu-se com sua mãe para São Paulo, onde ainda jovem começou a trabalhar. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro / Partido Comunista do Brasil, mas foi expulso com base em um artigo que proibia ao militante contato direto ou indireto com trotskistas ou com a obra de Leon Trotsky, autor por ele lido e relido. Tornou-se dirigente do recém-fundado Partido Socialista Revolucionário (PSR), então seção brasileira da IV Internacional, fundada por Leon Trotsky, junto com inúmeros camaradas como Herminio Sacchetta, Febus Gikovate, Alberto da Rocha Barros, Vítor Azevedo, Patricia Galvão (Pagu), Florestan Fernandes, entre outros.

Trabalhou no Departamento das Águas de São Paulo, onde teve toda a sua experiência prática com a burocracia, posteriormente criticada em seu livro "Burocracia e Ideologia". Neste período frequentou a Biblioteca Municipal Mário de Andrade, onde lhe foi possível ler o que lhe interessasse e discutir assuntos diversos com um grupo de intelectuais que também frequentavam a biblioteca, entre eles Antônio Cândido de Mello e Souza, que o convenceu a prestar vestibular na Universidade de São Paulo.

Escreveu o ensaio "Planificação - Desafio Do Século XX", que seria posteriormente transformado em livro. Com a aceitação desse texto pela Universidade de São Paulo, habilitou-se a prestar o vestibular. Aprovado, começou a frequentar o curso de Ciências Sociais. Um ano depois prestou novamente vestibular, desta vez para o curso de História, que concluiu.

Hermínio Sacchetta e Maurício Tragtenberg (1956)
Durante a ditadura militar escreveu sua tese de doutorado em Política, também pela Universidade de São Paulo. Começou então a se dedicar à carreira de professor, lecionando na graduação e pós-graduação de universidades como Pontifícia Universidade Católica de São PauloUniversidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas e Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV).

No meio acadêmico, Maurício Tragtenberg ficou conhecido como um autodidata, o que era apenas parcialmente verdadeiro, embora ele próprio costumasse alardear, provocativamente, o seu "primário incompleto". Preferia definir-se como um socialista libertário, ao contrário de "anarquista", e radical. Irreverente com relação aos símbolos e às artimanhas do poder autoritário, foi um intelectual independente e crítico em relação à burocracia acadêmica, que desprezava.

Fumante inveterado, suas classes eram frequentadas não só por alunos regulares mas também por numerosos ouvintes não matriculados, não só por seu espírito rebelde e senso de humor frequentemente sarcástico, mas sobretudo por sua profunda generosidade intelectual. A compulsão pela palavra escrita somada à facilidade de guardar nomes e citações, fizeram-no ser lembrado por um saber enciclopédico.

Para a professora Drª. Dóris Accioly e Silva, da Universidade Estadual Paulista de Marília, e coorganizadora da biografia de Maurício Tragtenberg, o vasto conhecimento do filósofo era presenciado em sala de aula. "Ele não era popular entre os alunos. Falava muito, citava bastante gente e não seguia ordem cronológica nas explicações."

Maurício Tragtenberg foi casado com a atriz Beatriz Tragtenberg e pai do compositor Lívio Tragtenberg.


Trabalhos Publicados

Maurício Tragtenberg deixou publicados pelo menos 8 livros e inúmeros artigos em jornais e revistas de grande circulação no país, abrangendo diversos assuntos como educação, política, sociologia, história e administração.

Escreveu por vários anos a coluna "No Batente" para o jornal Notícias Populares, um tabloide popular de São Paulo.

Sua obra completa que inclui livros, artigos, apresentações, prefácios e textos esparsos está sendo editada pela Editora UNESP, tendo sido publicados quatro volumes da coleção Maurício Tragtenberg - dirigida por Evaldo Amaro Vieira: "Administração, Poder E Ideologia", "Sobre Educação, Política E Sindicalismo", "Burocracia E Ideologia" e o mais recente "A Revolução Russa".

Teoria da Pedagogia Libertária

Através de uma crítica incisiva ao modelo pedagógico burocrático, Maurício Tragtenberg chegou à Teoria da Pedagogia Libertária, que se expressa pelo questionamento de toda e qualquer relação de poder estabelecida no processo educativo e das estruturas que proporcionam as condições para que essas relações se reproduzam no cotidiano das instituições escolares.

