Mostrando postagens com marcador Radialista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Radialista. Mostrar todas as postagens

Ademar Casé

ADEMAR DA SILVA CASÉ
(90 anos)
Radialista

* Belo Jardim, PE (09/11/1902)
+ Rio de Janeiro, RJ (07/04/1993)

Ademar da Silva Casé, radialista, pai do diretor de teatro e TV Geraldo Casé, e avô da atriz Regina Casé, filho de João Francisco Casé e Rita Leopoldina Casé. Nascido na cidade interiorana de Belo Jardim, PE, aos cinco anos de idade teve de fugir da cidade com a família pois seu pai sofria ameaças de morte por questões políticas. João Francisco Casé havia feito campanha pra um compadre que concorria à prefeitura. Os votos não eram secretos e quem venceu foi o outro candidato.

Naquela época era comum esse tipo de perseguição. Política era questão de vida ou morte. Um dia anterior à fuga, um outro compadre dele havia sido assassinado. Através de um amigo da família, João Casé ficou sabendo que quatro homens estavam prontos para assassiná-lo, antes que a noite terminasse.

O tempo passou e João Francisco recebeu a notícia de que a situação em Belo Jardim estava novamente a seu favor. Seu compadre era finalmente o novo prefeito, o que foi determinante para o seu retorno a Pernambuco, no entanto por pressão de parentes e até mesmo de sua esposa, a nova morada seria em outra cidade, Caruaru, no ano de 1919.

Um imenso desafio esperava Ademar Casé e sua família naquele novo lugar. Uma epidemia mundial também atingiu a cidade. A Gripe Espanhola expandiu-se de uma maneira que em todas as residências alguém estava com o vírus. No lar de Ademar Casé não foi diferente. Todos na casa dele ficaram doentes, exceto sua mãe. O pai, João Francisco estava muito mal, não resistiu e morreu.

Em busca de melhores condições de vida e trabalho, Ademar Casé com apenas 17 anos, foi para Recife. As economias acabaram, o emprego não surgiu. As praças tornaram-se morada de Ademar Casé e a fome virou sua companhia. Através de um amigo de Caruaru, Ademar Casé conseguiu um emprego no Bilhares Recreio, no mais famoso e aristocrático salão de bilhar da Capital. Seu trabalho era varrer, arrumar o salão e organizar as mesas de bilhar.


Foi no Bilhares Recreio que Ademar Casé conheceu o capitão Rogaciano de Mello, e aproveitando a oportunidade Ademar Casé falou do seu interesse em ingressar na carreira militar. Afinal era uma grande oportunidade. Não demorou muito e ele já estava alistado no 21º Batalhão de Caçadores. Dias depois, Ademar Casé chegava no Rio de Janeiro com o grupamento militar.

Era 1922 o Rio de Janeiro fervia. O país estava vivendo um intenso clima político com a sucessão presidencial. O presidente Epitácio Pessoa elegeu o seu sucessor Arthur Bernardes, o que provocou revoltas e protestos em vários estados. O agrupamento militar com o qual Ademar Casé veio de Recife foi direcionado para a Vila Militar, primeiro regimento de Infantaria, um dos focos de oposição ao então novo presidente Arthur Bernardes.

Involuntariamente Ademar Casé entrou em combate, mas na Vila Militar diferentemente do que ocorreu no Forte, a revolta foi rapidamente abafada. Os envolvidos foram presos reenviados para outros estados. Ademar Casé foi preso e levado para São Paulo e depois transferido para a cidade de Rio Claro, ficando na Segunda Companhia de Metralhadoras Pesadas.

Dois meses depois, Ademar Casé foi posto em liberdade e embarcou no navio Lloyd de volta a Pernambuco. Mas o seu desejo de vencer na vida, de retornar a capital do país e "tentar a sorte na cidade grande" era cada vez maior. Fez alguns "bicos", juntou algumas economias e embarcou novamente para o Rio de Janeiro.

Após uma longa procura de emprego Ademar Casé conseguiu trabalho no Café Mourisco, um varejo de frutas. Lá conheceu um argentino que o convidou para trabalhar numa distribuidora de frutas argentinas no Brasil, permanecendo nesse emprego até o fim da Câmara de Comércio Brasil-Argentina que foi decretado pelo governo.


Em seguida trabalhou como corretor de imóveis, vendendo terrenos de um loteamento paradisíaco apresentado em plantas belíssimas. O que Ademar Casé e seus clientes não sabiam era que tudo não passava de uma farsa. Certo dia acompanhando um grupo de clientes numa visita ao loteamento, Ademar Casé e todos os clientes se decepcionaram. O lugar era terrível. Não tinha nada do que era apresentado no projeto e para completar um dos visitantes foi picado por uma cobra.

Novamente desempregado Ademar Casé tornou-se agenciador de anúncios para a revista Don Quixote e outras publicações como O Careta, Revista da Semana, Fon-Fon, Para Todos, Cena Muda e O Malho. Como o dinheiro era pouco, decidiu que precisava de mais um emprego e começou a ser vendedor de receptores Phillips.

Mais uma vez a criatividade e o espírito empreendedor desse nordestino ganharam asas. Com a lista telefônica na mão, Ademar Casé tinha nome e endereço de possíveis clientes. A tática era visitar as casas durante os dias úteis. Ele esperava o dono sair para trabalhar e só então tocava a campainha.

O segredo consistia em pedir para falar com o proprietário da casa chamando-o pelo nome como se realmente o conhecesse, em seguida falava para a esposa que tinha informações que o marido estava interessado em adquirir um rádio. E como a esposa nunca estava sabendo do assunto, e seria impossível saber, ele deixava o aparelho ligado e sintonizado na PRAA Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a melhor da época.

Quando voltava três dias depois a família já estava encantada pela novidade. Muitas vezes ainda contra a vontade o dono terminava comprando o aparelho. As vendas eram impressionantes e o diretor comercial da Philips do Brasil quis conhecer pessoalmente esse vendedor que chegava a levar 30 aparelhos no carro, vendia todos e voltava com um pedido de mais 27.


