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Walmor Bergesch

WALMOR BERGESCH
(73 anos)
Empresário, Jornalista, Radialista e Escritor

* Estrela, RS (10/04/1938)
+ Porto Alegre, RS (29/08/2011)

Walmor é considerado um dos pioneiros da televisão brasileira e junto com José Salimen Júnior, ajudou na primeira transmissão da televisão colorida, no Brasil, quando era diretor da TV Difusora de Porto Alegre, atual TV Bandeirantes.

Em 1955 iniciou sua carreira na Rádio Farroupilha e logo em seguida foi um dos selecionados por Assis Chateaubriand para realizar um curso sobre televisão na TV Tupi e retornando ao Rio Grande do Sul, instalou e inaugurou a TV Piratini em dezembro de 1959 e em 1962 ajudou a inauguração da TV Gaúcha.

Fonte: Wikipédia

Luíz Gama

LUÍZ GONZAGA PINTO DA GAMA
(52 anos)
Advogado, Jornalista, Poeta e Escritor

* Salvador, BA (21/06/1830)
+ São Paulo, SP (24/08/1882)

Filho de um fidalgo português (cujo nome ele jamais revelou), que gostava de pesca, caça, cavalos, jogo de cartas e de festas e que assim esbanjou toda fortuna que herdara em 1836 de uma tia, e de Luísa Mahin, africana da Nação Nagô, nascida na Costa da Mina, liberta. Sua mãe trabalhava no comércio como quitandeira, sendo conhecida na cidade de Salvador, Bahia.

Conforme texto autobiográfico do próprio Luís, a sua mãe foi detida em várias ocasiões, por se envolver em planos de insurreições de escravos, como a Revolta dos Malês (1835). Em 1837, acusada de participação na Sabinada, a sua mãe foi deportada para o Rio de Janeiro, onde desapareceu.

Como nunca se converteu ao cristianismo, Luís só aos oito anos de idade foi batizado. Em 10 de novembro de 1840, o jovem, então com dez anos de idade, foi vendido ilegalmente por seu próprio pai como escravo, afirma-se que devido a uma dívida de jogo.

Luís Gama foi transportado como escravo no patacho Saraiva até à cidade do Rio de Janeiro, ficando com o comerciante Vieira, estabelecido na esquina da Rua da Candelária com a Rua do Sabão. Ainda em 1840 foi vendido para o alferes Antônio Pereira Cardoso num lote de mais de cem escravos, sendo todos trazidos para a então Província de São Paulo pelo Porto de Santos.

De Santos até à cidade de Campinas, a viagem foi realizada a pé. Em Campinas ninguém o comprou por ser baiano. Os escravos baianos tinham fama de revoltosos "negros fujões". Já que o alferes não conseguiu vendê-lo, foi utilizado na sua fazenda em Lorena, onde aprendeu os ofícios do escravo doméstico - copeiro, sapateiro, lavar, passar e engomar.

Em 1847, quando tinha dezessete anos, o estudante Antônio Rodrigues de Araújo hospedou-se na fazenda do alferes. O jovem tornou-se amigo de Luís Gama e o ensinou a ler e escrever. Gama, conscientizando-se da ilegalidade de sua condição, evadiu-se para a cidade de São Paulo em 1848, inscrevendo-se nas milícias, onde deu baixa em 1854 na patente de cabo graduado, após ser detido por causa de um ato que o próprio Gama classificou como "suposta insubordinação" já que, segundo afirmou, apenas se limitara a responder a um oficial que o insultara.

Nessa cidade, por volta de 1850, casou-se, e freqüentou, como ouvinte, o curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, que não chegou a completar. Em 1856, retornou à Força Pública, como funcionário da Secretaria da Repartição.

Folha Ilustrada da Folha de São Paulo
Na década de 1860 tornou-se jornalista de renome, ligado aos círculos do Partido Liberal. Entre 1864 e 1875 colaborou no Diabo Coxo e no Cabrião de Angelo Agostini, no Ipiranga, Coroaci e em O Polichileno. Fundou, em 1869, o jornal Radical Paulistano, com Ruy Barbosa. Participou da criação do Club Radical e, mais tarde, da criação do Partido Republicano Paulista (1873), ao qual se manteve ligado até à sua morte, em 1882. Por volta de 1880, foi líder da Mocidade Abolicionista e Republicana.

Advogado provisionado, passou a ganhar a vida como rábula, a partir de sua demissão do emprego de amanuense por motivos políticos, ligados à veemência da sua atuação jurídica a favor da libertação dos escravos. Com o apoio (inclusive financeiro) da Loja Maçônica Abolicionista, Loja América, à qual pertencia, desde então despenderia a maior parte de suas energias em levar aos tribunais causas cíveis de liberdade.

Sua liderança abolicionista criou, em torno de si, o movimento abolicionista paulista. Gama, sozinho, foi o responsável pela libertação de mais de mil cativos - um feito notável - considerando-se que agia exclusivamente com o uso da lei.

A sua morte, vítima de Diabetes, comoveu a cidade de São Paulo, e o féretro foi o mais concorrido até então naquela terra. Foi sepultado no dia 25 no Cemitério da Consolação. A cada momento alguém subia numa tribuna improvisada, promovendo um discurso emocionado.

Um de seus amigos foi Antônio Bento, que continuou seu trabalho para a libertação dos escravos na Província de São Paulo.

Literatura

Os poemas de Luís Gama estão vinculados à segunda geração do romantismo no Brasil. A sua primeira obra veio a público em 1859, com o título Primeiras Trovas Burlescas do Getulino. Nela reuniu poesias satíricas que ricularizavam a aristocracia e os poderosos da época, tendo a primeira edição se esgotado em três anos.

Homenagem

De Luís Gama, disse Raul Pompéia:

"...não sei que grandeza admirava naquele advogado, a receber constantemente em casa um mundo de gente faminta de liberdade, uns escravos humildes, esfarrapados, implorando libertação, como quem pede esmola; outros mostrando as mãos inflamadas e sangrentas das pancadas que lhes dera um bárbaro senhor; outros... inúmeros. E Luís Gama os recebia a todos com a sua aspereza afável e atraente; e a todos satisfazia, praticando as mas angélicas ações, por entre uma saraivada de grossas pilhérias de velho sargento. Toda essa clientela miserável saía satisfeita, levando este uma consolação, aquele uma promessa, outro a liberdade, alguns um conselho fortificante. E Luís Gama fazia tudo: libertava, consolava, dava conselhos, demandava, sacrificava-se, lutava, exauria-se no próprio ardor, como uma candeia iluminando à custa da própria vida as trevas do desespero daquele povo de infelizes, sem auferir uma sobra de lucro...E, por essa filosofia, empenhava-se de corpo e alma, fazia-se matar pelo bom...Pobre, muito pobre, deixava para os outros tudo o que lhe vinha das mãos de algum cliente mais abastado."

