Mostrando postagens com marcador Dramaturgo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dramaturgo. Mostrar todas as postagens

Lineu Dias

LINEU MOREIRA DIAS
(73 anos)
Ator, Contista, Poeta, Dramaturgo, Tradutor e Crítico de Cinema e Dança

☼ Santana do Livramento, RS (05/10/1928)
┼ Rio de Janeiro, RJ (03/08/2002)

Lineu Dias foi casado com a atriz Lilian Lemmertz e pai da atriz Júlia Lemmertz. Atuou durante quatro décadas no cinema, teatro e televisão.

Teve sua estréia no teatro aos 25 anos em Porto Alegre, onde participou da juventude do Teatro do Estudante e do Teatro Universitário.

Cursou Interpretação e Direção Teatral na Yale Drama School e foi professor de Interpretação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Como escritor colaborou na revista literária Crucial, teve seus contos publicados nos jornais Correio do Povo, Estado de Notícias, Estado de São Paulo e na revista O Globo. Lineu Dias foi também crítico de cinema e de dança.

Em 1995 recebeu o Prêmio Sharp de Melhor Ator por sua interpretação na peça "Minh'Alma, Alma Minha", peça de sua autoria.

Seu último trabalho foi em 2001, na minissérie "Presença de Anita".

Lineu Dias morreu em 03/08/2002, no Rio de Janeiro, RJ, aos 73 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos.

Um ano após sua morte, foram publicados seus poemas no livro "Urbia".

Tradução de Peças Teatrais

  • Dias sem Fim (Eugene O’Neill)
  • Festa de Aniversário (Harold Pinter)
  • A Dança da Morte (Strindberg)
  • A Importância de Ser Ernesto (Oscar Wilde)
  • Dois na Gangorra (William Gebson)
  • A Bilha Quebrada (Kleist)

Televisão

  • 2001 - Presença de Anita
  • 1999 - Força de Um Desejo
  • 1985 - Grande Sertão Veredas
  • 1983 - Moinhos de Vento
  • 1981 - Partidas Dobradas
  • 1980 - Um Homem Muito Especial

Cinema

  • 2001 - Bicho de Sete Cabeças
  • 1999 - Um Copo de Cólera
  • 1998 - Bocage - O Triunfo do Amor
  • 1998 - A Hora Mágica
  • 1998 - Oropa, França, Bahia ... Manuel
  • 1995 - Eu Sei que Você Sabe
  • 1985 - Made in Brazil
  • 1981 - Pixote: A Lei do Mais Fraco
  • 1980 - Gaijin - Os Caminhos da Liberdades
  • 1980 - Asa Branca
  • 1974 - O Marginal
  • 1973 - Anjo Loiro ... Ângelo
  • 1966 - Corpo Ardente

Teatro

  • Andorra
  • Os Inimigos
  • Hedda Gabler
  • O Interrogatório
  • Hamlet
  • Fedra
  • Louco de Amor
  • Calígula
  • A Última Gravação
  • Becktianas#3
  • Fim de Jogo
  • Homem Branco e Pele Vermelha
  • Cândido de Voltaire

Fonte: Wikipédia

França Júnior

JOAQUIM JOSÉ DE FRANÇA JÚNIOR
(52 anos)
Advogado, Dramaturgo, Jornalista e Pintor

* Rio de Janeiro, RJ (18/03/1838)
+ Poços de Caldas, MG (27/09/1890)

Cursou humanidades no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e formou-se em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1862. Após exercer a advocacia, residiu por um período na Bahia, onde foi nomeado secretário de governo do presidente daquela província.

Por volta de 1880 retornou ao Rio de Janeiro e aprendeu a desenhar com o aquarelista Benno Treidler. Entusiasmado com a descoberta da nova arte, frequentou como assistente a Academia Imperial, onde lecionavou Georg Grimm.

Desligando-se este da academia, acompanhou o mestre que acabara de formar o Grupo Grimm para pintar ao ar livre e ao natural. Mas pouco durou esta ligação com o grupo do paisagista alemão. Concentrou-se mais na sua vocação jornalística e literária.

Escreveu diversas comédias teatrais que alcançaram enorme sucesso popular. Personalidade de escol e multifacetada, não tinha como prioridade a pintura. Porém, a obra que deixou, além de não ser pequena, tem boa qualidade e faz parte da nascente paisagística brasileira.

Academia Brasileira de Letras

É o patrono da cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras, da qual Urbano Duarte de Oliveira é o fundador.

Fonte: Wikipédia

Vladimir Herzog

VLADO HERZOG
(38 anos)
Jornalista, Professor e Dramaturgo

* Osijek, Croácia (27/06/1937)
+ São Paulo, SP (25/10/1975)

Foi um jornalista, professor e dramaturgo nascido na Croácia (à época ainda parte do Reino da Iugoslávia), mas naturalizado brasileiro. Vladimir também tinha paixão pela fotografia, atividade que exercia por conta de seus projetos com o cinema. Passou a assinar Vladimir por considerar seu nome muito exótico nos trópicos.

Vladimir tornou-se famoso pelas consequências que sofreu devido às suas conexões com a luta comunista contra a ditadura militar, autodenominada movimento de resistência contra o regime do Brasil, e também pela sua ligação com o Partido Comunista Brasileiro. Sua morte causou impacto na ditadura militar brasileira e na sociedade da época, marcando o início de um processo pela redemocratização do país. Segundo o jornalista Sérgio Gomes, Vladimir Herzog é um "símbolo da luta pela democracia, pela liberdade, pela justiça".

Primeiros Anos

Herzog nasceu na cidade de Osijek, em 1937, na Iugoslávia (atual Croácia), filho de um casal judeu, Zigmund e Zora Herzog. Com o intuito de escaparem do Estado Independente da Croácia (estado fantoche controlado pela Alemanha Nazista e pela Itália Fascista), o casal decidiu emigrar, com o filho, para o Brasil, na década de 1940.

Educação e Carreira

Herzog se formou em filosofia pela Universidade de São Paulo em 1959. Depois de formado, trabalhou em importantes órgãos de imprensa no Brasil, notavelmente no O Estado de São Paulo. Nessa época, resolveu passar a assinar Vladimir ao invés de Vlado pois acreditava que seu nome verdadeiro soava um tanto exótico no Brasil. Vladimir também trabalhou por três anos na BBC de Londres.

Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Também foi professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e, nessa época, também atuou como dramaturgo, envolvido com intelectuais de teatro. Em sua maturidade, Vladimir passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a Ditadura Militar no Brasil de 1964-1985, como também no Partido Comunista Brasileiro.

Prisão e Morte

Em 24 de outubro de 1975 - época em que Vladimir já era diretor de jornalismo da TV Cultura - agentes do II Exército  o convocaram para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o Partido Comunista Brasileiro (que era proibido pela ditadura).

No dia seguinte, Vladimir compareceu ao pedido. O depoimento de Vladimir era dado por meio de uma sessão de tortura. Ele estava preso com mais dois jornalistas, George Benigno Duque Estrada e Rodolfo Konder, que confirmaram o espancamento.

No dia 25 de outubro, Vladimir foi encontrado enforcado com a gravata de sua própria roupa. Embora a causa oficial do óbito, divulgada pelo governo ditatorial da época, seja suicídio por enforcamento, há consenso na sociedade brasileira de que ela resultou de tortura, com suspeição sobre servidores do DOI/CODI, que teriam posto o corpo na posição encontrada, pois as fotos exibidas mostram Vladimir enforcado.

Porém, nas fotos divulgadas há várias inverossimilhanças. Uma delas é o fato de que ele se enforcou com um cinto, coisa que os prisioneiros do DOI/CODI não possuíam. Além disso, suas pernas estão dobradas e no seu pescoço há duas marcas de enforcamento, o que mostra que supostamente sua morte foi feita por estrangulamento. Na época, era comum que o governo militar ditatorial divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por "suicídio", o que gerava comentários irônicos de que Vladimir e outras vítimas haviam sido "suicidados pela ditadura".

Pós-Morte

Vladimir era casado com a publicitária Clarice Herzog, com quem tinha dois filhos. Com a morte do marido, Clarice passou por maus momentos. Com medo e opressão, teve que contar para os filhos pequenos o que havia ocorrido com o pai. A mulher, três anos depois, conseguiu que a União fosse responsabilizada, de forma judicial, pela morte do esposo. Ainda sem se conformar, ela diz que "Vlado contribuiria muito mais para a sociedade se estivesse vivo".

