Mostrando postagens com marcador Professor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Professor. Mostrar todas as postagens

Alberto de Oliveira

ANTÔNIO MARIANO ALBERTO DE OLIVEIRA
(79 anos)
Poeta, Professor e Farmacêutico

☼ Saquarema, RJ (28/04/1857)
┼ Niterói, RJ (19/01/1937)

Mais conhecido pelo pseudônimo Alberto de Oliveira, foi um poeta, professor e farmacêutico. Figura como líder do Parnasianismo brasileiro, na famosa tríade Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.

Foi Secretário Estadual de Educação, membro honorário da Academia de Ciências de Lisboa e imortal fundador da Academia Brasileira de Letras. Adotou o nome literário Alberto de Oliveira no livro de estréia, após várias modificações dispersas nos jornais.

Seu pai, mestre-de-obras, transferiu residência para o município de Itaboraí, onde construiu o teatro. De origem humilde, Antônio foi, seguindo o irmão mais velho, à capital da província, trabalhar como modesto vendedor. Ambos moravam num barracão aos fundos da casa comercial do Srº Pinto Moreira, em Niterói, vizinhos do pintor Antônio Parreiras, ainda anônimo, com 17 anos.

Diplomou-se em Magistério e Farmácia, cursando Medicina, vindo a conhecer Olavo Bilac, até o terceiro ano, mediante grande esforço pessoal, o que lhe rendeu emprego na Drogaria do "Velho Granado". Também abriu um colégio em Niterói.

Após a glória literária, destacou-se na política como Oficial de Gabinete do primeiro presidente de Estado do Rio de Janeiro eleito, José Tomás da Porciúncula, do Partido Republicano Fluminense (PRF), marcadamente prudentista (Democrático) e anti-florianista (Antitotalitário), com a pasta de Diretor Geral da Instrução Pública do Rio de Janeiro, equivalente ao atual Secretário de Estado de Educação.

Durante a transferência da capital do estado de Niterói para Petrópolis, em 1894, devido às insurreições e revoltas pró e contra a Proclamação da República, permaneceu na Cidade Imperial Serrana, já que a excelência de seu trabalho o manteve no cargo durante o mandato de Joaquim Maurício de Abreu.

Foi professor de português e literatura no Colégio Pio-Americano, em 1905, e na Escola Dramática e Escola Normal, em 1914, dirigida por Coelho Neto.

Participou da famosa Batalha do Parnaso, ocorrida no Diário do Rio de Janeiro entre 1878 e 1881 contra o ultra-romantismo piegas e já desgastado, junto com Teófilo Dias, Artur Azevedo e Valentim Magalhães, resgatando as origens do Romantismo dialogadas com aqueles novos tempos.

Reunidos em torno de Artur de Oliveira num café da Rua do Ouvidor, eram integrantes da vanguarda Idéia Nova, ao lado de Fontoura Xavier, Carvalho Jr. e Affonso Celso Jr., que lhe prefaciou o "Livro de Ema", deslocado da 1ª para a 2ª série das poesias.

Inspirados na Arte Moderna da França, feita por Théophile Gautier, Théodore de Banville, Charles Baudelaire e Leconte de Lisle, os "Tetrarcas" do Parnasianismo, e, secundariamente, em Sully Prudhome e José-Maria de Heredia, fizeram todos a maior revolução na poesia brasileira até então, importantíssima para a consolidação da Modernidade do Brasil, no tocante à literatura, a partir da eleição do novo como valor e da ruptura como sistema, tradição.

Envolveu-se com os fundadores da inovadora Gazeta de Notícias, Manuel Carneiro e Ferreira de Araújo, publicando poemas posteriormente reunidos no livro "Canções Românticas", prefácio de Teófilo Dias, em 1878, e conhecendo neste jornal o amigo Machado de Assis, que o citou no famoso artigo "A Nova Geração", na Revista Brasileira, em 1879, bem como lhe prefaciou "Meridionais", em 1884, ainda financiadas pelo jornal, livro-chave para a Idéia Nova da Nova Geração, só mais tarde referida conceitualmente, rotulada ou esquematizada como Estilo Parnasiano.

Decorrido apenas um ano, publicou, sob encomenda dos leitores, "Sonetos e Poemas" (1885), consagrando-se junto ao público, o que lhe rendeu um prefácio de T. A. Araripe Jr. ao livro seguinte, "Versos e Rimas" (1895), títulos talvez alusivos a "Sonetos e Rimas" (1880), de Luís Guimarães Jr., também Jovem Poeta, como eram conhecidos esses revolucionários em prol da poesia autêntica sem os clichês românticos.

Depois de quatro livros publicados, foi convidado por Machado de Assis para a fundação da Academia Brasileira de Letras em 1897, ocasião em que se vê a longevidade do convívio entre o romancista e o poeta.

Com Raimundo CorreiaOlavo Bilac, formou a tríade mais representativa da Idéia Nova da Nova Geração, hoje chamado Parnasianismo, reunida em sua casa no bairro Barreto em Niterói, e depois no seu famoso Solar da Engenhoca, situado na mesma cidade, ou no bairro Neves, São Gonçalo, residência anterior.

Impecável na métrica e correto na forma, sofre uma vaia que parece ainda ecoar desde a Semana de Arte Moderna de 1922, na voz de críticos literários fiéis à idéia Modernista.

Mário de Andrade, rancoroso pela rejeição dos parnasianos ao seu livro parnasiano "Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema" (1917), se empenha em retaliar o velho estilo, cuja principal vítima era o poeta de Saquarema, como se vê nos ensaios "Mestres do Passado", publicados no Jornal do Commercio em 1921 e na "Carta Aberta a Alberto de Oliveira", publicada na Revista Estética nº 3, em 1925.

Nos últimos anos de sua vida, proferiu conferência "O Culto da Forma na Poesia Brasileira" (1913, Biblioteca Nacional; 1915, São Paulo) e ainda foi homenageado pelo Jornal do Commercio (1917). No mesmo ano, recebeu Goulart de Andrade na Academia Brasileira de Letras.

Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, pelo concurso da revista Fon-Fon, em 1924, título desocupado desde a morte de seu discípulo e amigo Olavo Bilac, falecido em 28/12/1918.

Em 1935, prestigiou o Cenáculo Fluminense de História e Letras, com sua gloriosa presença. Sem dúvida, o poeta-professor foi Andarilho Fluminense, semeando lirismo e educação em todos os lugares por que passou: Saquarema, Rio Bonito, Itaboraí, Niterói, São Gonçalo, Petrópolis, Campos e Rio de Janeiro, no seu Estado natal, além de Araxá, São Paulo e Curitiba.

Seus incontáveis versos falam da pujança da natureza fluminense e dos encantos da mulher brasileira, ambas freqüentemente evocadas pela memória. Os temas da Grécia Antiga, que caracterizam o Parnasianismo de moldes franceses, formam uma pequena minoria da obra, em torno de 10%.

Vê-se sua herma no Jardim do Russel, no Rio de Janeiro, obra do escultor Petrus Verdier, ou na sede histórica da Prefeitura Municipal de Niterói, no jardim de entrada, obra do escultor H. Peçanha.

