Ruth Escobar

MARIA RUTH DOS SANTOS ESCOBAR
(82 anos)
Atriz, Produtora Cultural e Empresária

☼ Porto, Portugal (31/03/1935)
┼ São Paulo, SP (05/10/2017)

Maria Ruth dos Santos Escobar foi uma atriz e produtora cultural luso-brasileira, nascida na cidade do Porto, norte de Portugal, no dia 31/03/1935.

Tornou-se uma atriz de destaque e uma das mais importantes produtoras culturais do Brasil e destacada personalidade do teatro brasileiro, empreendedora de muitos projetos culturais especialmente comprometidos com a vanguarda artística.

Nascida numa família pobre, aos 16 anos, em 1951, emigrou com sua mãe, Marília do Carmo, para o Brasil. Casou-se com o filósofo e dramaturgo Carlos Henrique Escobar, e juntos, em 1958, partiram para a França, onde Ruth fez cursos de interpretação. Ao retornar ao Brasil, montou companhia própria, a Novo Teatro, em parceria com o diretor Alberto D'Aversa.

Protagonizou "Antígone América", texto de seu marido, em 1962, após algumas experiências de palco, como "Mãe Coragem e Seus Filhos", de Bertolt Brecht, em 1960, e "Males da Juventude", de Ferdinand Bruckner, em 1961, ambas dirigidas por Alberto D'Aversa.

No mesmo ano que estreia "Antígone América", seu casamento com Carlos Henrique Escobar se desfaz. Ao mesmo tempo começa a reunir recursos para financiamento do seu teatro.

Em 1964, decide fazer teatro popular e adapta um ônibus, transformando-o em palco, para levar espetáculos à periferia de São Paulo, iniciativa que recebeu o nome de Teatro Popular Nacional. Por essa nova experiência teatral passaram Antônio Abujamra, que dirigiu "A Pena e a Lei", de Ariano Suassuna e Silnei Siqueira, que encenou "As Desgraças de uma Criança", de Martins Pena, entre outros. As atividades do Teatro Popular Nacional se encerraram em 1965.

Inauguração do Teatro Ruth Escobar

Ainda em 1964, Ruth Escobar inaugurou seu próprio teatro, que recebeu o seu nome, situado no bairro da Bela Vista, na cidade de São Paulo.

Separou-se do primeiro marido e casou-se com o arquiteto Wladimir Pereira Cardoso, que se tornou cenógrafo das produções da companhia. Entre outras, são encenadas em seu teatro a "A Ópera dos Três Vinténs", de Bertolt Brecht e Kurt Weill, com direção de José Renato, em 1964, "O Casamento do Sr. Mississipi", de Dürrenmatt, dirigida por Jô Soares, em 1965, "As Fúrias de Rafael Alberti", outra encenação de Antônio Abujamra, em 1966, "O Versátil Mr. Sloane", de Joe Orton, sob a direção de Antônio Ghigonetto, em 1967, e "Lisístrata", de Aristófanes, encenação de Maurice Vaneau, em 1968.

Em 1968, com a vinda para o Brasil do diretor argentino Victor García, convidado para a montagem de "Cemitério de Automóveis", adaptação do próprio Victor García para a obra de Fernando Arrabal, uma antiga garagem na rua Treze de Maio foi totalmente remodelada. A encenação destacou Ruth Escobar como atriz e produtora.

Seu prestígio aumentou, em 1969, com a produção de "O Balcão", de Jean Genet, encenada por Victor Garcia, cenografada por Wladimir Pereira Cardoso. A produção arrebatou todos os prêmios importantes do ano, e Ruth Escobar foi agraciada com o Troféu Roquette Pinto para a personalidade do ano.

Polêmicas sempre cercaram a atriz e produtora. Uma delas ocorreu em 1972, quando produziu "Missa Leiga", de Chico de Assis, direção de Ademar Guerra, e foi proibida de utilizar a Igreja da Consolação como palco e foi montada numa fábrica.

Nos anos subsequentes, Ruth Escobar ficou à frente do Centro Latino-Americano de Criatividade, projeto abortado por falta de recursos, e centralizou no seu teatro importantes manifestações contra o Regime Militar, inclusive a fundação do Comitê da Anistia Internacional.

Ruth Escobar, 1982
Festival Internacional de Teatro

Com o I Festival Internacional de Teatro, em 1974, Ruth Escobar passou a apresentar periodicamente em São Paulo o melhor da produção cênica mundial. A cidade pôde conhecer, entre outros, o trabalho de Bob Wilson, "Time And Life Of Joseph Stalin", que a censura obrigou a mudar para "Time And Life Of David Clark", a premiada montagem de "Yerma", por Victor García, com Nuria Espert, além dos encenadores Andrei Serban e Jerzy Grotowski.

Em 1974, centralizou a produção para circuito internacional de "Autos Sacramentales", outra encenação de Victor García baseada em "Calderón de La Barca". Depois de estrear em Shiraz, no Irã, a realização teve êxito na Bienal de Veneza, em Londres e em Portugal.

Em 1976, outro projeto de fôlego, a Feira Brasileira de Opinião, reuniu textos dos mais destacados dramaturgos da época, mas foi interditado pela Censura, o que obrigou Ruth Escobar a arcar com os prejuízos da montagem em andamento.

No II Festival Internacional de Teatro, de 1976, chegaram ao país o grupo catalão Els Joglars, com "Allias Serralonga", os City Players, do Irã, com uma inusitada montagem de "Calígula", de Albert Camus, a companhia Hamada Zenya Gekijo, do Japão, o grupo G. Belli, da Itália, com "Pranzo di Famiglia", dirigida por Tinto Brass, entre outros.

Ruth Escobar, 2001
Volta à Cena e Outras Produções

Em 1977, Ruth Escobar resolveu voltar à cena. Para interpretar a exasperada Ilídia de "A Torre de Babel", trouxe a São Paulo o autor Fernando Arrabal para dirigi-la.

Produziu "A Revista do Henfil", de Henfil e Oswaldo Mendes, sob a direção de Ademar Guerra, em 1978.

Em 1979, voltou à cena em "Caixa de Cimento", encenação do argentino Juan Uviedo. Ainda em 1979, produziu "Fábrica de Chocolate", texto de Mário Prata que aborda a tortura.

Entre as grandes atrações do III Festival Internacional de Teatro, em 1981, estavam o grupo norte-americano Mabu Mines, o belga Plan K, o La Cuadra, de Sevilha, além do uruguaio Galpón e do português A. Comuna.

Política e Últimos Festivais

Nos anos 1980, Ruth Escobar afastou-se parcialmente do teatro. Eleita deputada estadual para duas legislaturas, dedicou-se a projetos comunitários.