Gerando uma onda de protestos de toda a imprensa mundial, mobilizando e iniciando um processo internacional em prol dos direitos humanos na América Latina, em especial no Brasil, a morte de Vladimir impulsionou fortemente o movimento pelo fim da Ditadura Militar Brasileira. Após sua morte, grupos intelectuais, agindo em jornais e meios de comunicação, e grupos de atores, no teatro, como também o povo, nas ruas, se empenharam na resistência contra a ditadura do Brasil.

Diante da agonia de saber se Vladimir havia se suicidado ou se havia sido morto pelo Estado, criaram-se comportamentos e atitudes sociais de revolução. Em 1976, por exemplo, Gianfrancesco Guarnieri escreveu Ponto de Partida, espetáculo teatral que tinha o objetivo de mostrar a dor e a indignação da sociedade brasileira diante do ocorrido. Segundo o próprio Guarnieri:

"[...] Poderosos e dominados estão perplexos e hesitantes,impotentes e angustiados. Contendo justos gestos de ódio e revolta, taticamente recuando diante de forças transitoriamente invencíveis. Um dia os tempos serão outros. Diante de um homem morto, todos precisam se definir. Ninguém pode permanecer indiferente. A morte de um amigo é a de todos nós. Sobre tudo quando é o Velho que assassina o Novo."

Legado

Em 2009, mais de 30 anos após a morte de Vladimir, surge o Instituto Vladimir Herzog. O instituto destina-se a três objetivos:

  • Organizar todo o material jornalístico sobre a história de Vladimir, como meio de auxílio a estudantes, pesquisadores e outros interessados em sua vida e obra;
  • Promover debates sobre o papel do jornalista e também discutir sobre as novas mídias;
  • Ser responsável pelo Prêmio Jornalistico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, que premia pessoas envolvidas no jornalismo e na promoção dos direitos humanos. 

Fonte: Wikipédia

Antônio Callado

ANTÔNIO CARLOS CALLADO
(80 anos)
Jornalista, Romancista, Biógrafo e Dramaturgo

☼ Niterói, RJ (26/01/1917)
┼ Rio de Janeiro, RJ (28/01/1997)

Antônio Carlos Callado foi um jornalista, romancista, biógrafo e dramaturgo brasileiro. Antônio Callado, apesar de formado em Direito em 1939, nunca exerceu atividade na área jurídica.

Militou na imprensa diária no período entre 1937 a 1941, nos jornais cariocas O Globo e Correio da Manhã.

Em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, transferiu-se para Londres onde trabalhou para a BBC até 1947. Depois da libertação de Paris, trabalhou no serviço brasileiro da Radiodiffusion Française.

Na Europa descobriu "sua tremenda fome de Brasil". Lia incansavelmente literatura brasileira e alimentava o desejo de, ao voltar, conhecer o interior do país. Na volta, satisfez esse desejo ao fazer grandes reportagens pelo Nordeste, Xingu, sobre Francisco Julião, Miguel Arraes e outras.

Atuou como redator-chefe do Correio da Manhã de 1954 a 1960, quando foi contratado pela Enciclopédia Britânica para chefiar a equipe que elaborou a primeira edição da Enciclopédia Barsa, publicada em 1963.

Redator do Jornal do Brasil, cobriu, em 1968, a Guerra do Vietnã.

Em 1974, deu aulas na Universidade de Cambridge na Grã-Bretanha, e Universidade de Columbia nos Estados Unidos.

Em 1975, quando trabalhava no Jornal do Brasil, deixou a rotina das redações para dedicar-se profissionalmente à literatura.


Antônio Callado estreou na literatura em 1951, mas sua produção na década de 1950 consistia basicamente em peças teatrais, todas encenadas com enorme sucesso de crítica e público. Mas a mais bem sucedida foi "Pedro Mico", dirigida por Paulo Francis, com o arquiteto Oscar Niemeyer em inusitada incursão pela cenografia, e Milton Moraes criando o papel-título. Foi transformada em filme estrelado por Pelé.

A produção de romances toma impulso nas décadas de 1960 e 1970, período em que surgem seus trabalhos mais importantes. Alinhado entre os intelectuais que se opunham ao Regime Militar, tendo por isso sido preso duas vezes, Antônio Callado revela em seus romances seu compromisso político, principalmente naquele que muitos consideram o romance mais engajado daquelas décadas, "Quarup".

Antônio Callado escrevia à mão e mantinha uma rotina de trabalho, com horário rígido para todas as atividades, que incluíam duas caminhadas por dia. Mandou fazer uma mesinha portátil que o acompanhava pela casa toda, permitindo-lhe escrever em qualquer lugar. Não discutia, nem comentava seu trabalho com ninguém, até que estivesse finalizado.

Recebeu várias condecorações e prêmios, no Brasil e no exterior.

Foi admitido na Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1994 e tornou-se o quarto ocupante da cadeira 8, em substituição a Austregésilo de Athayde, por várias décadas presidente da Academia.

Antônio Callado morreu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 28/01/1997, dois dias depois de completar 80 anos.

De seu casamento em 1943 com Jean Maxine Watson, inglesa, funcionária da BBC, teve três filhos, entre eles a atriz Tessy Callado.

Bibliografia


  • 1951 - O Fígado de Prometeu (Teatro)
  • 1953 - Esqueleto na Lagoa Verde (Reportagem)
  • 1954 - A Assunção de Salviano (Romance)
  • 1954 - A Cidade Assassinada (Teatro)
  • 1955 - Frankel (Teatro)
  • 1957 - A Madona de Cedro (Romance)
  • 1957 - Retrato de Portinari (Biografia)
  • 1957 - Pedro Mico (Teatro)
  • 1957 - Colar de Coral (Teatro)
  • 1960 - Os Industriais da Seca (Reportagem)
  • 1962 - O Tesouro de Chica da Silva (Teatro)
  • 1964 - Forró no Engenho Cananéia (Teatro)
  • 1965 - Tempo de Arraes (Reportagem)
  • 1967 - Quarup (Romance)
  • 1969 - Vietnã do Norte (Reportagem)
  • 1971 - Bar Don Juan (Romance)
  • 1976 - Reflexos do Baile (Romance)
  • 1981 - Sempreviva (Romance)
  • 1982 - A Expedição Montaigne (Romance)
  • 1983 - A Revolta da Cachaça (Teatro, Coletânea de 4 Peças)
  • 1985 - Entre o Deus e a Vasilha (Reportagem)
  • 1985 - Concerto Carioca (Romance)
  • 1989 - Memórias de Aldenham House (Romance)
  • 1993 - O Homem Cordial e Outras Histórias (Contos)
  • 2005 - Antonio Callado, Repórter (Reportagem)

Fonte: Wikipédia

Oswald de Andrade

JOSÉ OSWALD DE SOUSA DE ANDRADE NOGUEIRA
(64 anos)
Escritor, Ensaísta e Dramaturgo

* São Paulo, SP (11/01/1890)
+ São Paulo, SP (22/10/1954)

Era filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e de Inês Henriqueta Inglês de Sousa Andrade. Seu nome pronuncia-se com acento na letra a (Oswáld).

Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo, sendo o mais inovador entre estes.

O Papel de Oswald no Modernismo Brasileiro

Um dos mais importantes introdutores do modernismo no Brasil, foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" e o "Manifesto Antropófago", bem como do primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloquência romântica, Pau-Brasil.

Muito próximo, no princípio de sua carreira literária, da pessoa de Mário de Andrade, ambos os autores funcionaram como um dínamo na introdução e experimentação do movimento, unidos por uma profunda amizade que durou muito tempo.

Porém, possuindo profundas distinções estéticas em seu trabalho, Oswald de Andrade foi também mais provocador que o seu colega modernista, podendo hoje ser classificado como um polemista. Nesse aspecto não só os seus escritos como as suas aparições públicas serviram para moldar o ambiente modernista da década de 1920 e de 1930.

