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Rita Lee

RITA LEE JONES DE CARVALHO
(75 anos)
Cantora, Compositora, Multi-Instrumentista, Atriz, Escritora e Ativista

☼ São Paulo, SP (31/12/1947)
┼ São Paulo, SP (08/05/2023)

Rita Lee Jones de Carvalho foi uma cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista nascida em São Paulo, SP, no dia 31/12/1947. Rita Lee é conhecida como a "Rainha do Rock Brasileiro".

Rita Lee alcançou a marca de 55 milhões de discos vendidos, sendo a quarta artista mais bem-sucedida neste sentido no Brasil, atrás de Tonico & Tinoco, Roberto Carlos e Nelson Gonçalves. Rita Lee construiu uma carreira que começou com o rock mas que ao longo dos anos flertou com diversos gêneros, como a psicodélica durante a era do tropicalismo, o pop rock, disco, new wave, a MPB, bossa nova e eletrônica, criando um hibridismo pioneiro entre gêneros internacionais e nacionais.

Rita Lee é considerada uma das mulheres mais influentes do Brasil, sendo referência para aqueles que vieram a usar guitarra a partir de meados dos anos 1970. Ex-integrante do grupo Os Mutantes (1966-1972) e do Tutti Frutti (1973-1978), participou de importantes revoluções no mundo da música e da sociedade. Suas canções, em geral regadas com uma ironia ácida ou com uma reivindicação da independência feminina, tornaram-se onipresentes nas paradas de sucesso, sendo as mais populares "Ovelha Negra", "Mania de Você", "Lança Perfume", "Agora Só Falta Você", "Baila Comigo", "Banho de Espuma", "Desculpe o Auê", "Erva Venenosa", "Amor e Sexo", "Reza", "Menino Bonito", "Flagra", "Doce Vampiro", dentre outras.

O álbum Fruto Proibido (1975), lançado com a banda Tutti Frutti, é comumente visto como um marco fundamental na história do rock brasileiro, considerado por alguns como sua obra-prima.

Em 1976, Rita Lee começou um relacionamento amoroso com o guitarrista Roberto de Carvalho, que desde então tem sido o parceiro da maioria de suas canções. Tiveram três filhos, entre eles Beto Lee, também guitarrista, que acompanhava os pais nos shows. Rita Lee era vegana e defensora dos direitos dos animais.

Com uma carreira que alcançou os 60 anos, a artista passou da inovação e do gueto musical dos anos 1960 e 1970 para as baladas românticas de muito sucesso nos anos 1980 e uma revolução musical, tendo se apresentado com inúmeros artistas que variam de Elis Regina e João Gilberto à banda Titãs.

Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a lista dos cem maiores artistas da música brasileira, onde Rita Lee ocupou o 15° lugar.

Infância e Início na Música

Nascida em uma família de classe média paulistana, Rita Lee era a filha mais nova do dentista Charles Fenley Jones (1904-1983), paulista descendente de imigrantes norte-americanos confederados do Alabama e do Tennessee estabelecidos em Santa Bárbara d'Oeste, SP, e de Romilda Padula (1904-1986), também paulista, filha de imigrantes italianos da região do Molise, no sul da Itália.

Seus pais tinham outras duas filhas chamadas Mary Lee Jones e Virgínia Lee Jones. Lee é um nome composto com que o pai quis registrar todas as filhas, em homenagem ao general Robert E. Lee, do exército confederado norte-americano. Originalmente, seu primeiro nome era planejado para ser Bárbara, em homenagem à santa, mas na hora do batizado resolveram homenagear a avó materna, que se chamava Clorinda, mas tinha o apelido de Rita.

Rita Lee nasceu e cresceu no bairro da Vila Mariana, onde viveu até o nascimento de seu primeiro filho. Em entrevistas, revelou que esse bairro lhe é especial, já que lá tem uma grande parte de todas as melhores lembranças de sua vida.

Rita Lee foi educada no colégio franco-brasileiro Liceu Pasteur, era poliglota, e falava fluentemente português - sua língua materna - inglês, francês, castelhano e italiano. Chegou a ingressar no curso de Comunicação Social na Universidade de São Paulo, em 1968, na mesma turma da atriz Regina Duarte, e assim como Regina Duarte, Rita Lee abandonou o curso no ano seguinte.


Durante a infância, teve aulas de piano com a musicista clássica Magdalena Tagliaferro. Não pensava em ser cantora de rock, mas em ser atriz de cinema, veterinária ou a profissão que seu pai queria, dentista.

Suas primeiras influências musicais foram Elvis Presley, Neil Sedaka, Paul Anka, Peter, Paul And Mary, Beatles Rolling Stones, mas também escutava música brasileira como Cauby Peixoto, Angela Maria, Tito Madi, João Gilberto, Emilinha Borba, Carmen Miranda, Dalva de Oliveira e Maysa por influência dos pais.

Na adolescência passou a se interessar por música, começando a compor suas primeiras canções. Junto de alguns amigos, começou a se apresentar em clubes da região como componente do Tulio's Trio.

