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Alzira Vargas

ALZIRA VARGAS DO AMARAL PEIXOTO
(78 anos)
Arquivista

* São Borja, RS (22/11/1914)
+ Rio de Janeiro, RJ (26/01/1992)


Alzira Vargas do Amaral Peixoto, em solteira Alzira Sarmanho Vargas, nasceu em São Borja, RS no dia 22 de novembro de 1914, filha de Getúlio Dornelles Vargas, que viria a ser presidente da República de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, e de Darci Sarmanho Vargas.

Com a vitória da Revolução de 1930 liderada pelo pai, e com a posse deste na chefia do Governo Provisório em 03/11/1930, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Arquivista particular do pai desde 1932, em janeiro de 1937, quando cursava o último ano da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, foi oficialmente nomeada auxiliar de gabinete, passando a integrar o Gabinete Civil da Presidência da República.

Em 1939, durante o Estado Novo (1937-1945), casou-se com o interventor federal do estado do Rio de Janeiro, o oficial de Marinha Ernani do Amaral Peixoto, com quem teria uma filha. Ao lado dele, atuou como mensageira entre Getúlio Vargas e o presidente americano Franklin Roosevelt, realizando várias viagens aos Estados Unidos.

Almoço no Jockey Club, na Gávea, oferecido pelo chanceler Macedo Soares. À esquerda, Alzira Vargas.
Com o enfraquecimento do Estado Novo e o início da redemocratização, Alzira foi uma das articuladoras do Partido Trabalhista Brasileiro, fundado em maio de 1945. Em 29 de outubro, Getúlio Vargas foi afastado do poder por um golpe militar. Conseqüentemente, Amaral Peixoto, a exemplo dos demais interventores, deixou o governo do Estado do Rio de Janeiro. Após o retorno de Getúlio Vargas à presidência e do marido ao governo fluminense no pleito de 3 de outubro de 1950, Alzira voltou a assessorar o pai, vindo a exercer papel de relevo na crise político-militar de 1954, que culminou com o suicídio do presidente.

O assassinato do major Rubens Vaz, em 5 de agosto, em atentado na Rua Toneleros, cujo alvo era o jornalista oposicionista Carlos Lacerda, foi o estopim dessa crise, agravada quando o inquérito policial revelou o envolvimento de membros da guarda pessoal de Getúlio Vargas. Pressionado por generais e brigadeiros, Getúlio Vargas marcou uma reunião extraordinária do seu ministério para a madrugada do dia 24.

Alzira e Amaral Peixoto participaram da reunião. Nesse encontro, Alzira, divergindo da posição do Ministro da Guerra, general Zenóbio da Costa, defendeu a permanência de Getúlio Vargas no poder, baseada em informações de que a oposição ao presidente entre os militares não era tão ampla como se divulgava. Ao final da reunião, Getúlio Vargas decidiu licenciar-se da presidência temporariamente. Em seguida, Alzira procurou o pai em seu quarto, encontrando-o em companhia do seu tio Benjamim Vargas. O presidente mostrou a ambos a chave de um cofre, advertindo-os de que, caso lhe acontecesse algo, deveriam retirar dali alguns valores e papéis de importância.

De manhã, Alzira recebeu um telefonema do general Ciro do Espírito Santo Cardoso em que este lhe comunicava que os generais haviam decidido que a licença de Getúlio Vargas deveria ser definitiva. A conversa telefônica foi interrompida quando alguém avisou-lhe de que Getúlio Vargas se suicidara. Nessa mesma manhã, Alzira abriu o cofre e dele retirou, entre diversos papéis, duas cópias do que passaria à história como a Carta-Testamento.

Cópia da Carta-Testamento de Getúlio Vargas, 24 de agosto de 1954:

"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
 
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte.

Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História."

(Getúlio Vargas)

Em 1955, Amaral Peixoto deixou o governo fluminense e em 1956 foi nomeado embaixador nos Estados Unidos. Alzira seguiu com o marido para Washington, onde permaneceu até 1959. De volta ao país, publicou em 1960 a biografia Getúlio Vargas, Meu Pai.

Em 1973, doou os arquivos de seu pai, que começara a organizar na década de 1930, ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Alzira Vargas Faleceu no Rio de Janeiro no dia 26 de janeiro de 1992.

O arquivo de Alzira Vargas do Amaral Peixoto encontra-se depositado no Cpdoc.


Humberto Marçal

SEBASTIÃO HUMBERTO DE SOUZA
(56 anos)
Locutor e Radialista

* Batatais, SP (12/08/1936)
+ São Paulo, SP (14/08/1992)

Filho de Sebastião de Souza e Deonísia de Paula, nasceu em 12/08/1936, na cidade de Batatais, interior do estado de São Paulo. Depois sua família mudou-se para Marília e Humberto Marçal começou a trabalhar em rádio. Em Marília começou na Rádio Dirceu, do grupo da Rádio Piratininga.

Humberto Marçal era um jovem estudante, que estava ainda fazendo o 2º grau e foi convidado para apresentar um programa cultural, mas logo depois de um tempo foi chamado a integrar o corpo de locutores profissionais.

Seus pais não queriam com medo que isso atrapalhasse seus estudos. Mas Humberto Marçal bateu o pé e consegui permissão para trabalhar em alguns horários. Daí ele foi dilatando seus horários e dedicando-se cada vez mais ao rádio. Acabou realmente por reprovar no colégio e a ocupar todos os cargos que uma emissora do interior pode ter.

Depois, Humberto Marçal foi convidado para a Rádio ABC de Santo André, passando a seguir para a Rádio Cultura, em São Paulo.

Na Rádio Cultura fazia os programas Sucessos do Dia e É Só Pedir. Na Rádio Bandeirantes apresentou o "Jornal Primeira Hora" e o programa "Mil Discos é o Limite".

Trabalhou na Rádio Globo, Rádio Excelsior (Sistema Globo de Rádio), Rádio Nacional e Rádio Record.

Além de fazer rádio, Humberto Marçal gravou jingles, quase sempre na RGE, e fez a voz em comerciais como Café Seleto, Varig, Banco Real e outros.

De uma segurança e credibilidade que poucos profissionais conseguem conferir à voz, fez uma carreira de sucessos no rádio, na tv e na publicidade. Ele criou uma produtora de som Sonotec por onde passaram todos os melhores e maiores locutores de comerciais da época, alguns ainda entre nós, atuando a toda.

Durante anos foi o locutor dos comerciais da Varig, empresa aérea que fazia campanhas muito criativas e estava constantemente na mídia. Gravou muitos comerciais em toda a sua carreira e sua voz marcante será sempre uma referência do que é um bom profissional.

Humberto Marçal foi casado com Anna Maria de Mello com quem teve 2 filhos.

Escute aqui a voz de Humberto Marçal: Voz Humberto Marçal

Percy Aires

PERCY AIRES LOESH
(60 anos)
Ator

* São Paulo, SP (28/01/1932)
+ São Paulo, SP (03/09/1992)

Percy Aires começou sua carreira artística no rádio em 1952, tendo estreado na TV Tupi em seguida e posteriormente contratado pela Rede Globo. Em 1957, atuava no TV de Vanguarda que, entre outros, apresentou Doze Homens Furiosos, uma adaptação de Walter George Durst.

Em sua passagem pela TV Record na década de 70, participou da novela O Espantalho, de Ivani Ribeiro, ao lado de Jardel Filho e Nathalia Thimberg.

No cinema, atuou em O Santo Milagroso em 1966, ao lado de Dionísio Azevedo e Leonardo Vilar.

Em 1988, participou de dois filmes do grupo humorístico Os Trapalhões: Os Heróis Trapalhões e Os Heróis Trapalhões - Uma Aventura na Selva.

