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Jofran Frejat

JOFRAN FREJAT
(83 anos)
Médico e Político

☼ Floriano, PI (19/05/1937)
┼ Brasília, DF (23/11/2020)

Jofran Frejat foi um médico e político, nascido em Floriano, PI, no dia 19/05/1937. Foi filiado ao Partido Liberal (PL) e deputado federal pelo Distrito Federal por cinco mandatos.

Filho de João Frejat e Adélia Frejat, casado com Denise Nunes Martins Frejat, era formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1962, mesmo ano que se mudou para Brasília onde trabalhou no Hospital Regional da Asa Sul.

Pós-graduado pela Universidade de Londres em 1972, foi titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Mastologia e do Colégio Internacional de Cirurgiões. Diretor do Instituto Médico Legal do Distrito Federal, entre 1973 e 1979, nos governos Hélio Prates da Silveira e Elmo Serejo Farias.

Jofran Frejat foi Secretário de Saúde no governo Aimé Lamaison e posteriormente secretário-geral do Ministério da Previdência Social além de ocupar uma cadeira no conselho diretor da Fundação Hospitalar do Distrito Federal.


Jofran Frejat 
foi eleito deputado federal pelo Partido da Frente Liberal (PFL) do Distrito Federal em 1986 e participou da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição de 1988. Reeleito em 1990, afastou-se para ocupar a Secretaria de Saúde no segundo governo Joaquim Roriz.

Filiado ao Partido Progressista (PP), foi reeleito em 1994, ingressou no Partido Progressista Brasileiro (PPB), votou contra a Emenda da Reeleição e conquistou um novo mandato em 1998, afastando-se para retornar para a Secretaria de Saúde no terceiro governo Joaquim Roriz.

Disputou uma cadeira no Senado Federal em 2002 ingressou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e foi reeleito deputado federal em 2006.

Em 2014 candidatou-se ao governo do Distrito Federal obtendo 27,72% dos votos, o que o fez disputar o segundo turno, vencido pelo senador Rodrigo Rollemberg. Quatro anos depois iniciou novamente um processo de pré-candidatura ao governo do Distrito Federal pelo Partido da República (PR), mas desistiu de concorrer ao cargo.

Jofran Frejat é irmão do também político José Frejat e tio do cantor e compositor Roberto Frejat, parceiro de Cazuza e fundador do Barão Vermelho.

Morte

Jofran Frejat faleceu, no começo da noite de segunda-feira, 23/11/2020, aos 83 anos, em Brasília, DF. Ele foi diagnosticado com um câncer de pulmão, em setembro de 2020.

Jofran Frejat estava na UTI do Hospital Santa Lúcia, no Setor Hospitalar Sul, em Brasília, DF, onde ficou cerca de 20 dias internado.

Jofran Frejat tinha quatro filhos, uma delas, Graziela Frejat, disse que o pai "não respondeu bem à quimioterapia". A doença progrediu em apenas dois meses.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #JofranFrejat

Farah Jorge Farah

FARAH JORGE FARAH
(68 anos)
Médico

☼ São Paulo, SP (11/03/1949)
┼ São Paulo, SP (22/09/2017)

Farah Jorge Farah foi um ex-cirurgião plástico, nascido em São Paulo, SP, formalmente acusado e condenado em primeira instância por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e não dar chance de defesa à vítima) e ocultação e destruição de cadáver.

O crime, cometido no dia 24/01/2003, com requintes de crueldade, foi praticado contra sua paciente Maria do Carmo Alves, na época com 46 anos. A fim de dificultar a identificação do cadáver, Farah removeu cirurgicamente as peles faciais, das mãos e pés da vítima, guardando os restos mortais em sacos plásticos no porta-malas de seu veículo. Após o crime, Farah chamou a polícia, dizendo-se arrependido. Seu exame psicológico realizado através do Teste de Rorschach o considerou como um não psicopata e a psiquiatra, com Ph.D., que realizou o teste o classificou como uma pessoa boa e calma.

Por 4 votos a 1, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) havia concedido no dia 29/05/2007 um Habeas Corpus (HC 89238) para libertá-lo e aguardava a decisão final da justiça em liberdade. Farah havia ingressado como aluno da Universidade de São Paulo e Universidade Paulista.

Caso Farah Jorge Farah

Era noite de 24/01/2003, quando Maria do Carmo Alves, 46 anos, foi ao consultório do cirurgião plástico Farah Jorge Farah, na época com 53 anos, em Santana, Zona Norte de São Paulo. Ali, ela foi assassinada pelo médico, que conhecera em 1980 e com quem tivera um relacionamento extraconjugal. O corpo da dona de casa foi encontrado pela polícia dois dias depois, dividido em nove pedaços, guardados em cinco sacos de lixo depositados no porta-malas do carro de Farah, que declarou não se lembrar do que havia acontecido naquela noite.

De acordo com análises de peritos, Maria do Carmo pode ter sido esfaqueada no pescoço e depois arrastada para a sala de cirurgia da clínica. Farah voltou para casa, que ficava a poucos quarteirões, guardou o carro e depois de quatro horas retornou à clínica, onde permaneceu durante a madrugada, esquartejando a vítima.

Com o uso de instrumentos cirúrgicos, o corpo de Maria do Carmo foi dissecado e a pele de parte do rosto, do tórax e das pontas dos dedos das mãos e dos pés foi retirada. Os pedaços do corpo foram depositados numa banheira e cobertos com formol e água sanitária, evitando a decomposição, disfarçando o odor e ajudando a retirar o sangue dos membros e reduzir o peso da vítima, de 66 quilos para 30. Todo o processo teria levado cerca de dez horas.

Na madrugada do crime, o marido de Maria do Carmo, João Augusto Lima, foi até a delegacia para registrar um boletim pelo desaparecimento da esposa. No dia seguinte, sabendo da amizade entre o médico e a esposa e que ela iria procurá-lo para falar sobre uma lipoaspiração que desejava fazer, foi até a clínica, por volta das 11h00. Quando foi atendido por Farah, notou que o médico exalava um forte cheiro de água sanitária. O cirurgião anotou o número de seu celular num papel e disse que João poderia ligar caso precisasse.

Ao meio-dia, Farah ligou para os pais e pediu carona para voltar para casa. No consultório, a mãe do médico o viu em uma crise de choro não explicada. Quando o pai de Farah chegou ao local, o cirurgião foi com a mãe até o carro e pediu para que ambos aguardassem enquanto buscava os cinco sacos com material de trabalho, que foram colocados no porta-malas do veículo do pai. Farah passou a tarde toda com os pais e retornou ao final do dia para seu apartamento, quando transferiu os sacos para o próprio carro.

Na tarde do domingo, Farah se internou na clínica psiquiátrica Granja Julieta, na Zona Sul de São Paulo. A sobrinha foi visitá-lo e ele confessou o crime, entregando as chaves do carro para que ela pudesse encontrar o corpo. Tânia Maria Homsi foi até o prédio do tio, mas quando sentiu o cheiro que saía do porta-malas do carro, decidiu procurar o 13º Distrito Policial da capital paulista. Os policiais encontraram os sacos com os pedaços do corpo, sem as mãos e as vísceras da vítima, que poderiam apontar o uso de algum sedativo.

