Estudou na França de 1857 ao final de 1860, onde assistiu a reforma urbana de Paris promovida por Georges-Eugène Haussmann. A estada em Paris lhe exerceu profunda influência, que iria dedicar-se à engenharia ferroviária e ao urbanismo.
Retornou à Europa em 1880 e permaneceu em Paris até 1881. Nesta época frequentou cursos na
Sorbonne e no
Collége de France. Visitou fábricas, siderúrgicas, empresas de transporte e obras públicas na Europa. Ainda em 1881 tornou-se consultor da
Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens, para acompanhar a construção de uma linha ferroviária no Paraná, ligando o porto de Paranaguá à Curitiba.
No seu retorno ao Brasil, mudou-se para o Paraná e somente após a inauguração da ferrovia em 1882, retornou à capital. Em seu retorno, assumiu a presidência da Carris de São Cristóvão, substituindo
Visconde de Taunay.
Após restruturar a empresa, em 1884,
Pereira Passos propõe aos acionistas a aquisição do projeto do italiano
Giuseppe Fogliani, para a construção de uma grande avenida. Apesar da aprovação dos acionistas e da licença para construção obtida, o projeto não saiu do papel. No entanto, essa seria mais uma antecipação do que viria a ocorrer em sua gestão como prefeito 20 anos depois: a abertura da Avenida Central.
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O prefeito Pereira Passos posando para Rodolpho Bernadelli (Fonte: Foto Malta. Arquivo IHGB, Rio de Janeiro) |
Panorama do Rio de Janeiro no Início do Século XX
No início do século XX, o Rio de Janeiro passava por graves problemas sociais, decorrentes, em grande parte de seu rápido e desordenado crescimento, alavancado pela imigração européia e pela transição do trabalho escravo para o trabalho livre.
Na ocasião em que
Pereira Passos assumiu a prefeitura da cidade, o Rio de Janeiro, com sua estrutura de cidade colonial, possuía quase 1 milhão de habitantes carentes de transporte, abastecimento de água, rede de esgotos, programas de saúde e segurança.
No centro do Rio de janeiro, a Cidade Velha e adjacências, eclodiam habitações coletivas insalubres (cortiços), epidemias de febre amarela, varíola, cólera, conferindo à cidade a fama internacional de porto sujo ou
Cidade da Morte, como se tornara conhecida.
A reforma urbana de
Pereira Passos, período conhecido popularmente como
"Bota-abaixo", visou o saneamento, o urbanismo e o embelezamento, dando ao Rio de Janeiro ares de cidade moderna e cosmopolita.
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Monumento ao Prefeito Francisco Pereira Passos |
Prefeito
Nomeado prefeito pelo presidente
Rodrigues Alves, ao lado de
Lauro Müller,
Paulo de Frontin e
Francisco Bicalho, promoveu uma grande reforma urbanística na cidade, com o objetivo de transformá-la numa capital nos moldes franceses.
Inspirado nas reformas de
Georges-Eugène Haussmann, em quatro anos
Pereira Passos transformou a aparência da cidade: aos cortiços (locais serviam de moradia para aqueles que não seriam benquistos na
"cidade higienizada") e às ruas estreitas e escuras, sobrevieram grandes bulevares, com imponentes edifícios, dignos de representar a capital federal.
Alargamento e Abertura de Ruas:
Com a finalidade de saneamento e ordenação da malha de circulação viária,
Pereira Passos demoliu casarões, abriu diversas ruas e alargou outras. O alargamento das ruas permitiu o arejamento, ventilação e melhor iluminação do centro e ainda a adoção de uma arquitetura de padrão superior.
Foram abaixo todos os prédios paralelos aos Arcos da Lapa e o Morro do Senado, a fim de liberar passagem para a Avenida Mem de Sá. Para a abertura da Avenida Passos, foi demolido o Largo de São Domingos. Após a conclusão do alargamento da Rua da Vala, atual Rua Uruguaiana, em 1906, que custou a demolição de todo o casario de um dos lados da rua, esta passou a abrigar as melhores lojas do início do século.
Foi também em sua administração que ocorreram as obras de abertura das avenidas Beira-Mar e Atlântica, além do alargamento da Rua da Carioca, Rua Sete de Setembro, dentre outras obras.