Em sua homenagem, em 1919, a Estrada de Ferro Sorocabana, atual FEPASA, nomeou uma de suas estações, hoje praticamente em ruínas.

Advogado Abolicionista

Demonstrando que a escravidão era um sistema injusto e injustificável, Luís Gama formulou alguns pensamentos que ilustram suas ideias:

"O escravo que mata o seu senhor pratica um ato de legítima defesa."

"Em nós, até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença, o estigma de um crime.
Mas nossos críticos se esquecem que essa cor é a origem da riqueza de milhares de ladrões que nos insultam. Que essa cor convencional da escravidão, tão semelhante à da terra, abriga sob sua superfície escura, vulcões, onde arde o fogo sagrado da liberdade."

Walter George Durst

WALTER GEORGE DURST
(75 anos)
Cineasta, Escritor e Roteirista de TV e Cinema

* São Paulo, SP (15/06/1922)
+ São Paulo, SP (24/08/1997)

Walter George Durst nasceu em 15 de junho de 1922 em São Paulo. Figura bonita, claro, de estatura mediana, sempre de óculos, estava na Rádio Tupi, emissora associada, quando da chegada da TV Tupi. Estudioso de cinema, idealizador do tipo de teleteatro que a emissora implantou e que ali reinou por muitos anos.

Associou-se a Cassiano Gabus Mendes, que era o diretor artístico da televisão pioneira, Dionísio Azevedo, Silas Roberg, Álvaro de Moya, Lima Duarte e aquele grupo é que tornou-se responsável pela teledramaturgia da TV Tupi.

Walter Durst, sempre educado e de fala mansa, ao lado de Dionísio Azevedo principalmente, fazia as adaptações dos grandes textos universais. É assim que lançavam as grande peças. Eram espetáculos de duas a três horas de duração que iam ao ar a noite em domingos alternados.

Uma ousadia atrás da outra, dada o pouco tempo de ensaio e de espaço nos estúdios. Mas o publico entendeu a proposta e respondia com audiência total. O TV de Vanguarda era programa obrigatório do público no domingo a noite e ficou no ar por 16 anos consecutivos.

Mas Walter Duart, o intelectual, foi contratado pela Colgate-Palmolive e sob orientação de Glória Magadan adaptou dramalhões estrangeiros, o que resultou em muitas críticas contra ele. Walter Durst, nesta época, já era casado com a atriz Bárbara Fazio e o casal teve dois filhos: Ella e Walter.

Depois da TV Tupi, Durst esteve na TV Bandeirantes, onde dirigiu Cacilda Becker. Foi para a TV Cultura onde se destacou na criação do Teatro 2 e do núcleo de teledramaturgia. Ligou-se também ao cinema, que era sua paixão e escreveu e dirigiu alternadamente: Toda a Vida em Quinze Minutos, A Carrocinha, O Sobrado e Paixão de Gancho.

Na TV Tupi escreveu O Pequeno Mundo de Dom Camilo, Cleópatra, O Sorriso de Helena, Gutiervitos, o Drama dos Humildes, Teresa, O Cara Suja, Olhos Que Amei, A Outra, A Cor de Sua Pele, Um Rosto Perdido e Meu Filho, Minha Vida.

Por fim, foi para a TV Globo, já em meados de 1975. Estourou, ao assinar as novelas: Gabriela e Mina, que lhe valeram dois prêmios APCA, seguidos, como o Melhor Autor de Novelas.

Escreveu em seguida O Homem Que Veio do Céu, Carga Pesada, Obrigado Doutor, Terras do Sem Fim e Anarquistas.

Foi para a TV Manchete e escreveu Tocaia Grande e no SBT escreveu Os Ossos do Barão.

Walter George Durst foi vitimado por um Câncer e faleceu em 24 de agosto de 1997.

Escreveu e trabalhou até o último dia de sua vida. Walter George Durst teve duas imensas paixões na vida: a teledramaturgia e a esposa Bárbara, que a seu lado esteve até os instantes finais. Morria ali um dos mais importantes personagens da televisão brasileira.

Fonte: Museu da TV

Tavares de Miranda

JOSÉ TAVARES DE MIRANDA
(75 anos)
Jornalista, Escritor e Colunista Social

☼ Vitória de Santo Antão, PE (16/11/1916)
┼ São Paulo, SP (20/08/1992)

José Tavares de Miranda, mais conhecido como Tavares de Miranda, foi um jornalista, escritor e colunista social, natural de Pernambuco e radicado em São Paulo, onde se projetou.

Chegou em São Paulo com uma carta de apresentação em 1938. Ao chegar em São Paulo, trabalhou por 5 anos, no jornal Diário da Noite, como repórter policial, transferiu-se, posteriormente, para a Folha de S.Paulo, onde trabalhou por 42 anos, assinando a coluna social que o notabilizou. Em São Paulo, também, concluiu seus estudos de Direito na Faculdade de Direito do  Largo de São Francisco.

Tavares de Miranda tornou-se uma lenda viva do jornalismo, ao longo desses 47 anos. Lançava novas expressões, gírias, moda, modismos, divulgava furos de reportagem, selecionava as mais elegantes de São Paulo, sua importância era equivalente a de Maneco Muller, Jacinto de Thormes e Ibrahim Sued na imprensa de São Paulo.

Tavares de Miranda foi membro da Academia Paulista de Letras, ocupando a Cadeira nº 36, cujo patrono é Euclides da Cunha, e o fundador, Raul Soares de Moura, teve como antecessores, Afonso d'Escragnolle Taunay e Sérgio Buarque de Holanda, e, como sucessores, Oracy Nogueira e Esther de Figueiredo Ferraz.

Tavares de Miranda foi casado com Emerentina Lúcia de Oliveira Ribeiro, Dona Nini, por 45 anos, e teve três filhas.