Farah Jorge Farah na carceragem do 13º Distrito Policial, após confessar o assassinato da amante.
Prisão e Habeas Corpus

A prisão preventiva do médico foi decretada pela Justiça a pedido da Promotoria em 28/01/2003. Na mesma data, Farah foi levado ao 13º Distrito Policial e interrogado pelo delegado Ítalo Miranda Júnior e pelo promotor Orides Boiati. Ali ele relatou que Maria do Carmo, inconformada com o fim do relacionamento, ligava constantemente fazendo ameaças e que ele já teria registrado Boletim de Ocorrência denunciando a perseguição que sofria. Na noite do crime, Farah afirmou que lembra que Maria do Carmo apareceu no consultório com uma faca e que, depois disso, havia perdido a consciência e recuperado os sentidos somente no domingo à tarde.

Em 2006, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) suspendeu o exercício profissional do cirurgião plástico.

Farah Jorge Farah permaneceu preso na carceragem do 13º Distrito Policial durante 4 anos e quatro meses, até que em 29/05/2007 a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) lhe concedeu um habeas corpus, em ação cujo relator foi o ministro Gilmar Mendes. No ano anterior, o ex-cirurgião havia conseguido um habeas corpus para não responder pelo crime de fraude processual.

Julgamento e Anulação

Farah Jorge Farah foi levado a júri em 15/04/2008, pelos crimes de homicídio duplamente qualificado - por motivo torpe e emprego de meio que impossibilitou a defesa da vítima - e ocultação de cadáver. Os advogados do médico solicitaram que Farah fosse considerado semi-imputável (Capaz de entender o crime, mas sem condições de se controlar) e defenderam a tese de homicídio privilegiado, alegando que ele era perseguido por Maria do Carmo. De acordo com relatórios de companhias de telefonia, em março de 2002 foram 3.708 ligações.

Já a promotoria buscou apresentar provas sobre o perfil criminoso de Farah. Dentre as testemunhas, foram ouvidas quatro mulheres que alegaram terem sido molestadas na clínica.

O julgamento durou três dias e Farah Jorge Farah foi condenado à pena mínima nos dois crimes: 12 anos de prisão pelo homicídio, mais um ano e multa de meio salário mínimo por ocultação de cadáver. Como havia sido beneficiado pelo habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) e por entender que o ex-cirurgião não oferecia riscos, o juiz Rogério de Toledo Pierri decidiu que o médico poderia recorrer da sentença em liberdade.

Além de a lei permitir claramente que se recorra em liberdade de uma condenação criminal, pesou a favor do médico uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o livrou da cadeia por entender que, em liberdade, ele não oferecia riscos para o andamento da ação penal.

Em 30/01/2013, a 2ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, por 2 votos a 1, determinou a anulação do julgamento, acolhendo o argumento da defesa de que o conselho de sentença havia ignorado o laudo oficial sobre Farah Jorge Farah, segundo o qual o réu estaria semi-imputável no momento do crime.

No dia 12/11/2013, a mesma Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decretaria extinta a punibilidade pela acusação de ocultação de cadáver, cuja pena varia de 1 a 3 anos de reclusão, pois o prazo de prescrição para o crime é de 8 anos e o julgamento de 2008 havia sido anulado.

Farah Jorge Farah no último julgamento, em 2014, no Fórum da Barra Funda, em São Paulo.
Novo Julgamento e Condenação

O novo julgamento de Farah Jorge Farah foi adiado por 5 vezes. Já com 64 anos, o ex-médico foi levado ao banco dos réus em 12/04/2014, no Fórum Criminal da Barra Funda. Foram ouvidas 16 testemunhas, 8 de acusação e 8 de defesa, além do próprio Farah, que manteve a alegação de legítima defesa. Após 4 dias de julgamento, o ex-médico foi condenado a 16 anos de prisão por homicídio e  esquartejamento.

A acusação defendeu a tese de crime premeditado, alegando que Farah teria atraído a vítima até a clínica dizendo que lhe faria uma lipoaspiração. A Promotoria também relembrou detalhes do crime, que Farah havia cortado o corpo da vítima e escondido os pedaços em sacos plásticos no porta-malas do carro.

Entre as testemunhas, estavam dois médicos que participaram da avaliação psiquiátrica de Farah. O psiquiatra Itiro Shirakawa, vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, deu um parecer sobre o estado mental do ex-cirurgião após o crime, em que afirma haver constatado que ele não era psicopata e que não sofria de epilepsia, ao contrário do que alegava a defesa. Sobre o "Estado Crepuscular" (um distúrbio neurológico que ocorre quando uma pessoa que sofre de constantes convulsões fica sem noção do que está fazendo), Itiro Shirakawa afirmou que o estado dura no máximo 30 minutos e que Farah pode ter matado nessa condição, mas todas as outras ações, como esquartejar e colocar os pedaços em uma sacola, não teriam sido cometidas em "Estado Crepuscular".

O médico Mauro Gomes Aranha da Lima afirmou que o réu apresenta conduta "Histriônica", que é uma tendência a representar um determinado sentimento ou um valor, de forma desproporcional, teatralizada, com toque de dramaticidade. Trata-se de um problema comportamental.

A acusação também recorreu ao depoimento de uma ex-paciente, Maria das Graças, que acusou Farah de ter abusado dela durante uma cirurgia estética nos seios e errado no procedimento, causando-lhe uma necrose.

A defesa de Farah tentou convencer os jurados da perseguição sofrida pelo ex-médico, que o teria deixado fora de si, e levantou novamente a tese de legítima defesa.

Porém, os jurados entenderam que Farah Jorge Farah tinha compreensão dos atos quando matou e esquartejou a vítima. O júri também aceitou a tese da Promotoria de que o crime foi premeditado e que ocorreu por motivo torpe e modo que impossibilitou a defesa da vítima, qualificadoras que acrescentaram 4 anos de prisão à sentença.

O promotor disse que Farah deverá ficar solto até o trânsito em julgado do processo, o que não tem prazo para acontecer. Por ter permanecido preso por 4 anos e 4 meses, se a pena for mantida, o ex-cirurgião poderia voltar à prisão e cumprir cerca de 1 ano de regime fechado.

Morte

Farah Jorge Farah, de 68 anos, foi encontrado morto em sua casa, na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, na sexta-feira, 22/09/2017. Condenado a 14 anos e 8 meses de cadeia por matar e esquartejar uma paciente em 2003, ele deveria ser levado de volta à prisão após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar, na quinta-feira, 21/09/2017, a imediata execução provisória de sua pena.

Segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, um chaveiro foi chamado para abrir a porta de Farah Jorge Farah quando a ordem de prisão chegou. Ao entrarem, os policiais encontraram Farah deitado na cama, com um corte profundo na perna. Uma equipe médica tentou socorrê-lo, mas ele já havia morrido.

O delegado acredita que Farah usou um bisturi para se matar. Segundo o policial, ele criou um ritual para morrer:
"Ele colocou uma música sinistra, uma música de terror, coisa estranha, fúnebre. Ele se vestiu com roupas de mulheres, colocou seio, colocou essas coisas, e atentou contra a própria vida!"
Segundo Osvaldo Nico Gonçalves, Farah injetou silicone no peito e nas nádegas. "O legista disse que ele se injetou silicone. Isso foi recentemente, mas não sei quando!", disse o delegado. O corpo de Farah Jorge Farah foi levado ao Instituto Médico-Legal central.