Em 1963, formou um conjunto musical com mais duas garotas, as Teenage Singers, que faziam pequenos shows em festas colegiais. No ano seguinte, elas conheceram o trio masculino Wooden Faces. Nesse mesmo ano, fez sua primeira gravação, fazendo vocais para um álbum de Prini Lorez.

Teenage Singers e Wooden Faces juntaram-se, formando o Six Sided Rockers, banda que depois se chamou Os Seis, que chegou a gravar um disco compacto com duas músicas. Com a saída de três componentes, sobram Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, que passaram a se chamar Os Bruxos. Por sugestão de Ronnie Von, o grupo passou a chamar-se Os Mutantes.

Os Mutantes e Primeiros Álbuns Solo (1966-1972)

Por um período de seis anos, Rita Lee foi, com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, integrante da banda Os Mutantes, cantando, tocando flauta e percussão, além de performances bissextas no sintetizador, no banjo e manipulando bizarrices como um gravador portátil (como na música "Caminhante Noturno") e uma bomba de dedetização (em "Le Premier Bonheur du Jour") e sendo letrista.

Em 1967, a banda acompanhou Gilberto Gil no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record na apresentação da canção "Domingo no Parque".

Foram gravados seis álbuns, sendo o primeiro, de 1968, como uns dos álbuns mais importantes da história da música brasileira, que deram origem a hits como "A Minha Menina", "Dom Quixote", "Balada do Louco", "2001 (Dois Mil e Um)" e "Ando Meio Desligado".

Entre 1968 e 1972, Rita Lee foi casada com o companheiro de banda Arnaldo Baptista. O divórcio seria assinado somente em 1977.

Acompanhada dos componentes dos Mutantes, Rita Lee gravou dois discos solo. O primeiro foi "Build Up" (1970) - contendo algumas parcerias com Arnaldo Baptista - que originalmente era o repertório de um show que foi feito exclusivamente para uma edição da Fenit (feira de moda de São Paulo). Desse disco saiu seu primeiro single solo, "José" (uma versão de Nara Leão para o hino francês "Joseph").

O segundo disco, "Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida" (1972), foi lançado com o seu nome pois a banda já havia lançado um álbum naquele ano e a gravadora não os permitiu, por contrato, que gravassem outro. Com isso, Os Mutantes gravaram e só Rita Lee o assinou.

Em decorrência do fim de seu casamento e incompatibilidades artísticas com os rumos que a banda estava tomando, Rita Lee foi expulsa dos Mutantes pelo próprio Arnaldo Baptista. Dentre distintas histórias e controvérsias, ela alega que seus companheiros achavam que ela não tinha o virtuosismo necessário para tocar o rock progressivo, novo interesse da banda. A informação de Rita Lee acabou se tornando uma grande discussão. Alguns diziam que ela teria saído do grupo. Entretanto, em 2007, Arnaldo Baptista admitiu em entrevista: "Mandei a Rita embora dos Mutantes".

Tutti Frutti e Consagração Nacional (1973-1978)

Rita Lee formou com a amiga Lúcia Turnbull uma dupla no estilo folk rock, Cilibrinas do Éden, cuja única gravação, ao vivo, no Festival Phono 73, foi lançada mais de 35 anos depois. Rita LeeLúcia Turnbull desistiram da dupla e formaram a banda Tutti Frutti, com Luis Sérgio Carlini e Lee Marcucci, entre outros. Rita Lee, além de cantar, tocou piano, sintetizador, gaita e violão. Um contrato com a gravadora Philips foi assinado, mas essa exigiu que o grupo assinasse como Rita Lee & Tutti-Frutti. O que seria o primeiro disco do grupo não foi lançado pela gravadora por problemas com a censura e com os executivos, que o consideraram "alternativo demais". Eles voltam ao estúdio e "Atrás do Porto Tem Uma Cidade" foi gravado e lançado em 1974.

Em 1975, foi lançado "Fruto Proibido" pela Som Livre. O disco, que contém os sucessos "Agora Só Falta Você", "Esse Tal de Roque Enrow" e "Ovelha Negra", tornou-se um clássico do rock brasileiro, vendendo mais de 200 mil cópias na época, e dando a Rita Lee o título de "Rainha do Rock Brasileiro".

O terceiro disco, "Entradas e Bandeiras", foi lançado em 1976, com os singles "Coisas da Vida", "Corista de Rock" e "Com a Boca No Mundo". O disco também contava com a faixa "Bruxa Amarela", que foi composta por Raul Seixas e Paulo Coelho. Devido a uma crise de estress, Rita Lee ficou afastada do processo de mixagem deste disco, fato que ocasionou num som mais pesado com a nítida predominância da guitarra de Luis Sérgio Carlini. No mesmo ano, conheceu o músico carioca Roberto de Carvalho e iniciou uma parceria musical e amorosa de sucesso, que seguiu até aos dias atuais.

Em agosto de 1976, durante sua primeira gravidez e morando com Roberto de Carvalho, foi presa por porte e uso de maconha. Na verdade, tal episódio, considerado um dos mais truculentos da ditadura militar, foi um ato do regime com a finalidade de "servir de exemplo à juventude da época", já que a cantora alegou que tinha deixado de usar drogas por causa da gravidez e que o que foi encontrado na época seriam restos usados por amigos e frequentadores da casa. Mesmo assim, ela foi condenada e ficou um ano em prisão domiciliar, precisando de permissões especiais do juiz para sair de casa e fazer shows. Abalada e sem dinheiro, compôs com Paulo Coelho a polêmica "Arrombou a Festa" - música que criticava o cenário da MPB da época - cujo compacto vendeu mais de 250 mil cópias.