Sua atividade profissional o levou a constituir um eclético arco de amizades, Lygia Fagundes Telles, Miguel Reale, Giba Um, Hebe Camargo, Alik Kostakis, Erasmo Dias e Alice Carta integravam seu circulo de amigos, entre muitas outras personalidades.

Tavares de Miranda nasceu em família católica, tornou-se ateu e comunista na juventude, e retornou ao seio do catolicismo. Frequentava a missa todos os dias na Igreja de Santa Terezinha na capital paulista.

O Repórter Zé, como se denominava, era um apaixonado pela poesia, escreveu seis livros de poesia, dois romances, dentre os quais "O Nojo" (1946), e um guia de etiqueta intitulado "Boas Maneiras e Outras Maneiras".

Sua saída da Folha de S.Paulo, em 1985, foi o culminar de um processo de transformação editorial que apontava para um colunismo mais contemporâneo, mais ágil, segundo a nova filosofia da direção, fato que o deixou muito deprimido.

Tavares de Miranda faleceu aos 75 anos, em São Paulo, SP, no dia 20/08/1992.

A prefeitura de São Paulo homenageou Tavares de Miranda batizando uma rua com seu nome em 1993.

Fonte: Wikipédia

Orestes Barbosa

ORESTES BARBOSA
(73 anos)
Jornalista, Cronista, Poeta, Escritor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (07/05/1893)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/08/1966)

Filho do major Caetano Lourenço da Silva Barbosa e de Maria Angélica Bragança Dias Barbosa, nasceu em Aldeia Campista, bairro perto de Vila Isabel. A família morou na Ilha de Paquetá e, quando ele tinha sete anos, foi para o bairro da Gávea.

Aprendeu a ler, nos jornais e letreiros de bonde, com Clodoaldo Pereira de Moraes, pai de Vinicius de Moraes. Nessa época começou a se interessar por violão e com dez anos já sabia tocar.

Durante a infância, a família viveu em dificuldades financeiras e somente aos doze anos entrou numa escola, o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, onde aprendeu o ofício de revisor.

Em 1907 o menino, que já fazia alguns versos, conseguiu seu primeiro emprego como revisor no jornal O Século, dirigido por Ruy Barbosa.

Depois de algum tempo, deu início a uma longa militância jornalística, que se estenderia ao Diário de Notícias, O Imparcial, A Folha, A Crítica, A Manhã, A Gazeta e A Notícia. Estreou como poeta em 1917 com o livro de versos Penumbra Sagrada.

Em 1920 foi a Portugal, onde entrevistou Teófilo Braga, estando também com Guerra Junqueiro pouco antes da morte deste.


Como jornalista, incluía-se entre os que criticavam os acontecimentos e as autoridades da época, com destemor e ironia. Seus artigos levaram-no várias vezes à prisão, sendo que a primeira ocorreu em 1921, por haver denunciado o Grêmio Euclides da Cunha como aproveitador dos direitos autorais do patrono.

Nesse mesmo ano publicou seu primeiro livro de crônicas-reportagens, na prisão, que contava histórias de dentro do cárcere. Ainda em 1921 apareceu Água-Marinha, seu segundo livro de poesias.

Mais ou menos em 1925, quando ainda existiam só três rádios no Rio de Janeiro - Rádio Sociedade, Rádio Clube do Brasil e Rádio Mayrink Veiga -, foi um dos primeiros a manter uma coluna radiofônica no jornal A Manhã.

Durante a presidência de Artur Bernardes (1922-1926), esteve novamente preso, mas escrevendo sempre: Bam-bam-bam (1923), Portugal de Perto! (1923), O Português no Brasil (1925), O Pato Preto (1927), todos em prosa.

Estreou como letrista em 1930, com a música Bangalô (com Osvaldo Santiago), gravada por Alvinho na Odeon (1931). Nesse mesmo ano, duas músicas suas, em parceria com J. Tomás, foram gravadas na RCA Victor: o fox Flor do Asfalto e o samba Carioca, por Castro Barbosa.

Ainda em 1931, cantou pela primeira vez em disco, Nega, Meu Bem (Heitor dos Prazeres), na Parlophon, e em 1933 sua marchinha As Lavadeiras (com Nássara), na Columbia.

Por essa época, com a colaboração de Nássara, fundou A Jornada, jornal que durou seis meses e que tinha como epígrafe "Não quero saber quem descobriu o Brasil, quero saber quem é que bota água no leite". As pautas mais constantes eram da língua brasileira e campanhas contra a Light.


Foi influenciado por suas críticas que Noel Rosa compôs o samba Não Tem Tradução (1933), em que faz referência às particularidades próprias do idioma falado no Brasil.

Em 1933, com Noel Rosa, fez o samba Positivismo, gravado pelo próprio Noel na Columbia. Com Nássara fez Caixa Econômica, samba gravado por João Petra de Barros e Luís Barbosa, na RCA Victor.

Ainda nesse ano a Livraria Educadora, do Rio de Janeiro, editou Samba, livro de crônicas que, em estilo telegráfico, registra a ascensão do samba urbano.

Assíduo freqüentador do Café Nice, foi parceiro de grandes compositores, como Custódio Mesquita, Nonô, Noel Rosa, Francisco Alves, Wilson Batista e, seu parceiro mais constante, Sílvio Caldas, com quem compôs valsas e canções que marcaram época na música popular e firmaram a fama de seresteiro do cantor.

Francisco Alves gravou em 1934, na Odeon, a marcha Há Uma Forte Corrente Contra Você, e na RCA Victor A Mulher Que Ficou na Taça, a valsa Romance e a canção Adeus (todas em parceria com Francisco Alves). Nesse mesmo ano, compôs com Nonô a canção Olga, gravada por Castro Barbosa na Odeon. Ainda em 1934, Sílvio Caldas gravou na RCA Victor Serenata e, no ano seguinte, na Odeon, a valsa-canção Quase Que Eu Disse (ambas com o cantor).

De 1934 é Santa dos Meus Amores, valsa registrada na RCA Victor por Sílvio Caldas, que no ano seguinte gravou na Odeon Torturante Ironia.

Em 1937 gravou, também na Odeon, Arranha-Céu e Chão de Estrelas, hoje antológica. Em 1938 Sílvio Caldas gravou pela Columbia a valsa Suburbana, outra grande criação da dupla. Ainda nesse ano compuseram A Única Rima, gravada mais tarde por Sílvio Caldas.