Fonte: Wikipédia

Lúcio Costa

LÚCIO MARÇAL FERREIRA RIBEIRO LIMA COSTA
(96 anos)
Aquiteto, Urbanista e Professor

* Toulon, França (27/02/1902)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/06/1998)

Pioneiro da arquitetura modernista no Brasil, ficou conhecido mundialmente pelo projeto do Plano Piloto de Brasília. Devido às atividades oficiais de seu pai, o almirante Joaquim Ribeiro da Costa, morou em diversos países, o que lhe rendeu uma formação pluralista. Estudou na Royal Grammar School em Newcastle, no Reino Unido, e no Collège National em Montreux, na Suíça.

Retornou ao Brasil em 1917 e, mais tarde, passou a frequentar o curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes, que ainda aplicava um programa neoclássico de ensino. Apesar de praticar uma arquitetura neoclássica durante seus primeiros anos (defendendo em certos momentos uma arquitetura neocolonial), rompeu com essa formação historicista e passou a receber influências da obra do arquiteto franco-suíço Le Corbusier.

Iniciou parceria com o arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik, que construiu a primeira residência considerada moderna no Brasil.

Em 1930, nomeado Ministro da Educação e Saúde o jurista Francisco Campos, chamou para seu chefe de gabinete Rodrigo Melo Franco de Andrade de grande influência entre os modernistas de São Paulo e Rio de Janeiro. Por indicação deste, foi nomeado para dirigir a Escola Nacional de Belas Artes, o jovem arquiteto Lúcio Costa, com a missão de renovar o ensino das artes plásticas e implantar um curso de arquitetura moderna.

Alterações introduzidas por Lúcio Costa mudaram a estrutura e o espírito do salão anual. Apareceram pela primeira vez na velha escola, ao lado dos antigos frequentadores, artistas ligados à corrente moderna, na sua maioria vindos da capital paulista. A trigésima oitava Exposição Geral (1931), foi por isso chamada de Salão Revolucionário.

Entre os alunos da renovada escola de arquitetura estava o jovem Oscar Niemeyer.

Sabendo da importância de sua geração na mudança dos rumos culturais do país, Lúcio Costa convenceu Le Corbusier a vir ao Brasil em 1936 para uma série de conferências (enquanto colaborava no projeto da sede do recém-criado Ministério da Educação e da Saúde Pública). A arquitetura moderna do projeto ia ao encontro dos objetivos do Governo Vargas, ao passar ares de modernidade e progresso ao país. Lúcio Costa, embora convidado a projetar o edifício sozinho, preferiu dividir o projeto com uma equipe que incluía o seu antigo aluno Oscar Niemeyer e os seus sócios Carlos Leão, Ernani Vasconcellos, Jorge Machado Moreira e Affonso Eduardo Reidy.

Em 1939 foi co-autor do pavilhão brasileiro para a Feira Universal de Nova York juntamente com Oscar Niemeyer e Paul Lester Wiener.

Em 1957, ao ser lançado o concurso para a nova capital do país, Lúcio Costa enviou idéia para um anteprojeto, contrariando algumas normas do concurso. Apesar disso, venceu por quase unanimidade (apenas um jurado não votou nele), sofrendo diversas acusações dos concorrentes. Desenvolveu o Plano Piloto de Brasília e, como Oscar Niemeyer, passou a ser conhecido em todo o mundo como autor de grande parte dos prédios públicos.

O projeto de Lúcio Costa punha em prática os conceitos modernistas de cidade: o automóvel no topo da hierarquia viária, facilitando o deslocamento na cidade, os blocos de edifícios afastados, em pilotis sobre grandes áreas verdes. Ele também criou a Estação Rodoferroviária de Brasília.

Brasília possui diretrizes que remetem aos projetos de Le Corbusier na década de 1920 e ainda ao seu projeto para a cidade de Chandigarh, pela escala monumental dos edifícios governamentais. A cidade de Lúcio Costa também possui conceitos semelhantes aos dos estudos de Ludwig Karl Hilberseimer.


Após Brasília, recebeu convites para coordenar vários planos urbanísticos, no Brasil e no exterior.


Controvérsias

Em 1975 ele se recusou a assinar o ato de tombamento do Palácio Monroe, a sede anterior do Senado Brasileiro construída em 1906. A construção foi marcada para demolição para a construção da linha do metrô, porém devido às reclamações da sociedade, a companhia responsável pela obra modificou o trajeto. Mesmo assim isso de nada adiantou, devido à negação de tombamento, sendo prédio demolido logo em seguida.

Outra questão polêmica foi o favorecimento que Lúcio Costa deu à herança da colonização portuguesa acima de outras influências culturais brasilianas, com exceção apenas dos seus projetos modernistas. Devido a essa visão, arraigado também em preservacionistas mais jovens devido à influência de Lúcio Costa nas escolas de arquitetura do Brasil, muito da arquitetura dos séculos 19 e começo do 20, incluindo a alemã, japonesa e italiana, se perdeu para a renovação urbana dos anos 1960 e 1970 de Lúcio Costa.

Já em 1936, quando houve a competição para a construção do Ministério de Educação e Saúde, o vencedor foi um design eclético do arquiteto Archimedes Memoria. Lúcio Costa então fez uso de suas conexões políticas com o governo para modificar o resultado da competição e formar um novo projeto a partir de um grupo formado por ele mesmo e Le Corbusier, além de outros membros como os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer. Ao longo dos anos houve muita discussão a respeito de quem teria sido o verdadeiro mentor do projeto, Lúcio Costa ou Le Corbusier.

Lúcio Costa faleceu no Rio de Janeiro, onde residiu a maior parte da vida. Deixou duas filhas, Maria Elisa Costa, arquiteta, e Helena.

Fonte: Wikipédia

Anália Franco

ANÁLIA FRANCO BASTOS
(62 anos)
Professora, Jornalista, Poetisa, Filantropa e Religiosa

☼ Resende, RJ (10/02/1856)
┼ São Paulo, SP (20/01/1919)

Anália Franco Bastos, mais conhecida como Anália Franco, foi uma professora, jornalista, poetisa e filantropa brasileira. Fundou mais de setenta escolas e mais de vinte asilos para crianças órfãs. Na cidade de São Paulo, fundou uma importante instituição de auxílio a mulheres e a região, antes afastada do centro, é hoje o Bairro Jardim Anália Franco.

"Não há vida feliz, individual ou coletiva sem ideal..."
(Anália Franco)

"A verdadeira caridade não é acolher o desprotegido, mas promover-lhe a capacidade de se libertar"
(Anália Franco)

O seu nome de solteira era Anália Emília Franco. Após o seu matrimónio com Francisco Antônio Bastos, o seu nome passou a Anália Franco Bastos.

Diplomada como Normalista, aos 16 anos de idade, em 1872, num concurso promovido pela Câmara de São Paulo, logrou a aprovação para exercer o cargo de professora primária. À época, acabara de entrar em vigor a Lei do Ventre Livre no país (1871) e, tendo tomado conhecimento de que os nascidos de escravas estavam a ser encaminhados à roda dos expostos na Santa Casa de Misericórdia, Anália Franco mobilizou-se, usando o seu talento de escritora para dirigir-se às esposas dos fazendeiros e trocou o seu cargo na capital paulista por outro, no interior, a fim de socorrer as crianças necessitadas.


Graças à ajuda de uma dessas fazendeiras, num bairro de uma cidade no norte do estado de São Paulo obteve uma casa para instalar uma escola primária. Tendo a fazendeira lhe imposto a condição de segregação entre crianças brancas e afro-descendentes para a cessão gratuita do imóvel, Anália Franco recusou-a terminantemente, passando a pagar um aluguel.