Fonte: Wikipédia, G1 e Portal Compromisso e Atitude Pela Lei Maria da Penha 
#FamososQuePartiram #FarahJorgeFarah

Eduardo Chapot-Prévost

EDUARDO CHAPOT-PRÉVOST
(43 anos)
Médico, Cientista e Professor

☼ Cantagalo, RJ (25/07/1864)
┼ Rio de Janeiro, RJ (19/10/1907)

Eduardo Chapot-Prévost foi um médico-cirurgião, cientista e professor brasileiro nascido em Cantagalo, RJ, no dia 25/07/1864. Ele foi uma das mais ilustres e notórias personalidades da medicina brasileira, cujo nome tornou-se mundialmente famoso pela marcante e bem sucedida operação que realizou, no final do século XIX, separando as irmãs siamesas Maria e Rosalina.

Filho de Louis Chapot-Prévost, cirurgião dentista, de nacionalidade francesa, e de Louisa Lend Chapot-Prévost, de nacionalidade belga, professora de línguas. Cursou os preparatórios no Colégio Pedro II.

Vocacionado aos estudos médicos, Eduardo Chapot-Prévost matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Colou grau em 1885, defendendo a tese sobre "Formas Clínicas do Puerperismo Infeccioso e seu Tratamento", na Bahia.

No magistério, foi Professor Adjunto de Anatomia, em 1886, e de Histologia, em 1888, tendo logrado conquistar a cátedra de Histologia em 1890, com uma tese sob o título "Pesquisas Histológicas Sobre a Inervação das Vias Biliares Extra-Hepáticas".

Eduardo Chapot-Prévost participou de diversas comissões, entre elas a que foi a Berlim estudar o processo proposto do Doutor Robert Koch para a cura da tuberculose, em 1890, a que foi identificar uma suposta epidemia de cólera no Vale do Paraíba, em 1894, e outra, presidida por Domingos Freire, para debelar a febre amarela, em 1899. Ainda em 1899, chefiou a comissão da Diretoria Geral de Saúde Pública que foi a Santos investigar e combater um surto de peste bubônica, da qual fez parte Oswaldo Cruz. Dessa empreitada nasceriam o Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, e o Instituto Soroterápico do Estado de São Paulo.

Eduardo Chapot-Prévost integrou a comissão que foi a Berlim estudar o processo do Drº Robert Koch para cura da tuberculose, e a que reuniu no Rio de Janeiro, sob a presidência do professor Domingos Freire, para debelação da febre amarela. Foi patrono e membro titular da cadeira nº 81 da Academia Nacional de Medicina. É, também, o Patrono da Cadeira 60 da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro.

Notoriedade Mundial

Em 30/05/1900, o Drº Eduardo Chapot-Prévost realizou, pela primeira vez, na história da medicina, uma intervenção operatória que constituiu um marco na evolução da cirurgia mundial: A separação das meninas toracoxifópagas, Maria e Rosalina, de 7 anos de idade, cuja cirurgia durou apenas 90 minutos.

Drº Eduardo Chapot-Prévost, após realizar os mais minuciosos estudos sobre a operabilidade desse caso de toracoxifopagia, esgotando os métodos de investigação e exame possíveis, para a época, criou processos originais para as várias fases da inovadora cirurgia.

Drº Eduardo Chapot-Prévost e a esposa ao lado de Rosalina
Vida e Família

Eduardo Chapot-Prévost casou-se com Laura Caminhoá, filha do Comendador da Ordem da Rosa, Joaquim Monteiro Caminhoá, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e professor de Botânica e Zoologia, e de sua esposa, Delmira Monteiro Caminhoá.

Da união, nasceu um único filho, falecido em tenra idade.

Após longa enfermidade, Eduardo Chapot-Prévost faleceu em 19/10/1907, aos 43 anos de idade.

Maria e Rosalina

As irmãs Maria e Rosalina, ligadas pelo fígado, nasceram em 21/04/1893, em Cachoeiro do Itapemirim, ES, filhas de João Antônio Davel e Rosalina Pinheiro Davel. Entretanto, os poucos recursos da medicina do final do século XIX não permitiram aos médicos descobrir como e, por onde, elas estavam unidas.

O tempo foi passando e até que, quando tinham 5 anos de idade, os pais foram convencidos de que só no Rio de Janeiro seria possível resolver o caso. Poucos dias depois, rumaram para o Rio de Janeiro, onde o Drº Pinheiro Júnior apresentou os pais das irmãs toracoxifópagas ao Drº Álvaro Ramos, que decidiu realizar a operação.

Durante um ano, estiveram as crianças aos cuidados desse médico, em observação. A primeira tentativa de operação fracassou quando o Drº Álvaro Ramos descobriu que as meninas não estavam ligadas apenas por músculos ou cartilagem, como inicialmente se pensara.

Diante desse resultado frustrado, o Drº Pinheiro Júnior decidiu consultar o Drº Eduardo Chapot-Prévost sobre o caso. Ficou surpreso com a resposta do cientista que declarou estar disposto a assumir a responsabilidade da intervenção. Entretanto, como, na época, nem radiografias existiam, o decidido médico Eduardo Chapot-Prévost foi obrigado a mais de um ano de pesquisas.

Aplicando remédios para uma das irmãs a fim de verificar se a outra sentia os efeitos, foi que ele chegou à conclusão de que o órgão que ligava as duas era o fígado. Foram necessários vários meses de experiências para descobrir se elas possuíam um único fígado ou não.


Para preparar a operação, o Drº Eduardo Chapot-Prévost foi obrigado a esculpir em gesso, em tamanho natural, o modelo das duas crianças e a desenhar uma mesa de operação especial, que se dividia em duas, para permitir que ele, depois de separadas as toracoxifópagas, atendesse a uma delas, enquanto os assistentes concluíam a operação da outra. Inclusive, um aparelho especial para a sutura do fígado foi desenhado e construído pelo médico.

A Equipe Médica chefiada pelo Drº Eduardo Chapot-Prévost, na Operação de Toracoxifopagia, era composta por 13 médicos assistentes: Drº Paulino Werneck, Drº Pinheiro Junior, Drº Azevedo Monteiro, Drº Ernani Pinto, Drº Figueiredo Rodrigues, Drº João Gonçalves Lopes, Drº Amaro Campello, Drº Jonathas Campello, Drº José Chapot-Prévost, Drº Silvio Muniz, Drª Paula Rodrigues, Drº Dias de Barros e Drº Chardinal d’Arpenans.

Em 1900, o Drº Eduardo Chapot-Prévost usou, pela primeira vez no mundo, as máscaras de gaze, só dezenas de anos depois generalizadas pelos cirurgiões de todos os continentes, em seus atos operatórios. Para a hemostasia (interrupção fisiológica de uma hemorragia) do fígado, separado em larga ponte de conexão entre Maria e Rosalina, o Drº Eduardo Chapot-Prévost utilizou método e aparelhos originais, aceitos na técnica cirúrgica, após a publicação do seu trabalho: "Chirurgie dês Thoracopages", em Paris, no ano de 1901.

Durante o procedimento cirúrgico, a população estava acompanhando o drama de bondade e de amor que se representa na Casa de Saúde de São Sebastião.