Com o namorado definitivamente incorporado à banda, Rita Lee ficou livre da prisão domiciliar e, mesmo grávida, saiu em turnê com Gilberto Gil. O show, denominado "Refestança", foi registrado em disco, mas, segundo a própria cantora, resgatou apenas 30% da atmosfera do show. Beto Lee, primeiro filho de Rita Lee, nasceu em 1977, seguido por João em 1979, e Antônio em 1981.

Em 1978, a banda lançou o disco "Babilônia", que produziu os singles bem-sucedidos "Jardins da Babilônia", "Agora é Moda" e "Eu e Meu Gato". Outro destaque do disco foi a futurista "Miss Brasil 2000". Apesar de já conter influências da música disco e do pop, fruto da participação de Roberto de Carvalho, "Babilônia" tem sido considerado por muitos como o último disco verdadeiramente de rock de Rita Lee. Depois do lançamento deste, a banda se desfez.

Luis Sérgio Carlini, insatisfeito com sua posição secundária, resolveu deixar o grupo e levou consigo o nome "Tutti Frutti", o qual havia sido registrado por ele. Assim, Rita Lee reformulou a banda e colocou na estrada o show "Rita Lee & Cães e Gatos", nome dado devido às brigas internas durante os ensaios. Esse show deu origem a um dos primeiros álbuns piratas do Brasil, hoje, artigo de colecionador.

Início da Parceria com Roberto de Carvalho (1979-1990)

Em 1977, Rita Lee já havia manifestado desgosto pelos radicais do rock e da MPB, dizendo que não se considerava uma roqueira radical.

A partir de 1979, Rita Lee e Roberto de Carvalho começaram a fazer discos e shows juntos - num formato "dupla dinâmica" - e inauguram uma fase superpop, de enorme empatia popular. Aconteceram então espetáculos e diversos especiais para a TV Globo. O primeiro trabalho em disco da dupla foi o álbum "Rita Lee", de 1979, com os sucessos "Mania de Você", "Chega Mais" e "Doce Vampiro".

O disco seguinte, "Rita Lee", de 1980, é mais conhecido pelo seu hit "Lança Perfume". Do repertório, também fazem parte canções como "Baila Comigo", "Nem Luxo, Nem Lixo", "Ôrra Meu", "Shangrilá" e "Bem-Me-Quer". O então príncipe Charles da Inglaterra passa-se por excêntrico ao dizer que sua cantora favorita seria Rita Lee.

Em 1981, gravaram o álbum "Saúde", com a faixa-título, "Atlântida", "Banho de Espuma", e "Mutante".

Rita Lee participou do especial Mulher 80 (TV Globo, 1979). O programa, dirigido por Daniel Filho, exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional.

Em 1982, lançou "Rita Lee e Roberto de Carvalho", com "Flagra", "Só de Você", "Vote em Mim", "Barata Tonta" e "Cor de Rosa Choque".


"Bombom" (1983) teve os hits "Desculpe o Auê" e "On the Rocks" e ainda como temas de novela "Raio X" e "Bobos da Corte".

"Rita e Roberto" (1985) trouxe "Vírus do Amor", "Yê Yê Yê", "Noviças do Vício" e "Vítima". Neste mesmo ano, apresentou-se na primeira edição do Rock In Rio, apresentação que marcou sua volta aos palcos após dois anos. Ainda em 1985, Rita Lee participou como uma das juradas do Festival dos Festivais, em que foi júri ao lado de personalidades como Marcelo Tas e Malu Mader.

"Flerte Fatal" chega em 1987 com "Bwana", "Xuxuzinho", "Brazix Muamba" e "Pega Rapaz". O álbum precedeu uma turnê onde Rita Lee se despediu de shows em grandes ginásios, percorreu todo o país, finalizando com shows na Europa e Estados Unidos em 1988.

"Zona Zen" veio em 1988 com "Livre Outra Vez", "Independência e Vida", "Zona Zen" e "Nunca Fui Santa". Rita Lee ainda passou por intervenções cirúrgicas na época: Uma devido a calos nas cordas vocais e outra na face, devido a um acidente de carro.

Em 1990, lançou o álbum "Rita Lee e Roberto de Carvalho", que teve entre suas faixas a música "Perto do Fogo" (Rita Lee e Cazuza) e também "La Miranda" - uma ode à Carmen Miranda, que foi tema de abertura da telenovela "Lua Cheia de Amor" - e "Esfinge".

Carreira Solo e Retorno de Roberto (1991-2003)

Em 1991, Rita Lee separou-se profissionalmente de Roberto de Carvalho, iniciando a bem-sucedida turnê voz e violão "Bossa 'n' Roll". No mesmo ano, estreou o "TVleezão", seu programa na MTV Brasil.