Era pai de Patrícia Aires, que ficou conhecida em 1968 por sua atuação na novela A Pequena Orfã, um dos maiores sucessos do gênero e que também virou filme estrelado pela própria atriz.

Em sua passagem pelo TV de Comédia, na TV Tupi, onde encenou ao vivo a peça Os Maridos Atacam de Madrugada, em 1959, Percy foi vítima de um incidente curioso: numa das cenas, o ator aparecia sentado numa cadeira com a atriz Carmen Marinho no colo. Ela levantou-se e tornou a sentar e, nesse movimento, o pé da cadeira dobrou, levando Percy ao chão com os cinquenta e poucos quilos de Carmen sobre ele. Diante das câmeras, que registraram o flagrante, Percy não se deu por embaraçado e exclamou: "Nesta casa tudo acontece!"

Participou de mais de 40 telenovelas, tendo se destacado em Brega e Chique, onde fazia o papel do marido autoritário da personagem interpretada por Neuza Amaral, numa vaga alusão ao estilo do presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo, e em Roda de Fogo, ambas da TV Globo.

O ator faleceu aos 60 anos, vitimado por uma hemorragia interna provocada por problemas no estômago.


Tavares de Miranda

JOSÉ TAVARES DE MIRANDA
(75 anos)
Jornalista, Escritor e Colunista Social

☼ Vitória de Santo Antão, PE (16/11/1916)
┼ São Paulo, SP (20/08/1992)

José Tavares de Miranda, mais conhecido como Tavares de Miranda, foi um jornalista, escritor e colunista social, natural de Pernambuco e radicado em São Paulo, onde se projetou.

Chegou em São Paulo com uma carta de apresentação em 1938. Ao chegar em São Paulo, trabalhou por 5 anos, no jornal Diário da Noite, como repórter policial, transferiu-se, posteriormente, para a Folha de S.Paulo, onde trabalhou por 42 anos, assinando a coluna social que o notabilizou. Em São Paulo, também, concluiu seus estudos de Direito na Faculdade de Direito do  Largo de São Francisco.

Tavares de Miranda tornou-se uma lenda viva do jornalismo, ao longo desses 47 anos. Lançava novas expressões, gírias, moda, modismos, divulgava furos de reportagem, selecionava as mais elegantes de São Paulo, sua importância era equivalente a de Maneco Muller, Jacinto de Thormes e Ibrahim Sued na imprensa de São Paulo.

Tavares de Miranda foi membro da Academia Paulista de Letras, ocupando a Cadeira nº 36, cujo patrono é Euclides da Cunha, e o fundador, Raul Soares de Moura, teve como antecessores, Afonso d'Escragnolle Taunay e Sérgio Buarque de Holanda, e, como sucessores, Oracy Nogueira e Esther de Figueiredo Ferraz.

Tavares de Miranda foi casado com Emerentina Lúcia de Oliveira Ribeiro, Dona Nini, por 45 anos, e teve três filhas.

Sua atividade profissional o levou a constituir um eclético arco de amizades, Lygia Fagundes Telles, Miguel Reale, Giba Um, Hebe Camargo, Alik Kostakis, Erasmo Dias e Alice Carta integravam seu circulo de amigos, entre muitas outras personalidades.

Tavares de Miranda nasceu em família católica, tornou-se ateu e comunista na juventude, e retornou ao seio do catolicismo. Frequentava a missa todos os dias na Igreja de Santa Terezinha na capital paulista.

O Repórter Zé, como se denominava, era um apaixonado pela poesia, escreveu seis livros de poesia, dois romances, dentre os quais "O Nojo" (1946), e um guia de etiqueta intitulado "Boas Maneiras e Outras Maneiras".

Sua saída da Folha de S.Paulo, em 1985, foi o culminar de um processo de transformação editorial que apontava para um colunismo mais contemporâneo, mais ágil, segundo a nova filosofia da direção, fato que o deixou muito deprimido.

Tavares de Miranda faleceu aos 75 anos, em São Paulo, SP, no dia 20/08/1992.

A prefeitura de São Paulo homenageou Tavares de Miranda batizando uma rua com seu nome em 1993.

Fonte: Wikipédia

Paulo Villaça

PAULO VILLAÇA
(58 anos)
Ator, Professor, Jornalista e Publicitário

☼ Bauru, SP (1933)
┼ Rio de Janeiro, RJ (24/01/1992)

Paulo Villaça nasceu em Bauru, interior de São Paulo, em 1946. Professor de literatura, jornalista e publicitário, abandonou a profissão de professor de grego para, aos 32 anos, estrear na carreira artística.

Depois de passar pela Escola de Arte Dramática (EAD) e pelo Teatro Oficina, estreia no cinema, protagonizando um dos filmes mais importantes do Cinema Marginal e Clássico do cinema brasileiro, em 1968, "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla.

Na sequência, foi um dos atores mais presentes no cinema nacional, participando em mais de 20 filmes, como "A Mulher de Todos" (1969), "Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa" (1971), "A Dama do Lotação" (1978), "Aventuras de um Paraíba" (1983), "A Dama do Cine Xangai" (1985), entre outros.

Paulo Villaça e Helena Ignes em cena do filme "O Bandido da Luz Vermelha"
No teatro, contracenou com Marília Pêra em 1969, na peça "Fala Baixo Senão Eu Grito", texto de estreia da dramaturga Leilah Assumpção, com direção de Clóvis Bueno. Mas seu grande momento nos palcos é na montagem de "Navalha na Carne", de Plínio Marcos, em 1968, ao lado de Ruthinéa de Moraes e Edgard Gurgel Aranha.

Na televisão, atuou nas novelas "O Bofe" (1972) e nas minisséries "Quem Ama Não Mata" (1982) e "Anos Dourados" (1986), da TV Globo.

Nos anos 70 foi casado com a atriz Marília Pêra.

Paulo Villaça morreu no dia 24/01/1992, no Rio de Janeiro, devido a complicações de saúde provocadas pelo vírus da AIDS, mas pediu para ser cremado em São Paulo.

Paulo Villaça e Sônia Braga em "A Dama do Lotação"
Cinema

  • 1992 - Perfume de Gardênia ... Ladrão
  • 1990 - O Quinto Macaco ... Watts
  • 1988 - Prisoner Of Rio ... Drº Falcão
  • 1988 - Banana Split
  • 1987 - A Dama do Cine Shanghai ... Desdino
  • 1987 - Leila Diniz
  • 1987 - Quincas Borba ... Quincas Borba
  • 1987 - Eternamente Pagu
  • 1986 - O Homem da Capa Preta ... Maragato
  • 1986 - Fulaninha
  • 1982 - Aventuras de um Paraíba
  • 1982 - Rio Babilônia ... Dante
  • 1981 - O Torturador
  • 1979 - Os Trombadinhas
  • 1979 - A República dos Assassinos
  • 1979 - O Princípio do Prazer
  • 1978 - O Gigante da América
  • 1978 - A Dama do Lotação
  • 1978 - Nos Embalos de Ipanema ... André
  • 1977 - Paranóia ... João
  • 1977 - Gente Fina é Outra Coisa
  • 1977 - Ajuricaba, o Rebelde da Amazônia
  • 1974 - O Forte
  • 1974 - O Lobisomem
  • 1973 - Sagarana, o Duelo
  • 1972 - Revólveres Não Cospem Flores
  • 1971 - Mangue Bangue
  • 1971 - Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa ... O amigo
  • 1971 - Um Pistoleiro Chamado Caviúna
  • 1970 - OSS 117 Prend Des Vacances
  • 1970 - Copacabana Mon Amour ... Drº Grilo
  • 1970 - Beto Rockfeller
  • 1970 - Jardim de Guerra
  • 1970 - Perdidos e Malditos
  • 1970 - Os Senhores da Terras
  • 1969 - A Mulher de Todos ... Ramón
  • 1978 - O Bandido da Luz Vermelha ... O Bandido
  • 1968 - O Matador