Nessa primeira Casa Maternal, passou a receber as crianças que lhe batiam à porta, levadas por parentes ou recolhidas nos caminhos da região. A fazendeira, ressentida com a altivez da jovem professora e vendo que a sua casa, embora alugada, se transformara num albergue, recorreu ao prestígio do marido, um "coronel", e este obteve a remoção de Anália Franco.

Indo para a cidade, alugou uma velha casa, consumindo com essa despesa a metade do seu salário. Como o restante era insuficiente para a alimentação das crianças, não hesitou em ir pessoalmente pedir esmolas para prover as crianças, que referia carinhosamente em seus escritos como os "Meus Alunos Sem Mães". Numa folha local anunciou que, ao lado da escola pública, havia um pequeno "abrigo" para as crianças desamparadas. Embora essas práticas chocassem o setor conservador da cidade, Anália Franco obteve o apoio de um grupo de abolicionistas e republicanos.

Desse modo, ao longo do tempo, tendo implantado algumas escolas maternais no interior do estado, voltou para a capital paulista, ainda com o apoio do grupo abolicionista e republicano. O seu prestígio no seio do professorado já era grande quando finalmente foi decretada a Abolição da Escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889).

O advento dessa nova era encontrou Anália Franco com dois grandes colégios gratuitos para meninas e meninos. A sua preocupação com as crianças desamparadas, levou-a a fundar uma revista própria, intitulada "Álbum das Meninas", cujo primeiro número veio a público a 30/04/1898. O artigo de fundo desse número inaugural tinha o título "Às Mães e Educadoras".


Pouco depois, com o apoio de vinte senhoras, fundou o instituto educacional que se denominou Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, a 17/11/1901, no Largo do Arouche. A Associação Feminina mantinha ainda um bazar na rua do Rosário nº 18, para a venda dos artefatos produzidos nas suas oficinas, e uma sucursal desse estabelecimento na Ladeira do Piques nº 23.

Em seguida criou várias Escolas Maternais e Escolas Elementares, instalando, com inauguração solene a 25/01/1902, o Liceu Feminino, destinado a instruir e preparar professoras para a direção daquelas escolas, com o curso de dois anos para as professoras de Escolas Maternais e de três anos para as de Escolas Elementares.

No curso de sua atuação publicou numerosos folhetos e opúsculos referentes aos cursos ministrados em suas escolas, e tratados sobre a infância, nos quais as professoras encontraram meios de desenvolver as faculdades afetivas e morais das crianças, como parte do processo pedagógico. O seu opúsculo "O Novo Manual Educativo", era dividido em três partes: Infância, Adolescência e Juventude.

Em 01/12/1903, passou a publicar "A Voz Maternal", revista mensal com a tiragem de 6.000 exemplares - expressiva à época -, impressa em oficinas próprias.

Anália Franco mantinha Escolas Reunidas na capital e Escolas Isoladas no interior do estado, Escolas Maternais, Creches na capital e no interior do estado, bibliotecas anexas às escolas, Escolas Profissionais de Arte Tipográfica, Curso de Escrituração Mercantil, Prática de Enfermagem e Arte Dentária, de Línguas (francês, italiano, inglês e alemão), Música, Desenho, Pintura, Pedagogia, Costura, Bordados, Flores Artificiais e Chapéus, num total de 37 instituições.


A sua produção literária compreendeu ainda três romances: "A Égide Materna", "A Filha do Artista", e "A Filha Adotiva", além de numerosas peças teatrais, diálogos e várias poesias, destacando-se "Hino a Deus", "Hino a Ana Nery", "Minha Terra", "Hino a Jesus" e outros.

Em 1911 conseguiu, sem qualquer recurso financeiro, adquirir a Chácara Paraíso, 75 alqueires de terra, parte matas e capoeiras e o restante benfeitorias diversas, entre as quais um velho solar, que havia pertencido a Diogo Antônio Feijó. Nesse espaço fundou a Colônia Regeneradora D. Romualdo, aproveitando o casarão, a estrebaria e a antiga senzala, internando ali sob direção feminina, os rapazes mais aptos para a agricultura, a horticultura e outras atividades agropastoris, recolhendo ainda moças desviadas, conseguindo assim regenerar centenas de mulheres.

Ao final da vida, Anália Franco constituiu 71 Escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de oficinas para manufatura em 24 cidades do interior e da capital.

Veio a falecer quando havia tomado a deliberação de viajar até ao Rio de Janeiro fundar mais uma instituição, projeto que viria a ser materializado por seu esposo, com a fundação do Asilo Anália Franco.

Anália Franco faleceu vitimada pela Gripe Espanhola.

Fonte: Wikipédia

Assis Chateaubriand

FRANCISCO DE ASSIS CHATEAUBRIAND BANDEIRA DE MELO
(75 anos)
Jornalista, Empresário, Mecenas, Advogado, Professor, Escritor, Político e Membro da Academia Brasileira e Letras

☼ Umbuzeiro, PB (04/10/1892)
┼ São Paulo, SP (04/04/1968)

Mais conhecido como Assis Chateaubriand ou Chatô, foi um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 40 e de 50 em vários campos da sociedade brasileira. Assis Chateaubriand criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do país, os Diários Associados: 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, uma agência de notícias, uma revista semanal, O Cruzeiro, uma mensal, A Cigarra, várias revistas infantis e uma editora.

Assis Chateaubriand foi um magnata das comunicações no Brasil entre o final dos anos 30 e início dos anos 60, dono dos Diários Associados, que foi o maior conglomerado de mídia da America Latina, que em seu auge contou com mais de cem jornais, emissoras de rádio e TV, revistas e agência telegráfica.

Também é conhecido como o co-criador e fundador, em 1947, do Museu de Arte de São Paulo (MASP), junto com Pietro Maria Bardi, e ainda como o responsável pela chegada da televisão ao Brasil, inaugurando em 1950 a primeira emissora de TV do país, a TV Tupi. Foi Senador da República entre 1952 e 1957.

Figura polêmica e controversa, odiado e temido, Assis Chateaubriand já foi chamado de Cidadão Kane brasileiro, e acusado de falta de ética por supostamente chantagear empresas que não anunciavam em seus veículos e por insultar empresários com mentiras, como o industrial Francisco Matarazzo Júnior. Seu império teria sido construído com base em interesses e compromissos políticos, incluindo uma proximidade tumultuada porém rentosa com o Presidente Getúlio Vargas.

Biografia

Filho de Francisco José Bandeira de Melo e de Maria Carmem Guedes Gondim Bandeira de Melo, foi batizado Francisco de Assis por ter nascido no dia dedicado ao santo, a quem a mãe era devota. O nome Chateaubriand tem origem na admiração do pai pelo poeta e pensador francês François-René de Chateaubriand, a ponto de comprar uma escola em meados do século XIX, na região de São João do Cariri, PB, dando-lhe o nome do pensador francês. Logo, Francisco José passou a ser conhecido na região como "Seu José do Chateaubriand", que, por corruptela, derivou para "José Chateaubriand". O nome ficou tão vinculado a Francisco José que ele batizou seus filhos com o sobrenome francês.

