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Beto Mi

HUMBERTO MIRANDA NETO
(60 anos)
Cantor, Compositor, Produtor Musical e Arranjador

☼ Guaratinguetá, SP (04/07/1958)
┼ Guaratinguetá, SP (10/06/2019)

Humberto Miranda Neto, conhecido artisticamente por Beto Mi, foi um cantor, compositor, produtor musical e arranjador nascido em Guaratinguetá, SP, no dia 04/07/1958.

Muito cedo, percebeu-se o seu interesse pela música, quando se emocionava ouvindo rádio ou discos de seu pai, com músicas clássicas ou os clássicos da música brasileira ou, ainda, quando passava horas ouvindo o violão de Dilermando Reis, ao lado da casa de seus avós, o que não era comum para meninos de sua idade.

Já na adolescência, cantou em coral, sob a regência do maestro Martinho Lutero, tocou em bandas e grupos musicais, que entre outras coisas, tocavam em missas de jovens, na região.

Em meados da década de 70 mudou-se para São Paulo, para cursar a Universidade, e começava ali a trilhar seu caminho musical. Nas andanças por bares de estudantes e noites paulistas, conheceu outras realidades, pessoas e personagens, que ficaram para sempre registradas em sua memória, enriquecendo suas poesias e iniciando-o na sua carreira musical. Nessa mesma época, foi convidado a participar do grupo de Teatro Experimental Universitário (TEU), onde atuou como diretor musical. Logo em seguida começou a participar de festivais de Música Popular Brasileira (MPB), que eram muito respeitados e que serviram de escola para muitos músicos e compositores daquela época.


Tornou-se conhecido e respeitado, no meio, por vencer vários festivais e por ter recebido, várias vezes, os prêmios de melhor letra e melhor intérprete. Foi chamado de o "Rei da Afinação", por Durval Ferreira e de "Divino", por Angela Maria. Armazenou diversas vitórias e conquistou vários amigos e parceiros, com o seu trabalho e a sua simplicidade.

Em 1982, após vencer o festival de Ubá, com a música "Ói u Trem", onde recebeu o prêmio das mãos do compositor Alcyr Pires Vermelho, que o comparou a Chico Buarque, no início de carreira, foi convidado por diretores da gravadora RCA Victor, presentes ao evento, a gravar seu primeiro disco, um compacto que foi distribuído somente no Estado de Minas Gerais.

Em 1983, Beto Mi assinou um contrato com a gravadora RCA e lançou seu segundo compacto, desta vez com distribuição em todo território nacional. Em seguida lançou o seu primeiro LP, intitulado "Beto Mi", que foi produzido por Durval Ferreira, e contou com as participações especiais de Hector Costita (saxofone), Maestro Ubirajara (bandoneão) e Milton Banana (percussão). Esse disco vendeu mais de 100.000 cópias, na época, e tornou-se um grande sucesso nacional, com destaques para as músicas "Pra Dizer Que Não Falei do Verso", "Anjo da Guarda", "Ói U Trem" e "O Ano Que Virá".


Seu primeiro LP foi muito elogiado pela crítica e foi considerado um clássico na MPB. Nessa longa caminhada, conquistou amigos e parceiros que só vieram a acrescentar na sua vida e conseqüentemente no seu trabalho, como: Sá & Guarabyra, Flávio Venturini, Vanusa, Ivan Lins, Ronnie VonDurval Ferreira, Rosemary, Peninha, Toninho Horta, Tavinho Lima, Nilson Chaves, Leo Saldanha, Sérgio Eduardo, só para citar alguns nomes de destaques na música brasileira contemporânea com os quais já trabalhou.

Em 1986, Beto Mi lançou seu segundo LP, "Espelhos", com produção de Ney Marques, pela gravadora Polydisc, com destaque para a música-título.

"Um Tempo Pra Sonhar", terceiro álbum do cantor, foi lançado em 1989, pela gravadora Warner. Este trabalho, também produzido por Ney Marques, contou com a participação especial de Guarabyra, na faixa "No Coração de Quem Ama". O disco obteve grande sucesso nacional, com as músicas "Espanhola" e "Sonhos de Primavera", sendo executado em todas as rádios do país. Com o resultado deste sucesso, Beto Mi ganhou um videoclipe e conquistaria o Prêmio Sharp de Música de 1990.

Em 1995, Beto Mi gravou o seu 6º disco - e 1º CD - na carreira, "Andarilhos da Luz". Este CD teve a produção do próprio Beto Mi e a participação especial de sua filha Thais Giubelli Miranda, na época, com 11 anos de idade. Foi também o primeiro trabalho realizado por sua gravadora, a BTM.


O 7º disco, "16 anos de Beto Mi", foi lançado em 1999 em comemoração aos 16 anos de carreira do cantor e, também, ao final do milênio, também pelo selo BTM.

Além de cantar e compor, Beto Mi criou e desenvolveu em parceria com a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente e Fundação SOS Mata Atlântica, o Projeto Educativo, Musical, Cultural e Ambientalista "Planeta Caipira".

Em 2003, pela BTM, lançou o CD "Planeta Caipira", com os apoios da Natura Cosméticos, Petrobras e BASF, novamente pela BTM.

Em 2005, Beto Mi foi indicado e nomeado Secretário da Cultura de Guaratinguetá, onde desenvolveu um trabalho, justo e perfeito, em prol dos Projetos Culturais de Guaratinguetá e região. Três anos depois, foi indicado e eleito Diretor de Comunicação do Fórum dos Dirigentes Culturais do Estado de São Paulo (FECULT).

Em 2009, Beto Mi lançou o CD "25 Anos", uma coletânea composta dos maiores sucessos do cantor, como: "Pra Dizer Que Não Falei do Verso", "Anjo da Guarda", "O Ano Que Virá", "Ói u Trem", "Espelhos", "Espanhola", "Sonhos de Primavera", "Volto Já", e outras músicas inéditas. Foi o quarto álbum lançado sob chancela da BTM.

Em 2017, Beto Mi lançou seu primeiro DVD, além de fazer um show em comemoração aos 35 anos de carreira artística.

Morte

Beto Mi faleceu na segunda-feira, 10/06/2019, aos 60 anos, em Guaratinguetá, SP, vítima de um infarto fulminante.

Seu corpo foi velado no Velório Municipal ao lado do IML e o sepultamento ocorreu às 12h00, no Cemitério dos Passos, em Guaratinguetá, SP.