Paulo Villaça e Denise Bandeira na minissérie "Anos Dourados"
Televisão

  • 1990 - Barriga de Aluguel
  • 1990 - Fronteiras do Desconhecido
  • 1989 - Colônia Cecília ... Delegado Tavares
  • 1988 - Vale Tudo ... Gustavo
  • 1988 - Chapadão do Bugre ... Perciva
  • 1987 - Helena ... Salvador
  • 1986 - Selva de Pedra ... Juiz
  • 1986 - Anos Dourados ... Joel
  • 1985 - Armação Ilimitada
  • 1985 - Tudo em Cima ... Drº Ciro Benetti
  • 1984 - A Máfia no Brasil ... Alfredo Adauto
  • 1982 - Quem Ama Não Mata ... Raul
  • 1981 - Os Adolescentes ... Odilon
  • 1972 - O Bofe ... Paulo
  • 1969 - Super Plá ... Cícero
  • 1967 - O Jardineiro Espanhol
  • 1967 - O Morro dos Ventos Uivantes ... José

Carlos Machado

CARLOS MACHADO
(83 anos)
Ator, Produtor e Diretor de Musicais e Teatro de Revista

☼ Porto Alegre, RS (16/03/1908)
┼ Rio de Janeiro, RJ (05/01/1992)

José Carlos Penafiel Machado, conhecido por Carlos Machado, o Rei da Noite, foi um produtor e diretor de espetáculos musicais nascido em Porto Alegre, RS, no dia 16/03/1908. Era pai da atriz Djenane Machado.

O auge de sua fama ocorreu entre o final da era dos cassinos, em 1946, e a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília, em 1960. 

Carlos Machado foi produtor de espetáculos musicais no formato de teatro de revista, apreciados pela nata da sociedade da época, entre eles estadistas, políticos, milionários, diplomatas, e onde podia ser encontrado o que de melhor havia entre músicos, cenógrafos, coreógrafos, atores e mulheres bonitas, mais conhecidas como as vedetes de Carlos Machado.

Carlos Machado produziu e dirigiu mais de 150 espetáculos. Seus shows eram realizados na boate Night And Day, no Rio de Janeiro.

Morte

Carlos Machado faleceu no domingo, 05/01/1992, aos 83 anos, vítima de uma hemorragia digestiva, no Rio de Janeiro, RJ.

Carlos Machado e sua filha Djenane Machado
Produções no Teatro
  • 1950 - Rio, de Janeiro a Janeiro
  • 1952 - A Filha da Tirolesa (com Grande Otelo)
  • 1953 - Esta Vida é um Carnaval
  • 1958 - Mister Samba
  • 1958 - Rio, I Love You
  • 1960 - Festival (com Bibi Ferreira)
  • 1961 - Joãozinho Boa Pinta
  • 1962 - Elas Atacam pelo Telefone
  • 1963 - Chica da Silva 63
  • 1964 - O Teu Cabelo Não Nega
  • 1964 - Samba, Carnaval y Mujer (México)
  • 1964 - Rio, Ciudad Maravillosa (México)
  • 1965 - Rio de 400 Janeiros
  • 1965 - 24 Horas na Vida de uma Vedete
  • 1966 - Holiday 66
  • 1966 - Pussy Pussy Cats
  • 1971 - Ninguém Segura Esse Mocotó
  • 1973 - Hip! Hip! Rio!

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #CarlosMachado

Carlos Wilson

CARLOS WILSON COUTINHO DA SILVEIRA
(41 anos)
Ator, Diretor Teatral, Cenógrafo e Coreógrafo

☼ Vitória, ES (24/05/1950)
┼ Rio de Janeiro, RJ (11/01/1992)

Carlos Wilson foi um ator, diretor teatral, cenógrafo e coreógrafo brasileiro nascido em Vitória, ES, no dia 24/05/1950.

Em 1984 recebeu o Troféu Candango de melhor ator coadjuvante no Festival de Brasília, pela atuação no filme "Noites do Sertão" (1983).

Carlos Wilson foi um renomado diretor de teatro como na primeira montagem de "Capitães de Areia" de Jorge Amado. Com esse espetáculo viajou em turnê para São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. No Rio de Janeiro, o apresentou no Teatro Ipanema, Teatro Casa Grande e Teatro Villa Lobos.

Dirigiu ainda "Os Doze Trabalhos de Hércules", "O Ateneu", entre vários outros espetáculos de grande sucesso junto ao público adolescente.

Carlos Wilson revelou, nos palcos cariocas, muitos jovens atores que posteriormente tornaram-se conhecidos do grande público por seus trabalhos em televisão, como por exemplo: Maurício Mattar, Felipe Camargo, Alexandre Frota, Enrique Diaz, Felipe Martins, Roberto Battalin, Bianca Byngton, Murilo Benício, Dedina Bernadelli, entre outros.

Morte

Carlos Wilson faleceu no dia 11/01/1992, aos 41 anos, na Clínica São Vicente, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, vítima de complicações decorrentes do vírus da AIDS.

Carlos Wilson "Os Três Mosqueteiros", 1988.
Trabalhos

Cinema
  • 1986 - Com Licença, Eu Vou à Luta ... Commissário
  • 1986 - Baixo Gávea
  • 1986 - As Sete Vampiras (Coreógrafo)
  • 1986 - Hell Hunters
  • 1985 - O Rei do Rio
  • 1984 - O Cavalinho Azul
  • 1984 - Garota Dourada
  • 1984 - Noites do Sertão
  • 1983 - Bar Esperança
  • 1982 - O Segredo da Múmia (Ator e Assistente de Produção)
  • 1982 - Tormenta (Cenarista)
  • 1980 - Cabaret Mineiro (Ator e Figurinista)
  • 1980 - Prova de Fogo
  • 1979 - O Bom Burguês
  • 1978 - Se Segura, Malandro!
  • 1977 - Ajuricaba, o Rebelde da Amazônia
  • 1976 - Perdida (Figurinista)

Televisão
  • 1987 - Mandala ... Pai-de-Santo
  • 1980 - Coração Alado ... Mexicano

Prêmios
  • 1986 - Prêmio Mambembe como Personalidade do Ano.
  • 1986 - Prêmio Molière pelo conjunto de trabalhos.
  • 1987 - Prêmio INACEN com "O Ateneu".
  • 1988 - Prêmio Coca-Cola, melhor produção infanto-juvenil, com "Os Três Mosqueteiros".

Luiz Greco

LUIZ ANTÔNIO GRECO
(57 anos)
Piloto Automobilístico

* (22/10/1935)
+ (23/12/1992)

A história de Luiz Antônio Greco no automobilismo começou em 1956, quando dirigiu pela primeira vez um DKW em uma prova de longa duração.

Durante algum tempo, disputou provas de subida de montanha na Serra de Santos e as 500 Milhas de Interlagos ao lado de Christian Heinz, com quem montou a revolucionária Equipe Willys.

Luiz Greco passou a ser facilmente reconhecido nos autódromos, fazendo gestos para cada amarelinho que passasse. Logo transformou-se em uma figura das mais carismáticas, que o público gostava de ver.

Com a morte de Christian Heinz nas 24 Horas de Le Mans de 1963, Luiz Greco passou a dirigir o Departamento de Competições da Williys, que em 1968 seria comprado pela Ford.