Em sua visão, a própria prática de ensino pedagógica-burocrática permite a dominação na medida em que reduz o aluno ao papel de mero receptáculo de conhecimento e fixa uma hierarquia rígida e burocrática na qual o principal interessado encontra-se numa posição submissa. E nessa ordem o professor é o símbolo vivo da dominação.

Maurício Tragtenberg criticou duramente a realidade das universidades, "a delinquência acadêmica", que a seu ver, acabam exprimindo uma "concepção capitalista do saber" através da busca desenfreada por titulações, publicações, pontos. Paga-se para apresentar trabalhos a si mesmo ou aos poucos amigos que se revezam entre falantes e ouvintes, não interessando o conteúdo e a qualidade do que se publica, mas sim quantos pontos vale; também não importa se alguém lerá o artigo; que seja de preferência uma publicação em algum país vizinho, pois as publicações internacionais valem mais pontos.

Em resposta a tudo isso, a pedagogia libertária propõe uma série de mudanças nas instituições de ensino, fundadas na:

  • Autogestão, gestão da educação pelos diretamente envolvidos no processo educacional e a "devolução do processo de aprendizagem às comunidades onde o indivíduo se desenvolve (bairro, local de trabalho)";
  • Autonomia do indivíduo, "o indivíduo não é um meio, é o fim em si mesmo. No universo das coisas (mercadorias) tudo tem um preço, porém só o homem tem uma dignidade"; negação total de prêmios ou punições;
  • Solidariedade, crítica permanente de todas as formas educativas que estimulam ou fundamentem-se na competição;
  • Crítica a todas as normas pedagógicas autoritárias.

Essa proposta pedagógica pressupõe ainda: educação gratuita para todos, superação da divisão dos professores em categorias; liberdade de organização para os trabalhadores da educação.


Obras

  • 1967 - Planificação: Desafio Do Século XX
  • 1974 - Burocracia e Ideologia
  • 1980 - Administração, Poder E Ideologia
  • 1988 - A Revolução Russa
  • 1999 - Memórias De Um Autodidata No Brasil
  • Escreveu a introdução do livro "Organismo Econômico da Revolução: A Autogestão Na Revolução Espanhola", de Diego Abad de Santillán

Fonte: Wikipédia

João Pacífico

JOÃO BAPTISTA DA SILVA
(89 anos)
Compositor

Cordeirópolis, SP (05/08/1909)
+  Guararema, SP (30/12/1998)

João Baptista da Silva, mais conhecido pelo apelido João Pacífico, foi um compositor de música caipira, autor de "Cabocla Tereza".

Nasceu no Núcleo Colonial de Cascalho, antiga Fazenda Cascalho, zona rural de Cordeiro, hoje Cordeirópolis. Filho de José Batista da Silva, maquinista de trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro  de Domingas, ajudante de cozinha da Fazenda Ibicaba, do Cel. Levy. Sua vida no campo foi curta, mudando-se para a cidade aos sete anos de idade. Revelou seu talento artístico já em criança, quando era comum vê-lo declamar poesias timidamente e cantar para colegas e professores.

Convidada para ser cozinheira na casa de um coletor, em Limeira, Dona Domingas levou o filho, que foi ser estafeta na coletoria.

Certo dia chegou à cidade uma companhia de teatro de revista. Como não tirava os olhos do instrumento, o baterista que era argentino, foi conversar com ele. Depois de muito insistir, acabou tendo algumas lições com o musico. Sua dedicação era tanta que logo foi tocar em uma banda que se apresentava no cinema local, durante exibição de filmes mudos. Alem da música outra paixão do menino João era escrever versos onde revelava sua alma cabocla.


Mudou-se para Campinas em 1919, quando sua mãe, foi trabalhar na casa de Ana Gomes, irmã do maestro Carlos Gomes, e ai passou a ter mais contato com os músicos da cidade grande. Em 1923 o jovem baterista entrou para a Orquestra Sinfônica de Campinas chegando a tocar a abertura de O Guarani de Carlos Gomes, no Teatro Dom Bosco.