Foi um dos interventores na Semana de Arte Moderna de 1922. Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência política do país colonizador, Portugal, e por outro consequentemente, havia uma necessidade de se definir o que era a cultura brasileira, o que era o sentir brasileiro, quais os seus modos de expressão próprios. No fundo procurava-se aquilo que Johann Gottfried von Herder definiu como alma nacional (Volksgeist). Esta necessidade de definição do espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro como um todo vai a par com as vanguardas europeias do princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo.

Na sua busca por um caráter nacional, ou falta dele, que Mário de Andrade mostra em "Macunaíma", Oswald de Andrade, porém, foi muito além do pensamento romântico, diferentemente de outros modernistas. Nos anos vinte Oswald de Andrade voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte. Fossem elas o romance de idéias, o teatro de tese, o naturalismo, o realismo, o racionalismo e o parnasianismo, por exemplo Olavo Bilac. Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas, primitivas, ou um certo abstracionismo geométrico latente nestas, a recuperação de elementos locais, aliados ao progresso da técnica.

Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em Paris na época do futurismo e do cubismo, que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a africana ou a polinésia, estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da Europa industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de outros povos.

Oswald de Andrade percebeu-se que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes. A partir daí, volta sua poesia para um certo primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.

Representações na Cultura

Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Colé Santana no filme "Tabu" (1982), Flávio Galvão e Ítala Nandi no filme "O Homem do Pau-Brasil" (1982), Antônio Fagundes no filme "Eternamente Pagu" (1987) e José Rubens Chachá, nas minisséries "Um Só Coração" (2004) e "JK" (2006).

As ideias de Oswald de Andrade influenciaram também diversas áreas da criação artística: na música o Tropicalismo, na poesia o movimento dos concretistas, e no teatro grupos como Teatro Oficina e Cia. Antropofágica têm sua trajetória ligada ao poeta.

Principais Obras

Além do "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" (1924) e "Manifesto Antropófago" (1928), Oswald de Andrade escreveu:

Poesia

Sendo o mais inovador da linguagem entre os modernistas, abriu caminhos que influenciaram muito a poesia brasileira posterior como a de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto, o Concretismo e Manoel de Barros, bem como à obra do poeta francês Blaise Cendrars, considerado um dos 10 maiores poetas franceses do século XX pelo poeta Paul Eluard.

  • 1925 - Pau-Brasil
  • 1927 - Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade
  • 1945 - Cântico dos Cânticos Para Flauta e Violão
  • 1945 - O Escaravelho de Ouro
  • 1947 - O Cavalo Azul
  • 1947 - Manhã

Romance

Seus romances ainda não são devidamente conhecidos, porém "Memórias Sentimentais de João Miramar", por exemplo, foi escrito antes de 1922, antecipando toda a linguagem do modernismo brasileiro.

  • 1922-1934 - Os Condenados (Trilogia)
  • 1924 - Memórias Sentimentais de João Miramar
  • 1933 - Serafim Ponte Grande
  • 1943 - Marco Zero à Revolução Melancólica

Teatro

Escreveu um dos mais importantes textos teatrais do Brasil, "O Rei da Vela", que só foi montado em 1967 pelo diretor José Celso Martinez. As peças de 1916 foram escritas em francês em parceria com Guilherme de Almeida. Os textos da década de 30 trazem conteúdo político e a constante discussão das idéias socialistas e foram os primeiros textos modernos do teatro brasileiro, antecedendo, inclusive, a Nelson Rodrigues.

  • 1916 - Mon Couer Balance e Leur Ame (Parceria Guilherme de Almeida)
  • 1934 - O Homem e o Cavalo
  • 1937 - A Morta
  • 1937 - O Rei da Vela

Fonte: Wikipédia

Abdias do Nascimento

ABDIAS DO NASCIMENTO
(97 anos)
Professor, Escritor, Artista Plástico, Dramaturgo, Político, Ator, Poeta, Escultor e Ativista Social

* Franca, SP (14/03/1914)
+ Rio de Janeiro, RJ (23/05/2011)

Foi um dos maiores defensores da defesa da cultura e igualdade para as populações afrodescendentes no Brasil. Nome de grande importância para a reflexão e atividade sobre a questão do negro na sociedade brasileira. Teve uma trajetória longa e produtiva, indo desde o Movimento Integralista, passando por atividade de poeta, com a Hermandad, grupo com o qual viajou de forma boêmia pela América do Sul, até ativista do Movimento Negro. Ator, criou em 1944 o Teatro Experimental do Negro, e escultor.

Após a volta do exílio (1968-1978), inseriu-se na vida política e foi Deputado Federal de 1983 a 1987, e Senador de 1997 a 1999, além de colaborar fortemente para a criação do Movimento Negro Unificado (1978).

Em 2006, em São Paulo, criou o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília.

É autor de vários livros: "Sortilégio", "Dramas Para Negros", "Prólogo Para Brancos", "O Negro Revoltado", e outros.

Foi também professor benemérito da Universidade de New York.

Foi casado quatro vezes. Sua terceira esposa foi a atriz Léa Garcia, com quem teve dois filhos, e a última a norte-americana Elizabeth Larkin, com quem teve um filho.

Morte

O ativista do Movimento Negro Abdias Nascimento morreu na noite de segunda-feira (23/05/2011). A informação foi confirmada pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) na tarde desta terça-feira (24/05/2011).

Segundo Ivanir Santos, do conselho estratégico do Ceap, Abdias Nascimento, de 97 anos, estava internado no Hospital dos Servidores, no centro do Rio de Janeiro há dois meses e sofria de Diabetes.

De acordo com nota enviada pelo hospital, ele teve uma Insuficiênica Cardíaca na unidade. Ainda segundo o hospital, ele estava internado por complicações cardíacas desde o dia 15 de abril.

Filmografia


  • 2005 - Cinema de Preto
  • 1962 - Cinco Vezes Favela
  • 1962 - Terra da Perdição
  • 1959 - O Homem do Sputnik

Fonte: Wikipédia e G1

Rafael de Carvalho

MANUEL RAFAEL DE CARVALHO
(63 anos)
Ator, Produtor e Dramaturgo

* Caiçara, PB (16/02/1918)
+ Salvador, BA (03/05/1981)

Aos quinze anos deixou seu estado e foi para Salvador e se tornou ator, produtor e dramaturgo, sempre preocupado com a cultura popular e suas manifestações.

Na capital baiana ele venceu festivais interpretando poemas e escreveu o livro "Quadra Quadrilha" e duas peças. Estreou no cinema em "Aguenta o Rojão" (1958) e participou de "Um Candango na Belacap" (1961).

Na TV, começou apenas em 1973, na telenovela "O Bem-Amado", interpretando o personagem Emiliano Medrado.

Ary Fontoura e Rafael de Carvalho

Destacou-se nos filmes: "Macunaíma", "O Doce Esporte do Sexo", "O Trapalhão na Ilha do Tesouro", "Fogo Morto", "Crueldade Mortal", "Gargalhada Final", "Eles Não Usam Black-Tie" e "O Homem que Virou Suco".

Na televisão teve papéis marcantes nas telenovelas O Bem-Amado (sua estreia na TV), Gabriela e Saramandaia (TV Globo), Cavalo Amarelo (ao lado de Dercy Gonçalves) e Rosa Baiana (TV Bandeirantes).

Morreu vitimado por Infarto, logo depois de encerrar as filmagens de "O Baiano Fantasma", de Denoy de Oliveira.

Fonte: Wikipédia

Maria Clara Machado

MARIA CLARA MACHADO
(80 anos)
Escritora e Dramaturga

☼ Belo Horizonte, MG (03/04/1921)
┼ Rio de Janeiro, RJ (30/04/2001)

Maria Clara Machado foi uma escritora e dramaturga brasileira, nascida em Belo Horizonte, MG, no dia 03/04/1921. É autora de famosas peças infantis e fundadora do Tablado, escola de teatro do Rio de Janeiro. Filha de Aníbal Machado, escritor, futebolista, professor e homem de teatro brasileiro.

Nascida em Belo Horizonte, em 03/04/1921, Maria Clara mudou-se para o Rio de Janeiro aos 4 anos, indo morar em Ipanema. Permaneceu nesse bairro até sua morte, em 30/04/2001, aos 80 anos de idade.