Além das letras para valsas e canções, ponto forte de sua obra, fez ainda letras para sambas de outros parceiros: com Ataulfo Alves fez O Negro e o Café, que o próprio Ataulfo Alves gravou na RCA Victor em 1945. Com Custódio Mesquita, o samba-choro Flauta, Cavaquinho e Violão, gravado por Aracy de Almeida na Odeon em 1946. Com Wilson Batista, Cabelo Branco, gravado por Carlos Galhardo na RCA Victor em 1946, e Abigail, gravado por Orlando Silva na Odeon em 1947. Com Valzinho compôs Óculos Escuros, gravado em 1955 por Zezé Gonzaga.

Na década de 1970 foi relembrado por Paulinho da Viola, que, no LP Paulinho da Viola, gravado na Odeon em 1971, regravou Óculos Escuros. Em 1974 Macalé gravou Imagens (com Valzinho), em seu LP Aprender a Nadar, pela Philips.


Morte

Faleceu em sua residência às 14:00 hs do dia 15/08/1966 no Rio de Janeiro, em decorrência de uma Trombose Cerebral.


Joel Silveira

JOEL SILVEIRA
(88 anos)
Jornalista e Escritor

* Lagarto, SE (23/09/1918)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/08/2007)

Autodidata, cursou até o segundo ano do curso de direito. Tido como militante de esquerda e por divergências com seu pai, o qual considerava um burguês, mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1937, disposto a trabalhar como jornalista, função na qual se destacou, tornando-se, inclusive, escritor.

Embora pareça paradoxal o período do Estado Novo permitiu que ele e mais um grupo de jovens jornalistas, como David Nasser, Edmar Morel e Samuel Wainer, viessem a se notabilizar pela "grande reportagem" dos anos 1940, forma encontrada pelos jornais para sobreviver à censura imposta pela ditadura.

Seu primeiro emprego foi no periódico literário Dom Casmurro, de propriedade de Brício de Abreu e Álvaro Moreyra, que era um jornal esquerdista. Depois foi repórter e secretário da revista Diretrizes, semanário de propriedade de Samuel Wainer, onde permaneceu até a redação ser fechada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), em 1944.


Seus mais de 60 anos de carreira contabilizaram passagens por diversas redações do país, nas quais ocupou inúmeros cargos. Foi escolhido por Assis Chateaubriand, dos Diários Associados, para ser correspondente de guerra junto à Força Expedicionária Brasileira, apesar de parecer contrário do Departamento de Imprensa e Propaganda e do general Eurico Gaspar Dutra, então Ministro da Guerra. Além do mais, apesar de haver outros candidatos de peso à missão, como David Nasser, Edmar Morel e Carlos Lacerda.

"Quando me inscrevi para seguir com a FEB como correspondente de guerra, eles fizeram de tudo para que eu não embarcasse. A acusação era a de sempre: comunista."

É reconhecido por ser um dos precursores do jornalismo internacional e do jornalismo literário no Brasil. Ganhou de Assis Chateaubriand o apelido de "a víbora" por seu estilo ferino e impactante.

As reportagens Eram Assim os Grã-Finos em São Paulo e A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista o consagraram como profissional e hoje são tidas como verdadeiros clássicos do gênero.

Publicou cerca de 40 livros. Foi agraciado com o Prêmio Machado de Assis, o mais importante da Academia Brasileira de Letras, em 1998, pelo conjunto de sua obra.

Foi ganhador dos prêmios Líbero Badaró, Prêmio Esso Especial, Prêmio Jabuti e o Golfinho de Ouro.

Pouco antes de falecer, foi homenageado no segundo Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado entre os dias 17 e 19 de maio de 2007 pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Por conta de problemas de saúde, foi representado pela filha.

Joel Silveira morou em Copacabana, no Rio de Janeiro, até sua morte, em 2007. Morreu de causas naturais.

Fonte: Wikipédia

Alceu Amoroso Lima

ALCEU AMOROSO LIMA
(89 anos)
Crítico Literário, Professor, Escritor e Líder Católico

* Rio de Janeiro, RJ (11/12/1893)
+ Petrópolis, RJ (14/08/1983)

Filho de Manuel José Amoroso Lima e de Camila da Silva Amoroso Lima, estudou no Colégio Pedro II, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro em 1913, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O paraninfo de sua turma foi o professor de Filosofia do Direito Sílvio Romero. Estagiou e advogou no escritório do advogado João Carneiro de Sousa Bandeira, que foi seu professor na Faculdade de Direito.

Adotou o pseudônimo Tristão de Ataíde, ao se tornar crítico em 1919 no O Jornal. O pseudônimo servia para distinguir a atividade de industrial da literária. Alceu Amoroso Lima então dirigia a Fábrica de Tecidos Cometa, que herdara de seu pai.

Casou-se com Maria Teresa de Faria, filha do escritor Alberto de Faria, que também foi membro da Academia Brasileira de Letras. O escritor e acadêmico Octávio de Faria era irmão de Maria Teresa e cunhado de Alceu Amoroso Lima. O escritor e acadêmico Afrânio Peixoto era casado com uma irmã de Maria Teresa de Faria, sendo assim concunhado de Alceu Amoroso Lima.

Alceu Amoroso Lima e Hamilton Nogueira em 1957.
Aderiu ao Modernismo em 1922, sendo responsável por importantes estudos sobre os principais poetas do movimento.

Após publicar seu primeiro livro, o ensaio "Afonso Arinos" em 1922, travou com Jackson de Figueiredo um famoso e fértil debate, do qual decorreu sua conversão ao catolicismo em 1928. Tornou-se um líder da Renovação Católica no Brasil.

Em 1932, fundou o Instituto Católico de Estudos Superiores, e, em 1937, a Universidade Santa Úrsula.

Após a morte de Jackson de Figueiredo, o substituiu na direção do Centro Dom Vital e da revista A Ordem.

Em 1941, participou da fundação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde foi docente de literatura brasileira até a aposentadoria em 1963.


Foi representante brasileiro no Concílio Vaticano II, o que o marcaria profundamente. Foi um dos fundadores do Movimento Democrata-Cristão no Brasil.

Publicou dezenas de livros sobre os temas mais variados. Morou na França e nos Estados Unidos no início da década de 50, onde foi diretor do Departamento de Assuntos Culturais da União Panamericana, cargo em que foi sucedido por Érico Veríssimo em 1952. Durante esse período, ministrou cursos sobre civilização brasileira em universidades inclusive na Sorbonne e nos Estados Unidos.