Em homenagem a Campinas, escreveu o poema "Cidade de Campinas", musicado mais tarde por Raul Torres. Seu primeiro emprego foi ajudante de lava pratos no carro-restaurante da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, onde seu pai era maquinista.

Em 1924, aos 15 anos, foi para São Paulo, onde chegou no meio de uma Revolução de 1924. Foi trabalhar como estafeta em uma fábrica de tecidos. Em 1929, voltou para Campinas indo trabalhar como copeiro na casa do bispo da cidade, Dom Francisco de Barros Barreto.

O amigo Bimbim, filho do dono da Rádio Educadora de Campinas, levou-o um dia para cantar e declamar naquela rádio onde acabou sendo contratado e tornou-se presença constante na emissora ao lado dos violinistas João Nogueira e José Figueiredo. Logo depois voltou a trabalhar no trem e num belo dia o cozinheiro lhe disse para fazer um verso que ele entregaria ao escritor e poeta modernista Guilherme de Almeida, que estava a bordo, em viagem ao interior. O poeta leu e gostou, em seguida mandou entregar um cartão de visitas ao jovem João Pacífico e o mandou procurá-lo na Rádio Cruzeiro do Sul, em São Paulo, onde era diretor
Parceiro

Apesar da importante apresentação, teve de insistir muito para convencer o radialista e cantor Raul Torres a ler a letra da embolada "Seu João Nogueira", que lhe rendeu um contrato na rádio e um convite para parceiro com o próprio Raul Torres.

A música foi gravada na Odeon em 1934 e teve boa aceitação. Em janeiro de 1935 a gravadora lançou uma nova versão na interpretação de Raul Torres e Sua Embaixada, com a participação da cantora Aurora Miranda. O disco fez enorme sucesso e animou Raul Torres a continuar a parceria com aquele jovem compositor. Na época gravaram várias músicas entre elas "O Teu Retrato", "O Vizinho Me Contou", "Coroa de Estrelas" e "Foi no Romper da Aurora".

Em 1937, Raul Torres foi para a RCA Victor e levou com ele o cantor Serrinha que fazia a segunda voz na dupla e nesse mesmo ano gravaram "Chico Mulato", música que consagraria João Pacifico como um dos mais importantes compositores de sua época. Em seguida veio o grande clássico que atravessaria décadas: a história de amor "Cabocla Tereza", gravada por Raul Torres e Serrinha em 1940.

Anos depois, em 1982, o enredo de "Cabocla Tereza" acabou virando filme com o mesmo nome, dirigido e estrelado por Sebastião Pereira, com Zélia Martins no papel de Tereza e a participação especial de Jofre Soares.


Em 1954, ano de comemoração do IV Centenário de São Paulo, ao compor a marcha-hino "Treze Listas", baseado no poema "Nossa Bandeira" de Guilherme de Almeida, João Pacífico quis prestar uma homenagem a cidade que lhe acolheu e ao mesmo tempo agradecer ao poeta por seu apoio e amizade. Gravada pelo cantor Nelson Gonçalves a música fez enorme sucesso e João Pacífico teve a honra de receber das mãos de Guilherme de Almeida, presidente da comissão do IV Centenário de São Paulo a Medalha Anchieta.

Quando resolveu viver em São Paulo, João Pacífico logo tratou de arrumar um emprego, pois sabia que não poderia viver apenas com a música. Foi trabalhar na Sociedade Harmonia de Tênis, onde permaneceu por onze anos. Encarregado do vestiário, conheceu um dos diretores do Banco Italo-Belga, que lhe ofereceu trabalho na função de auxiliar de expedição. Educado e jeitoso para lidar com as pessoas, logo subiu de posto e foi ser continuo da diretoria, uma espécie de faz tudo, para atender especialmente ao presidente do banco, o belga John Verbist.

O patrão incentivou-o a tirar habilitação e alguns meses depois foi promovido a motorista de diretoria. Em seguida, foi servir a família do banqueiro para ser o conducteur de madame Renée Verbist. Foi com ela que João Pacífico aprendeu algumas palavras em francês e, até a velhice, sempre que perguntado se estava bem, respondia: fantastique, fantastique.