Quando ela era criança, sua casa era um ponto de encontro de intelectuais, amigos de seu pai - nas palavras dela, "Um romântico comunista". Entre os grandes nomes que frequentavam as reuniões estavam Maria Helena Vieira da Silva, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Di Cavalcanti, Goeldi, Guignard, Cândido Portinari, Otto Lara Resende, Rubem Braga, João Cabral de Melo Neto, Moacyr Scliar e Tônia Carrero. Também passaram por lá Albert Camus e Pablo Neruda. Toda essa atmosfera contribuiu para cercar Maria Clara de cultura desde cedo.

Em 1949 concorreu a uma bolsa de estudos do governo francês para jovens intelectuais e acabou indo para Paris, onde teve contato definitivo com o teatro e a dança, se tornando aluna do mímico Decroux, do diretor Jean-Louis Barrault e de Rudolf Laban.


Um ano depois Maria Clara Machado voltou ao Brasil e foi trabalhar como enfermeira no Patronato da Gávea. Por ter muito jeito com crianças, acabou tentando montar um teatro amador com as pessoas da comunidade, mas como a grande maioria eram de operários que precisavam acordar muito cedo para trabalhar, ela tentou descobrir outra forma de realizar seu intento. Como não queria desistir dessa ideia, acabou por montar, em 1951, um grupo amador que apresentasse peças para a comunidade sem necessariamente contar com os moradores locais. Surgiu, então, o Teatro Tablado.

O Teatro Tablado apresentava peças para todos os públicos, mas sua principal força era com as peças infantis de Maria Clara Machado. Ela desenvolvia textos e fazia montagens de altíssima qualidade, até mesmo para a época. Seus textos são até hoje montados.

Considerada a maior autora de teatro infantil do país, Maria Clara Machado escreveu quase 30 peças infantis, livros para crianças e 3 peças para adultos: "As Interferências", "Os Embrulhos" e "Miss Brasil".

Além disso, o Teatro Tablado formou várias gerações de atores. Para se ter uma idéia, na primeira turma da escola faziam parte Marieta SeveroHildegard AngelNora Esteves e Djenane Machado. Durante seus 50 anos de existência, o Teatro Tablado formou mais de 5 mil atores, entre os quais várias estrelas do porte de Malu MaderLouise CardosoMiguel Falabella e Cláudia Abreu. E durante todo esse tempo, Maria Clara Machado sempre esteve presente, traçando diretrizes e ensinando mais e mais atores.


Sua primeira grande peça, "O Boi e o Burro a Caminho de Belém", de 1953, era um auto de Natal que rendeu ótimas críticas. A peça foi originalmente escrita para teatro de bonecos, mas, no fim, acabou sendo montada com atores.

De qualquer forma, foi em 1955 que surgiu o maior sucesso do Teatro Tablado e o texto mais montado de Maria Clara Machado: "Pluft, o Fantasminha". Essa peça, que conta com humor, poesia e diversas situações, possui apenas uma hora de duração, sendo considerada pela própria autora como sua obra mais completa.

Depois do sucesso de "Pluft, o Fantasminha", Maria Clara Machado escreveu várias outras peças, entre as quais "O Cavalinho Azul", "A Bruxinha Que Era Boa" e "A Menina e o Vento".

Sua última peça foi escrita em 2000, "Jonas e a Baleia", na qual Maria Clara Machado reconta esse episódio bíblico em parceria com Cacá Mourthé.

Em 2011 Maria Clara Machado foi enredo de Escola de Samba pela Porto da Pedra, pela terceira vez, sendo que a primeira foi com a Unidos do Jacarezinho e a segunda pela União da Ilha em 2003. Uma curiosidade é que o carnavalesco que desenvolveu o desfile da Porto da Pedra em 2011 é o mesmo que desenvolveu o desfile da União da Ilha em 2003.

Morte

Maria Clara Machado faleceu às 20h45 do dia 30/04/2001, aos 80 anos, em razão do Linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer no Sistema Imunológico, diagnosticado há um ano e seis meses. Faleceu em sua casa em Ipanema, no Rio de Janeiro, RJ, ao lado da sobrinha, a atriz Cacá Mourthé, amigos e familiares.

"Ela detestava hospital, e se ficasse internada sofreria mais. Ela queria ficar perto da família", disse Cacá Mourthé.

O corpo de Maria Clara Machado foi levado para a capela do Patronato da Gávea, na Lagoa, próxima ao Teatro Tablado, onde foi velado.

O sepultamento aconteceu na terça-feira, 01/05/2001, às 16h00, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Uma semana antes de seu falecimento, a escritora ganhou o Prêmio Shell de Personalidade, mas já não pôde ir recebê-lo. Foi representada por ex-alunos do Teatro Tablado, que a homenagearam.

Trabalhos

Peças Infantis (Escritora)
  • 1953 - O Boi e o Burro No Caminho de Belém
  • 1954 - O Rapto das Cebolinhas
  • 1955 - Pluft, o Fantasminha
  • 1956 - O Chapeuzinho Vermelho
  • 1957 - O Embarque de Noé
  • 1958 - A Bruxinha Que Era Boa
  • 1960 - O Cavalinho Azul
  • 1961 - Maroquinhas Fru-Fru
  • 1962 - A Gata Borralheira
  • 1963 - A Menina e o Vento
  • 1965 - A Volta do Camaleão Alface
  • 1967 - O Diamante do Grão-Mogol
  • 1968 - Maria Minhoca
  • 1969 - Camaleão na Lua
  • 1971 - Tribobó City
  • 1976 - O Patinho Feio
  • 1976 - Camaleão e as Batatas Mágicas
  • 1979 - Quem Matou o Leão?
  • 1980 - João e Maria
  • 1981 - Os Cigarras e os Formigas
  • 1984 - O Dragão Verde
  • 1985 - Aprendiz de Feiticeiro
  • 1987 - O Gato de Botas
  • 1992 - Passo a Passo no Paço
  • 1994 - A Coruja Sofia
  • 1994 - Tudo Por um Fio
  • 1996 - A Bela Adormecida
  • 2000 - Jonas e a Baleia (Com Cacá Mourthé)
  • 2004 - O Alfaiate do Rei

Peças Adultas (Escritora)
  • 1951 - A Moça da Cidade
  • 1963 - Referência 345
  • 1966 - As Interferências
  • 1970 - Os Embrulhos
  • 1970 - Miss, Apesar de Tudo, Brasil
  • 1972 - Um Tango Argentino [3]

Direção
  • 1951 - O Pastelão e a Torta
  • 1951 - A Moça e a Cidade
  • 1952 - Sganarello
  • 1953 - A Sapateira Prodigiosa
  • 1953 - O Boi e o Burro no Caminho de Belém
  • 1954 - O Rapto das Cebolinhas
  • 1955 - Pluft, o Fantasminha
  • 1956 - Chapeuzinho Vermelho
  • 1956 - A Sombra do Desfiladeiro
  • 1957 - O Embarque de Noé
  • 1958 - A Bruxinha Que Era Boa
  • 1958 - O Matrimônio
  • 1958 - O Rapto das Cebolinhas
  • 1959 - Do Mundo Nada Se Leva
  • 1960 - O Cavalinho Azul
  • 1961 - Maroquinhas Fru-Fru
  • 1962 - A Gata Borralheira
  • 1962 - O Médico à Força
  • 1963 - Barrabás
  • 1963 - A Menina e o Vento
  • 1964 - Sonho de Uma Noite de Verão
  • 1964 - Pluft, o Fantasminha
  • 1965 - Arlequim, Servidor de Dois Patrões
  • 1965 - A Volta de Camaleão Alface
  • 1966 - As Interferências
  • 1966 - O Cavalinho Azul
  • 1967 - O Diamante do Grão-Mogol
  • 1967 - As Aventuras de Pedro Trapaceiro
  • 1967 - O Pastelão e a Torta
  • 1968 - Maria Minhoca
  • 1968 - Aprendiz de Feiticeiro
  • 1969 - Pluft, o Fantasminha
  • 1969 - Camaleão na Lua
  • 1970 - Os Embrulhos
  • 1970 - Maroquinhas Fru-Fru
  • 1971 - O Boi e o Burro no Caminho de Belém
  • 1971 - Tribobó City
  • 1972 - Um Tango Argentino
  • 1972 - A Menina e o Vento
  • 1973 - O Embarque de Noé
  • 1973 - O Boi e o Burro no Caminho de Belém
  • 1974 - Vassa Geleznova
  • 1974 - Pluft, o Fantasminha
  • 1975 - O Dragão
  • 1976 - O Patinho Feio
  • 1976 - Camaleão e as Batatas Mágicas
  • 1977 - Pluft, o Fantasminha
  • 1978 - Quem Matou o Leão?
  • 1979 - O Cavalinho Azul
  • 1980 - João e Maria
  • 1980 - Platonov
  • 1981 - Os Cigarras e Os Formigas
  • 1982 - O Rapto das Cebolinhas
  • 1983 - Chapeuzinho Vermelho
  • 1984 - O Dragão Verde
  • 1985 - Aprendiz de Feiticeiro
  • 1985 - Pluft, o Fantasminha
  • 1986 - O Boi e o Burro no Caminho de Belém
  • 1987 - O Gato de Botas
  • 1988 - Tribobó City
  • 1990 - O Cavalinho Azul
  • 1991 - O Boi e o Burro no Caminho de Belém
  • 1992 - O Rapto das Cebolinhas
  • 1992 - O Boi e o Burro no Caminho de Belém
  • 1993 - O Diamante do Grão-Mogol
  • 1995 - Pluft, o Fantasminha
  • 1997 - O Gato de Botas