Em 1994, voltou aos festivais internacionais, então mais discretos, porém ampliando sua abrangência ao trazer grupos de teatro, de dança, de formas animadas ou aqueles que uniam todas essas linguagens, como o Aboriginal Islander Dance Theatre, o Bread And Puppet, o Cricot 2, os Dervixes Dançantes.

A quinta edição, de 1995, acentuou a forte tendência à diversificação ao trazer para o país a dança de Carlota Ikeda e o grupo japonês Dumb Type, o russo Lev Dodine com "Gaudeamus", Michell Picolli, entre outros.

Em 1996, Philippe Decouflé, o grupo Dong Gong Xi Gong, de Taiwan, e Josef Nadj foram os destaques da 6ª edição.

Em 1987, Ruth Escobar lançou "Maria Ruth - Uma Autobiografia", contando parte da sua trajetória, na qual a produção cultural se mescla, de modo indissolúvel, à sua atuação social, voltada sobretudo para o inconformismo com as regras estabelecidas.

Em 1990, retornou aos palcos, numa encenação de Gabriel Villela"Relações Perigosas", de Heiner Müller.

Entre 1994 e 1997, voltou a produzir festivais internacionais, com o nome Festival Internacional de Artes Cênicas.

Em 1998 recebeu, do governo francês, a condecoração da Legião de Honra.

Em 2001, criou uma versão de "Os Lusíadas", de Camões, seu último trabalho nos palcos, como produtora.

Alzheimer e Patrimônio

Em 2000, Ruth Escobar foi diagnosticada com a Doença de Alzheimer, que, ao longo dos anos, se intensificou e atingiu nível avançado, comprometendo sua memória e toda sua atividade profissional.

Em 2006, sua filha Patrícia Escobar conseguiu interditar na justiça o patrimônio de Ruth, que passou a ser gerido por um escritório de advocacia.

Em 2011, Inês Cardoso, outra de suas filhas, fez uma carta aberta como pedido de ajuda ao expor o fato da mãe não ter plano de saúde e estar em situação de abandono médico. A filha ainda denunciou que o escritório não estaria cuidando devidamente do patrimônio, que inclui algumas casas e também o acervo pessoal da artista, com documentos históricos do moderno teatro brasileiro. Nelson Aguiar, outro filho de Ruth Escobar, culpa a irmã Patrícia pela escolha da interdição que ocasionou a má administração do legado.

Morte

Ruth Escobar faleceu na tarde de quinta-feira, 05/10/2017, aos 82 anos, informou a Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (APETESP), organização que é proprietária do Teatro Ruth Escobar. Ela faleceu entre 13h30 e 14h00, no Hospital 9 de Julho, na Bela Vista.

Ruth sofria de Alzheimer e estava internada havia um mês no Hospital Nove de Julho. Ela deixa quatro filhos, um quinto já morreu.

O velório começou a ser realizado na tarde de quinta-feira, 05/10/2017, no próprio teatro. O local do enterro não foi confirmado, mas deve começar às 11h00 de sexta-feira, 06/10/2017.

Ruth Escobar, 2001
Trabalhos

Como Intérprete
  • 1959 - Festival Branco e Preto (Também Diretora)
  • 1960 - Mãe Coragem
  • 1961 - Os Males da Juventude
  • 1962 - Antígone América
  • 1964 - A Ópera dos Três Vinténs
  • 1964 - A Farsa do Mestre Patelin
  • 1964 - As Desgraças de Uma Criança
  • 1965 - Soraia Posto 2
  • 1965 - Histórias do Brasil
  • 1965 - O Casamento do Senhor Mississipi
  • 1966 - As Fúrias
  • 1966 - Os Trinta Milhões do Americano
  • 1967 - O Estranho Casal
  • 1967 - O Versátil Mr. Sloane
  • 1968 - Roda Viva
  • 1968 - Cemitério de Automóveis
  • 1968 - Lisístrata
  • 1968 - Os Sete Gatinhos
  • 1969 - O Balcão
  • 1969 - Romeu e Julieta
  • 1969 - Os Monstros
  • 1971 - Os Dois Cavaleiros de Verona
  • 1972 - A Massagem
  • 1974 - Capoeiras da Bahia
  • 1974 - I Festival Internacional de Teatro
  • 1976 - II Festival Internacional de Teatro
  • 1977 - Torre de Babel
  • 1978 - Revista do Henfil
  • 1979 - Fábrica de Chocolate
  • 1979 - Caixa de Cimento
  • 1981 - III Festival Internacional de Teatro
  • 1982 - Irmã Maria Ignácio Explica Tudo
  • 1989 - Relações Perigosas
  • 1994 - IV Festival Internacional de Artes Cênicas
  • 1995 - V Festival Internacional de Artes Cênicas
  • 1996 - VI Festival Internacional de Artes Cênicas
  • 1997 - VII Festival Internacional de Artes Cênicas
  • 1999 - VIII Festival Internacional de Artes Cênicas

Como Produtora
  • 1959 - Festival Branco e Preto
  • 1960 - Antígone América
  • 1964 - A Pena e a Lei
  • 1964 - A Ópera dos Três Vinténs
  • 1964 - As Desgraças de Uma Criança
  • 1966 - As Fúrias
  • 1967 - O Estranho Casal
  • 1967 - O Versátil Mr. Sloane
  • 1968 - Cemitério de Automóveis
  • 1968 - Os Sete Gatinhos
  • 1968 - Roda Viva
  • 1969 - O Balcão
  • 1969 - Romeu e Julieta
  • 1969 - Os Monstros
  • 1970 - Cemitério de Automóveis
  • 1972 - Missa Leiga
  • 1972 - A Massagem
  • 1972 - A Viagem
  • 1973 - Missa Leiga
  • 1974 - Autos Sacramentais
  • 1974 - Capoeiras da Bahia
  • 1974 - I Festival Internacional de Teatro
  • 1976 - II Festival Internacional de Teatro
  • 1978 - Revista do Henfil
  • 1979 - Fábrica de Chocolate
  • 1979 - Caixa de Cimento
  • 1981 - III Festival Internacional de Teatro
  • 1982 - Irmã Maria Ignácio Explica Tudo
  • 1989 - Relações Perigosas
  • 1994 - IV Festival Internacional de Artes Cênicas
  • 1995 - V Festival Internacional de Artes Cênicas
  • 1996 - VI Festival Internacional de Artes Cênicas
  • 1997 - VII Festival Internacional de Artes Cênicas
  • 1999 - VIII Festival Internacional de Artes Cênicas
  • 2001 - Os Lusíadas

Fonte: Wikipédia e Veja
#FamososQuePartiram #RuthEscobar

Lúcia Garófalo

LÚCIA GAROFALO
(72 anos)
Jornalista, Radialista e Empresária

☼ São Jose do Rio Preto, SP (10/02/1945)
┼ Brasília, DF (23/09/2017)

Lúcia Garófalo foi uma jornalista e empresária brasileira nascida em São José do Rio Peto, SP, no dia 10/02/1945.