Aproveitando os contatos e a sua fama como grande profissional dentro da PhillipsAdemar Casé sugeriu a Vitoriano Borges, um dos diretores, o aluguel de um horário explicou que essa nova experiência seria ainda melhor e mais dinâmico do que o "Esplêndido Programa", programa de maior sucesso na época transmitida pela Rádio Mayrink Veiga.

Domingo, 14/02/1932, 20:00 hs, nasceu o "Programa Casé" que foi batizado em pleno ar. Ademar Casé não havia pensado em um nome para o programa e coube ao diretor da Rádio Phillips, Drº Augusto Vitoriano Borges improvisar:

"A Rádio Phillips do Brasil, PRAX, vai começar a irradiar o Programa Casé!"
Ainda em 1932, foi o primeiro a pagar cachês ao artistas. No mesmo ano, lançou o primeiro jingle comercial para a Padaria Bragança. Foi o primeiro também a fazer contratos de exclusividade, tendo contratado, em 1933, o cantor Sílvio Caldas.

Em 1936, foi responsável pelo lançamento da primeira novela do rádio brasileiro. Lançou diversos artistas, entre os quais, João Petra de Barros, Custódio Mesquita e Noel Rosa. Esse último, inclusive, atuou como contra regra em seu programa.

"Programa Casé" durou até 1951, quando foi convidado por Assis Chateaubriand para atuar na TV Tupi onde manteve seu espírito inovador com programas como "Noite de Gala".

Waldir Amaral

WALDIR AMARAL
(70 anos)
Radialista e Locutor Esportivo

* Andinópolis, GO (17/10/1926)
+ Rio de Janeiro, RJ (07/10/1997)

Waldir Amaral foi um radialista e locutor esportivo brasileiro. Talentoso profissional de comunicação, foi um dos pioneiros na transformação das jornadas esportivas radiofônicas num verdadeiro show. Criou bordões que atravessaram todo o Brasil e tornaram-se referência nacional como "Indivíduo Competente", "O Relógio Marca", e "Tem Peixe Na Rede". Criou também o apelido "Galinho de Quintino" que acompanha Zico até os dias de hoje.

Waldir Amaral iniciou sua carreira na Rádio Clube de Goiânia. No Rio de Janeiro, passou pela Rádio Tupi, Rádio Mauá, Rádio Continental, Rádio Mayrink Veiga, Rádio Nacional e Rádio Globo. Nesta última, por sinal, permaneceu de 1961 a 1983.


Foi Waldir Amaral, ao lado de um dos diretores da Rádio Globo, Mário Luiz, o "criador intelectual" da vinheta "Brasil-sil-sil!", gravada pelo radialista Edmo Zarife durante as eliminatórias da Copa do Mundo de 1970, para levar a Seleção Brasileira à frente, e que está no ar até hoje.

Waldir Amaral faleceu 10 dias antes de completar 71 anos, vitimado por uma insuficiência coronariana.

Em sua homenagem, a Rua Turf Club, no bairro do Maracanã, passou a se chamar Rua Radialista Waldir Amaral. Rua, aliás, onde se encontra a sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ).

Waldir Amaral foi um locutor original e que soube comunicar como poucos. Narrava pausadamente, com elegância e muito estilo. Foi um dos maiores radialistas esportivos de todos os tempos.

Bordões

Profissional extremamente criativo, Waldir Amaral costumava dizer vários bordões enquanto narrava a partida. Alguns bordões criados por ele:

  • "Tem peixe na rede do..." - Dizia se referindo ao time que levava gol do adversário.
  • "Choveu na horta do..." - Dizia se referindo ao time que fazia gol no adversário.
  • "É fumaça de gol" - Dizia quando surgia uma oportunidade de gol: "Aproxima-se da área, é fumaça de gol..."
  • "Caldeirão do Diabo" - A grande área: "Vai cruzar no caldeirão do Diabo!"
  • "Indivíduo competente" - Quem fazia o gol: "Indivíduo competente o Zico!"
  • "Deeeeez, é a camisa dele!"
  • "O visual é bom, Roberto tem bala na agulha!" - Quando o jogador ia bater uma falta.
  • "Estão desfraldadas as bandeiras do Botafogo" - Dizia logo após o gol.
  • "Deixa comigo" - Dizia logo após a vinheta do seu nome.
  • "O relógio marca" - Dizia quando dava o tempo de jogo.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Mário Vianna

MÁRIO GONÇALVES VIANNA
(87 anos)
Árbitro e Técnico de Futebol, Comentarista Esportivo e Radialista

* Rio de Janeiro, RJ (06/09/1902)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/10/1989)

Mário Gonçalves Vianna, conhecido como Mário Vianna, foi um árbitro e técnico de futebol, comentarista esportivo e radialista brasileiro.

Mário Vianna trabalhou como engraxate na infância e como operário em uma fábrica de velas. Mais tarde, se juntou à Polícia Especial do Estado Novo, formada por Getúlio Vargas, onde chegou a ser oficial. Foi lá que começou a apitar partidas de futebol entre os policiais e foi então convidado a se juntar ao quadro de árbitros da Federação Carioca.

Em campo ele fazia de tudo: peitava, gritava e até agredia. Era seu jeito de se fazer respeitado por todos. Mário Vianna tinha 1.74 de altura e pesava 90 quilos de uma vitalidade que impressionava a todos que o conheceram. Ele foi de tudo um pouco: baleiro, engraxate, jornaleiro, empacotador de velas, fiscal da guarda civil, policia especial, juiz de futebol, técnico do Palmeiras, Portuguesa e São Cristovão, e finalmente, comentarista de arbitragem na Rádio Globo.

Sua excelente condição física foi adquirida na Policia Especial. E foi apitando peladas, que José Pereira Peixoto, um policial amigo, o convenceu a fazer um curso de árbitro para Liga Metropolitana onde ingressou como primeiro colocado de sua turma.

Sua estréia oficial foi na partida de juvenis entre Girão de Niterói e São Cristovão. Neste jogo ele definiu o estilo que trataria de aperfeiçoar ao longo de sua carreira até torná-la uma espécie de marca pessoal: Expulsou Mato Grosso, zagueiro do seu querido São Cristovão.