Acabada a operação, suspensa a ação anestésica do clorofórmio, quando um silêncio trágico reinava naquela sala em que acabava de ser afirmada a glória da ciência humana, a Mariasinha, a que mais sofrera, a que mais sangue perdera, a que mais receios devia dali por diante inspirar, logo ao despertar, agitou uma das mãos no ar, e disse adeus à irmã.

A cirurgia feita por Eduardo Chapot Prévost
Um cronista na pressa de transmitir aos leitores as suas impressões pessoais, não soube compreender toda a significação desse adeus. Pareceu a essa alma apressada que havia ali, naquele gesto eloqüente da pequenina, a manifestação da primeira saudade, da primeira mágoa da separação, do primeiro desgosto do apartamento… Não era isso, não. Aquilo era um adeus aliviado e consolado, com que o galé se despede do calceta, com que o acusado se despede do banco dos réus, com que a alma da gente se despede de uma preocupação dolorosa, com que um devedor ameaçado de penhora se despede de uma dívida, com que todos os que sofrem se despedem do sofrimento.
"Como quereríeis vós que se amassem aquelas pobres almas, condenadas ao eterno convívio? Como quereríeis vós que não se repelissem aqueles dois corpos, condenados ao eterno contato?"
(Trecho apócrifo de texto encontrado junto aos documentos dos descendentes dos familiares de Eduardo Chapot-Prévost)

Infelizmente, Maria, uma das xifópagas, faleceu cinco dias e quatorze horas após a cirurgia, vitimada, conforme ficou provado pelo laudo da necropsia oficial, solicitada pelo próprio cirurgião, por uma pleuropericardite, quadro infeccioso para cuja debelação a medicina da época não dispunha de eficazes recursos.

Maria, caso tivesse acatado a dieta recomendada, também se salvaria. Muito voluntariosa, porém, e cheia de caprichos, não quis se submeter aos rigores que indicavam somente a ingestão de caldos e coisas leves. A enfermeira resolveu contrariar o conselho médico e deu-lhe um mingau de tapioca, que causou grave infecção intestinal.

A sobrevivência de Rosalina, a outra xifópaga, foi suficiente para atestar a magistral proficiência e o êxito do ato operatório, bem como para consagrar, no Brasil, e perante a ciência médica mundial, o nome de Eduardo Chapot-Prévost, cientista, mestre da medicina e imortal pioneiro deste tipo de cirurgia. Rosalina Henriques, depois de visitar toda a Europa, serviu de tema a várias conferências médicas.

Rosalina, aos 75 anos, com o marido Wantuil Henriques e os netos
Rosalina relatou, em diversos jornais da década de 1930, como ela e sua irmã Maria viveram presas, uma a outra, durante 7 anos. Havia entre elas profundas diferenças de gênio e de vontades. Maria era voluntariosa, caprichosa e, isso, causava rusgas constantes. Uma não queria satisfazer as vontades da outra e principiava a briga da qual sempre Rosalina levava a pior parte, pois, mais cordata, calma e ponderada, cedia aos caprichos da irmã. Resumindo: Rosalina gostava mais do sossego e Maria de brincadeiras mais movimentadas. Essas divergências eram constantes e manifestavam-se, inclusive, na hora de dormir. Uma queria ir para o leito e a outra não, porque não tinha sono. E como era difícil acomodarem-se no leito. A deformação no rosto da sobrevivente foi proveniente da posição a que era obrigada no leito. Maria também apresentava deformação idêntica, mas em sentido inverso porque as suas faces se encostavam, e, de tanto se tocarem, estabeleceram perfeita junção das partes em contato.

O vestido tinha que ser de feitio todo especial. Da cintura para cima, com duas blusas; para baixo, uma saia somente. Comiam, cada qual no seu prato, mas sentadas numa só cadeira.

Rosalina disse que seus pais tiveram, depois, mais 10 filhos, todos eles perfeitos, e que o seu caso foi o único fenômeno que se registrou na sua família e na de seus parentes. Rosalina contou que depois de operada, passou a morar com o Drº Eduardo Chapot-Prévost, que mais tarde se tornou seu padrinho e lhe arranjou educação gratuita num colégio de irmãs de caridade, em Botafogo. Seu grande bem feitor tratava-a como filha.

Quando o padrinho morreu, tinha Rosalina 14 anos de idade e, muito embora a família do médico não quisesse, deixou a casa e foi morar com os pais. Educada, porém, não se habituou àquela vida de privações, no interior do Espírito Santo. Assim, ela voltou para o Rio de Janeiro e, depois, passou a residir com a família de Sebastião Lacerda, na vila que hoje tem seu nome e que se chamava Commercio.

Em Sebastião Lacerda, perto de Vassouras, conheceu o homem que viria a ser seu esposo. Dos seus 6 filhos, os 2 primeiros nasceram em maternidades do Rio de Janeiro, pois, os médicos temiam qualquer complicação no parto. Os outros 4, em mãos de parteiras, naquele lugarejo fluminense.

 Rosalina viveu mais de 80 anos.

Obras
  • 1890 - Pesquisas Histológicas
  • 1892 - A Bouba e a Sífilis
  • 1900 - O Carbúnculo no Matadouro
  • 1901 - Novo Xifópago Vivo
  • 1901 - Cirurgia dos Toracópagos
  • 1902 - Xifópago Operado
  • 1905 - Teratópago Brasileiro Vivo


Voo LaMia 2933

VOO LAMIA 2933
28/11/2016


Voo 2933 da LaMia foi um voo charter, operado pela companhia com a identificação LMI2933, a serviço da Associação Chapecoense de Futebol, proveniente de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, com destino ao Aeroporto Internacional José María Córdova em Rionegro, Colômbia, que caiu próximo ao local chamado "Cerro El Gordo", "Monte O Gordo", em livre tradução, na Colômbia, às 22h15 do dia 28/11/2016 no horário local e 1h15 do dia 29/11/2016 pelo horário de Brasília.

A aeronave trazia 77 pessoas a bordo, tendo por passageiros atletas, equipe técnica e diretoria do time brasileiro da Chapecoense, jornalistas e convidados, que iriam a Medellín onde o clube disputaria a primeira partida da Final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. Entre passageiros e tripulantes, 71 pessoas morreram na queda do avião e seis foram resgatadas com vida.

Dos mortos, 20 eram jornalistas brasileiros, 9 eram dirigentes, incluindo o presidente do clube, 2 eram convidados, 14 eram da comissão técnica, incluindo o treinador e o médico da equipe, 19 eram jogadores e 7 eram tripulantes. Dos 6 ocupantes que sobreviveram, 4 eram passageiros e 2 eram tripulantes. Pelo total de vítimas, esta tragédia torna-se a maior da história com uma delegação esportiva e a maior do jornalismo brasileiro.

Aeronave

A rota foi operada em um British Aerospace 146 (Avro RJ85), registro CP-2933. Medindo 28,55m do bico à cauda, largura de asas de 26,4 m, altura de 8,61 m, equipada com quatro motores Honeywell LF 507. O modelo Avro RJ85 tem uma autonomia de voo de três mil quilômetros, com capacidade de transportar até 112 passageiros e 9 tripulantes.

