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Barão de Serra Negra

FRANCISCO JOSÉ DA CONCEIÇÃO
(78 anos)
Fazendeiro e Político

* Fazenda Bom Jardim, Rio das Pedras (Piracicaba), SP (1822)
+ Fazenda Bom Jardim, Rio das Pedras (Piracicaba), SP (01/10/1900)

Primeiro e único Barão de Serra Negra, foi um fazendeiro e político brasileiro.

Era filho de Antônio José da Conceição e Rita Morato de Carvalho, sendo neto materno de Manuel Morato do Canto, tido como um dos fundadores modernos de Rio das Pedras. Descendia de Lemos Conde, descobridor das Minas de Paranaguá. Sua mãe era descendente de Amador Bueno de Ribeira, "O Aclamado".

Francisco José da Conceição foi cafeicultor destacado em Piracicaba, tendo sido o primeiro a introduzir aparelhos aperfeiçoados para beneficiar café e instrumentos aratórios na região. Também iniciou o plantio de algodão nesse município.

Foi fundador e benfeitor, em 1854, da Santa Casa de Misericórdia, à qual doou oitocentas ações de suas empresas. Também, nesta cidade, construiu o Hospício dos Alienados. Foi chefe do Partido Liberal. Ofereceu hospedagem por duas vezes, em 1877 e depois, ao Conde d'Eu, quando de sua visita a Piracicaba. Foi um dos incorporadores da Cia. de Navegação Fluvial a Vapor e um dos fundadores do Banco de Piracicaba.

Casou-se com Gertrudes Eufrosina da Rocha, filha do capitalista português Manuel da Rocha Garcia e de Ana Joquina do Amaral Rocha. Desta união, nasceram dez filhos:

  • João Batista da Rocha Conceição casado com Maria de Nazaré da Costa Pinto, filha do Conselheiro Antônio da Costa Pinto e de sua primeira mulher, Maria de Nazaré de Sousa Queirós;
  • Francisco Júlio da Conceição casado com Ana Monteiro de Barros, filha de Rodrigo Antônio Monteiro de Barros;
  • Antônio Augusto da Conceição casado com Laura Correia Pacheco, filha de Antônio Correia Pacheco;
  • Júlio Conceição, famoso botânico e orquidófilo, casado com Mariana de Freitas, natural de Santos;
  • Francisca Conceição casada com Adolfo Correia Dias;
  • Angelina Conceição casada com Torquato da Silva Leitão, médico e político de Piracicaba;
  • José da Conceição casado com Angelina da Silveira, filha do Comendador Joaquim da Silveira.

Título Nobiliárquico

Agraciado Barão, pelo Imperador Dom Pedro II, em 17 de maio de 1871.

Homenagem

O estádio municipal de Piracicaba chama-se Barão de Serra Negra, em sua homenagem. O estádio é o local onde o XV de Piracicaba manda seus jogos.

Fonte: Wikipédia

Barão de Pindamonhangaba

MANOEL MARCONDES DE OLIVEIRA E MELLO
(83 anos)
Militar

* Pindamonhangaba, SP (1780)
+ Pindamonhangaba, SP (06/08/1863)

Manoel Marcondes de Oliveira e Mello, primeiro Barão de Pindamonhangaba, foi um militar brasileiro, tendo tomado parte da comitiva que acompanhava Dom Pedro I quando do Grito do Ipiranga como comandante do I Esquadrão da Guarda de Honra.

Filho do capitão-mor Inácio Marciondes do Amaral e de Ana Joaquina de Oliveira. Casou-se em primeiras núpcias com Maria Justina do Bom-Sucesso, filha de Custódio Gomes Varela Lessa, Barão de Paraibuna, e em segundas com a viúva Maria Angélica. Não deixou descendência.

Recebeu o grau de comendador da Imperial Ordem de Cristo e da Imperial Ordem da Rosa, além de Oficial do Cruzeiro.

Foi o primeiro fazendeiro do Vale do Paraíba a receber um título nobiliárquico, pleiteando já na década de 1820 o título de Barão de Mombaça, em honra a sua fazenda em Pindamonhangaba.

Fonte: Wikipédia

Marquês de Abrantes

MIGUEL CALMON DU PIN E ALMEIDA
(68 anos)
Nobre, Político e Diplomata

* Santo Amaro da Purificação, BA (23/10/1796)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/1865)

Miguel Calmon du Pin e Almeida, Visconde Com Grandeza e Marquês de Abrantes, foi um nobre, político e diplomata brasileiro. Presidiu o conselho interino de governo da Bahia em 1823. Publicou obras notáveis sobre história, diplomacia, agricultura e outras.

Filho de José Gabriel Calmon de Almeida e de Maria Germana de Sousa Magalhães. Casou com Maria Carolina da Piedade Pereira Baía, filha de Manuel Lopes Pereira Baía (Barão de Meriti) e que, enviuvando-se, casou novamente com Joaquim Antônio de Araújo e Silva (Barão do Catete). Embora não tendo tido descendentes diretos, um sobrinho foi-lhe homônimo, e outros tantos Miguel Calmon du Pin e Almeida existiram.

Formado pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1821, de 1822 a 1823, no contexto da luta pela Independência da Bahia, presidiu o conselho interino que governou a província a partir da Vila de Cachoeira, coordenando a resistência brasileira contra o Governador das Armas, Inácio Luís Madeira de Melo.

Além dos diversos cargos públicos e condições nobiliárquicas, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, presidente da Imperial Academia de Música e provedor da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

Vida Pública

Elegeu-se deputado constituinte em 1827, assembléia da qual foi o secretário – quando foi convidado pelo imperador Dom Pedro I para ocupar a pasta da fazenda, ocasião em que organizou a Caixa de Amortização da Dívida Pública e, depois, foi Ministro dos Estrangeiros.

Uma das figuras mais expressivas do Império, foi indicado pelo imperador para governar a Bahia, recusando a indicação.

Com a abdicação de Dom Pedro I, retraiu-se da política, voltando à sua terra natal. Fundou em Santo Amaro a Sociedade de Agricultura da Bahia e a Sociedade Philomática de Química. Ligado à produção de açúcar, em 1834 escreveu o ensaio sobre o fabrico do açucar, buscando estimular e modernizar a produção, ameaçada pela concorrência estrangeira.

Retornou à política em 1837, para fazer oposição à regência do Diogo Antônio Feijó, sendo nomeado no mesmo ano, novamente, Ministro da Fazenda. Em 1840 foi eleito senador pelo Ceará, e novamente Ministro da Fazenda, quando assume o novo imperador, Dom Pedro II, após a extinção do Ministério da Maioridade.

Em 1843 torna-se conselheiro de Estado e nos dois anos seguintes cumpre missões diplomáticas em Paris, Londres e Berlim.

Incentivador da indústria, foi presidente da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (1848-1865), e primeiro presidente do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura (1860-1866).

Foi o principal organizador da Exposição Nacional, organizada sob a égide da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, em 1861. No ano seguinte volta a ocupar o Ministro dos Estrangeiros, onde protagoniza um dos mais sérios embates diplomáticos do Brasil face à Inglaterra.

No contexto da Questão Christie, a condução desse contencioso pelo ministro Miguel Calmon foi pautada pela mais hábil prudência, conduzindo-a a um resultado satisfatório ao Brasil.

Como deputado geral, pela província da Bahia, ocupou mandatos sucessivos na 1ª, 2ª e 4ª legislaturas, de 1826 a 1841.

Títulos Nobiliárquicos

Foi o primeiro e único Visconde Com Grandeza e Marquês de Abrantes.

Títulos e Comendas
  • Por sua atuação no Brasil e em Portugal, recebeu o epíteto de "Estadista de Dois Impérios".
  • Grande do Império; 
  • Veador de Sua Majestade, a Imperatriz;
  • Dignitário da Imperial Ordem da Rosa;
  • Grã-cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro;

Além destas, era membro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (de Portugal), da Ordem dos Santos Maurício e Lázaro (Itália), da Ordem de Leopoldo I (Bélgica) e da Real Ordem Constantina das Duas Sicílias.

Governo Interino da Bahia

Era partidário do movimento que resistiu ao domínio do general Madeira de Melo, português, que dominara a cidade de Salvador à revelia do então príncipe regente Dom Pedro I.

Proclamada a Independência, na Vila de Cachoeira é formado um governo interino que resiste aos ataques portugueses. Em sua mensagem ao imperador, de 1823, consigna importantes registros:

"A arte de governar foi sempre difícil. A mesma história fabulosa dos tempos heróicos, em que deuses e semi-deuses regiam os homens, e a crônica dos grandes gênios, que escorados pela justiça, prudência e sabedoria têm governado povos em diferentes idades e merecido decantadas apoteoses, não deixaram de provar esta verdade terrível.

Colaborador e consócio dos ajuntamentos patrióticos que concertavam o plano de reação que devíamos opor ao dominante infame partido português, podemos afirmar que a revolução do Recôncavo foi prematurada. (...) Neste precário e calamitoso estado de coisas, resolveram os patriotas, em 20 de agosto constituir e instalar um Governo Geral, que aliasse mais e mais todas as Vilas, e chamasse as forças, atenções e interesses para o grande fim da Salvação da Pátria."

Vitoriosos, os baianos retomaram a capital, aguardando a nomeação, pelo imperador, do presidente da província. Enfrentou, entretanto, o próprio general Pedro Labatut, a quem acusou de "ditatorial", forçando-lhe a retirada do comando das forças baianas.

Neste breve interregno, Miguel Calmon cuidou de desarmar os portugueses, que "a despeito do amor da esposa e filhos, decente fortuna, cômoda habitação, e costume de longo tempo, (tramavam) contra a causa do Brasil, haviam atraído sobre todos os naturais de Portugal o furor do povo brasileiro" - como deixou registrado, na mesma mensagem.