Fonte: Wikipédia

Hélio Santisteban

HÉLIO SANTISTEBAN
(69 anos)
Cantor, Compositor, Tecladista, Arranjador e Maestro

☼ 1949
┼ São Paulo, SP (26/08/2018)

Hélio Santisteban foi um cantor, compositor, tecladista, arranjador e maestro. Ex-integrante e fundador do grupo Pholhas, responsável por grandes sucessos da música desde os anos 70, incluindo "She Made Me Cry", "Forever" e "My Mistake".

Hélio Santisteban nasceu numa família de músicos e seu avô era poeta, portanto a arte estava no sangue.

Autor de temas famosos da TV Globo, atuou em carreira solo e com o grupo Chantilly, cujo principal sucesso foi "Fim de Semana Sem Grana", tema da novela "Amor Com Amor Se Paga" (1984) da TV Globo.

Hélio Santisteban trabalhou também como compositor de temas e trilhas para Maurício de Souza. Foi sócio fundador em parceria com Oswaldo Malagutti do maior estúdio de gravação de São Paulo, o Mosh Studios.

Seu ultimo disco foi o CD "Helio Santisteban" com direito a autógrafo do cantor, trazendo os seus grandes sucessos da época dos Pholhas.

Estava atualmente na Banda Phorever, mas resolveu definitivamente seguir novos projetos solos com músicos convidados.

Pholhas

No final de 1968, na cidade de São Paulo, três rapazes: Paulinho Fernandes, Oswaldo Malagutti e Hélio Santisteban, haviam acabado de deixar a banda The Wander Mass Group com o objetivo de montar outro grupo que tivesse mais a ver com sua personalidade musical. Convidaram então o amigo Wagner Benatti, o Bitão, guitarrista e vocalista, autor inclusive da música "Tijolinho", um dos grandes sucessos da Jovem Guarda, que aceitou prontamente o convite e no início de 1969, mais precisamente no dia 18/02/1969, fizeram o primeiro ensaio oficial da nova banda que ainda não tinha nome.

Pouco tempo depois, um amigo que estava sempre presente aos ensaios, Marco Aurélio (Lelo), sugeriu o nome Pholhas, que grafado com "Ph" ficava original, sendo imediatamente aceito por todos.

Anos mais tarde, Lelo viria a dizer que o nome Pholhas foi inspirado no título de um disco dos Rolling Stones chamado "Flowers".

Com sua ótima qualidade vocal e instrumental, os Pholhas tornaram-se em pouco tempo um dos grupos musicais mais requisitados para os bailes paulistanos. Isso chamou a atenção da gravadora RCA Victor que os contratou, em 1972, para gravar seu primeiro disco com canções próprias, cantadas e compostas em inglês, influenciadas pelos sucessos internacionais da época.


O grande destaque foi "My Mistake" que ficou em primeiro lugar por 2 meses consecutivos, vendendo mais de 450.000 cópias e rendendo o primeiro Disco de Ouro na carreira da banda. O disco foi lançado também na América do Sul e Europa, tendo igual sucesso.

Na época, o grande público chegou a pensar que os Pholhas fossem estrangeiros, mas os rapazes sempre fizeram questão de explicar que eram apenas quatro músicos brasileiros cantando em inglês, tendo como objetivo internacionalizar seu trabalho.

Na sequência vieram os sucessos "She Made Me Cry", "Forever", "I Never Did Before", "Get Back", "My Sorrow", entre outros, firmando os Pholhas como um dos maiores nomes do cenário musical brasileiro e internacional.

No início de 1977, após gravarem por pressão da gravadora o LP "O Som das Discotheques", Hélio Santisteban deixa a banda para tentar carreira solo e em seu lugar entra o tecladista Marinho Testoni, ex Casa das Máquinas. No final desse mesmo ano lançam o LP homônimo "Pholhas" voltado para o rock progressivo e com uma grande novidade: Cantado em português, significando uma mudança radical no estilo da banda até então. O disco não chegou a ter vendagem expressiva, porém acabou virando cult, e ainda hoje é muito disputado pelos colecionadores.

No final de 1978, é a vez de Oswaldo Malagutti deixar a banda para dedicar-se ao projeto pessoal de montar um estúdio de gravações e que viria a ser o Mosh Studios. Em seu lugar entrou João Alberto, ex Casa das Máquinas, assim como Marinho Testoni.

Em 1979 Hélio Santisteban desiste da carreira solo e os Pholhas o acolhem novamente. Voltam a gravar no estilo que sempre os consagrou, cantando e compondo canções românticas em inglês, e lançam dois trabalhos: "Memories" (1980) e "Disco de Ouro Vol II" (1981)


Com a saída de Marinho Testoni, em 1981, os Pholhas lançam em ordem cronológica, os seguintes discos:
  • 1982 - Pholhas
  • 1985 - Wings
  • 1987 - The Night Before
  • 1988 - Côrte Sem Lei (Segundo disco em português)
  • 1995 - Disco de Ouro (Reedição em CD do LP homônimo de 1977)
  • 1996 - Pholhas 25 Anos
  • 1998 - Pholhas Forever - 26 Anos
  • 1999 - Dead Faces (Relançamento remasterizado do primeiro LP)
  • 2000 - Hits Brasil
  • 2001 - Pholhas - Ao Vivo no Brasil
  • 2003 - Pholhas, 70’s Greatest Hits
  • 2005 - Pholhas

Em 2007, Hélio Santisteban sai definitivamente da banda e os Pholhas lançam os CDs:
  • 2009 - Pholhas Forever
  • 2015 - Pholhas 45 Anos

A formação atual dos Pholhas é Bitão (Guitarra e voz), Paulinho Fernandes (Bateria e voz), João Alberto (Baixo) e  Elias Jó (Teclados e vocais de apoio).

No ano de 2018 os Pholhas estão comemorando seus 49 anos, nos quais colecionaram vários discos de ouro, firmando-se definitivamente como uma das maiores bandas do cenário pop, conquistando cada vez mais essa legião incrível de admiradores, comprovado tanto nas gravações quanto nas apresentações que fazem por todo o Brasil, Europa e América do Sul.

O novo show "Pholhas - Memories" vem sendo aclamado pela crítica como um dos melhores do gênero. 

Morte

Hélio Santisteban faleceu no domingo, 26/08/2018, aos 69 anos, em São Paulo, SP. Ele era portador de Ataxia, uma doença degenerativa a qual causa atrofia muscular. Hélio Santisteban já havia perdido mais de 90% de sua visão e caminhava com auxílio de uma bengala.

O velório ocorreu no domingo, 26/08/2018, a partir das 22h00, no Cemitério da Quarta Parada, Tatuapé, e o sepultamento na segunda-feira, 27/08/2018, às 10h00.