Menina do interior, nascida na cidade de São Jose do Rio Preto, SP, logo cedo despertou o interesse pela Educação. Apaixonada pelo dom de educar, formou-se em Pedagogia e em São Paulo trabalhou por anos com muita paixão.

Interessada na carreira diplomática, já em Brasília, cursou a Faculdade de Direito na Universidade de Brasília (UNB), onde tornou-se Bacharel e onde exerceu pouco a profissão, porém conheceu grandes professores e amigos.

Por influências e a atração na área da Comunicação Social, se formou também em Jornalismo na Universidade de Brasília (UNB). Foi uma das fundadoras do PRODASEN por acreditar no poder revolucionário da informática, que conforme dizia o Ministro Pereira Lira, seu amigo e professor, achavam que a informática na jurisprudência iria comandar o mundo.


Ganhadora de várias medalhas de Honra ao Mérito e diplomas pela sua fidelidade e perseverança à cultura Brasiliense, fundou em 1980, juntamente com seu esposo o jornalista Mário Garófalo, a Brasília Super Rádio FM.

Acompanhou todos os passos da empresa deste a licitação à concessão da emissora, a instalação dos equipamentos, a emoção da entrada no ar, a entusiástica reação dos primeiros ouvintes, sendo a única emissora do mundo, com exceção da Rádio Vaticano, a ter sido inaugurada por um Papa, João Paulo II, quando esteve em Brasília, no dia 30/06/1980.

Após o falecimento, em 27/09/2004, do saudoso Mário Garófalo, com quem viveu por 28 anos, Lúcia Garófalo manteve a atividade profissional como apresentadora, diretora, locutora e produtora da Brasília Super Rádio FM, incluindo o tradicional programa "Um Piano Ao Cair Da Noite". Entre os ouvintes, a radialista era famosa pelo bordão "A diferença é a música!".

Lúcia Garófalo surpreendeu a todos que achavam que a emissora iria desaparecer após a partida do seu criador Mário Garófalo.

Morte

Lúcia Garófalo faleceu na noite de sábado, 23/09/2017, aos 72 anos. Segundo familiares, Lúcia Garófalo lutava contra um câncer diagnosticado há dois anos. O comunicado foi transmitido em tom emocionado pela rádio na qual ela trabalhou por 37 anos, em nome da equipe e da família.
"Esta voz que, diariamente ao longo de 37 anos, embalou e despertou o sono da capital do Brasil, emudeceu-se. Os familiares e a equipe da Brasília Super Rádio FM, a emissora da música diferente, pesarosamente, comunicam ao nosso estimado público ouvinte e parceiros o falecimento de Lúcia Garófalo, ocorrido na noite deste sábado de primavera!"
O velório ocorreu na segunda-feira, 25/09/2017, a partir das 8h00, no cemitério Campo da Esperança, na capela 7, em Brasília, DF, e o sepultamento às 11h30.

Lourenço

LOURENÇO OLEGÁRIO DOS SANTOS FILHO
(61 anos)
Cantor e Compositor

☼ Recife, PE (17/11/1955)
┼ Rio de Janeiro, RJ (01/10/2017)

Lourenço Olegário dos Santos Filho, mais conhecido por Lourenço, foi um cantor e compositor brasileiro, nascido em Recife, PE, no dia 17/11/1955.

Aos 16 anos mudou-se com a família para o Estado do Rio de Janeiro. Inicialmente foi morar na cidade de Petrópolis, logo depois transferiu-se para o bairro de Bangú, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Lourenço integrou a Ala de Compositores da Tradição.

No início dos anos 80 passou a cantar em bailes na quadra da Portela.

Em 1982, quando conheceu a cantora Alcione, ela o convidou para ser integrante da Banda do Sol, no qual permaneceu por dez anos.

Em 1986, Alcione incluiu de sua autoria em parceria com o médico e compositor Franco, "Fruto e Raiz", composição que deu nome ao disco da cantora.

Em 1987, no LP "Ouro e Cobre", Alcione interpretou "Machucou", (Lourenço, Marley e Marques).

Em 1989, Dominguinhos do Estácio, no disco "Gosto de Festa", pela RGE, gravou "Apego" (Lourenço). Nesta música, o compositor fez uma participação especial.


Em 1990, em seu disco "Coisa Sentimental", Reinaldo interpretou "Gafieira" (Lourenço e Adilson Victor).

Em 1991, Almir Guineto, em seu disco "De Bem Com a Vida", pela RGE, gravou "Mulher, Sempre Mulher" (Lourenço, Carlos SennaAlmir Guineto, Teteu e J. Laureano).

Na década de 1990 vários grupos gravaram suas composições:

"Doidinha Por Meu Samba", "Mundo Lindo" (Molejo); 
"Armadilha" (Exaltasamba); 
"Maré Mansa" (Asa de Águia); 
"Mineirinho" (Só Pra Contrariar); 

Lourenço também se destacou no Carnaval, sendo autor de seis sambas da Escola de Samba Tradição, quatro deles de forma consecutiva no início dos anos 2000 ao lado de Adalto Magalha. Os mais famosos são "Passarinho, Passarola, Quero Ver Voar" (1994), "Liberdade! Sou Negro, Raça e Tradição" (2000), puxado por Wantuir, e "O Homem do Baú - Hoje é Domingo, é Alegria, Vamos Sorrir e Cantar!" que homenageou Silvio Santos em 2001.


Lourenço também foi intérprete da Tradição em 2004, quando defendeu a reedição de "Contos de Areia", originalmente apresentado pela Portela em 1984.

Em 2002, outra vez em parceria com Adalto Magalha, a escola Tradição desfilou com o samba-enredo "Os Encantos da Costa do Sol". Neste mesmo ano, o grupo Pique Novo, no disco "Ao Vivo 10 Anos" (Sony Music) incluiu de sua autoria "Amor Oriental" (Lourenço e Ronaldo Barcellos).

Em 2003, compôs com Adalto Magalha o samba-enredo "O Brasil é Penta - R é 9 - o Fenômeno Iluminado", com o qual a Tradição desfilou no carnaval. Neste mesmo ano Ivete Sangalo interpretou de sua autoria "Sorte Grande" no CD "Clube Carnavalesco Inocentes em Progresso". A faixa ficou mais conhecida pelo nome "Poeira" e logo tornou-se um sucesso nacional, sempre cantada em diversos estádios de futebol, assim como em quase todas as emissoras de rádio e TV do país. A música bateu o recorde de em agosto de 2003 quando foi executada 310 vezes em apenas 12 horas.

Entre seus vários intérpretes está Elza Soares em "Mais Uma Vez" (Lourenço e Carlos Dafé) e ainda o grupo Molejo em "Mundo Lindo".