Atividades Maçônicas

Em 9 de setembro de 1850, em substituição a Antônio Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, é eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, cargo que ocupou até 1863, quando então o passou a Bento da Silva Lisboa.

Fonte: Wikipédia

Barão de Capanema

GUILHERME SCHÜCH
(84 anos)
Naturalista, Engenheiro e Físico

☼ Ouro Preto, MG (17/01/1824)
┼ Rio de Janeiro, RJ (26/08/1908)

Guilherme Schüch, posteriormente Guilherme Capanema, primeiro e único Barão de Capanema, foi um naturalista, engenheiro e físico brasileiro, nascido em Ouro Preto, MG, no dia 17/01/1824. Foi o responsável pela instalação da primeira linha telegráfica do Brasil. Era bisavô do político Gustavo Capanema.

Filho do austríaco Rochus Schüch, natural da Morávia, que veio para o Brasil em 1817 como integrante da comitiva da Princesa Leopoldina, e da suiça Josefina Roth, que seu pai conhecera na colônia de Nova Friburgo, RJ.

Guilherme Schüch casou-se com Eugênia Amélia Delamare, nascida em Havre de Grace, França, no dia 12/07/1824, filha de Charles Robert Delamare e Reine Germaine Virginie, falecida no Rio de Janeiro no dia 12/04/1907. O casal teve três filhos: Paulina, Guilherme e Gustavo S. Capanema, médico e político.

Em 1841 foi enviado para a Europa, aos cuidados do Visconde de Barbacena, para estudar engenharia. Depois de 60 dias, pois a navegação se fazia à vela, chegou à Inglaterra, onde o ministro brasileiro Marquês Lisboa o fez seguir para Antuérpia e dali diretamente para Munique. Ali o ilustre botânico Carl Friedrich Philipp von Martius e o zoólogo Johann Baptiste von Spix lhe prestaram bons serviços, encaminhando-o nos seus estudos.

A viagem de Antuérpia a Munique foi feita de carruagem, pois ainda não existiam na época estradas de ferro. Concluiu o curso na Escola Politécnica de Viena. Formou-se doutor em matemática e ciência pela antiga Escola Militar do Rio de Janeiro.

De volta ao Brasil foi responsável pela fundação, em 11/05/1852, do Telégrafo Nacional, sendo seu primeiro diretor.

Guilherme Schüch frequentemente visitava o Imperador, que insistia por essas visitas para aperfeiçoar-se, dizia ele, na conversação da língua alemã.

Em uma das visitas, Manuel de Araújo Porto Alegre (Barão de Santo Angelo), informou ao Imperador que o Drº Azeredo Coutinho era de opinião que o Drº Guilherme Schüch devia ser nomeado para uma das cadeiras vagas da Escola Central, indicando a de mineralogia. O coronel Pedro de Alcântara Bellegarde, comandante da Escola Central, opinou para que sua nomeação fosse feita, devendo ela ser confirmada no fim do ano, se assim decidisse a congregação.

Dom Pedro II mandou que o Drº Guilherme Schüch se apresentasse ao Ministro da Guerra. Havia, porém, um impedimento: é que a lei dispunha que o magistério só poderia ser exercido por engenheiros formados pela Escola Central. O Ministro da Guerra resolveu o caso lembrando que o Drº Guilherme Schüch deveria ser sujeito a um exame do conjunto de matérias, inclusive arte militar. O Drº Guilherme Schüch deliberou, então, estudar a arte militar e para isto adquiriu os livros necessários e foi passar uma temporada na fazenda da família Paes Leme.

De volta, sujeitou-se aos exames exigidos pelo Ministro da Guerra, nos quais foi aprovado e em seguida nomeado lente substituto da Escola Central.

Engenheiro militar, na década de 1850 conseguiu fabricar munição para os fuzis Dreyse utilizados na Guerra Contra Oribe e Rosas, segredo militar prussiano. Também realizou diversas experiências com foguetes, tendo fabricado alguns foguetes de Halle por volta de 1852.

Em 1855 fez várias experiências com os foguetes de Halle junto com José Mariano de Mattos. No mesmo ano foi enviado à Bélgica com ordens de "comprar 1200 fuzis, 1000 clavinas com baionetas, sabres, e 500 clavinas sem baionetas".

Membro da Sociedade Velosiana de Ciências Naturais, onde participava da comissão de botânica, sugeriu sua fusão ao Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, o que não aconteceu. Tendo a sociedade se desmembrado, parte dos sócios, incluindo Guilherme Schüch, então fundou a Sociedade Palestra Científica do Rio de Janeiro, que teve sua primeira sessão em 25/06/1856.

Participou da comissão científica do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, criada em 1856, onde foi diretor da Seção Geológica e Mineralógica.

Em 1863 foi enviada à Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, em Iperó, perto de Sorocaba, tendo revitalizado-a. Inventor, desenvolveu também um formicida contra a saúva.

Notando o Drº Guilherme Schüch a dificuldade que havia em Minas Gerais de pronunciarem seu nome alemão, resolveu adotar o sobrenome de "Capanema", pertencente a uma serra e povoado daquela província, e nas vizinhanças de Ouro Preto.

Em 1877, o botânico João Barbosa Rodrigues homenageou Guilherme Schüch de Capanema, seu amigo, dando o nome de Capanemia a um novo gênero de orquídeas descrito em seu livro Genera Et Species Orchidearum Novarum.

Recebeu o título de Barão em 26/02/1881 por decreto de Dom Pedro II. O engenheiro Guilherme Schüch comandou a instalação das primeiras redes telegráficas do norte do Brasil.

Posteriormente, em homenagem à sua mediação no conflito entre Brasil e Argentina pela posse região do Rio Iguaçu, uma localidade do Paraná recebeu o nome de Capanema. Assim, configurou-se um caso em que um topônimo originou um antropônimo que, por sua vez, foi posteriormente motivo para a denominação de um outro nome de lugar.

Em 1889 com a Proclamação da República se aposentou da direção do Telégrafo Nacional.

Em 1903 foi nomeado diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Foi também professor de física e de mineralogia na Escola Militar.

Recipiente da comenda da Imperial Ordem da Rosa e da Imperial Ordem de Cristo, além de ter sido membro do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil.

Fonte: Wikipédia

Visconde de Cairu

JOSÉ DA SILVA LISBOA
(79 anos)
Economista, Historiador, Jurista, Publicista e Político

* Salvador, BA (16/07/1756)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/08/1835)

Primeiro Barão e Visconde de Cairu, foi um economista, historiador, jurista, publicista e político brasileiro, ativo na época da Independência do Brasil.

Sempre apoiou ardorosamente Dom João VI e Dom Pedro I. Ocupou diversos cargos na administração econômica e política do Brasil, deputado da Real Junta do Comércio e desembargador da Casa da Suplicação, após a instalação da corte no Rio de Janeiro, em 1808.

Diz-se na página 321 de Portugal como Problema - A Economia como Solução, Público-Fundação Luso-Americana, Lisboa, 2006:

"Impulsionou a criação de uma aula de economia política e colaborou directamente na redacção dos decretos que ditaram a abertura dos portos brasileiros e o levantamento da proibição de instalação de manufacturas no Brasil. A sua atitude favorável ao desenvolvimento económico da colónia acabaria por contribuir para a criação das condições indispensáveis à independência política do Brasil, em 1822, figurando Silva Lisboa - entretanto agraciado com o título de Visconde Cairú - como um dos nomes com lugar de honra no panteão dos heróis da pátria brasileira."

Estátua Visconde de Cairu, Mercado Modelo - Salvador, BA
Dados Biográficos

Era filho de um arquiteto português, Henrique da Silva Lisboa e de Helena Nunes de Jesus. Fez os preparatórios na Bahia desde seus oito anos, estudando filosofia, música e piano. Concluiu os estudos em Lisboa, pois como o governo português não permitia universidades na colônia, todos eram obrigados a se formar em Portugal, na Universidade de Coimbra.

Ali seguiu os cursos jurídico e filosófico a partir de 1774, formando-se em 1778. Nesse ano, foi nomeado substituto das cadeiras de grego e de hebraico do Colégio das Artes de Coimbra. Bacharel em cânones pela Universidade de Coimbra, onde concluiu os cursos de filosofia e medicina.

Ainda em Coimbra, bem à moda do século XVIII, estudou hebraico e grego. Em 1778 ainda, foi nomeado professor de filosofia nacional e moral, para a cidade de Salvador, na Bahia, cuja cadeira regeu 19 anos, e a da língua grega, que ali criou, por cinco anos.

Carreira Pública

Visconde de Cairu, economista brasileiro acompanhava as últimas teorias européias, como as de Adam Smith, que mencionavam que um país só progride se seus industriais e comerciantes dispõem do máximo de liberdade para ganhar dinheiro. Assim tão logo Dom João VI desembarcou no Brasil, pediu audiência para lhe propor a abertura dos portos brasileiros. Talvez Dom João VI tenha achado graça pela primeira vez, desde que fugiu de Lisboa, uma vez que a abertura já estava decidida pela Convenção Secreta de Londres.

Em 1797 voltou a Portugal, obtendo sua aposentadoria e a nomeação para o lugar de deputado e secretário da Mesa da Inspeção da Bahia, para onde partiu de novo. Tomou posse do cargo em 1798, ficando em exercício até 1808.

Em 1801 publicou em Lisboa sua primeira obra, Princípios do Direito Mercantil e Leis da Marinha para uso da mocidade portuguesa, que compreende o seguro maritimo, o câmbio maritimo, as avarias, as letras de câmbio, os contratos mercantes, os tribunais e as causas de comércio.

