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Antônio Olinto

ANTÔNIO OLINTO MARQUES DA ROCHA
(90 anos)
Escritor

* Ubá, MG (10/05/1919)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/09/2009)

Sua obra abrange poesia, romance, ensaio, crítica literária, análise política, literatura infantil e dicionários.

Estudou Filosofia e Teologia nos seminários católicos de Campos, Belo Horizonte e São Paulo. Desistiu de ser padre.

Foi professor durante dez anos de Latim, Português, História da Literatura, Francês, Inglês e História da Civilização, em colégios do Rio de Janeiro.

Era, desde 1998, Professor Visitante do Curso de Letras da UniverCidade - Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro.

Em 10/05/2004, o reitor Paulo Alonso inaugurou, no Campus Méier, a Biblioteca Antônio Olinto, com a presença do imortal que, em seu discurso, demonstrou o contentamento em estar podendo participar de uma inauguração dessa importância.

"Geralmente, as homenagens são prestadas in memoriam. O meu amigo Paulo Alonso está me fazendo a grande gentileza de me fazer mais feliz em poder estar aqui com ele e com tantos alunos e professores, neste dia e neste momento de extrema felicidade. É para mim uma enorme honra poder batizar essa bem equipada biblioteca com o meu próprio nome."

O acadêmico Antônio Olinto merece todos os nossos aplausos e todas as nossas homenagens, por ser um dos mais notáveis escritores e um dos mais importantes intelectuais brasileiros.

Traduzido em mais de 35 idiomas, Olinto contribuiu, dessa forma, para divulgar nossa cultura, nossa literatura e nossa gente em todos os cantos do mundo. Daí, a UniverCidade, no dia 10/05/2004, dia em que comemoria 85 anos, ter decidido prestar-lhe essa singela e mais do que merecida homenagem, acrescentou o reitor Paulo Alonso.

Grandes Paixões

Suas grandes paixões são a Música Africana e a Cultura Africana.

Quando na África, descobriu a cultura negra no Brasil e a presença brasileira na África. Na Bahia, foi escolhido, juntamente com Jorge Amado, para ser Obá de Xangô, no candomblé do Ilê Axé Opô Afonjá.

Academia Brasileira de Letras

É o quinto ocupante da cadeira 8 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é o poeta Cláudio Manuel da Costa. Foi eleito em 31 de julho de 1997, na sucessão de Antônio Callado e recebido em 12 de setembro de 1997 pelo acadêmico Geraldo França de Lima.

A causa de sua morte foi Falência Múltipla dos Órgãos.

Fonte: Wikipédia

Pagu

PATRÍCIA REHDER GALVÃO
(52 anos)
Escritora e Jornalista

* São João da Boa Vista, SP (09/06/1910)
+ Santos, SP (12/12/1962)

Conhecida pelo pseudônimo de Pagu, foi uma escritora e jornalista. Teve grande destaque no Movimento Modernista iniciado em 1922, embora não tivesse participado da Semana de Arte Moderna porque, na época, contava apenas com onze anos de idade.

Militante comunista, foi a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas.

Bem antes de virar Pagu, apelido que lhe foi dado pelo poeta Raul Bopp, Zazá, como era conhecida em família, já era uma mulher avançada para os padrões da época, pois cometia algumas extravagâncias como fumar na rua, usar blusas transparentes, manter os cabelos bem cortados e eriçados e dizer palavrões. Ela não queria saber o que pensavam dela, tinha muitos namorados e causava polêmica na sociedade. Esse comportamento não era nada compatível com sua origem familiar, porque provinha de uma tradicional família e muito conservadora.

Embora tenha se tornado musa dos modernistas, Pagu não participou da Semana de Arte Moderna. Tinha apenas 12 anos em 1922, quando a Semana se realizou. Entretanto, com 18 anos, mal completara o curso na Escola Normal da capital (São Paulo, 1928) se integra ao Movimento Antropofágico, de cunho modernista, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.


O apelido Pagu surgiu de um erro do poeta modernista Raul Bopp, autor de Cobra Norato. Raul Bopp inventou este apelido, ao dedicar-lhe um poema, porque imaginou que seu nome fosse Patrícia Goulart e por isso fez uma brincadeira com as primeiras sílabas do nome.

Em 1930, um escândalo para a sociedade conservadora de então: Oswald de Andrade separa-se de Tarsila do Amaral e casa-se com Pagu. Especula-se que eles eram amantes desde a época que Oswald era casado. No mesmo ano, nasce Rudá de Andrade, segundo filho de Oswald e primeiro de Pagu. Os dois se tornam militantes do Partido Comunista.

Ao participar da organização de uma greve de estivadores em Santos, Pagu é presa pela polícia política de Getúlio Vargas. Era a primeira de uma série de 23 prisões, ao longo da vida.

Logo depois de ser solta, em (1933), partiu para uma viagem pelo mundo, deixando no Brasil o marido e o filho. No mesmo ano, publica o romance Parque Industrial, sob o pseudônimo de Mara Lobo.

Pagu e seu filho Rudá (Santos, SP)
Em 1935 é presa em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, e é repatriada para o Brasil. Separa-se definitivamente de Oswald de Andrade, por conta de muitas brigas e ciúmes. Ela retoma sua atividade jornalística, mas é novamente presa e torturada pelas forças da ditadura, ficando na cadeia por cinco anos. Nesses cinco anos, seu filho é criado por Oswald.

Ao sair da prisão, em 1940, rompe com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskista. Integra a redação de A Vanguarda Socialista junto com seu marido Benedito Geraldo Ferraz Gonçalves, o crítico de arte Mário Pedrosa, Hilcar Leite e Edmundo Moniz.

Da união com Geraldo Ferraz nasce seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz, em 18 de junho de 1941. Passa a morar com os dois filhos e o marido. Oswald de Andrade visita Rudá e eles passam a se relacionar como amigos. Nessa mesma época viaja à China e obtém as primeiras sementes de soja que foram introduzidas no Brasil.

Em 1952 frequenta a Escola de Arte Dramática de São Paulo, levando seus espetáculos a Santos. Ligada ao teatro de vanguarda apresenta a sua tradução de A Cantora Careca de Ionesco. Traduziu e dirigiu Fando e Liz de Arrabal, numa montagem amadora onde estreava um jovem artista Plínio Marcos.

É conhecida como grande animadora cultural em Santos, onde passa a residir com marido e os dois filhos. Dedica-se em especial ao teatro, particularmente no incentivo a grupos amadores. Em 1945 lança novo romance, A Famosa Revista, escrito em parceria com o marido Geraldo Ferraz. Tenta, sem sucesso, uma vaga de deputada estadual nas eleições de 1950.


Ainda trabalhava como crítica de arte, quando foi acometida de um Câncer. Viaja a Paris para se submeter a uma cirurgia, sem resultados positivos. Decepcionada e desesperada por estar doente, Patrícia tenta suicídio, o que não se concretizou. Sobre o episódio, ela escreveu no panfleto Verdade e Liberdade: Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas.