Como Atriz (Teatro)
  • 1949 - A Farsa do Advogado Pathelin
  • 1951 - A Moça e a Cidade
  • 1951 - O Moço Bom e Obediente (Nô Japonês)
  • 1952 - Sganarello
  • 1953 - A Sapateira Prodigiosa
  • 1954 - Nossa Cidade
  • 1955 - Diálogo das Carmelitas
  • 1955 - Tio Vânia
  • 1957 - O Tempo e os Conways
  • 1959 - Do Mundo Nada Se Leva
  • 1959 - Living-room
  • 1960 - Dona Rosita, a Solteira
  • 1961 - O Mal Entendido
  • 1981 - Ensina-me a Viver
  • 1985 - Este Mundo é um Hospício

Filmografia (Atriz)
  • 1951 - Angela
  • 1984 - O Cavalinho Azul

Televisão (Escritora)
  • 1972 - A Patota (TV Globo)

Adaptações de Suas Obras Para a TV e Cinema
  • 1964 - Pluft, o Fantasminha (Cinema)
  • 1975 - Pluft, o Fantasminha (TV Globo)
  • 1984 - O Cavalinho Azul (Cinema)

Livros
  • Pluft, O Fantasminha
  • Tribobó City
  • O Cavalinho Azul
  • O Dragão Verde
  • Clarinha na Ilha
  • Aventura do Teatro
  • Dudu e o Dinossauro
  • Lila e Sibila na Praia
  • Maria Clara Machado: Eu e o Teatro
  • Teatro I
  • Pacheco, O Cachorro Gigante
  • Teatro IV
  • O Sapateiro Feliz
  • A Menina e o Vento
  • A Bruxinha Que Era Boa
  • O Cavalinho Azul
  • Os Cigarras e os Formigas
  • A Aventura do Teatro
  • Antologia de Histórias
  • O Diamante do Grão-Mogol
  • Camaleão na Lua
  • Maria Minhoca a Volta do Camaleão Alface
  • Uma Aventura na Floresta
  • A Viagem de Clarinha
  • Teatro V: Cigarras e os Formigas, Quem Matou Leão?
  • Lila e Sibila no Mar

Prêmios

Associação de Críticos Teatrais
  • 1955 - Melhor Espetáculo (Pluft, o Fantasminha)
  • 1955 - Melhor Autor Nacional (Pluft, o Fantasminha)

Festival Nacional de Teatro Infantil, RJ
  • 1958 - Prêmio "Hors Concours" (A Bruxinha Que Era Boa)
  • 1970 - Tablado Ganha o Primeiro Lugar (Maroquinhas Fru-Fru)

Prêmio na IV Bienal de São Paulo
  • 1963 - A Menina e o Vento
  • Prêmio Paulo Pontes (FUNARJ)
  • 1980 - Uma das 7 personalidades mais atuantes no teatro em 1980

Premio Molière
  • 1980 - 30 Anos do Tablado

Prêmio Mambembe
  • 1984 - Melhor autora de texto para teatro infantil (O Dragão Verde)
  • 1985 - Melhor Autor de Peça Nacional (Indicada)
  • 1987 - Melhor Espetáculo (O Gato de Botas)
  • 1996 - Grupo, Movimento ou Personalidade (A Bela Adormecida)

Prêmio Ministério de Educação e Cultura e Inacen
  • 1985 - Cinco melhores espetáculos do ano (O Dragão Verde)
  • 1985 - Um dos melhores espetáculos apresentados no ano (Pluft, o Fantasminha)

Prêmio Coca-Cola
  • 1988 - Categoria Hors Concours
  • 1993 - Categoria Hors Concours (O Diamante do Grão-Mogol)
  • 1994 - Melhor Espetáculo (A Coruja Sofia)

Prêmio Machado de Assis Academia Brasileira de Letras (ABL)
  • 1991 - Conjunto de sua obra

Fonte: Wikipédia

Dias Gomes

ALFREDO DE FREITAS DIAS GOMES
(76 anos)
Dramaturgo e Autor de Novelas

* Salvador, BA (19/10/1922)
+ São Paulo, SP (18/05/1999)

Essencialmente um homem de teatro, aos 15 anos Dias Gomes escreveu sua primeira peça, "A Comédia dos Moralistas", com a qual ganharia o prêmio do Serviço Nacional de Teatro, no ano seguinte. Em 1942, sua peça "Amanhã Será Outro Dia" chega às mãos do ator Procópio Ferreira que, empolgado com a qualidade do texto, chama o autor para uma conversa. Embora tivesse gostado do que lera, tratava-se de um drama antinazista e Procópio achava arriscado levar à cena um espetáculo desse porte em plena Segunda Guerra Mundial. Quando questionado se não teria uma outra peça, de comédia talvez, Dias lembrou-se de "Pé de Cabra", uma espécie de sátira ao maior sucesso de Procópio até então, e não hesitou em levá-la ao grande ator que, entusiasmado, comprometeu-se a encená-la.

Sob a alegação de que a peça possuía alto conteúdo marxista, "Pé de Cabra" seria proibida no dia da estreia. Curioso notar que, embora anos depois o autor viesse a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, até então Dias Gomes nunca havia lido uma só linha de Karl Marx.

Graças à sua influência, Procópio consegue a liberação da peça, mediante o corte de algumas passagens, e a mesma é levada à cena com grande sucesso. No ano seguinte, Dias Gomes assinaria com Procópio aquele que seria o primeiro grande contrato de sua carreira, no qual se comprometia a escrever com exclusividade para o ator. Desse período nasceram "Zeca Diabo", "João Cambão", "Dr. Ninguém", "Um Pobre Gênio" e "Eu Acuso o Céu".

Infelizmente nem todas as peças foram encenadas, pois logo Dias e Procópio se desentenderam por sérias divergências políticas. Refletindo o pensamento da época, Procópio não concordava com as preocupações sociais que Dias insistia em discutir em suas peças. Tais diferenças levariam o autor a se afastar temporariamente dos palcos e ele passou a se dedicar ao rádio.

Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes travou contato pela primeira vez com aquela que viria a se tornar sua primeira esposa, a então desconhecida Janete Clair. Com ela, teria três filhos: Guilherme, Alfredo e Denise Emmer.

De 1944 a 1964, Dia Gomes adaptou cerca de 500 peças teatrais para o rádio, o que lhe proporcionou apurado conhecimento da literatura universal.

Em 1960, Dias Gomes volta aos palcos com aquele que viria a ser o maior êxito de sua carreira, pelo qual se tornaria internacionalmente conhecido: "O Pagador de Promessas". Adaptado para o cinema, "O Pagador de Promessas" seria o primeiro filme brasileiro a receber uma indicação ao Oscar e o único a ganhar a Palma de Ouro em Cannes.

Em 1965, Dias assiste, perplexo, à proibição de sua peça "O Berço do Herói", no dia da estreia. Adaptada para a televisão com o nome de "Roque Santeiro", a mesma seria proibida uma década depois, também no dia de sua estreia. Somente em 1985, com o fim do Regime Militar, o público iria poder conferir a "Roque Santeiro" - que, diga-se de passagem, viria a se tornar uma das maiores audiências do gênero.