Nascido na Paraíba, formado pela Faculdade de Direito do Recife. A estréia no jornalismo aconteceu aos quinze anos, na Gazeta do Norte, escrevendo para o Jornal Pequeno e para o veterano Diário de Pernambuco. Neste, enfrentou uma situação inusitada: teve que dormir na redação do jornal, chegando a pegar em armas, para se defender da multidão que se empoleirava à frente do jornal em protesto contra a vitória do candidato Francisco de Assis Rosa e Silva, proprietário do jornal.

Em 1917, já no Rio de Janeiro, colaborou para o Correio da Manhã, em cujas páginas publicaria impressões da viagem à Europa que realizou em 1920.

Em 1924, assumiu a direção d'O Jornal - denominado "Órgão Líder dos Diários Associados" - e, no mesmo ano, conseguiu comprá-lo graças a recursos financeiros fornecidos por alguns Barões do Café liderados por Carlos Leôncio (Nhonhô) Magalhães, e por Percival Farquhar, de quem Assis Chateubriand, alegadamente, teria recebido como honorários advocatícios.

Substituiu artigos monótonos por reportagens instigantes e deu certo. A partir de então, começou a constituir um império jornalístico, ao qual foi agregando importantes jornais, como o Diário de Pernambuco, o jornal diário mais antigo da América Latina, e o Jornal do Comércio, o mais antigo do Rio de Janeiro.

Em 1925, Assis Chateubriand arrebatou o Diário da Noite, de São Paulo. À altura, já possuía os jornais líderes de mercado das principais capitais brasileiras.

A ascensão do império jornalístico de Assis Chateaubriand deve ser entendida no quadro das transformações políticas do Brasil durante as décadas de 20 e 30, quando o consenso político oligárquico e fechado da República Velha, centrado em torno da elite agrária de São Paulo, começou a ser contestado por elites burguesas emergentes da periferia do país. Não é uma coincidência que Assis Chateubriand tenha apoiado o Movimento Revolucionário de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, assim como, durante toda sua vida, tenha fanfarroneado a condição de provinciano que chegou ao centro do poder como uma espécie de bucaneiro político.

A ética quase nunca constava da estratégia empresarial: chantageava as empresas que não anunciassem em seus veículos, publicava poesias dos maiores anunciantes nos diários e mentia descaradamente para agredir os inimigos. Farto de ver o nome na lista de insultos, o industrial Francisco Matarazzo Júnior ameaçou "resolver a questão à moda napolitana: pé no peito e navalha na garganta"Assis Chateaubriand devolveu: "Responderei com métodos paraibanos, usando a peixeira para cortar mais embaixo".

Foi também inimigo declarado de Ruy Barbosa e de Rubem Braga. Apesar disso, Assis Chateaubriand teve relação cordiais, e sempre movidas a interesses econômicos, com muitas pessoas influentes como Rodrigues Alves, Alexander Mackenzie, presidente do poderoso truste canadense de utilidades públicas São Paulo Tramway, Light And Power Company, o empresário americano Percival FarquharGetúlio Vargas.

Durante o Estado Novo, conseguiu de Getúlio Vargas a promulgação de um decreto que lhe deu direito à guarda de uma filha, após a separação da mulher. Nesse episódio, proferiu uma frase célebre: "Se a lei é contra mim, vamos ter que mudar a lei".

Em 1952, foi eleito Senador pela Paraíba e, em 1955, pelo Maranhão, em duas eleições escandalosamente fraudulentas.

Caracterizou-se, muito embora fosse um representante típico da burguesia nacional emergente da época, pelas posturas pró-capital estrangeiro e pró-imperialismo, primeiro o britânico, depois o americano: além de muito ligado aos interesses da City Londrina (a escandalosa embaixada na Inglaterra, na década de 1950, foi a realização de um velho sonho pessoal), conta a anedota que ele teria uma vez dito que o Brasil, perante os Estados Unidos, estava na condição de uma "Mulata Sestrosa" que tinha de ceder às vontades dos seu gigolô. Ele era temido pelas campanhas jornalísticas que movia, como a em defesa do capital estrangeiro e contra a criação da Petrobrás.

Assis Chateaubriand sempre buscou adquirir novas tecnologias para os Diários Associados. Foi assim com a máquina Multicolor, a mais moderna máquina rotativa da época, sendo o grupo de Assis Chateaubriand o primeiro e único a possuir uma por longo tempo, na América Latina. Foi assim também com os serviços fotográficos da Wide World Photo, que possibilitava a transmissão de fotos do exterior com uma rapidez muito maior do que possuía qualquer outro veículo nacional. O mesmo se deu com a publicidade: grandes contratos de exclusividade para lançamento de produtos com a General Eletric e para o pó achocolatado Toddy, cujos anúncios estavam sempre nas paginas dos jornais e revistas.

A orientação publicitária de Assis Chateaubriand para seus veículos começou a funcionar tão bem que os jornais dos Diários Associados passaram a anunciar os mais diversos produtos e serviços, desde modess a cheques bancários, algo tido como inédito na década de 1930, no Brasil.

Publicou mais de 11.870 artigos assinados nos jornais, dando oportunidades a escritores e artistas desconhecidos que depois virariam grandes nomes da literatura, do jornalismo e da pintura, como: Graça Aranha, Millôr Fernandes, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Cândido Portinari e outros.

Com o tempo, Assis Chateaubriand foi dando menos importância aos jornais e focando em novas empreitadas, como o rádio e a televisão. Pioneiro na transmissão de televisão brasileira, criou a TV Tupi, em 1950.

Na década de 60, os jornais atolavam-se em dívidas e trocavam as grandes reportagens por matérias pagas. Dois dos veículos de comunicação lançados no início da década de 60 por Assis Chateaubriand, o jornal Correio Braziliense e a TV Brasília, foram fundados em 21 de abril, no mesmo dia da fundação de Brasília.



Projetos Culturais

Em 1941, promoveu a Campanha Nacional da Aviação, com o lema "Deem Asas ao Brasil", na qual foi criada a maioria dos atuais aeroclubes pelo interior do Brasil, juntamente com Joaquim Pedro Salgado Filho, então Ministro da Guerra do governo de Getúlio Vargas.

Fundou o Museu de Arte de São Paulo (MASP) em 1947, com uma coleção particular de pinturas de grandes mestres europeus que ele adquiriu a preços de ocasião na Europa empobrecida do pós-Segunda Guerra Mundial, em aquisições por vezes financiadas à base de chantagem de empresários brasileiros, coleção esta que o presidente Juscelino Kubitschek havia tido o bom senso de, durante seu governo, colocar sob a gestão de uma Fundação, em troca de auxílio governamental ao pagamento de parte da astronômica dívida do Condomínio Associado.

Em 10/08/1967, Assis Chateaubriand entregou ao reitor da Fundação Universidade Regional do Nordeste, hoje Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Edvaldo de Souza do Ó, o primeiro acervo do Museu Regional de Campina Grande, localizado em Campina Grande, Paraíba. O acervo foi chamado de "Coleção Assis Chateaubriand", com cento e vinte peças. A partir de então, o museu passou a ser chamado de "Museu de Artes Assis Chateaubriand".

Academia Brasileira de Letras

Assis Chateaubriand foi o quarto ocupante da cadeira 37, eleito em 30/12/1954, na sucessão de Getúlio Vargas, recebido pelo acadêmico Aníbal Freire da Fonseca em 27/08/1955.