Mário Vianna foi uma das grandes figuras da arbitragem do futebol brasileiro. Na sua época era o melhor e participou dos muitos campeonatos internacionais. Depois da Copa do Mundo de 1954, quando Mário Vianna acusou a FIFA de corrupta, foi expulso da arbitragem internacional. Passou a ser comentarista de arbitragem na Rádio Globo ao lado de Waldir AmaralJorge Cury e João Saldanha. Apesar de polêmico era uma figura que tinha um bom coração.


Desde então, começou a construir sua fama de juiz rigorosíssimo, destes que não perdem as rédeas da partida, mesmo nas situações mais adversas. Como no jogo entre Botafogo x Flamengo em General Severiano. Mário Vianna expulsou jogadores do Flamengo, os torcedores não gostaram e começaram a atirar garrafas e pedras contra ele. E ele não teve dúvidas: devolveu tudo para as arquibancadas.

Mário Vianna nunca foi homem de meias medidas. Foi responsável pela única expulsão de Domingos da Guia em onze anos de carreira. Também teve uma passagem com Nilton Santos no clássico Botafogo x Vasco. Atendendo a uma denuncia do bandeirinha, expulsou Nilton Santos que era um gentleman, por ofender o auxiliar. Mário Vianna  achou estranho o caso e, nos vestiários pressionou o bandeirinha que terminou confessando que tinha mentido. Ele ficou sem graça, foi ao vestiário do Botafogo e pediu desculpas a Nilton Santos.

Segundo Mário Vianna, dois jogadores lhe deram muito trabalho: Heleno de Freitas e ZizinhoHeleno de Freitas era irreverente e malicioso. Um dia, no campo do Vasco, tentou comprometer a arbitragem perante o publico, entregando um disco de bolero que o próprio Mário Vianna tinha pedido para o atacante do Botafogo trazer do Chile. O disco foi entregue na pista do estádio e diante do publico. No jogo, Heleno de Freitas quis comandar a arbitragem e terminou expulso de campo.

Houve um jogador que, talvez, por ser estrangeiro e desconhecer a fama de valentão de Mário Vianna, teve a infeliz idéia de desafiá-lo. Foi durante o jogo Itália x Suíça na Copa do Mundo de 1954. Inconformado com uma marcação do brasileiro, Boniperti partiu para cima do juiz aos empurrões. Mário Vianna aplicou-lhe um direto no queixo. Mandou que o carregassem para os vestiários e, ironicamente, disse para o massagista - Se ele tiver condições, pode voltar para o segundo tempo. Boniperti voltou bem mansinho.

Durante a Copa do Mundo de 1954, no jogo Brasil x Hungria, chamou o juiz Mr. Ellis e os dirigentes da FIFA, de "Camarilha de Ladrões" e foi expulso do quadro de árbitros da entidade. Quando já era comentarista de arbitragem na Rádio Globo, quase perdeu o emprego por duas vezes. Na primeira, disse que o juiz Abraham Klein, além de judeu era ladrão. Os patrocinadores do programa eram, como Abraham Klein, judeus. Outra vez, numa mesa redonda na TV, sentiu-se asfixiado pela fumaça dos cigarros que os companheiros fumavam. E Mário Vianna desabafou: "Parem de fumar, isso é um veneno, polui os pulmões!". O patrocinador do programa era a Souza Cruz, fabricante de cigarros.


Como todo personagem folclórico, Mário Vianna também tinha o seu lado místico. Era espírita da linha Alan Kardec, rezava ao se deitar e se levantar. Alguns casos são conhecidos:

Na Copa de 1970, era companheiro de quarto de Luis Mendes. Certa manhã ao se levantar, virou-se para o companheiro e disse: "Mendes, liga para tua casa porque seu irmão desencarnou". Apavorado, Luis Mendes pegou o telefone, ligou para casa e ficou sabendo que seu irmão havia falecido naquela madrugada.

Waldir Amaral contou que certa vez estava embarcando com Mário Vianna para São Paulo. E ele advertiu: "Waldir esse avião vai pifar. Vamos esperar outro vôo!". - "Que nada, Mário, deixe de besteiras!" - retrucou Waldir Amaral. Os dois embarcaram e quando o avião ia decolar, o motor enguiçou e o piloto foi obrigado a dar um cavalo de pau para não cair na Baía da Guanabara.

Mário Vianna foi um homem de muitas histórias. Histórias colhidas ao longo de 38 anos de Policia Especial, 25 de árbitro e 22 de comentarista. 

Fez famosas máximas como "Mário Vianna com dois enes" e "Gol Le...gal", que bradava após a maioria dos gols narrados.

Mário Vianna faleceu aos 87 anos vítima de uma pneumonia no Rio de Janeiro no dia 16/10/1989.

Indicação: Miguel Sampaio

Lúcia Helena

IZILDA RODRIGUES ALVES
Radialista e Locutora

* Franca, SP

Izilda Rodrigues Alves nasceu em Franca, SP, onde começou a trabalhar na rádio local. 

Em 1941 foi para o Rio de Janeiro e, após um teste com Victor Costa, passou a ocupar o cargo de locutora.

Izilda Rodrigues Alves foi para o Rio de Janeiro em 1941 e não demorou a ser contratada pela Rádio Nacional. O Brasil inteiro ficava empolgado quando ela anunciava com sua voz bonita e marcante.

"O rádio teatro Colgate Palmolive, apresenta, mais um capítulo da novela O Direito de Nascer!"

Foi locutora de todas as novelas e da maioria dos programas que a Rádio Nacional transmitiu a partir de 1942. Ficou conhecida pela locução que fazia no Programa Francisco Alves, levado ao ar ao meio-dia dos domingos.

Voz padrão de várias emissoras do Rio de Janeiro, apesar de toda badalação em torno de seu nome, ela nunca misturou a vida particular com a profissão. Reservada e discreta, era uma mulher polida e compenetrada.

Lúcia Helena escreveu vários programas entre os quais "Boa Tarde, Madame", "Rei da Voz" e "Sala de Visitas".

Durante a Segunda Guerra Mundial, transmitiu diretamente para a Europa o programa da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e da Legião Brasileira de Assistência (LBA), com leitura de mensagens aos expedicionários brasileiros.