Em 1993, lançou o disco "Rita Lee", dedicado a um rock'n roll mais purista. O casal só veio a dividir o palco novamente em 1995, durante a turnê do álbum "A Marca da Zorra". Com essa turnê, abriu o primeiro show dos Rolling Stones no Brasil. Pouco antes de abrir o show, Rita Lee deu entrada no hospital por ter misturado calmantes e álcool.

Ainda em 1995, a música "Vítima" foi tema de abertura da novela "A Próxima Vítima".

Em dezembro de 1996, Rita Lee realizou seu casamento civil com Roberto de Carvalho, passando a assinar Rita Lee Jones de Carvalho.

Em 1997, lançou o álbum "Santa Rita de Sampa", com "Dona Doida", que foi tema de abertura da novela "Zazá". O álbum possui ainda "Homem Vinho", uma homenagem para Caetano Veloso.

Em 1998, lançou seu "Acústico MTV", com a participação de Cássia Eller em "Luz del Fuego", Paula Toller na canção "Desculpe o Auê", Titãs em "Papai, Me Empresta o Carro" e Milton Nascimento em "Mania de Você".

Em 2000, lançou o álbum "3001", que teve faixas escritas com Tom Zé e Itamar Assumpção, além dos sucessos "Erva Venenosa", "Pagu", "O Amor em Pedaços" e sua faixa-título (uma continuação da canção "2001", dos Mutantes). A turnê internacional que durou de 2000 a 2001 ganhou um especial de fim de ano na Rede Bandeirantes, contando com as participações de Caetano Veloso, Zélia Duncan, Paula Toller e Pato Fu.

Logo após, Rita Lee gravou um CD com releituras de clássicos dos Beatles. O álbum foi lançado como "Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar" - no exterior, "Bossa'n Beatles" - misturando bossa nova, rock e inspirações no forró. Rita Lee então inicia a turnê internacional "Yê Yê Yê de Bamba" que durou de 2001 a 2002, percorrendo Brasil, Estados Unidos e alguns países da América Latina, como a capital argentina Buenos Aires, onde fez apresentações na casa de shows Luna Park, no que foi considerada a consagração de sua carreira na Argentina.

Em 2001 e 2002, lançou dois álbuns de compilação, "Para Sempre" e "Novelas", sendo este último somente faixas suas que ficaram famosas como aberturas de telenovelas. Ainda em 2002, tornou-se parte do elenco principal do programa da GNT "Saia Justa", ao lado de Fernanda Young e Marisa Orth.

Em 2003, lançou o álbum "Balacobaco", com a famosa faixa "Amor e Sexo".

Reza e Aposentadoria (2010-2014)

Em 2010, iniciou sua nova turnê, que estreou em Belo Horizonte, na qual cantou sucessos que estavam fora de seu repertório. O show percorreu várias cidades do Brasil como São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, além de ter passado por Buenos Aires, com apresentação no teatro Gran Rex.

Em 2012, Rita Lee anunciou sua aposentadoria dos palcos em seu show de estreia no Circo Voador no Rio de Janeiro, devido à sua fragilidade física: "Me aposento dos shows, mas da música nunca", explicou Rita Lee no seu Twitter.

Em janeiro de 2012, durante o que seria sua última apresentação, no Festival de Verão de Sergipe, Rita Lee causou polêmica ao revoltar-se com uma ação policial que teria sido supostamente agressiva com seu público. Acusada de desacato à autoridade, a cantora foi encaminhada a uma delegacia após o show para prestar depoimento, porém liberada em seguida. Rita Lee alegou ter falado pelo "calor das emoções", e por ter achado a ação dos policiais "truculenta e desnecessária".

No Carnaval de 2012, desfilou pela escola de samba paulista Águia de Ouro, cujo tema foi a Tropicália. Desfilaram também outros cantores do movimento, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de cantores como Wanderléa, Cauby Peixoto e Angela Maria. Rita Lee homenageou a atriz Leila Diniz no desfile, vestindo uma réplica do vestido de noiva que pegou emprestado da atriz e nunca devolveu.

Após alguns anos sem gravar músicas inéditas, tendo seu último álbum sido "Balacobaco", em 2003, Rita Lee anunciou o lançamento de seu então novo álbum, "Reza". Em fevereiro de 2012, ela lançou "Reza", o primeiro single promocional do álbum. Pouco tempo após seu lançamento, a canção ultrapassou o sucesso "Ai, Se Eu Te Pego", de Michel Teló, no número de downloads do iTunes Brasil, tornando-se a canção mais escutada de 2012. No mês seguinte, a música entrou para a trilha sonora da telenovela "Avenida Brasil", da TV Globo.

Depois de vários anos sem posar para fotos em ensaios, Rita Lee fez um ensaio para a revista Quem e brincou que "não fazia isso há séculos".

Em novembro de 2012, fez um show que marcou sua volta aos palcos, com apresentação no Green Move Festival, no qual também se apresentaram as bandas Titãs e Jota Quest. Na apresentação, a cantora causou nova polêmica ao abaixar a calça e virar-se para o público.

Em janeiro de 2013, participou do show que fez parte da comemoração dos 459 anos da cidade de São Paulo, no vale do Anhangabaú. "Daqui Eu Não Saio", disse Rita Lee, sobre a cidade onde nasceu.