Morte

Assis Chateaubriand trabalhou até o final da vida, mesmo depois de uma trombose ocorrida em 1960, que o deixou paralisado e capaz de comunicar-se apenas por balbucios e por uma máquina de escrever adaptada.

Assis Chateaubriand morreu no dia 04/04/1968, em São Paulo, depois de uma pertinaz doença a que ele resistiu por longos anos, continuando, mesmo paraplégico e impossibilitado de falar, a escrever seus artigos. Morreu com o império se esfacelando e com o surgimento do reinado de Roberto Marinho.

Deixou os Diários Associados para um grupo de vinte e dois funcionários. O Condomínio Acionário das Emissoras e Diários Associados é, conjuntamente, o 6.º maior grupo de comunicações do país. Tendo como carro chefe cinco jornais em grandes cidades do Brasil, líderes em suas respectivas praças, dos quinze que ainda restam.

Estátua de Assis Chateaubriand em Araxá, MG
Representações na Cultura

Assis Chateaubriand já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Luiz Ramalho no filme "Chateaubriand, Cabeça de Paraíba" (2000) e por Antonio Calloni em trecho da minissérie "Um Só Coração" (2004).

Guilherme Fontes dirigiu um projeto de filme sobre Assis Chateaubriand que, por vários problemas de verbas e denúncias de mau uso de leis de incentivo, ainda não foi lançado. O projeto de filme era "Chatô, o Rei do Brasil", que captou recursos incentivados de cerca de 15 milhões de dólares, não ficou pronto e nunca foi exibido nas telas, e teria Marco Ricca no papel de Assis Chateaubriand.

Recentemente, o Governo Federal determinou que o ator Guilherme Fontes e sua sócia, Yolanda Machado Medina Colei, devolvam R$ 35,9 milhões aos cofres públicos por irregularidades na produção do filme. Guilherme Fontes recebeu os recursos federais para fazer o filme, e não concluiu a obra.

Antes, em 2006, o ator foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver R$ 15 milhões pela não-entrega da série de 36 documentários "500 Anos de História do Brasil". O tribunal julgou irregulares as contas da Guilherme Fontes Filmes Ltda. Embora treze episódios tenham sido produzidos e até mesmo exibidos no canal a cabo GNT, a série, um subproduto do Projeto Chatô, não havia sido concluída. Em seu relatório, o ministro do Tribunal de Contas da União, Marcos Bemquerer Costa disse que ficaram comprovados "dano ao erário e infração às normas legais".

Marcos Manhães Marins escreveu, dirigiu e concluiu o filme "Chateaubriand - Cabeça de Paraíba", em 2000, tendo sido selecionado para quinze festivais e mostras no Brasil e no exterior, sendo uma na Bélgica e outra na França. Foi exibido na TV EducativaTV Cultura, TV Senado, Canal Brasil, TV O Norte na Paraíba, entre outras.

No carnaval de 1999, o Acadêmicos do Grande Rio homenageou com o enredo "Ei, ei, ei, Chateau é o Nosso Rei!" obtendo o 6º lugar entre as escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A Inocentes de Belford Roxo também homenageou com o enredo "Chatô - A Fanfarra do Homem Sério Mais Engraçado do Brasil", terminando em 2º lugar entre as escolas de samba do Grupo de Acesso B, quase perto de subir para o Grupo de Acesso A.

Fonte: Wikipédia

Aurélio Buarque de Holanda

AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA
(78 anos)
Crítico Literário, Lexicógrafo, Filólogo, Professor, Tradutor e Ensaista

* Passo de Camaragibe, AL (03/05/1910)
+ Rio de Janeiro, RJ (28/02/1989)

Em 1923, mudou-se para Maceió (AL), onde, aos 14 anos de idade, começou a dar aulas particulares de português. Aos 15, ingressou efetivamente no magistério. Foi convidado pelo Ginásio Primeiro de Março a lecionar em seu curso primário. Já naquela época passou a se interessar por língua e literatura portuguesas. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito do Recife em 1936. Nesse mesmo ano, tornou-se professor de Língua Portuguesa e Francesa e de Literatura no Colégio Estadual de Alagoas.

Passou a residir no Rio de Janeiro a partir de 1938, e continuou no magistério, como professor de Português e Literatura Brasileira, no Colégio Anglo-Americano em 1939 e 1940. Professor de Português no Colégio Pedro II, de 1940 a 1969 e professor de ensino médio do Estado do Rio de Janeiro de 1949 a 1980.

Aurélio Buarque de Holanda também publicou artigos, contos e crônicas na imprensa carioca. De 1939 a 1943, atuou como secretário da "Revista do Brasil". Em 1941, deu início a seu trabalho de Lexicógrafo, colaborando com o "Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa".

Em 1942, lançou o livro de contos "Dois Mundos", que foi premiado dois anos depois pela Academia Brasileira de Letras. No ano seguinte, trabalhou no "Dicionário Enciclopédico" do Instituto Nacional do Livro.

Em 1945, publicou o ensaio "Linguagem e Estilo de Eça de Queiroz". Nesse ano, participou do I Congresso Brasileiro de Escritores, em São Paulo, e lançou, juntamente com Paulo Rónai, o primeiro dos cinco volumes da coleção "Mar de Histórias", uma antologia de contos da literatura universal. Ainda em 1945, casou-se com Marina Baird, com quem teve dois filhos, Aurélio e Marisa Luísa, e cinco netos.

Entre 1947 e 1960, produziu textos para a seção "O Conto da Semana", do suplemento literário do "Diário de Notícias".

A partir de 1950, começou a escrever para a revista "Seleções" do Reader’s Digest, na seção "Enriqueça o Seu Vocabulário". Oito anos depois, reuniu todos os artigos que produziu para essa seção, publicando-os em um livro com o mesmo título.

De 1954 a 1955, lecionou Estudos Brasileiros na Universidade Autônoma do México, contratado pelo Ministério das Relações Exteriores.

A preocupação com a língua portuguesa e o amor pelas palavras levou-o a estudar e pesquisar o idioma durante muitos anos com o objetivo de lançar seu próprio dicionário. Finalmente, em 1975, foi publicado o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, conhecido como Dicionário Aurélio ou somente "Aurelião" ou "Aurélio".

Modesto, ele vetou a inclusão, na sua obra, do verbete "Aurélio" como sinônimo de dicionário. Em 1977, publicou o "Minidicionário da Língua Portuguesa", que também é chamado de "Mini-Aurélio".

Em 1989, lançou o "Dicionário Aurélio Infantil da Língua Portuguesa", com ilustrações do Ziraldo. O autor também traduziu várias obras, como "Poemas de Amor", de Amaru, "Pequenos Poemas em Prova", de Charles Baudelaire e os contos para a coleção "Mar de Histórias".

Aurélio Buarque de Holanda foi membro da "Associação Brasileira de Escritores" na seção do Rio de Janeiro (de 1944 a 1949), da Academia Brasileira de Filologia, do Pen Clube do Brasil (Centro Brasileiro da Associação Internacional dos Escritores), da Comissão Nacional do Folclore, da Academia Alagoana de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e da Hispanic Society of America.

Aurélio Buarque de Holanda tinha ascendentes Neerlandeses. Ao contrário do que tem sido propagado na internet, ele era apenas um primo distante de Sérgio Buarque de Holanda, pai do músico Chico Buarques.