Naquele mesmo ano, a montadora anunciou o fim do apoio, depois de inúmeras vitórias de Luiz Pereira Bueno, Bird Clemente, Luís Fernando Terra Schimdt, José Carlos Pace, Francisco Lameirão, Carol Figueiredo, Wilson Fittipaldi entre outros, que em épocas diversas colaboraram com o êxito da equipe.

Alguns saíram magoados com Luiz Greco, por considerarem que ele tinha seus favoritos. Depois, continuou com a equipe de forma particular, além de montar os primeiros Fórmula Ford do país.

Em 1971, quase comprou a Brabham para torná-la a primeira construtora nacional de Formula 1. Na última hora, porém, o governo brasileiro recuou e retirou o apoio prometido.

Obteve vitórias também no Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos, onde venceu as divisões 1, 2 e 3 em 3 anos consecutivos

Sua última proeza foi transformar a Fórmula Fiat, composta por modelos Uno e Palio, em um grande sucesso.

Como chefe de equipe, conquistou mais de 1000 vitórias. Talvez, a maior delas, tenha sido em El Pinar, Uruguai, quando comandou a vitória do Alpine de Bird Clemente sobre carros muito mais potentes.

Foi o primeiro a importar equipamentos como rodas de liga leve e freio a disco ventilado para equipar seus carros. Criou ainda o volante esportivo e construiu um esporte protótipo totalmente feito no Brasil.

Formou uma equipe de Rally e quase convenceu a Willys a comprar o autódromo de Interlagos.

Trovão faleceu jovem, aos 57 anos, no dia 23 de dezembro de 1992. Porém, sua equipe continuou, sob o comando de seu filho, Fabio Greco.

Xandó Batista

XANDÓ BATISTA
(72 anos)
Ator e Dublador

* São Paulo, SP (04/07/1920)
+ Rio de Janeiro, RJ (01/10/1992)

Seu trabalho artístico começou em cinema, em 1951, quando participou do filme "Ângela". No mesmo ano fez o filme "Suzana e o Presidente". Seu papel de maior destaque na TV foi o "Seu Jesus" da novela "A História de Ana Raio e Zé Trovão" da extinta TV Manchete, cuja reprise teve início em 07 de junho de 2010 pelo SBT.

Ao longo da sua carreira como ator de cinema Xandó Batista trabalhou ao lado de importantes nomes como Mazzaropi, Othon Bastos, e Jofre Soares.

Atuou em sucessos do cinema nacional como "O Corintiano", "O Homem do Pau Brasil", "Tiradentes, O Mártir da Independência" e "O Predileto", entre vários outros filmes. Xandó Batista atuou em cerca de 36 filmes.

Por "O Predileto" Xandó Batista ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante em 1977.

No teatro , Xandó Batista, fez: "Eles Não Usam Black-Tie", "Chapetuba Futebol Clube" e "Solness, o Costrutor".

Como dublador, suas principais atuações foram como Dr. Bellows, na série Jeannie é Um Gênio e Abner, em A Feiticeira.

Xandó Batista foi casado duas vezes sendo que seu primeiro casamento foi com a grande atriz Léa Camargo. Seu segundo casamento foi com a atriz Celeste, com quem teve dois filhos.

Televisão

1990 - A História de Ana Raio e Zé Trovão
1990 - O Canto das Sereias (Minissérie)
1988 - Chapadão do Bugre (Minissérie)
1984 - Meus Filhos, Minha Vida
1983 - Braço de Ferro
1982 - Paiol Velho
1982 - O Coronel e o Lobisomem
1982 - Renúncia
1978 - O Direito de Nascer
1976 - Os Apóstolos de Judas
1975 - O Velho, o Menino e o Burro
1974 - Ídolo de Pano
1972 - Vitória Bonelli
1971 - Meu Pedacinho de Chão
1969 - O Bolha
1961 - Vigilante Rodoviário (1961-1962)

Cinema

1982 - O Homem do Pau-Brasil
1980 - O Gosto do Pecado
1979 - Sexo Selvagem
1979 - Histórias Que Nossas Babás Não Contavam
1979 - A Noite dos Imorais
1979 - Os Amantes da Chuva
1978 - A Noite dos Duros
1977 - Contos Eróticos
1977 - O Seminarista
1976 - Chão Bruto
1976 - Fruto Proibido
1976 - Já Não Se Faz Amor Como Antigamente
1976 - Tiradentes, O Mártir da Independência
1975 - Efigênia Dá Tudo Que Tem
1975 - O Predileto
1975 - A Casa das Tentações
1975 - O Sexualista
1974 - Trote de Sádicos
1973 - A Pequena Órfã
1970 - Marcado Para o Perigo
1967 - O Corintiano
1965 - O Beijo
1964 - Satan Mit Den Roten Haaren, Der
1963 - Mord In Rio
1962 - O Vigilante Rodoviário
1959 - O Preço da Vitória
1957 - Rebelião em Vila Rica
1954 - Candinho
1953 - Uma Pulga na Balança
1953 - Luz Apagada
1952 - Nadando em Dinheiro
1952 - Apassionata
1952 - Sai da Frente
1952 - Tico-Tico no Fubá
1951 - Suzana e o Presidente
1951 - Ângela

Não há registros da causa, nem do dia correto de sua morte, só se sabe, que pouco tempo depois do fim das gravações de Ana Raio e Zé Trovão (em Outubro/1992), o ator faleceu aos 72 anos

Fonte: Wikipédia

Denny Perrier

DENIS ROBERT STANISLAS PERRIER
(42 anos)
Ator

* Paris, França (01/11/1950)
+ Rio de Janeiro, RJ (1992)

Com o nome de Denny Perrier atuou no cinema e na TV a partir do final da década de 70. A estréia foi no cinema com "Fim de Festa" (1978) mas em seguida iria para a TV Globo onde estreou em "Dancin' Days" (1978) em um pequeno papel como Alberto Carlos.

No cinema, atuou em filmes como "Memórias do Cárcere" (1984), "Estranho Jogo do Sexo" (1983), "Escalada da Violência" (1982), "Os Três Mosqueteiros Trapalhões" (1980), "A Deusa Negra" (1978) e "Fim de Festa" (1978).

Na TV, Denny Perrier trabalhou em "Marquesa de Santos" (1984) na TV Manchete, "Roque Santeiro" (1985), "Os Gigantes" (1979), "Memórias de Amor" (1979) e "Dancin' Days" (1978), todas na TV Globo.

Participou também de várias fotonovelas e deu aulas de interpretação para atores no Rio de Janeiro na década de 80.

Sua morte mereceu apenas uma pequena nota no jornal "O Globo" e as informações são de que o ator teria morrido vítima da AIDS.

José Parisi

JOSÉ PARISI
(68 anos)
Ator e Diretor de Televisão

* São Paulo, SP (1924)
+ São Paulo, SP (29/12/1992)

O ator nasceu no bairro do Brás, filho de um imigrante italiano. Ainda garoto foi trabalhar na Zona Cerealista do Mercado Municipal de São Paulo e divertia a todos imitando os famosos locutores de rádio na época.

Incentivado pelos amigos foi participar de um concurso promovido pela Rádio Tupi que escolhia um galã para trabalhar com Maria Della Costa. Ficou em segundo lugar mas ganhou um contrato para estrear como locutor de rádio.

Participou da implantação e dos primeiros programas da TV brasileira, na TV Tupi, uma emissora qual pertenceu até que ela fechou as portas. Seu maior sucesso na emissora paulista foi o seriado "Falcão Negro" do qual foi o protagonista por 10 anos.

Também não esteve surgimento da Vera Cruz e participou do primeiro filme da produtora, "Caiçara", ao lado de Eliane Lage e Mário Sérgio. Participou do "TV de Vanguarda", "TV Teatro" e de todas as importantes produções da TV Tupi na década de 50.