Volta ao Brasil e morre em 12 de dezembro de 1962, em decorrência da doença, para total tristeza de marido e filhos.

Em 2004 a catadora de papel Selma Morgana Sarti, em Santos, encontrou no lixo uma grande quantidade de fotos e documentos da escritora e do jornalista Geraldo Ferraz, seu último companheiro. Estes fazem parte hoje do arquivo da Unicamp.

Em 2005, a cidade de São Paulo comemorou os 95 anos de nascimento de Pagu com uma vasta programação, que incluiu lançamento de livros, exposição de fotos, desenhos e textos da homenageada, apresentação de um espetáculo teatral sobre sua vida e inauguração de uma página na internet. No dia exato de seu nascimento, convidados compareceram com trajes de época a uma Festa Pagu, realizada no Museu da Imagem e do Som.

Outra faceta de Pagu é como desenhista e ilustradora. Participou da Revista de Antropofagia, publicada entre 1928 e 1929, entre outras. Recentemente foi publicado o livro Caderno de Croquis de Pagu, com uma coletânea de trabalhos da artista, bem como foi realizada uma exposição de alguns de seus desenhos na Galeria Hermitage.

Literatura

Pagu publicou os romances Parque Industrial (edição da autora, 1933), sob o pseudônimo Mara Lobo, considerado o primeiro romance proletário brasileiro, e A Famosa Revista (Americ-Edit, 1945), em colaboração com Geraldo Ferraz. Parque Industrial foi publicado nos Estados Unidos em tradução de Kenneth David Jackson em 1994 pela Editora da University of Nebraska Press.

Escreveu também contos policiais, sob o pseudônimo King Shelter, publicados originalmente na revista Detective, dirigida pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, e depois reunidos em Safra Macabra (Livraria José Olympio Editora, 1998).

Em seu trabalho junto a grupos teatrais, revelou e traduziu grandes autores até então inéditos no Brasil como James Joyce, Eugène Ionesco, Arrabal e Octavio Paz.

Representações na Cultura

Em 1988, a vida de Pagu foi contada no filme Eternamente Pagu (1987), no primeiro longa metragem dirigido por Norma Bengell, com Carla Camurati no papel-título, Antônio Fagundes como Oswald de Andrade e Esther Góes no papel de Tarsila do Amaral.

Foi tema de dois documentários, um produzido por seu filho Rudá de Andrade e outro pelo cineasta Ivo Branco, com o título Eh, Pagu!, Eh!. Aparece como personagem do filme O Homem do Pau-Brasil.

Foi retratada como personagem na minissérie Um Só Coração (2004), interpretada por Miriam Freeland.

Há uma canção homônima, Pagu, composição de Rita Lee e Zélia Duncan. Já interpretada por Maria Rita Camargo Mariano.

A história de Pagu também chegou aos palcos do teatro. No ano do centenário de seu nascimento entrou em cartaz o espetáculo Dos Escombros de Pagu, baseado no livro homônimo assinado por Tereza Freire.

Fonte: Wikipédia

Luz del Fuego

DORA VIVACQUA
(50 anos)
Atriz, Bailarina, Vedete, Naturista, Escritora e Feminista

☼ Cachoeiro de Itapemirim, ES (21/02/1917)
┼ Rio de Janeiro, RJ (19/07/1967)

Dora Vivacqua, mais conhecida pelo nome artístico Luz del Fuego, foi uma dançarina, naturista, atriz, escritora e feminista brasileira nascida em Cachoeiro de Itapemirim, ES, no dia 21/02/1917.

Destacou-se como pioneira na implementação do naturismo no Brasil entre os anos 1940 e 1950, tendo sido a fundadora do primeiro reduto naturista da América Latina e a primeira nudista brasileira. É também reconhecida por sua contribuição na luta pela emancipação das mulheres.

Nascida no Espírito Santo, Dora Vivacqua pertencia a uma família de intelectuais e políticos, que realizava em sua residência reuniões literárias com a presença de relevantes personalidades do modernismo brasileiro, em Belo Horizonte, onde se estabeleceu em 1920.

Bacharelada em Ciências e Letras, optou por apresentar-se no picadeiro de um circo sob o pseudônimo Luz Divina, em 1944, antes de o substituir por Luz del Fuego, dançando com um casal de serpentes enrolado em seu corpo quase sempre nu. As performances da moça logo provocaram furor por todo o país e transformaram-na em uma das principais atrações dos populares teatros de revista. Embora repudiada pelos mais conservadores, que a consideravam "uma ameaça aos bons costumes", Luz del Fuego atraía enorme público para os seus espetáculos e tornou-se uma das vedetes mais conhecidas dos anos 1950 no Brasil, recebendo propostas para excursionar pelo exterior.

Por suas apresentações enfrentou forte repressão das autoridades em algumas cidades, sendo, em várias delas, expulsa ou impedida de entrar.

No final dos anos 1940, começou a expor os seus ideais existencialistas, naturistas, em defesa dos direitos da mulher e da liberdade de expressão, e em combate aos preconceitos sociais. Escreveu dois livros, em um dos quais lançava a teorização do movimento naturista brasileiro e, como resultado, viu-o ser banido das livrarias.

Tentou candidatar-se a deputada federal com um partido político por ela fundado, mas impedido de ser registrado, e aventurou-se esporadicamente em algumas produções cinematográficas ao longo dos anos 1950. Por meio de uma autorização que recebeu da Marinha do Brasil, foi viver em uma ilha por ela rebatizada de Ilha do Sol, onde fundou o Clube Naturalista Brasileiro.

Apesar da popularidade de seus espetáculos, a artista sofreu dificuldades financeiras em seus últimos anos de vida. Luz del Fuego foi assassinada, juntamente com o seu caseiro, por dois pescadores na Ilha do Sol, em 19/07/1967. Seus corpos foram lançados ao mar, mas recuperados em 02/08/1967.

Sua história foi tema do documentário "A Nativa Solitária" (1954), recuperado pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), de cujo acervo faz parte, bem como de um filme que leva o seu nome lançado em 1982.

Luz del Fuego com uma de suas serpentes, em 1945
Primeiros Anos

Dora Vivacqua nasceu em 21/02/1917, em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Décima-quinta filha de José Antônio VivacquaEtelvina Souza Monteiro Vivacqua, mudou-se com a sua família para Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1920, quando tinha 3 anos de idade.

Oriunda de uma tradicional família de políticos e intelectuais descendente da imigração italiana no Espírito Santo, residiu no chamado Salão Vivacqua nos anos seguintes, onde saraus mensais frequentados por Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava eram realizados.

Em Minas Gerais, descobriu o serpentário da Fundação Ezequiel Dias, que logo se tornou o seu lugar preferido, e começou a participar, aos 4 anos, dos saraus promovidos pela turma modernista de Belo Horizonte. Concluiu o ensino superior e bacharelou-se em Ciências e Letras.