Morreu vítima do Mal de Parkinson que sofria desde 1981.

Fonte: Wikipédia


Paulinho Nogueira

PAULO ARTUR MENDES PUPO NOGUEIRA
(73 anos)
Cantor, Compositor, Violonista e Professor

* Campinas, SP (08/10/1929)
+ São Paulo, SP (02/08/2003)

Começou a tocar violão aos 10 anos, junto com um dos irmãos. Seu estilo foi influenciado por Garoto, de tanto escutá-lo em programas de rádio.

Quando tinha dezenove anos foi para São Paulo atrás de um trabalho como desenhista, mas acabou tocando violão em boates e casas noturnas, atividade que se estendeu por oito anos.

Em 1960 começou sua carreira na indústria fonográfica gravando seu primeiro disco, A Voz do Violão, totalmente instrumental e mais tarde revelou-se como cantor também.

Como a Bossa Nova na década de 60 dominava o mercado, esse fato acabou intensificando sua atividade de professor de violão, sendo um dos mais procurados, em razão de seu método de ensino que ficou famoso. Nessa época participava com freqüência do programa O Fino da Bossa, da TV Record, ao lado de Baden Powell e Rosinha de Valença.

Entre os seus sucessos mais marcantes estão Menina, Bachianinha e Menino Desce Daí.

Em 1969 inventou um novo e exótico instrumento, a Craviola, que mistura sons de cravo e viola com suas 12 cordas.

Discografia

1959 - A voz do Violão
1960 - Brasil, violão e sambalanço
1961 - Menino Desce Daí / Tema do Boneco de Palha
1961 - Sambas de Ontem e de Hoje
1962 - Outros Sambas de Ontem e de Hoje
1963 - Mais Sambas de Ontem e de Hoje
1964 - A Nova Bossa e o Violão
1965 - O Fino do Violão
1966 - Sambas e Marchas da Nova Geração
1967 - Paulinho Nogueira
1968 - Um Festival de Violão
1970 - Paulinho Nogueira Canta Suas Composições
1972 - Dez Bilhões de Neurônios
1973 - Paulinho Nogueira, Violão e Samba
1974 - Simplesmente
1975 - Moda de Craviola
1976 - Antologia do Violão
1979 - Nas Asas do Moinho
1980 - O Fino do Violão Volume 2
1981 - Tom Jobim – Retrospectiva
1983 - Água Branca
1986 - Tons e Semitons
1992 - Late Night Guitar - The Brazilian Sound Of Paulinho Nogueira
1995 - Coração Violão
1996 - Brasil Musical - Série Música Viva - Paulinho Nogueira e Alemã
1999 - Sempre Amigos
2002 - Chico Buarque - Primeiras Composições

Morreu vítima de um Infarto.


Miguel Reale

MIGUEL REALE
(95 anos)
Filósofo, Jurista, Professor, Poeta

* São Bento do Sapucaí, SP (06/11/1910)
+ São Paulo, SP (14/04/2006)

Filho do médico italiano Braz Reale e de Felicidade Chiarardia Reale, Miguel Reale ocupava a cadeira de número 14 da Academia Brasileira de Letras desde o dia 16/01/1975. Politicamente definia-se como liberal social.

Foi supervisor da comissão elaboradora do Código Civil brasileiro de 2002, cujo projeto foi posteriormente sancionado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, tornando-se a Lei n. 10.406/02, base do nosso novo Código Civil.

Miguel Reale formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo em 1934, ano em que publicou seu primeiro livro, "O Estado Moderno". Nessa ocasião, foi um dos dirigentes da Ação Integralista Brasileira.

Com sua tese "Fundamentos do Direito" (1940) lançou as bases de sua "Teoria Tridimensional do Direito", que se tornaria mundialmente conhecida. Em 1941 tornou-se catedrático de Filosofia do Direito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. No ano seguinte foi nomeado membro do "Conselho Administrativo do Estado", cargo que exerceu até 1944.

Em 1947 foi Secretário da Justiça do Estado de São Paulo, quando criou a primeira "Assessoria Técnico-Legislativa" do País, para racionalização dos serviços legislativos. Em 1949 assumiu a Reitoria da Universidade de São Paulo, instaurando os primeiros Institutos Oficiais de Ensino Superior no Interior do Estado. No mesmo ano fundou o Instituto Brasileiro de Filosofia.

Em 1951 chefiou a Delegação Brasileira junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra. Em 1953 publicou seu curso de Filosofia do Direito. No ano seguinte, fundou a Sociedade Interamericana de Filosofia, da qual foi duas vezes Presidente.

Paralelamente a ouras atividades, manteve sempre seu escritório de advocacia.

Em 1962, após intensa atividade no Partido Social Progressista, do qual foi vice-Presidente, foi novamente secretário da Justiça de São Paulo em 1964. Em 1969 foi nomeado pelo Presidente Arthur da Costa e Silva para a "Comissão de Alto Nível", incumbida de rever a Constituição de 1967.

De 1969 a 1973, novamente Reitor da Universidade de São Paulo, implantou a reforma universitária com a substituição das cátedras pelos Departamentos e deu definitiva organização aos campi da capital e do interior do Estado.

A bibliografia de Miguel Reale compreende obras de filosofia, filosofia jurídica, teoria geral do direito, teoria geral do Estado, além de monografias e estudos em quase todos os ramos do direito público e privado, e até poesia. Entre outras, podem-se destacar "Filosofia do Direito" (1953); "Pluralismo e Liberdade" (1963); "Teoria Tridimensional do Direito" (1968); "Experiência e Cultura" (1977); "A Filosofia na Obra de Machado de Assis" (1982); "De Tancredo a Collor" (1992); "Face Oculta de Euclides de Cunha" (1993) e "Paradigmas da Cultura Contemporânea" (1996).

É muito extensa a lista de títulos honoríficos bem como de medalhas e condeecorações que recebeu, tanto em nível nacional quanto internacional.

Miguel Reale era pai de três filhos, incluindo o também jurista Miguel Reale Jr., ex-ministro de Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso.

O jurista Miguel Reale, 95, morreu na madrugada de 14/04/2006 em São Paulo após sofrer um enfarte em sua residência, na região dos Jardins, na zona sul da cidade.

O velório foi realizado na casa da família e o enterro aconteceu às 16h no Cemitério São Paulo, na zona oeste.

Fonte: UOL Biografias e Folha OnLine

Josué Montello

JOSUÉ DE SOUSA MONTELLO
(88 anos)
Jornalista, Professor, Teatrólogo e Escritor

* São Luís, MA (21/08/1917)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/03/2006)

Entre suas obras destacam-se Os tambores de São Luís, de 1965, a trilogia composta pelas novelas "Duas Vezes Perdida", de 1966, e "Glorinha", de 1977, e pelo romance "Perto da Meia-Noite", de 1985.

Trabalhou como diretor da Biblioteca Nacional e do Serviço Nacional de Teatro, escreveu para a revista Manchete e o Jornal do Brasil, além de trabalhar no governo do presidente Juscelino Kubitschek.

Obras de Josué Montello foram traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão e sueco. Algumas de suas novelas foram roteirizadas para o cinema; em 1976, "Uma Tarde, Outra Tarde" recebeu o título de "O amor aos 40"; e, em 1978, "O Monstro", foi filmado como "O monstro de Santa Teresa".