Em abril de 2013, concedeu uma rara e franca entrevista a revista Marie Claire, em que diz que o grande tabu da mulher atual é o envelhecimento: "Para envelhecer com dignidade, a mulher tem de ter desapego. É muito complexo!".

Em março de 2014, decidiu deixar de pintar os icônicos cabelos vermelhos e assumir os fios grisalhos: "Quero ficar anônima!", disse ela.

Outros Projetos (2014-2023)

Em 2014, foi homenageada com o musical de teatro "Rita Lee Mora ao Lado", baseado no livro homônimo de Henrique Bartsch e estrelando Mel Lisboa. Rita Lee assistiu ao musical e elogiou a performance de Mel Lisboa, que caiu no choro ao ver a cantora na plateia. A atriz ainda ganhou o Prêmio Quem de Melhor Atriz de Teatro. Emocionada, ela fez o discurso chorando ao assistir a um vídeo de Rita Lee durante a premiação, a parabenizando pela conquista.

Em 2015, chegou as lojas uma caixa com 20 álbuns de sua discografia e um CD com raridades.

Em 2016, foi lançada sua autobiografia "Rita Lee: Uma Autobiografia", pela Globo Livros. O lançamento foi em São Paulo. Rita Lee concedeu uma entrevista sobre o livro e sobre sua vida mais reclusa: "O maior luxo da vida é dar amor aos bichos e ter uma horta!".

Além de tornar-se um dos títulos mais vendidos do país, o livro colecionou críticas elogiosas. A artista foi agraciada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como melhor autora de 2016 e também pelo Grande Prêmio da Critica, por seus serviços prestados à música.

Em 2021, foi lançada "Change", canção com parceria de Roberto de Carvalho e Gui Boratto, sua primeira música inédita em oito anos. A faixa integrou a trilha sonora da telenovela "Um Lugar ao Sol".

Em 2022, na 23ª edição do Grammy Latino, Rita Lee foi laureada com um Lifetime Achievement Award, que homenageia "artistas que fizeram contribuições significativas à indústria fonográfica". A cerimônia, ocorrida no mês de novembro, contou com a participação de nomes como Luísa Sonza, Giulia Be, Paula Lima e Manu Gavassi.

Em 2023, Rita Lee anunciou o lançamento do livro "Rita Lee: Outra Autobiografia", também pela Globo Livros. No livro, ela narra detalhes de seu tratamento contra um câncer de pulmão, diagnosticado em 2021.

Problemas de Saúde

Em 1996 sofreu uma queda da varanda no segundo andar de seu sítio, esfacelando o côndilo mandibular, o que levou a uma cirurgia para colocação de pinos de titânio. Depois da cirurgia bem-sucedida e diante da possibilidade de retomar sua carreira, Rita Lee ter-se-ia comprometido a largar as drogas e as bebidas alcoólicas, o que, segundo uma declaração da cantora ao programa Fantástico, da TV Globo, só o fez totalmente em janeiro de 2006, depois de procurar ajuda numa clínica de reabilitação, a que ela chama de "hospício", conseguindo frequentar palestras e fazer tratamento, obtendo êxito.

Em maio de 2012, Rita Lee declarou sofrer de transtorno bipolar.

Em maio de 2021, ao realizar um exame de saúde de rotina, foi diagnosticada com um tumor primário no pulmão esquerdo, aos 73 anos de idade.

Em abril de 2022, os exame feitos pela artista já não detectaram mais a presença do tumor em seu organismo.

Em fevereiro de 2023, Rita Lee foi internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo, em estado extremamente delicado. Algumas horas após a informação ser divulgada, o marido da cantora, Roberto de Carvalho, disse em suas redes sociais que a internação seria para exames e avaliações, e pediu privacidade.

No início de março de 2023, o filho da cantora, João Lee, disse em suas redes sociais que a mãe estava bem, tranquilizando os fãs. No mesmo mês, Rita Lee obteve alta do hospital.

Morte

Rita Lee faleceu na noite de segunda-feira, 08/05/2023, 75 anos, vítima de câncer. Rita Lee faleceu cercada de sua família, em seu apartamento em São Paulo, SP.

A família de Rita Lee divulgou um comunicado nas redes sociais dela:
"Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou"
O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira, 10/05/2023, das 10h00 às 17h00.

Discografia

Álbuns de Estúdio
  • 1970 - Build Up
  • 1972 - Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida
  • 1979 - Rita Lee
  • 1980 - Rita Lee
  • 1981 - Saúde
  • 1982 - Rita Lee e Roberto de Carvalho
  • 1983 - Baila Conmigo (Espanhol)
  • 1983 - Bombom
  • 1985 - Rita e Roberto
  • 1987 - Flerte Fatal
  • 1988 - Zona Zen
  • 1990 - Rita Lee e Roberto de Carvalho
  • 1993 - Rita Lee
  • 1997 - Santa Rita de Sampa
  • 2000 - 3001
  • 2001 - Aqui, Ali, em Qualquer Lugar
  • 2003 - Balacobaco
  • 2012 - Reza