Desde muito cedo, Dora Vivacqua exibiu comportamento rebelde, recusando-se a acatar ordens ou opiniões sobre o que fazia. Costumava caminhar pela praia de Marataízes somente de roupa íntima e bustiê improvisado com lenços. Nos carnavais, sempre aparecia com curtas fantasias confeccionadas por si, e tinha verdadeira aversão às convenções sociais e às ideologias conservadoras que lhe eram impostas. Certa vez, aos 20 anos, fugiu para o Rio de Janeiro, e, após ser encontrada pela família, foi enviada ao Colégio da Imaculada Conceição, em Botafogo, do qual se retirou após atingir a maioridade, à época, 21 anos.

Em 1929, a família retornou para Cachoeiro de Itapemirim, onde, em 19/08/1932, seu pai foi assassinado por um grupo de pessoas que, dias antes, ele expulsara de um dos seus terrenos. Com o falecimento do marido, Etelvina resolveu retornar para Belo Horizonte com as filhas que ainda não tinham casado, mas Dora Vivacqua, pouco tempo depois, foi morar no Rio de Janeiro sob a tutela de Attilio, um de seus irmãos.


No Rio de Janeiro, foi introduzida ao meio artístico e cultural pelo radialista César Ladeira, da Rádio Mayrink Veiga, e, mais tarde, conheceu José Mariano Carneiro da Cunha Neto, no Cassino da Urca, que a levou aos locais frequentados pela elite brasileira.

Embora inicialmente tranquilizada, a família Vivacqua logo enfrentou problemas com o comportamento da garota, especialmente o seu irmão. Contrariando-o, ela ingressou na equipe de um circo aos 15 anos e Atillio, então eleito deputado constituinte, decidiu mandá-la de volta para Belo Horizonte a fim de evitar o envolvimento de seu nome em escândalos.

Após retornar para Belo Horizonte, foi morar com a irmã Angélia e seu marido, Carlos, que começou a assediá-la. Quando flagrado pela esposa, ele convenceu-a de que foi Dora Vivacqua a responsável pelo acontecido e fez a família considerá-la esquizofrênica, o que resultou no internamento da moça no Instituto Raul Soares por um período de dois meses em 1936.

Quando deixou o manicômio, a jovem havia perdido 10 kg e, por sugestão de seu irmão Achilles, que com ela estava preocupado, foi morar na fazenda de Archilau, um outro irmão. Lá, desfrutava de imensa liberdade apesar de sempre estar acompanhada do filho do administrador da fazenda, para quem resolveu aparecer um dia como "Eva", usando apenas três folhas de parreira amarrados aos seios e à região do púbis, e duas cobras-cipós envoltas em seus braços. Ao ser repreendida pelo irmão, Dora Vivacqua agrediu-o e, consequentemente, foi mais uma vez internada em uma clínica psiquiátrica, desta vez na Casa de Saúde Drº Eiras, no Rio de Janeiro. Achiles novamente interveio a seu favor e, após deixar o local, ela foi viver com outra irmã, Mariquinhas, em Cachoeiro de Itapemirim.

O espírito rebelde da jovem, porém, ainda era muito vívido e, em novembro de 1937, Dora Vivacqua fugiu de volta para o Rio de Janeiro, onde reatou o romance com Mariano, mas nunca quis oficializar a relação, que durou 5 anos. Novamente na, à época, capital do país, conseguiu, com o auxílio de Fernando de Sousa Costa, então Ministro da Agricultura, ingressar em um aeroclube para adquirir um brevê e, pouco depois, começou a praticar paraquedismo, mas parou de fazê-lo por exigência de Mariano. As desavenças entre o casal intensificaram-se quando Dora Vivacqua matriculou-se em um curso de dança de Eros Volúsia. Mariano exigia-lhe o abandono das aulas, mas ela o ignorou. Deixou-o após descobrir que ele mantinha uma relação amorosa com outra mulher.

O Sucesso de Luz del Fuego e as Teorias Naturistas

Depois de pôr um fim ao seu romance com MarianoDora Vivacqua decidiu seguir a carreira artística, por volta de 1942. Dizem algumas fontes, sem base documental, que Dora Vivacqua estreara em um circo chamado Pavilhão Azul, em 1944, sob o pseudônimo Luz Divina, de modo que somente adotou o nome artístico com o qual se tornou famosa em 1947, por sugestão de um palhaço chamado Cascudo. Essas informações, amplamente difundidas em biografias on-line e impressas da artista, contradizem os jornais dos anos 1940, que trazem informações sobre a estreia de Luz del Fuego, já com este pseudônimo, no Teatro de Tevista em agosto de 1944. Corrobora esta informação uma entrevista que a artista concedera à revista Carioca, publicada em janeiro de 1944, uma vez mais a utilizar Luz del Fuego, bem como informações divulgadas sobre as suas excursões pelo exterior já como Luz del Fuego e antes de 1947. Porém, na edição de 19/01/1945, um repórter de O Jornal relatou o seguinte: "Luz del Fuego, dizem, já se chamou Luz Divina. Quase esteve em cassinos e a jiboia era sua companheira", o que pode indicar certa veracidade quanto à sua estreia no circo, apesar de o ano em que o fez ainda ser conflitante. É provável, pois, que isto tenha ocorrido entre 1942 e 1943, já que Luz del Fuego, em entrevista ao A Noite, afirmou ter-se lançado à carreira artística em 1942.

Para além da obscuridade acerca da origem de seu nome artístico, o motivo pelo qual incluiu serpentes nos seus espetáculos é também incerto. Encontra-se difundida em publicações a história de que a artista fora inspirada pela leitura de um livro sobre mulheres macedônicas que praticavam a dança com aqueles animais.

Após pesquisar no Instituto Vital Brazil, concluiu serem as jiboias as menos perigosas, portanto, as mais apropriadas para aquela finalidade. Na supracitada entrevista à revista Carioca, em 1944, Luz del Fuego afirmou que tencionava "apresentar coisas novas sem ser excêntrica [...] Idealizei a Tentação de Eva, porém tinha um medo danado das serpentes! Mas, não seria esse o motivo para fazer malograr o meu ideal. Aprendi a domesticar cobras e hoje com elas trato familiarmente!".

Sejam quais forem as origens de seu nome artístico, é fato que a artista estreou oficialmente em 1944, com espetáculos por ela idealizados - como a própria afirma, uma vez mais à revista Carioca, àquele ano -, intitulados "Tentação de Eva", "Lenda da Cobra Grande", "Baile de Cleópatra", "Macumba Para Prender Um Amor", "Frevo" (uma mistura de dança e mímica), "Batuque e Cocktail", para além de "Noturno Carioca", este escrito por Ary Barroso.

A sua primeira exibição no Teatro de Revista ocorreu em agosto de 1944, na peça "Tudo é Brasil", realizada no Teatro Recreio, propriedade de Walter Pinto, no Rio de Janeiro.

