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Therezinha Zerbini

THEREZINHA DE GODOY ZERBINI
(86 anos)
Assistente Social, Advogada e Ativista de Direitos Humanos

* São Paulo, SP (16/04/1928)
+ São Paulo, SP (14/03/2015)

Therezinha de Godoy Zerbini foi uma assistente social, advogada e ativista de direitos humanos brasileira, fundadora e líder do Movimento Feminino Pela Anistia.

Foi casada com o general Euryale de Jesus Zerbini, irmão do cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini, pioneiro em cirurgia cardíaca, vinte anos mais velho que ela. Eles se conheceram em 1951, quando ele comandava a Força Pública e Therezinha trabalhava como assistente social do Hospital Mandaqui, no atendimento a crianças tuberculosas. Ela própria havia tido a doença, alguns anos antes.

O general Euryale de Jesus Zerbini comandava a unidade de Caçapava à época do golpe militar de 1964 e foi um dos quatro generais, o único com comando de tropa, a assumir uma posição legalista, contrária aos golpistas. Por isso acabou por ter seus direitos políticos cassados e foi reformado.

Por ter ajudado Frei Tito a conseguir o sítio, pertencente a um amigo da família Zerbini, em Ibiúna, onde seria realizado o congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), organização proscrita pelo regime, Therezinha respondeu a um inquérito policial militar. Foi indiciada em dezembro de 1969 e afinal enquadrada na Lei de Segurança Nacional. Foi presa em sua casa, no dia 11/02/1970 e ficou na prisão por oito meses, seis dos quais no presídio Tiradentes, em São Paulo. Na prisão, conviveu com a então guerrilheira Dilma Roussef.

Em 1975, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU), Ano Internacional da Mulher, criou o Movimento Feminino Pela Anistia (MFPA), unido à luta pela redemocratização do Brasil. No mesmo ano, ocorreu a morte do jornalista Vladimir Herzog na prisão, seguindo-se, na Catedral da Sé, a primeira grande manifestação popular de protesto, desde o AI-5.

Ainda em 1975, o Movimento lançou seu manifesto em favor da anistia ampla e geral, conseguindo colher 16.000 assinaturas de apoio, e empenhou-se nas denúncias sobre a existência de presos, torturados e perseguidos políticos no Brasil, fato que por muito tempo fora sistematicamente negado pelo governo militar. Daí por diante foram sendo formados Comitês Femininos Pela Anistia nas principais cidades do país.

"Comecei pelo Rio Grande do Sul. Coloquei os manifestos numa caixa e mandei pelo correio para a Dilma, que foi muito habilidosa."
(Therezinha Zerbini)

O Movimento Pela Anistia

O Movimento Feminino Pela Anistia (MFPA), como movimento de oposição, surge num momento em que a luta armada refluía, e a "democracia passa a ser valorizada como um objetivo em si e, com ela, a organização da sociedade e a participação no jogo eleitoral, mesmo sob limitações". O movimento é o marco da virada: a atividade política volta ao espaço público, agregando e mobilizando vários setores, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e outros partidos políticos ainda clandestinos, a esquerda católica, acadêmicos, associações de classe, além dos exilados, presos políticos e suas famílias. Fazia oposição às claras: era um movimento legalizado, com ata de fundação e estatuto registrado em 1976, constituído basicamente por mulheres católicas, como a própria Therezinha Zerbini, e de classe média, a mesma classe que, dez anos antes, marchara contra o governo João Goulart e apoiara a instauração do regime militar que agora exilava, prendia, torturava e matava seus filhos e netos. Nesse sentido, fazia oposição "por dentro" do regime, jogando contra ele a sua própria justificativa inicial: Preservar a democracia ameaçada pelo totalitarismo.

Em fevereiro de 1978, o Movimento Feminino Pela Anistia seria ampliado com a criação do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) no Rio de Janeiro, formado inicialmente por advogados de presos políticos e com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Comitê pedia a anistia ampla, geral e irrestrita.

Em março de 1978, durante a visita do então presidente norte-americano Jimmy Carter a Brasília, Therezinha Zerbini conseguiu driblar a segurança e entregar uma carta à primeira-dama, Rosalynn Carter, em nome das mulheres brasileiras do Movimento Feminino Pela Anistia. A carta, sem fazer referências diretas ao regime, dizia, na abertura: "Nós, que lutamos por justiça e paz..."

Embora considerada comunista, pelos órgãos de segurança, e como feminista, pela imprensa, Therezinha Zerbini declarou nunca ter aderido a nenhuma dessas correntes.

Militância Política Após a Anistia

Após a revogação do AI-5 em 1978, esteve ao lado de Leonel Brizola no processo de refundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em São Paulo, e depois, na criação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), em 1979, quando Leonel Brizola perdeu a sigla para Ivete Vargas.

Mais recentemente, em setembro de 2010, pouco antes das eleições presidenciais de novembro, Therezinha Zerbini foi a quinta pessoa a assinar o "Manifesto Pela Defesa da Democracia", lançado por intelectuais e políticos contrários ao Partido dos Trabalhadores (PT). Na prática, o manifesto deveria reforçar a posição do candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) José Serra, que, entretanto, acabou por perder as eleições.

"Criar a Comissão da Verdade é bom. Não espero coisas novas, porque já vi tudo por dentro. Mas é preciso dar a oportunidade para os outros sentirem e verem. Como diz Santo Agostinho, o coração é a sede da memória!"
(Therezinha Zerbini)


Therezinha Zerbini morreu no sábado, 14/03/2015, aos 87 anos. Seu corpo foi velado no Cemitério do Araçá e depois levado ao crematório da Vila Alpina, onde foi cremado.

Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção São Paulo (OAB-SP), Marcos da Costa, afirmou que Therezinha "teve um papel expressivo ao longo de toda a ditadura militar pela coragem e força que demonstrou em situações difíceis e complexas".

Fonte: Wikipédia
Indicação: Fadinha Veras

Ricardo Gumbleton Daunt

RICARDO GUMBLETON DAUNT
(82 anos)
Advogado e Jurista

* Casa Branca, SP (27/02/1894)
+ São Paulo, SP (17/02/1977)

Ricardo Gumbleton Daunt foi um advogado, precursor da Polícia Científica e um dos pioneiros da datiloscopia no Brasil.

Cursou o Ginásio de São Bento e a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, bacharelando-se em 1919. Foi promotor público de Santa Cruz do Rio Pardo e de Itápolis.