A aeronave recebeu do fabricante o número de série (MSN) E2348 e teve seu primeiro voo em 26/03/1999, contando portanto com 17 anos e 7 meses de atividade. Em 30/03/1999, foi liberada para a Mesaba Airlines dos Estados Unidos. Em seguida, a 18/09/2007, passou a ser operada pela companhia de voos domésticos irlandesa CityJet. Finalmente em 16/10/2013 teve pela primeira vez seu registro pela LaMia (a empresa mudou o registro mais duas vezes: em setembro de 2014 e em janeiro do ano seguinte).

Operadora LaMia

A Línea Aérea Merideña Internacional de Aviación (LaMia), foi fundada em 16/08/2010, com uma cota inicial do governo do estado venezuelano de Mérida de cinco milhões de dólares. A empresa, que teve seu registro suspenso depois do acidente fatal em Medelin, era comandada pelo economista e empresário venezuelano Ricardo Albacete e estava adquirindo três aeronaves Avro-RJ85, incluindo a acidentada (única que estava em operação na época do acidente). Ricardo Albacete, antes de ingressar no ramo de transporte aéreo, já tinha empresas nos setores metalúrgico (Gurimetal) e petrolífero (Alba Energy) e já havia respondido a um processo na Corte Suprema da Venezuela por uma suposta fraude, com uso de um mandato falso e apropriação indébita.

Ricardo Albacete tinha um amigo chinês, Sam Pa, que se apresentava como um milionário de Pequim, interessado em investimentos internacionais. No entanto, as promessas de investimento de Sam Pa na companhia não se realizaram, e em setembro de 2011 a companhia foi desativada, depois que o "investidor" chinês foi preso em seu país.

Dois anos depois, Ricardo Albacete reativou a companhia com outro nome, Línea Aérea Margarita, em uma manobra que lhe permitiu manter os mesmos logotipos e distintivos internacionais da antiga empresa, anunciando voos para várias cidades do mundo, inclusive Miami e Boston. Ricardo Albacete adquiriu então os três aviões que estavam estacionados no aeroporto de Norwich, na Inglaterra.

A empresa reestruturada recomeçou suas atividades, oferecendo preços muito abaixo da concorrência, valores até 40% mais baratos. Rapidamente especializou-se em transportar equipes de futebol por todo o continente. Em uma entrevista a um jornal espanhol depois do acidente em Medellín, e ante uma confusa situação em que a LaMia tinha registro não só na Venezuela, mas também na Bolívia, Ricardo Albacete declarou que não era acionista nem empregado dessa outra empresa boliviana, mas sim da LaMia da Venezuela, e que eram eles (da LaMia da Venezuela) quem arrendavam seus aviões à empresa boliviana. Entretanto, a LaMia boliviana foi criada pelo próprio Ricardo Albacete em janeiro de 2015, em sociedade com Miguel Quiroga, piloto que era o comandante da aeronave acidentada.

O Acidente

O time brasileiro da Associação Chapecoense de Futebol viajava para o jogo de ida da final da Copa Sul-Americana de 2016 contra o Atlético Nacional em Medellín, na Colômbia. A equipe tentou, a princípio, fazer o voo saindo do aeroporto de Guarulhos direto para Medellín. O pedido foi indeferido pela ANAC de acordo com a legislação vigente, com base no Código Brasileiro de Aeronáutica e na Convenção de Chicago, pelos quais apenas uma companhia aérea brasileira ou colombiana poderia fazer o voo.

O trajeto foi feito, então, em duas etapas: Um voo comercial pela companhia aérea boliviana BoA partindo de São Paulo às 15h15 e chegando a Santa Cruz de la Sierra cerca de três horas depois, e o trecho final em voo fretado com a LaMia. Integraria a comitiva do time o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, que não embarcou junto com a comitiva, e dois responsáveis pela logística do clube já se achavam na Colômbia, aguardando a chegada do voo.

Às 22h00 a aeronave declarou uma emergência elétrica quando voava entre os municípios de La Ceja e La Unión. A comissária de bordo Ximena Suárez, sobrevivente ao acidente, declarou ao governador de Antioquia Luis Pérez que, pouco antes da queda, as luzes da aeronave se apagaram de repente, e então entre quarenta ou cinquenta segundos depois caiu. O técnico de voo sobrevivente, Erwin Tumiri, disse dois dias depois do acidente, que somente conseguiu ficar vivo porque seguiu todos os protocolos para tal ocasião: Ficara em posição fetal, com malas entre as pernas. Segundo ele, ocorreu um pânico total no interior da aeronave, com gritaria e pessoas saindo de seus assentos. Entretanto, alguns dias depois, Erwin Tumiri desmentiu essas informações em entrevista dada à rede de rádio Bluradio de Bogotá, afirmando que até o exato momento do impacto, nenhum passageiro sabia que havia uma situação de emergência, sem qualquer aviso da tripulação, e que todos estavam apenas preparados para a aterrissagem que havia sido anunciada. Afirmou que tudo foi muito rápido, a sensação de descida, depois as luzes se apagaram, acendendo-se as de emergência e em seguida o impacto e que não houve tempo para nada, nem havia ninguém em pânico no momento do impacto.

A queda ocorreu no Cerro El Gordo. Num primeiro comunicado o Aeroporto de Medellín informava que o piloto havia relatado à torre de controle que o avião apresentava problemas elétricos e declarava situação de emergência por volta das 22h00, pouco tempo depois da queda as autoridades localizaram o local da queda, e helicópteros foram inicialmente incapazes de chegar ao local devido à névoa densa na região, forçando o acesso dos socorristas da Força Aérea da Colômbia por terra.

A princípio fora divulgado que havia 81 pessoas a bordo, contudo verificou-se que a contagem inicial incluía quatro passageiros que deixaram de viajar na última hora.

Sobreviventes

O primeiro passageiro a ser resgatado e chegar ao hospital de La Ceja foi o lateral Alan Ruschel, um dos jogadores a bordo da aeronave. Mais tarde, foram encontrados com vida o goleiro Jakson Follmann, o jogador Neto, a comissária Ximena Suárez, o jornalista Rafael Henzel, e o técnico de voo Erwin Tumiri.

Apesar de em melhor estado de saúde que os demais, os dois tripulantes bolivianos que sobreviveram não puderam retornar ao seu país no dia 01/12/2016, quando aquele país enviou uma aeronave para o traslado dos corpos daquela nacionalidade, por não terem sido liberados pelos médicos.

Vítimas Fatais e Traslado

Das vítimas fatais, entre passageiros e tripulantes, uma era paraguaia, outra venezuelana, cinco eram bolivianas e o restante era de brasileiros. Já no dia 01/12/2016 a Bolívia enviou uma aeronave Hércules para efetuar o traslado dos mortos daquela nacionalidade, ao tempo em que levara à Colômbia familiares dos mesmos.

No mesmo dia, Carlos Valdés, diretor do Instituto Médico Legal (IML) de Medellín, declarou que todas as 71 vítimas fatais haviam sido identificadas. Ele também informou que a causa da morte da maioria das vítimas foi grave lesão em ossos e vísceras, provocada pela queda. Já neste dia o corpo de Gustavo Encina, tripulante paraguaio, seguiu para seu país num voo comercial. Quatro empresas funerárias de Medellín trabalharam para o preparo dos corpos às condições de transporte.

Na sexta, 02/12/2016, foi feito o traslado do cidadão venezuelano, também tripulante, também em voo comercial, partindo às 8h00. Uma hora mais tarde partiu o Hércules boliviano. 14 dos jornalistas brasileiros partiram nesta data, em voos privados. 35 carros funerários efetuaram o transporte dos corpos de Medellín até a cidade de Rionegro.