Em 1945, Luz del Fuego exibiu-se em casas de espetáculos pelo Panamá, por Uruguai e por Buenos Aires, na Argentina, e, em 1946, estreou nos cinemas nacionais, na produção "No Trampolim da Vida", em que apresentou "números excitantes com cobras vivas", nas palavras de um repórter do periódico A Scena Muda, em dezembro de 1946.


Em 1947, embarcou em uma excursão por Nova York, nos Estados Unidos, onde se apresentou em danceterias noturnas por três meses. Passou uma temporada na América do Norte entre 1947 e 1948, aprimorando os seus estudos de dança moderna. Foi também nesta época em que Luz del Fuego descobriu os filósofos existencialistas e as colônias nudistas da Europa e resolveu aprofundar os seus conhecimentos sobre os temas. Tornou-se adepta do naturismo e decidiu ser a precursora de sua implementação no Brasil, explicando:

"Já Adão e Eva andavam nus. Quando se nasce, não se traz roupa sobre o corpo. As vestes são artifícios dos quais os homens se valem para encobrir coisas naturais!"

De volta ao Brasil, em 1948, a dançarina começou a expor seus ideais e tentou resgatar a prática dos primeiros habitantes do Brasil, muito comum em países europeus desde 1903. Com a publicação do livro "A Verdade Nua", que vendeu 1752 volumes em apenas quatro dias, lançava a teorização do movimento naturista brasileiro e defendia o nudismo das acusações de imoralidade. Num trecho da obra, escreveu:

"Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder."

Em 1949, iniciou uma série de espetáculos pelas danceterias do Norte e Nordeste do país, tendo sido impedida de apresentar-se pelas autoridades no Maranhão e submetida a restrições em Fortaleza. Embora não dominasse habilmente a dança nem a atuação, Luz del Fuego conquistou imensa popularidade com os seus espetáculos pelo país.

Luz del Fuego retornou aos teatros em maio de 1950, com papel de destaque na peça "Cutuca Por Baixo", ao lado das atrizes Dercy Gonçalves e Linda Batista, novamente no Teatro Recreio, realizando apresentações nudísticas de danças folclóricas com cinco serpentes. A produção rendeu muitos lucros, teve mais de duzentas apresentações e atraiu 195.393 espectadores em apenas dois meses de exibição.

"Era atração de bilheteria! Toda gente queria ver como era a moça das cobras!", afirmou Agnello Macedo, do Correio da Manhã, em agosto de 1950.

Luz del Fuego foi, então, contratada pelos atores Juan Daniel e Mary Daniel, proprietários do Teatro Follies, em Copacabana, para estrelar "Eva no Paraíso", que se converteu em outro êxito e fez o jornal A Manhã chamar-lhe "A atração máxima do momento".

Apesar de não ser creditada com o seu nome de batismo, a família Vivacqua não ficou contente com a profissão adotada por Dora Vivacqua, especialmente o seu irmão Attilio, que fora eleito senador e considerava a associação prejudicial à imagem dele enquanto político. Numa entrevista com a Revista do Rádio, em 1950, Luz del Fuego apontou os seus familiares como os seus principais "perseguidores", enfatizando Attilio, que se utilizava do cargo para impedi-la de exibir-se em teatros e danceterias.

Em 1951, fundou Naturalismo, a primeira revista do país a exibir genitálias em suas publicações, que teve 21 edições até 1954. Não demorou muito para voltar a sofrer repressões, pois no Brasil, àquela época, nem sequer era permitido o uso de maiô de duas peças nas praias e as suas ideias e apresentações trouxeram-lhe vários problemas, como acusações de atentado ao pudor e aos "bons costumes", diversas multas e intimações a delegacias.

Numa atuação em São Paulo, em 1951, por exemplo, foi detida durante o espetáculo devido aos seus trajes e acabou sendo multada, embora tenha declarado: "Nunca me apresentei tão vestida no palco!".

Numa de suas passagens por Belo Horizonte, em 1952, causou alvoroço entre a população e recebeu ordens do prefeito para deixar a cidade imediatamente.


Em 1953, um grupo católico de Juiz de Fora, MG, liderado pelo bispo Dom Justino José de Sant'Ana, da arquidiocese local, conseguiu fazer com que as autoridades não a permitissem apresentar-se no município. Casos semelhantes foram registrados em outras regiões, como em Sergipe e Valença, tendo sido, em ambas, impedida de atuar. Também em 1953, foi detida e condenada a seis meses de prisão por ultraje ao pudor e desacato à autoridade em uma festa carnavalesca, mas absolvida, e orientada a submeter-se a exames de sanidade mental por um representante do Ministério Público que sugeriu o seu internamento em um manicômio.

Os métodos que utilizava para promover as suas ideias, como uma aparição no Viaduto do Chá, em São Paulo, fantasiada de Iemanjá e completamente sem roupas, ou apresentações seminua em carros abertos na Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, em que dançava e exibia as serpentes aos que ali estivessem presentes, também resultaram em detenções.

Luz del Fuego, porém, tinha amantes influentes - como políticos e militares -, que resolviam quaisquer problemas em que se envolvesse e, quando livre, não hesitava em se dirigir às rádios e praças para tornar públicas as pressões que sofria.

Tentou lançar-se na carreira política com a fundação do Partido Naturalista Brasileiro (PNB), em 07/09/1949, que defendia o estabelecimento de espaços públicos nos quais famílias pudessem criar uma relação harmoniosa com a natureza totalmente despidos e cujo slogan, "Menos roupa e mais pão! Nossa lema é ação!", repercutiu em todo o país. A naturista o promovia durante as suas excursões pelo país, distribuindo panfletos com as escritas: "Para a fome, temos o pão. Para a sede, a água. Para a imoralidade, a nudez!".

O partido conseguiu 50 mil assinaturas apoiando-o, mas não foi registrado devido à perda dos documentos, como revelou a própria Luz del Fuego, em setembro de 1950:

"Já estava quase registrado meu partido. Para que ele fosse realmente forte, eu queria obter a adesão de um grande figurão da política. Por isso, dirigi-me ao senhor Salgado Filho, que me recebeu muito bem, dizendo que ia entender-se com o senador Getúlio Vargas para esse fim. Na última viagem que ele empreendeu ao Sul, levou consigo o meu memorial que continha as 50 mil assinaturas de adeptos do PNB. Faça ideia, agora, como sofri, quando tive noticia do trágico desastre em que pereceu o senador Salgado Filho, pois, como sabia, o documento assinado pelos meus eleitores também havia sido queimado no horrível desastre..."

Embora se tenha noticiado aquilo à época, sabe-se, hoje, que foi Attilio quem pôs fim aos documentos.