Por muitos anos foi diretor do Serviço de Identificação do Estado de São Paulo, idealizando e criando, nesta repartição, os laboratórios de Antropologia Criminal, Odontologia Legal, Química Legal, Arquivo Monodatilar e o Arquivo Dactiloscópico, totalmente reestruturado com as "Mesas Daunt". Foi o inspirador da instituição do Registro Criminal do Estado, da Sessão de Passaportes, da Biblioteca, e da Sessão de Identificação de Estrangeiros. Foi o criador das chamadas "Mesas Acácio Nogueira", destinadas ao registro de impressões digitais.

Em 1938, Ricardo Gumbleton Daunt revolucionou o Instituto de Identificação Criminal do Estado de São Paulo, dividindo-o em quatro secções: Fotografia, Antropometria, Datiloscopia e Aplicação (de vários recursos da ciência da identidade). Este Instituto, que mais tarde levaria seu nome, desde a sua criação, já identificou mais de quarenta milhões de pessoas, e, atualmente, emite mais de dez mil cédulas de identidade por dia, entre primeiras e segundas vias.

Em 1934, Ricardo Gumbleton Daunt, participou do Congresso Nacional de Identificação, realizado no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em julho de 1937, da Semana Paulista de Medicina Legal.

Em julho de 1938, do Primeiro Congresso Paulista de Psicologia, Neurologia, Psiquiatria, Endocrinologia, Identificação, Medicina Legal e Criminologia. 

Em janeiro de 1941 participou do Segundo Congresso Latino-Americano de Criminologia, realizado em Santiago, sempre representando o Serviço de Identificação do Estado de São Paulo, elaborando trabalhos e teses inéditas.

Ricardo Gumbleton Daunt foi membro de diversas identidades científicas, tais como:
  • Sociedade de Medicina Legal e Criminologia de São Paulo
  • Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo
  • Instituto de Estudos Genealógicos de São Paulo (Instituto Heráldico e Genealógico)
  • Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (Membro Honorário)

Dedicou-se, também, a profundos estudos de História, Heráldica e Genealogia, realizando pesquisas inéditas nestas áreas, também. Foi comendador da Ordem Soberana e Militar de Malta. Um exemplo é o livro que fez mostrando toda a linhagem histórica de uma das famílias mais importantes do município paulista de Casa Branca, a família Carvalho, da qual o mais famoso era o Drº Francisco Tomás de Carvalho, patrono da Escola Normal que leva o seu nome, Escola Normal Doutor Francisco Tomás de Carvalho.

Bibliografia

Ricardo Gumbleton Daunt foi autor de numerosos trabalhos sobre a Ciência da Identidade, tendo obras divulgadas na França, por Edmond Locard e em Portugal, por Luís de Pina. Destacam-se:
  • Revista de Identificação e Ciências Penais e do Museu Vucetich de La Plata, na Argentina - Diversos artigos;
  • Revista de Derecho Penal, da Argentina - Diversos artigos;
  • Arquivos de Polícia e Identificação de São Paulo (Fundador e diretor) - Diversos artigos;
  • Herschel e a Dactiloscopia, considerada obra precursora desta especialidade;
  • O Padre Diogo Antônio Feijó na Tradição da Família Camargo
  • Diário da Princesa Isabel
  • O Capitão Diogo Garcia da Cruz e Sua Geração
  • Tradições Paulistas - A Baronesa de Monte Santo
  • Tenente Urias Emídio Nogueira de Barros
  • O Capitão Diogo Garcia da Cruz - Edição revista, ampliada e atualizada por Caio Figueiredo Silva, em 1974


Genealogia

Ascendência:

Era filho de Rogério O'Connor de Camargo Dauntre (grafia original, conforme o próprio Ricardo Gumbleton Daunt explica, em sua obra genealógica) e de Iria Leopoldina de Figueiredo Dauntre.

Pelo lado paterno, descendia da antiga aristocracia francesa, da Normandia, que passou à Irlanda, onde a família ligou-se aos O’Connor, de uma longa linhagem de patriotas, descendentes de Roderick O’Connor, o 183º Monarca Suserano da Irlanda, falecido em 1198. Era neto paterno de Ana Francelina de Camargo e do médico irlandês Ricardo Gumbleton Daunt (Dauntre), radicado em Campinas, este filho de Richard Gumbleton Dauntre e de Anna Dixon Raines.

Era neto materno do comendador Urias Gonçalves dos Santos e de Ana Jacinta de Figueiredo, esta filha do Barão de Monte Santo e de sua sobrinha Maria Carolina de Figueiredo. O Barão e seu irmão Joaquim, pai de Maria Carolina, eram filhos do capitão Diogo Garcia da Cruz e de Inocência Constância de Figueiredo; esta, filha do capitão-mor José Álvares de Figueiredo - o fundador de Boa Esperança - e de Maria Vilela do Espírito Santo, esta neta da Ilhoa Júlia Maria da Caridade. Por este lado materno, Ricardo Gumbleton Daunt descendia de uma complexa rede de endogamia formada pelos descendentes do capitão-mor José Álvares de Figueiredo.

Descendência:

Casou-se com Maria Amália Ferreira de Abreu Teixeira Leomil, com quem teve três filhos: Ricardo Gumbleton Daunt Filho (pai do escritor Ricardo Gumbleton Daunt Neto), Alicia Maria Daunt de Campos Salles e Maria Elisa Leomil Daunt.

Colaterais:

Era sobrinho do monsenhor Fergus O'Connor de Camargo Dauntre (1849-1911), que foi vigário-geral da Arquidiocese de São Paulo. Foi primo de diversas personalidades, como: Antônio Aureliano Chaves de Mendonça, Danton Mello, Eduardo Carlos Figueiredo Ferraz, Ester de Figueiredo Ferraz, José Carlos de Figueiredo Ferraz, Fátima Freire, Geraldo Freire, Morvan Aloísio Acaiaba de Resende, Nelson Freire, Newton Freire Maia, Selton MelloWagner Tiso, dentre outros.

Fonte: Wikiédia
Indicação: Adolpho Legnaro Filho

Nelson Carneiro

NELSON DE SOUZA CARNEIRO
(85 anos)
Advogado, Jornalista e Político

* Salvador, BA (08/04/1910)
+ Niterói, RJ (06/02/1996)

Nelson de Souza Carneiro foi um político e jornalista brasileiro com larga atuação parlamentar. Tornou-se conhecido pela defesa da causa do divórcio, aprovada no ano de 1977.