Lourenço participou em shows de bandas musicais, entre eles, Copa Sete, Chanell, Brasil Show e Banda Devaneios

Morte

Lourenço faleceu no domingo, 01/10/2017, aos 61 anos no Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Lourenço faleceu vítima de insuficiência cardíaca após sofrer de pneumonia e anemia.

Ele deixa mulher, duas filhas e dois netos.

Lourenço foi velado na segunda-feira, 02/10/2017, na Capela 3 do Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e o sepultamento às 16h00.

Discografia

  • 1989 - Gosto de Festa (RGE, LP)

Indicação: Miguel Sampaio
#FamososQuePartiram #Lourenco

Mário Fava

GIUSEPPE MÁRIO FAVA
(93 anos)
Mecânico

☼ Bariri, SP (24/01/1907)
┼ Rio de Janeiro, RJ (10/01/2000)

Giuseppe Mário Fava foi um mecânico brasileiro nascido em Bariri, SP, em 1907, filho de imigrantes italianos.

Habilidoso mecânico, em 1928, viveu grande aventura integrando durante 10 anos a equipe da Expedição Brasileira para a construção da estrada que interligaria as três Américas: a Carretera Panamericana.

Após retornar ao Brasil, como homenagem pelo grande feito, uma via pública no Rio de Janeiro recebeu o nome de sua cidade natal: a Rua Bariri.

Seu conhecimento como mecânico foi ponto determinante para o sucesso da viagem.

Ajudou a abrir a estrada Belém-Brasília e a fundar várias cidades no estado de Goiás. Na década de 50, pilotando um trator de esteira, iniciou a terraplanagem de Brasília. Na década de 60, foi o pioneiro no ramo de recauchutagem de pneus na cidade de Paranavaí, no Paraná.

Esta espetacular história foi contada em dois livros: "Eu Não Sabia Que Era Tão Longe", do escritor Baririense Osni Ferrari e "O Brasil Através das Três Américas", do escritor Beto Braga.

Os três aventureiros: Giuseppe Mário Fava (à esquerda), Leônidas Borges de Oliveira (ao centro) e Francisco Lopes da Cruz (à direita)
Carretera Panamericana
A Viagem Que Pretendia Unir As Américas

Em 1928, pilotando um Ford Modelo T, o popular Ford Bigode, e uma caminhonete, 3 homens saíram do Brasil rumo aos Estados Unidos. Inspirados pelo sonho do pan-americanismo, queriam provar que era possível unir as Américas nem que fosse por meio de uma rodovia.

Saíram do Brasil rumo aos Estados Unidos para cruzar 15 países e percorrer 28 mil km. Seu sonho era unir as três Américas ao rasgar uma estrada entre elas. A missão logo se mostraria muito mais dura, sofrida e perigosa do que eles podiam imaginar.

Ainda em território brasileiro, estavam perdidos havia dias no Pantanal Matogrossense, uma onça atacou 3 cães que caminhavam ao lado daquele estranho objeto sobre rodas. O mecânico Mario Fava, um dos integrantes do trio de aventureiros, atirou no animal. Mesmo ferido, o felino saltou sobre ele e o derrubou. Seu amigo Francisco, com o auxílio de um dos 5 índios que os ajudavam a sair da mata, cravou um facão no crânio do bicho. Atordoada, a onça agora era presa fácil para os cães, que a mataram e comeram. Essa foi só uma das muitas aventuras da comitiva.

A ideia da rodovia surgiu em 1923, na 5ª Conferência Internacional dos Estados Americanos, no Chile. Passados 5 anos da reunião, porém, o projeto ainda era considerado impossível. O tenente do Exército Leônidas Borges de Oliveira decidiu provar que era viável, sim, a construção da Carretera Panamericana, como seria chamada a futura obra. Para ajudá-lo, convidou o oficial da Aeronáutica Francisco Lopes da Cruz, amigo que sabia tudo de engenharia. Quando a dupla passou pela região de Pederneiras, SP, o mecânico Mário Fava, que sonhava conhecer os Estados Unidos, ofereceu-se para acompanhá-los.

A façanha é contada pelo historiador Beto Braga no livro "O Brasil Através das Três Américas". Ele soube do episódio em 1998, quando morava na Bolívia e conheceu o filho do comandante Oliveira, que lhe mostrou anotações feitas pelo pai. "Foram 8 anos de pesquisas para o livro", diz o autor.

Mario Fava, Passaporte
A expedição teve apoio financeiro do presidente Washington Luís e patrocínio do jornal O Globo, que doou o carro ao grupo. Batizado de Brasil, o Ford T saiu do Rio de Janeiro no dia 16/04/1928, aplaudido por uma multidão.

Em São Paulo, os expedicionários ganharam um reforço: a caminhonete Modelo T, presenteada pelo Jornal do Commercio. O automóvel recebeu o apelido de São Paulo. O primeiro contratempo viria em Bauru, SP: O dinheiro, fotos, documentos e a ata da viagem foram roubados. No Mato Grosso, deram de cara com a tal onça-pintada. Quase um ano depois da partida, alcançaram a fronteira paraguaia. Dos 2652 km percorridos até lá, mais da metade era de trilhas e picadas.

O Paraguai vivia um momento de forte tensão com a Bolívia. Havia uma disputa pela região do Chaco que se estendia desde a época colonial. A fronteira entre os dois países passava por ali e não era bem definida. A descoberta de gás e petróleo na Bolívia resultaria, 4 anos depois, na guerra mais sangrenta da América no século 20, a Guerra do Chaco. Mesmo no centro desse furacão, o presidente paraguaio, José Guggiari, encontrou-se com os brasileiros e os declarou hóspedes de honra.

Recepções com pompa e circunstância, aliás, se repetiram em muitos lugares. Eram acolhidos com festa por autoridades e moradores. Muitos ajudavam na tarefa de abrir caminhos - alguns por vontade própria e outros recrutados pelos Exércitos locais. No Peru, o trio encarou um obstáculo colossal: a cordilheira dos Andes. Lá, Mário Fava mostrou ser um sujeito de sorte, pois escapou duas vezes da morte. No dia 21/10/1929, São Paulo caiu num abismo e ele só sobreviveu porque o automóvel, na queda, ficou preso em uma árvore. Oito dias depois, enquanto a Bolsa de Nova York despencava, o carro Brasil também ia precipício abaixo. E o mecânico escapou por pouco outra vez.

Beto Braga considera Mário Fava o grande herói da expedição. Graças a seus conhecimentos, mantinha os carros funcionando mesmo na base do improviso. Na Bolívia, por falta de álcool (combustível do Ford T), o carro foi abastecido com uma bebida indígena feita de milho. Na Colômbia, encheram os pneus desgastados com capim - o que provocou outro acidente que quase esmagou Mário Fava. O "Intrépido Mecânico", como era chamado pela imprensa, também tinha talento de conquistador e teria se envolvido com inúmeras mulheres durante a jornada.