No decorrer dos anos 1950, Luz del Fuego realizou diversas apresentações pelas regiões Norte, Sul e Sudeste do país, e recebeu convites para excursionar pelos Estados Unidos e pela Europa, bem como para realizar um espetáculo para o Rei Faruk do Egito. Além disso, continuou a destacar-se nos palcos de teatros como o Teatro Recreio - com as suas apresentações baseadas no folclore brasileiro -, o Teatro República e o Teatro Follies.

Para "O Nu Através dos Tempos", que estreou em 1951, no Teatro República, por exemplo, a dançarina atraiu 293.975 espectadores em apenas um mês. Sobre o espetáculo, um repórter do periódico A Manhã declarou: "De há muito o Teatro República não registra sucesso igual!".

Luz del Fuego e Elvira Pagã foram chamadas "as responsáveis por provocar verdadeiras explosões de gargalhadas" pelo Diário da Noite, em referência ao êxito "Balança Mas Não Cai", do Teatro Carlos Gomes. O sucesso também lhe permitiu protagonizar os filmes "Folias Cariocas", "No Trampolim da Vida" e "Não Me Digas Adeus", fê-la estampar a capa da revista americana Life e consagrou-a como uma das vedetes mais populares de sua época no Brasil.

Em 1959, após 4 meses a atuar em outro êxito, "Mulher... Só Daquele Jeito", no Teatro Carlos Gomes, recebeu propostas para realizar apresentações em Las Vegas, nos Estados Unidos, remuneradas com mil dólares diários - à época, cerca de 150 mil cruzeiros.

Ilha do Sol e o Clube Naturalista Brasileiro

Quando "A Verdade Nua" foi lançada, as autoridades brasileiras conservadoras logo trataram de eliminar quaisquer sinais da publicação nas livrarias, e a obra passou, então, a ser comercializada somente por reembolso postal. Todo o dinheiro arrecadado com as vendas seria utilizado para a fundação do reduto naturalista que Luz del Fuego tanto almejava.

Na primeira metade dos anos 1950, Luz del Fuego obteve uma autorização da Marinha do Brasil para viver na ilha Tapuama de Dentro, que possui mais de oito mil metros quadrados, e a rebatizou de Ilha do Sol. Lá, fundou o Clube Naturalista Brasileiro, em 1951, o primeiro do gênero na América Latina e sobre o qual mantinha rígido controle, não permitindo a entrada de bebidas alcoólicas, proferir palavras de baixo calão nem a prática de relações sexuais na colônia, distinguindo nitidamente naturalismo de libertinagem. Também não era permitida a entrada de menores de idade e, caso uma pessoa fosse comprometida, o parceiro tinha de estar ciente de sua visita à ilha. Luz del Fuego promovia a prática de atividades esportivas, como vôlei, banhos de sol e mar, e exibia aos presentes peças teatrais e filmes, em geral, documentários sobre as colônias nudistas europeias. Pela iniciativa, recebeu uma carta dos organizadores da Confederação Nudista da América do Norte, em 1952, parabenizando-a.

A Ilha do Sol não foi incluída na lista dos roteiros turísticos do Rio de Janeiro, mas tornou-se extremamente popular e atraiu, inclusive, personalidades do cinema americano, como Errol Flynn, Lana Turner, Ava Gardner, Glenn Ford, Brigitte Bardot e Steve McQueen. Segundo o Correio da Manhã, mais de três milhões de mineiros visitaram a ilha. O local foi incluído nos registros da Federação Internacional Naturalista da Alemanha e conseguiu 240 sócios, mas todos que desembarcassem na ilha apenas podiam permanecer se ficassem completamente despidos. Com a colônia, Luz del Fuego tornou-se a primeira nudista brasileira e, em 1964, foi entrevistada por um correspondente brasileiro para uma matéria que seria publicada pela revista alemã Frieden Leden.

Últimos Anos e Assassinato

Por volta dos anos 1960, Luz del Fuego foi morar na Ilha do Sol. Àquela altura, com mais de 40 anos de idade, ela não atraía mais o interesse de homens influentes como antes e passava por dificuldade financeiras.

Entre 1960 e 1961, atuou em "Carnaval da Ilha do Sol", no Teatro João Caetano, com Wilza Carla e Costinha, e, em 1962, apresentou-se em Campos do Jordão e recebeu propostas para excursionar pela América do Sul. No entanto, afastou-se dos teatros de revista nesse mesmo ano, retornando somente em 1964 com espetáculos em São Paulo.

Numa entrevista concedida à Revista do Rádio, em 1965, Luz del Fuego afirmou ter-se ausentado dos teatros para dedicar-se à reforma da Ilha do Sol, com a qual gastou trinta milhões de cruzeiros em construções, inclusive de um restaurante nudista.

"Quando comprei e fui morar na Ilha do Sol, aquilo não passava mesmo de um recanto deserto, dentro da Baía de Guanabara. Não havia nenhuma casa. Dediquei-me, então, à construção de várias moradias, permanecendo ali meses seguidos sem vir ao Rio!"

Luz del Fuego pretendia reabrir a ilha em março para os festejos do Quarto Centenário do Rio de Janeiro. Ainda em 1965, Luz del Fuego estrelou "Boas em Liquidação", com Sônia Mamede, no Teatro Rival, que registrou boa bilheteria, e foi convidada pela Federação Internacional de Nudistas para viajar à Alemanha, onde concorria ao título de "Mais Bela Nua do Mundo".

Em outubro de 1965, Luz del Fuego queixou-se à polícia da visita de malfeitores à Ilha do Sol. Nela embarcaram os irmãos pescadores Alfredo Teixeira Dias e Mozart "Gaguinho" em busca de fortuna. Meses depois, Luz del Fuego dirigiu-se novamente às autoridades e denunciou-os pela prática de ações criminosas na região, inclusive pelo assassinato de um outro pescador, tendo informado à polícia o local onde Alfredo estava foragido.

Na noite de 19/07/1967, uma quarta-feira, Alfredo convocou o irmão para ir à Ilha do Sol para conversar com Luz del Fuego, porém, revelou durante o percurso que a pretendia assassinar para vingar-se da artista. Quando a dupla chegou à Ilha, os cães da dançarina fizeram alarde e ela apareceu em seguida, portando um revólver. Alfredo, então, disse-lhe que a embarcação por ela utilizada para transporte estava a ser furtada e convenceu-a a ir com ele atrás dos "criminosos". Ao se afastarem da ilha, ele desferiu-lhe violento golpe na região da cabeça, que a fez cair. Em seguida, abriu-lhe o abdome com golpes de arma branca. Os dois retornaram à ilha, onde encontraram o caseiro Edigar Lira e com ele fizeram o mesmo. Alfredo e Mozart, então, amarraram os corpos a pedras, lançaram-nos ao mar e depois retornaram à ilha para saquear a residência da vítima.

O desaparecimento de Luz del Fuego repercutiu nos noticiários de todo o país e chegou a ser encarado como um golpe de publicidade por alguns meios de comunicação. Tal hipótese foi descartada após o delegado Rui Dourado, da 3ª Delegacia Distrital, encontrar, no dia 23/07/1967, a residência da artista em desordem e verificar por meio de um levantamento que objetos de valor haviam sido furtados.