Nascido em Salvador, BA, filho de Antônio Joaquim de Souza Carneiro, primeiro especialista a reconhecer a existência de petróleo em Lobato, e de Laura Coelho de Souza Carneiro. Iniciou sua vida pública como repórter em O Jornal, ligado a oposição democrática na Bahia, em 1929. Advogado formado na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia em 1932, foi preso ao apoiar a Revolução Constitucionalista contra os esbirros de Getúlio Vargas cumprindo pena no Rio de Janeiro, então capital do país.

Com a redemocratização do país em 1945, filiou-se à União Democrática Nacional (UDN) e disputou uma vaga na Assembléia Constituinte destinada a elaborar a nova Constituição ficando apenas na suplência.

Passada a refrega político-eleitoral cobriu os trabalhos constituintes para dois impressos baianos: o Jornal da Bahia e O Imparcial.

Convocado para exercer o mandato parlamentar em abril de 1947, foi reeleito em 1950 numa coligação com o antigo Partido Social Democrático (PSD). No ano seguinte apresentou seu primeiro projeto divorcista e um outro desígnio que igualava a mulher casada ao marido, protagonizando debates acerbos com o Padre Arruda Câmara, frontal adversário de tais inovações.

Já filiado ao Partido Libertador (PL) não foi reeleito em 1954, derrota atribuída à firme oposição da Igreja Católica às teses encampadas por Nelson Carneiro.


Em 1958 Nelson Carneiro transferiu-se para o Rio de Janeiro com o fito de concorrer às eleições pelo então Distrito Federal, apostando que um eleitorado de perfil menos conservador assimilaria suas propostas.

Foi eleito deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD) em 1958 e a partir de 21/04/1960 passou a representar a Guanabara sendo reeleito em 1962.

Em meio à crise desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros em 25/08/1961, foi o autor da emenda que instituiu o parlamentarismo no Brasil de modo a assegurar a posse do vice-presidente João Goulart na presidência desde que o governo estivesse nas mãos de um primeiro-ministro, neste caso o mineiro Tancredo Neves. Com a deposição do presidente João Goulart por um golpe militar em 31/03/1964 e a subsequente adoção do bipartidarismo, Nelson Carneiro ingressou Movimento Democrático Brasileiro (MDB) sendo reeleito deputado federal em 1966.

Eleito senador pela Guanabara em 1970, passou a representar o Rio de Janeiro após a fusão entre essas unidades federativas em 15/03/1975 em face de lei sancionada pelo presidente Ernesto Geisel.

Após 26 anos de espera Nelson Carneiro obteve a aprovação da Lei 6.515 que instituiu o divórcio no Brasil em 26/12/1977 em virtude de sua tenacidade e ainda beneficiado pela mudança de quórum para aprovação de emendas constitucionais, que passou de dois terços para maioria absoluta dentre o total de parlamentares eleitos graças ao Pacote de Abril baixado pelo governo.


Reeleito em 1978, prescindiu da orientação do governador Chagas Freitas que fundou o Partido Popular (PP) e aportou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Ivete Vargas, cuja candidata ao governo do Rio de Janeiro em 1982 era Sandra Cavalcanti, outrora adversária do senador. Por ocasião da eleição presidencial indireta de 1985 votou em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. De volta ao convívio de antigos companheiros ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e disputou a convenção do partido como candidato ao governo, todavia a vitória de Moreira Franco o levou a disputar seu terceiro mandato como senador em 1986 numa campanha vitoriosa.

Membro da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição de 1988, foi eleito presidente do Senado Federal no ano seguinte e empossou Fernando Collor na Presidência da República em 15/03/1990, sendo que nesse mesmo ano ficou em terceiro lugar na eleição para governador do Rio de Janeiro num pleito marcado pelo triunfo de Leonel Brizola. Disputou a reeleição em 1994 pelo Partido Progressista (PP), mas não obteve a vitória.

Viúvo, casou-se com Maria Luísa Monteza de Souza Carneiro, natural do Peru, com quem teve uma filha, Laura Carneiro. Divorciado, veio a casar-se com Carmem Perim Casagrande de Souza Carneiro.

Nelson Carneiro se despediu do Senado Federal, em 18/01/1995, depois de 43 anos de atividade parlamentar. Em discurso de três horas, durante o qual chorou diversas vezes, disse ter sido derrotado pelo "Judas do Rio", referindo-se ao governador Marcello Alencar (PSDB), que apoiou a candidatura de Artur da Távola (PSDB).

"Os traidores passam. Nós conhecemos agora a verdadeira fisionomia do Judas. Saio da vida pública não pela vontade do povo do Rio, mas pela vontade do Judas do Rio"

Morte

Nelson Carneiro morreu por volta das 18:00 hs, do dia 06/02/1996, em sua casa, em Niterói, RJ, aos 85 anos. Ele se recuperava de uma cirurgia abdominal a que havia sido submetido em dezembro de 1995.

Fonte: Wikipédia

Márcio Thomaz Bastos

MÁRCIO THOMAZ BASTOS
(79 anos)
Advogado

* Cruzeiro, SP (30/07/1935)
+ São Paulo, SP (20/11/2014)

Márcio Thomaz Bastos foi um advogado criminalista brasileiro. Foi ministro da Justiça do Brasil durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e durante três meses do segundo, entre 2003 e 2007.

Formado em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, tradicional Largo de São Francisco, na turma de 1958, era casado com Maria Leonor de Castro Bastos.

Participou de seu primeiro júri em 1957, ainda na condição de solicitador acadêmico. Entre defesas e acusações, ao longo deste tempo, trabalhou em quase 1000 julgamentos perante o Tribunal do Júri, quase sempre defendendo gratuitamente acusados que não tinham condições de arcar com honorários advocatícios.

Na biografia de Márcio Thomaz Bastos registra-se uma hiato entre sua formação em 1958 e a aproximação dos movimentos populares, notadamente com a participação como assistente de acusação dos assassinos de Chico Mendes, ao lado do Eliseu Buchmeier. O que não se registra é que durante a Ditadura Militar o advogado Márcio Thomaz Bastos foi filiado à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido pelo qual foi eleito vereador.

O advogado Márcio Thomaz Bastos foi o responsável pelas indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF) feitas no Governo Lula, das quais resultaram a atual composição daquele tribunal.

Foi fundador e chefe de um dos mais respeitados escritórios de advocacia criminal do país, no qual atuou até 2003, quando tornou-se ministro da Justiça, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Teve como sócios, até assumir a pasta ministerial, os advogados Sônia Cochrane Ráo, Dora Cavalcanti Cordani e Luiz Fernando Pacheco.