Lúcia Helena abriu escola para outras mulheres que surgiram depois dela como Virgínia de Morais, Nilza Magrassi, Lita Romani, entre outras. Ela nunca deixou de encabeçar a lista das preferidas. Aos domingos, durante longos anos, apresentou um programa de alcance nacional, onde entonava bem alto que se apresentariam Francisco Alves, o rei, e Dalva de Oliveira, a rainha das vozes.

Lúcia Helena era um patrimônio da Rádio Nacional e ela teve uma profunda tristeza quando a emissora passou a integrar o Sistema Rádiobras, eliminando os programas de auditório e as rádio novelas.

Além de locutora, Lúcia Helena era novelista. Produziu o "Grande Teatro das Sextas-Feiras", programação que apresentava semanalmente peças famosas, radiofonizadas por ela.

Francisco Alves e Lúcia Helena
Canção da Criança

A Casa de Lázaro tornou-se conhecida na sociedade brasileira em 1952, quando o seu antigo coral, formado pelas suas crianças, participou da gravação do grande sucesso "Canção da Criança" composta e interpretada por Francisco Alves, que entrou para a história da Música Popular Brasileira como o "Rei da Voz". A letra da música é de René Bittencourt e foi gravada em 03/09/1952, com objetivo altruísta, pois toda a arrecadação com a venda do disco foi doada em favor daquela instituição de caridade.

Francisco Alves não chegou a ouvir a gravação de "Canção da Criança", pois morreu dias depois, em 27/09/1952, num acidente automobilístico na Via Dutra, SP, quando voltava para o Rio de Janeiro. Na saída do caixão do local onde seu corpo foi velado, as crianças da Casa de Lázaro, despediram-se do "Rei da Voz", cantaram a "Canção da Criança", o que levou à intensa emoção e às lagrimas a multidão de fãs e admiradores que ali estavam para prantear o seu ídolo.

A música passou depois a ser cantada em escolas, principalmente no Dia da Criança. A declamação que antecede o início da melodia foi feita pela locutora Lúcia Helena. Sua voz tornou-se famosa e inconfundível porque apresentava o Chico Viola, no seu programa dominical ao meio-dia na Rádio Nacional. A abertura do programa virou na época uma marca registrada: 

"Ao soar o carrilhão das doze badaladas, ao se encontrarem os ponteiros no meio do dia, os ouvintes da Rádio Nacional também se encontram com Francisco Alves, o Rei da Voz!"

Logo em seguida, Francisco Alves começava o programa.



Canção da Criança

Declamação de Lúcia Helena:

"Brincando marcha o menino de hoje. Lutando marhará o menino de amanhã. Crianças despreocupadas desse Brasil-Menino, cujas glórias hão de colher os homens grandes que dominarão o Brasil-Gigante, esse Brasil grandioso que eu canto, que as crianças da Casa de Lázaro felizes cantarão, numa esperança de vitórias e de alegrias!"

Criança feliz, que vive a cantar
Alegre a embalar seu sonho infantil!
Ó meu bom Jeus, que a todos conduz
Olhai as crianças do nosso Brasil!

Crianças, com alegria,
Qual um bando de andorinhas
Viram Jesus que dizia:
Vinde a mim as criancinhas!
Hoje dos céus num aceno
Os anjos dizem: Amém!
Porque Jesus Nazareno
Foi criancinha também.

Fonte: Almanaque da Rádio Nacional, M.I.S. Franca e Verboso

Deodato Borges

DEODATO TAUMATURGO BORGES
(80 anos)
Jornalista, Radialista e Quadrinista

* Campina Grande, PB (1934)
+ João Pessoa, PB (25/08/2014)

Deodato Taumaturgo Borges foi um jornalista, radialista e quadrinista brasileiro, criador do super-herói Flama e pai do também quadrinista Mike Deodato Jr.

Em 1963 transpôs o personagem para a revista "As Aventuras do Flama", a primeira do gênero no Nordeste brasileiro. Inspirada em sucessos da época, como "Jerônimo, o Herói do Sertão" e "The Spirit". A publicação tinha 40 páginas, com capa dura e imagens em preto e branco. Surgiu como uma propaganda da série de rádio homônima, comandada por Deodato Borges e transmitida pela Borborema AM, de Campina Grande, PB, em 1961. "As Aventuras do Flama" era dada como brinde aos ouvintes do programa e logo angariou uma legião de fãs. Flama foi um dos primeiros heróis dos quadrinhos brasileiros, segundo a Brasil Comic Con.

Considerado uma lenda dos quadrinhos brasileiros, Deodato Borges estava confirmado como uma das atrações da Brasil Comic Con, que acontecerá nos dias 15 e 16 de novembro de 2014, em São Paulo. Ao lado do filho, ele participaria dos dois dias de evento

Ainda na década de 60, Deodato Borges foi diretor geral dos Diários Associados de Pernambuco.

Em 1973, tornou-se editor de cultura do jornal O Norte, de João Pessoa, no qual introduziu as tiras de quadrinhos. Foi também secretário de Comunicação do Governo da Paraíba.

Deodato Borges e seu filho Mike Deodato Jr.
Morte

Deodato Borges morreu em João Pessoa, aos 80 anos. A morte foi constatada às 12:50 hs de segunda-feira. 25/08/2014, durante uma sessão de hemodiálise em que Deodato Borges teve duas paradas cardíacas. Na segunda, os médicos não conseguiram reanimá-lo.

Segundo informações da nora de Deodato Borges, Ana Paula Falcão,  ele havia sido diagnosticado com câncer no sistema urinário há cerca de dois meses. Ele já estava há aproximadamente 15 dias internado em um hospital particular de João Pessoa e chegou a fazer uma cirurgia para retirar um dos rins na semana passada. Ainda de acordo com ela, ele estava tendo uma melhora significativa depois da cirurgia, mas não resistiu à segunda sessão de hemodiálise.

O velório ocorreu na segunda-feira, 25/08/2014, na Funerária São João Batista, no bairro da Torre em João Pessoa. A família informou que o sepultamento ocorrerá na tarde de terça-feira, 26/08/2014, às 16:00 hs, no Cemitério Jardim Mangabeira, com entrada localizada nas proximidades da Praça do Coqueiral, no bairro de Mangabeira, Zona Sul da Capital.