Álbuns ao Vivo
  • 1977 - Refestança (Com Gilberto Gil)
  • 1991 - Rita Lee em Bossa 'n' Roll
  • 1995 - A Marca da Zorra
  • 1998 - Acústico MTV Rita Lee
  • 2004 - Rita Lee MTV Ao Vivo
  • 2009 - Rita Lee Multishow Ao Vivo

Com Os Mutantes
  • 1968 - Os Mutantes
  • 1968 - Tropicália ou Panis et Circenses
  • 1969 - Mutantes
  • 1970 - A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado
  • 1971 - Jardim Elétrico
  • 1972 - Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets
  • 2000 - Tecnicolor (Gravado em 1970)

Com Lúcia Turnbull
  • 1973 - Cilibrinas do Éden (Não foi lançado oficialmente)

Com Tutti Frutti
  • 1974 - Atrás do Porto Tem Uma Cidade
  • 1975 - Fruto Proibido
  • 1976 - Entradas e Bandeiras
  • 1978 - Babilônia

Álbuns de Tributo
  • 1996 - Eles Cantam Rita Lee ... Intérprete: Vários
  • 1996 - Love, Lee Rita ... Intérprete: Ná Ozzetti
  • 2007 - Pirataria - Rita Lee Por Crikka Amorim ... Intérprete: Crikka Amorim
  • 2015 - Prisoneira do Amor ... Intérprete: Andreia Dias
  • 2015 - Rock Your Babies: Rita Lee ... Intérprete: Rock Your Babies
  • 2017 - Baby, Baby ... Intérprete: Lulu Santos
  • 2020 - Rita Lee: Eleectronica ... Intérprete: Jon Alkalay
  • 2023 - Acústico MTV: Manu Gavassi Canta Fruto Proibido ... Intérprete: Manu Gavassi

Álbuns de Vídeo
  • 1998 - Acústico MTV Rita Lee
  • 2004 - Rita Lee MTV Ao Vivo
  • 2006 - Rita Lee Jones (Série Grandes Nomes 1980)
  • 2007 - Biograffiti
  • 2009 - Rita Lee Multishow Ao Vivo

Filmografia

Televisão
  • 1986 - Cida, a Gata Roqueira ... Sunda Morgana
  • 1990 - Top Model ... Belatrix (Episódio: "7 de janeiro")
  • 1991 - TVLeezão ... Apresentadora
  • 1992 - TVLeezão ... Apresentadora
  • 1992 - Vamp ... Lita Ree (Episódio: "17 de setembro")
  • 1997 - Sai de Baixo ... Scarlet Antibes (Episódio: "Presepada de Natal")
  • 2002 - Saia Justa ... Apresentadora
  • 2002 - Saia Justa ... Apresentadora
  • 2004 - Saia Justa ... Apresentadora
  • 2004 - Celebridade ... Rita Lee (Episódios: "19-22 de janeiro")
  • 2005 - Madame Lee ... Apresentadora
  • 2011 - Ti Ti Ti ... Ela mesma (Episódio: "18 de março")
  • 2017 - Manual Para se Defender de Aliens, Ninjas e Zumbis ... Grão Mestre (Episódio: "13")

Cinema
  • 1968 - As Amorosas ... Cantora do clube
  • 1988 - Fogo e Paixão ... Mulher no pic-nic
  • 1989 - Dias Melhores Virão ... Mary Shadow
  • 1994 - Tanta Estrela Por Aí... ... Raul Seixas
  • 2002 - Durval Discos ... Julieta
  • 2006 - Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll ... Rê Bordosa (Voz)
  • 2010 - Uma Noite em 67 ... Rita Lee
  • 2012 - Tropicália ... Rita Lee
  • 2013 - Minhocas ... Martha (Voz)
  • 2014 - A Primeira Missa ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum ... Pirata

Outros Trabalhos

Rádio

Após o rompimento de seu contrato com a Som Livre, em 1986, Rita Lee dedicou-se, em parceria com o amigo escritor Antônio Bivar, a um programa de rádio, "Rádio Amador", que escreve e apresenta, adotando o nome Lita Ree, e interpretava vários personagens.

Literatura: Ficção

Entre 1986 e 1992, escreveu quatro livros infantis, tendo como protagonista o rato cientista Drº Alex. Em 2013, publicou o livro "Storynhas", ilustrado por Laerte.

  • 1986 - Drº Alex
  • 1988 - Drº Alex e os Reis de Angra
  • 1990 - Drº Alex na Amazônia
  • 1992 - Drº Alex e o Oráculo de Quartz
  • 2013 - Storynhas
  • 2017 - Dropz
  • 2019 - Amiga Ursa: Uma História Triste, Mas Com Final Feliz

Literatura: Autobiografia
  • 2016 - Rita Lee: Uma Autobiografia
  • 2023 - Rita Lee: Outra Autobiografia

Literatura: Livro de Fotos
  • 2018 - FavoRita

Televisão

Em "Os Trapalhões" (1977) interpretou uma fotógrafa num concurso de miss.

Em "Top Model" (1989), escrita por Walther Negrão e Antônio Calmon, interpretou Maria Regina, a esotérica Belatrix, uma das ex-mulheres do surfista Gaspar, interpretado por Nuno Leal Maia.