No cinema Participou das produções "O Sobrado", "Vereda da Salvação" e "Chão Bruto". Nas novelas foi o Jorge Luiz da primeira versão de "O Direito de Nascer", na TV Tupi e teve papéis de destaque em "A Intrusa", "As Bruxas", "Simplesmente Maria", "A Fábrica", "Rosa dos Ventos", "Os Inocentes", "Tchan, a Grande Sacada" e "Salário Mínimo".

Trabalhou ainda na TV Cultura, no SBT e na TV Manchete, onde encerrou a carreira participando das novelas "Novo Amor" e "Mania de Querer".

Mas o papel que o lançou ao estrelato foi o do herói Falcão Negro, um aventureiro medieval de capa-e-espada, lançado por Péricles Leal no Rio de Janeiro.

Apesar do assédio feminino, José Parisi foi casado por 40 anos com Dirce, união que lhe deu dois filhos, um deles, José Parisi Junior, também ator.

Fonte: Wikipédia

José de Arimatheia

JOSÉ DE ARIMATHEIA
(72 anos)
Ator e Humorista

* Rio de Janeiro, RJ (1920)
+ Petrópolis, RJ (1992)

Começou na Rádio Nacional como humorista.

Trabalhou depois na TV Rio e na TV Continental até chegar à Rede Globo e participar das duas primeiras novelas: "Eu Compro Essa Mulher" e "O Rei dos Ciganos" em 1966. Fez ainda a novela "Bicho do Mato" como o índio Irú.

Se destacou em programas humorísticos ao lado de Chico Anysio e em Os Trapalhões. Seu personagem mais famoso foi o João Valentão do Chico Anysio Show.

José de Arimatheia faleceu vítima de uma parada cardíaca, em sua casa de Petrópolis, aos 72 anos.

Fonte: Wikipédia

Severo Gomes

SEVERO FAGUNDES GOMES
(68 anos)
Empresário e Político

* São Paulo, SP (10/08/1924)
+ Angra dos Reis, RJ (12/10/1992)

Foi Ministro da Agricultura no governo Castelo Branco, Ministro da Indústria e do Comércio no governo Geisel e Senador de 1983 a 1991 por São Paulo. Findo o mandato de Senador, foi escolhido Secretário da Ciência e Tecnologia do estado de São Paulo durante o governo de Luiz Antônio Fleury Filho.

Detentor de grande fortuna pessoal, notabilizou-se nacionalmente ao conciliar sua relevante vida política com as atividades empresariais de criação de gado na Amazonia e comando da sua fábrica dos cobertores Parahyba instalada em São José dos Campos, cidade localizada no Vale do Paraíba.

Faleceu em acidente aéreo junto a sua esposa Anna Maria Henriqueta Marsiaj. Além deles faleceram no acidente Ulysses Guimarães e a esposa Mora Guimarães, juntamente com o piloto do helicóptero de propriedade do Moinho São Jorge, que caiu no mar.

Sua vasta propriedade residencial em São José dos Campos foi transformada em espaço de convívio comunitário denominado Parque da Cidade Roberto Burle Marx.

Fonte: Wikipédia

Jânio Quadros

JÂNIO DA SILVA QUADROS
(75 anos)
Político e Presidente do Brasil

* Campo Grande, MS (25/01/1917)
+ São Paulo, SP (16/02/1992)

Quando criança morou em Curitiba tendo feito os 4 primeiros anos do ensino fundamental no Grupo Escola Conselheiro Zacarias, hoje Colégio Estadual Conselheiro Zacarias. Mais tarde , estudou no Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo para, depois, formar-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Foi professor de Geografia no tradicional Colégio Dante Alighieri, considerado excelente professor. Tempos depois, lecionou Direito Processual Penal na Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Nascido no estado de Mato Grosso (na porção que hoje corresponde ao Mato Grosso do Sul), mas criado em Curitiba e na capital paulista.

Em 1947 foi eleito suplente de vereador na cidade de São Paulo pelo Partido Democrata Cristão (o mesmo partido do jovem André Franco Montoro, a quem enfrentaria em uma eleição estadual 35 anos depois). Com a cassação dos mandatos dos parlamentares do Partido Comunista Brasileiro (por determinação geral do então presidente Eurico Gaspar Dutra), pôde assumir uma cadeira na Câmara Municipal, desempenhando mandato entre 1948 e 1950. Na ocasião ficou conhecido como o maior autor de proposições, projetos de lei e discursos de todas as casas legislativas do país no período, assinando ainda a grande maioria das propostas e projetos considerados favoráveis à classe trabalhadora. Na sequência foi consagrado como o deputado estadual mais votado, com mandato entre 1951 e 1953.

Prefeito e Governador

A seguir elegeu-se prefeito do município de São Paulo, o que caracterizou uma grande façanha, pois enfrentou um enorme arco de partidos, assim composto: PSP-PSD-UDN-PTB-PRP-PR-PL. Essa coligação registrou a candidatura do professor Francisco Antonio Cardoso, que tinha uma campanha milionária, com uma enxurrada de material de propaganda e com apoio ostensivo das máquinas municipal e estadual. De outro lado, o PDC e o PSB lançam Jânio Quadros, com poucos recursos financeiros - sua campanha foi chamada de o tostão contra o milhão. Exerceu a função de 1953 a 1955, licenciando-se do cargo em 1954, durante a sua campanha para governador. Seu vice, que exerceu interinamente o cargo, foi José Porfírio da Paz, que também foi autor do hino do São Paulo Futebol Clube.

Candidato da aliança PTN-PSB, ganhou o pleito sobre o favorito Ademar de Barros (um de seus maiores inimigos políticos) por uma pequena margem de votos, de cerca de 1%. Sua gestão foi entre 1955 e 1959. Durante o mandato procurou executar ações que passassem uma imagem de moralização da administração pública e de combate à corrupção (uma prática comum era a das visitas surpresa às repartições públicas, a fim de verificar a qualidade do serviço oferecido à população) aliadas a um empreendedorismo que buscava destaque e projeção, seja na criação de novos serviços e órgãos ou na construção de grandes obras, como pode se verificar, por exemplo, na criação do Complexo Penitenciário do Carandiru. Assim, angariou grande popularidade e se consagrou como um líder entre os paulistas.

A presidência da República seria o passo a seguir mas, no final de 1958, para não passar um "tempo ocioso" na política, se candidatou e se elegeu deputado federal pelo estado do Paraná, com o maior números de votos, mas não assumiu o mandato. Em lugar disso, preparou sua candidatura à presidência, com apoio da União Democrática Nacional (UDN). Utilizou como mote da campanha o "varre, varre vassourinha, varre a corrupção", cujo jingle tinha como versos iniciais:

"Varre, varre, varre, varre vassourinha / varre, varre a bandalheira / que o povo já tá cansado / de sofrer dessa maneira / Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!"

Rápida Ascensão Política

Jânio chegou à presidência da República de forma muito veloz. Em São Paulo, exerceu sucessivamente os cargos de vereador, deputado, prefeito da capital e governador do estado. Tinha um estilo político exibicionista, dramático e demagógico. Conquistou grande parte do eleitorado prometendo combater a corrupção e usando uma expressão por ele cunhada: varrer toda a sujeira da administração pública. Por isso o seu símbolo de campanha era uma vassoura.

Presidente da República

Foi eleito presidente em 3 de outubro de 1960, pela coligação PTN-PDC-UDN-PR-PL, para o mandato de 1961 a 1966, com 5,6 milhões de votos - a maior votação até então obtida no Brasil - vencendo o marechal Henrique Lott de forma arrasadora, por mais de dois milhões de votos. Porém não conseguiu eleger o candidato a vice-presidente de sua chapa, Milton Campos (naquela época votava-se separadamente para presidente e vice). Quem se elegeu para vice-presidente foi João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro. Os eleitos formaram a chapa conhecida como chapa Jan-Jan.