Fonte: Pholhas e Página Hélio Santisteban no Facebook
#FamososQuePartiram #HelioSantisteban

Sérgio Sá

SÉRGIO ANTÔNIO SÁ DE ALBUQUERQUE
(64 anos)
Cantor, Compositor, Instrumentista, Arranjador, Produtor, Ator, Palestrante e Escritor

☼ Fortaleza, CE (17/01/1953)
┼ Fortaleza, CE (03/10/2017)

Sérgio Antônio Sá de Albuquerque, mais conhecido por Sérgio Sá, foi um cantor, compositor, instrumentista, arranjador, produtor e escritor brasileiro nascido em Fortaleza, CE, no dia 17/01/1953.

Sérgio Sá nasceu com catarata congênita, associada a microftalmia. Ele era cego de nascença. Sua trajetória de vida foi marcada por êxitos e realizações.

Desde que veio de Fortaleza aos 13 anos continuar seus estudos em São Paulo, Sérgio Sá procurou desenvolver seu talento para a música - tem ouvido absoluto -, incorporando-se a bandas de garagem, tocando, cantando e logo mais arranjando, produzindo e gravando.

Iniciou a sua carreira cantando baladas de rock em inglês, no início da década de 70. Nessa época, adotava o nome artístico de Paul Bryan e lançou em 1973 três compactos pela Top Tape. Tinha quatro músicas entre as dez mais executadas e vendidas no país.

Em 1974, ela já assinava o nome de batismo em "Sonhos de um Palhaço", canção composta em parceria com Antônio Marcos que fez sucesso na voz de Vanusa. Com a cantora e compositora, Sérgio Sá criou o hit feminista "Mudanças" (1979). 

Logo depois, assumiria os teclados do grupo de rock paulistano Joelho de Porco, como tecladista, permanecendo nele até 1976.

Em 1977 se formou em Educação Artística pela Faculdade Morzateum, e era artista nato com habilidades diversas, em diferentes áreas de atuação, com currículo excepcional que marcou sua presença na história da Música Popular Brasileira.

Em 2016, Sérgio Sá se lançou como candidato a vereador de São Paulo pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC), sem conseguir se eleger.

Carreira

Como compositor foram mais de 350 canções gravadas por artistas como Roberto Carlos ("Como é Possível"), Simone ("Olho do Furacão"), Tim Maia ("O Vento e as Canções"), Fábio Júnior ("Eu Me Rendo" e "O Que é Que Há?"), Chitãozinho & Xororó, ("Pensando em Minha Amada"), isso só para citar alguns exemplos.

Seu trabalho em criação publicitária inclui comerciais para empresas como Banco Itaú, McDonald's, TV Globo, TV Bandeirantes, além de trilhas sonoras para novelas e seriados como o "Mundo da Lua" (1991/1992) da TV Cultura.

Destaca-se também seu trabalho em Los Angeles onde criou e executou trilhas e vinhetas para clientes como a KJLH, emissora de FM de Stevie Wonder.

Sérgio Sá integrou a equipe responsável pela Campanha Nacional de Rádio Presidência, em 2002, no ano seguinte, contratado pela Radiobrás, foi responsável pela criação das vinhetas que compõe o novo formato da "Voz do Brasil".

No período entre 2004 e 2006 realizou campanhas para prefeito em São Paulo, Curitiba, Goiânia e em diversas cidades do interior do país.

Gilberto Gil e Sérgio Sá
Em 2006, Sérgio Sá manteve-se na ativa e foi convidado para produzir a trilha sonora do musical "Mary Poppins" do estúdio de Ballet Cisne Negro. Com adaptações e composições elaboradas especialmente para a produção Sérgio Sá surpreendeu com sua capacidade de criar e executar uma obra musical alinhada aos passos rítmicos exigidos pela dança de ballet. Mais tarde, repetiu a dose desenvolvendo uma produção natalina para a Coca-Cola que, através de alta tecnologia de luz e som, impressionou o público com bonecos gigantescos contadores de histórias embalados pela trilha sonora criada por ele.

Voltando ao passado, Sérgio Sá, com o pseudônimo de Paul Bryan, nos anos 70, criou diversos temas românticos que lideraram as paradas de sucesso e de vendas do país: "Dont Say Goodbye", tema da novela "Cavalo de Aço" (1973), "Listen", parte da trilha internacional de "O Bem Amado" (1973), "Window", tema de "Carinhoso" (1973), foram algumas de suas obras com grande repercussão.

Como arranjador trabalhou ao lado de nomes como Gilberto Gil, em seu projeto "Quanta", Zizi Possi, Jane Duboc, Ivan Lins, e vários outros artistas, Sérgio Sá foi um dos primeiros a mesclar sintetizadores a sons acústicos e um dos pioneiros em gravações digitais.

Como intérprete, com 8 discos já gravados entre os quais "Voa Vida", "Fora de Prumo" e "Ecos do Amanhã", inúmeras apresentações no Brasil, Estados Unidos e Europa, lançou o CD "Sérgio Sá - I'm Paul Bryan" onde regravou seus hits em inglês além de versões de seus sucessos e composições inéditas.


Seu último lançamento, no início de 2015, de forma independente, foi o CD "Sérgio S/A", comemorando seus 46 anos de carreira, com participações de convidados ilustres da Música Popular Brasileira como Zeca Baleiro, Elba Ramalho, Jorge Vercillo, Jane Duboc, Gilberto Gil, Cláudia Albuquerque, Carlos Navas, Lucinha Lins, Tribo De Jah e Vânia Bastos.

Suas participações em gravações atingiram a marca de 30 mil horas de estúdio e suas apresentações ao vivo somam mais de 10 mil (Marcas registradas até agosto/2015).

Como produtor trabalhou produziu para Zé Rodrix, Vanusa, Jane Duboc, Milton Carlos, Eduardo Araújo, além de inúmeros artistas independentes, tiveram em seus trabalhos a assinatura de Sérgio Sá como produtor musical.

Como escritor, seu livro "Fábrica de Sons" (Editora Globo) já em quarta edição atualizada e acrescida de CD, foi aprovado e adquirido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Em Outubro de 2004, Sérgio Sá, deficiente visual de nascença, lançou "Feche Os Olhos Para Ver Melhor", obra em que faz um apanhado de vivências e reflexões, propondo novas maneiras de enxergar o mundo e que foi também lançado em edição em braile. Com o lançamento do livro de ficção "Ecos do Amanhã", Sérgio Sá entretém o leitor com uma narrativa instigante e faz um brado de alerta e de profundo amor à humanidade.