Em "Vamp" (1991), também escrita por Antônio Calmon, Rita Lee era a roqueira-vampira Lita Ree, amiga da protagonista Natasha, interpretada por Cláudia Ohana. Ainda no ano de 1991, Rita Lee ganhou um programa na MTV Brasil intitulado TVleezão.

Em 1997, participou do sitcom "Sai de Baixo", no episódio "Presepada de Natal", como Scarlet Antibes, uma prima do personagem Caco Antibes, interpretado por Miguel Falabella.

Em 2002, passa a co-apresentar o programa de televisão "Saia Justa", no canal pago GNT (Globosat), ao lado de Mônica Waldvogel, Marisa Orth e Fernanda Young. Rita Lee se despediu do programa em 2004.

Em "Celebridade" (2003), fez uma participação especial como ela mesma e contracenou com Maria Clara, interpretada por Malu Mader.

Em 2005, comandou, ao lado do marido Roberto de Carvalho, o talk show "Madame Lee" também transmitido pela GNT.

Em 2010, foi convidada pelo diretor Jorge Fernando para regravar seu sucesso de 1985, "Ti Ti Ti". A música foi usada na abertura do remake da novela "Ti Ti Ti" no horário das 19h00. Rita Lee fez uma participação no último capítulo da novela, fazendo um show, cantando a música de abertura da novela.

Em 2017, participou do documentário "Laerte-se", da Netflix.

Prêmios

  • Grammy Latino (Vencidos: 2)
  • Prêmio Sharp de Música (Vencidos: 12)
  • Top 100 Brasil (Vencidos: 1)
  • Revista Pop (Vencidos: 1)
  • Revista Fatos e Fotos (Vencidos: 1)
  • Troféu APCA (Vencidos: 3)
  • Prêmio Shell (Vencidos: 1)

Grammy Latino
  • 2001 - Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa: "3001"
  • 2022 - Prêmio Excelência Musical da Academia Latina de Gravação: "Conjunto da Obra"

Prêmio Sharp de Música
  • 1988 - Melhor Música ... "Livre Outra Vez"
  • 1991 - Melhor Música ... "La Miranda"
  • 1991 - Melhor Trilha Sonora ... "Dias Melhores Virão"
  • 1991 - Melhor Cantora
  • 1991 - Melhor Disco ... Bossa'n Roll
  • 1993 - Melhor Cantora
  • 1995 - Melhor Cantora
  • 1995 - Melhor Disco ... A Marca da Zorra
  • 1995 - Melhor Show ... A Marca da Zorra
  • 1996 - Melhor Cantora (Pop Rock)
  • 1998 - Melhor Cantora (Pop Rock)

Top 100 Brasil
  • 2012 - Melhor Álbum Nacional ... Reza

Revista Pop
  • 1974 - Melhor Cantora

Revista Fatos e Fotos
  • 1981 - Personalidade de 1980

Troféu APCA
  • 1991 - Melhor Show ... Bossa'n Roll
  • 2016 - Grande Prêmio da Crítica
  • 2016 - Melhor Biografia/Autobiografia/Memória Literatura ... "Rita Lee: Uma Autobiografia"

Prêmio Shell
  • 1996 - Grande Destaque da MPB

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #RitaLee

Marcelo Yuka

MARCELO FONTES DO NASCIMENTO VIANA DE SANTA ANA
(53 anos)
Baterista, Compositor, Ativista Político e Palestrante

☼ Rio de Janeiro, RJ (31/12/1965)
┼ Rio de Janeiro, RJ (18/01/2019)

Marcelo Yuka, nome artístico de Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana, foi um baterista, compositor, ativista, político e palestrante, nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 31/12/1965.

Marcelo Yuka passou a infância no humilde bairro de Campo Grande e a adolescência em Angra dos Reis, onde aprendeu a surfar. Foi no início da idade adulta que se envolveu para valer com a música, ao mesmo tempo em que cursava jornalismo na faculdade. A paixão pelas palavras seria uma herança da mãe, que era professora e, segundo o baterista, bastante severa.

Tocando com amigos na Baixada Fluminense, onde o cenário do reggae crescia, o músico integrou a banda carioca KMD-5, pioneira do ritmo no Brasil entre os anos 1980 e 1990. É também nessa época que nasceu o nome artístico Marcelo Yuka. Com 1,90m de altura, Marcelo ganhou o apelido de “Uruca” durante os ensaios que aconteciam em um barraquinho pequeno, que desafiava sua entrada e a da bateria. Um garoto da região, que não conseguia pronunciar o apelido do baterista, o chamava de "Iruca", o que acabou se tornando Yuka.

No início da década de 1990, o nome de Marcelo já começava a circular entre o cenário musical brasileiro, juntamente com de outros colegas como a banda Skank e o rapper Marcelo D2, em um momento que o rock brasileiro bebia de influências do hip hop e do reggae.


Em 1993, Marcelo Yuka fundou O Rappa ao lado de Marcelo Lobato e Alexandre Menezes, o Xandão, com Nelson Meirelles, produtor do Cidade Negra. Inicialmente, o grupo foi criado meio às pressas para acompanhar o cantor caribenho Papa Winnie pelo Brasil. A química foi boa e, em seguida, eles anunciaram no jornal O Globo a vaga de vocalista, que foi preenchida por Marcelo Falcão.