Ao se aposentar em 30 de abril de 1974, João Pacífico ganhou de presente do patrão o Chevrolet Bel Air, ano 1956, que ele havia conduzido durante anos.

Parceria

Em 1955, aos 46 anos e com pneumonia, conheceu Deolinda Rodella (Deda), filha de italianos, separada, que falava vários idiomas e trabalhava como tradutora numa empresa de telégrafos. Ela o acolheu em sua casa e passou a cuidar dele até que se restabelecesse. No inicio foram amigos apenas. Mas a amizade foi crescendo e transformou-se em amor para sempre.

Em 1958, nasceu o único filho do casal que recebeu o nome do pai: João Baptista da Silva, o Tuca. João e Deda se casaram em 1983, após 38 anos de convivência. Dois anos depois nasceu a neta Ana Carolina, filha de Tuca, que daria muitas alegrias a João Pacífico. Para tristeza de João, Deda faleceu em 1990.

O casal Federico Mogentale (Freddy) e Maria Antonia, de Guararema, SP, conviveu com João Pacífico durante os últimos anos de sua vida e foram os responsáveis pela sua volta ao interior. Apaixonados pela música, Freddy e Maria Antonia conheceram João Pacífico em 1981.

"Ele era uma mito para mim", conta Freddy, então um alto executivo de uma multinacional. A psicóloga, pianista e pintora Maria Antonia reforça essa admiração: "A gente cantava músicas dele havia muito tempo e conhecer João Pacífico pessoalmente era assim como conhecer Chico Buarque".


Com a morte de Deda em 1990, os atritos em família e a descoberta de uma doença grave, fizeram com que em 1995, João Pacífico aceitasse o convite para morar com Freddy e Maria Antonia no Sítio Pirangi, em Guararema, onde teve a possibilidade de passar seus últimos dias no campo, como ele desejava: tomando uma cachacinha na varanda, ouvindo modas de viola com os amigos ou brincando com os gansos à beira do lago.

João Pacífico morreu no dia 30 de dezembro de 1998, em Guararema, onde foi enterrado com a presença de poucos amigos que cantaram algumas de suas obras imortais.

Em Cordeirópolis, sua terra natal, por iniciativa de Vilma Peramezza, foi criada a "Casa de Cultura João Pacífico" em sua homenagem, enquanto a Camara Municipal, instituiu a "Medalha João Pacífico", que é dada a personalidades. Em Guararema, institui-se a "Semana João Pacífico", em homenagem ao "Poeta do Sertão".

Fonte:  Wikipédia

Geny Prado

GENY ALMEIDA PRADO
(78 anos)
Atriz

* São Manuel, SP (12/07/1919)
+ São Paulo, SP (17/04/1998)

Geny Prado foi uma atriz brasileira, célebre por seus papéis em filmes de Mazzaropi.

Geny Prado começou sua carreira no rádio, como atriz, na década de 40. Nesse veículo, conhece Amácio Mazzaropi, e os dois iniciam então uma parceria de sucesso também na televisão e no cinema. Com seu personagem Jeca, Mazzaropi se torna um dos artistas mais amados pelo público popular, e com Geny Prado como sua esposa, a mulher do Jeca, faz uma dobradinha inesquecível no cinema nacional.

Geny Prado constrói carreira de sucesso também em novelas, onde atua em quase trinta títulos, sobretudo na Rede Tupi. Sua estreia no cinema se dá em 1959, em Chofer de Praça, primeiro filme produzido por Mazzaropi e dirigido por Milton Amaral.

Com Mazzaropi, Geny Prado participou de inúmeros sucessos como Jeca Tatu, Tristeza do Jeca, Um Caipira em Bariloche, Jeca Contra o Capeta, O Jeca e a Freira, O Jeca e a Égua Milagrosa, entre outros.

Em 1985, o universo de seus filmes recebe uma deliciosa homenagem do cineasta André Klotzel em A Marvada Carne, um dos melhores filmes brasileiros, e que marcou a despedida da atriz das nossas telas.

Geny Prado morreu em 1998, aos 78 anos.