Foram detidos nesse dia Agildo dos Santos, ex-funcionário de Luz del Fuego, e o portuário Hélio Luís dos Santos, ex-amante da artista e apontado como o principal suspeito por tê-la agredido duas semanas antes. Mas os policiais prosseguiram com as buscas pela Ilha do Sol, por Niterói e por ilhas vizinhas, onde acreditavam estar escondido Mozart, o segundo suspeito, visto que havia, meses antes, assaltado a residência da naturista três vezes, e à procura de dois pedreiros que trabalhavam para Luz del Fuego e haviam desaparecido após o acontecido.

No dia 25/07/1967, a embarcação da dançarina foi encontrada próxima à Ilha do Braço Forte por portuários, que perceberam nela manchas de sangue e resolveram comunicar às autoridades. Também os familiares da nudista afirmaram, nesse mesmo dia, não saber onde ela estava. Cada vez mais convencidos de que a atriz havia sido assassinada, os policiais iniciaram buscas pelo mar.

Os corpos de Luz del Fuego e de Edigar Lira foram encontrados apenas em 02/08/1967.

A cerimônia fúnebre de Luz del Fuego ocorreu no dia seguinte, 03/08/1967, no Cemitério São João Batista, e foi realizada por amigos e alguns familiares. Edigar Lira foi sepultado no dia 04/08/1967.

Após ser detido, Alfredo Teixeira Dias, inicialmente, pôs a culpa no ex-amante da artista, Hélio Luís dos Santos. Segundo a sua versão, ele e Mozart "Gaguinho" pescavam quando o portuário os abordou, mostrando-lhes a embarcação em que estavam as vítimas e oferecendo-lhes recompensa para que se desfizessem dos corpos, tendo os dois aceitado a proposta. Já o seu irmão realizou tentativas de fugas, que resultaram em uma troca de tiros com policiais e no assassinato de Júlio Pereira da Silva, investigador de polícia.

Mozart "Gaguinho" entregou-se às autoridades no dia 15/08/1967 por intermédio de seu advogado e, no mesmo dia, foi acareado com Alfredo Teixeira Dias pelo delegado Godofredo Ferreira, revelando toda a verdade sobre o homicídio.

O interrogatório foi realizado no prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro e Mozart inocentou Hélio Luís dos Santos. Tanto ele quanto o irmão foram condenados a 31 anos de prisão, em 1968.

Legado e Reconhecimento

Naturismo e Feminismo:

Como defende Milton Cunha, colunista do periódico O Dia, Luz del Fuego destacou-se por ser uma mulher muito à frente de seu tempo. Despida de preconceitos, a atriz pregava a volta à natureza, prezava a liberdade de expressão e foi a responsável por trazer ao Brasil movimentos que não existiam à época, como o ecologismo e o naturismo, sofrendo repressão e perseguição dos "defensores da moral".

"Infelizmente, o Brasil ainda é um país onde poucos compreendem o nudismo. Mas é necessário que alguém desperte o povo brasileiro para que compreenda a natureza, assim como Moisés despertou os judeus para a liberdade!"
(Luz del Fuego a um repórter da Revista do Rádio, em 1952)

Por ser a pioneira na prática do naturismo no Brasil, o dia 21 de fevereiro, data de nascimento de Luz del Fuego, é considerado o Dia do Naturismo no país.

Os ideais naturistas da artista permitiram a instituição da primeira área oficial do gênero no país em 1983, na Praia do Pinho, em Santa Catarina.

Em 1988, foi fundada a Federação Brasileira de Naturismo (FBrN), órgão responsável pela organização e controle das atividades naturistas no país e, em 1996, as Normas Éticas do Naturismo Brasileiro foram estabelecidas. Com a fundação do Partido Naturalista Brasileiro, como observou Ricardo Fernandez, do "A Cena Muda", em 1950, a atriz "revolucionou a política, lutando contra os preconceitos sociais", que, nas palavras da própria, constituem empecilhos ao progresso de qualquer nação, e "[por] um programa diferente destinado a libertar os oprimidos". Entre as propostas do partido, estavam a abolição da restrição imposta à prática do espiritismo e das religiões de matriz africana, o direito ao divórcio e o estabelecimento de medidas efetivas de proteção aos animais.

Luz del Fuego também é considerada um ícone para o movimento feminista brasileiro, pois desde os anos 1949 lutava pela emancipação feminina, buscando "amparar a mulher e torná-la independente" e "[tirá-la] do caos (...), dar-lhe altivez pelo trabalho, erguê-la pela honra e pelo direito que lhe cabe no seio da sociedade".

Numa entrevista concedida ao periódico A Cena Muda, em 1950, relatou:

"Defenderei com destemor a causa da mulher brasileira, tornando realidade uma antiga e justa aspiração do povo brasileiro que os preconceitos sociais jamais permitiram!"

Luz del Fuego certa vez declarou ao Diário Carioca que a luta pelos direitos da mulher, muito perseguida pelos preconceitos socais, estava entre os principais objetivos de seu partido político. Ao analisar a sua ideologia, em 1949, um repórter do Diário da Noite declarou:

"Luz del Fuego representa o protótipo da mulher moderna. Com ideias avançadas, querendo libertar-se de preconceitos sociais, idealiza e se joga à aventura, sem considerar as possíveis críticas."

Jória Motta Scolforo, do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, reconheceu a contribuição de Luz del Fluego para este movimento, dizendo:

"[Luz] possui papel de destaque no Espírito Santo como uma das precursoras na busca por um espaço no qual a mulher pudesse se mostrar e agir conforme as suas convicções e vontades."

Cristina Agostinho, escritora e biógrafa, chamou-a "mulher de vanguarda" por "desafiar os preconceitos da época". Similarmente, Friedmann Wendpap, colunista do Gazeta do Povo, nomeou-a "sagaz" e afirmou que ela "transitava nas bordas da vanguarda", prosseguindo:

"A vedete das vedetes fez do Rio o laboratório das suas inovações e ali encontrou a conjunção de pessoas que moldam o futuro; artistas, intelectuais, loucos de todo gênero que reverberaram os arroubos de Luz del Fuego e os amaciaram para alcançarem a condição de modismos, de coisa prafrentex!"

Luz del Fuego foi homenageada pela cantora Rita Lee, em 1975, em uma canção epônima na qual é chamada "uma mulher sem medos".

Em 2010, a naturista foi incluída na lista "Musas Que Fizeram a História do Rio", elaborada pelo portal G1.

Em 2011, na exposição "Brasil Feminino" - que narrava a trajetória social da mulher brasileira desde o período colonial -, realizada durante o XVI Encontro Nacional do Programa Nacional de Leitura, na Biblioteca Nacional do Brasil, a dançarina foi nomeada uma das "Heroínas do Século XX".