Tornou-se símbolo de intelectual progressista na luta contra às transgressões à lei e à censura que o Regime Militar após 1964 iria impor ao povo brasileiro.

Denunciou pela imprensa a repressão que se abatia sobre a liberdade de pensamento em sua coluna semanal no Jornal do Brasil e na Folha de São Paulo.

Patrocinou em múltiplas ocasiões as cerimônias de formatura de estudantes de diversas especializações que rendiam tributo à sua luta constante contra os regimes de caráter autoritário.

Foi reitor da então Universidade do Distrito Federal, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro e também membro do Conselho Nacional de Educação.


Academia Brasileira de Letras

Foi eleito em 29/08/1935 para a cadeira 40 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Miguel Couto, sendo recebido em 14/12/1935 pelo acadêmico Fernando Magalhães.

Morte


Obras

Impõem-se ao olhar de quem lê os seus textos os termos interligados de pessoa, ser, liberdade, eterno e moderno. Estas palavras são recorrentes em muitos de seus livros.

  • 1927 - Estudos - Segunda Série
  • 1932 - Política
  • 1938 - Idade, Sexo e Tempo
  • 1938 - Elementos de Ação Católica
  • 1943 - Mitos de Nosso Tempo
  • 1946 - O Problema do Trabalho
  • 1951 - O Existencialismo e Outros Mitos de Nosso Tempo
  • 1953 - Meditações Sobre o Mundo Interior
  • 1962 - O Gigantismo Econômico
  • 1965 - O Humanismo Ameaçado
  • 1973 - Memórias Improvisadas
  • 1975 - Os Direitos do Homem e o Homem Sem Direitos
  • 1977 - Revolução Suicida
  • 1983 - Tudo é Mistério
Fonte: Wikipédia

Capistrano de Abreu

JOÃO CAPISTRANO HONÓRIO DE ABREU
(73 anos)
Escritor, Pesquisador e Historiador

* Maranguape, CE (23/10/1853)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/08/1927)

Um dos primeiros grandes historiadores do Brasil, produziu ainda nos campos da etnografia e da linguística. A sua obra é caracterizada por uma rigorosa investigação das fontes e por uma visão crítica dos fatos históricos e suas pesquisas fazem contraponto à de Francisco Adolfo de Varnhagen.

Praça Capistrano de Abreu, no Centro de Maranguape
Historiador, João Capistrano Honório de Abreu nasceu na cidade de Maranguape, em 23 de outubro de 1853. Fez seus primeiros estudos em rápidas passagens por várias escolas.

Em 1869, viajou para Recife onde cursou humanidades, retornando ao Ceará dois anos depois. Em Fortaleza, foi um dos fundadores da Academia Francesa, órgão de cultura e debates, progressista e anticlerical, que durou de 1872 a 1875.

No Rio de Janeiro

Neste último ano, viajou para o Rio de Janeiro e aí se fixou, tornando-se empregado da Editora Garnier.

Foi aprovado em concurso público para bibliotecário da Biblioteca Nacional durante a gestão de Ramiz Galvão.

150 Anos do Nascimento de Capistrano de Abreu
Em 1879, foi nomeado oficial da Biblioteca Nacional. Lecionou corografia e história do Brasil no Colégio Pedro II, nomeado por concurso em que apresentou tese sobre o Descobrimento do Brasil e o seu desenvolvimento no século XVI. Eleito para a Academia Brasileira de Letras, recusou-se a tomar posse.

Dedicou-se ao estudo da história colonial brasileira, elaborando uma teoria da literatura nacional, tendo por base os conceitos de clima, terra e raça, que reproduzia os clichês típicos do colonialismo europeu acerca dos trópicos, invertendo, todavia, o mito pré-romântico do "bom selvagem".

É patrono da cadeira 15 da Academia Cearense de Letras e da cadeira 23 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

Morreu no Rio de Janeiro, aos 73 anos, em 13 de agosto de 1927.

Fonte: Wikipédia

Câmara Cascudo

LUÍS DA CÂMARA CASCUDO
(87 anos)
Escritor, Historiador, Antropólogo, Advogado, Jornalista e Professor

* Natal, RN (30/12/1898)
+ Natal, RN (30/07/1986)

Luís da Câmara Cascudo foi um historiador, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro. Câmara Cascudo passou toda a sua vida em Natal, RN e dedicou-se ao estudo da cultura brasileira. Foi professor da Faculdade de Direito de Natal, hoje Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), cujo Instituto de Antropologia leva seu nome.

Pesquisador das manifestações culturais brasileiras, deixou uma extensa obra, inclusive o "Dicionário do Folclore Brasileiro" (1952). Entre seus muitos títulos destacam-se: "Alma Patrícia" (1921), obra de estreia, e "Contos Tradicionais do Brasil" (1946). Estudioso do período das invasões holandesas no Brasil, publicou "Geografia do Brasil Holandês" (1956). Suas memórias, "O Tempo e Eu" (1971) foram editadas postumamente.

Câmara Cascudo quase chegou a ser demitido de sua posição como professor por estudar figuras folclóricas como o Lobisomem.

Começou o trabalhou como jornalista aos 19 anos em A Imprensa, de propriedade de seu pai, e depois passou pelo A República e o Diário de Natal. Nos anos 60 já havia publicado quase 2000 textos.


Posições Políticas

Câmara Cascudo foi monarquista nas primeiras décadas do século XX e durante a década de 30 combateu a crescente influência marxista no Brasil. Também combateu, em parte, sob a impressão causada pela assim chamada Intentona Comunista de 1935, quando Natal foi palco e sede da primeira tentativa de um governo fundado nas ideias marxistas da América Latina, Câmara Cascudo aderiu ao integralismo brasileiro e foi membro destacado e Chefe Regional da Ação Integralista Brasileira, o movimento nacionalista encabeçado por Plínio Salgado.

Desencantou-se rapidamente com o Integralismo, tal como outro famoso ex-integralista, Dom Hélder Câmara, e já durante a Segunda Guerra Mundial favoreceu os Aliados, demonstrando sua antipatia aos fascistas italianos e aos nazistas alemães.

Fiel ao seu pensamento anticomunista, não se opôs ao Golpe Militar de 1964, mas protegeu e ajudou a diversos potiguares perseguidos pelos militares. Muito contribuiu para a cultura na gestão do prefeito de Natal, Djalma Maranhão.