Em 1804 publicou sua obra capital, o tratado Princípios de Economia Politica, o primeiro livro que sobre semelhante assunto se escrevia em português, inspirado nos princípios da nova ciência, fundada por Adam Smith. Em 1804 escreveu as famosas "Observações apologéticas acerca da crítica que faz contra Smith o autor das Memórias Políticas sobre as Verdadeiras Bases da Grandeza das Nações."

De 1801 a 1808 continuou a publicar sua obra em sete volumes Principios de Direito Mercantil e Leis de Marinha.

No Rio de Janeiro, publicaria em 1808 as Observações Sobre o Comércio Franco no Brasil, três partes em dois volumes.

Quando o Príncipe Regente chegou à Bahia, Silva Lisboa era funcionário da Mesa de Inspeção da Agricultura e Comércio da Bahia e lhe coube redigir a Representação dos Comerciantes de Salvador, na qual pediam levantar o embargo do comércio com Portugal, ocupado pela França. Assim, hebraista, helenista, economista e jurista, seria o divulgador no Brasil dos princípios clássicos da economia liberal e ao mesmo tempo da ortodoxia católica em matéria de política.

O Original da Carta Régia de 28 de janeiro de 1808
Apresentou assim a Dom João VI, Príncipe Regente, as vantagens da abertura dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal. Disto resultou a Carta Régia de 28 de janeiro de 1808, que oficializou o ato. Ocupava, na época, o cargo de professor de Economia Política.

No Rio de Janeiro Com a Corte

Dom João VI ordenou a Silva Lisboa que o acompanhasse ao Rio de Janeiro, para auxiliá-lo. Distinguido desta forma, chegou ao Rio de Janeiro a 7 de Março de 1808, e logo em abril seguinte foi nomeado desembargador da Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens.

Visconde de Cairu e José Bonifácio
Em agosto de 1808, foi feito deputado da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação do Estado do Brasil. Em 1809 foi incumbido de organizar um código de comércio. Em 1810 recebeu a mercê do hábito de Cristo. Em 1815 foi encarregado do exame das obras para a impressão. Em 1821, foi incluído na lista dos membros da junta de cortes para o exame das leis constitucionais discutidas então em Lisboa, e inspetor-geral dos estabelecimentos literários e director dos estudos.

Silva Lisboa tentou reconciliar Portugal e o Brasil, e impedir a separação, e para isso fundou um jornal, O Conciliador do Reino Unido, em que defendeu os direitos do príncipe e ponderou as vantagens da monarquia continental. Quando a esperança de conciliação desapareceu, e para não perder a coroa, o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara se pôs à frente do movimento independentista, Lisboa não hesitou e principiou a combater pela independência. Escreveu uma obra, As Reclamações, de grande efeito.

Defensor da centralização do poder, Silva Lisboa combateu na imprensa os revolucionários da Confederação do Equador e no seu rebate brasileiro polemizou com o Typhis Pernambucano de Frei Caneca. No mesmo ano, 1824, publicou o Apelo à Honra Brasileira Contra a Facção Federalista de Pernambuco.

Homenagem no Bilhete da Loteria Federal
Depois da Independência, continuou a exercer cargos elevados, recebendo distinções honoríficas. Foi agraciado em 1825 pelo Imperador Dom Pedro I com o título de Barão e depois em 1826 de Visconde de Cairu, sendo ainda escolhido mais tarde Senador do Império.

Foi desembargador da Mesa do Paço e da Casa de Rogo, deputado e senador. Em 1832, lutou pela criação de uma Universidade no Rio de Janeiro, fato só concretizado quase cem anos depois, com a fundação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Comentário Sobre Sua Obra

Diz a introdução, página 321 da obra Portugal Como Problema - A Economia Como Solução, Público-Fundação Luso-Americana, Lisboa, 2006:

"Nos seus diversos livros e panfletos, recorre abundantemente a uma concepção de economia política fiel aos ensinamentos de Smith e assente num conjunto coerente de ideias e princípios fundamentais. Nomeadamente, a ideia de progresso e de busca incessante da prosperidade e da felicidade social, da qual faz parte integrante a educação, a instrução pública, a produção e a divulgação do conhecimento científico e dos resultados da inteligência humana. Também presente a ideia de que o Estado deve assegurar uma proteção ao bem comum, sem interferência excessiva nos assuntos particulares e com o permanente cuidado de não utilizar de forma abusiva os recursos gerados pela sociedade civil. Daqui decorre um outro princípio, o da valorização da concorrência entre agentes económicos como condição essencial do bom funcionamento da economia nacional, a par da defesa intransigente da liberdade de trabalho e de iniciativa individual.

Foi em nome da ortodoxia smithiana que José da Silva Lisboa invectivou, em 1804, as teses que Rodrigues de Brito explanara nos primeiros tomos de sua obra publicados em 1803. Este autor, por sua vez, respondeu a Silva Lisboa no ano seguinte, em 1805, no terceiro tomo das suas Memórias Políticas. A polémica e a discussão não ficaram por aqui. Silva Lisboa contra-argumentou e voltou a rebater o seu opositor num liongo apêndice aos Princípios de Economia Política que até recentemente se manteve inédito."

Estátua Visconde de Cairu - Salvador, BA
Obra Historiográfica

Silva Lisboa escreveu diversos livros de história que acompanhavam a conturbada conjuntura política em que viveu. Em 1815 publicou as Memória Sobre a Vida de Lord Wellington, em 1818 as Memórias Sobre os Benefícios Políticos de El-Rei Dom João VI, na década de 1820 publicou diversos volumes de sua inacabada História dos Principais Sucessos Políticos do Império do Brasil.

Academia Brasileira de Letras

Com a inovação da Academia Brasileira de Letras em criar os "Sócios Correspondentes", mais adiante foram sugeridos que se fizesse também o patronato de suas 20 cadeiras, cabendo a última delas ao Visconde de Cairu, seu patrono.

Fonte: Wikipédia

Visconde de Taunay

ALFREDO MARIA ADRIANO D'ESCRAGNOLLE TAUNAY
(56 anos)
Nobre, Escritor, Músico, Artista Plástico, Professor, Compositor, Instrumentista, Engenheiro Militar, Político, Historiador e Sociólogo

* Rio de Janeiro, RJ (22/01/1843)
+ Rio de Janeiro, RJ (25/01/1899)

Foi o primeiro e único Visconde de Taunay.

Alfredo Taunay nasceu em uma família aristocrática de origem francesa no Rio de Janeiro. Seu pai, Félix Émile Taunay, era pintor, professor e diretor da Academia Imperial de Belas Artes e seu avô paterno foi o conceituado Nicolas-Antoine Taunay. Sua mãe, Gabriela Hermínia Robert d'Escragnolle Taunay, fora uma dama da alta sociedade brasileira e era irmã do Barão d'Escragnolle e filha do Conde d'Escragnolle.

Família e Educação

Após obter seu bacharelado em literatura no Colégio Pedro II em 1858, aos quinze anos de idade, Taunay estudou física e matemática no Colégio Militar do Rio de Janeiro, tornando-se bacharel em matemática e ciências naturais em 1863.

Casou-se com Cristina Teixeira Leite, filha do Barão de Vassouras, neta do primeiro Barão de Itambé e sobrinha-neta do Barão de Aiuruoca. Seu filho foi o historiador Afonso d'Escragnolle Taunay, membro-fundador da Academia Brasileira de Letras.

Guerra do Paraguai e Carreira Política

Taunay lutou na Guerra do Paraguai como engenheiro militar, de 1864 a 1870. Desta experiência surgiu seu livro "A Retirada da Laguna" (1869).

Após seu retorno ao Rio de Janeiro, Taunay lecionou no Colégio Militar do Rio de Janeiro e iniciou simultaneamente sua carreira como político do Segundo Império.

Atingiu o posto de major em 1875. Foi eleito para a Câmara dos Deputados pela Província de Goiás em 1872, cargo para o qual seria reeleito três anos mais tarde.

No dia 26 de abril de 1876, foi nomeado presidente da Província de Santa Catarina. Assumiu o cargo de 7 de junho de 1876 a 2 de janeiro de 1877, quando o passou ao vice-presidente Hermínio Francisco do Espírito Santo, que presidiu a província por apenas um dia. Em 1 de janeiro de 1877, durante seu mandato como presidente, ele havia inaugurado, no Largo do Palácio, atual Praça Quinze de Novembro, o monumento aos heróis catarinenses da Guerra do Paraguai.

Inconformado com a queda do Partido Conservador, Taunay retirou-se da vida política em 1878, deixando o país para estudar, durante dois anos, na Europa.

Em 1881 é eleito deputado pela Província de Santa Catarina e, em 1885, nomeado presidente da Província do Paraná. Em Curitiba, foi um dos responsáveis pela criação do primeiro parque da cidade, o Passeio Público, inaugurado em 2 de maio de 1886 (véspera do dia da entrega do cargo).

Exerceu tal cargo até 3 de maio de 1886. Neste ano, torna-se senador por Santa Catarina, tendo sido escolhido de uma lista tríplice pelo Imperador em 6 de setembro de 1886, sucedendo Jesuíno Lamego da Costa.

Recebeu o título nobiliárquico de Visconde de Taunay de Dom Pedro II em 6 de setembro de 1889. Com a Proclamação da República naquele mesmo ano, Taunay deixou a política para sempre.

Carreira Literária e Artística

Crítico das influências da literatura francesa, Taunay buscava promover a arte brasileira no exterior. No dia 21 de agosto de 1883 propõe à Câmara dos Deputados a autorização de uma soma para a realização de uma sinfonia por Leopoldo Miguez em Paris, nos Concerts-Collone. Anteriormente fora responsável pela promoção de Carlos Gomes no exterior.