Em 2012 Concluiu seu quarto livro, "Aos Olhos de Um Cego" (Sá Editora). Ainda em 2012 estreou como ator na peça "O Grande Viúvo", conto de Nelson Rodrigues, no projeto Teatro Cego. Uma proposta com espetáculo de característica inédita no Brasil, pois convida o público a abdicar da visão para por à prova seus outros quatro sentidos. Atores, atrizes e músicos cegos e não cegos se unem no palco para fazer arte.

Paralelo a outros projetos Sérgio Sá demonstrava maestria também como palestrante, viajando por todo o país com a sua Palestra-Show "Feche Os Olhos Para Ver Melhor", propondo reflexões com interatividade, música ao vivo e bom humor.

Desde de 2009 era convidado pela Secretaria Municipal de Cultura a falar com crianças e jovens da periferia, levando suas vivências musicais e literárias.

Em 2011, em parceria com Irineu Toledo, "Tocando Músicas e Trocando Ideias", ao lado de grandes palestrantes como Luciano Pires, José Luiz Tejon, Daniel Carvalho Luz, foi aplaudido por mais de 2.000 pessoas no evento Feliz Dia Novo.

Morte

Sérgio Sá morreu na madrugada de terça-feira, 03/10/2017, em Fortaleza, CE, vítima de um infarto, aos 64 anos. A informação foi confirmada pelo filho, Thiago Pinheiro, em publicação no Facebook. 
"É com imensa tristeza que comunico o falecimento de meu pai Sérgio Sá durante esta madrugada. Sérgio, que estava na casa de uma prima em Fortaleza, foi vítima de um rápido processo de infarto por volta das 2h30, e não resistiu e nos deixou com a eterna saudade."
No comunicado, o filho fez elogios a Sérgio Sá, como pessoa e profissional:
"Meu pai sempre foi homem íntegro, sempre buscou grande excelência, produtor e compositor que deixou fortes marcas em nossa música e em minha vida. Agora, tornou-se a forte memória de alguém que nunca deixou de acreditar na força e sutileza do amor."
"Há algumas semanas ele veio me visitar, conhecer o estúdio que nunca havia visitado, passamos um dia inteiro agradável, conversas suaves sobre música, ouvimos o disco que acabara de finalizar, nos abraçamos, demos risada, agradecemos pela trajetória, falamos da admiração mútua, foi um dia de paz, momento muito importante para os dois e eu jamais imaginaria que seria o último encontro. Mal sabia que seriam meus momentos derradeiros na presença física do meu querido pai, pessoa que sempre amei e que conheci através dos discos, das composições brilhantes e do carinho em menos encontros do que eu gostaria de ter tido!"
Fonte: Sérgio Sá, Estadão e G1  
Indicação: Miguel Sampaio e Fadinha Veras
#FamososQuePartiram #SergioSa

André Filho

ANTÔNIO ANDRÉ DE SÁ FILHO
(68 anos)
Compositor, Cantor, Arranjador, Percussionista, Instrumentista e Radialista

☼ Rio de Janeiro, RJ (21/03/1906)
┼ Rio de Janeiro, RJ (02/07/1974)

Antônio André de Sá Filho, mais conhecido com André Filho, foi um ator, multiinstrumentista (piano, violão, bandolim, violino, banjo, percussão), radialista, compositor e cantor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 21/03/1906.

Ficou órfão muito cedo, sendo por isso criado pela avó. Começou a estudar música erudita aos oito anos com Pascoale Gambardella. Estudou, anos depois, vários instrumentos como violão, violino, piano, bandolim, dedicando-se, então, à música popular brasileira.

Formou-se em Ciências e Letras no Colégio Salesiano de Niterói, RJ, onde foi colega de Almirante.

Na década de 1940, esteve internado com problemas psíquicos, que, somados a alguns outros, acabaram por fazê-lo abandonar a vida artística.

André Filho é autor de muitos sucessos, entre os quais a marcha "Cidade Maravilhosa" que se tornou o hino da cidade do Rio de Janeiro. Por isso virou uma figura histórica do Rio de Janeiro, além de ser o parceiro de Noel Rosa no samba "Filosofia".

André Filho começou a carreira artística cantando na Rádio Educadora. Foi arranjador, compositor de jingles, locutor de várias emissoras como a Rádio Tupi, Rádio Mayrink Veiga, Rádio Phillips e Rádio Guanabara.


Sua primeira composição a ser gravada foi "Velho Solar", em 1929, pela Parlophon, interpretada por Henrique de Melo Moraes, o tio de Vinícius de Moraes. No mesmo ano, Ascendino Lisboa lançou o samba "Dou Tudo".

Em 1930, Carmen Miranda lançou duas músicas suas pela RCA Victor, o samba "O Meu Amor" e a marcha "Eu Quero Casar Com Você". Sílvio Caldas gravou também pela RCA Victor o seu samba "Nem Queiras Saber" (André FilhoFelácio da Silva).

Em 1931, Carmen Miranda gravou os sambas "Bamboleô" e "Quero Só Você", Jaime Vogeler a canção "Meu Benzinho Foi-se Embora" e Francisco Alves a valsa "Manoelina". No mesmo ano, gravou seu primeiro disco, na Parlophon, interpretando os sambas "Estou Mal" (André FilhoHeitor dos Prazeres), e "Mangueira" (Saul de Carvalho). Lançou com J. B. de Carvalho, a macumba "Anduê, Anduá" (Maximiniano F. da Costa) e o samba "É Minha Sina" (André Filho).

Em 1932 teve diversas composições gravadas por diferentes intérpretes. Carmen Miranda registrou os sambas "Mulato De Qualidade", "Quando Me Lembro" e "Por Causa de Você"; Sílvio Caldas o samba "Jurei Me Vingar" (André Filho Valfrido Silva); O Grupo da Guarda Velha e Trio TBT, o samba "Como Te Amei".

Em 1933, gravou os sambas "Vou Navegar" e "Nosso Amor Vai Morrendo", e teve gravados por Carmen Miranda, os sambas "Fala Meu Bem" e "Lua Amiga", e por Elisa Coelho os sambas "O Samba é a Saudade" e "A Lua Vem Surgindo". Mário Reis foi convidado por Noel Rosa para gravar "Filosofia", pela Columbia.


Em 1934, Carmen Miranda lançou, junto com Mário Reis, o samba "Alô... Alô...", um grande sucesso no carnaval daquele ano. Ainda em 1934, gravou seu grande sucesso, a marcha "Cidade Maravilhosa", em dupla formada com a então novata Aurora Miranda, de apenas 19 anos. Segundo Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, a escolha de Aurora Miranda "refletia de certo modo a tendência de romper com uma constante da época: a hegemonia masculina na gravação do repertório carnavalesco". De qualquer modo, o certo é que a entrada de Aurora Miranda em cena deve-se mesmo ao fato de ser irmã de Carmen Miranda, já então no auge da popularidade, inclusive nos carnavais. O lançamento de "Cidade maravilhosa", se deu no entanto, sem grande sucesso na Festa da Mocidade, em outubro daquele ano.