Qual a razão do sucesso de Jânio Quadros? Castilho Cabral, presidente do antigo Movimento Popular Jânio Quadros, sempre se perguntava por que esse moço desajeitado conseguiu realizar, em menos de quinze anos, uma carreira política inteira - de vereador a Presidente da República - que não tem paralelo na história do Brasil. Jânio não alcançou o poder na crista de uma revolução armada, como Getúlio Vargas. Não era rico, não fazia parte de algum clã, não tinha padrinhos, não era dono de jornal, não tinha dinheiro, não era ligado a grupo econômico, não servia aos Estados Unidos nem à Rússia, não era bonito, nem simpático. O que era, então, Jânio Quadros?

Hélio Silva, em seu livro A Renúncia, tenta explicar:

"Jânio trazia em si e em sua mensagem, algo que tinha que se realizar. E que excedia, até mesmo excedeu, sua capacidade de realização … Todo um conjunto de valores e uma conjugação de interesses somavam-se em suas iniciativas e aliavam-se, nas resistências que encontrou. Analisada, a renúncia não tem explicação. Ou melhor, nenhuma das explicações que lhe foram dadas satisfaz."

Jânio representava a promessa de revolução pela qual o povo ansiava. Embora Jânio fosse considerado um conservador - era declaradamente anticomunista - seu programa de governo foi um programa revolucionário.

Propunha a modificação de fórmulas antiquadas, uma abertura a novos horizontes, que conduziria o Brasil a uma nova fase de progresso, sem inflação, em plena democracia.

Assumiu a presidência (pela primeira vez a posse se realizava em Brasília) no dia 31 de janeiro de 1961.

Embora tenha feito um governo curtíssimo - que só durou sete meses - pôde, nesse período, traçar novos rumos à política externa e e orientar, de maneira singular, os negócios internos. A posição ímpar de Cuba nas Américas após a vitória de Fidel Castro mereceu sua atenção. Comenta Hélio Silva em A Renúncia:

"Foi em seu Governo, breve mas meteórico, que se firmaram diretrizes tão avançadas que, muitos anos passados, voltamos a elas, sem possibilidade real de desconhecer as motivações que as inspiraram."

Para combater a burocracia, tomou emprestado a Winston Churchill - que usara o método durante a Guerra - o hábito de comunicar-se com ministros e assessores diretamente por meio de memorandos - apelidados pela imprensa oposicionista de os bilhetinhos de Jânio - os quais funcionário ou ministro algum ousava ignorar. Adquirira esse hábito, que causou estranheza a alguns conservadores - e era até objeto de chacotas da oposição - no governo de São Paulo.

Um mestre inato da arte da comunicação, Jânio, no intuito de se manter diariamente na "ribalta", utilizava factoides como a proibição do biquíni nos concursos de miss, a proibição das rinhas de galo, a proibição de lança-perfume em bailes de carnaval, e a tentativa de regulamentar o carteado.

Jânio condecorou, no dia 19 de agosto de 1961, com a Grã Cruz da ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, Ernesto Che Guevara, o guerrilheiro argentino que fora um dos líderes da revolução cubana - e era ministro daquele país - em agradecimento por Guevara ter atendido a seu apelo e libertado mais de vinte sacerdotes presos em Cuba, que estavam condenados ao fuzilamento, exilando-os na Espanha. Jânio fez esse pedido de clemência a Guevara por solicitação de dom Armando Lombardi, Núncio apostólico no Brasil, que o solicitou em nome do Vaticano. A outorga da condecoração foi aprovada no Conselho da Ordem por unanimidade, inclusive pelos três ministros militares. As possíveis consequências desse ato foram mal calculadas por Jânio. Sua repercussão foi a pior possível e os problemas já começaram na véspera, com a insubordinação da oficialidade do Batalhão de Guarda que, amotinada, se recusava a acatar as ordens de formar as tropas defronte ao Palácio do Planalto, para a execução dos hinos nacionais dos dois países e a revista. Só a poucas horas da cerimônia, já na manhã do dia 19, conseguiram os oficiais superiores convencer os comandantes da guarda a se enquadrar. A oposição aproveitou-se desse mero ato de cortesia, feita a um governante que havia prestado um favor ao Brasil, para transformá-lo em tempestade num copo d'água. Na imprensa e no Congresso começaram a surgir violentos protestos contra a condecoração de Guevara. Alguns militares ameaçaram devolver suas condecorações em sinal de protesto. Em represália ao que foi descrito como um apoio de Jânio ao regime ditatorial de Fidel, nesse mesmo dia, Carlos Lacerda entregou a chave do Estado da Guanabara ao líder anticastrista Manuel Verona, diretor da Frente Revolucionária Democrática Cubana, que se encontrava viajando pelo Brasil em busca de apoio à sua causa.

A Política Externa Independente (PEI) criada por San Tiago Dantas (juntamente com Afonso Arinos e Araújo Castro) e adotada por Jânio, introduziu grandes mudanças na política internacional do Brasil. O país transformou as bases da sua ação diplomática e esta mudança representou um ponto de inflexão na história contemporânea da política internacional brasileira, que passou a procurar estabelecer relações comerciais e diplomáticas com todas as nações do mundo que manifestassem interesse num intercâmbio pacífico.

Inaugurada em seu governo, foi firmemente conduzida pelo chanceler Afonso Arinos de Melo Franco. A inovação não era bem vista pelos Estados Unidos da América nem por vários grupos econômicos que se beneficiavam da política anterior e nem pela direita nacional, em especial por alguns políticos da UDN, que apoiara Jânio Quadros na eleição.

Enquanto o chanceler Afonso Arinos discursava no Congresso Nacional e divulgava, pela imprensa, palavras que conseguiam tranquilizar alguns setores mais esclarecidos da opinião pública, a corrente que comandava a campanha de oposição à nova política externa, liderada por Carlos Lacerda, Roberto Marinho (Organizações Globo), Júlio de Mesquita Filho (O Estado de São Paulo) e Dom Jaime de Barros Câmara (arcebispo do Rio de Janeiro), ganhava terreno entre a massa propriamente dita, a tal ponto que alguns de seus eleitores começaram a acusar Jânio de estar levando o Brasil para o comunismo.

Essa inovadora política externa de Jânio também provocou algumas resistências nos meios militares. O almirante Penna Botto, que havia protagonizado a deposição de Carlos Luz no episódio do Cruzador Tamandaré, chegou a lançar, em 1961, um livro intitulado A Desastrada Política Exterior do Presidente Jânio Quadros.

Por outro lado as duras medidas internas, que visavam a combater a inflação - que foi crescente durante o governo JK - e já grassava solta após a inauguração de Brasília, bem como algumas medidas que visavam reorganizar a economia, desagradavam à esquerda. Jânio reprimia os movimentos esquerdistas, pelos quais não tinha simpatia alguma, e muitos deles eram liderados por João Goulart. Sua política de austeridade, baseada principalmente no congelamento de salários, restrição ao crédito e combate à especulação, desagradava inúmeros setores influentes.

Jânio nunca teve um bom esquema de sustentação no Congresso Nacional. Sua eleição se deu ao arrepio das forças políticas que compunham esse Congresso, que fora eleito em 1958, e já não mais correspondia às necessidades e às aspirações do eleitorado, que mudara de posição. Diz Hélio Silva, em A Renúncia: O resultado do pleito em que Jânio recebeu quase 6 milhões de votos rompeu o controle das cúpulas partidárias.