Em seu escritório, com sede em São Paulo, liderou a equipe de defesa do médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão, hoje capturado, como também à defesa dos estudantes que, durante um trote, afogaram Edison Tsung Chi Hsueh, estudante de medicina encontrado morto em uma piscina da Universidade de São Paulo (USP) em 1999, dos estudantes que assassinaram um chefe índio da aldeia pataxó em Brasília, que causou forte comoção nacional em 1997. Em ambos os casos, os estudantes foram sentenciados e encontram-se em liberdade vigiada.

Em 2012, figurou como um dos advogados responsáveis pela defesa do estudante Thor Batista, filho do empresário Eike Batista acusado de causar a morte de um ciclista na BR-040 por excesso de velocidade.

Seu escritório aceitou a defesa do empresário Carlinhos Cachoeira, em crime de colarinho branco, esse de conotação diferente dos outros, crimes considerados comuns, pois tem forte conotação política, devido ao novo paradigma do Código Penal.

Atuação Pública

Foi presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Estado de São Paulo, gestão de 1983 até 1985, com participação no movimento pelas Diretas Já, e do Conselho Federal da OAB, de 1987 até 1989, período da Constituinte.

Em 1990, após a eleição de Fernando Collor, integrou o governo paralelo instituído pelo Partido dos Trabalhadores (PT) como encarregado do setor de Justiça e Segurança. Em 1992, juntamente com o jurista Evandro Lins e Silva, participou da redação da petição que resultou no impeachment do presidente da República.

Em 1996, defendeu uma campanha informativa, encampada pela Ordem dos Advogados do Brasil, para incentivar o voto consciente dos eleitores. A campanha visava ainda cobrar dos candidatos às eleições a divulgação dos financiadores de suas campanhas para que o público soubesse quem estava por trás de cada um deles.

Foi fundador, juntamente com Severo Gomes, Jair Meneghelli e Dom Luciano Mendes de Almeida, do movimento "Ação Pela Cidadania". Recentemente, ao lado de profissionais liberais como o criminalista Arnaldo Malheiros Filho, fundou o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD).

Manteve várias ideias polêmicas, como a liberação da maconha e demais entorpecentes, controle externo do judiciário e ampliação das penas alternativas.

Foi advogado de Carlos Augusto de Almeida Ramos Cachoeira, bicheiro que segundo a Policia Federal é uma das pessoas suspeitas de formação de quadrilha e corrupção com membros infiltrados em várias áreas do governo.

Ministério da Justiça

Como ministro da justiça do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacou-se pela reestruturação da Polícia Federal, bem como também pela aprovação da Emenda Constitucional 45, conhecida como a Reforma do Poder Judiciário, e pelo Estatuto do Desarmamento; pela Homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, iniciativa das comunidades indígenas; e pelo início da reestruturação do Sistema Brasileiro de Concorrência, esse iniciado durante sua administração junto ao governo Lula; pela criação do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) e pela Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro (ENCLA) depois modificada para incluir o combate à Corrupção, passando a se chamar Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA).

Apesar de sua atuação como advogado de defesa nas mais importantes acusações de crimes de colarinho branco, em sua gestão como ministro, houve avanços especialmente na reestruturação da Polícia Federal, no combate à lavagem de dinheiro, na cooperação jurídica internacional e recuperação de ativos ilícitos, que permitiram o substancial avanço nas investigações e persecução penal desses crimes.

Após cumprir um período de quarentena, retornou à advocacia em São Paulo, onde o escritório de sua administração acompanha judicialmente o caso de Carlinhos Cachoeira em processo antigo, no que se refere a organizações criminosas e que agora se encontra em Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPIM) do Congresso Nacional, que procura equacionar o problema altamente complexo, da esfera Politica, do Crime Organizado/Organização Criminosa, no Brasil.

A ação desenvolve-se a partir de vários inquéritos interligados, da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência, já iniciados no governo Fernando Henrique Cardoso da versão moderna e coordenadora do Sistema Nacional de Inteligência do Brasil, que remontam a mais de dez anos de investigação a nível de Governo Federal.

Morte

Márcio Thomaz Bastos morreu na manhã de quinta-feira, 20/11/2014, aos 79 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para tratamento de descompensação de fibrose pulmonar. O velório é realizado na Assembleia Legislativa, na Zona Sul de São Paulo. O corpo será cremado às 08:00 hs de sexta-feira, 21/11/2014, no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, Grande São Paulo. 

Fonte: Wikipédia

Plínio de Arruda Sampaio

PLÍNIO SOARES DE ARRUDA SAMPAIO
(83 anos)
Advogado, Intelectual, Político e Ativista Político

* São Paulo, SP (26/07/1930)
+ São Paulo, SP (08/07/2014)

Plínio Soares de Arruda Sampaio foi um advogado, intelectual e ativista político brasileiro. Foi filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e foi candidato à Presidência da República do Brasil nas eleições de 2010, obtendo a quarta posição, com 886.816 votos (0,87%).

Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1954, militou na Juventude Universitária Católica (JUC), da qual foi presidente, e na Ação Popular (AP), organização de esquerda surgida a partir dos movimentos leigos da Ação Católica Brasileira (ACB).

Foi promotor público, deputado federal constituinte e presidiu a Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), além de dirigir o semanário Correio da Cidadania.


Entrada Na Vida Pública

Durante o governo de Carvalho Pinto do estado de São Paulo, Plínio Sampaio foi indicado para a subchefia da Casa Civil. Em 1959, um ano após a eleição de Carvalho Pinto, Plínio Sampaio se tornou coordenador do Plano de Ação do Governo, função que ocupou até 1962. Ainda no governo Carvalho Pinto, foi secretário dos Negócios Jurídicos, e entre 1961 e 1962 chegou a trabalhar na prefeitura da cidade de São Paulo como secretário do Interior e Justiça durante a última administração Prestes Maia.

Em 1962, foi eleito deputado federal pelo Partido Democrata Cristão (PDC) e tornou-se membro da Comissão de Economia, da Comissão de Política Agrícola e da Comissão de Legislação Social. Principal liderança da ala esquerda do Partido Democrata Cristão, foi relator do projeto de reforma agrária, que integrava as reformas de base do governo João Goulart. Criou a Comissão Especial de Reforma Agrária e propôs um modelo de reforma que despertou a indignação dos grandes latifundiários do Brasil.