Filmografia
  • 1959 - Chofer de Praça
  • 1960 - Jeca Tatu
  • 1960 - As Aventuras de Pedro Malazartes
  • 1960 - Zé do Periquito
  • 1961 - Tristeza do Jeca
  • 1962 - O Vendedor de Linguiças
  • 1963 - Casinha Pequenina
  • 1964 - O Lamparina
  • 1965 - Meu Japão Brasileiro
  • 1968 - O Jeca e a Freira
  • 1969 - No Paraíso das Solteironas
  • 1969 - Golias Contra o Homem das Bolinhas
  • 1973 - Betão Ronca Ferro
  • 1973 - Um Caipira em Bariloche
  • 1976 - O Jeca Contra o Capeta
  • 1977 - Jecão... Um Fofoqueiro no Céu
  • 1978 - O Jeca e seu Filho Preto
  • 1979 - A Banda das Velhas Virgens
  • 1980 - O Jeca e a Égua Milagrosa
  • 1985 - A Marvada Carne

Fonte:  Wikipédia

Paulo Ubiratan

PAULO UBIRATAN FONTES GASPAR
(51 anos)
Diretor e Produtor

* Rio de Janeiro, RJ (14/01/1947)
+ Rio de Janeiro, RJ (29/03/1998)

Paulo Ubiratan Fontes Gaspar foi um diretor e produtor de telenovelas brasileiras da TV Globo. Foi casado com a atriz Natália do Vale e com a jornalista e ex-modelo Valéria Monteiro, com quem teve uma filha, Vitória.

Paulo Ubiratan começou a trabalhar na TV Globo em 1978, como assistente de direção nas novelas "O Pulo do Gato", de Bráulio Pedroso, e "Sinal de Alerta", de Dias Gomes, na qual também atuou como produtor. No ano seguinte, voltou a trabalhar com o autor Bráulio Pedroso, assinando a direção da comédia "Feijão Maravilha". A novela, que era estrelada por Lucélia Santos e Stepan Nercessian, prestava uma homenagem às chanchadas dos anos 50, com um elenco que reunia alguns dos principais nomes do humor brasileiro.

A partir da década de 80, Paulo Ubiratan se tornaria um dos principais diretores da TV Globo e dividiu com Roberto Talma a direção de duas novelas: "Água Viva" e "Coração Alado". A novela "Baila Comigo", de 1981, foi a primeira novela das oito dirigida por Paulo Ubiratan e Roberto Talma. A dupla contou com dois jovens assistentes. Ele marcou também a estréia do autor Manoel Carlos no seu horário.

Em 1982, ainda em parceira com Roberto Talma, Paulo Ubiratan dirigiu três novelas: "Sétimo Sentido", de Janete Clair, "Elas Por Elas", de Cassiano Gabus Mendes, que eternizou o personagem Mário Fofoca, vivido por Luis Gustavo, e "Final Feliz", primeira novela da consagrada autora Ivani Ribeiro na TV Globo. Antes de "Roque Santeiro", que teria uma das maiores audiências da história da emissora, dirigiu outras duas novelas, "Louco Amor", de Gilberto Braga, e "Transas e Caretas".

Em 1983, foi o produtor de outras duas tramas: "Guerra dos Sexos", de Silvio de Abreu, e "Eu Prometo", de  Janete Clair.

Em 1985, Paulo Ubiratan foi o responsável pela escalação do elenco que levaria às telas "Roque Santeiro", proibida pela censura dez anos antes. Seria também o diretor da novela, porém, no segundo mês, sofreu um ataque cardíaco e foi substituído por Gonzaga Blota.

Em 1988 produziu outro clássico da teledramaturgia brasileira, a novela "Vale Tudo", de Gilberto Braga.


A novela "Roda de Fogo", de Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, que contava a história do romance entre um empresário corrupto e uma juíza federal, marcou a volta do diretor às tramas das oito. Ele voltaria a dirigir um grande sucesso do autor Lauro César Muniz em 1989, a novela "O Salvador da Pátria", que trazia Lima Duarte no papel do jardineiro Sassá Mutema e Maitê Proença como a Professora Clotilde.