No Seu Curto Período de Governo, Jânio Quadros:

* Continuou a política internacional que teve seu início no governo de Vargas e uma aprofundação no governo JK. Aumentou a política externa independente (PEI), que visava estabelecer relações com todos os povos, particularmente os da área socialista e da África. Restabeleceu relações diplomáticas e comerciais com a URSS e a China. Algo impensável dentro do plano geopolítico e geoestratégico de inserção brasileiro. Nomeou o primeiro embaixador negro da história do Brasil.

* Defendeu a política de autodeterminação dos povos, condenando as intervenções estrangeiras. Condenou o episódio da Baía do Porcos e a interferência norte-americana que provocou o isolamento de Cuba.

* Deu a Che Guevara uma alta condecoração, a Ordem do Cruzeiro do Sul, o que irritou seus aliados, sobretudo os da UDN.

* Criou as primeiras reservas indígenas, dentre elas o Parque Nacional do Xingu, e os primeiros parques ecológicos nacionais.

* Através da Resolução nº 204 da Superintendência da Moeda e do Crédito, acabou com subsídios ao câmbio que beneficiavam determinados grupos econômicos importadores às custas do erário público - inclusive os grandes jornais, que importavam papel de imprensa a um dólar subsidiado em cerca de 75%, e que se irritaram com essa perda de seus privilégios.

* Instalou uma avara política de gastos públicos, enxugando onde fosse possível a máquina governamental. Abriu centenas e centenas de inquéritos e sindicâncias em um combate aberto à corrupção e ao desregramento na administração pública.

* Enviou ao Congresso os projetos de lei antitruste, a lei de limitação e regulamentação da remessa de lucros e royalties, e a pioneira proposta de lei de reforma agrária. Naturalmente nenhum desses projetos jamais foi posto em votação pelo Congresso - hostil a seu governo - que os engavetou, uma vez que Jânio se recusava a contribuir com o que chamava de espórtulas constrangedoras que os congressistas estavam acostumados a exigir para aprovar Leis de interesse da nação.

* Finalmente, proibiu o biquíni na transmissão televisada dos concursos de miss, proibiu as rinhas de galo, o lança-perfume em bailes de carnaval e regulamentou o jogo carteado. Por hilárias que possam ter parecido essas medidas na ocasião, mais de 45 anos depois, passados mais de dez presidentes pela cadeira que foi sua, todas essas leis editadas por Jânio ainda continuam em vigor.

A Renúncia

O dia 21 de agosto de 1961 Jânio Quadros assinou uma resolução que anulava as autorizações ilegais outorgadas a favor da empresa Hanna e restituía as jazidas de ferro de Minas Gerais à reserva nacional. Quatro dias depois, os ministros militares pressionaram a Quadros a renunciar: "Forças terríveis se levantaram contra mim...", dizia o texto da renuncia.

De acordo com Auro de Moura Andrade, as razões de seu ato, citado em sua carta renúncia, entregue ao ministro da Justiça Oscar Pedroso Horta, foram:

Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.
Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.
Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.
Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.
Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.
Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."

Brasília, 25 de agosto de 1961.

J. Quadros

Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara, - o derrubador de presidentes - percebendo que Jânio fugia ao controle das lideranças da UDN, mais uma vez se colocou como porta-voz da campanha contra um presidente legitimamente eleito pelo povo (como havia feito com relação a Getúlio Vargas e tentado, sem sucesso, com relação a Juscelino Kubitschek). Não tendo como acusar Jânio de corrupto, tática que usou contra seus dois antecessores, decidiu impingir-lhe a pecha de golpista.

Em um discurso no dia 24 de agosto de 1961, transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão, Lacerda denunciou uma suposta trama palaciana de Jânio e acusou seu ministro da Justiça, Oscar Pedroso Horta, de tê-lo convidado a participar de um golpe de estado.

Na tarde de 25 de agosto, Jânio Quadros, para espanto de toda a nação, anunciou sua renúncia, que foi prontamente aceita pelo Congresso Nacional. Especula-se que talvez Jânio não esperasse que sua carta-renúncia fosse efetivamente entregue ao Congresso. Pelo menos não a carta original, assinada, com valor de documento.

O popular rádio jornal daquela época, o Repórter Esso, em edição extraordinária, no dia 25 de agosto, atribuiu a renúncia a "forças ocultas", frase que Jânio não usou, mas que entrou para a história do Brasil e que muito irritava Jânio, quando perguntado sobre ela.

Cláudio Lembo, que foi Secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura durante o segundo mandato de Jânio, recorda dois pedidos de renúncia que Jânio lhe entregou - e preferiu guardar no bolso. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo disse Lembo:

"Ele fazia isso em momentos de tensão ou muito cansaço, ou de "stress", como os jovens dizem hoje. Era aquele cansaço da luta política, de quem diz 'vou embora'. Mas não era para valer".

Era voz corrente, na ocasião, que os congressistas não dariam posse ao vice-presidente, João Goulart, cuja fama de "esquerdista" agravou-se após Jânio tê-lo enviado habilmente em missão comercial e diplomática à China. Essa fama de "esquerdista" fora atribuída a Jango quando ele ainda exercia o cargo de ministro do Trabalho no governo democrático de Getúlio Vargas (1951-1954), durante o qual aumentou-se o salário mínimo a 100% e promoveu-se reforma agrária – atitudes essas consideradas suficientemente "comunistas" pelos setores conservadores na época.

Por outro lado especula-se que Jânio estaria certo de que surgiriam fortes manifestações populares contra sua renúncia, com o povo clamando nas ruas por sua volta ao poder - como ocorreu com Charles de Gaulle. Por isso Jânio permaneceu por horas aguardando dentro do avião que o levaria de Brasília a São Paulo.

Tudo indica, entretanto, que algum tipo de arranjo foi feito, nos bastidores da política, para impedir que a população soubesse em que local Jânio se encontrava nos momentos mais cruciais - imediatamente após a divulgação de sua carta de renúncia.

Jânio Quadros alegou a pressão de "forças terríveis" que o obrigavam a renunciar, forças que nunca chegou a identificar. Com sua renúncia abriu-se uma crise, pois os ministros militares vetavam o nome de Goulart. Assumiu provisoriamente Ranieri Mazzili, enquanto acontecia a Campanha da Legalidade; nesta campanha destacou-se Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango. Com a adoção do regime parlamentarista, e consequente redução dos poderes presidenciais, finalmente os militares aceitaram que Goulart assumisse. O primeiro Primeiro-Ministro do Brasil foi Tancredo Neves. A experiência parlamentarista, contudo, foi revogada por um plebiscito em 6 de janeiro de 1963, depois de também terem sido primeiros-ministros Brochado da Rocha e Hermes Lima.

Cassação dos Direitos Políticos e Regresso

No ano seguinte à renúncia Jânio foi candidato a governador de São Paulo sendo derrotado por seu velho desafeto Ademar de Barros. Com a eclosão do Regime Militar de 1964 foi um dos três ex-presidentes a ter seus direitos políticos cassados ao lado de João Goulart e Juscelino Kubitschek. Após fazer declarações à imprensa em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, em julho de 1968, o ex-presidente foi detido pelo Exército Brasileiro, por ordem do então Ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva, ficando confinado em Corumbá, cidade que fica no Pantanal sul-mato-grossense, na fronteira com a Bolívia. O ex-presidente ficou hospedado no Hotel Santa Mônica, que ainda funciona em Corumbá.

Recuperou os direitos políticos em 1974, mas manteve-se afastado das urnas inclusive nas eleições legislativas de 1978, ano em que seus simpatizantes (agrupados sob o denominado "Movimento Popular Jânio Quadros") o levaram a visitar o bairro paulistano de Vila Maria, tradicional reduto "janista". Em novembro do ano seguinte manifestou a intenção de concorrer à sucessão de Paulo Maluf ao governo do estado de São Paulo filiando-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (agora uma agremiação conservadora de direita, tendo pouca relação com a antiga legenda de Getúlio e Jango) tão logo foi efetivada a reforma partidária.