Carteira de Habilitação de Mario Fava emitida pela delegacia de polícia de Pederneiras em 1927.
Enquanto o grupo passava pelo Equador, recebeu a notícia de que Getúlio Vargas assumira o poder, com a Revolução de 1930. No Panamá, os carros foram desmontados para cruzar os rios. Os viajantes viram, espantados, índios loiros de olhos azuis (homens albinos da tribo dos cunas), encontraram a delegação olímpica brasileira a caminho de Los Angeles e souberam que, no Brasil, São Paulo tentava derrubar Getúlio Vargas e promulgar uma nova Constituição, era a Revolução Constitucionalista de 1932.

Na Nicarágua, o grupo se encontrou com o guerrilheiro Augusto Sandino. O líder popular pretendia derrotar a ditadura da família Somoza. Mas havia firmado um acordo com o governo e entregara grande parte de suas armas. Vítima de uma armadilha, foi executado. Os brasileiros tiraram a última foto do revolucionário, dois dias antes de sua morte.

Já durante a passagem pelo México, o comandante Oliveira se apaixonou pela médica Maria Buenaventura Gonzáles, que seria sua companheira por toda a vida. Enquanto isso, em 1935, o Movimento Comunista, liderado por Luís Carlos Prestes, ganhava força no Brasil. Mas não o suficiente para derrubar Getúlio Vargas.

A ditadura se instaurava no Brasil à medida que os expedicionários cruzavam os Estados Unidos. Lá, o grupo se encontrou com Henry Ford, que quis (mas não conseguiu) comprar os valentes carros Brasil e São Paulo para tê-los no acervo do museu de sua fábrica.

Em Cleveland, os brasileiros precisaram de uma autorização especial para dirigir, que foi assinada por Eliot Ness, o agente que prendeu Al Capone.

Em Washington, foram recebidos por Franklin Roosevelt. O presidente americano entregou uma carta de reconhecimento da nação à expedição. Durante os quase dois anos que passaram nos Estados Unidos, a intenção do grupo era persuadir governo e empresários a investir 100 milhões de dólares na construção da rodovia. Calculava-se que todo o trajeto da Carretera Panamericana custaria em torno de 500 milhões de dólares e os governos de cada país bancariam boa parte dos custos.

Convite de Mario Fava para a sessão do dia 24/11/1937 do Congresso dos Estados Unidos
Dez anos depois da saída do Brasil, os carros e o grupo voltaram de navio para casa. Reuniram-se com Getúlio Vargas, que lhes homenageou dando o nome da terra natal de cada integrante a ruas do Rio de Janeiro (Bariri, Descalvado e Florianópolis).

Leônidas foi nomeado cônsul privativo do Brasil na Bolívia e ocupou o cargo por mais de 20 anos. Mário Fava, um tempo depois, rumou para o norte, abrindo a estrada Belém-Brasília. O Ford Brasil está hoje no Museu dos Transportes, em São Paulo, e o São Paulo apodrece nos arredores do Museu do Ipiranga. Ainda que com trechos improvisados, já existe uma Carretera ligando o norte ao sul do continente, do Alasca à Patagônia, no sul do Chile. O primeiro país a concluir a obra foi o México, em 1950. O trecho da estrada que deveria ser construído no Brasil até hoje não saiu do papel.
"A intenção da expedição em unir as três Américas, como uma só nação, o verdadeiro espírito do pan-americanismo, antecede o Mercosul e outros acordos. A façanha dos expedicionários, mesmo valorizada na época, virando notícia de capa nos jornais, ficou no esquecimento!"
(Beto Braga)

Um ano depois de lançar "O Brasil Através das Três Américas", o escritor Beto Braga também refez o caminho da expedição pelas Três Américas com a mulher, Márcia, e os dois filhos, Caio e Renato. Em vez de calhambeques, a família viajou numa caminhonete Ford Excursion XLT munida de GPS e câmera GoPro. Os quatro saíram de Bauru, no interior de São Paulo, em 16/04/2011 - no aniversário de 83 anos da expedição - e passaram um ano na estrada. Entre 16/04/2011 e 20/04/2012, atravessaram 20 países, de Ushuaia, na Argentina, a Prudhoe Bay, no Alasca.
"Acrescentamos cinco países ao caminho original. Entre eles, o Chile pela importância da Carretera Panamericana no desenvolvimento do país; a Venezuela, que estava prevista no projeto inicial e foi um importante ramal a ser conectado na rodovia principal; e a República Dominicana, pelo convite do Instituto Panamericano de Geografia e História, órgão oficial da Organização dos Estados Americanos (OEA), para fazer a abertura da reunião do Conselho Diretivo em novembro de 2011."
83 anos depois, ainda há trechos que se mantêm como os descritos pelos expedicionários. Na região do Rio Atrato, da selva de Urabá e de El Darién, na divisa entre Colômbia e Panamá, ainda não foi construída a Carretera Panamericana.
"A principal diferença entre as nossas viagens é que eles fizeram história, e eu simplesmente tento resgatá-la!"
Convite de Mario Fava para visitar a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos no dia 20/12/1937
Resumo da Carretera Panamericana

Brasil

Ao som da Banda Marcial e do burburinho da multidão em frente à sede do jornal O Globo, no Rio de Janeiro, o tenente Oliveira, o engenheiro Lopes da Cruz e o mecânico Mario Fava partem em um Ford T no dia 16/04/1928 para descobrir, percorrer e projetar uma estrada que ligaria as Américas. A Expedição Brasileira de Estudos da Carretera Panamericana é recebida em Petrópolis pelo presidente Washington Luís. Em São Paulo, ganham uma caminhonete modelo T. No dia 02/02/1929, eles chegam ao último ponto do Brasil na rota, em Ponta Porã, PR.

Paraguai

Floresta no nordeste: Uma tempestade arranca do chão o rancho onde dormiam. Depois de 2 meses viajando dentro da mata, chegam a Villa Rica, cansados, barbudos, com infecção intestinal e febre.

Argentina

As rodovias eram boas e o país vivia uma expansão econômica, o que tornava a ligação entre Buenos Aires e a Carretera conveniente. São recebidos por ministros e têm 3 meses de tranquilidade.

Bolívia

Deslumbram-se com a Cordilheira dos Andes e com os animais da região. Veem de perto lhamas, vicunhas, alpacas e o gigante condor. Com a ajuda de cães que acompanham a excursão, caçam coelhos para comer.

Peru

Tablachaca: Mário Fava escapa por pouco de um acidente grave. Chegam doentes a Andahuailas. Após uma longa convalescença, seguem rumo à cordilheira. Levam 4 meses para atravessá-la.

Equador

Azuay: No dia 19/10/1930, desgovernado, o Ford Brasil rola 100m ribanceira abaixo. Mário Fava fica preso nas ferragens. O cachorro Tudor, que acompanhava o grupo, morre no acidente.