Bibliografia

Romance

Janelas Fechadas (1941)
Luz da Estrela Morta (1948)
Labirinto de Espelhos (1952)
A Décima Noite (1959)
Os Degraus do Paraíso (1965)
Cais da Sagração (1971)
Os Tambores de São Luís (1975)
Noite Sobre Alcântara (1978)
A Coroa de Areia (1979)
O Silêncio da Confissão (1980)
Largo do Desterro (1981)
Aleluia (1982)
Pedra Viva (1983)
Uma Varanda sobre o Silêncio (1984)
Perto da Meia-Noite (1985)
Antes que os Pássaros Acordem (1987)
A Última Convidada (1989)
Um Beiral para os Bem-te-vis (1989)
O Camarote Vazio (1990)
O Baile da Despedida (1992)
A Viagem sem Regresso (1993)
Uma Sombra na Parede (1995)
A Mulher Proibida (1996)
Enquanto o Tempo não Passa (1996)
Sempre Serás Lembrada (2000)

Novela

O Fio da Meada (1955)
Duas Vezes Perdida (1966)
Numa Véspera de Natal (1967)
Uma Tarde, Outra Tarde (1968)
Um Rosto de Menina (1983)
A Indesejada Aposentadoria (1972)
Glorinha (1977)
O Melhor do Conto Brasileiro (1979)
Pelo Telefone (1981)

Teatro

Precisa-se de um Anjo (1943)
Escola da Saudade (1946)
O Verdugo (1954)
A Miragem (1959)
Através do Olho Mágico (1959)
O Anel que Tu Me Deste (1960)
A Baronesa (1960)
Alegoria das Três Capitais (1960)
Um Apartamento no Céu (1995)
O Baile da Despedida (1997)

Ensaio

Gonçalves Dias (1942)
O Hamlet de Antonio Nobre (1949)
Fontes Tradicionais de Antonio Nobre (1953)
Artur Azevedo e a Arte do Conto (1956)
O Oratório Atual do Brasil (1959)
Caminho da Fonte (1959)
O Presidente Machado de Assis (1961)
Uma Palavra Depois de Outra (1969)
Um Maître Oublié de Stendhal (1970)
Estante Giratória (1971)
A Cultura Brasileira (1977)
Brazilian Culture (1983)
Viagem ao Mundo de Dom Quixote (1983)
Os Caminhos (1984)
Lanterna Vermelha (1985)
Janela de Mirante (1993)
Fachada de Azulejo (1996)
Condição Literária (1996)
Memórias Póstumas de Machado de Assis (1997)
Baú da Juventude (1997)
O Juscelino Kubitschek de Minhas Recordações (1999)

A obra construída por Montello é assombrosa, pois abrange uma significativa variedade de meios de expressão - do romance ao teatro, do artigo jornalístico ao ensaio histórico. Sua prosa é elegante e fluída, passando ao leitor aquela enganadora sensação de ter sido escrita de forma ligeira, fácil, sem esforço aparente. Sua sólida formação intelectual se faz sentir em todos os ensaios e artigos, sempre permeados por análises precisas, argutas e diretas, ao passo que nos romances e peças teatrais a fina sensibilidade do artista impõe uma intensa abordagem psicológica das tramas e dos personagens.

Academia Brasileira de Letras

Em 1954, foi eleito para a cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Cláudio de Sousa. Até a sua morte, era o integrante mais antigo da Academia.

Morte

Morreu em março de 2006, vítima de Insuficiência Cardíaca. Encontrava-se internado na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, há mais de um ano, para tratamento de problemas respiratórios. O corpo foi velado na Academia Brasileira de Letras e sepultado no fim da tarde no Cemitério São João Batista.

Fonte: Wikipédia

César Cals

CÉSAR CALS DE OLIVEIRA FILHO
(64 anos)
Militar, Professor, Engenheiro, Empresário e Político

* Fortaleza, CE (30/12/1926)
+ Fortaleza, CE (10/03/1991)

Filho de César Cals de Oliveira e Hilza Diogo de Oliveira. Ingressou na Escola Militar do Realengo em 1943 formado-se em Engenharia Militar pela Academia Militar das Agulhas Negras e em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, voltou a Fortaleza e foi oficial de infantaria do 23º Batalhão de Caçadores, instrutor da Escola Preparatória e adjunto da chefia do Serviço de Obras da 10ª Região Militar.

Trabalhou do departamento de energia da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, foi diretor do Departamento de Energia Elétrica do Piauí, diretor e conselheiro das Centrais Elétricas Brasileiras, presidente da Companhia Nordeste de Eletrificação e das Centrais Elétricas do Maranhão. Coronel reformado do Exército e professor de engenharia, foi conselheiro da Escola de Administração da Universidade Federal de Pernambuco.

Em 1970 foi escolhido governador do Ceará pelo presidente Emílio Garrastazu Médici e para assumir o cargo deixou a presidência da Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança.

Retornou à ribalta política ao ser referendado senador biônico pela ARENA em 1978, porém passou a maior parte de seu mandato como Ministro das Minas e Energia do governo João Figueiredo, o que ocasionou a convocação do suplente. Em seu interregno como ministro houve o deslanche do Programa Nacional do Álcool inclusive com a construção do primeiro carro a álcool no país.

Ao lado de Virgílio Távora e Adauto Bezerra formou um triunvirato de coronéis que dominou a política cearense durante o Regime Militar de 1964, transferindo-se para o PDS em 1980.

Disputou sua primeira eleição direta em 1986 quando foi candidato a reeleição ao Senado Federal, mas perdeu a disputa. É pai do político César Cals Neto.

Faleceu vítima de ataque cardíaco.

Fonte: Wikipédia

Jefferson Peres

JOSÉ JEFFERSON CARPINTEIRO PERES
(76 anos)
Professor e Político

* Manaus, AM (18/03/1932)
+ Manaus, AM (23/05/2008)

Professor e político brasileiro, formado em Direito pela Universidade Federal do Amazonas, e em Administração pela Fundação Getúlio Vargas. Antes de se tornar político, lecionava na área de Economia, na Universidade Federal do Amazonas. Jornalista, escritor, professor, advogado, com pós-graduação em política pelo Iseb e em administração pública pela Fundação Getulio Vargas.

Participou, na década de 1950, da campanha O petróleo é nosso e, em 1988, foi eleito para seu primeiro cargo público: o de vereador em Manaus, cargo para o qual foi reeleito para segundo mandato, cumprido até 1995, quando assumiu sua cadeira no Senado.

Foi candidato à vice-presidência do Brasil nas eleições de 2006, na chapa do também senador pedetista Cristovam Buarque, do Distrito Federal.

Jefferson Peres já havia anunciado que após cumprir seu atual mandato abandonaria a vida política, mas acabou falecendo antes, vítima de uma parada cardíaca.

Por iniciativa do Senador Epitácio Cafeteira foi apresentado uma resolução, aprovada por unanimidade, dando o no me de Senador Jefferson Peres ao plenário da sala de reuniões da Comissão de Ética do Senado Federal.

Fonte: www.biografia.inf.br

Nilda Spencer

NILDA OLIVA CÉSAR
(85 anos)
Atriz, Professora, Tradutora e Colunista

* Salvador, BA (18/06/1923)
+ Salvador, BA (10/10/2008)

Filha de filha de D. Zizi Oliva César e de Elizeu César.