Taunay foi um autor prolífico, produzindo ficção, sociologia, música (compondo e tocando) e história. Na ficção, a obra Inocência é considerada pelos críticos como seu melhor livro.


Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a Cadeira nº 13, que tem como patrono Francisco Otaviano.

Faleceu Diabetico no dia 25 de janeiro de 1899.

Rodrigues Alves

FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES ALVES
(70 anos)
Advogado, Político, Conselheiro do Império e Presidente do Brasil

☼ Guaratinguetá, SP (07/07/1848)
┼ Rio de Janeiro, RJ (16/01/1919)

Rodrigues Alves foi um advogado, político, conselheiro do Império Brasileiro, presidente da província de São Paulo, presidente de Estado, ministro da Fazenda e 5º presidente do Brasil.

Governou São Paulo por três mandatos: 1887 - 1888, como presidente da província, e como quinto presidente do estado de 1900 a 1902 e como nono presidente do estado de 1912 a 1916.

Rodrigues Alves foi o último paulista a tomar posse como presidente do Brasil. Foi eleito duas vezes, cumpriu integralmente o primeiro mandato (1902 a 1906), mas faleceu antes de assumir o segundo mandato (que deveria se estender de 1918 a 1922).

Filho do português Domingos Rodrigues Alves e de Isabel Perpétua Marins. Estudou no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. O pai viera para o Brasil em 1832, fixando-se em Guaratinguetá.

Domingos Rodrigues Alves abandonou a vida de comércio e se dedicou à lavoura, tornando-se plantador de café. Contratou casamento com a filha de Antônio de Paula e Silva, de antiga família local, Isabel Perpétua. A outra filha de Paula e Silva, Guilhermina, casou com o filho do Visconde de Guaratinguetá, José Martiniano de Oliveira Borges. Viviam no Largo do Rosário, hoje Praça Conselheiro Rodrigues Alves, e tiveram 13 filhos. Domingos Rodrigues Alves morreu aos 94 anos.

Depois de estudos, passou para o Colégio Pedro II, e ali permaneceu sete anos no internato. Era colega de Joaquim Nabuco, que dizia nunca ter tirado o primeiro lugar por culpa de Rodrigues Alves.

Bacharelou-se em letras e diplomou-se na tradicional Academia do Largo de São Francisco, na turma de 1870. A ela, em determinado período, pertenceram também Ruy Barbosa, Aureliano Coutinho, Castro Alves e Afonso Pena. Também pertenceu a essa privilegiada turma o paranaense Brasílio Itiberê da Cunha, autor da modinha "A Sertaneja", a primeira manifestação nacionalista na música brasileira. Itiberê foi destacado diplomata, honrando seu grupo acadêmico. Segundo Afonso Arinos, foi a turma mais gloriosa que jamais cursou qualquer faculdade de direito brasileira.

Em 1875 casou-se com Ana Guilhermina de Oliveira Borges, neta de Francisco de Assis e Oliveira Borges, Visconde de Guaratinguetá, cuja propriedade principal era a Fazenda das Três Barras.

O Visconde de Guaratinguetá era de humilde extração, filho de pais pouco abonados. A fortuna veio a princípio da primeira esposa. No decorrer da sua existência, pelas suas qualidades pessoais e pelo seu amor ao trabalho, transformou-se em verdadeiro potentado. Falecido em 1879, sendo Rodrigues Alves advogado da viúva e inventariante, verificou-se que devia ser um dos homens mais ricos do Brasil no Segundo Reinado. O monte-mor partilhável foi a mais de mil contos, fortuna gigantesca pois correspondia a meio por cento de toda a circulação monetária do país.

A carreira política de Rodrigues Alves começou apoiada em dois importantes e sólidos pilares: primeiro, a influência que lhe passou o poderoso Visconde de Guaratinguetá, chefe conservador da província, escolhido justamente por representar na época a região que, em razão da enorme produção cafeeira, era a mais rica de São Paulo. Segundo, o fato de pertencer à Burschenschaft ou Bucha como chamavam os estudantes, misteriosa sociedade secreta que existiu por muitos anos no Largo de São Francisco. De seus quadros saíram um sem número de estadistas com fortíssima influência na política brasileira do final do Império e na República Velha.

Foi juiz de paz, promotor e vereador em Guaratinguetá, deputado provincial e geral pelo Partido Conservador.

Empresário de sucesso do ramo do café, tornou-se a terceira maior fortuna do país. A fazenda onde morava tinha 400 cômodos e as refeições eram servidas em talheres de vermeil, prata dourada que se emprega em baixelas e artefatos vários.

Governo de São Paulo

Governou São Paulo entre 1887 e 1888 como presidente da Província e foi conselheiro do Império, título que usou até o fim da vida, sempre chamado de Conselheiro Rodrigues Alves, e pela alcunha de Chiquinho de Paula. Seu filho, Oscar Rodrigues Alves e seu irmão Virgílio Rodrigues Alves, também se destacaram na política paulista.

Com o advento da República filiou-se ao Partido Republicano Paulista (PRP) ao qual permaneceria afiliado até o fim da vida.

Em 1890 foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte e em 1891 foi nomeado ministro da Fazenda do governo de Floriano Peixoto.

Em 1893 foi eleito senador por seu estado, renunciando em 1894 para ocupar novamente a pasta da Fazenda no governo Prudente de Moraes. Rodrigues Alves foi o negociador da consolidação dos empréstimos externos com os banqueiros ingleses da família Rothschild.

Rodrigues Alves foi presidente do estado de São Paulo em 1900, antes de assumir a presidência da República em 1901, época na qual inaugurou a primeira usina hidrelétrica da São Paulo Light, a Usina de Santana de Parnaíba, conhecida como Barragem Edgard de Souza.

Neste seu 2º governo em São Paulo, em 1901, explodiu uma revolta em Paranaíba no Sul do Mato Grosso do Sul que ameaçou o oeste de São Paulo levando Rodrigues Alves a enviar tropas estaduais para a região, e houve neste governo grandes surtos de Febre Amarela e outras doenças fatais.

Presidente da República

Rodrigues Alves foi eleito presidente da República em 01/03/1902, obtendo 592.039 votos contra 42.542 de seu principal competidor Quintino Bocaiúva. O vice-presidente eleito foi Francisco Silviano de Almeida Brandão, que faleceu, sendo substituído por Afonso Pena.

Seu governo foi destacado pela campanha de vacina obrigatória, que ocasionou a Revolta da Vacina, promovida pelo médico sanitarista e ministro da Saúde Oswaldo Cruz, e pela reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro, realizada sob os planos do prefeito do Rio de Janeiro, o engenheiro Pereira Passos, que incluiu, além do remodelamento da cidade, a melhoria de estradas de ferro e a construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Ocorreu também em seu governo a chamada Revolta da Escola Militar. Houve também o Convênio de Taubaté, que foi a primeira política de valorização do café. Esse convenio reuniu São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os três estados decidiram que o Governo Federal compraria e estocaria as sacas de café para evitar a queda de preço. Também determinaram um imposto de três francos por saca exportada.

Sua administração financeira foi muito bem sucedida. O presidente dispunha de muito dinheiro, já que seu governo coincidiu com o auge do Ciclo da Borracha no Brasil, cabendo ao país 97% da produção mundial.

Em 1903, Rodrigues Alves comprou a região do Acre da Bolívia, pelo Tratado de Petrópolis - processo conduzido pelo então diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Deixou a presidência com grande prestígio, sendo chamado "O Grande Presidente".

Após Rodrigues Alves, nenhum paulista governou o Brasil, exceto por alguns dias apenas Ranieri Mazzilli, Ulysses Guimarães e Michel Temer.

O Conselheiro Rodrigues Alves e quatro de seus filhos.
O Último Governo em São Paulo e a
Reeleição Para Presidente do Brasil

Em 1912, foi novamente eleito presidente do Estado de São Paulo, ficando vários meses afastado por motivo de doença, e, em 1916, encerrado o mandato de presidente de São Paulo, voltou a ocupar uma cadeira no Senado Federal.

Dado o prestígio de Rodrigues Alves em todo o Brasil, o presidente Hermes da Fonseca não se arriscou a declarar a intervenção federal em São Paulo, como fizera com os outros estados que não apoiaram sua candidatura em 1910, na sua Política das Salvações.

Neste governo iniciou a restauração da Rodovia Caminho do Mar, chamada de Estrada do Vergueiro, construiu a ponte no Rio Tietê em Barra Bonita, que existe até hoje.

Em 1912, reorganizou o Gabinete de Investigações e Capturas criado em 1910, o que modernizou e reequipou a Polícia Civil de São Paulo.

Também em 1912, a lei 1357, implantou a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, atual Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sendo que as primeiras aulas foram dadas já em 1913.

Foi eleito para o segundo mandato como presidente em 1 de março de 1918 com quase a totalidade dos votos: 386.467 votos contra 1.258 votos obtidos por Nilo Peçanha.

Rodrigues Alves contraiu a Gripe Espanhola e não tomou posse na presidencia da República em 15/11/1918. O vice-presidente eleito Delfim Moreira assumiu interinamente a presidência no dia 15/11/1918.

Morte

No dia 16/01/1919, falecia, aos 70 anos, após contrair gripe espanhola, o então presidente da República eleito Francisco de Paula Rodrigues Alves.