Colômbia

Picadas de insetos formam grandes feridas. Em Cali, o solo dos Andes destrói os pneus, que são enchidos com capim. Na selva de Urabá, os carros cruzam os rios desmontados.

Panamá

Colón: A expedição visita o canal do Panamá. Cidade do Panamá: O presidente, Ricardo Javané, fica impressionado com o fato de o grupo ter conseguido atravessar de carro a selva de Urabá, um feito inédito.

Nicarágua

Manágua: O líder guerrilheiro Augusto Sandino recebe a expedição na capital. Ele havia fechado um acordo de paz com o governo, mas foi vítima de uma armação em 21/02/1934 e morreu metralhado.

Honduras

Em apenas 8 dias, percorrem o trecho hondurenho, 187 km, que faria parte da futura Carretera Panamericana.

Guatemala

Cidade da Guatemala: Os carros são consertados e ganham pneus novos. O presidente, Jorge Ubico, lhes dá uma grande quantia em dinheiro.

México

Huixtla: São obrigados a atravessar rios sem pontes. Em San Jerônimo, Oliveira quase morre por causa de uma infecção intestinal. Na cordilheira do Oaxaca, o trajeto é aberto à custa de força física.

Estados Unidos

Austin: Apresentam o projeto ao prefeito e ao governador. Detroit: Henry Ford faz questão de conhecer os aventureiros e oferece um bom dinheiro para ter os carros Brasil e São Paulo no museu de sua fábrica. Oliveira, Mário Fava e Cruz recusam e seguem viagem. Washington, DC: Franklin Roosevelt reconhece a expedição em carta.

Mario Fava, 1925
Mário Fava Ganha Museu Com Seu Nome

Uma revista com o inventor Thomas Edison na capa foi o que fez o jovem Giuseppe Mário Fava querer ir para os Estados Unidos há quase um século. E a decidir, aos 21 anos, juntar-se à expedição automobilística, em junho de 1928. Quando Leônidas Borges de Oliveira e Francisco Lopes da Cruz lhe contaram que o plano era chegar até Nova York, o paulista de Bariri apaixonado por mecânica e eletricidade não teve dúvidas: Juntou suas roupas e as poucas ferramentas que tinha e se apresentou como o mecânico da aventura.

"Acredito que nem ele sabia, no início da viagem, a dimensão que teria seu feito. Esta é uma história que deve ser conhecida, reconhecida e lembrada por todo o Brasil, a América e, principalmente, pelos baririenses", diz Dinorá de Azevedo Lima Musegante, diretora de Educação, Cultura e Esporte da Prefeitura Municipal de Bariri, município na região de Jaú, a 330 quilômetros de São Paulo.

A cidade natal do mecânico, filho de imigrantes italianos, abriu em 13/12/2008 o Centro Educacional, Cultural e de Exposições Mário Fava, reinaugurado em 15/06/2016, após uma reforma. Segundo Dinorá, o espaço promove exposições, palestras, cursos, espetáculos de teatro, dança e música, além de exibição de filmes, formaturas e outros eventos.

O acervo é restrito: "Temos algumas fotos e cópias de cartas da expedição que foram impressas e organizadas numa exposição aberta à população. Mário Fava é um herói baririense e brasileiro, cujo feito é de grande importância para todo o continente americano", explica a diretora. Para a ex-prefeita Deolinda Marino, é preciso que cada baririense conheça a história de Mário Fava e reconheça, com orgulho, sua contribuição para os povos das três Américas. "Foi uma história de coragem, ousadia e perseverança, em busca de um ideal."

Até dar nome ao centro cultural, porém, o mecânico era um ilustre desconhecido na cidade. Além de ter saído jovem dali e passado dez anos na viagem do Rio de Janeiro a Nova York, depois de voltar ao Brasil ele retornou pouco à terra natal.

"Ele voltou a Bariri em junho de 1939 para visitar a família e depois sumiu pelo interior do Brasil", conta o escritor e engenheiro civil Osni Ferrari, autor do livro "Eu Não Sabia Que Era Tão Longe" (City Gráfica, 2011, 270 páginas), que resgata a epopeia americana.

Nascido em Bariri, Osni Ferrari conta que seu interesse pela história surgiu no começo de 2006, quando, assistindo a uma reportagem do Jornal Nacional, na TV Globo, ouviu o nome de sua cidade natal num trecho da Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião, de Francis Hime, Geraldo Carneiro e Paulo Cesar Pinheiro. Descobriu que se referia à rua do campo do time do Olaria e que o nome havia sido dado pelo presidente Getúlio Vargas em homenagem a um baririense que havia feito uma viagem histórica muitas décadas atrás.

O escritor-engenheiro lembra que um amigo professor de história já havia lhe falado sobre a aventura, mas teve dificuldade em encontrar mais informações. Até que, pela internet, chegou até o também escritor Beto Braga, que lhe deu mais detalhes sobre Mário Fava e os outros expedicionários.

Em seu livro, inspirado no filme Titanic, Osni Ferrari mistura registros históricos a diálogos de ficção. Hoje morador de Hortolândia, também no interior paulista, ele conta que mantém forte ligação com Bariri e já deu várias palestras sobre Mário Fava em escolas da cidade. "Para que a história de Mário Fava não morra de novo, é preciso contá-la às crianças", ensina. Osni Ferrari também planeja fazer uma segunda edição do livro com detalhes sobre a construção da estrada.

Ele ressalta, no entanto, que a história daquele que ficou conhecido como o "Intrépido Mecânico" por seus conhecimentos, habilidades e criatividade para se safar de dificuldades foi além da Expedição Pan-Americana.
"Ele foi um aventureiro que participou da construção de Brasília. Braço direito do engenheiro Bernardo Sayão, ligou o trator que simbolicamente deu início à terraplenagem da construção da nova capital do Brasil. Também ajudou a fazer a Estrada Belém-Brasília e a fundar cidades no interior de Goiás, como Ceres. Anos mais tarde, montou uma empresa de recauchutagem de pneus em Paranavaí, no norte do Paraná."
Quando Beto Braga o encontrou, em março de 1998, Mário Fava havia arrendado a empresa e vivia de uma pequena renda. Morava com o irmão em uma casa boa, mas pobre de mobília.

Ao retornar ao Brasil, acompanhou Bernardo Sayão na Marcha para o Oeste, desbravando e participando na fundação de cidades no interior de Goiás, inclusive Brasília, a nova Capital Federal e a abertura da Rodovia Belém-Brasília.

Após a morte acidental de Bernardo Sayão, Mário Fava participou da abertura pioneira do Norte do Paraná, instalando-se em Paranavaí, onde veio a falecer, solteiro e sem filhos, em 09 de janeiro de 2000, às vésperas de completar 93 anos de idade.