"Nilda Spencer é uma das personalidades mais marcantes da vida artística da Bahia. Sua presença é criativa, apresenta de forma eficiente e profunda nossa trajetória cultural".

A opinião é do escritor Jorge Amado por ocasião do lançamento do CD "Boca do Inferno", na qual a atriz recitou alguns dos mais célebres poemas de Gregório de Mattos.

Nilda começou a se envolver com o teatro na década de 50, quando conheceu o dramaturgo Eros Martim Gonçalves, fundador da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia. Desde então, ligou para sempre sua vida ao teatro. Foram dezenas de peças e interpretações marcantes, que se estenderam também ao cinema - Nilda participou de oito longas-metragens, entre eles "Dona Flor e seus Dois Maridos", de Bruno Barreto, maior sucesso de público do cinema brasileiro.

Atriz, professora, tradutora, colunista. Nilda César Spencer nasceu em Salvador, no bairro do Canela no dia 18/06/1923, em Salvador. Estudou na Escola Jesus Maria José, Colégio Nossa Senhora Auxiliadora e Colégio da Soledade. Era uma aluna aplicada, gostava do ensino de Português, mas o que preferia fazer nos intervalos das aulas era imitar os artistas. Todos os colegas em volta admiravam suas performances.

Ela enfrentou a família, nos anos 50, e abandonou a promissora carreira de pianista - com concertos nos Estados Unidos e Venezuela - para virar atriz, uma profissão que, naquela época, não era vista com bons olhos. O conhecimento musical a ajudou no teatro, arte na qual se dedicou, principalmente, à área de dicção e expressão vocal, chegando a ser professora e diretora da Escola de Teatro. Foi a primeira mulher que assumiu a direção de uma Escola de Teatro na Universidade num tempo em que Salvador era uma província e o papel feminino estava reservado nos bastidores da lei, da família. Fazer teatro no Brasil ainda era considerado opção menor para rapazes e moças de boas famílias.

Diplomada na primeira turma da Escola de Teatro da Universidade da Bahia, em 1956, logo após, foi a substituta de Martim Gonçalves, por indicação deste, que só nela confiara o fundador da casa que modificou a cena baiana, com ecos por todo o Brasil. Ao assumir, Nilda quebrava a rotina dos homens em postos de comando e de destaque e impunha um desempenho de mulher – capaz, competente.

Determinada, fez pós-graduação em Londres, foi tradutora oficial da escola, ensinou durante 25 anos e nunca deixou os palcos e os sets de gravações e filmagens. Fez centenas de peças, filmes e minisséries para a tevê.

O primeiro trabalho foi em 1956 com a peça Auto da Cananéia, de Gil Vicente, com o grupo dramático da Escola de Teatro, A Barca na Igreja de Santa Teresa. Dois anos depois fez a comédia de Arthur Azevedo, Almanjarra. Em seguida o drama realista de August Strindberg, Senhorita Julia, peça da inauguração do Teatro Santo Antônio; As Três Irmãs, drama de Anton Tchecov; A Sapateira Prodigiosa, de Federico Garcia Lorca; Calígula, de Albert Camus, em que Nilda trabalhou ao lado de Sérgio Cardoso; Companhia das Índias, de Nelson de Araújo; Medo, de Robert Frost; A Falecida, de Nelson Rodrigues; Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello, entre muitas outras.

Depois que pisou no palco ela não parou mais, viveu e deu vida a muitos personagens. Aprendeu e ensinou muito. No Festival de Poesia no Teatro Santo Antonio, Nilda fez parte daquele clube muito seleto dos atores realmente grandes.

No cinema atuou em Dona Flor e seus Dois Maridos; de Bruno Barreto, Tenda dos Milagres, de Nélson Pereira dos Santos; Meteorango Kid, de André Luís Oliveira; Caveira My Friend, de Álvaro Guimarães; O Super-Outro, de André Navarro, Eu Tu Eles, entre outros. Fez ainda as minisséries da Globo Tenda dos Milagres e O Pagador de Promessas, além da novela Rosa Baiana, da TV Bandeirantes.

Quem na Bahia não conhece Nilda? Ela inspirou vários personagens nos livros de Jorge Amado. Basta abrir o livro para conhecer esse personagem, essa figura alegre, solidária e com muita vontade de viver. E na vida, na noite baiana, num acontecimento cultural que movimenta a cidade, lá está Nilda com o bom humor de sempre.

Myriam Fraga, num artigo dedicada a grande dama (no sentido mais amplo) dos palcos baianos afirmou que ela "é um exemplo permanente de honestidade profissional e ilimitado amor à sua profissão". Ela "soube vencer tantas barreiras para construir seu ideal com talento e altivez".

O constante sucesso de Nilda Spencer nos palcos tem uma explicação: "Amo o teatro, nunca deixei de encenar. Mesmo quando não estou nos palcos, faço algo ligado ao teatro". Além de teatro, produziu show musical como Coração de Tambor, com Wilson Café, Quincas Berro D’Água, com Nilda e Mário Gadelha e, para marcar os 40 anos de carreira, lançou em 1996 o CD Boca do Inferno, homenagem explícita ao poeta baiano do século XVII Gregório de Mattos. O velho sonho de gravar CD interpretando os picantes versos de Gregório de Mattos foi realizado.

A versátil Nilda se preparou para mais uma etapa da vida, encenar a peça de Colin Higgins, Ensina-me a Viver, sob a direção de Fernando Guerreiro. A personagem principal procura ensinar as outras a descobrir a felicidade de viver. Uma personagem muita aplaudida foi Zulmira, a suburbana da peça A Falecida de Nélson Rodrigues. Nilda guardou momentos marcantes nesta peça e diz que o sucesso foi devido ao realismo que Nélson passava em seus trabalhos, além de ser muito bem escrita, dando margem a criação do ator. E criar é o que ela mais sabe fazer na vida. Criar momentos mágicos no trabalho que faz, criar felicidade em torno dos amigos.

Nilda ministrou aulas de dicção e expressão vocal para muitos artistas, políticos e empresários. Tudo o que ela aprendeu na vida ela repassa para seus alunos, mas o que ela jamais esquece é a força do bem querer que todos os amigos lhe devota.

"Poucas pessoas têm a felicidade de realizar um sonho como tive, de fazer o que mais gosto, teatro. Na época enfrentei muitos preconceitos, mas tive a coragem de seguir em frente e meus amigos torceram muito por mim. Só na estréia foi uma aceitação geral onde fui recebida com flores. Conseguir romper a barreira e o domínio total para dizer que teatro é uma coisa boa para toda a comunidade”.

Foi junto com os amigos Geová de Carvalho, Fred Souza Castro, Afonso Coentro e tantos outros intelectuais da vida baiana que descobriram muitos pontos culturais e roteiros curiosos e interessantes da misteriosa noite da Bahia. Os tempos passaram, alguns amigos se foram, outros estão na ativa e Nilda continua a mostrar felicidade para todos.

Nilda Spencer faleceu no início da madrugada do dia 10/10/2008 aos 85 anos. Nilda estava internada desde o dia 01/10 no Hospital Jorge Valente, em Salvador, para ser submetida a uma cirurgia no braço direito, fraturado em uma queda. Durante a internação, teve uma infecção pulmonar onde sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu.

Fonte: Wikipédia