A marchinha foi inscrita em 1935 no Concurso de Carnaval da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, obtendo, para indignação do autor, a 2ª colocação. Também em 1935, gravou a marcha "Guarde Um Lugarzinho Para Mim" (André Filho e Valfrido Silva) e o samba "Jura Outra Vez" (Alcebíades Barcelos e Valfrido Silva), e com Aurora Miranda, gravou de sua autoria, a marcha "Ciganinha Do Meu Coração" e o samba "O Que Você Me Fez".

Em 1936, lançou as marchas "Teu Cabelo Vou Pintar" e "Cadê a Minha Colombina", de sua autoria. Aurora Miranda gravou de sua autoria, o samba "Quero Ver Você Sambar" e a marcha "Bacharéis Do Amor", e Carmen Miranda a marcha "Beijo Bamba" e o samba "Pelo Amor Daquela Ingrata".

Em 1937 teve mais duas marchas gravadas por Aurora Miranda, "Se a Moda Pega..." e "Quero Ver Você Chorando".


Em 1938, Aurora Miranda gravou a marcha "Na Sua Casa Tem..." (André Filho e Heitor dos Prazeres) e o samba "Chorei Por Teu Amor".

Em 1939 lançou a marcha "Linda Rosa" e o samba "Quem Mandou?".

Em 1941, gravou a marcha "Carnaval na China" (André Filho e Durval Melo) e o samba "Estrela do Nosso Amor" (André Filho). Vicente Celestino gravou pela RCA Victor a valsa "Cinzas No Coração", obtendo grande sucesso, e a canção "Cancioneiro Do Amor".

Em 1960, um decreto oficializou "Cidade Maravilhosa" como hino da cidade. No final da década de 1960, convidado e entrevistado por Ricardo Cravo Albin, então diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS), gravou histórico depoimento para o museu, tendo sido seu estado mental considerado bastante razoável pelo entrevistador.

Em 1974, Chico Buarque resgatou "Filosofia", regravando o samba em seu álbum "Sinal fechado", dedicado a outros autores por causa da censura imposta à sua produção. O samba foi, na época, grande sucesso e uma maneira inteligente de dar um recado ao regime militar. O samba voltaria a ser ouvido na voz de Mário Reis, na década de 1970 e, posteriormente, incluído no filme "Brás Cubas" (1985), adaptação do cineasta Júlio Bressane para o clássico de Machado de Assis "Memórias Póstumas de Brás Cubas". No filme, "Filosofia" é o tema do personagem Quincas Borba.

Devido a várias crises pessoais, inclusive o fim prematuro de casamento com a esposa Zilda, o que lhe teria provocado graves crises psíquico-nervosas, afastou-se completa e prematuramente da vida artística, passando a orar com a mãe que o abrigou, cercando-o de carinho e cuidados, o que obscureceu a avaliação de sua obra, fazendo com seu trabalho fosse lembrado basicamente apenas pela marcha "Cidade maravilhosa".

Em 2006, seu acervo passou a pertencer ao Instituto Moreira Salles que o homenageou por ocasião do centenário de seu nascimento com uma exposição de partituras, documentos e fotografias.

André Filho morreu aos 68 anos , no dia 02/07/1974, no Rio de Janeiro.

Discografia

  • 1941 - Carnaval Na China / Estrela Do Nosso Amor (Odeon, 78)
  • 1939 - Linda Rosa / Quem Mandou? (Columbia, 78)
  • 1938 - Perdão, Emília / Onde é Que Eu Vou Parar (Odeon, 78)
  • 1937 - Maravilhosa / Ó Rosa (Odeon, 78)
  • 1936 - Teu Cabelo Vou Pintar / Cadê a Minha Colombina (Odeon, 78)
  • 1935 - Guarde Um Lugarzinho Pra Mim / Jura Outra Vez (Odeon, 78)
  • 1935 - Ciganinha Do Meu Coração / O Que Você Me Fez (Odeon, 78)
  • 1934 - Cidade maravilhosa (Odeon, 78)
  • 1934 - Lourinha Brasileira / Não Chore Mais (Columbia, 78)
  • 1933 - Vou Navegar / Nosso Amor Vai Morrendo (RCA Victor, 78)
  • 1931 - Estou Mal / Mangueira (Parlophon, 78)
  • 1931 - Se o Teu Amor... / Você Diz Que é Melhor (Parlophon, 78)
  • 1931 - Vai De Uma Vez / Amizade Não Se Compra (Parlophon, 78)
  • 1931 - Cala a Boca / Vivo Feliz Sem Você (Parlophon, 78)
  • 1931 - Anduê, Anduá / É Minha Sina (Parlophon, 78)


Indicação: Miguel Sampaio

Ventura Ramirez

VENTURA RAMIREZ
(77 anos)
Cantor, Compositor, Violonista e Arranjador

☼ Mombuca, SP (1939)
┼ São Paulo, SP (06/06/2016)

Ventura Ramirez foi um cantor, compositor e violonista brasileiro. Fez parte do grupo Demônios da Garoa tocando Violão de 7 cordas e também do regional de choro de Carlos Poyares. Em ambos os conjuntos esteve presente também Canhotinho no cavaquinho. Era um dos melhores violonistas 7 cordas do Brasil e uma referência de nosso Samba-Choro e Seresta.

Ventura Ramirez começou sua carreira aos 15 anos, em 1954, como calouro no programa de rádio "Calouros Toddy" de Hebe Camargo, na extinta Rádio Nacional, assinando logo em seguida um contrato de 5 anos com a Rádio Nacional.

Com seu talento nato ao violão e voz marcante, Ventura Ramirez logo entrou para o cenário musical brasileiro, acompanhando músicos renomados no choro e seresta, como Nelson Gonçalves, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Altamiro Carrilho, Orlando Silva, Luiz Gonzaga, Cartola, Lupicínio Rodrigues, além de participar do regional de choro de Carlos Poyares.

No início da década de 1960, ainda com o violão de 6 cordas, mas já com o seu estilo inconfundível nas "baixarias" que fazia com o instrumento, Ventura Ramirez foi convidado a integrar o conjunto Demônios da Garoa, do qual fez parte por diversas vezes até 2005. Pouco tempo depois de entrar no conjunto, Ventura Ramirez adotou permanentemente o violão de 7 cordas, instrumento que o consagrou como um dos seus melhores representantes. Foi ele quem levou pela primeira vez o 7 cordas para os Demônios da Garoa, criando uma das marcas registradas ainda hoje mantidas pelo conjunto, mesmo após o seu desligamento.