Mike Deodato Jr. informou sobre a morte do pai nas redes sociais. "O Flama Morreu", publicou. Tendo o pai como referência, Mike Deodato Jr. é ilustrador da Marvel e responsável por quadrinhos como "Os Vingadores".

Fonte: WikipédiaG1
Indicação: Miguel Sampaio

Jayme Caetano Braun

JAYME GUILHERME CAETANO BRAUN
(75 anos)
Payador, Poeta e Radialista

* Timbaúva, RS (30/01/1924)
+ Porto Alegre, RS (08/07/1999)

Jayme Guilherme Caetano Braun foi um renomado payador e poeta do Rio Grande do Sul, prestigiado também na Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Era conhecido como "El Payador" e por vezes utilizou os pseudônimos de Piraj, Martín Fierro, Chimango e Andarengo.

Payador, poeta e radialista, Jayme Caetano Braun nasceu na Timbaúva, hoje Bossoroca, na época distrito de São Luiz Gonzaga, na Região das Missões no Rio Grande do Sul.

Durante sua carreira fez diversas payadas, poemas e canções, sempre ressaltando o Rio Grande do Sul, a vida campeira, os modos gaúchos e a natureza local.

Jayme sonhava em ser médico mas, tendo apenas o ensino médio, se tornou um autodidata principalmente nos assuntos da cultura sulina e remédios caseiros, pois afirmava que "todo missioneiro tem a obrigação de ser um curador".

Aos 16 anos mudou-se para Passo Fundo, RS, onde viveria até os 19 anos. Na capital do Planalto Médio, Jayme completou seus estudos no Colégio Marista Conceição e serviu ao Exercito Brasileiro.

Jayme foi membro e co-fundador da Academia Nativista Estância da Poesia Crioula, grupo de poetas tradicionalistas que se reuniu no final dos anos 50, na capital gaúcha.


Trabalhou, publicando poemas, em jornais como O Interior e A Noticia, de São Luiz Gonzaga, RS. Passou dirigir em 1948 o programa radiofônico "Galpão de Estância", em São Luiz Gonzaga e em 1973 passou a participar do programa semanal "Brasil Grande do Sul", na Rádio Guaíba.

Na capital, o primeiro jornal a publicar seus poemas foi o A Hora, que dedicava toda semana uma página em cores aos poemas de Jayme.

Como funcionário público trabalhou no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado e ainda foi diretor da Biblioteca Pública do Estado de 1959 a 1963, aposentando-se em 1969. Na farmácia do IPASE era reconhecido pelo grande conhecimento que tinha dos remédios.

Em 1945 começou a atuar na política, participando em palanques de comício como payador. O poema "O Petiço de São Borja", publicado em revistas e jornais do país, fala de Getúlio Vargas. Participou das campanhas de Ruy Ramos, com o poema "O Mouro do Alegrete", como era conhecido o político e parente de Jayme. Foi Ruy Ramos, também ligado ao tradicionalismo, que lançou Jayme Caetano Braun como payador, no I Congresso de Tradicionalismo do Rio Grande do Sul, realizado em Santa Maria no ano de 1954.

Jayme Caetano Braun casou duas vezes, em 1947 com Nilda Jardim, e em 1988 com Aurora de Souza Ramos. Teve três filhos, Marco Antônio e José Raimundo do primeiro casamento, e Cristiano do segundo.

Anos mais tarde participaria das campanhas de Leonel Brizola, João Goulart e Egidio Michaelsen, e em 1962 concorreria a uma vaga na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ficando como suplente.


Obra

Antes de escrever qualquer coisa sobre este ícone do tradicionalismo gaúcho é importante grifar a importância da influencia do poeta gaúcho que nasceu em Uruguaiana e que fincou raízes na região Sudoeste do Paraná, José Francisco dos Santos Silveira, o qual foi responsável por incentivar o payador na produção de sua obra.

Jayme Caetano Braun lançou diversos livros de poesias, como "Galpão de Estância" (1954), "De Fogão Em Fogão" (1958), "Potreiro de Guaxos" (1965), "Bota de Garrão" (1966), "Brasil Grande do Sul" (1966), "Passagens Perdidas" (1966) e "Pendão Farrapo" (1978), alusivo à Revolução Farroupilha. Em 1990 lançou "Payador e Troveiro", e seis anos depois a antologia poética "50 Anos de Poesia", sua ultima obra escrita.

Publicou ainda um dicionário de regionalismos, "Vocabulário Pampeano - Pátria, Fogões e Legendas", lançado em 1987.

Jaime também gravou CDs e discos, como "Payador, Pampa, Guitarra", antológica obra em parceria com Noel Guarany. Sua ultima obra lançada em vida foi o disco "Poemas Gaúchos", com sucessos como "Payada da Saudade""Piazedo""Remorsos de Castrador""Cemitério de Campanha" e "Galo de Rinha".

Gravou, ainda, com Lúcio YanelCenair Maicá e Luiz Marenco.

Entre seus poemas mais declamados pelos poetas regionalistas do país inteiro, destacam-se "Bochincho""Tio Anastácio""Amargo""Paraíso Perdido""Payada a Mário Quintana" e "Galo de Rinha".

Seu nome batiza ruas, praças e principalmente Centros de Tradições Gaúchas (CTG) no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil. É considerado o patrono do Movimento Pajadoril no Brasil.


Morte

Jayme Caetano Braun veio a falecer vítima de uma parada cardíaca em 08/07/1999, por volta das 06:00 hs, em Porto Alegre, RS. Seu corpo foi velado no Palácio Piratini, sede do governo sul-riograndense, e enterrado no Cemitério João XXIII, na capital do Estado. Para o dia seguinte estava programado o lançamento de seu último disco "Exitos".