Duas aeronaves Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) foram até Medellín buscar os demais corpos, saindo de lá na sexta, 02/12//2016, entre 16h15 e 17h05. Os aviões fizeram escala em Manaus e partiram às 2h00 do sábado, horário local, chegando em Chapecó por volta das 9h30. Os corpos foram levados para um velório coletivo na Arena Condá.

Avaliação Inicial das Causas

Em comunicado oficial, o Aeroporto Internacional José María Córdova informou:

"O Comitê de Operações de Emergência e a gerência do Aeroporto José Maria Córdova informa que às 22h uma aeronave (...) se declarou em estado de emergência, entre os municípios de La Ceija e La Unión. A aeronave reportou pane elétrica, segundo informado à torre de controle de Aeronáutica Civil."

Num primeiro momento foi divulgado que a causa seria falta de combustível. Passadas algumas horas do acidente, e com as informações então disponíveis, especialistas analisaram vários fatores que poderiam tê-lo causado. Se num primeiro momento foi dito da falta de combustível, uma informação contraditória se seguiu, dizendo que o piloto havia se livrado deste antes de tentar um pouso forçado. Outro dado que chamou a atenção dos analistas é que, para o fabricante da aeronave, esta tem autonomia de voo de 2965 km (a velocidade de cruzeiro de 720 km/h), e a distância a ser percorrida foi de 2.975, o que fez voltar a hipótese da falta de combustível. Em razão disto o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas do Brasil, Rodrigo Spader, afirmou que o ideal seria ter havido uma escala para reabastecimento, neste caso.

Rodrigo Spader considera ainda situações como um vento contrário durante o trajeto, que forçaria ao crescimento do consumo do combustível. Tanto ele como o professor de aeronáutica Cláudio Scherer concordam que não pode ter havido o "alijamento" (derrame proposital do combustível) que só é feito em aviões de maior porte a fim de aliviar o peso para um pouso estável - o avião, no entanto, não teria capacidade de alijar combustível. Também foi relevante a revelação feita de que a torre de controle do aeroporto dera prioridade de pouso a outra aeronave, antes do LaMia. Um último fator a ser apreciado nas investigações é o estado dos pilotos, segundo Rodrigo Spader, pois o cansaço está na causa direta de 20% dos acidentes registrados. As caixas-pretas foram encontradas, na tarde do dia 29/11/2016, em perfeito estado.

Plano de Voo

No dia do acidente um despachante da LaMia apresentou à funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea (AASANA), Celia Castedo Monasterio, o plano de voo da aeronave. Segundo o depoimento da funcionária às autoridades bolivianas ela teria alertado ao despachante que o plano estava errado, pois trazia os valores de tempo de voo e autonomia de combustível idênticos, o que não daria a margem obrigatória (ambos davam quatro horas e vinte e dois minutos), e que não havia um plano alternativo.

Celia Castedo Monasterio teria advertido o despachante (que também morreu no acidente) por cinco vezes, segundo ela, mas este insistiu dizendo que estavam capacitados a realizar a viagem assim mesmo. Especialistas em aviação qualificaram o plano de voo como "absurdo".


Diálogo Com a Torre de Controle

Na quarta-feira, 30/11/2016, a gravação entre o piloto da aeronave e a controladora de voo, Yaneth Molina, foi divulgada. Nela o piloto Miguel Quiroga solicita prioridade de aproximação pois enfrentava "problemas de combustível". A controladora pede que confirme e ele responde que sim, ela então lhe diz que dentro de sete minutos lhe daria a confirmação pois já havia outra aeronave antes dele. Miguel Quiroga então insiste estar numa emergência motivada por combustível, mas a controladora se dirige para outro avião, o Avianca 9356 para que se aproxime e dialoga com o outro piloto.

Após a interrupção, o piloto da LaMia volta a pedir a descida imediatamente. A torre informa que há tráfego abaixo dele e pede que efetue um desvio à direita. Miguel Quiroga pede-lhe que seja "incorporado a outro vetor" e a controladora volta a falar do tráfego à frente dele e pede que continue a aproximação, perguntando-lhe se deseja alguma assistência na pista, ao que Miguel Quiroga retruca que confirmaria a assistência "na pista" e emenda: "Senhorita, LaMia 2933 está em falha total, sem combustível".

A controladora diz que a pista está livre, esperando chuva e que os bombeiros estão alertas. Miguel Quiroga revela o desespero em que se encontrava: "Vetores, senhora! Vetores!". A controladora diz que o perdeu no radar e que ele indicasse o rumo, ao que ele diz, repetindo, ser "rumo 3,6,0". A controladora diz que ele está a 8,2 milhas da pista. Miguel Quiroga diz a última palavra do contato: "Jesus!" e outras vozes surgem na torre de controle, dizendo que "não responde" e uma última pergunta encerra a gravação: "Qual a sua altitude agora?".

Helicóptero colombiano resgata corpos na área rural de La Unión.
Investigação

Além das autoridades aeronáuticas colombianas responsáveis pela apuração das causas do sinistro, também técnicos britânicos da fabricante do avião se dirigiram àquele país para auxiliar nas investigações sobre a queda, bem como representantes bolivianos, país de origem do voo.

Na terça-feira, 29/11/2016, seguiram para Medellín técnicos brasileiros do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), convidados pelo órgão local de apuração, a Aeronáutica Civil da Colômbia, além de Policiais federais brasileiros.

No dia 01/12/2016, Freddy Bonilla, secretário de segurança aérea da entidade responsável pela aviação civil colombiana, declarou que:

"Quando chegamos ao local do acidente e pudemos inspecionar os destroços, confirmamos que a aeronave não tinha combustível no momento do impacto. Uma das teorias que estamos trabalhando é que por não termos encontrado combustível no local da colisão ou nos tubos de alimentação, a aeronave sofreu queda por falta de combustível."

Freddy Bonilla disse também que a autorização do voo previa que a aeronave deveria ter partido de Cobija, cidade boliviana muito mais ao norte do que aquela de onde partiu de fato, Santa Cruz de la Sierra.

No curso das investigações, a promotoria responsável pelo caso prendeu provisoriamente em 06/12/2016 na Bolívia, Gustavo Vargas, diretor-geral da LaMia. Mais dois funcionários da empresa (uma secretária e um mecânico) prestaram depoimentos e foram liberados. Foram recolhidos também vários documentos nos escritórios da companhia, pela Direção Geral de Aeronáutica Civil da Bolívia (DGAC). No dia seguinte, foram confiscadas as duas outras aeronaves da LaMia, do mesmo modelo, para investigações e para ficarem à disposição da Justiça em um eventual uso no pagamento de indenizações. Havia inclusive uma dívida da LaMia para com a Força Aérea Brasileira, equivalente a 48,2 mil dólares, de serviços de manutenção prestados em 2014. Segundo a promotoria, entre os crimes investigados no processo, estão: abandono do dever, abuso de influência, homicídio e lesões gravíssimas.