O cronista e crítico literário Brito Broca assistiu ao cortejo fúnebre e o registrou em suas Memórias, referindo-se ao acontecimento como um dia que abalou Guaratinguetá:

"Logo depois, aquela manhã úmida e meio chuvosa, em que o sol custou muito a aparecer. Levantei-me às pressas, quando soube que o trem especial, trazendo o corpo do Conselheiro, já estava chegando à estação. Na rua, ia um grande movimento. Do largo da Matriz pude apreciar toda a grandiosidade do espetáculo fúnebre, que não parecia, no entanto, infundir nenhuma tristeza. Da estação até o largo formava a Guarda Civil de São Paulo em uniforme de gala: azul, cinto branco, luvas e o capacete semelhante ao dos guardas de trânsito ingleses, com penacho branco. O enterro aproximava-se lentamente da igreja onde devia ser rezada a missa de corpo presente. O som dos pistões, ao compasso da marcha fúnebre, feria o ar da manhã. E davam mais a impressão de um hino as notas estridentes daqueles instrumentos. Quando o povo começou a precipitar-se para dentro da igreja, reconheci o vulto de Lauro Müller, de sobrecasaca e guarda-chuva, ao lado de Rodolfo Miranda, de fraque. O grande ministro de Rodrigues Alves perguntava ao senador paulista, indicando a residência para onde se encaminhavam:
- De quem é essa casa?
- De Virgílio Rodrigues Alves – respondia Rodolfo Miranda.
E ali, no velho casarão da esquina do Largo da Matriz, desapareceram ambos, enquanto na igreja tinha início a missa.
Dentro de uns quarenta minutos, o cortejo saía em direção ao cemitério. Fomos, eu e minha mãe, à casa de Dona Madalena, assistir-lhe a passagem, da janela, com todo conforto. Muita gente, porém, querendo tirar melhor partido do espetáculo único na vida da cidade, depois de ver o enterro numa esquina, corria a vê-lo mais adiante. Ficamos longo tempo à espera de que chegasse onde nos encontrávamos, porque a urna, muito pesada e carregada à mão, impunha um ritmo excessivamente vagaroso ao desfile e constantes paradas para o revezamento dos que disputavam a honra de conduzi-la. Finalmente, penetrou na Rua Monsenhor João Filippo aquela massa enorme de gente, estacionando de dois em dois minutos. Bem atrás da urna, coberta com a bandeira nacional, o vulto ereto de Altino Arantes, então presidente do Estado e criatura de Rodrigues Alves, pelas mãos do qual subira ao posto. O rosto fino, de acentuado prognatismo, tornava-o inconfundível, no meio da multidão. Ao lado, o Núncio Apostólico, Dom Ângelo Scapardini, de solidéu vermelho, militares de dragona, figurões da política, gente célebre, que procurávamos identificar pelas lembranças dos retratos nos jornais."

Em virtude do falecimento de Rodrigues Alves, ocorrido em janeiro de 16/01/1919, Delfim Moreira assumiu, em definitivo a presidência. De sua posse em 15 de novembro até o falecimento de Rodrigues Alves, Delfim Moreira sempre o visitava para pedir sua orientação e conselhos.

Rodrigues Alves foi sepultado no Cemitério da Consolação, em São Paulo.

É homenageado dando seu nome ao município de Presidente Alves, no Estado de São Paulo. É considerado hoje o presidente que mais se preocupou com a população da República Velha.

Fonte: Wikipédia

Barão de Poconé

MANUEL NUNES DA CUNHA
Fazendeiro e Barão

+ Mato Grosso, MT (06/01/1871)

Foi o primeiro e único Barão de Poconé.

Oitavo filho do casal Manuel Antônio Nunes Martins e de Maria Alves da Cunha. Neto materno de André Alves da Cunha, natural de Carvalho de Coura, Portugal e de Francisca de Arruda e Sá, da então Vila do Itú, São Paulo.

Casou-se com sua sobrinha Maria de Aleluia Bueno do Prado, filha de sua irmã Ana e de Bartolomeu Nunes do Prado, com a qual gerou sete filhos. Maria de Aleluia Bueno do Prado virou a Baronesa de Poconé.

Barão de Poconé foi um título outorgado a 04/12/1861.

Fonte: Wikipédia

Madame Avelar

MARIA JOSÉ VELHO DE AVELAR
(80 anos)
Baronesa e Dama do Paço

* Rio de Janeiro, RJ (07/08/1851)
+ Petrópolis, RJ (13/07/1932)

Maria José Velho de Avelar, Baronesa de Muritiba, com grandeza, nasceu em 07/08/1851 no Rio de Janeiro e batizada por sua tia Galvina Ribeiro de Avelar.

Filha de Joaquim Ribeiro de Avelar, Primeiro Visconde de Ubá, e Mariana Velho da Silva. Casou-se em 17/11/1869 em Petrópolis, RJ, com Manuel Vieira Tosta FilhoSegundo Barão de Muritiba.

Foi agraciada pela Princesa Isabel com o título de Dama do Paço e conhecida como Madame Avelar.

Princesa Isabel

ISABEL CRISTINA LEOPOLDINA AUGUSTA MICAELA GABRIELA RAFAELA GONZAGA DE BRAGANÇA E BOURBON
(75 anos)
Última Princesa Imperial do Brasil

* Rio de Janeiro, RJ (29/07/1846)
+ Eu, França (14/09/1921)

Foi a última princesa imperial do Brasil e regente do Império por três ocasiões, na qualidade de herdeira de seu pai, o imperador Dom Pedro II, e da imperatriz Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias. Foi a terceira Chefe de Estado brasileira após sua avó Maria Leopoldina e sua trisavó Dona Maria I. Foi cognominada a Redentora por ter, através da Lei Áurea, abolido a escravidão no Brasil.

Após seu casamento com o príncipe Gastão de Orléans, Conde d'Eu, em 1864, ocorreu uma junção matrimonial entre a Casa de Bragança e a de Casa de Orléans, originando o nome Orléans e Bragança, que foi passado, exclusivamente, aos descendentes de Gastão de Orléans e Dona Isabel. Também, por a mesma ter sido a herdeira do trono imperial brasileiro, os seus descendentes - os Orléans e Bragança - são os atuais herdeiros da extinta Coroa Imperial do Brasil.

A princesa Isabel foi também a primeira senadora do Brasil, cargo a que tinha direito como herdeira do trono a partir dos 25 anos de idade, segundo a constituição imperial brasileira de 1824.

Com a morte de seu pai, em 1891, tornou-se Chefe da Casa Imperial do Brasil e a primeira na linha sucessória ao extinto trono imperial brasileiro, sendo considerada, de jure, Sua Majestade Imperial, Dona Isabel I, Por Graça de Deus, e Unânime Aclamação dos Povos, Imperadora Constitucional e Defensora Perpétua do Brasil.

Nascimento e Infância

Isabel nasceu no Palácio de São Cristóvão, e foi a primeira filha do Imperador Dom Pedro II.

Batizada na Capela Imperial no dia 15 de novembro de 1846 pelo bispo capelão-mor conde de Irajá, seu nome foi dado em homenagem à avó materna, a rainha de Nápoles. Seus padrinhos de batismo foram o rei consorte Fernando II de Portugal e sua avó materna a rainha Isabel de Nápoles. Com a morte precoce de seu irmão Dom Afonso Pedro de Alcântara de Bragança, Isabel tornou-se a herdeira de seu pai. Neste mesmo ano de 1847 nasceria em 13 de julho a sua irmã e companheira de toda a mocidade, a princesa Leopoldina de Bragança e Bourbon.

Em 1848 nasceu o seu segundo irmão varão, o príncipe Dom Pedro Afonso, que morreu dois anos depois. Para herdar o trono imperial restava a princesa de quatro anos de idade, designada a partir de então como Princesa Imperial. O reconhecimento oficial como sucessora e herdeira do pai teve lugar a 10 de agosto de 1850, quando a Assembleia-Geral, reunida no Paço do Senado às 11 horas da manhã, proclamou-a herdeira do trono, de acordo com os artigos 116 e 117 da Constituição do Império.

A 29 de julho de 1860 completava Dona Isabel 14 anos e, de acordo com o artigo 106 da Constituição Imperial, deveria prestar o juramento de "manter a religião católica apostólica romana, observar a Constituição política da nação brasileira e ser obediente às leis e ao imperador."

Educação

A fim de prepará-la para seu papel, começou Dom Pedro II a preocupar-se com a formação da futura imperadora. Desde cedo, porém, o Imperador iniciou entendimentos para dar às filhas uma preceptora. Por indicação da tia das princesas, Francisca de Bragança, a escolhida foi a Condessa de Barral, filha do embaixador Domingos Borges de Barros, Visconde de Pedra Branca e esposa do nobre francês, o Conde de Barral, considerada pela maior parte dos autores - inclusive José Murilo de Carvalho, em seu livro "D. Pedro II" (Companhia das Letras, 2007) - como o grande amor do imperador Dom Pedro II. A condessa iniciou suas funções em setembro de 1855.

Para a educação de Dona Isabel e da sua irmã, numerosos mestres foram designados, que elaboraram um severo programa de estudos. Afirma D. Pedro II sobre a educação de suas filhas:

"O caráter de qualquer das princesas deve ser formado tal como convém a senhoras que poderão ter que dirigir o governo constitucional de um Império como o Brasil. A instrução não deve diferir da que se dá aos homens, combinada com a do outro sexo: mas de modo que não sofra a primeira. Convirá conformar-se, quando for de proveito, aos regulamentos da instrução pública primária e secundária. Poderá impor castigos, e quando forem leves, sem meu conhecimento prévio, devendo minhas filhas não saber ilegível que o tenho, quando isto não for conveniente, sendo o maior deles a reclusão em um dos quartos dos respectivos aposentos, assim como representar-nos, mesmo perante nossas filhas, sobre a justiça da concessão de algum prêmio."