Tributos

  • Sol das Missões - Tributo a Jayme Caetano Braun, de Paulo de Freitas Mendonça
  • Tributo a Jayme Caetano Braun, de Geraldo do Norte
  • Galo Missioneiro, de Pedro Ortaça
  • Monumento ao Payador em São Luiz Gonzaga, Missões, RS (Escultor Vinícius Ribeiro)

Fonte: Wikipédia

Manoelita Lustosa

MANOELITA LUSTOSA
(72 anos)
Atriz, Cantora, Radialista, Escritora e Poetisa

☼ Pirapora, MG (25/03/1942)
┼ Belo Horizonte, MG (01/07/2014)

Atriz, cantora e radialista, Manoelita Lustosa, mineira de Pirapora e criada em Sete Lagoas, tem uma história de vida repleta de lutas que acabaram levando-a a viver momentos especiais na área artística.

Filha de pai pernambucano e mãe mineira, ainda menina ela vivia em cima de uma cadeira imitando os ídolos do rádio.

Já casada, ao mudar-se para Timóteo, MG, no Vale do Aço, Manoelita Lustosa entrou para a carreira política, assumindo em períodos distintos as secretarias municipais de cultura de Timóteo e Coronel Fabriciano.

Graduada em Letras e Filosofia, Manoelita Lustosa também foi jornalista e escritora de contos e poemas, cuja maioria ainda se mantém inédita.

A mudança para Belo Horizonte no início da década de 90 marcou mais um capítulo na vida da atriz, que estreou profissionalmente no teatro em 1994, no espetáculo "Tio Vânia", de Tchecov, sob a direção de Luiz Carlos Garrocho e Walmir José.

Posteriormente, fez o musical "Na Era do Rádio", com direção de Pedro Paulo Cava, seguido de uma série de comédias ao lado de Ílvio Amaral, entre as quais "A Comédia dos Sexos" e "É Dando Que Se Recebe".

Na TV, fez participação em "Laços de Família" (2000) e trabalhou em "Mulheres Apaixonadas" (2003), "JK", na TV Globo, e "Esmeralda" (2004)  no SBT.

No cinema, Manoelita Lustosa participou dos filmes "Depois Daquele Baile" (2006) e "Os 12 Trabalhos" (2007).

Em 2007, participou da novela "Maria Esperança", do SBT. Em seguida, transferiu-se para a TV Record onde integrou o elenco da novela "Amor e Intrigas" (2007), "Poder Paralelo" (2009) , "Vidas em Jogo" (2011) e "Balacobaco" (2012).

Seu último trabalho foi como a japonesa Terezinha Cho na novela "Dona Xepa" (2013) também da TV Record.

Morte

Manoelita Lustosa morreu em sua casa em Minas Gerais na terça-feira, 01/07/2014, por volta das 09:00 hs, vítima de insuficiência respiratória. A notícia foi informada pela TV Record. O corpo de Manoelita Lustosa foi velado e sepultado no Cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte, MG.

Manoelita Lustosa era viúva e deixou três filhas Manoela, Maria Bethânia e Mariana, e seis netos.

Televisão

  • 2003 - Mulheres Apaixonadas ... Inês Oliveira
  • 2004 - Esmeralda ... Rosário
  • 2006 - JK ... Parteira
  • 2007 - Maria Esperança ... Filomena Beiju (Filó)
  • 2007 - Amor e Intrigas ... Telma Dias
  • 2009 - Poder Paralelo ... Lurdes Leme
  • 2011 - Vidas em Jogo ... Nelize
  • 2012 - Balacobaco ... Etelvina Pedrosa
  • 2013 - Dona Xepa ... Terezinha Cho


Cinema

  • 2007 - Os Doze Trabalhos ... Norma
  • 2006 - Depois Daquele Baile ... Dona Cleide

Fonte: Wikipédia

Jorge Cury

JORGE CURY
(65 anos)
Radialista e Locutor Esportivo

* Caxambu, MG (25/02/1920)
+ Caxambu, MG (23/12/1985)

Jorge Cury foi radialista e locutor esportivo brasileiro. Filho do comerciante José Kalil Cury e de Maria Cury, teve oito irmãos, entre os quais, o cantor, compositor e humorista Ivon Curi e o também radialista Alberto Cury.

Iniciou sua carreira numa emissora local de sua cidade natal, Caxambu, MG, em 1942. No ano seguinte, teve a chance de fazer um teste para a Rádio Nacional, onde, aprovado, permaneceu até 1972, quando se transferiu para a Rádio Globo.

Jorge Cury foi um dos maiores locutores de seu tempo, ao lado de Oduvaldo Cozzi, Waldir Amaral e Doalcey Bueno de Camargo. Além de locutor esportivo, também conduziu o programa dominical de calouros "A Hora do Pato".

Jorge Cury narrou nove copas do mundo e as primeiras corridas de Emerson Fittipaldi.

Em 1984 foi demitido da Rádio Globo e no final da última partida, entre Vasco X Botafogo, que narrou na rádio, fez uma despedida e um desabafo contra os dois diretores que o demitiram, Paulo Cesar Ferreira e Jorge Guilherme, sendo substituído por Washington Rodrigues e José Carlos Araújo. Em seu desabafo ele disse abertamente ter sido "tocaiado" por esses diretores citando o título de uma obra de Jorge Amado.

Jorge Curi e Waldir Amaral
Seus bordões principais foram:
  • "Passa de passagem", é golaço!!!"
  • "É a última volta do ponteiro!"
  • "Ultrapassa a linha divisória do gramado!"
  • "Fim de papo!" (Ao final do jogo)

Seus longos gritos de "Gooooooollll" ecoavam por toda a cidade. No Maracanã, nas portarias dos prédios e nos radio de pilha, como marca registrada de uma época.

Jorge Cury morreu vítima de um acidente automobilístico próximo a Caxambu, MG, para onde se dirigia para os festejos de Natal e de Ano Novo do ano de 1985. Pouco antes, ele havia se transferido para a Rádio Tupi.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Fausto Canova

FAUSTO AUGUSTO BATTISTETE
(78 anos)
Radialista, Musicólogo e Cantor

* Marília, SP (28/11/1930)
+ Avaré, SP (03/01/2009)

Fausto Canova tinha os dois quesitos fundamentais de um bom apresentador, conta Zuza Homem de Mello, amigo do radialista, historiador e crítico de música. Primeiro: possuía profundo conhecimento musical. Segundo: tinha uma bela voz.