Cultura

A TV Brasil fez um programa chamado "O Teco Teco", em que o personagem se chama Cascudo, em homenagem a Câmara Cascudo, que é amigo de Betinho, personagem em homenagem a Alberto Santos Dumont.

Luis da Câmara Cascudo aparece no anverso da nota de 50.000 Cruzeiros


Obra

O conjunto da obra de Luís da Câmara Cascudo é considerável em quantidade e qualidade. O autor escreveu 31 livros e 9 plaquetas sobre o folclore brasileiro, em um total de 8.533 páginas, o que o coloca entre os intelectuais brasileiros mais profícuos, ao lado de nomes como Pontes de Miranda e Mário Ferreira dos Santos.

É também notável que tenha obtido reconhecimento nacional e internacional publicando e vivendo distante do eixo Rio-São Paulo.


  • 1921 - Alma Patrícia
  • 1923 - Histórias Que o Tempo Leva
  • 1924 - Joio - Crítica e Literatura
  • 1927 - Lopez do Paraguay
  • 1933 - Conde d’Eu
  • 1933 - O Homem Americano e Seus Temas
  • 1933 - Dois Ensaios de História
  • 1934 - Viajando o Sertão
  • 1936 - Em Memória de Stradelli
  • 1938 - O Doutor Barata
  • 1938 - O Marquês de Olinda e Seu Tempo
  • 1939 - Governo do Rio Grande do Norte
  • 1939 - Vaqueiros e Cantadores
  • 1944 - Antologia do Folclore Brasileiro
  • 1944 - Os Melhores Contos Populares de Portugal
  • 1945 - Lendas Brasileiras
  • 1946 - Contos Tradicionais do Brasil
  • 1947 - Geografia dos Mitos Brasileiros
  • 1947 - História da Cidade do Natal
  • 1949 - Os Holandeses no Rio Grande do Norte
  • 1951 - Anubis e Outros Ensaios
  • 1951 - Meleagro
  • 1952 - Literatura Oral no Brasil
  • 1953 - Cinco Livros do Povo
  • 1953 - Em Sergipe Del Rey
  • 1954 - Dicionário do Folclore Brasileiro
  • 1954 - História de Um Homem - (João Câmara)
  • 1954 - Antologia de Pedro Velho
  • 1955 - História do Rio Grande do Norte
  • 1955 - Notas e Documentos Para a História de Mossoró
  • 1955 - Trinta "Estórias" Brasileiras
  • 1956 - Geografia do Brasil Holandês
  • 1956 - Tradições Populares da Pecuária Nordestina
  • 1957 - Jangada
  • 1957 - Jangadeiros
  • 1957 - Rede de Dormir
  • 1958 - Superstições e Costumes
  • 1959 - Canto de Muro
  • 1961 - Ateneu Norte-Rio-Grandense
  • 1961 - Vida Breve de Auta de Souza
  • 1963 - Dante Alighieri e a Tradição Popular no Brasil
  • 1963 - História da Alimentação no Brasil
  • 1965 - História da República do Rio Grande do Norte
  • 1965 - Made In África
  • 1965 - Nosso Amigo Castriciano
  • 1966 - Flor dos Romances Trágicos
  • 1966 - Voz de Nessus
  • 1967 - Folclore no Brasil
  • 1967 - Jerônimo Rosado (1861-1930)
  • 1967 - Seleta, Luís da Câmara Cascudo
  • 1968 - Coisas Que o Povo Diz
  • 1968 - Nomes da Terra
  • 1968 - O Tempo e Eu
  • 1968 - Prelúdio da Cachaça
  • 1969 - Pequeno Manual do Doente Aprendiz
  • 1970 - Gente Viva
  • 1970 - Locuções Tradicionais no Brasil
  • 1971 - Ensaios de Etnografia Brasileira
  • 1971 - Na Ronda do Tempo
  • 1971 - Sociologia do Açúcar
  • 1971 - Tradição, Ciência do Povo
  • 1972 - Ontem
  • 1972 - Uma História da Assembleia Legislativa do RN
  • 1973 - Civilização e Cultura (2 Volumes)
  • 1973 - Movimento da Independência no RN
  • 1974 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. I)
  • 1974 - Prelúdio e Fuga do Real
  • 1974 - Religião no Povo
  • 1976 - História dos Nossos Gestos
  • 1976 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. II)
  • 1977 - O Príncipe Maximiliano no Brasil
  • 1977 - Antologia da Alimentação no Brasil
  • 1977 - Três Ensaios Franceses
  • 1977 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. III)
  • 1978 - Mouros e Judeus
  • 1978 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. IV)
  • 1981 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. V)
  • 1985 - Superstição no Brasil
  • 1989 - O Livro das Velhas Figuras (Vol. VI.)

Fonte: Wikipédia

João Saldanha

JOÃO ALVES JOBIN SALDANHA
(73 anos)
Jornalista, Comentarista Esportivo, Escritor, Jogador e Técnico de Futebol

☼ Alegrete, RS (03/07/1917)
┼ Roma, Itália (12/07/1990)

João Saldanha foi um jornalista, comentarista esportivo, escritor, jogador e técnico de futebol brasileiro nascido em Alegrete, no Estado do Rio Grande do Sul, no dia 03/07/1917. Levou a Seleção Brasileira de Futebol a classificar-se para a Copa do Mundo de 1970. Seu apelido era João Sem-Medo.

Logo no inicio de sua vida, a família de João Saldanha resolveu mudar-se de Alegrete. Após percorrerem várias cidades do interior do Paraná, decidiram ficar em Curitiba.

O primeiro grande contato de João Saldanha com o futebol aconteceu ali, pois a casa comprada por Gaspar Saldanha, seu pai, ficava a dois quarteirões do campo do Clube Atlético Paranaense, onde sempre ia assistir aos treinos das divisões de base, permitindo a proximidade do garoto com o futebol.

Além disso, a casa da família em Curitiba permitia uma integração com toda a garotada da vizinhança, que organizava times, campeonatos, jogos, enfim, tudo dentro do estilo de vida da expansão urbana e das novas modas citadinas. Ali, João Saldanha completaria o primário na mesma escola de um garoto que ainda seria importantíssimo personagem na história nacional como presidente da República: Jânio Quadros. Mais tarde mudou-se para o Rio de Janeiro.