Mas, apesar de todo este rigor, sua infância teve muitos momentos de descontração, ao lado da irmã Leopoldina. Em seu diário ela diz:

"Petrópolis, residência de verão, residência deliciosa: jardins floridos, canais cortando a cidade..."

Ou mais adiante:

"Eu fui de Petrópolis a pé até a cascata de Tamarati. A mana andou tão pouco a cavalo."

Em São Cristóvão, para amenizar o ambiente carregado de estudos e deveres, pequenas peças teatrais eram levadas à cena, em que as princesas desempenhavam os principais papéis na companhia dos amigos de infância, inclusive pequenos escravos.

A proximidade da princesa com os negros, desde a mais tenra infância, e o diálogo franco e cordial com eles estabelecido, inclusive nas brincadeiras infantis, pode vir a explicar sua futura inserção no movimento abolicionista. A questão ainda não foi convenientemente estudada pela historiografia brasileira.

Sob a influência de seu pai, o estudo das ciências, em particular da Química, ocupou um papel primordial na educação de Dona Isabel. O ensino das princesas dirigido pelo imperador refletia sua visão de uma educação universal com forte teor científico como essencial para um governante. O conteúdo do currículo seguido por Dona Isabel contrasta fortemente com a educação dada à maioria das mulheres brasileiras da época, inclusive aquelas de origem abastada. Dona Isabel nutria profundo interesse pelas questões ligadas ao desenvolvimento da educação no país, especialmente a educação pública, como fica patente na sua Fala do Trono, enquanto Regente do Império, em 1º de fevereiro de 1877:

"A instrução pública continua a merecer do governo a maior solicitude. Foram criadas no município da corte escolas de segundo grau, e as normais, destinadas a preparar professores para o ensino primário de ambos os sexos, terão de ser brevemente inauguradas. Nas províncias este ramo de serviço apresenta sensível progresso, limitado, porém pela falta de meios de que podem dispor. Se os melhoramentos materiais por elas empreendidas têm recebido vosso auxílio, justificada será qualquer despesa que autorizeis para coadjuvar esse grande elemento de civilização."

Casamento

Os preparativos para seu casamento foram iniciados na década de 1860. Por indicação de sua tia, Dona Francisca de Bragança (filha de Dom Pedro I), princesa de Joinville na França, vieram ao Brasil dois primos, os príncipes Gastão de Orléans, Conde d'Eu e Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, sobrinhos-netos do Rei Leopoldo I dos Belgas, sobrinhos de Dom Fernando II de Portugal, além de primos de segundo grau da Rainha Vitória do Reino Unido.

O imperador havia tratado, através de seus ministros, o casamento da princesa Isabel, herdeira do trono, com o duque Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, o segundo filho de Augusto de Saxe-Coburgo-Gota e da Princesa Clementina de Orléans. Ao mesmo tempo, o primo deste, Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans e Saxe-Coburgo-Gota, Conde d'Eu, foi prometido à Princesa Leopoldina.

Quando da chegada dos dois jovens, as princesas perceberam que deveria ocorrer uma troca, pois cada uma delas havia se encantado pelo pretendente da outra, e imediatamente solicitaram aos pais que a troca fosse realizada. Tanto Dom Pedro quanto Dona Teresa Cristina, favoráveis a que os casamentos fossem motivados não apenas pelas questões dinásticas, mas também pelos afetos - até porque, no seu próprio caso, havia ocorrido um choque inicial - consentiram imediatamente. Em 18 de setembro de 1864 o Príncipe Gastão de Orléans pediu a mão da Princesa Imperial do Brasil.

O casamento teve lugar na Capela Imperial, no Rio de Janeiro, a 15 de outubro de 1864. No mesmo dia os noivos partiram para a lua de mel em Petrópolis, e em 10 de janeiro de 1865 seguiram para a Europa, onde a princesa conheceu os sogros.

Gastão, batizado Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston, nascera em 1842 e morreu em 1922 em águas brasileiras, a bordo do navio Massilia. Era não só Conde d'Eu como príncipe de Bourbon-Orléans, sendo feito depois marechal do exército brasileiro. Era filho de Luís Carlos Filipe Rafael d'Orléans, Duque de Nemours, logo, neto do Rei francês Luís Filipe I.

Gastão assumiria o comando das tropas brasileiras na fase final da Guerra do Paraguai, razão de preocupação para Dona Isabel, e fato que provocou muita oposição em diversos círculos, pois nem sempre foram sábias as decisões militares tomadas.

Finda a guerra o casal fez nova viagem à Europa, para visitar Leopoldina, doente. Leopoldina morreu de tifo em 7 de fevereiro de 1871. No mesmo ano Dom Pedro II fez sua primeira viagem à Europa e Dona Isabel assumiu a regência, aos 24 anos. Neste período foi assinada a 28 de setembro a Lei do Ventre Livre.

A ausência de filhos preocupava a todos. A princesa concebeu durante sua viagem à Europa, mas somente no sexto mês de gravidez começou a pensar na dificuldade de retornar ao Brasil para que aqui nascesse o herdeiro. Embarcou de volta dois meses depois e, já no Brasil, nasceu morta uma menina, em 28 de julho de 1874, no Palácio Isabel (atual Palácio Guanabara), batizada in articulo mortis com o nome de Luiza.

Finalmente, em 15 de outubro de 1875, quando comemoravam onze anos de casados, nasceu em Petrópolis o príncipe Dom Pedro de Alcântara.

Segundo Victor Villon: "A gravidez foi cheia de cuidados, o parto muito difícil e, no meio da aflição de todos, o Dr. Depaul, médico francês que viera especialmente para a ocasião, distorceu o braço da criança. Esse acidente deixaria seqüelas: Dom Pedro de Alcântara ficaria com braço atrofiado para o resto da vida."

Em 26 de janeiro de 1878 nasceu o segundo filho Dom Luís Maria Filipe de Orléans e Bragança. No mesmo ano o casal foi residir na França. Em 9 de agosto de 1881 lá nasceu o terceiro e último filho, Dom Antônio Gastão. No mesmo ano a família voltaria a viver no Brasil.

Postura Política

Liberal, a princesa uniu-se aos partidários da abolição da escravidão. Apoiou jovens políticos e artistas, embora muitos dos chamados abolicionistas estivessem aliados ao incipiente movimento republicano. Financiava a alforria de ex-escravos com seu próprio dinheiro e apoiava a comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas, símbolo do abolicionismo. Chegava mesmo a receber fugitivos em sua residência em Petrópolis:

"A Princesa Isabel também protegia fugitivos em Petrópolis. Temos sobre isso o testemunho insuspeito do grande abolicionista André Rebouças, que tudo registrava em sua caderneta implacável. Só assim podemos saber hoje, com dados precisos, que no dia 4 de maio de 1888, "almoçaram no Palácio Imperial 14 africanos fugidos das Fazendas circunvizinhas de Petrópolis". E mais: todo o esquema de promoção de fugas e alojamento de escravos foi montado pela própria Princesa Isabel. André RebouçasAndré Rebouças se hospedava, também estava comprometido até o pescoço, chegando a esconder 30 fugitivos em sua fazenda, nos arredores da cidade. O advogado Marcos Fioravanti era outro envolvido, sendo uma espécie de coordenador geral das fugas. Não faltava ao esquema nem mesmo o apoio de importantes damas da corte, como Madame Avelar e Cecília, condessa da Estrela, companheiras fiéis de Isabel e também abolicionistas. Às vésperas da Abolição final, conforme anotou Rebouças, já subiam a mais de mil os fugitivos "acolhidos" e "hospedados" sob os auspícios de Dona Isabel."

Conforme o artigo 46, capítulo 3, título IV, da constituição brasileira de 1824, os Principes da Casa Imperial são Senadores por Direito, e terão assento no Senado, logo que chegarem a idade de vinte e cinco anos. Dessa forma, em 1871, Dona Isabel Leopoldina tornou-se a primeira senadora do Brasil (a primeira senadora brasileira eleita foi Eunice Mafalda Berger Michiles). Há que se notar que foi a única a desfrutar desse dispositivo constitucional, haja vista que todos os príncipes do Brasil que a antecederam ou morreram antes dos vinte e cinco anos, ou se casaram com estrangeiros e partiram do país, à exceção de seu pai, que assumiu o Trono aos quatorze anos de idade. Depois dela, a ordem constitucional do Império caiu antes que os príncipes porvir pudessem tornar-se senadores.

"Isabel Cristina comemorou seu aniversário de 39 anos, em 1885, com uma solenidade no Paço Municipal da capital, o Rio de Janeiro. Sentada, tendo a seu lado o marido, foi a estrela da cerimônia em que diversos escravos foram alforriados. Conforme os nomes dos beneficiados eram anunciados pelo vice-presidente da Câmara, João Florentino Meira de Vasconcellos, eles seguiam para receber seus certificados de libertação das mãos de Isabel. Cada ex-escravo curvava-se e, em sinal de respeito e gratidão, dava um beijo na mão da aniversariante. A relação de afeto entre a mulher e os negros começava a ser demonstrada publicamente."

Em 30 de junho de 1887 assumiu a regência do império pela terceira vez, pois seu pai fora obrigado a afastar-se para tratamento de saúde na Europa. A abolição provocava grande oposição entre os fazendeiros escravocratas. Poderosos, esses escravocratas infundiram na opinião pública, através do Parlamento e da imprensa, a idéia de que a abolição da escravidão seria a bancarrota econômica do império, pois as prósperas fazendas de café e açúcar do Brasil de então eram todas elas, regadas com o suor do escravo. O negro era contado, medido e pesado e os juristas dos escravocratas criaram a tese jurídica de que o escravo era "propriedade" do senhor de engenho e, portanto, estavam sob amparo da Constituição, que garantia o "direito de propriedade". Eram tensas as relações entre a Regente e o Gabinete Ministerial conservador. A Princesa aliava-se ao movimento popular, enquanto o Barão de Cotegipe defendia a manutenção da escravidão.