O vozeirão de Fausto Augusto Battistete contribuiu, inclusive, para seu casamento com a mulher com quem viveu boa parte da vida. Sônia era fã de seus programas - e, ambos, de Dick Farney.

Como ela tinha um amigo na mesma emissora de Fausto Canova, conseguiu o contato do radialista, conheceram-se e passaram a namorar.

"Grande nome da Era do Rádio dos anos 50 e 60", como o descreve Zuza Homem de Mello, Fausto Canova passou pela Rádio ExcelsiorRádio BandeirantesRádio Jovem PanRádio Cultura.

Fanático por música americana e música instrumental brasileira, arriscou-se como crooner, mas não levou adiante. O nome Canova, da família da mãe, ele adotou apenas profissionalmente.

Natural de Marília, SP, "gostava mesmo era de São Paulo", contou a sobrinha. Tinha tantos discos em casa que era obrigado a vender alguns para conseguir guardar todos.


Morte

Sozinho em São Paulo e com suspeita de Mal de Alzheimer, mudou-se para Avaré, levado pelo sobrinho. Viúvo havia cerca de quatro anos, Fausto Canova morreu no sábado, 03/01/2009, aos 78 anos, em Avaré, SP, após sofrer uma parada cardíaca. Ele não deixou filhos.

Milton Neves Fala de Fausto Canova

Eu, Milton Neves, trabalhei na mesma emissora que Canova por quase dez anos. Chegando à Rádio Jovem Pan AM pelas mãos do saudoso e genial Fernando Luiz Vieira de Mello, em 1972, conheci Fausto Canova que era o apresentador titular do "Show da Manhã". Ele teve vários produtores como Chico de Assis, Marino Maradei e Leda Cavalcanti e, ao microfone, era um professor de música.
Mas também adorava futebol. Parecidíssimo com Jorge Andrade, ex-lateral-esquerdo do Internacional, RS, Fausto Canova foi também narrador esportivo da TV Tupi por certo período, durante os anos 70.
Grande Canova, que Deus o tenha!


Edmo Zarife

EDMO ZARIFE
(59 anos)
Radialista e Locutor

* Nova Friburgo, RJ (15/12/1940)
+ Niterói, RJ (27/12/1999)

Nascido em Nova Friburgo, RJ, Edmo Zarife construiria uma sólida carreira e se tornaria uma das maiores referências da locução brasileira. Ao sair de sua cidade natal, foi para a Rádio Globo, onde foi comunicador, apresentando alguns programas, além de "voz-padrão" de chamadas e vinhetas.

A última atração comandada por Edmo Zarife foi o "Super Paradão", de segunda a sexta-feira, de 00:00 hs às 03:00 hs da manhã, sempre gravado. A última edição deste programa foi na véspera do Natal de 1999. Dois dias antes, Edmo Zarife havia sido internado num hospital em Niterói em virtude de problemas cardíacos, e morreu cinco dias depois.

André, Paizinho, Brinquinho e Edmo Zarife
O Surgimento da Vinheta "Brasil-Sil-Sil!"

A famosa vinheta "Brasil-Sil-Sil!", interpretada por Edmo Zarife, e que marca as transmissões esportivas do Sistema Globo de Rádio e da Rede Globo de Televisão começou a nascer em 1968.

O diretor geral da rádio na época Mário Luiz e o narrador esportivo Waldir Amaral, procuravam dar uma dinâmica maior às transmissões de futebol da Rádio Globo, para dar uma estética mais alegre e um "toque de show" nas mesmas. E nessa época, o cantor paraguaio Fábio Rolon gravou a lendária vinheta "Rádio Globooooooooooo!", que ficou no ar por 4 décadas, saindo do ar apenas em meados de 2009.

Chegada a época das Eliminatórias da Copa do Mundo de 1970, Waldir Amaral e Mário Luiz pediram à Edmo Zarife e ao técnico de som José Cláudio Barbedo, o Formiga, que fizessem um grito de guerra para levar a Seleção Brasileira à frente.

Assim, Edmo Zarife e Formiga ficaram duas horas dentro do estúdio, gravando em uma fita várias frases e bordões. E ouvindo a fita, depois de toda gravada, Formiga, com seu conhecimento no assunto e sua técnica apurada, após ouvir o "Brasil-Sil-Sil!", apontou e disse: "Zarife, é essa!". Em seguida, os dois resolveram ouvir aquela parte por umas 30 vezes. E assim, nasceu a vinheta "Brasil-Sil-Sil!".

Depoimento

A correria do fim de ano não me permitiu uma palavra sobre Edmo Zarife, da Rádio Globo, que partiu para o Reino dos Esplendores ao ver raiar o milênio.
Aquele "Brasil-Sil-Sil!", arte sonora viva na memória emotiva do País, expressão sintética da emoção do gol, é um grito de felicidade nacional. É a melhor forma até hoje encontrada de dizer muito numa só palavra. Ela só foi possível pela existência de uma categoria profissional importantíssima – o locutor – que, há muito tempo, é esquecida pela imprensa e desprestigiada pelo próprio meio que dela se utiliza: o rádio.
O locutor é profissional de especializadíssima função a quem se paga baixos salários e hoje está ameaçado de desaparecer do rádio e da TV, substituído muitas vezes por pessoas de pobre expressão oral, dicção péssima sem qualquer noção de califasia, que é arte do falar eufônico agradável e belo. Trata-se de matéria tão importante que deveria ser ensinada na aula de comunicação e expressão, mas nunca foi. A meu tempo estudávamos caligrafia. Hoje nem isso. O resultado é a fala torpe, grosseira e mal conduzida, com voz fora do lugar, deglutição de letras e sílabas e som horroroso.
O locutor é profissional que repõe a qualidade e a elegância do falar como forma de expressar alguma estesia de alma. O mais importante é que assim se preserva um idioma. Falo portanto de matéria seriíssima. Felizmente ainda há por aí magníficos locutores e locutoras no rádio e na televisão. Mas escasseiam. Na TV, desde que substituíram locutores por jornalistas, a função indispensável de ler com segurança (e sem caras e bocas opinativas...) está desaparecendo. Reparem que o apresentador, a meu ver padrão, o William Bonner, não é bom só por ser jornalista. É bom por ser um ótimo locutor também, observem-lhe a voz, a tranqüilidade na emissão, a dicção perfeita.
Mas estou a falar do Zarife, do bom e generoso Zarife, apaixonado como eu por gatos (quantas vezes conversamos sobre isso no boteco ao lado da Rádio Globo). Acima de tudo, ele mostrou a importância do bom locutor para qualquer rádio. Como voz padrão da Globo, marcou-lhe as chamadas, os prefixos dos programas, os eventos. O metal magnífico de sua voz (eu lhe dizia que ele e o Haroldo de Andrade nasceram com um som estereofônico nas cordas vocais) ajustou-se maravilhosamente à trepidação das rádios AM, rádios de mobilização do ouvinte.
Grande Zarife! Com ele, morre um pouco mais a profissão já agonizante do locutor, o herói quase anônimo das emissoras de rádio, das propagandas, das leituras e narrações dos documentários. Profissão que lhe honrou e dignificou.