Em 2012, um repórter do Folha de S. Paulo mencionou-a como uma das mulheres históricas do Brasil por "erguer a bandeira do naturismo e zelar pela causa feminina até à morte".

Em 2013, uma colunista do Correio Braziliense escreveu que Luz del Fuego, assim como a francesa Simone de Beauvoir, notabilizou-se por "mostrar que muitas das diferenças entre os gêneros são frutos mais de uma imposição cultural do que biológica".

Numa exposição realizada pela pintora pernambucana Nathália Queiroz, em 2015, a atriz foi considerada, assim como Rita Lee, Nina Simone e a escritora Pagu, uma das representantes do empoderamento feminino. Naquele mesmo ano, durante a exposição "Tarsila e Mulheres Modernas no Rio" - que apresentou mulheres que desempenharam papéis revolucionários em suas áreas entre o fim do século XIX ao término da Segunda Grande Guerra -, realizada pelo Museu de Arte do Rio, Luz del Fuego foi citada entre as mulheres que "atuaram na desconstrução da vida puritana, questionaram a ordem patriarcal da sociedade e advogaram a emancipação da mulher" e promoveram uma "biopolítica de corrosão do poder".

Obras Literárias e Produções Cinematográficas:

No final dos anos 1940, Luz del Fuego escreveu dois livros: o primeiro, "Trágico Black-Out", publicado em 1947, é um romance noir que traz relatos comprometedores sobre a sua vida, como o abuso que sofreu de seu cunhado, Carlos, que a fez ser enviada ao manicômio Casa de Saúde Drº Eiras, e alusões à prostituição, bem como críticas à sociedade conservadora. Com uma tiragem modesta de mil exemplares, o livro teve pouca divulgação e seu irmão, o futuro senador Attilio Vivacqua, conseguiu adquirir mais da metade dos volumes e os queimou.

Na "orelha" a autora anunciava um outro livro a ser publicado, intitulado "Rendez-vous Das Serpentes", o que nunca foi concretizado. Na introdução ela escreveu:

"Ao publicar o meu primeiro livro, a minha sensação é a mesma de quando me desnudei diante do primeiro homem. É a voz do íntimo que aqui se desnuda. Não é o 'manto diáfano da fantasia' que pretendo oferecer ao leitor e sim aquilo que colhi dentro da vida, numa ampliação real dos que vivem e amargam sob um sensualismo incontido, e em volta do qual vibram numa inquietante inveja, numa constante ambição e num angustioso duelo entre o Homem e o Dinheiro."

O segundo livro, "A Verdade Nua", é uma autobiografia que foi publicado no ano seguinte e, como mencionado antes, expõe os ideais de sua filosofia naturista e as suas ideias naturalistas de vegetarianismo e nudismo. A primeira edição da obra foi toda apreendida pela polícia em 1948, mas uma segunda edição foi feita em 1950 e a venda dos exemplares se fez pelo reembolso postal; continha vinte fotos da autora e três das suas cobras.

Luz del Fuego foi tema de um documentário produzido em 1954 intitulado "A Nativa Solitária", que hoje faz parte do acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), responsável pela restauração da obra em 2013, e de um filme que leva o seu nome, lançado em 1982, dirigido por David Neves e estrelado por Lucélia Santos. No Festival de Gramado de 1982, a produção venceu os troféus de "Melhor Ator" e "Melhor Atriz" entregues para Walmor Chagas e Lucélia Santos, respectivamente.

A família de Luz del Fuego, no entanto, repudiou a produção por "deturpar a imagem da dançarina" e solicitou a sustação do filme. O roteirista Joaquim Vaz de Carvalho, em entrevista concedida ao Jornal do Brasil, considerou as acusações infundadas e recorreu à liberação da exibição da produção, afirmando que a família "sempre teve interesse em desprezar Luz del Fuego" e apenas objetivava "continuar a abafar qualquer referência a ela".

A biógrafa Cristina Agostinho, autora do livro "Luz del Fuego: A Bailarina do Povo" (1994), também discordou da maneira como Luz del Fuego foi retratada no filme, afirmando que a obra "cometeu uma série de erros de informação e se pautou pela mitologia em torno da prostituta!".

Filmografia

Teatro:
  • 1944 - Tudo é Brasil (Teatro Recreio)
  • 1950 - Cutuca Por Baixo (Teatro Recreio)
  • 1950 - Cutuca Por Baixo (Teatro Santana)
  • 1950 - Festival de Danças Brasileiras (Teatro Recreio)
  • 1950 - Eva no Paraíso (Teatro Follies)
  • 1951 - É Rei, Sim (Teatro Recreio)
  • 1951 - Balança Mas Não Cai (Teatro Carlos Gomes)
  • 1951 - A Fruta de Eva "O Nu Através dos Tempos" (Teatro República)
  • 1952 - A Verdade Nua (Teatro Follies)
  • 1952 - A Verdade Nua (Teatro República)
  • 1952 - É Grande Rei (Teatro Madureira)
  • 1953 - (Teatro Odeon)
  • 1953 - O Que é Que o Bikine Tem? (Teatro Recreio)
  • 1954 - É Sopa no Mel (Teatro República)
  • 1955 - (Teatro João Caetano)
  • 1955 - Esta Mulher é de Morte (Pauliceia)
  • 1959 - Momo e Bambolê (Teatro Paramount)
  • 1959 - Mulher... Só Daquele Jeito (Teatro Carlos Gomes)
  • 1960 - Carnaval da Ilha do Sol (Teatro João Caetano)
  • 1961 - Carnaval da Ilha do Sol (Teatro João Caetano)
  • 1964 - (São Paulo)
  • 1965 - Boas em Liquidação (Teatro Rival)

Cinema:
  • 1946 - No Trampolim da Vida
  • 1947 - Não Me Digas Adeus
  • 1948 - Folias Cariocas
  • 1948 - Poeira de Estrelas
  • 1952 - Saúde e Nudismo
  • 1954 - A Nativa Solitária
  • 1957 - Cururu, o Terror do Amazonas
  • 1959 - Comendo de Colher
  • 1969 - Tarzan e o Grande Rio

Fonte: Wikipédia

Fausto Wolff

FAUSTIN VON WOLFFENBÜTTEL
(68 anos)
Jornalista e Escritor

* Santo Ângelo, RS (08/07/1940)
+ Rio de Janeiro, RJ (05/09/2008)

Fausto Wolff começou a trabalhar aos catorze anos de idade como repórter policial e contínuo do jornal Diário de Porto Alegre. De família humilde, mudou-se para o Rio de Janeiro aos dezoito anos.

No Rio de Janeiro, chegou a manter três colunas simultâneas, escrevendo sobre televisão no Jornal do Brasil, sobre teatro na Tribuna da Imprensa e sobre política no Diário da Noite. Suas opiniões polêmicas e independentes também começaram a aparecer na TV, com o Jornal de Vanguarda de Fernando Barbosa Lima a partir de 1963.