Com a implantação da Ditadura Militar no Brasil, em 1964, Dias Gomes passa a ter suas peças censuradas, uma após a outra.

Demitido da Rádio Nacional, graças ao seu envolvimento com o Partido Comunista, não lhe resta outra saída senão aceitar o convite de Boni, então presidente da Rede Globo, para escrever para a televisão.

De 1969 a 1979 Dias Gomes dedica-se exclusivamente ao veículo, no qual demonstra incomum talento.

Em 1972 Dias Gomes levaria o povo para a televisão ao ambientar "Bandeira 2" no subúrbio carioca.

Em 1973 escreveu a primeira novela em cores da TV brasileira, "O Bem Amado".

Em 1974 já falava em ecologia e no crescimento desordenado da cidade com "O Espigão".

Em 1976, com "Saramandaia", abordaria o realismo fantástico, então em moda na literatura.

O fracasso de "Sinal de Alerta", em 1978, leva Dias a se afastar do gênero telenovela temporariamente.

Ao longo de toda a década de 80, Dias Gomes voltaria a se dedicar ao teatro, escrevendo para a televisão esporadicamente. Datam desse o período os seriados "O Bem Amado" e "Carga Pesada" (apenas no primeiro ano), e as novelas "Roque Santeiro" e "Mandala", das quais escreveria apenas parte.

Viúvo de Janete Clair, que morrera um ano antes, em 1984 Dias casa-se com a atriz Bernadeth Lyzio, com quem tem duas filhas: Mayra Dias Gomes e Luana Dias Gomes.

Nos anos 90, Dias Gomes viraria as costas de vez para as telenovelas, dedicando-se única e exclusivamente às minisséries.

Academia Brasileira de Letras

Dias Gomes ocupou a cadeira 21, cujo patrono é o maranhense Joaquim Serra e o atual ocupante é o escritor Paulo Coelho.

Teatro

1938 - A Comédia dos Moralistas
1939 - Esperidião
1940 - Ludovico
1941 - Amanhã Será Outro Dia
1942 - O Homem Que Não Era Seu
1942 - Pé-de-Cabra
1943 - Zeca Diabo
1943 - João Cambão
1943 - Dr. Ninguém
1943 - Um Pobre Gênio
1943 - Eu Acuso o Céu
1943 - Sinhazinha
1943 - Toque de Recolher
1944 - Beco Sem Saída
1949 - A Dança das Horas (Adaptação do romance "Quando é Amanhã")
1951 - O Bom Ladrão
1954 - Os Cinco Fugitivos do Juízo Final
1959 - O Pagador de Promessas
1960 - A Invasão
1961 - A Revolução dos Beatos
1962 - O Bem-Amado
1963 - O Berço do Herói
1966 - O Santo Inquérito
1968 - O Túnel
1968 - Dr. Getúlio, Sua Vida, Sua Gloria
1969 - Vamos Soltar os Demônios (Amor Em Campo Minado)
1977 - As Primícias
1978 - Phallus
1978 - O Rei de Ramos
1979 - Campeões Do Mundo
1986 - Olho No Olho
1988 - Meu Reino Por Um Cavalo
1995 - Roque Santeiro, o musical

Literatura

1945 - Duas Sombras Apenas
1946 - Um Amor e Sete Pecados
1947 - A Dama da Noite
1948 - Quando é Amanhã
1982 - Sucupira, Ame-a ou Deixe-a
1983 - Odorico na Cabeça
1994 - Derrocada
1995 - Decadência

Cinema

1960 - O Pagador de Promessas
1987 - O Rei do Rio (Adaptação de "O Rei de Ramos")
2010 - O Bem Amado

Televisão

1969 - A Ponte dos Suspiros
1970 - Verão Vermelho
1970 - Assim na Terra Como no Céu
1971 - Bandeira 2
1973 - O Bem Amado
1974 - O Espigão
1975 - Roque Santeiro (1ª Versão Censurada)
1976 - Saramandaia
1978 - Sinal de Alerta
1979 - Carga Pesada (Supervisão de Texto)
1980 - O Bem Amado (Seriado)
1982 - Um Tiro No Coração (Minisérie)
1985 - Roque Santeiro
1987 - Expresso Brasil (Seriado)
1987 - Mandala (Até o 35° Capítulo)
1988 - O Pagador de Promessas (Minisérie)
1990 - Araponga
1992 - As Noivas de Copacabana (Minisérie)
1995 - Irmãos Coragem - Remake (Supervisão de Texto)
1995 - Decadência (Minisérie)
1996 - O Fim do Mundo
1998 - Dona Flor e Seus Dois Maridos (Minisérie)

Adaptações Em Outros Países

1971 - Así en La Tierra Como en el Cielo (Argentina)
1996 - Sucupira (O Bem Amado) (TV Nacional do Chile)

Em meio à preparação de mais um trabalho para a televisão, a minissérie "Vargas" - baseada em sua peça "Dr. Getúlio, Sua Vida, Sua Glória" -, Dias Gomes morre num trágico acidente automobilístico, ao sair de um restaurante no centro de São Paulo.

Fonte: Wikipédia

Vianinha

ODUVALDO VIANNA FILHO
(38 anos)
Ator, Diretor, Dramaturgo, Roteirista, Ensaísta, Ativista Político e Animador Cultural

* São Paulo, SP (04/06/1936)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/07/1974)

Oduvaldo Vianna, filho, o Vianninha, como é comumente chamado – para diferenciá-lo do pai, também Oduvaldo Viana. Atuou profissionalmente no teatro, no cinema e na televisão, marcando sua presença constante inclusive na imprensa, em entrevistas e em artigos teóricos. Sua mãe, Deuscélia Vianna, conta que o marido foi registrar o filho que acabara de nascer na Casa de Saúde São José, no dia 4 de junho de 1936, em um cartório no Centro do Rio de Janeiro e, extremamente vaidoso, deu ao menino o nome de Oduvaldo Vianna. O escrivão, igualmente distraído, esqueceu de acrescentar o "filho". Vianninha ficaria com o mesmo nome do pai para o resto da vida.

O talento artístico e a ideologia, digamos, ele herdou dos pais, ambos ligados à dramaturgia e à militância política. Ele, jornalista, dramaturgo, cineasta e radionovelista; ela, radionovelista e escritora. Logo que nasceu, aos três meses, Vianninha já aparecia numa cena de Bonequinha de Seda e, com um ano, fazia o papel da protagonista quando criança em Alegria, dois filmes dirigidos por seu pai.

A militância política teve início aos 9 anos, quando em plena Avenida Ipiranga, na capital paulista, Oduvaldo e Deuscélia vão encontrá-lo distribuindo "santinhos", cabalando votos para o pai – candidato a deputado estadual pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), por São Paulo – gritando: "Votem em Oduvaldo Vianna, o candidato do povo!".

Esta cena arrancou lágrimas dos pais, orgulhosos com o entusiasmo do filho. Só mais tarde, em 1950, ele entraria para a União da Juventude Comunista. Ainda aos 10 anos, Vianninha tenta escrever uma história, Zé Galinha Ganha no Boxe, Perde no Amor, mas não passa do segundo capítulo.

Teatro Paulista do Estudante (TPE)

Como filhos de intelectuais famosos, Vianninha e Gianfrancesco Guarnieri foram convocados pelo partido para organizar um grupo de teatro amador no setor estudantil. Nasce, daí, o TPE, orientado pelo diretor italiano Ruggero Jacobbi, cuja primeira sede foi o apartamento dos Vianna (1954). Vianninha entrara para a Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie (1953), mas entusiasmado e envolvido com o teatro, onde atuava como ator, abandona o curso (1955), para grande tristeza do pai que o adverte: "Teatro não é profissão que sustente ninguém". O TPE se fundiria algum tempo depois com o Teatro de Arena (1956) – que existia desde 1953 sob a direção de José Renato – mas com administrações independentes.

Teatro de Arena

Vianninha estreia como ator, no elenco oficial do Arena, com a peça "Escola de Maridos", de Molière, atuando em diversas montagens. Mas é por seu trabalho em "Juno, o Pavão", de Sean O´Casey, que ele recebe os prêmios Saci e Governador do Estado como melhor ator coadjuvante (1956). Casa-se com Vera Gertel (1957), com quem já namorava desde o TPE. Escreve a peça "Bilbao, via Copacabana", e com ela ganha o Prêmio Caixa Econômica Federal.