Mario Fava, 1932
Morte

Mário Fava faleceu no dia 10/01/2000, aos 93 anos, durante uma visita a parentes no Rio de Janeiro, RJ.
"Muita gente achava que Mário Fava era um velho louco pelas histórias que contava. Disse numa ocasião a seu médico que tinha conhecido o presidente americano Franklin Roosevelt e ele não acreditou. Ninguém acreditava"
(Beto Braga)

Fonte: Jornal CandeiaGuia do Estudante e Estadão
#FamososQuePartiram #MarioFava

Sérgio Sá

SÉRGIO ANTÔNIO SÁ DE ALBUQUERQUE
(64 anos)
Cantor, Compositor, Instrumentista, Arranjador, Produtor, Ator, Palestrante e Escritor

☼ Fortaleza, CE (17/01/1953)
┼ Fortaleza, CE (03/10/2017)

Sérgio Antônio Sá de Albuquerque, mais conhecido por Sérgio Sá, foi um cantor, compositor, instrumentista, arranjador, produtor e escritor brasileiro nascido em Fortaleza, CE, no dia 17/01/1953.

Sérgio Sá nasceu com catarata congênita, associada a microftalmia. Ele era cego de nascença. Sua trajetória de vida foi marcada por êxitos e realizações.

Desde que veio de Fortaleza aos 13 anos continuar seus estudos em São Paulo, Sérgio Sá procurou desenvolver seu talento para a música - tem ouvido absoluto -, incorporando-se a bandas de garagem, tocando, cantando e logo mais arranjando, produzindo e gravando.

Iniciou a sua carreira cantando baladas de rock em inglês, no início da década de 70. Nessa época, adotava o nome artístico de Paul Bryan e lançou em 1973 três compactos pela Top Tape. Tinha quatro músicas entre as dez mais executadas e vendidas no país.

Em 1974, ela já assinava o nome de batismo em "Sonhos de um Palhaço", canção composta em parceria com Antônio Marcos que fez sucesso na voz de Vanusa. Com a cantora e compositora, Sérgio Sá criou o hit feminista "Mudanças" (1979). 

Logo depois, assumiria os teclados do grupo de rock paulistano Joelho de Porco, como tecladista, permanecendo nele até 1976.

Em 1977 se formou em Educação Artística pela Faculdade Morzateum, e era artista nato com habilidades diversas, em diferentes áreas de atuação, com currículo excepcional que marcou sua presença na história da Música Popular Brasileira.

Em 2016, Sérgio Sá se lançou como candidato a vereador de São Paulo pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC), sem conseguir se eleger.

Carreira

Como compositor foram mais de 350 canções gravadas por artistas como Roberto Carlos ("Como é Possível"), Simone ("Olho do Furacão"), Tim Maia ("O Vento e as Canções"), Fábio Júnior ("Eu Me Rendo" e "O Que é Que Há?"), Chitãozinho & Xororó, ("Pensando em Minha Amada"), isso só para citar alguns exemplos.

Seu trabalho em criação publicitária inclui comerciais para empresas como Banco Itaú, McDonald's, TV Globo, TV Bandeirantes, além de trilhas sonoras para novelas e seriados como o "Mundo da Lua" (1991/1992) da TV Cultura.

Destaca-se também seu trabalho em Los Angeles onde criou e executou trilhas e vinhetas para clientes como a KJLH, emissora de FM de Stevie Wonder.

Sérgio Sá integrou a equipe responsável pela Campanha Nacional de Rádio Presidência, em 2002, no ano seguinte, contratado pela Radiobrás, foi responsável pela criação das vinhetas que compõe o novo formato da "Voz do Brasil".

No período entre 2004 e 2006 realizou campanhas para prefeito em São Paulo, Curitiba, Goiânia e em diversas cidades do interior do país.

Gilberto Gil e Sérgio Sá
Em 2006, Sérgio Sá manteve-se na ativa e foi convidado para produzir a trilha sonora do musical "Mary Poppins" do estúdio de Ballet Cisne Negro. Com adaptações e composições elaboradas especialmente para a produção Sérgio Sá surpreendeu com sua capacidade de criar e executar uma obra musical alinhada aos passos rítmicos exigidos pela dança de ballet. Mais tarde, repetiu a dose desenvolvendo uma produção natalina para a Coca-Cola que, através de alta tecnologia de luz e som, impressionou o público com bonecos gigantescos contadores de histórias embalados pela trilha sonora criada por ele.

Voltando ao passado, Sérgio Sá, com o pseudônimo de Paul Bryan, nos anos 70, criou diversos temas românticos que lideraram as paradas de sucesso e de vendas do país: "Dont Say Goodbye", tema da novela "Cavalo de Aço" (1973), "Listen", parte da trilha internacional de "O Bem Amado" (1973), "Window", tema de "Carinhoso" (1973), foram algumas de suas obras com grande repercussão.

Como arranjador trabalhou ao lado de nomes como Gilberto Gil, em seu projeto "Quanta", Zizi Possi, Jane Duboc, Ivan Lins, e vários outros artistas, Sérgio Sá foi um dos primeiros a mesclar sintetizadores a sons acústicos e um dos pioneiros em gravações digitais.

Como intérprete, com 8 discos já gravados entre os quais "Voa Vida", "Fora de Prumo" e "Ecos do Amanhã", inúmeras apresentações no Brasil, Estados Unidos e Europa, lançou o CD "Sérgio Sá - I'm Paul Bryan" onde regravou seus hits em inglês além de versões de seus sucessos e composições inéditas.


Seu último lançamento, no início de 2015, de forma independente, foi o CD "Sérgio S/A", comemorando seus 46 anos de carreira, com participações de convidados ilustres da Música Popular Brasileira como Zeca Baleiro, Elba Ramalho, Jorge Vercillo, Jane Duboc, Gilberto Gil, Cláudia Albuquerque, Carlos Navas, Lucinha Lins, Tribo De Jah e Vânia Bastos.

Suas participações em gravações atingiram a marca de 30 mil horas de estúdio e suas apresentações ao vivo somam mais de 10 mil (Marcas registradas até agosto/2015).

Como produtor trabalhou produziu para Zé Rodrix, Vanusa, Jane Duboc, Milton Carlos, Eduardo Araújo, além de inúmeros artistas independentes, tiveram em seus trabalhos a assinatura de Sérgio Sá como produtor musical.

Como escritor, seu livro "Fábrica de Sons" (Editora Globo) já em quarta edição atualizada e acrescida de CD, foi aprovado e adquirido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Em Outubro de 2004, Sérgio Sá, deficiente visual de nascença, lançou "Feche Os Olhos Para Ver Melhor", obra em que faz um apanhado de vivências e reflexões, propondo novas maneiras de enxergar o mundo e que foi também lançado em edição em braile. Com o lançamento do livro de ficção "Ecos do Amanhã", Sérgio Sá entretém o leitor com uma narrativa instigante e faz um brado de alerta e de profundo amor à humanidade.