O 7 cordas surgiu para o artista cedo ainda em sua vida musical, iniciada aos 13 anos de idade, vindo da necessidade que sentia ao achar, ainda cedo, o violão de 6 cordas "limitado por ter poucas cordas".

Ao longo de sua carreira de mais de 50 anos, Ventura Ramirez recebeu diversos prêmios e honrarias de renomados nomes. Entre eles, está o prêmio Roquete Pinto de Revelação do Ano em 1960, o Oscar da música brasileira há alguns anos. Naquele ano, Ventura Ramirez recebeu a notícia que fora premiado pelo apresentador Silvio Santos, seu então companheiro de Rádio Nacional e com quem excursionou pelo Brasil com a famosa "Caravana do Peru que Fala", grupo de artistas comandado por Silvio Santos e que viajava pelo Brasil divulgando a música brasileira.

Como outros importantes prêmios de sua carreira, Ventura Ramirez foi por 3 vezes agraciado com o Troféu Velho Guerreiro, do saudoso Chacrinha, sendo duas vezes solo e uma com os Demônios da Garoa. Quatorze vezes recebeu o diploma de Melhor da Semana pelo comunicador Helio Souto e outros diversos prêmios de grêmios estudantis, da Casa da Fazenda e da Secretaria de Cultura de São Paulo.

Ventura Ramirez era considerado um dos melhores violões de 7 cordas pela crítica musical do Brasil, com uma agilidade e domínio das cordas pouco vistas até os dias de hoje. Além de violonista e cantor, Ventura Ramirez era compositor e arranjador, tendo já várias músicas gravadas ao longo da discografia dos Demônios da Garoa e de outros artistas de renome no cenário nacional, como Waldick Soriano.


Em sua carreira solo, Ventura Ramirez já gravou diversos discos, sendo o mais recente deles o CD "Tributo a Nelson Gonçalves", pela gravadora ZAN. Nelson Gonçalves foi seu amigo e companheiro musical, sendo, fora dos Demônios da Garoa, o cantor de cujas gravações mais participou. Seu timbre forte lembra bastante a voz do grande Nelson Gonçalves em seus momentos de mais forte vigor vocal.

Ainda nos tempos dos LPs, Ventura Ramirez tem registrados 3 discos, sendo dois cantando e um instrumental com o violão de 7 cordas. Recentemente, Ventura Ramirez gravou também com artistas atuais do cenário musical brasileiro, como os consagrados Ivan Lins e Guilherme Arantes.

Como fiel representante da música tradicional brasileira, de um tempo áureo em que os artistas tinham necessariamente que ter talento e técnica, em seus shows, Ventura Ramirez passeia pelo repertório da seresta e dos grandes cantores de rádio, como Nelson GonçalvesOrlando Silva e Silvio Caldas, além de, com o seu violão de 7 cordas, representar os maiores clássicos do choro e, é claro, do bom samba, tudo no melhor estilo de um dos mais importantes violonistas da história da Música Popular Brasileira.

Morte

Ventura Ramirez morreu em sua casa em São Paulo, aos 77 anos, na madrugada de segunda-feira, 06/06/2016. Um médico ainda vai avaliar qual a causa da morte súbita.

Fonte: Wikipédia

Severino Filho

SEVERINO DE ARAÚJO SILVA FILHO
(88 anos)
Cantor, Instrumentista, Produtor e Arranjador

☼ Belém, PA (1928)
┼ Rio de Janeiro, RJ (01/03/2016)

Severino de Araújo Silva Filho foi um cantor, instrumentista, produtor e arranjador brasileiro. Era irmão de Ismael Neto, criador do grupo Os Cariocas, e de Hortênsia da Silva Araújo, que também participou do grupo. Era pai da atriz Lúcia Veríssimo. Estudou com Hans Joachim Koellreutter.

Ao lado do irmão Ismael Neto, formou, a partir de 1942, o grupo vocal Os Cariocas.

A partir de 1956, com a morte do irmão, assumiu a liderança do grupo, sendo responsável pelas harmonizações vocais. No período de 21 anos em que o grupo suspendeu suas atividades, continuou sua carreira individual, atuando como produtor e arranjador. 

Em 1987, com a volta do conjunto ao cenário artístico, assumiu novamente a liderança do grupo, que se encontra atualmente em plena atividade.

Os Cariocas

Os Cariocas, conjunto vocal formado no Rio de Janeiro em 1942, atuou ininterruptamente até 1967, alcançando maior popularidade nos períodos de 1948 a 1955 e de 1961 a 1967.

Organizado pelos irmãos Ismael de Araújo Silva Neto e Severino de Araújo Silva Filho do bairro carioca da Tijuca. O grupo atuou como quinteto até 1961, contando inicialmente com Ari Mesquita, Salvador e Tarqüínio, amigos e moradores do mesmo bairro. Começou apresentando-se no Instituto Lafayette, colégio onde o pai dos paraenses trabalhava como professor.

Nessa época, Ismael Neto iniciou-se no violão, enquanto Severino Filho tomou aulas de teoria musical com Hans Joachim Koellreutter

Em 1945, com Valdir Prado Viviani, pianista e solista de gaita, substituindo Ari Mesquita, que adoecera, o grupo se inscreveu no "Papel Carbono", programa de calouros de Renato Murce na Rádio Clube.

Estrearam cantando o Fox "If You Please", obtendo o terceiro lugar, o que os animou a tentar nova apresentação, desta vez alcançando o primeiro lugar com a interpretação de "Rum And Coca-Cola".

Quando Renato Murce decidiu reunir o programa todos os vencedores das diversas disputas, o conjunto liderado por Ismael Neto foi o campeão absoluto.

Decidiram então profissionalizar-se e, por intermédio de um amigo da família, Ismael Neto conseguiu uma apresentação para o maestro Radamés Gnattali, na época diretor artístico da Rádio Nacional.

Este gravou um acetato com o grupo e mostrou-o a Haroldo Barbosa, chefe da discoteca da emissora, que contratou o conjunto, na base de cachê, para atuar no programa "Um Milhão de Melodias".