Ainda em 1989, Paulo Ubiratan dirigiu "Tieta", adaptação do romance de Jorge Amado feita por Aguinaldo Silva. Em seguida, o diretor fez sua primeira, e única, incursão no gênero das minisséries. "Riacho Doce", teve as externas gravadas no arquipélago de Fernando de Noronha. No mesmo ano, dirigiu a novela "Meu Bem, Meu Mal", de Cassiano Gabus Mendes, que marcou a estréia do ator Fábio Assunção.

Após produzir "Felicidade", de Manoel Carlos, Paulo Ubiratan dirigiu uma de suas últimas tramas na faixa de horário das 20:00 hs, a novela "Pedra Sobre Pedra", de Aguinaldo Silva. A novela seguia a linha do realismo fantástico, reunindo diversos personagens marcantes, como Sérgio Cabeleira (Osmar Prado) e Jorge Tadeu (Fábio Júnior).


Em 1994, Paulo Ubiratan dirigiu os primeiros capítulos da novela "Tropicaliente". Em seguida, foi o responsável pela produção do remake de um clássico de Janete Clair, a novela "Irmãos Coragem" (1995). Exibida pela primeira vez em 1970, com Tarcísio Meira, Cláudio Marzo e Cláudio Cavalcanti no papel de João, Duda e Jerônimo Coragem, a nova versão, que fazia parte das comemorações pelos 30 anos da TV Globo, apresentou Marcos Palmeira, Marcos Winter e Ilya São Paulo nos respectivos papéis.

Em 1996, Paulo Ubiratan fez o dirigiu, em parceria com Gonzaga Blota, a mini-novela "O Fim do Mundo", escrita por Dias Gomes e Ferreira Gullar. Ainda em 1996, Paulo Ubiratan dirigiu "Anjo de Mim", de Walther Negrão.

Também dirigida por Paulo Ubiratan foi "A Indomada", de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, ambientada na cidade fictícia de Greenville. A novela apresentou novos personagens fantásticos, como a vilã Maria Altiva, interpretada por Eva Wilma, e o Deputado Pitágoras Mackenzie, vivido por Ary Fontoura.

No dia de sua morte, o episódio "Toma Que o Filme é Teu", do humorístico "Sai de Baixo", foi dedicado ao diretor.

Paulo Ubiratan morreu durante a realização da novela "Por Amor", no dia 29/03/1998, vítima de um ataque cardíaco, quando ia ao ar o capítulo de número 144.


Trabalhos
  • 1997 - Por Amor (Diretor de Núcleo)
  • 1997 - A Indomada (Diretor de Núcleo)
  • 1996 - Anjo de Mim (Diretor de Núcleo)
  • 1996 - O Fim do Mundo
  • 1994 - Tropicaliente
  • 1992 - Pedra Sobre Pedra
  • 1990 - Meu Bem, Meu Mal
  • 1990 - Riacho Doce
  • 1989 - Tieta
  • 1989 - O Salvador da Pátria
  • 1986 - Roda de Fogo (Diretor de Núcleo)
  • 1985 - Roque Santeiro
  • 1983 - Champagne
  • 1983 - Eu Prometo
  • 1983 - Guerra dos Sexos
  • 1983 - Louco Amor
  • 1982 - Final Feliz
  • 1982 - Elas Por Elas
  • 1982 - Sétimo Sentido
  • 1981 - Baila Comigo
  • 1980 - Coração Alado
  • 1980 - Água Viva
  • 1979 - Feijão Maravilha
  • 1978 - Sinal de Alerta


Fonte: Wikipédia

Barrerito

ÉLCIO NEVES BORGES
(55 anos)
Cantor e Compositor

* São Fidélis, RJ (22/10/1942)
+ Belo Horizonte, MG (12/08/1998)

Cantor e violeiro, Élcio Neves Borges nasceu em São Fidélis, no estado do Rio de Janeiro, em 1942. Fez parte da segunda formação do sertanejo Trio Parada Dura a partir de 1976, ao lado de Mangabinha e Creone.

Em 6 de setembro de 1982, o Trio Parada Dura sofreu um acidente de avião que deixou Barrerito paralítico e levou seu irmão Parrerito a assumir seu lugar.

A partir de 1988 Barrerito passou a cantar sozinho, tendo gravado diversos LP's. O primeiro foi "Onde Estão Os Meus Passos" pela gravadora Copacabana, com destaque para a faixa-título "Onde Estão os Meus Passos" (Carlos Randall, Barrerito e Nilza Carvalho). Ao que consta, o Barrerito gravou 8 LP's em carreira-solo pelos selos Copacabana e RGE.