Avenida Central:
Pereira Passos idealizou e realizou a Avenida Central, com 1.800 metros de comprimento e 33 metros de largura, a atual Avenida Rio Branco, um dos mais importantes logradouros da cidade ainda hoje, a exercer o papel de centro econômico e administrativo. É considerada um dos marcos de sua administração.
Avenida Beira Mar:
As obras da Avenida Beira Mar, iniciadas logo que assumiu, foram inspecionadas pessoalmente. Esta ligaria o centro da cidade até o Morro da Viúva. A avenida foi uma forma eficiente de ligar as extremidades da cidade, sendo esta ligação reforçada posteriormente pela abertura de túneis.
Cidade Maravilhosa
Após as obras de
Pereira Passos e o trabalho do sanitarista
Oswaldo Cruz o Rio de Janeiro perdeu o apelido de
Cidade da Morte, ganhou o título de
Cidade Maravilhosa e realizou a
Exposição Nacional de 1908, idealizada pelo presidente
Afonso Pena para festejar o Centenário da abertura dos portos.
Aspectos Sociais na Gestão Pereira Passos
Apesar das melhorias sanitárias e urbanísticas, o plano de
Pereira Passos implicou alto custo social, com o início das formações de favelas na cidade.
A reforma promoveu uma grande valorização do solo na área central, ainda ocupada parcialmente pela população de baixa renda. Cerca de 1.600 velhos prédios residenciais foram demolidos. A partir destas demolições, a população pobre do centro da cidade se viu obrigada a morar com outras famílias, a pagar altos aluguéis ou a mudar-se para os subúrbios, uma vez que foram insuficientes as habitações populares construídas em substituição às demolidas.
Parte considerável da imensa população atingida pela remodelação permaneceu na região e nos morros situados no centro da cidade - Providência, Santo Antonio, entre outros - outrora pouco habitados, sofreram uma rápida ocupação habitacional proletária. Surgiram as favelas, que marcariam a configuração da cidade até os dias de hoje.
Principais Obras da Gestão de Pereira Passos
- 1903 - Inauguração do Pavilhão da Praça XV
- 1903 - Prolongamento da Rua do Sacramento (atual Avenida Passos) até a Rua Marechal Floriano
- 1903 - Inauguração do Jardim do Alto da Boa Vista
- 1903 a 1904 - Alargamento da antiga Rua da Prainha (atual Rua do Acre)
- 1904 - Construção do Aquário do Passeio Público
- 1904 - Obras na Rua 13 de Maio
- 1905 - Início da Construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (inaugurado em 1909)
- 1905 - Inauguração da nova estrada da Tijuca
- 1905 - Alargamento e prolongamento da Rua Marechal Floriano até o Largo de Santa Rita
- 1905 - Alargamento da Rua do Catete
- 1905 - Alargamento e prolongamento da Rua Uruguaiana (antiga Rua da Vala)
- 1905 - Inauguração da Avenida Central (atual Avenida Rio Branco), marco de sua administração
- 1905 - Decreto para a construção da Avenida Atlântica, em Copacabana
- 1905 - Inauguração da Escola-Modelo Tiradentes
- 1905 - Abertura da Rua Gomes Freire de Andrade
- 1905 - Abertura da Avenida Maracanã
- 1906 - Alargamento da Rua da Carioca
- 1906 - Inauguração da fonte do Jardim da Glória
- 1906 - Inauguração da nova Fortaleza na Ilha de Lage
- 1906 - Inauguração do palácio da exposição permanente de São Luiz (futuro Palácio Monroe)
- 1906 - Conclusão das obras de melhoramento do porto do Rio de Janeiro e do Canal do Mangue
- 1906 - Inauguração das obras de melhoramento e embelezamento do Campo de São Cristóvão
- 1906 - Aterramento das praias do Flamengo e Botafogo, com construção de jardins
- 1906 - Inauguração do alargamento da Rua Sete de Setembro , entre as avenidas Central e Primeiro de Março
- 1906 - Inauguração da Avenida Beira-Mar
- 1906 - Reforma do Largo da Carioca
- 1906 - Construção do Pavilhão Mourisco, em Botafogo
- 1906 - Construção do Restaurante Mourisco, próximo à estação das barcas, no Centro
- 1906 - Melhorias no abastecimento de água da cidade