Ciclotímico, Jânio Quadros deixou o PTB sete meses depois de sua filiação e tentou ingressar no PMDB, tendo sua entrada indeferida pela executiva nacional do partido, voltando assim ao PTB, legenda pela qual foi candidato a governador de São Paulo em 1982, num pleito onde o vitorioso foi Franco Montoro, seu antigo correligionário no PDC. Jânio terminou a eleição na terceira posição, atrás ainda do malufista Reynaldo de Barros. Por ocasião do processo sucessório do presidente João Figueiredo, declarou apoio ao candidato da oposição, Tancredo de Almeida Neves. Em 1985, contando com o proeminente apoio do empresariado (Olavo Setúbal, Herbert Levy) e dos setores e figuras mais conservadoras da sociedade paulistana, como a TFP, a Opus Dei, o ex-governador Paulo Maluf e o ex-ministro Antônio Delfim Netto, retornou aos cargos públicos elegendo-se prefeito de São Paulo também pelo PTB, derrotando o candidato situacionista, senador Fernando Henrique Cardoso (PMDB), e o representante das esquerdas, deputado federal Eduardo Suplicy (PT). A vitória de Jânio Quadros contrariou os prognósticos dos institutos de pesquisa e contradisse as avaliações segundo as quais o ex-presidente era tido como um nome "ultrapassado" no novo contexto da política brasileira emergente do processo de redemocratização e da campanha das Diretas Já. Fernando Henrique Cardoso, o então primeiro colocado nas pesquisas, chegou a tirar uma foto, publicada pela Revista Veja, sentado na cadeira de prefeito de São Paulo. Tal fato levou Jânio a tomar posse com um tubo de inseticida nas mãos, declarando: "Estou desinfetando a poltrona porque nádegas indevidas a usaram".

Prefeito de São Paulo Pela Segunda Vez

Recebeu o cargo de Mário Covas, um ex-janista que havia se tornado uma das principais lideranças do PMDB. Em tese, seu mandato foi exercido até o primeiro dia de 1989, quando seu Secretário dos Negócios Jurídicos, Cláudio Lembo, passou o cargo para Luiza Erundina (Jânio havia deixado o gabinete dez dias antes, indo passar o reveillón em Londres). Em sua última empreitada político-administrativa repetiu seus lances populistas habituais: pendurou uma chuteira em seu gabinete (para ilustrar o suposto desinteresse em prosseguir na política), proibiu jogos de sunga e o uso de biquínis fio-dental no Parque do Ibirapuera (onde era localizada a então sede da prefeitura), com frequência mandava publicar no Diário Oficial do município os célebres bilhetinhos enviados aos seus assessores, obrigou a direção da Escola de Balé do Teatro Municipal a expulsar alguns alunos tidos como homossexuais, aplicou multas de trânsito pessoalmente, posou para a imprensa com a camisa do Corinthians e fechou os oito cinemas que iriam exibir o filme A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, por considerá-lo desrespeitoso à fé cristã. A obra só estrearia na cidade no início de 1989, após o final de seu mandato.

Ao mesmo tempo em que criava factoides midiáticos, investia na instalação de serviços de luz em cerca de 91% da área habitada da cidade, na pavimentação de aproximadamente 700 quilômetros de vias públicas, na abertura dos túneis da Avenida Juscelino Kubitschek, na inauguração do Corredor Santo Amaro e na reforma do Vale do Anhangabaú. Restaurou doze bibliotecas públicas, o Teatro Municipal e mais três teatros, além de ter inaugurado o Teatro Cacilda Becker. Seu programa também incluiu ações nos setores da limpeza pública, do saneamento básico (através da canalização de dois córregos), da habitação e da saúde (com a inauguração de dois hospitais e a recuperação de outros seis, fora cinquenta e oito unidades médicas). Concebeu pessoalmente o sistema viário de múltiplos túneis, conectores de diversas avenidas vitais de São Paulo, a cujas caríssimas, complexas e demoradas obras deu início ainda em seu mandato. Após terem sido interrompidas por Luiza Erundina, tais obras foram retomadas e concluídas na gestão de Paulo Maluf. O nome Túnel Presidente Jânio Quadros, por exemplo, foi dado em homenagem ao ex-presidente que havia feito a concorrência da obra. O atual prefeito Gilberto Kassab cogita em dar-lhes continuidade. Na área do transporte público inseriu, em caráter experimental, ônibus de dois andares (a exemplo dos encontrados em Londres) no trânsito da cidade, mas tal experiência não obteve o resultado esperado e foi definitivamente descartada por Luiza Erundina.

Nas eleições para governador de 1986, anunciou apoio a Orestes Quércia, candidato do PMDB e vencedor da eleição. Entretanto, sofreu denúncias de que teria usado a máquina da prefeitura para auxiliar na campanha de Paulo Maluf (PDS).

Em sua relação com a Câmara Municipal, Jânio Quadros utilizou as Administrações Regionais como elementos de barganha para obter o apoio político dos vereadores através de um sistema que consistia no loteamento das mesmas entre os parlamentares. Cada político exercia poder sobre uma administração regional e, não por acaso, ao final de seu mandato o número de ARs e o de legisladores municipais era o mesmo: trinta e três.

Segundo alguns analistas políticos e representantes da sociedade civil, Jânio adotou posturas autoritárias em diversas situações. Seu governo foi marcado por insatisfações de vários setores do funcionalismo público, materializadas através de greves e protestos nas proximidades de seu gabinete, aos quais quase sempre respondia com demissões em massa. Jânio também demonstrou posturas inflexíveis ante a manifestações de movimentos sociais, como o MST. Criou a Guarda Civil Metropolitana para, segundo ele, reforçar o policiamento na cidade, mas seus adversários o criticaram duramente por, na visão deles, utilizá-la como mais um de seus instrumentos de repressão. Ao longo de seu mandato afastou-se diversas vezes do cargo para cuidar tanto de sua saúde, já abalada, quanto da de sua mulher, Dona Eloá Quadros (falecida em 1990). Ao fim da gestão encontrava-se desgastado perante a opinião pública: apenas 30% dos paulistanos aprovaram sua administração, além do vexame de ter sido acusado, pelo à época vereador Walter Feldman (PMDB), de manter uma conta bancária na Suíça. Nas eleições de 1988, embora João Mellão Neto (PL) e Marco Antônio Mastrobuono (PTB), que foram integrantes de seu secretariado, concorressem à sucessão, apoiou o candidato João Oswaldo Leiva, do PMDB (lançado pelo então governador Orestes Quércia). Contudo, a vitória de Erundina (PT) em tal pleito configurou-se em uma dura derrota para Jânio Quadros, pois a mesma foi eleita amparada quase que exclusivamente por uma plataforma de esquerda antijanista.

Após a Prefeitura

Sua saúde frágil o impediu de concorrer à Presidência da República em 1989 (teria recebido inclusive um convite do PSD, que depois lançaria o nome de Ronaldo Caiado) e por conta desse fato hipotecou, no segundo turno do pleito, apoio ao ascendente Fernando Collor, cujo discurso e práticas políticas eram similares às suas. No mesmo ano reuniu a imprensa para anunciar a aposentadoria definitiva da política. A morte de Eloá, em novembro de 1990, agravou seu estado de saúde. Passou os últimos meses de sua vida entre casas de repouso e quartos de hospitais.

Faleceu em São Paulo, internado no Hospital Israelita Albert Einstein, ao dia 16 de fevereiro de 1992, em estado vegetativo, vítima de três derrames cerebrais.

Fonte: Wikipédia