Curiosidades

Barrerito ganhou quinze discos de ouro, sempre com a ajuda de sua companheira Nilza Carvalho com quem viveu até 1990. Paraplégico há dezesseis anos, Barrerito era muito vaidoso. Gostava de usar anéis e colares de ouro, além de cortes de cabelo inusitados.

Em 1991, foi detido após atirar para o alto, assustando um frentista que riu de sua aparência incomum.

Morreu vítima de Infarto.

Fonte: Wikipédia

Mozart Catão

MOZART CATÃO
(35 anos)
Alpinista

* Teresópolis, RJ (14/06/1962)
+ Monte Aconcágua, Argentina (03/02/1998)

Era formado em Educação Física e especialista em administração esportiva. Juntamente com Waldemar Niclevicz, foi o primeiro brasileiro a conquistar o Monte Everest, em 14/05/1995.

Mozart Catão começou cedo a demonstrar interesse pelo esporte. Aos 13 anos fazia caminhadas em montanha, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e, aos 15 anos, já escalava em rocha. Em 1976, aos 14 anos, Mozart Catão ingressou no Centro Excursionista Serra dos Órgãos de Teresópolis, e a partir dali começou uma trajetória que o levaria a escalar os maiores e mais difíceis picos do mundo, tanto em expedições como em investidas solitárias, seguindo a melhor tradição dos grandes aventureiros.


Conquistas

Realizou inúmeras escaladas no Brasil e participou de diversas competições mundiais, principalmente nas montanhas da Cordilheira dos Andes (Argentina, Chile e Bolívia), dos Alpes (França e Itália), dos Apalaches e do Maciço Central do Alasca (Estados Unidos e Canadá), da Cordilheira do Cáucaso (Rússia e Geórgia), do Maciço Ellsworth (Antártica), da Cadeia do Leste Africano (Tanzânia) e do Himalaia (Nepal e Tibete).


Destaque no Guinness

O mesmo Monte Aconcágua que futuramente lhe privaria da vida já havia lhe trazido muitas alegrias. Em 1993, então com 15 anos de experiência em montanhismo e 5 anos de mountain bike, Mozart Catão igualou sozinho o recorde mundial de ciclismo em altitude, estabelecido anteriormente por 3 canadenses.

Na volta, por causa de 2 dedos da mão esquerda congelando, foi preciso descer rapidamente com a bike, nos trechos em que era possível pedalar. A bicicleta foi levada na mochila do cume do Monte Aconcágua até Nido de Condores (5600 msnm), a seguir pedalou até Plaza de Mulas (4200 msnm) e desceu mais 1500m, chegando finalmente à Puente del Inca (2700 msnm), onde tudo começou.

A aventura rendeu alguns sustos, como cruzar com uma patrulha de resgate em Cambio Pendente (5200 msnm) que trazia o corpo de um alpinista americano, cuja família havia pago US$ 10.000 para que o corpo fosse resgatado da montanha. Aquela temporada havia deixado um total de 4 mortos. Apesar das dificuldades causadas pelo clima após o fim da temporada, os dedos congelados e o nariz sangrando, Mozart Catão venceu o inferno de gelo, igualando o tão almejado recorde.


Tragédia na Face Sul do Aconcágua

Mozart Catão morreu ao tentar conquistar o Monte Aconcágua pela sua face sul, a mais perigosa, tendo sido arrebatado por uma avalanche.

A tragédia no Monte Aconcágua aconteceu seis dias depois deles terem saído do acampamento base, sendo dois já de espera pela melhora no tempo. Cinco anos após a morte dos alpinistas, foi lançado o livro "Montanha em Fúria", do jornalista Marcus Vinicius Gasques, que conversou com dois sobreviventes, amigos e parentes de Mozart Catão e alpinistas renomados. Além das entrevistas, Marcus Vinicius Gasques teve acesso a uma fita de vídeo gravada durante a expedição.

A Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concedeu-lhe post mortem a Medalha Tiradentes.

Fonte: Wikipédia