Aproveitando-se da oportunidade oferecida por um incidente de rua, Isabel demitiu o ministério e nomeou o conselheiro João Alfredo, demonstrando determinação política e convicção do que considerava o melhor para o país, pois o Brasil foi a última nação do ocidente a abolir a escravidão. Na Fala do Trono, de 1888, Isabel dissera com o coração jubiloso: "Confio em que não hesitarei de apagar do direito pátrio a única exceção que nele figura..." O Conde d'Eu, marido de Isabel, ainda lhe advertiu: "Não assine, Isabel, pode ser o fim da Monarquia". Mas a Princesa estava determinada e respondeu prontamente ao marido: "É agora, ou nunca!". Afinal, a escravidão, que tanto envergonhara a raça humana no Brasil, já durava, em 1888, três séculos, vitimando 12 milhões de negros africanos. Estava aberto o caminho para a liberdade dos escravos no império.

Em 13 de maio de 1888, num domingo, aconteceram as últimas votações de um projeto de abolição total. Certa da vitória, a regente desceu de Petrópolis, cidade serrana, para aguardar no Paço Imperial o momento de assinar a Lei Áurea. Usou uma pena de ouro especialmente confeccionada para a ocasião, recebendo a aclamação do povo do Rio de Janeiro. O Jornal da Tarde, de 15 de maio de 1888, noticiou que "o povo que se aglomerava em frente do Paço, ao saber que já estava sancionada a grande Lei, chamou Sua Alteza, que aparecendo à janela, foi saudada por estrepitosos vivas." As galerias do Paço estavam repletas, e sob vivas e aplausos de uma multidão estimada em 10 mil pessoas, Isabel sancionou a Lei aprovada pelo Parlamento do Império.

O jornalista mulato José do Patrocínio, aliado da Coroa, invadiu o recinto sem que ninguém conseguisse detê-lo e atirou-se aos pés da Princesa Regente em prantos de gratidão. Isabel dava provas, de que seu reino era, sim, deste mundo, contrariando a ironia do conselheiro Saraiva que afirmara justamente o contrário, zombando do sentimento profundamente cristão de Isabel. A história há de fazer sempre justiça à "Princesa Redentora", título que lhe atribuiu José do Patrocínio, pois ela demonstrou no processo abolicionista firmeza, coragem e, sobretudo, nobre desapego ao cargo, o qual - lhe preveniram - haveria de ser dela tomado pela reação inevitável dos altos e egoísticos interesses escravocratas contrariados, tudo conforme relata o livro "Dom Pedro II e a Princesa Isabel", da Editora Lorenz, onde consta memorável testemunho do nobre abolicionista Joaquim Nabuco:

"No dia em que a Princesa Imperial se decidiu ao seu grande golpe de humanidade, sabia tudo o que arriscava. A raça que ia libertar não tinha para lhe dar senão o seu sangue, e ela não o queria nunca para cimentar o trono de seu filho. A classe proprietária ameaçava passar-se toda para a República, seu pai parecia estar moribundo em Milão, era provável a mudança de reino durante a crise, e ela não hesitou: uma voz interior disse-lhe que um grande dever tem que ser cumprido, ou um grande sacrifício que ser aceito. Se a Monarquia pudesse sobreviver à abolição, esta seria o apanágio. Se sucumbisse, seria o seu testamento..."

Em 28 de setembro o Papa Leão XIII lhe remeteu a "Comenda da Rosa de Ouro", como reconhecimento pela Abolição da Escravatura. Essa comenda pontifícia simboliza o reconhecimento do Papa a algum feito notável e que mereça regozijo de toda a Igreja.

A Princesa Isabel foi a única personalidade brasileira a receber a Rosa de Ouro. Ou outros dois exemplares foram dedicados à Basílica de Nossa Senhora Aparecida pelos PapasPaulo VI (1965) e Bento XVI (2007).

Mas a elite cafeeira não aceitava a abolição. Cotegipe, ao cumprimentar a princesa, vaticinou: "Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono". Mas a Princesa não hesitou em responder: "Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil"

De pensamento arrojado para sua época, Dona Isabel era partidária de ideias modernas, como o sufrágio feminino e a reforma agrária. Documentos recentemente descobertos revelam que a princesa estudou indenizar os ex-escravos com recursos do Banco Mauá.

A Professora Doutora Sueli Carneiro (Doutora em Educação pela USP e diretora do Geledés - Instituto da Mulher Negra), ao analisar carta da princesa Isabel, datada de 11 de agosto de 1889 - veiculada recentemente na Imprensa, coloca de maneira bastante ponderada:

"Mas há coisas que só podem ocorrer no Brasil. A revelação de um documento histórico cujo conteúdo é de grande importância para milhões de brasileiros descendentes de escravos reduziu-se, na matéria produzida pela TV, a mera reatualização dos nossos antigos manuais didáticos que eram prenhes na reiteração do caráter benevolente da princesa por decretar a Abolição.(...) No entanto, o melhor reconhecimento a se fazer à princesa seria pautar a discussão sobre o seu sonho malogrado de provimento aos ex-escravos de condições para sobreviverem e prosperar dignamente na sociedade brasileira — carência de que padecem ainda hoje os seus descendentes —, dando inclusive absoluta atualidade à carta. Porém, são precisamente editoriais raivosos de jornais contra as políticas para a redução das desigualdades raciais que conspiram contra os ideais defendidos pela princesa e enaltecidos na matéria. Compreende-se,então, o foco dado ao documento."

A República e o Exílio

Em 9 de novembro de 1889, poucos dias antes do golpe militar que instaurou a República no Brasil, a família imperial compareceu ao Baile da Ilha Fiscal, o último da monarquia:

"Dançou-se muito no Baile da Ilha Fiscal, mas o que os convidados não imaginavam, nem o imperador Dom Pedro II, é que se dançava sobre um vulcão. À mesma hora em que se acendiam as luzes do palacete para receber os milhares de convidados engalanados, os republicanos reuniam-se no Clube Militar, presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant, para maquinar a queda do Império. "Mais do que nunca, preciso sejam-me dados plenos poderes para tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com sua honra e sua dignidade", discursou Constant na ocasião, tendo como alvo justamente o Visconde de Ouro Preto.

Longe dali, ao lado da família imperial, o Visconde desmanchava-se em sorrisos ao comandar seu suntuoso festim. A família imperial chegou ao cais pouco antes das 10 horas. Dom Pedro II, fardado de almirante, a Imperatriz Teresa Cristina e o príncipe Dom Pedro Augusto embarcaram primeiro. Quinze minutos depois foi a vez da princesa Isabel e do Conde d'Eu. Uma vez no palácio, foram conduzidos a um salão em separado, onde já se achavam reunidos membros do corpo diplomático estrangeiro, oficiais e alguns eleitos da sociedade carioca. O guarda-roupa da imperatriz não chegou a causar impressão especial entre os convidados - um vestido de renda de chantilly preta, guarnecido de vidrilhos. A toalete da princesa Isabel, no entanto, causou exclamações de admiração pelo luxo e pela beleza. Ela portava uma roupa de moiré preta listada, tendo na frente um corpinho alto bordado a ouro. Nos cabelos, carregava um diadema de brilhantes."

Na sequência, pouco mais de um ano depois de testemunhar o júbilo popular com a abolição da escravatura, Dona Isabel veria a monarquia no Brasil ser extinta. Insuflados pelos radicais positivistas e apoiados pelos fazendeiros, os militares depuseram o gabinete do Visconde de Ouro Preto e instauraram uma ditadura republicana. O livro "Barão de Santo Angelo, O Espírita da Corte" (Editora Lorenz) analisa as motivações do golpe republicano e traz informações importantes sobre as revoltas e ressentimentos pessoais do líder Benjamin Constant contra o Monarca, fator considerado decisivo para a realização da quartelada que ensejou a proclamação a República.

Os chamados "ideais republicanos", na verdade, constituiriam um simples pano de fundo para justificar a insurreição que mudou a forma de Governo em 1889. Dona Isabel, com 43 anos de idade, seguiu com sua família para o exílio, na madrugada de 17 de novembro de 1889, depois de ter sido expedida, na véspera, uma intimação pelo Major Frederico Solón, o mesmo que houvera espalhado a calúnia, na Rua do Ouvidor, de que Dom Pedro II decretara a prisão de Deodoro e Benjamin Constant, notícia falsa que precipitou o golpe, com a cavalaria na rua.

A madrugada do embarque para o exílio era chuvosa e o mar estava revolto com graves riscos para as embarcações. Dom Pedro II sofria uma crise aguda do diabetes e embarcou, com dificuldade, amparado por seu médico particular, o Dr. Mota Maia, que com ele seguiu viagem. Foi nesse contexto dramático que a família real rumou para o exílio sem volta, depois de quase meio século de um Governo de paz e prosperidade, reconhecido pelos historiadores.

Segundo suas próprias palavras, Isabel deixou a pátria aos soluços, sob as ordens e intimações do tenente-coronel João Nepomuceno Mallet, que mais tarde iria insurgir-se contra o proprio Governo republicano que ele ajudou a instalar. Não faltou quem quisesse reagir, como foi o caso do Almirante Tamandaré, mas Dom Pedro II recusou qualquer reação e pacificamente deixou o território nacional, para entrar na História.

E o Brasil inaugurou a República sob forte crise, com fechamento do Congresso, banimentos, censura à imprensa, perseguição de jornalistas, autoritarismos. A inflação disparou e a economia entrou em crise. E assim foi praticamente durante toda a primeira década de República.