As caixas-pretas, encontradas no dia seguinte ao acidente, foram enviadas para Farnborough, na Inglaterra, sede da BAE Systems, fabricante da aeronave. A equipe de especialistas participantes da análise dos registradores é formada por um investigador do Grupo de Investigação de Acidentes e Incidentes Aéreos da Colômbia (GRIAA), um investigador da DGAC, um investigador do Conselho Nacional de Segurança em Transportes dos Estados Unidos (NTSB) (porque equipamentos importantes da aeronave, entre eles os motores, são produzidos nos Estados Unidos), e um investigador da Agência de Investigação de Acidentes Aéreos do Reino Unido (AAIB), porque o avião foi produzido na Inglaterra.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, do Brasil (CENIPA), decidiu não participar da equipe, aguardando os resultados, compartilhados com todos os órgãos nacionais envolvidos. No entanto, a Força Aérea Brasileira (FAB) enviou para a Colômbia dois representantes, sendo um especialista em investigações de acidentes aéreos do CENIPA, e um psicólogo para avaliar os fatores humanos envolvidos no acidente, bem como acompanhar a recuperação dos brasileiros sobreviventes. Segundo as normas internacionais, o país que tem seus cidadãos vítimas fatais ou feridos seriamente em acidentes aéreos, pode solicitar formalmente junto ao país que conduz as investigações, a participação de um especialista, com as seguintes prerrogativas no processo: Visitar o local do acidente, ter acesso às informações relevantes, participar da identificação das vítimas, auxiliar nos esclarecimentos prestados pelos sobreviventes e receber uma cópia do Relatório Final.

Relatório Preliminar

Em 26/12/2016, 28 dias depois do acidente, a Aerocivil, Unidade Administrativa Especial de Aeronáutica Civil da Colômbia, apresentou o relatório preliminar. De acordo com o relatório, não foi identificada uma falha técnica que tivesse causado ou contribuído para o acidente, nem apresentou ato de sabotagem ou tentativa de suicídio. As evidências revelam que a aeronave sofreu falta total de combustível (Pane Seca).

A aeronave ficou totalmente destruída e os danos subsequentes indicaram que não houve possibilidade mínima de sobrevivência da maioria dos passageiros e tripulantes e nem incêndio. As investigações devem continuar até abril de 2017, quando a Aerocivil apresentará o relatório final, considerando esta análise preliminar, bem como os aspectos de organização, vigilância e supervisão operacional, planificação do combustível, tomada de decisões e sobrevivência.

Reações e Homenagens

A Confederação Sul-Americana de Futebol (CSF) cancelou a final da Copa Sul-Americana de 2016. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) adiou por uma semana a segunda partida da final da Copa do Brasil e a última rodada do Campeonato Brasileiro.

O presidente Michel Temer decretou luto oficial no Brasil de três dias logo após a notícia do acidente.

Alguns clubes brasileiros emitiram comunicados oficiais com a palavra de seus respectivos presidentes, em solidariedade à tragédia com a Chapecoense. Lamentando o acidente, os dirigentes ainda informam a criação de "medidas solidárias" à Chapecoense, entre elas, a possibilidade de impedir o rebaixamento do clube catarinense pelas próximas três temporadas e o empréstimo de atletas para a temporada de 2017.

Por todo o mundo os principais jornais imediatamente repercutiram o acidente, bem como as principais redes de notícia de todos os países. Logo redes como CNN e BBC, e jornais como The New York Times, El País e Le Monde passaram a cobrir a tragédia.

Já na manhã do dia 29/11/2016 as redes sociais da mesma forma exibiram reações que de forma unânime manifestavam apoio às vítimas da tragédia. Em suas contas pelo Twitter os atletas Pelé, Maradona, MessiNeymar Jr., entre muitos outros, manifestaram pesar e solidariedade. Os times de futebol de todo o mundo também usaram este meio para expressar o luto e apoio ao time brasileiro e às famílias das vítimas, bem como por meio de suas páginas oficiais. Equipes como o Barcelona fizeram minuto de silêncio antes de seu treino na manhã daquele dia.

Logo hashtags como "#forçachape" ou "#fuerzachape" se tornaram as trending topics em todo o mundo. O vídeo que exibia a equipe rezando unida tornou-se o mais compartilhado. A equipe contra quem jogaria a Chapecoense, Atlético Nacional, imediatamente também manifestou sua solidariedade e a intenção de ceder o título ao adversário vitimado.

Na noite do dia 29/11/2016 vários monumentos ao redor do planeta se iluminaram na cor verde em homenagem à equipe catarinense. No Brasil isto se deu no Palácio do Planalto, no Cristo Redentor, Elevador Lacerda e outros símbolos locais. O gesto foi repetido na Torre Eiffel, na sede da Conmebol e no Obelisco de Buenos Aires. Isto também ocorreu em vários estádios pelo mundo.

A Rede Globo, no mesmo dia, durante o Jornal Nacional, exibiu um discurso do Galvão Bueno e encerrou a sua edição com 1 minuto de aplausos e as fotos da vítimas no fundo.

Em 30/11/2016, a Organização da Aviação Civil Internacional expressou condolências e declarou que estaria à disposição das autoridades para participar das investigações, caso fosse solicitado. No mesmo comunicado, lembrou que, conforme a Convenção de Chicago, as autoridades envolvidas na investigação têm 30 dias a partir da data do acidente para emitir um relatório preliminar, e 12 meses para emitir o relatório final.

Ainda no dia 30/11/2016, no horário que seria disputada a Final da Copa Sul-Americana, o canal Fox Sports 1 entrou em silêncio no período que estava reservado para a transmissão do jogo. A tela ficou toda preta em sinal de luto, com a hashtag #90minutosdesilencio e um cronômetro para marcar o tempo que a cobertura da partida duraria.

No Twitter um usuário simulou uma partida intitulada "Final dos Sonhos" e o assunto ficou entre um dos mais comentados nos trending topics na rede.

A direção da Fox na América Latina prestou uma homenagem aos 6 jornalistas mortos dos canais Fox Sports. A diretoria do canal decidiu mudar seu logo e seu slogan. Do dia 04/12/2016 até o fim de 2017, o tradicional logo do canal contará com seis estrelas, cada uma delas representando cada um dos funcionários mortos. A homenagem não ficará restrita ao canal do Brasil. As demais filiais da emissora, em países como Argentina e México, por exemplo, trarão as estrelas acima de seu logo. O slogan do canal também mudou de torcemos juntos para sempre juntos.

Consequências Oficiais

No dia 29/11/2016 a Direção Geral de Aeronáutica Civil da Bolívia expediu a Resolução Administrativa nº 716, suspendendo de forma imediata a autorização de operação da Lamia Corparatión SRL. Também como reação ao acidente, o Ministério das Obras Públicas daquele país, por seu titular Milton Claros, trocou toda a direção geral de aeronáutica civil. Neste mesmo dia foi afastada a funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea (AASANA), Celia Monasterio.

Milton Claros ainda disse que uma investigação foi aberta para apurar a concessão da licença à LaMia, bem como da situação da empresa, e que também os dirigentes da AASANA ficarão suspensos enquanto durarem as investigações.

Passageiros e Tripulação

A relação dos passageiros e tripulantes do voo foi divulgada horas depois de constatado o acidente.