Em 1968, atingido pela censura da Ditadura Militar, Fausto Wollf exilou-se na Europa, onde passou 10 anos, na Dinamarca e na Itália. Ainda no exílio, foi um dos editores de O Pasquim, além de diretor de teatro e professor de literatura nas Universidade de Copenhague e Universidade de Nápoles.

Na volta ao Brasil, com a anistia de 1978, trabalhou em jornais como O Globo e Jornal do Brasil, mas em seguida passou a dedicar-se apenas à imprensa independente, em especial a O Pasquim.

Apoiou Leonel Brizola em sua eleição para o governo do estado do Rio de Janeiro em 1982 e, a partir dessa experiência, organizou o volume "Rio de Janeiro, um Retrato: a Cidade Contada por seus Habitantes" (1985), considerado um dos mais completos retratos sociológicos da cidade.

A partir daí, longe do cotidiano das redações de jornais, dedicou-se à literatura, também se responsabilizando pela tradução de algumas obras. Voltou a colaborar para O Pasquim através da reedição do periódico, lançada em 1 de abril de 2002 e rebatizada de Pasquim 21. Em 1999, participou da revista de humor e política intitulada Bundas, onde assinava uma irônica coluna com o pseudônimo de Nataniel Jebão, um colunista social direitista e defensor da corrupção do poder.

Em seus últimos anos, manteve uma coluna diária no Caderno B do Jornal do Brasil.

Prêmios

Fausto Wolff ganhou em 1997 o Prêmio Jabuti, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, por seu romance À Mão Esquerda. Voltou a ficar entre os dez finalistas do Prêmio Jabuti em mais duas oportunidades: em 2004 na categoria Poesia e em 2006 na categoria Contos, com A Milésima Segunda Noite. Em 2008 foi finalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura.

Cinema

Fausto Wolff teve também algumas participações no cinema. Em 1977 foi co-roteirista do filme dinamarquês Jorden Er Flad, no qual igualmente foi ator. Fez ainda pequenos papéis em filmes dirigidos por amigos seus - como Tanga (Deu no New York Times?) (1987), do cartunista Henfil, Natal da Portela (1988) e O Viajante (1999), ambos de Paulo César Saraceni.

Morte

Internado em 31 de agosto de 2008 com hemorragia digestiva, morreu por Disfunção de Múltiplos Órgãos, no Rio de Janeiro, em 5 de setembro de 2008.

Fonte: Wikipédia

Helena Silveira

HELENA SILVEIRA
(71 anos)
Escritora e Jornalista

* São Paulo, SP (09/12/1912)
+ São Paulo, SP (31/08/1984)

Filha de Alarico Silveira e Dinorá Ribeiro, foi uma escritora e jornalista conhecida pela coluna que mantinha na Folha de São Paulo, Helena Vê TV, dedicada à crítica dos programas e artistas de televisão. Pertencente a uma família de escritores, era irmã de Dinah Silveira de Queiroz e prima de Rachel de Queiroz, as duas primeiras mulheres a serem aceitas na Academia Brasileira de Letras.

Natural de São Paulo, Helena passou a infância em Casa Branca e em Batatais, fazendo seus estudos na capital. Viajou para a Europa e cursou a Comédie-Française. Ingressou no Correio da Manhã em 1941 e, em 1945, lançava seu primeiro livro, A Humanidade Espera.

Helena chegou a viver no Líbano e na Líbia, onde arrumou inspiração para escrever Damasco e Outros Caminhos (1957).

De sua viagem à China, criou Os Dias Chineses (1961). É de sua autoria dezenas de livros, onde também se destacam Mulheres Frequentemente (1945), Na Selva de São Paulo (1966) e Sombra Azul.

Além da literatura, Helena dedicava-se ao teatro, escrevendo a peça No Fundo do Poço em 1950, junto ao marido, Jamil Almansur Haddad. A peça A Torre, também de 1950, ganhou o prêmio do Departamento de Cultura.

Helena participou de movimentos contra a censura e liberdade de informação, tendo também aderido à causa feminista.

Lolita Rodrigues e Helena Silveira
Durante a fase final do casamento de Ayrton Rodrigues e Lolita Rodrigues, Helena Silveira foi solidária a Lolita quando, no programa Almoço Com as Estrelas, de 1982, ela participou do quadro Para Quem Você Tiraria o Chapéu. Entre os chapéus colocados, havia um com o nome de Lolita. A jornalista pegou o chapéu, disse palavras elogiosas a respeito da amiga, com insinuações entre suas frases. Quando o quadro chegou ao fim, despediu-se de Lolita com beijos e abraços e, quanto a Ayrton Rodrigues, simplesmente ignorou-o.

Helena Silveira faleceu aos 71 anos, em 31 de agosto de 1984.

Homero Icaza

HOMERO ICAZA SÁNCHEZ
(86 anos)
Advogado, Professor, Poeta, Escritor, Cônsul e Executivo de Televisão.

☼ Cidade do Panamá, Panamá (10/01/1925)
┼ Rio de Janeiro, RJ (30/08/2011)

Homero Icaza Sánchez foi um advogado, cônsul e executivo de televisão nascido na Cidade do Panamá, Panamá, no dia 10/01/1925.

Era consultor da Rede Globo de Televisão desde 1971, foi o fundador do Instituto Técnico de Análises e Pesquisas (ITAPE) em 1968 e foi cônsul do Panamá no Rio de Janeiro por quase duas décadas, além de ter sido professor catedrático.

Ainda criança aprendeu o valor do conhecimento. O jovem Homero Icaza Sánchez se formou no Colégio de La Salle em 1943.

Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, recebeu uma bolsa do Itamaraty para estudar direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ainda não sabia que jamais abandonaria o Brasil.

Foi durante a graduação, em 1947, que publicou "Primeros Poemas", seu livro de estreia, uma coletânea de poesia em espanhol.


Publicaria outras duas antologias com os seus poemas, como o melancólico "Poemas Para Cuerda" (1956) e o romântico "Un Solo Amor" (1979). Algumas de suas obras chegaram a ser traduzidas para o português.

Antes de se formar, inscreveu-se em uma pós-graduação em sociologia na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o que contribuiu com a sua carreira como cônsul do Panamá no Rio de Janeiro, função que exerceu por 18 anos.

Mas foi em 1971 que encontrou sua verdadeira vocação. Enquanto o Brasil ainda engatinhava nas pesquisas de mercado, tornou-se diretor da área na Rede Globo.

Provocou mudanças bem-sucedidas, como transferir as novelas de época para a faixa de horário das 18h00. Sua habilidade para interpretar os números do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) era tamanha que ganhou o apelido de El Brujo.

Homero Icaza morreu na terça-feira, 30/08/2011, aos 86 anos, no Rio de Janeiro, RJ. O corpo de Homero Icaza Sánchez foi cremado na quarta-feira, 31/08/2011, às 15h00, no Crematório do Caju.