Em 2012 Concluiu seu quarto livro, "Aos Olhos de Um Cego" (Sá Editora). Ainda em 2012 estreou como ator na peça "O Grande Viúvo", conto de Nelson Rodrigues, no projeto Teatro Cego. Uma proposta com espetáculo de característica inédita no Brasil, pois convida o público a abdicar da visão para por à prova seus outros quatro sentidos. Atores, atrizes e músicos cegos e não cegos se unem no palco para fazer arte.

Paralelo a outros projetos Sérgio Sá demonstrava maestria também como palestrante, viajando por todo o país com a sua Palestra-Show "Feche Os Olhos Para Ver Melhor", propondo reflexões com interatividade, música ao vivo e bom humor.

Desde de 2009 era convidado pela Secretaria Municipal de Cultura a falar com crianças e jovens da periferia, levando suas vivências musicais e literárias.

Em 2011, em parceria com Irineu Toledo, "Tocando Músicas e Trocando Ideias", ao lado de grandes palestrantes como Luciano Pires, José Luiz Tejon, Daniel Carvalho Luz, foi aplaudido por mais de 2.000 pessoas no evento Feliz Dia Novo.

Morte

Sérgio Sá morreu na madrugada de terça-feira, 03/10/2017, em Fortaleza, CE, vítima de um infarto, aos 64 anos. A informação foi confirmada pelo filho, Thiago Pinheiro, em publicação no Facebook. 
"É com imensa tristeza que comunico o falecimento de meu pai Sérgio Sá durante esta madrugada. Sérgio, que estava na casa de uma prima em Fortaleza, foi vítima de um rápido processo de infarto por volta das 2h30, e não resistiu e nos deixou com a eterna saudade."
No comunicado, o filho fez elogios a Sérgio Sá, como pessoa e profissional:
"Meu pai sempre foi homem íntegro, sempre buscou grande excelência, produtor e compositor que deixou fortes marcas em nossa música e em minha vida. Agora, tornou-se a forte memória de alguém que nunca deixou de acreditar na força e sutileza do amor."
"Há algumas semanas ele veio me visitar, conhecer o estúdio que nunca havia visitado, passamos um dia inteiro agradável, conversas suaves sobre música, ouvimos o disco que acabara de finalizar, nos abraçamos, demos risada, agradecemos pela trajetória, falamos da admiração mútua, foi um dia de paz, momento muito importante para os dois e eu jamais imaginaria que seria o último encontro. Mal sabia que seriam meus momentos derradeiros na presença física do meu querido pai, pessoa que sempre amei e que conheci através dos discos, das composições brilhantes e do carinho em menos encontros do que eu gostaria de ter tido!"
Fonte: Sérgio Sá, Estadão e G1  
Indicação: Miguel Sampaio e Fadinha Veras
#FamososQuePartiram #SergioSa

Elizete Gomes da Silva

ELIZETE GOMES DA SILVA
(46 anos)
Atleta

☼ (1971)
┼ PR-445, Distrito de Irerê, Londrina, PR (22/09/2017)

Elizete Gomes da Silva foi uma atleta, tricampeã brasileira e sul-americana de heptatlo, nascida em 1971.

Com títulos conquistados no heptatlo, Elizete foi campeã sul-americana em 2001, em 2005 e em 2006. Venceu o Troféu Brasil em 2001, 2003 e 2008. Conquistou a sexta posição no Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007.

Dois anos antes de se aposentar, em 2009, conseguiu no heptatlo 5.766 pontos. Foi também por seis anos seguidos a primeira colocada do ranking brasileiro.

Em agosto, como técnica da Secretaria de Esportes de Cambé, comandou a equipe de atletismo masculino da Escola Estadual Valdir Umberto de Azevedo, do Jardim Ana Eliza 3, e comemorou junto com seus atletas a conquista do título da modalidade na 64ª Edição dos Jogos Escolares do Paraná, Fase Final, realizada em Cambé.

Aos 41 anos, Elizete, à esquerda, recebe a medalha de prata no Heptatlo
Entrevistada pela equipe de jornalismo do evento, Elizete Gomes da Silva disse que a conquista era o resultado de um trabalho realizado com o apoio da Secretaria Municipal de Esportes de Cambé. 
"Estamos colhendo os frutos. Fui atleta por muitos anos da Seleção Brasileira e com a experiência adquirida para fazer uma preparação. O resultado está aí, estou muito feliz pelos meus atletas e também por ser meu primeiro título como treinadora!"
Dois dos seus atletas da Escola Valdir Umberto de Azevedo estavam em Curitiba neste fim de semana participando dos Jogos da Juventude.

Anos antes, em 2012, ela estava com 41 anos quando participou, mesmo aposentada, do Jogos Abertos do Paraná e foi vice no heptatlo. Também naquela ocasião disse à assessoria de comunicação dos organizadores do evento que resolveu participar dos 55º Jogos Abertos do Paraná (JAPs) para incentivar seus alunos e os demais atletas de sua cidade, Cambé.
"Eu vim para brincar, para representar Cambé e incentivar meus alunos, até porque muitos deles disseram que nunca me viram competir. A cabeça quer muito competir, mas o corpo sente. Mesmo assim, foi bacana, fiquei muito feliz de participar dos Jogos e ainda ganhar uma medalha, mesmo sem ter treinado nada!"
Morte

Elizete Gomes da Silva morreu na tarde de sexta-feira, 22/09/2017, em um acidente envolvendo um caminhão e dois carros na PR-445, próximo ao Distrito de Irerê, em Londrina, PR. Outras três pessoas faleceram na batida, uma delas após ser levada a um hospital da região.

Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), Elizete Gomes da Silva e as três outras vítimas estavam em um veículo Volkswagen Fox, com placa de Cambé, no norte do Paraná. Também foi afirmado que um motociclista que tentava uma ultrapassagem recuou. O motociclista trafegava no mesmo sentido do Fox e na frente do caminhão seguia uma Van, que freou para evitar colisão com a moto. Logo atrás, o caminhão foi jogado de frente ao Fox para evitar bater na traseira da Van.

Estavam no veículo Elizete Gomes da Silva, 46 anos, Giselda Gomes da Silva, 51 anos, Clair Faustina Santos Soares, 56 anos, e Rossana Regina Freire de Figueiredo, 58 anos, que chegou a ser socorrida com vida, mas não resistiu a caminho do hospital. As demais morreram no local do acidente. O motorista de uma caminhonete Nissan Frontier e seu neto, de 10 anos, também se envolveram no acidente, porém não tiveram ferimentos.

Indicação: Miguel Sampaio
#FamososQuePartiram #ElizeteGomesdaSilva