O ano de 1958 foi muito importante para Vianninha: além de nascer seu primeiro filho, Vinícius Vianna, sua atuação em "Eles Não Usam Black Tie", de Gianfrancesco Guarnieri , com direção de José Renato, propicia-lhe grande sucesso, recuperando e levantando o Arena que estava para fechar. É iniciado, nessa época, o processo que levaria a uma verdadeira revolução na arte cênica brasileira. Com a entrada de Augusto Boal, o Arena ficou nas mãos da juventude, que queria um teatro popular voltado para a nossa realidade. Vianninha atua em "Gente Como a Gente", de Roberto Freire, e "Revolução na América do Sul", de Boal. Do Seminário de Dramaturgia surge "Chapetuba Futebol Clube" (1959), considerada a melhor peça do ano, e Vianninha recebe os prêmios Saci, Governador do Estado e da Associação de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro.

Apesar de todo o sucesso, o Arena vivia um ambiente de desencontros, com atritos e divergências políticas. Vera Gertel, que acompanhou de perto o esfacelamento do grupo, conclui:

"O Arena ficara pequeno para o Vianna [...] que queria alguma coisa mais. [Ele sentia] a necessidade de aliar a política ao teatro ideológico, participante. [...] O Arena era um teatro burguês e ele queria fazer um teatro popular".

No CPC, o Homem Político

Vianninha desliga-se do Teatro de Arena de São Paulo e retorna ao Rio de Janeiro (1960), onde já estavam morando seus pais. O pontapé para uma nova etapa foi dado com a sua mais recente criação: A Mais-valia Vai Acabar, Seu Edgar, encenada na areninha da Faculdade de Arquitetura, na Urca, com músicas de Carlos Lyra e direção de Chico de Assis.

Para Vianninha, a alternativa era produzir conscientização em massa, em escala industrial, para fazer frente ao poder econômico que produz alienação em massa. Surge então o Centro Popular de Cultura (CPC), em 1961, que se liga à União Nacional dos Estudantes (UNE), com Vianninha, Carlos Estevam (assistente de Álvaro Vieira Pinto, do Iseb), Leon Hirszman, Francisco de Assis, Carlos Lyra, Armando Costa, Cacá Diegues, Arnaldo Jabor, Paulo Afonso Grisolli, Carlos Vereza, Joel Barcelos, Antônio Carlos Fontoura e, depois, Ferreira Gullar, Thereza Aragão, João das Neves, Pichin Plá e muitos outros. Vianninha atua no filme "Cinco Vezes Favela", no episódio dirigido por Cacá Diegues (1962).

Com o CPC foi criado o teatro de rua, que se apresentava em praças públicas, favelas, associações e sindicatos. Seu repertório era constituído por criações coletivas de esquetes relâmpagos e autos, como "Auto do Tutu", "Auto do Cassetete", "Auto dos 99%" ou de peças curtas, como "Brasil, Versão Brasileira", do próprio Vianninha, e "Miséria ao Alcance de Todos", de Arnaldo Jabor. "Quatro Quadras de Terra", escrita por Vianninha em 1963, ganha no ano seguinte o primeiro lugar no concurso de dramatização da Casa de las Americas (Cuba).

Com o golpe militar de 31 de março de 1964, Vianninha e a turma do CPC viram a invasão e o incêndio da UNE – com seu teatro recém-construído – tudo transformado em cinzas. Era o projeto de suas vidas que também desmoronava. Ainda em 1964, Vianninha voltaria a escrever duas telepeças: "O Matador" e "O Morto do Encantado Saúda e Pede Passagem", premiadas com o primeiro e o quinto lugares, respectivamente, em concursos no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Opinião: Uma Saída Musical

A situação do país alterara-se profundamente. Os ex-cepetistas formaram um grupo voltado para protestar contra a ditadura, um teatro de resistência que atingisse a classe média e os setores de oposição, tal como o Arena. O Opinião era formado pelo chamado Grupo dos Oito: Vianninha (liderando), Ferreira Gullar, Thereza Aragão, Armando Costa, Denoy de Oliveira, Paulo Pontes, João das Neves e Pichin Plá. Optaram por um show com músicas populares e texto escrito por Vianninha, Armando Costa e Paulo Pontes, abordando a vida de três personagens: uma moça de classe média da zona sul carioca, um favelado e um camponês. Os personagens falavam de seus conflitos sociais e discorrriam sobre os problemas do país. O elenco, composto por Nara Leão – depois substituída por Maria Bethânia – o sambista Zé Keti e o cantador maranhense João do Vale, contou com a direção de Augusto Boal. O show foi montado com muito sacrifício, no "shopping dos Antiquários", na Rua Siqueira Campos (Copacabana), no espaço antigamente ocupado pelo Arena de São Paulo. Opinião foi saudado pela imprensa como o acontecimento cultural mais importante do teatro brasileiro naquele ano. Uma verdadeira catarse. O espetáculo se constituiria em divisor de águas, como detonador da resistência cultural ao regime de exceção.

Em seguida, o grupo montaria "Liberdade, Liberdade" (1965), de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, tendo à frente do elenco Paulo Autran, Tereza Rachel e Vianninha. Nesse mesmo ano, Vianna Filho escreveu "Moço em Estado de Sítio" – considerada pelo crítico Yan Michalski "uma obra de ruptura, com estrutura ousada, numa dinâmica cinematográfica" – que permaneceu no anonimato durante 12 anos, depois de sofrer censura e ter proibida a sua encenação. Outra peça proibida e censurada foi o musical de Vianna Filho e Armando Costa, "Brasil Pede Passagem". Os dois autores fizeram então, juntamente com Sérgio Cabral, "Samba Pede Passagem", em homenagem a Noel Rosa, com uma colagem de textos de autores famosos.

Nesse mesmo ano, Vianninha atuou no filme "Desafio", de Paulo César Saraceni. Porém, o Opinião continuava a toda e seria montada a peça "Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come", cujo roteiro foi inicialmente escrito de forma coletiva. Mais tarde, os três atos foram estruturados por Vianninha, e Ferreira Gullar reescreveria o texto sob a forma de versos de cordel. A peça foi dirigida por Gianni Ratto (1965). Nosso crítico de plantão, Michalski, mais uma vez diria: "Surpreendente e agradabilíssima teatralidade do espetáculo, que mereceu o Prêmio Molière, como melhores autores do ano, e ainda os prêmios Saci e Governador do Estado de São Paulo, como melhor peça do ano".

Paralelamente, Vianninha escrevia uma peça que fugia na época dos objetivos e das propostas do grupo: "Mão na Luva" ficou guardada por 18 anos. Segundo Yan Michalski, o autor escreveu "um apaixonadíssimo poema de amor, recitado através de diálogos de um lirismo desesperado" (27/07/1966). Para o Opinião, ele escrevia, em parceria com Thereza Aragão, o show "Telecoteco Opus nº 1"; e sozinho, "Os Azeredos mais os Benevides", que lhe valeu Menção Honrosa no concurso do Serviço Nacional de Teatro (SNT). Atuou, ainda, em dois filmes – "A Derrota", de Mario Fiorani e "Mar Corrente", de Luís Paulino dos Santos – este último, ao lado de Odete Lara. Escreveu para o semanário Folha da Semana, ligado ao PCB, cujos redatores-chefes eram Sérgio Cabral e Maurício Azêdo.

O governo militar baixara uma portaria policialesca, que resultou na Semana de Protesto contra a Censura, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Isto, em 1967. A crise se estabeleceria no "Grupo Opinião", com a encenação de "Meia Volta Volver", de Vianninha. Nessa época, ele participava como ator em "A Saída? Onde Fica a Saída?", de Armando Costa, Antônio Carlos Fontoura e Ferreira Gullar (1968).

A Barra Começa a Pesar

Vianninha, Paulo Pontes e Armando Costa desligam-se do "Opinião" e se unem-se a Gianni Ratto e a Sérgio Fadel para formarem o Teatro do Autor Brasileiro (TAB). Estrearam com um musical, a revista "Dura Lex Sed Lex, no Cabelo só Gumex", que Vianninha escreveria em colaboração com Armando Costa e Paulo Pontes. O espetáculo não teve sucesso e o TAB fechou suas portas com dívidas no início de 1968.