Após o golpe de 1964 foi um dos 100 primeiros brasileiros a terem seus direitos políticos cassados por dez anos, pelo Ato Institucional Nº 1, nos primeiros dez dias do regime.


Exílio e Entrada No Movimento Democrático Brasileiro (MDB)

Exilou-se no Chile onde morou por seis anos, trabalhando como funcionário da Food And Agriculture Organization (FAO). Transferiu-se para Estados Unidos no ano de 1970, onde trabalhou no Programa FAO/BID, em Washington D.C., antes de cursar o mestrado em Economia Agrícola na Universidade Cornell.

De volta ao Brasil em 1976, foi professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fundou o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC) e engajou-se na campanha pela abertura do regime militar e pela anistia dos condenados políticos. Ao lado de outros intelectuais do CEDEC e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), idealizou um partido à esquerda do MDB e, para isso, ao lado de Almino Affonso, Francisco Weffort e Fernando Henrique Cardoso, articulou-se com líderes emedebistas como Marcos Freire e Jarbas Vasconcelos. Paralelamente, Plínio SampaioFrancisco Weffort e Almino Affonso lançaram a candidatura de Fernando Henrique para o Senado pela sublegenda do MDB. O acordo entre eles era de construir um novo partido de esquerda, se Fernando Henrique ganhasse mais de um milhão de votos. O partido já tinha programa e manifesto e se chamaria Partido Socialista Democrático Popular (PSDP).

Na concepção de Plínio Sampaio, a nova agremiação seria um partido democrático e de massas com base popular e programa socialista, organizado em núcleos de base. Porém, a ideia de criar um novo partido foi abortada pela mudança de planos de Fernando Henrique, que, após se eleger suplente de senador pelo MDB em 1978, declarou como prioridade o fortalecimento da legenda, apesar do compromisso firmado com Plínio Sampaio, Francisco Weffort e Almino Affonso de construir um novo partido.

Fernando Henrique chegou a receber 1.600.000 votos, derrotando o candidato da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), Cláudio Lembo, assim conquistando a suplência do senador eleito Franco Montoro. Embora tivesse combinado com Plínio Sampaio de construir um partido socialista, caso atingisse a marca do milhão de votos, o que demonstraria viabilidade eleitoral de candidatos de esquerda, Fernando Henrique alegou que, se cumprisse o combinado, estaria encorajando o divisionismo. Plínio Sampaio, perplexo com a inversão de prioridades do colega, rompeu com o MDB.

Com o fim do bipartidarismo, Plínio Sampaio se engajou ao lado de outras figuras ilustres na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).


A Fundação e Trajetória No PT
(1980-2005)

Decepcionados com a atitude de Fernando Henrique, Plínio SampaioFrancisco Weffort entraram para o Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980, data da fundação dessa agremiação de orientação socialista. Plínio Sampaio foi o autor do estatuto do partido e um dos idealizadores do seus núcleos de base.

Em 1982, candidatou-se a deputado federal por São Paulo, tornando-se primeiro suplente. Posteriormente viria a ocupar o cargo, quando o deputado Eduardo Suplicy se afastou do parlamento para disputar a prefeitura de São Paulo.

Em 1984, participou, ao lado de Ulysses Guimarães, da campanha "Diretas Já", que clamava pela volta de eleições presidenciais diretas no país.

Em 1986, Plínio Sampaio foi eleito deputado federal constituinte, com 63.899 votos, tendo sido o segundo mais votado do PT, depois de Luiz Inácio Lula da Silva, e o 27º mais votado de São Paulo. Participou da elaboração da Constituição Federal de 1988 e como deputado constituinte ficou nacionalmente conhecido ao propor e defender um modelo constitucional de reforma agrária, que visava a acabar com os latifúndios. Além disso, tornou-se o único deputado petista a presidir uma Comissão de Trabalho.

Durante a Assembléia Nacional Constituinte, foi membro da Comissão de Redação, da Comissão de Sistematização, da Comissão da Organização do Estado e da Subcomissão de Municípios e Regiões, que presidiu. Fez parte do bloco suprapartidário de articulação da Igreja Católica, como membro da Comissão de Acompanhamento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)  na Constituinte. Foi ainda vice-líder da bancada do PT, em 1987, e substituiu Luiz Inácio Lula da Silva na liderança do partido, em 1988. Neste mesmo ano, disputou as prévias internas no PT para se tornar o candidato à prefeitura de São Paulo sendo derrotado por Luiza Erundina, exercendo a função de vice-líder petista até 1990.

Candidatou-se a governador do Estado de São Paulo, em 1990, sendo derrotado pelo secretário de Segurança Pública, Luiz Antônio Fleury Filho, candidato do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), ostensivamente apoiado pelo governador Orestes Quércia.

Em 1992, Plínio Sampaio apoiou o movimento pelo impeachment do presidente Fernando Collor, que se via envolvido em várias denúncias de corrupção. Fernando Collor foi afastado temporariamente e, no final de 1992, renunciou ao cargo. Plínio Sampaio permaneceu na oposição e tornou-se crítico do plano econômico implementado no final do governo assumido por Itamar Franco, o Plano Real.


A Adesão ao PSOL e a Crítica Ao Programa Democrático-Popular
(2005)

Em setembro de 2005, após desligar-se do PT, do qual foi um dos fundadores e histórico dirigente, ingressou no PSOL. Por não concordar com o rumo político do PT, Plínio Sampaio desligou-se do partido em 2005, logo após 1º turno do Processo de Eleições Diretas (PED) que elegeu um novo Diretório Nacional. Na ocasião Plínio Sampaio foi candidato a presidente nacional do PT encabeçando a chapa "Esperança Militante", quando conquistou 13,4% dos votos dos filiados e alcançou a 4ª colocação.

Em 2006, como candidato do PSOL a governador do Estado de São Paulo, chegou a dizer, durante debate que precedeu o primeiro turno das eleições, que o programa político do PT era idêntico ao do PSDB. Nesta eleição, o partido recebeu cerca de 450 mil votos.