Os temores expressos na carta de três meses antes se confirmaram antes de que fosse possível legar aos negros libertos sua cota de justiça.

Dom Pedro II morreu em Paris, em 5 de dezembro de 1891, e ela passou a ser considerada pelos monarquistas imperatriz de jure do Brasil - Dona Isabel I.

Apesar da dor do exílio Dona Isabel teve uma velhice tranquila, instalada no castelo da família em Eu, na Normandia, propriedade de Gastão de Orléans (Castelo d'Eu). Rodeada pelos filhos e netos fez de sua casa uma embaixada informal do Brasil. Recebia brasileiros de passagem, ajudou o jovem Alberto Santos Dumont quando desenvolvia suas invenções. Passou os últimos anos da vida com dificuldades de locomoção. Em 1920 teve a felicidade de saber que a lei que bania a Família Imperial do Brasil havia sido revogada pelo Presidente Epitácio Pessoa.

Neste sentido, convém notar, como em todos os processos históricos, houve uma disputa judicial, iniciada logo após o exílio forçado, e durante a qual aconteceram avanços e retrocessos, pareceres favoráveis e desfavoráveis e uma série de constrangimentos pelos quais a família imperial teve de passar. Em 1903, por exemplo, foi julgado em 14 de janeiro um pedido de habeas corpus impetrado pelos republicanos Urbano Sampaio Neves, Olympio Lima e Alberto Veiga:

"Olympio Lima e outros impetram ordem de habeas corpus em favor de Gastão de Orléans, Conde d'Eu, sua mulher Isabel de Orleans e demais membros da ex-dinastia brasileira de Bragança, para que cesse o constrangimento ilegal de que são vítimas, por força do decreto que os baniu do território nacional, e pedem a anulação do citado decreto, alegando que ele foi revogado pela Constituição Federal."

Sobre o habeas corpus, sua elaboração e princípios, o site Histórias e Lendas de Santos afirma:

"A idéia de um habeas-corpus em favor da banida Família Imperial Brasileira nasceu do doutor Urbano de Sampaio Neves, ilustre advogado. Sua ação, como republicano, traduzira-se bem em seus trabalhos de jornalista no ultra-republicano Diário de Notícias. As conclusões a que chegara Urbano Neves são simples e objetivas: "Somente por ilegalidade, timidez ou indiferença é que a Família Imperial continua no exílio sob a pressão do decreto que a baniu do território nacional. Só por estranho capricho, ou revoltante ingratidão, é que se recusa sepultura em terra brasileira ao venerando Monarca que durante meio século dirigiu os destinos deste País". Urbano Neves levou sua idéia ao doutor Martim Francisco Ribeiro de Andrada - duplamente ilustre, pela ascendência e pelo talento - sugerindo-lhe que requeresse uma ordem de habeas-corpus, já que suas opiniões políticas o aproximavam da Monarquia, já porque a sua comprovada competência jurídica e o prestígio de seu nome dariam àquele recurso as proporções de verdadeiro acontecimento. O doutor Martim Francisco, porém, recusou a idéia. Escrúpulos de ordem moral e política, que a situação justificava, e porque a seus amigos e correligionários parecia inoportuna qualquer atitude que provocasse, por parte das autoridades republicanas, maiores desabrimentos e intolerâncias, deixava de intentar o recurso sugerido, aguardando melhores tempos e melhores circunstâncias. Suas idéias eram, porém, francamente favoráveis ao habeas-corpus e, por várias vezes, manifestou-se publicamente a seu favor. Uma vez que a iniciativa do recurso de habeas-corpus não partia do elemento dinástico, partisse, então, dos republicanos, como afirmação categórica do sentimento de justiça que deve presidir os regimes democráticos. E dessa vez não houve medo, receio, escrúpulo, precaução. Os dois mais brilhantes redatores de A Tribuna, Olympio Lima, seu fundador, e Alberto Veiga, talvez o mais perfeito estilista da imprensa santista, colocaram-se ao lado de Urbano Neves. E juntos, diante do País e da História, assumiram a inteira responsabilidade desse ato superior e necessário. Isso estabelecido, caberia, naturalmente, a Urbano Neves redigir a petição, já que teve a iniciativa da idéia e era dono do conhecimento profissional necessário, mas o advogado preferiu confiar a Alberto Veiga, sob sua assistência quanto à parte jurídica, aquela tarefa. Sem dúvida alguma, ninguém melhor do que Alberto Veiga, o mais completo redator, o mais perfeito articulista, para redigir o documento. E, igualmente, ninguém mais autorizado a ser um aliado naquele trabalho, pelo seu caráter, honra e sentimento de justiça, cerrando fileiras junto aos demais, pela causa."

Sobre a revogação do Decreto de Banimento propriamente dito, a notícia foi veiculada inicialmente pelo jornal "O Imparcial", do Rio de Janeiro, no dia 4 de setembro de 1920. O decreto 4.120, assinado em 3 de setembro de 1920, procurava corrigir uma distorção jurídica, onde uma família brasileira, que não cometera crime algum, fora expulsa do país de maneira arbitrária.

É a historiadora Luciana Pessanha Fagundes, em seu memorável artigo "Memórias da Monarquia: Dom Pedro II no Cenário Político da Década de 20" quem nos descreve as circunstâncias em que se deu esta revogação:

"Enfim, no dia 3 de setembro realizava-se no Salão de Despachos do Palácio do Catete a assinatura do decreto que revogava o banimento da Família Real. Para assinatura do decreto foi oferecida ao presidente uma caneta de ouro obtida especialmente para a ocasião com dinheiro arrecadado mediante subscrição pública promovida pelo jornal "A Rua". A cerimônia foi realizada com a presença de comissões de várias instituições importantes como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Associação Brasileira de Letras e a Associação Brasileira de Imprensa. O decreto é caracterizado como uma "nova Lei Áurea" por Affonso Celso em artigo para o Jornal do Brasil. O presidente do IHGBLei Áurea para a lei assinada naquele dia se devia pelo fato de que, assim como a de 13 de maio, "essa lei repara uma grave injustiça" e também "redime do exílio a excelsa senhora que mereceu o cognome de Redentora". A república teria, então, inscrito nos anais da história uma "data luminosa semelhante aquela do Império". Revogado o banimento, são formadas rapidamente duas comissões, capitaneadas pelo IHGB, encarregadas de organizar a recepção dos despojos do imperador e da imperatriz."

Além do banimento - por si só um ato autoritário e injustificável - ocorreu um verdadeiro confisco dos bens (particulares) da Família Imperial. Pouco comentado pela historiografia brasileira é o fato de que praticamente todos os bens e pertences dos Orléans e Bragança foram leiloados:

"No Brasil de 1890 deram-se 13 leilões dos bens da Casa Imperial - objetos, móveis e semoventes. Procederam à avaliação dos móveis, carros, animais e objetos existentes na Quinta da Boa Vista e os vindos do Paço da Cidade. O tenente-coronel Costa Ferreira, da parte do Juízo da 2ª Vara de Órfãos e João Teixeira, por parte do dr. José da Silva Costa, procurador de Dom Pedro de Alcântara. O Juiz da 2ª vara, dr. Honório Coimbra nomeou para proceder ao leilão o leiloeiro Joaquim Dias dos Santos. Francisco Marques dos Santos, em seu artigo intitulado "O leilão do Paço de São Cristóvão", publicado no Anuário do Museu Imperial, vol. 1, 1940, fala dos absurdos, da desordem, da avaliação arbitrária e venda forçada dos bens da família."

Exilada, espoliada, com a saúde frágil, extremamente abalada pela morte de dois de seus filhos (Antônio, em 1918, e Luís, em 1920), a princesa Isabel faleceu em 14 de novembro de 1921. Foi sepultada no cemitério local, de onde seria trasladada em 6 de julho de 1953 para um jazigo no Mausoléu Imperial da Catedral de Petrópolis. Como afirma Nelly Martins Ferreira Candeias: "A Princesa Isabel conviveu com o predomínio agrário do tempo e declínio dos escravagistas marginalizados pelo golpe fatal da Abolição. Enfrentou a ideologia republicana dos adversários, a extinção da monarquia e as tristezas do exílio."

Interesse Pela Doutrina Espírita

Apesar de ser a Princesa Isabel católica praticante, consta de uma carta que Manuel de Araújo Porto-alegre, o Barão de Santo Ângelo, escreveu a seu amigo e professor dos filhos da princesa, Joaquim Manuel de Macedo, que Sua Alteza, um dia, perguntou-lhe: "Quem é meu Espírito protetor?". Manuel de Araújo Porto-alegre era espírita declarado e se regozijava disso, dedicando-se entusiasticamente à psicografia. A carta do Barão de Santo Ângelo, datada de 25 de dezembro de 1865, com doze páginas manuscritas, foi escrita da cidade de Dresda, na Alemanha, e se encontra arquivada no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, tendo sido também transcrita, na íntegra, com análise de seu conteúdo, no livro "Barão de Santo Ângelo, O Espírita da Corte", de autoria de Paulo Roberto Viola, publicado pela Editora Lorenz. O documento porém nada elucida além de uma curiosidade por parte da princesa. Extremamente religiosa e ligada ao Papa e ao Ultramontanismo, colocava-se sempre ao lado da Igreja em diversas ocasiões. A religiosidade da Princesa e o desejo de seu Pai, o Grande Imperador Dom Pedro II, em ver o Brasil transformado em um Estado Laico constam do livro "Dom Pedro II e a Princesa Isabel, Uma Visão Espírita-Cristã do Segundo Reinado", publicação da Editora Lorenz, primeiro livro do gênero lançado no dia 13 de maio de 2008 na Academia Brasileira de Letras.

Fonte: Wikipédia