Delegação da Chapecoense

Jogadores:
  1. Danilo Padilha (Goleiro)
  2. Gimenez (Lateral)
  3. Bruno Rangel (Atacante)
  4. Marcelo (Zagueiro)
  5. Lucas Gomes (Atacante)
  6. Sergio Manoel (Meio-campista)
  7. Filipe Machado (Zagueiro)
  8. Matheus Biteco (Meio-campista)
  9. Cleber Santana (Meio-campista)
  10. Alan Ruschel (Lateral - Sobrevivente)
  11. William Thiego (Zagueiro)
  12. Tiaguinho (Meio-campista)
  13. Neto (Zagueiro - Sobrevivente)
  14. Josimar (Meio-campista)
  15. Dener Assunção (Lateral)
  16. Gil (Meio-campista)
  17. Ananias (Atacante)
  18. Kempes (Atacante)
  19. Jakson Follmann (Goleiro - Sobrevivente)
  20. Arthur Maia (Meio-campista)
  21. Mateus Caramelo (Lateral)
  22. Aílton Canela (Atacante)

Demais Convocados e Comissão Técnica:
  1. Caio Júnior (Técnico)
  2. Eduardo de Castro Filho, o Duca (Auxiliar Técnico)
  3. Luiz Grohs, o Pipe (Analista de Desempenho)
  4. Anderson Paixão (Preparador Físico)
  5. Anderson Martins, o Boião (Preparador de Goleiros)
  6. Drº Marcio Koury (Médico)
  7. Rafael Gobbato (Fisioterapeuta)
  8. Cocada
  9. Sergio de Jesus, o Serginho
  10. Adriano
  11. Cleberson Silva
  12. Mauro Stumpf, o Maurinho (Vice-presidente de Futebol)
  13. Eduardo Preuss, o Cadu Gaúcho (Diretor)
  14. Chinho di Domenico (Supervisor)
  15. Sandro Pallaoro
  16. Cezinha
  17. Gilberto Pace Thomas, o Giba (Assessor de Imprensa)

Diretoria:
  1. Nilson Folle Júnior
  2. Decio Burtet Filho
  3. Edir de Marco (Diretor)
  4. Ricardo Porto (Diretor)
  5. Mauro dal Bello (Diretor)
  6. Jandir Bordignon (Diretor)
  7. Dávi Barela Dávi (Empresário)

Convidado:
  1. Delfim Peixoto Filho (Vice-presidente da CBF e Presidente da Federação Catarinense)

Imprensa:
  1. Victorino Chermont (Fox Sports)
  2. Rodrigo Santana Gonçalves (Fox Sports)
  3. Deva Pascovich (Fox Sports)
  4. Lilacio Júnior (Fox Sports)
  5. Paulo Julio Clement (Fox Sports)
  6. Mario Sergio Pontes de Paiva (Fox Sports e Ex-jogador)
  7. Guilher Marques (Globo)
  8. Ari de Araújo Júnior (Globo)
  9. Guilherme Laars (Globo)
  10. Giovane Klein (Repórter da RBS TV de Chapecó)
  11. Bruno Mauro da Silva (Técnico da RBS TV de Florianópolis)
  12. Djalma Araújo Neto (Cinegrafista da RBS TV de Florianópolis)
  13. Adré Podiacki (Repórter do Diário Catarinense)
  14. Laion Espindula (Repórter do Globo Esporte)
  15. Rafael Henzel (Rádio Oeste Capital - Sobrevivente)
  16. Renan Agnolin (Rádio Oeste Capital)
  17. Fernando Schardong (Rádio Chapecó)
  18. Edson Ebeliny (Rádio Super Condá)
  19. Gelson Galiotto (Rádio Super Condá)
  20. Douglas Dorneles (Rádio Chapecó)
  21. Jacir Biavatti (Comentarista RIC TV e Vang FM)

Tripulação:
  1. Miguel Quiroga (Piloto)
  2. Ovar Goytia
  3. Sisy Arias
  4. Romel Vacaflores (Assistente de Voo)
  5. Ximena Suarez (Aeromoça - Sobrevivente)
  6. Alex Quispe
  7. Gustavo Encina
  8. Erwin Tumiri (Técnico da Aeronave - Sobrevivente)
  9. Angel Lugo

Flávio Gikovate

FLÁVIO GIKOVATE
(73 anos)
Psiquiatra, Psicoterapeuta e Escritor

☼ São Paulo, SP (11/01/1943)
┼ São Paulo, SP (13/10/2016)

Flávio Gikovate foi um médico psiquiatra, psicoterapeuta e escritor brasileiro, nascido em São Paulo, SP, no dia 11/01/1943.

Filho do médico polonês Febus Gikovate, formou-se pela Universidade de São Paulo (USP) em 1966 como psicoterapeuta e desde o início da carreira dedicou-se às técnicas breves de psicoterapia. Flávio Gikovate alegou que escolheu a especialidade psiquiátrica em função de dois motivos combinados: pessoal - ter sido um obeso tímido e familiar - pai era médico e a mãe dele sofria de depressão.

Em 1970, foi assistente clínico no Institute Of Psychiatry da Universidade de Londres.

Nos últimos trinta anos, escreveu 25 livros sobre problemas relacionados com a vida social, afetiva e sexual e seus reflexos na sociedade, alguns dos quais também publicados em língua espanhola. Colaborava regularmente com vários periódicos de grande circulação. Manteve uma coluna semanal sobre comportamento no jornal Folha de S.Paulo, entre 1980 e 1984 e, entre 1987 e 1999, uma página na revista mensal Claudia.

Mantinha um programa de rádio semanal na CBN chamado "No Divã do Gikovate" e frequentemente participava, como convidado, de programas de televisão.

Entre 1991 e 1993, coordenou programas na Rede Bandeirantes de Televisão e uma primeira fase do talk-show "Canal Livre". O formato desse programa era ao vivo e Flávio Gikovate sempre começava fazendo considerações psicológicas profundas sobre um determinado tema.

Era também conferencista, atuando em eventos dirigidos ao público em geral, como também naqueles voltados a quadros gerenciais e profissionais de psicologia ou de diferentes especialidades médicas.

Fez participações na novela "Passione" (2010), como ele mesmo, ajudando o personagem que tinha sofrido de abuso sexual na infância, Gérson, vivido por Marcello Antony.

Morte

Flávio Gikovate morreu na quinta-feira, 13/10/2016, aos 73 anos, no Hospital Albert Einstein onde estava internado desde março de 2016 devido a um câncer.

Alguns Livros Publicados

  • 1981 - As Drogas: Opção de Perdedor (Ed. MG Editores)
  • 1987 - Vício dos Vícios (Ed. MG Editores)
  • 1989 - Homem: O Sexo Frágil? (Ed. MG Editores)
  • 1990 - Cigarro: Um Adeus Possível (Ed. MG Editores)
  • 1996 - Uma Nova Visão do Amor (Ed. MG Editores)
  • 1998 - Os Sentidos da Vida - Uma Pausa Para Pensar (Ed. Moderna)
  • 1998 - A Arte de Educar (Ed. MG Editores)
  • 1998 - Ensaios Sobre o Amor e a Solidão (Ed. MG Editores)
  • 2000 - Liberdade Possível (Ed. MG Editores)
  • 2001 - A Libertação Sexual (Ed. MG Editores)
  • 2005 - Deixar de Ser Gordo (Ed. MG Editores)
  • Uma História de Amor... Com Final Feliz (Ed. Grupo Editorial Summus)

Fonte: Wikipédia