Defendeu a luta pelo socialismo por meio de um programa diferente do chamado programa democrático-popular, defendido pela corrente Ação Popular Socialista (APS), por acreditar que ele eventualmente possa levar à repetição de erros observados na trajetória do PT. No partido, colaborou com um extinto campo revolucionário com as correntes Coletivo Socialismo e Liberdade (CSOL), Coletivo Socialista Rosa do Povo, atual Coletivo Primeiro de Meio, e centenas de militantes socialistas como Sandra Feltrín, Fernando Silva Tostão, Agnaldo Fernandes, Roberto Leher, Bruno Meirinho, Plínio de Arruda Sampaio Filho, Rosa Marques, Marcelo Badaró, Paulo Rios, Paulo Gouveia, Júnia Golveia, Jorginho Martins, Ricardo Antunes, José de Campos Ferreira, Jesualdo Campos Júnior, Hélio de Jesus, Paulo Pasin, Leninha e Raul Marcelo.

Em 2013, nas eleições internas do PSOL, Plínio Sampaio apoiou o chamado de Bloco de Esquerda, composto por correntes como Movimento Esquerda Socialista (MES), Insurgência, Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR), Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), Trabalhadores na Luta Socialista, Enlace, Coletivo Primeiro de Maio, dissidência da Ação Popular Socialista (APS), entre outras e apoiada pelo deputado estadual Carlos Giannazi, pelo deputado federal Jean Wyllys e por figuras públicas do partido como Luciana Genro, Babá, Raul Marcelo e Renato Roseno. Segundo ele, sua oposição ao grupo Unidade Socialista, composto pela APS-CC, e pelo Movimento Terra e Liberdade, da deputada Janira Rocha, é programática. Plínio Sampaio é contrário ao programa democrático popular.

Plínio de Arruda Sampaio apoiou a ex-deputada federal, Luciana Genro, do Rio Grande do Sul, como candidata à Presidência da República pelo PSOL, nome que foi derrotado no IV Congresso do Partido. Contudo, com a desistência do senador Randolfe Rodrigues, Luciana será a candidata à Presidência pelo partido.


Pré-Candidato a Presidência da República
(2009)

Durante o II Congresso do PSOL, o deputado estadual Raul Marcelo lançou a pré-candidatura de Plínio Sampaio à presidência da República, com o propósito de construir um programa que sirva para lutar contra os efeitos da crise econômica sobre os trabalhadores e pela unidade da esquerda socialista contra o capital.

A tese defendeu o aprofundamento das relações com os países da América Latina para a construção de saídas coletivas, lembrando que o Brasil foi o 2º país mais impactado na redução do PIB e perdeu 1 milhão de postos de trabalho, sendo 800 mil com carteira assinada.

Raul Marcelo também defendeu um partido de militantes nucleados, com autonomia de classe, que não receba recurso dos patrões, com uma política clara de alianças de classe com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), e não com o Partido Verde (PV).

Dias depois foi apresentado um manifesto com centenas de assinaturas em apoio à pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, inclusive teve apoio internacional, como o recebido de István Mészáros e François Chesnais.

Em 10/04/2010, foi confirmada a pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio à presidência e em 30/06/2010, em Convenção realizada em São Paulo, seu nome foi oficializado candidato ao cargo, tendo como vice o pedagogo Hamilton Assis, do PSOL baiano.

Plínio Sampaio obteve destaque na imprensa e na rede social Twitter por conta de seu desempenho no primeiro debate eleitoral entre os postulantes à cadeira de Lula, realizado pela TV Bandeirantes em 05/08/2010. Contou com grande apoio de outras tendências internas do PSOL, mesmo das que anteriormente defenderam outros pré candidatos, como o Movimento Esquerda Socialista (MES), representado pela ex deputada federal Luciana Genro, a vereadora Fernanda Melchionna, o vereador Pedro Ruas, do PSOL/RS, e da juventude brasileira como um todo.

Fora do debate promovido em 18/08/2010 pela Folha/UOL, Plínio Sampaio convocou um "tuitaço" e chegou pela segunda vez ao Trending Topics, expressão usada para classificar o número um do ranking da rede Twitter.


Atuação Nos Movimentos Sociais

Plínio de Arruda Sampaio é um dos mais respeitados intelectuais de esquerda católica e também um do mais árduos defensores da Teologia da Libertação entre o laicato. Era a favor de um aprofundamento da reforma agrária no Brasil, sendo presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).

Foi diretor do Correio da Cidadania, que tinha como editora Valéria Nader, e é um veículo de comunicação sem fins lucrativos da cidade de São Paulo fundado em 1996.

Em 2007, aos 76 anos, participou ativamente da passeata na Avenida Paulista organizada no Dia Internacional da Mulher, pelos direitos da mulher trabalhadora e contra a política externa do então presidente estadunidense George W. Bush.

Em 2013, aos 82 anos participou do protesto contra o aumento da passagem de ônibus na Avenida Paulista, as chamadas Manifestações no Brasil em 2013.

Livros Publicados

  • 2004 - Construindo o Poder Popular (64 pág.), Paulus Editora
  • 2006 - O Brasil é Viável? (265 pág.), Editora Paz e Terra
  • 2009 - Como Combater a Corrupção (32 pág.), Paulus Editora
  • 2010 - Por Que Participar da Política? (64 pág.), Editora Sarandi



Morte

Plínio de Arruda Sampaio não resistiu a um tratamento contra um câncer ósseo e morreu vítima de falência múltipla de órgãos, na tarde de terça-feira, 08/07/2014, aos 83 anos, no Hospital Sírio-Libanês, na região central São Paulo. Ele estava internado na instituição havia mais de um mês.

Fonte: Wikipédia

Marcello Alencar

MARCELLO NUNES DE ALENCAR
(88 anos)
Advogado e Político

* Rio de Janeiro, RJ (23/08/1925)
+ Rio de Janeiro, RJ (10/06/2014)

Marcello Nunes de Alencar foi um político e advogado brasileiro. Como advogado, defendeu presos políticos durante o Regime Militar de 1964. Filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), foi suplente do senador Mário de Sousa Martins pelo extinto estado da Guanabara. Em 1969, com o advento do Ato Institucional Nº5 (AI5), ele próprio teve seu mandato cassado e direitos políticos suspensos.

Após a Lei da anistia e o fim do bipartidarismo no país, filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). Presidiu o extinto Banco do Estado do Rio de Janeiro (BANERJ) no início do primeiro governo de Leonel Brizola que o nomeou para ocupar a chefia municipal (na época os prefeitos das capitais eram indicados pelo governador). Em janeiro de 1986 passou o cargo para Saturnino Braga. Ainda em 1986 concorreu ao Senado Federal, perdendo para Nelson Carneiro e Afonso Arinos.