João Saldanha jogou futebol profissionalmente por uns poucos anos no clube carioca do Botafogo. Formou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (FND), atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Estudou Jornalismo e se tornou um dos mais destacados escritores de esportes, antes de trabalhar como comentarista no rádio e na televisão. Como um jornalista esportivo, ele frequentemente criticava jogadores, técnicos e times de futebol. Foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Botafogo

Em 1957, o Botafogo de Futebol e Regatas, seu clube de coração, contratou-o como seu técnico, apesar de sua total falta de experiência. O clube ganhou o campeonato estadual daquele ano.

Em 1969, ele foi convidado a se encarregar da Seleção Brasileira de Futebol. O Presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), João Havelange alegou que o contratou na esperança de que os jornalistas fizessem menos críticas à Seleção Brasileira, tendo um deles como técnico.

Gérson, Pelé e João Saldanha
Eliminatórias Para a Copa do Mundo de 1970

Na Copa do Mundo de 1966, uma das principais críticas da imprensa era a falta de um time-base. João Saldanha tentou resolver esse problema e convocou um time formado em sua maioria por jogadores do Santos e do Botafogo, os melhores times da época. E os conduziu a 100% de aproveitamento em seis jogos de qualificação (eliminatórias). De uma frase sua, quando teria dito que convocaria somente "feras", surgiu a expressão "As feras do Saldanha" para designar aquela seleção.

Graças ao seu trabalho, a Seleção Brasileira reconquistaria a auto-estima e a confiança do torcedor, que tinha perdido depois da pífia campanha na Copa do Mundo de 1966.

O time de João Saldanha, que deu show nas eliminatórias contra Venezuela e Paraguai, com a dupla Tostão e Pelé, estava mesclado com jogadores do Santos, Botafogo e Cruzeiro.

Foi uma grande jogada de João Saldanha. Usou o entrosamento dos jogadores em seus respectivos times e atuava num 4-2-4 bem montado.

O time brasileiro de João Saldanha era: Cláudio; Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Joel e Rildo; Piazza e Gérson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu.

Apesar das vitórias, João Saldanha foi publicamente criticado por Dorival Knipel, o Yustrich, treinador do clube carioca Flamengo. João Saldanha respondeu ao confronto brandindo um revólver. Também havia rumores de que não entendia de preparação física, havendo alguns desentendimentos com a comissão técnica sobre a condução dos treinamentos.

Embora muito se dissesse à época que João Saldanha foi retirado do comando da Seleção por causa da sua negativa em selecionar jogadores que eram indicados pessoalmente pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, em particular o atacante Dário Maravilha. Foi constatado posteriormente que tal fato em verdade não ocorreu, limitando-se o então presidente, na qualidade de torcedor, a sugerir a convocação de Dadá, tal como na Copa do Mundo de 2010 se sugeriu a Dunga a convocação de Neymar ou Paulo Henrique Ganso, ambos do Santos.

O último atrito foi quando o auxiliar-técnico pediu para sair da Seleção, dizendo que era impossível trabalhar com João Saldanha. Segundo João Havelange, então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CDB), o esquema adotado por João Saldanha de dois pontas abertos, Jair e Edu, e o meio-campo desprotegido do Brasil, que adotava o esquema 4-2-4, não iria a lugar nenhum. Daí a demissão de João Saldanha e, depois de uma tentativa de se contratar Dino Sani, ele foi substituído por Mário Zagallo, ex-jogador de futebol e ganhador de duas copas: Copa do Mundo de 1958 e Copa do Mundo de 1962, com seu tradicional e eficiente (na época) 4-3-3, montando a equipe com Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Marco Antônio, depois Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Rivellino; Jair, Tostão e Pelé.

Jornalismo

João Saldanha retornou ao jornalismo depois desse episódio e continuou a criar algumas das mais famosas citações da história do futebol brasileiro, como: "O futebol brasileiro é uma coisa jogada com música".

Morte

João Saldanha morreu em Roma, em 1990, onde foi cobrir naquele ano a Copa do Mundo de 1990 para a TV Manchete.

Até hoje não se sabe a razão. Fontes mais seguras dizem que João Saldanha morreu de um enfisema pulmonar, devido ao vício tabagista.

Fonte: Wikipédia

José do Patrocínio

JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO
(51 anos)
Farmacêutico, Jornalista, Escritor, Orador, Abolicionista e Ativista Político

☼ Campos dos Goytacazes, RJ (09/10/1853)
┼ Rio de Janeiro, RJ (29/01/1905)

José do Patrocínio destacou-se como uma das figuras mais importantes dos Movimentos Abolicionistas e Republicano no país. Foi também idealizador da Guarda Negra, que era formado por negros e ex-escravos para defender a Monarquia e o Regime Imperial.

Filho de João Carlos Monteiro, vigário da paróquia de Campos dos Goytacazes e orador sacro de reputação na Capela Imperial, com Justina do Espírito Santo, uma jovem escrava de quinze anos, cedida ao serviço do Cônego por Dona Emerenciana Ribeiro do Espírito Santo, proprietária da região.

Embora sem reconhecer a paternidade, o religioso encaminhou o menino para a sua fazenda na Lagoa de Cima, onde José do Patrocínio passou a infância como liberto, porém convivendo com os escravos e com os rígidos castigos que lhes eram impostos.

Aos 14 anos de idade, tendo completado a sua educação primária, pediu, e obteve do pai, autorização para ir para o Rio de Janeiro. Encontrou trabalho como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia (1868), empregando-se posteriormente na casa de saúde do Drº Batista Santos. Atraído pelo combate à doença, retomou, às próprias expensas, os estudos no externato de João Pedro de Aquino, prestando os exames preparatórios para o curso de Farmácia.

Aprovado, ingressou na Faculdade de Medicina como aluno de Farmácia, concluindo o curso em 1874. Nesse momento, desfazendo-se a república de estudantes com que convivia, José do Patrocínio viu-se na iminência de precisar alugar moradia, sem dispor de recursos para tal. Um amigo, antigo colega do externato de João Pedro de Aquino, João Rodrigues Pacheco Vilanova, convidou-o a morar no tradicional bairro de São Cristóvão, na casa da mãe, então casada em segundas núpcias com o capitão Emiliano Rosa Sena, abastado proprietário de terras e imóveis.