Em princípios de 1946, intitulando-se Os Cariocas, iniciaram carreira como artistas exclusivos da Rádio Nacional, onde permaneceram por mais de 20 anos. Ainda em 1946 Tarqüínio e Salvador deixaram o grupo, e foi com a seguinte formação que Os Cariocas atravessaram sua primeira fase de maior popularidade: Emanuel Barbosa Furtado (Badeco), primeira voz; Severino Filho, segunda voz; Ismael Neto, terceira voz e autor das vocalizações; Jorge Quartarone (Quartera), quarta voz; Valdir, quinta voz e solos, inclusive assobiados.

Em fins de 1947 João de Barro, diretor artístico da Continental e versionista de vários filmes do norte-americano Walt Disney, chamou o conjunto para realizar a dublagem do desenho animado "Ferdinando".

Convidados em seguida a gravar na Continental, lançaram, no início de 1948, "Nova Ilusão" (Luís Bittencourt e José Meneses) e "Adeus, América" (Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques), que marcaram, ambos, o primeiro grande sucesso do grupo.

Entre outros discos seus lançados na Continental destacaram-se a marcha junina "Eu Também Sou Batista" (Wilson Batista e José Batista) e o baião "Juazeiro" (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira).

Atuando também como compositor, Ismael Neto fez "Marca na Parede", um dos grandes sucessos lançados por Os Cariocas na gravadora Sinter, onde passaram a gravar a partir de 1950.

Em 1953 Ismael Neto passou a compor com Antônio Maria, e a dupla tornou-se responsável por alguns dos grandes sucessos de meados da década de 1950, como "Canção da Volta", lançada por Dolores Duran em 1954, e "Valsa de Uma Cidade", gravada por Os Cariocas.

Novamente na Continental em 1954, no ano anterior haviam passado para a RCA Victor, em dezembro o grupo participou da gravação da "Sinfonia do Rio de Janeiro", um LP de dez polegadas com músicas de Tom Jobim e Billy Blanco.

Lúcia Veríssimo e Severino Filho
Em fins de 1955 Severino Filho assumiu a liderança do conjunto, quando Ismael Neto adoeceu, falecendo no ano seguinte, 1956), sendo substituído por sua irmã, Hortênsia da Silva Araújo.

Em 1956 o grupo apresentou-se na Argentina, México, Porto Rico e Estados Unidos.

Na fase da Bossa-Nova, na década de 1960, atuaram intensamente, incluindo novas composições em seu repertório e influenciando outros conjuntos vocais que surgiam, com seu estilo de interpretação.

Em 1961 o grupo sofreu suas derradeiras alterações, com a saída de Hortênsia e Valdir, este substituído por Luís Roberto Gomes. Transformados em quarteto, gravaram dois LPs na Mocambo, em 1962, e passaram depois para a Philips, onde gravaram suas mais representativas interpretações dessa segunda fase, em vários LPs, até 1967, quando o grupo se dissolveu.

Após 1967, Severino Filho continuou trabalhando como arranjador de orquestras de estúdio.

Em 1988, o grupo voltou a se apresentar e seus integrantes sofreram com a perda do contrabaixista Luís Roberto Gomes, que morreu vítima de infarto durante uma apresentação no Jazzmania, no Rio de Janeiro, em 20/10/1988.

Em novembro de 1997, comemoraram 50 anos de carreira com show no Mistura Fina, e lançaram novo disco, o CD "A Bossa Brasileira", pelo selo Albatroz, com a seguinte formação: Severino Filho (piano), Jorge Quartera (bateria), os dois que restaram da formação original, e os recém-chegados Nil Teixeira (violão) e Eloi Vicente (baixo).

 Morte

Severino de Araújo Silva Filho morreu na manhã de terça-feira, 01/03/2016, aos 88 anos, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória. Ele estava internado no Hospital Quinta d'Or, no Rio de Janeiro, desde o dia 18/01/2016 devido a uma trombose pulmonar.

Severino Filho foi internado no final do ano passado no Hospital São Luiz, em São Paulo, antes de ser transferido para o Rio de Janeiro. Desde então, seu quadro de saúde piorou e, no dia 29/01/2016, teve de amputar a perna direita. Apesar da gravidade do quadro, ele estava lúcido durante todo o tempo em que esteve hospitalizado.

Discografia

  • 2001 - Os Clássicos Cariocas (Ouver Records, CD)
  • 1997 - Amigos do Rei-Tim Maia e Os Cariocas (Vitória Régia, CD)
  • 1997 - A Bossa Brasileira (Paradoxx Music, CD)
  • 1992 - Reconquistar (Warner Music, LP)
  • 1990 - Minha Namorada (Som Livre , LP)
  • 1966 - Arte & Vozes (Philips, LP)
  • 1966 - Passaporte (Philips, LP)
  • 1965 - Os Cariocas de Quatrocentas Bossas (Philips, LP)
  • 1964 - A Grande Bossa dos Cariocas (Philips, LP)
  • 1963 - Mais Bossa Com Os Cariocas (Philips, LP)
  • 1962 - A Bossa dos Cariocas (Philips, LP)
  • 1957 - Os Cariocas a Ismael Netto (Columbia, LP)

Indicação: Miguel Sampaio

Casé

JOSÉ FERREIRA GODINHO FILHO
(46 anos)
Saxofonista, Clarinetista, Arranjador e Compositor

☼ Guaxupé, MG (03/08/1932)
┼ São Paulo, SP (30/11/1978)

José Ferreira Godinho Filho, conhecido por Casé, foi um saxofonista, clarinetista, arranjador e compositor.

Numa família de oito filhos, quase todos os irmãos tocavam algum instrumento: trombone, banjo, bateria, percussão, trompete e saxofone. Casé se interessou por trombone, mas o pai o convenceu a estudar saxofone. Passou a ter aulas com o irmão mais velho, Clóvis, que tocava saxofone e clarinete.

Aos 7 anos, Casé levava uma vida itinerante com a família, que montou o Circo Teatro Irmãos Martins.

Na década de 1940, morando em São Paulo, teve o maior aprendizado musical assistindo às apresentações do irmão Clóvis em bailes e boates com variados conjuntos e orquestras. Posteriormente, teve aulas com o clarinetista Antenor Driussi e estudou harmonia com Hans-Joachim Koellreuter.

Em 1949, ele, com 17 anos, e o irmão são destaques na Orquestra da Rádio Tupi.

Casé fez sua primeira viagem internacional em 1953. Embarcou para Bagdá, ao lado do pianista e acordeonista belga, radicado em São Paulo, Rudy Wharton, da cantora Sonia Batista e do baixista Johnny.  Depois o grupo passou por Londres e Bruxelas. Gravou um disco em 78 rpm, com as músicas "Feitiço da Vila" (Noel Rosa e Vadico) e "At Last" (Mack Gordon e Harry Warren).