Os teatros do eixo Rio-São Paulo entraram em greve de protesto por três dias. Artistas e intelectuais ocuparam as escadarias do Municipal carioca para denunciar o terrorismo cultural. Vianninha abriu uma faixa com os dizeres "Teatro brasileiro em greve contra a censura, pela cultura", improvisando comícios-relâmpago. Um crítico ferrenho seu comparece, surpreendendo a todos: Nelson Rodrigues.

Acontece a Passeata dos Cem Mil e a dissolução do Congresso da UNE, com a prisão de 700 estudantes. Vianna Filho escreveria, em meados desse ano, "Papa Highirte", vencendo o Concurso Nacional de Dramaturgia do SNT. Mas sua encenação foi proibida pela Censura, assim como a sua publicação, permanecendo 11 anos em silêncio.

Em dezembro de 1968 é editado o AI-5 e, a partir de 1969, a Lei de Segurança Nacional incluiria o banimento e até a pena de morte no país, com censura prévia nos jornais e nas revistas. Para Vianninha, a situação se tornara cada vez mais sufocante. Paulo Pontes decide então levá-lo para a TV Tupi, onde Bibi Ferreira apresentava o programa semanal "Bibi – Série Especial", numa época de muito preconceito – entre os intelectuais – contra a televisão.

Foi nesse clima que ele escreveria, para o teatro, "A Longa Noite de Cristal", conquistando o Prêmio Coroa como melhor texto de 1969. No ano seguinte, depois de estrear em São Paulo sob a direção de Celso Nunes, a peça conquista o Prêmio Molière em duas categorias: melhor autor e melhor diretor. Ainda em 1969, Vianninha – inspirado em scripts de seus pais para o rádio – escreveria "Brasil e Cia.", com os parceiros Armando Costa, Ferreira Gullar e Paulo Pontes.

Em 1970 casa-se com Maria Lúcia Marins. Atua ao lado de Glauce Rocha no filme "Um Homem sem Importância", de Alberto Salvá, e escreve "Corpo a Corpo", encenada no ano seguinte por Celso Nunes. Nesse mesmo ano, era escrita e encenada a sua peça "Em Família", dirigida por Sérgio Brito. Posteriormente, o texto seria transformado pelo autor em roteiro de filme, dirigido por Paulo Porto e merecedor da Medalha de Prata no Festival Internacional de Moscou (1971). O mesmo texto, reescrito em 1972 por Vianninha, teve seu título mudado para "Nossa Vida em Família". Nesse ano, há dois acontecimentos marcantes na vida do artista: a alegria pelo nascimento do segundo filho, Pedro Ivo e a tristeza pelo falecimento de seu querido pai, Oduvaldo Viana. Além disso, perderia o emprego na TV Tupi e, em contrapartida, teria uma nova peça encenada sob a direção de José Renato: "Allegro Desbum".

Convidado a trabalhar na TV Globo, passaria a sofrer pressões das "patrulhas ideológicas", que consideravam que o artista capitulara diante das tentações do sistema. Mas Vianninha responde: "Recusar-se a trabalhar em televisão em pleno século XX é, no mínimo, burrice". Vianninha começa, então, a fazer adaptações de obras clássicas para telepeças, no programa "Casos Especiais", da Globo: "Medéia", "Noites Brancas", "A Dama das Camélias" (com Gilberto Braga), "Mirandolina", "Ano Novo", "Vida Nova", "As Aventuras de uma Garrafa de Champanhe" (com Domingos Oliveira), além de adaptar um texto de sua autoria, "O Matador".

"A Grande Família" seria lançado em 1973, na mesma emissora, em forma de seriado. Baseado em uma sitcom americana, Vianninha escrevia os textos com Armando Costa e o programa tinha a direção de Paulo Afonso Grisolli. O diretor considera Vianninha como um dos que mais contribuíram para introduzir um conceito de dramaturgia brasileira na televisão.

Rasga Coração

No dia 11 de abril de 1973 – véspera de Vianninha ser operado para a retirada de um Tumor no Pulmão – nasce a filha Mariana Marins Vianna. Com uma aparente melhora, o artista passaria a se dedicar aos episódios de "A Grande Família", além de continuar pesquisando para o segundo ato de "Rasga Coração" e de atualizar uma comédia do pai, "O Homem que Nasceu Duas Vezes", rebatizada de "Mamãe, Papai Está Ficando Roxo!", que seria dirigida por Walter Avancini. Mas seu estado de saúde piora e, com a ajuda da TV Globo, Vianninha e sua mulher viajam para os Estados Unidos (fevereiro de 1974), para que ele se submeta a novo tratamento. Volta ao Brasil no final de março, 15 quilos mais magro, desenganado. Porém, como um obstinado, começa a ditar para um gravador o segundo ato de "Rasga Coração", que começara a escrever em 1971. Deuscélia fazia a transcrição, datilografava e levava para o filho corrigir à mão.

Vianninha piorou e foi internado no Hospital Silvestre. Mesmo em estado crítico, decidiu ainda concluir o programa-piloto de "Turma, Minha Doce Turma" para a Globo. Enquanto isso, a batalha empreendida por José Renato para liberar "Rasga Coração" fora perdida. Além de censurada, a peça teve sua encenação e publicação proibidas. Mesmo assim, "Rasga Coração" recebeu o primeiro prêmio no concurso do SNT, por unanimidade da banca, sendo liberada pela Censura apenas cinco anos depois. No prefácio da peça, escrito em 28/02/1972, o autor dedicaria ao "lutador anônimo político, aos campeões de lutas populares; preito de gratidão à ‘velha guarda’: à geração que me antecedeu, que foi a que politizou em profundidade a consciência do país".

Oduvaldo Vianna, filho, veio a falecer na manhã do dia 16 de julho de 1974, aos 38 anos. Sua obra "Rasga Coração" estreou em 21 de setembro de 1979 no Teatro Guaíra (Curitiba/PR). A crítica de teatro Ilka Zanotto assim descreveu a estreia:

"Recebeu, ao descer a cortina, 8 minutos de aplausos, uma apoteose. Na segunda noite, o público simplesmente se recusava a deixar o teatro, com aplausos intermináveis, gritos de 'bravo', lágrimas e abraços, numa fusão total entre palco e plateia, mergulhado numa catarse autêntica preconizada pelo velho Aristóteles".

Não poderia ter outro resultado: Prêmio Molière de 1979.

Nelson Rodrigues, um ultra-crítico de Vianninha, assim declarou: "Rasga Coração é uma das mais belas e fascinantes obras-primas do teatro brasileiro. Não posso ser mais conclusivo e definitivo". Vianninha foi um autor super-premiado – só o Molière, foram quatro – que revolucionou a arte cênica brasileira com uma dramaturgia que tem, pelo menos, duas obras-primas: "Rasga Coração" e "Papa Highirte". Ele buscou, infatigavelmente, imprimir sentido político à sua notável produção intelectual, vinculando-a, desde os primeiros escritos, aos deserdados, aos oprimidos e aos derrotados.

Em entrevista a Alfredo Souto de Almeida, Vianninha falou sobre a influência que recebeu do pai:

"Acho que aprendi sempre vendo meu pai ditar as peças dele, as novelas dele, durante toda a vida [...] E eu acho que foi através disso que fui muito influenciado, mesmo. Inclusive eu tenho a impressão de que a influência é direta até no tipo de tratamento, no tipo de diálogo, um pouco sincopado, uma série de coisas que meu pai teve como característica".

Carlos Estevam, um dos fundadores e dirigente do CPC, assim resumiu:

"Sei que vou dizer uma frase bombástica, mas não estou enganado ao guardar do Vianninha a certeza de que ele seria a espécie humana num futuro remoto. O homem evoluirá para ser como ele foi; alguém completamente disponível para as outras pessoas".

"Se tu queres ver a imensidão do céu e do mar/ refletindo a prismatização da luz solar/ rasga o coração, vem te debruçar/ sobre a vastidão do meu penar".
(Catulo da Paixão Cearense / Anacleto Medeiros)

Ele morreu de câncer com menos de 40 anos e em pleno sucesso profissional e estava casado pela segunda vez com Maria Lúcia Mariz, com quem teve dois filhos.

Fonte: Funarte