Retornou à prefeitura em 1989, ao ser eleito nas eleições municipais de 1988. Em sua segunda gestão recuperou as finanças da prefeitura, que teve a falência decretada por seu antecessor. Reformou praças, vias públicas, escolas e hospitais e implementou o Rio-Orla, projeto urbanístico que consistiu na remodelação dos calçadões das avenidas litorâneas com a implantação de ciclovias.

Marcello Alencar e Paulo Moura
Por não conseguir indicar o seu aliado Luis Paulo Corrêa da Rocha como candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT) a sua sucessão, deixou o partido e entrou em choque com Leonel Brizola.

Em 1993 se filiou ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) junto com o seu grupo político. Pela legenda tucana venceu o pleito estadual de 1994, derrotando Anthony Garotinho.

Como governador fez a Via Light, expandiu as linhas 1 e 2 do metrô, levando-o para Copacabana e Pavuna e, rompendo com seu passado trabalhista, privatizou uma série de empresas estatais como a Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro (CERJ), Banco do Estado do Rio de Janeiro (BANERJ), Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro (CONERJ), Companhia Estadual de Gás (CEG), Companhia Estadual de Trens Urbanos (FLUMITRENS) e o próprio Metrô, e ainda extinguiu a Companhia de Transportes Coletivos do Estado do Rio de Janeiro (CTC-RJ).

Deixou o governo estadual em janeiro de 1999.


Morte

Marcello Alencar, morreu na madrugada de terça-feira, 10/06/2014, aos 88 anos. Ele estava em casa, em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e a causa de sua morte é desconhecida.

Nos últimos anos, o político esteve com a saúde muito debilitada, tendo sofridos três AVCs (Acidente Vascular Cerebral).

O corpo de Marcello Alencar será velado na quarta-feira, 11/06/2014, no Palácio da Cidade, sede da prefeitura carioca, em Botafogo. O velório será aberto ao público das 9:00 hs às 14:00 hs, segundo o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), que foi secretário municipal de governo de Marcello Alencar.  O corpo será cremado em cerimônia familiar logo após o velório.

"Ele enfrentou, ao longo da vida, muitos problemas de saúde e sempre se recuperou. Teve três AVCs e passou por cirurgias importantes. Ele deixa todo um histórico de um carioca apaixonado pela cidade, de homem público, apaixonado pela coisa pública. Era uma referência. Era chamado de prefeito das ruas. Ia para os lugares, ouvia as pessoas!", disse Otávio Leite.

Fonte: WikipédiaO Dia e Terra
Indicação: Miguel Sampaio

Ernesto Paulelli

ERNESTO PAULELLI
(99 anos)
Violonista e Advogado

* (1914)
+ São Paulo, SP (26/02/2014)

O cantor e compositor brasileiro Adoniran Barbosa passou anos espalhando por ai que o "Arnesto o convidou para um samba no Brás, mas quando ele chegou lá, não encontrou ninguém e ficou com uma baita de uma réiva". Essa é a história narrada no clássico "Samba do Arnesto" de 1953.

Pois é, acontece que o caso não foi bem assim, e o pobre do Arnesto ainda levou a fama por dar um bolo no compositor. Pedimos licença para recontar essa história, mesmo que a versão de Adoniran seja, de longe, muito mais emocionante.

O Arnesto Nos Convidou

Pra começo de conversa, o Arnesto na verdade se chama Ernesto Paulelli. Mas não adiantou repetir "meu nome é Ernesto!", já que Adoniran Barbosa preferia chamá-lo por um nome que "desse samba".

Aliás, Ernesto Paulelli não convidou ninguém para samba nenhum: ele e Adoniran Barbosa se conheceram em 1938, quando se encontraram na Rádio Record, onde Ernesto Paulelli ia se apresentar ao lado da cantora Nhá Zefa. Trocaram cartões e ele disse: "Arnesto Paulelli". Eu o corrigi e disse que o nome certo era Ernesto. Mas ele insistiu: "Pois, a partir de hoje, você será Arnesto. E tem mais: vou lhe fazer um samba! Aduvida?".

Arnesto, ou melhor, Ernesto Paulelli, não duvidou, mas só foi ouvir o samba em sua homenagem em 1955, 17 anos após o encontro entre ele e o maior nome do samba paulistano.

Adoniran Barbosa e Arnesto, ele não liga mais que troquem seu nome, foram amigos até a morte do sambista em 1982. Como lembrança, o advogado aposentado da Moóca guarda a amizade e uma partitura do "Samba do Arnesto" com a dedicatória do compositor.

Ele Mora no Brás

Na verdade, ele morava na Mooca, bairro da zona leste paulistana, há mais de cinquenta anos. Mas até os anos 1940, época em que conheceu Adoniran BarbosaErnesto Paulelli morava mesmo no Brás. O fato é: Se não tinha samba no Brás, nem na Mooca, já que o Arnesto não tinha convidado ninguém.

Ernesto Paulelli disse que certa ocasião foi conversar com o Adoniran Barbosa e perguntar que história era aquela de dar um bolo nele. Com aquela voz rouca ele me respondeu: "Arnesto, se não tem bolo não tem samba!".

Da Outra Vez, Nóis Não Vai Mais

Esse fardo Ernesto Paulelli teve que carregar a vida toda. Até o fim de sua vida ele ainda levava a fama de "furão". O compositor se justificou, uma vez, quando encontrou Arnesto, depois que a música já fazia sucesso "É que sem mancada não tem samba!"Ernesto Paulelli ganhou de presente as partituras originais de quando seu amigo compôs o samba que o "rebatizou".

Para a nossa sorte - e do Arnesto também - o nome realmente deu um samba. Em todo caso, da próxima vez, pra evitar a "réiva" é melhor "ponhar" um recado na porta "assinado em cruz, porque não sei escrever".

Arnesto Fala do Saudoso Adoniran Barbosa

O telefone toca na casa da Rua Tagi, no bairro paulistano da Mooca, e quem atende passa a ligação, depois de saber do que se trata, para Ernesto Paulelli. Aos 95 anos, ele começa a conversar em tom festivo: "Você quer fazer uma entrevistinha? É um grande júbilo falar, atender à imprensa". Quase ninguém sabe que Ernesto Paulelli é, na realidade, "Arnesto", nome pelo qual ficou conhecido depois que Adoniran Barbosa lhe dedicou uma de suas principais criações, o "Samba do Arnesto".