(Senador Artur da Távola 12/01/2000)

Fonte: Wikipédia

Moraes Sarmento

RUBENS SARMENTO
(75 anos)
Radialista, Locutor e Apresentador de TV

* Campinas, SP (14/12/1922)
+ São Paulo, SP (22/03/1998)

Moraes Sarmento nasceu em Campinas, SP no dia 14/12/1922 onde iniciou a carreira de radialista em 1937, na Rádio Educadora. Teve a primeira experiência como locutor em serviços de alto-falantes da cidade. Mas foi em Uberlândia, MG, que, aos 16 anos de idade, em 1941, trabalhou como locutor profissional.

Na década de 40 atuou em diversas cidades do interior de São Paulo como São José do Rio Preto, Araçatuba, entre outras. Nesse período, ia constantemente a São Paulo tentar a sorte em alguma emissora, até que em 1944, pelas mãos de Roberto Côrte-Real, ingressou na Rádio Cultura, cujos estúdios ficavam na Avenida São João. Ali, com a experiência adquirida em Campinas, em programas de auditório, passou a comandar o famoso programa da época, "Cirquinho do Simplício".

Foi incentivado por Manuel de Nóbrega de quem se tornou secretário particular.

Wilma Santochi Sarmento e Moraes Sarmento
Esta é a ultima foto dos dois, quando ele recebeu o Titulo de Cidadão Paulistano
Moraes Sarmento tornou-se cidadão honorário das cidades paulistas de Atibaia, Brotas, Osasco, Tatuí, Torrinha, recentemente Cidadão Paulistano, e Ouro Fino, em Minas Gerais.

Após um período de muito sucesso na Rádio Cultura, esteve no Rio de Janeiro onde atuou na Rádio Tamoio e na Rádio Tupi. Retornou a São Paulo para ficar, por nove anos, na antiga Rádio São Paulo.

Foi porém a partir de maio de 1958 que, atendendo a convite, ingressou na Rádio Bandeirantes, onde, por 22 anos consecutivos, teve um programa que levava seu nome, no qual pode realizar aquilo que sempre almejou: irradiar, essencialmente, a música brasileira, preservando de forma singular, a memória  musical de nossa terra. Nesse programa, teve também a oportunidade de lutar pela preservação da fauna e flora do nosso país, sendo por isso, agraciado com a Comenda e Medalha Marechal Rondon e Couto de Magalhães pela Sociedade Geográfica Brasileira.

Moraes Sarmento com Dorival Caymi na Rádio Bandeirantes
Por sua luta pela preservação de bandas de música, despertou a atenção de prefeitos de inúmeras cidades do interior paulista, incentivando-os com a construção  de coretos em praças públicas locais.

Foi presidente da Federação das Escolas de Samba de São Paulo, oportunidade em que organizou grande desfile de escolas de samba no Anhangabaú. O sucesso do evento foi tão grande que, o então prefeito Faria Lima, em 1967, através de decreto, resolveu oficializar o carnaval de São Paulo.

Foi presidente da Associação de Amparo aos Animais, sendo, em sua gestão construída a sede própria da entidade.

Moraes Sarmento recebeu vários troféus, entre os quais o Prêmio Roquette Pinto, por duas vezes, e o Prêmio Governador do Estado, tendo como justificativa o melhor programa de música brasileira e a preservação da memória musical do país.

O ex-governador Laudo Natel, Moraes Sarmento e Nelson Goncalves no seu programa da Radio Bandeirantes
Em 1996, em seu programa na Rádio Bandeirantes, fez memorável campanha visando homenagear o cantor Vicente Celestino com um disco de ouro que pesava cerca de meio quilo. A entrega do disco foi feita em famoso programa da TV Record, ao qual compareceram grandes cantores da época como Orlando Silva, Carlos Galhardo, Gilberto Alves, Osny Silva, Cyro Monteiro, Elizeth Cardoso, os quais costumava prestigiar em seu programa.

Moraes Sarmento esteve no ar por 60 anos, sempre prestigiando nossos grandes cantores e a música popular brasileira em sua fase de ouro.

Durante 11 anos consecutivos apresentou, na TV Cultura, o programa "Viola Minha Viola".

Em 1987, recebeu aquela que considerava ser sua maior homenagem: Participou em carro aberto no desfile de carnaval e teve sua vida contada e cantada no samba enredo da Escola de Samba Mocidade Alegre.

Moraes Sarmento foi fundador da Lira Musical Pedro Salgado, nome que homenageia o grande compositor de músicas específicas para banda de música. Apresentou também, com grande sucesso, na TV Tupi, o programa "Praça Moraes Sarmento".

Na Rádio Bandeirantes, além de seu programa noturno, que durou 22 anos, lançou "Almoço à Brasileira" com audiência absoluta no horário, ocasião em que reabilitou o samba, em franca decadência na época.

Moraes Sarmento foi casado com Wilma Santochi Sarmento e teve uma filha chamada Marisa Sarmento Edwards. Era avô de Marcelo e Gabriela, e bisavô de Victor, Marina, Luccas e David Miguel.

Moraes Sarmento faleceu em São Paulo, no dia 22/03/1998, vítima de um aneurisma abdominal.

Fonte: Registros de família gentilmente cedidos por Marisa Sarmento Edwards.