Para que José do Patrocínio pudesse aceitar sem constrangimento a hospedagem que lhe era oferecida, o capitão Emiliano Rosa Sena propôs-lhe que, como pagamento, lecionaria aos seus filhos. José do Patrocínio aceitou e, desde então, passou também a frequentar o Clube Republicano que funcionava na residência, do qual faziam parte Quintino Bocaiuva, Lopes Trovão, Pardal Mallet, dentre outros.

Não tardou que José do Patrocínio se apaixonasse por Maria Henriqueta, uma das filhas do militar, sendo também por ela correspondido. Quando informado do romance de ambos, o capitão Emiliano Rosa Sena sentiu-se ofendido a princípio, porém vindo, após o matrimônio, em 1879, a auxiliar José do Patrocínio em diversas ocasiões.

Nessa época, José do Patrocínio iniciou a carreira de jornalista em parceria com Dermeval da Fonseca, publicando o quinzenário satírico Os Ferrões, que circulou de 01/06/1875 a 15/10/1875, no total de dez números. Os dois colaboradores se assinavam com os pseudônimos Notus Ferrão (José do Patrocínio) e Eurus Ferrão (Dermeval da Fonseca).

Dois anos depois (1877), admitido na Gazeta de Notícias como redator, foi encarregado da coluna Semana Parlamentar, que assinava com o pseudônimo de Prudhome. Foi neste espaço que, em 1879, iniciou a campanha pela Abolição da Escravatura no Brasil.

Em torno de si formou-se um grupo de jornalistas e de oradores, entre os quais Ferreira de Meneses, proprietário da Gazeta da Tarde, Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Ubaldino do Amaral, Teodoro Fernandes Sampaio, Francisco de Paula Ney, todos da Associação Central Emancipadora. Por sua vez, José do Patrocínio começou a tomar parte nos trabalhos da associação.

Fundou, em 1880, juntamente com Joaquim Nabuco, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Com o falecimento de Ferreira de Meneses, em 1881, com recursos obtidos junto ao sogro, adquiriu a Gazeta da Tarde, assumindo-lhe a direção.

Em Maio de 1883, articulou a Confederação Abolicionista, congregando todos os clubes abolicionistas do país, cujo manifesto redigiu e assinou, juntamente com André Rebouças e Aristides Lobo. Nesta fase, José do Patrocínio não se limitou a escrever, também preparou e auxiliou a fuga de escravos e coordenou campanhas de angariação de fundos para adquirir alforrias, com a promoção de espetáculos ao vivo, comícios em teatros, manifestações em praça pública, etc.

Em 1882, a convite de Francisco de Paula Ney, José do Patrocínio visitou a província do Ceará, onde foi recebido em triunfo. Essa província seria pioneira no Brasil ao decretar a abolição já em 1884.

Em 1885, visitou sua cidade natal, Campos dos Goytacazes, sendo também recebido em triunfo. De volta ao Rio de Janeiro, trouxe a mãe, idosa e doente, que viria a falecer no final desse mesmo ano. O sepultamento transformou-se em um ato político em favor da abolição, tendo comparecido personalidades como as do ministro Rodolfo Dantas, o jurista Ruy Barbosa e os futuros presidentes Campos Sales e Prudente de Moraes.

Em 1886, iniciou-se na política, sendo eleito vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com votação maciça.

Em setembro de 1887, abandonou a Gazeta da Tarde para fundar e dirigir um novo periódico: A Cidade do Rio. À frente deste periódico, intensificou a sua atuação política. Aqui, fizeram escola alguns dos melhores nomes do jornalismo brasileiro da época, reunidos e incentivados pelo próprio José do Patrocínio. Foi nele que José do Patrocínio saudou, após uma década de intensa militância, a 13/05/1888, o advento da Abolição.

Obtida a vitória na campanha abolicionista, as atenções da opinião pública se voltaram para a campanha republicana. Por ironia do destino, o A Cidade do Rio e a própria figura de José do Patrocínio passam a ser identificados pela opinião pública como defensores da monarquia em crise. Nessa fase, José do Patrocínio, rotulado como um Isabelista, foi apontado como um dos mentores da chamada Guarda Negra, um grupo de ex-escravos que agia com violência contra os comícios republicanos.

Após a Proclamação da República, em 1889, entrou em conflito em 1892 com o governo do marechal Floriano Peixoto, pelo que foi detido e deportado para Cucuí, no alto Rio Negro, no Estado do Amazonas.

Retornou discretamente ao Rio de Janeiro em 1893, mas com o Estado de Sítio ainda em vigor, a publicação do A Cidade do Rio continuou suspensa. Sem fonte de renda, José do Patrocínio foi residir no subúrbio de Inhaúma.

Nos anos seguintes, a sua participação política foi inexpressiva, concentrando-se a sua atenção no moderno invento da aviação. Iniciou a construção de um dirigível de 45 metros, o Santa Cruz, com o sonho de voar, jamais concluído. Numa homenagem a Santos Dumont, realizada no Teatro Lyrico Fluminense, quando discursava saudando o inventor, foi acometido de uma Hemoptise, sintoma da Tuberculose que o vitimou.

José do Patrocínio faleceu pouco depois, aos 51 anos de idade, aquele que é considerado por seus biógrafos o maior de todos os jornalistas da abolição.

Representações na Cultura

José do Patrocínio já foi retratado como personagem na televisão, interpretado por Antonio Pitanga na novela "Sangue do Meu Sangue" (1969) e por Kadu Karneiro no remake "Sangue do Meu Sangue" (1995), Valter Santos na minissérie "Abolição" (1988) e Maurício Gonçalves na minissérie "Chiquinha Gonzaga" (1999).

Obras


  • 1875 - Os Ferrões (Quinzenário Satírico)
  • 1877 - Mota Coqueiro ou A Pena de Morte (Romance)
  • 1879 - Os Retirantes (Romance)
  • 1883 - Manifesto da Confederação Abolicionista
  • 1884 - Pedro Espanhol (Romance)
  • 1885 - Conferência Pública em sessão da Confederação Abolicionista
  • ------ - Associação Central Emancipadora (8 boletins)

Pseudônimos

Em artigos nos periódicos da época, José do Patrocínio usou os pseudônimos de:


  • Justino Monteiro ("A Notícia", 1905)
  • "Notus Ferrão" ("Os Ferrões", 1875)
  • "Prudhome" ("A Gazeta de Notícias", "A Cidade do Rio")

Fonte: Wikipédia