O Mais Cruzeiro soube da história a partir de uma sugestão de pauta postada no site do jornal por Claudinei Paulelli, sobrinho de Ernesto Paulelli. Ele que mora em Campinas, SP, procurava na internet informações para um trabalho que desenvolve e leu na versão on line do jornal, reportagem sobre o show "Seu Rosa e Seu Barbosa", que o produtor Carlos Madia realizou no Campolim no mês de abril, para homenagear o centenário de nascimento de Adoniran Barbosa e de Noel Rosa.

Foi o que bastou para Claudinei avisar o jornal de que o tio poderia ser entrevistado. "Ele está muito bem e pode contar histórias interessantes", mencionou depois. O internauta tinha mais do que razão. Seu Ernesto Paulelli é uma figura. Carismático e dono de uma memória prodigiosa, relatou detalhes do encontro que resultou numa das mais importantes composições da música popular brasileira da década de 50.

Ernesto Paulelli e Adoniran Barbosa, porém, se conheceram no final dos anos 30. Para ser preciso, ele lembra, em 1938. Então vendedor de uma fábrica de cera, a Recorde (com "e" no final mesmo), Ernesto Paulelli era, também, músico. Frequentava rodas de samba, acompanhava artistas em apresentações nas rádios. Numa dessas ocasiões, na Rádio Record, foi apresentado ao compositor. Adoniran Barbosa, conforme Ernesto Paulelli, era, àquela altura, "relativamente famoso", mas sempre se mostrou despachado, brincalhão e irreverente.

Assim que o avistou, pediu um cigarro. Ernesto Paulelli não fumava. "Então, me dá seu cartão"Adoniran Barbosa recebeu o cartão do recém-conhecido, e disse que não lhe daria o seu porque simplesmente não tinha. Nunca teve, na verdade. Ao ler o nome impresso, comentou: "Então você é o Arnesto?". Ernesto Paulelli o corrigiu: " Não, sou Ernesto. Com E"Adoniran Barbosa emendou: "Pois, a partir de hoje, você será Arnesto. E tem mais: vou lhe fazer um samba! Aduvida?". "Fiquei lisonjeado com o gesto. Ganhei, ali, naquele dia, um irmão", contou Ernesto Paulelli.

O tempo passou, os dois não se encontraram mais, até que, em 1955, 17 anos depois, Ernesto Paulelli e a mulher ouviram, na Rádio Bandeirantes, o locutor anunciar:

" - Vamos ouvir, agora, com Os Demônios da Garoa, o Samba do Arnesto."

Ernesto Paulelli gritou para a esposa:

"- Alice! Essa peteca é minha! Esse samba é meu!"

Dona Alice não entendeu a princípio, mas ouviu com o marido a canção que tocava. Ao final, os dois, abraçados, choraram de emoção pela homenagem. Ernesto Paulelli disse que nunca "aduvidou" de que Adoniran Barbosa cumpriria a promessa.

O "Samba do Arnesto" foi um dos grandes sucessos daquela fase, mas também deu a seu Ernesto Paulelli a fama de "furão". Para quem não se lembra, a música fala de um sujeito que convida os amigos para uma festa e não aparece. São muitas as versões que tentam explicar como surgiu a composição. Adoniran Barbosa, em depoimento a um programa da TV Cultura, explicou que Arnesto teria sido, na verdade, irmão de Nicola Caporrino, seu parceiro que assinava "Alocin". Conhecido por inventar histórias, Adoniran Barbosa não foi exatamente fiel aos fatos nesse caso. Foi o próprio Nicola Caporrino quem esclareceu o mal entendido, segundo o pesquisador Celso de Campos Júnior, autor da biografia do autor de "Trem das Onze".

Consta que, em meados dos anos 50, Adoniran Barbosa costumava passar os feriados ou fins de semana com amigos no Guarujá. Nicola Caporrino o acompanhava nestas viagens, até o momento em que, por apertos financeiros, deixou de ir. Numa tarde de sexta-feira, Adoniran Barbosa foi até a casa do amigo, acompanhado de seu cachorro PetelecoNicola Caporrino pediu à mulher que dissesse que não estava, e escondeu-se no quarto. O cachorrinho, porém, localizou o fujão que acabou viajando. Já na praia, depois de umas e outras, Adoniran Barbosa sugeriu ao amigo que não mentisse, apenas "deixasse um recado na porta"Nicola Caporrino devolveu: "Isso dá samba!". E deu mesmo. Adoniran Barbosa lembrou-se da promessa feita há muito tempo ao amigo que conheceu na Rádio Record e compôs a canção.

Em 1957, novamente nos corredores da Rádio Record, Ernesto Paulelli se preparava para acompanhar um artista quando viu Adoniran Barbosa. "Te fiz o samba. Você gostou?", perguntou Adoniran BarbosaErnesto Paulelli, claro, falou da alegria de ter sido homenageado, mas disse que ficou "numa situação embaraçosa" por conta da mancada de que a música falava. Adoniran Barbosa soltou, então, outra de suas pérolas: "Arnesto, se não tivesse mancada, não saía samba!".

Os dois se tornaram, então, compadres, no dizer de Adoniran Barbosa. Para selar de vez a amizade, Adoniran Barbosa entregou a seu Ernesto Paulelli a partitura com a música, que autografou. Ele guardou a relíquia até fim da vida.

Ernesto Paulelli só voltaria a saber do amigo, quando ele passava por problemas de saúde. "Estava muito doente e internado no Hospital São Luís, na região da Brigadeiro Luiz Antonio. Fiquei sabendo, depois, que ele morreu. Uma grande e irreparável perda".

No centenário de nascimento de Adoniran Barbosa, Ernesto Paulelli, que estava muito perto de completar 100 anos, foi o centro das atenções. Procurado por jornais, contou inúmeras vezes como foi o seu encontro com o compositor. Na "Virada Cultural", embarcou no "Trem das Onze" junto com outros artistas, entre os quais o grupo Trovadores Urbanos, que cantaram temas de Adoniran Barbosa.

Morte

Ernesto Paulelli sofreu uma fratura de fêmur na sexta-feira, 21/02/2014, foi internado e operado. Na quarta-feira, 26/02/2014, após ter recebido alta da UTI, teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. O velório foi realizado após às 19:30 hs. do dia 26/02/2014, no Cemitério do Araçá, em São Paulo.

No Facebook, familiares de Ernesto Paulelli lamentaram a morte: "É com grande pesar que comunico a perda do nosso querido Arnesto do Samba. Nosso grande mestre, pai, avô e bisavô. Descanse em paz, vô.", publicou Neto Paulelli.

Indicação: Miguel Sampaio