Retornou ao Brasil em 1954 e conviveu, em São Paulo, com o instrumentista João Donato e o trombonista Edson Maciel.

Em 1955, mudou-se para Assis, em São Paulo, e tocou na orquestra local.

Em 1956, voltou para São Paulo e participou, no Teatro Cultura Artística, de um show que resultou no primeiro LP de 12 polegadas feito no país: "Jazz After Midnight", reeditado em 1978 com o título "Dick Farney Plays Gershwin". Em agosto desse ano, no mesmo local, tomou parte da gravação dos discos "Jazz Festival nº 1", com as faixas "Pennies From Heaven", "Blues" e "Out Of Nowhere" - e "História do Jazz em São Paulo".

Tocou na orquestra de Sylvio Mazzuca de 1957 a 1961.

Participou de discos de Walter Wanderley, Dick Farney, Claudete Soares, além de se apresentar com a cantora no programa "O Fino da Bossa". Com o conjunto Brazilian Octopus, se apresentou no show "Momento 68", com Raul Cortez, Walmor Chagas, Gilberto Gil, Caetano Veloso, texto de Millôr Fernandes e direção musical de Rogério Duprat.

Fez os arranjos e gravou algumas faixas do disco "A Onda é Boogaloo", do cantor Eduardo Araújo, em 1969.

A partir de 1970, fez diversos jingles e trilhas para filmes publicitários.

Em 1974, compôs a trilha do filme "A Virgem de Saint Tropez", de Beto Ruschel e Hareton Salvanini.

Na década de 1970, afastou-se da gravação de discos, recusando convites de orquestras e artistas renomados.

Comentário Crítico

Existem poucos registros fonográficos deixados por Casé. Hoje em dia, discos que contêm gravações suas são encontrados com dificuldade em sebos e vendidos como raridades.

Temperamental, recusava propostas de shows e cachês, mantendo-se no anonimato até o fim da vida. Exigente e perfeccionista, dispensava convites para integrar orquestras renomadas no Rio de Janeiro - local de grande efervescência musical e com mais oferta de trabalho nos anos 1960 -, mantendo uma rotina nômade pelas boates de São Paulo e em pequenas excursões pelo interior do estado.

Capaz de fazer primeiras leituras de partituras complexas, acrescentando novidades e reparando erros em relação ao original, arranjando as composições de outros autores no primeiro contato, Casé é influência para vários instrumentistas brasileiros. Considerado um dos saxofonistas mais importantes da história do Brasil, ao lado de Severino Araújo e Moacir Santos, ele se tornou referência para saxofonistas e clarinetistas como Paulo Moura e Nailor Azevedo, o Proveta, da Banda Mantiqueira.

Ele também inspirou outros instrumentistas conceituados, como João Donato, Amilton Godoy, Rubinho Barsotti e Raul de Souza.

Na biografia "Casé - Como Toca Esse Rapaz", de Fernando Licht Barros, sua habilidade é definida em trecho que cita reportagem de Zuza Homem de Mello, na época da morte do saxofonista, dimensionando as qualidades do músico:

"Era um extraordinário leitor de partituras à primeira vista. Conta-se que muitas vezes transportava a parte do sax tenor para a do sax alto na primeira leitura. Casé tinha um sopro suave, como a sua maneira de falar. [...] Mesmo os estrangeiros que o conheceram ficaram admirados de suas qualidades. [...] Era capaz de deixar, num pobre cabaré do interior, sons inesquecíveis, dignos das maiores salas de concerto."


Entre os poucos registros fonográficos de Casé merecem destaque os realizados com a orquestra de Silvio Mazzuca. Em 1958, suas principais gravações estão nos LPs "Baile de Aniversário", com a orquestra do maestro, e "Coffee And Jazz" (Columbia), com o Brazilian Jazz Quartet, editado pelo selo Gravações Tupi Associados (GTA), em 1979, com o título "Casé In Memorian", em que o saxofonista participou de um quarteto ao lado do pianista Moacyr Peixoto, do baixista Luiz Chaves e do baterista Rubinho Barsotti, tocando standards norte-americanos. Além disso, ao lado do baixista Major Holley, do baterista Jimmy Campbell e de Moacyr Peixoto, Casé impressionou com a limpidez de suas notas e com fraseados originais e velozes em "The Good Neighboors Jazz", lançado pela Columbia, em 1958, resultado de jam sessions na boate Michel.

Em 1960, o selo colombiano Hi-Fi Variety lançou o LP "Samba Irresistível", divulgado no Brasil pelo selo Beverly, com Casé e seu conjunto - um dos pouquíssimos trabalhos em que o instrumentista tem o nome assinado na capa de um álbum. No grupo, artistas como Heraldo do Monte, na guitarra, e Paulinho Preto, no piano. No repertório, "Saudade da Bahia" (Dorival Caymmi), "Esse Teu Olhar" (Tom Jobim), "Palpite Infeliz" (Noel Rosa), além de "Ensaio de Bossa", de autoria do próprio Casé.

Mesmo tendo recebido os melhores ensinamentos teóricos na juventude, Casé nunca deixou de estudar, aprimorando sua técnica e leitura. A evolução de sua concepção de arranjo e do domínio interpretativo pode ser observada com clareza no disco "A Onda é Boogaloo", de Eduardo Araújo, de 1970. O LP, com repertório de versões Tim Maia, Eduardo Araújo e Chil Deberto para canções de Ray Charles, "Come Back Baby", James Brown, "Cold Sweet", além de composições de Tim Maia, como "Você", é o embrião do primeiro disco lançado pelo cantor no ano seguinte.

Outras gravações que demonstram a versatilidade de Casé no saxofone - não apenas interpretativa, mas também de escolha de repertório - são "Copacabana" (João de Barro e Alberto Ribeiro), no disco "The Good Neighbors Jazz", de 1958, "Feitio de Oração" (Noel Rosa e Vadico) e "Ensaio de Bossa", tema que evidencia também a capacidade de composição de Casé, no disco "Samba Irresistível", de 1960, "Don't Get Around Much Anymore" (Duke Ellington e Bob Russell), do álbum "Coffee & Jazz", de 1958, e "Summertime" (George Gershwin e Ira Gershwin), em "Meu Baile Inesquecível", de 1963, com Casé e seu conjunto, mostrando toda a familiaridade e o apreço do instrumentista pelo jazz e pela música norte-americana.

Seu último trabalho foi com Oswaldo Sargentelli, no show "Oba-Oba".

Casé morreu no dia 01/121978, num quarto de um hotel situado na chamada Boca do Lixo, no Centro de São Paulo. As causas da morte nunca foram esclarecidas.