Marcelo Yuka foi o autor de boa parte dos sucessos da banda, que tomou as rádios com faixas como "Pescador De Ilusões", "Me Deixa, Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)", "O Que Sobrou Do Céu", "Todo O Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro", entre outras. As letras, assim como os videoclipes, eram marcados por fortes críticas sociais e políticas.

Com o grupo lançou quatro CDs pela gravadora Warner Music, "O Rappa" (1994), "Rappa Mundi" (1996), "Lado B, Lado A" (1999) e "Instinto Coletivo Ao Vivo" (2001).

Sua vida mudou em 09/11/2000 onde ele tentou impedir a ação de um grupo de criminosos contra uma mulher. Ele foi baleado nove vezes. Uma das balas atingiu a segunda vértebra torácica, deixando-o paraplégico.

Em 2001, após desavenças com os demais integrantes da banda, Marcelo Yuka deixou O Rappa.


"Eu tinha 34 anos, virei uma curva e me vi assim. Tudo aconteceu muito rápido e a mente não consegue acompanhar", lembrou em entrevista à jornalista Marília Gabriela, no SBT, exibida em 2014.
"Na hora que tomei os tiros eu percebi que ficaria assim. Não perdi a consciência. Senti que o corpo não tinha mais o equilíbrio do tronco. Fiquei por algum tempo com o corpo muito debilitado. Depois veio o entendimento de como seria minha vida. O trabalho ajudou muito. E acho que hoje só agradeço. Eu queria aprender a ser alguém melhor pelo amor, e não pela dor. Pela dor todo mundo aprende!"
A saída da banda o levou a intensificar seu lado ativista. Fundou a Brigada Organizada de Cultura Ativista (BOCA), que teve como objetivo levar cultura e educação para entidades carcerárias, como bibliotecas, sessões de cinema, debates.
"Foi interessante me conectar com aquelas pessoas, pois quando eu entrava na cela, era um esforço grande. As portas são pequenas, o lugar lotado, eu sentia dores. E eles percebiam isso. E pensavam: Pô esse cara vem aqui ajudar pessoas que parecem com os que fizeram isso com ele!"
Em diversas entrevistas, o músico garantiu que não guardava rancor dos criminosos que atiraram contra ele.
"Eu queria que a justiça tivesse sido feita. Mas desde o começo decidi que não queria carregar mais essa dor, de ficar procurando quem foi. A situação já era muito limite, não queria um coração amargo. Fui cuidar da minha vida!"

A veia artística e o ativismo político se uniram com a criação do grupo F.UR.T.O., idealizado por ele como um projeto social, que deu origem também a uma Organização Não Governamental (ONG) de mesmo nome. Ali, entre projetos contra a violência, Marcelo Yuka lutou em prol das pesquisas com células troncos para tratamentos de pessoas deficientes.

Filiado do Partido Socialista e Liberdade (PSOL), Marcelo Yuka disputou as eleições municipais de 2012 como vice-prefeito na chapa de Marcelo Freixo. Ao ser questionado se ainda tinha ambições políticas, em entrevista ao "Programa do Bial", em 2018, Marcelo Yuka respondeu: "Deus me livre. Nunca mais. Essa ideia foi do Freixo!". No mesmo programa, o músico afirmou que há 17 anos lidava com dores crônicas.
"Eu tenho dor 24 horas por dia, mas eu não posso pensar nisso senão ela aumenta!"
Marcelo Yuka participou ativamente de projetos sociais, atuando em parceria com o AfroReggae, com a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional do Rio de Janeiro (FASE) e junto à comunidade do Morro Santa Marta.

Após ficar paraplégico, por causa do tiro levado de um assaltante, e as divergências que se criaram entre ele e o resto dos integrantes, acabou saindo da banda. Fundou a banda F.U.R.T.O. (Frente Urbana de Trabalhos Organizados), ao lado de Maurício Pacheco (voz, guitarra e teclado), Alexandre Garnizé (bateria e percussão) e Jamilson da Silva (percussão), ficando responsável pelas vozes, baixo e programação de bateria.


Com a banda, lançou em 2005 o CD "Sangueaudiência", que contou com a participação de Marisa Monte, na faixa "Desterro", BNegão, em "Gente De Lá", e o franco-hispânico Manu Chao, na faixa "Todos Debaixo Do Mesmo Sombrero". Dentre as faixas do disco, incluem-se ainda "Caio Pra Dentro De Mim", "Não Se Preocupe Comigo", "Sobra Líquida", "Verbos À Flor Da Pele", "Ego City", "Sangueaudiência", "Terrorismo Cultural" e "Amém, Calibre 12", todas de sua autoria.

Marcelo Yuka foi responsável pela trilha sonora do videoclipe "Humanize", feito para uma campanha educativa do canal Futura.

Ao lado de Sérgio Espírito Santo fundou o Projeto Mestiço, um trabalho "eletro-indígena-hardcore". Acompanhado dos músicos Amora Pêra (guitarra e voz), Patrick Laplan (baixo), Jomar Schrank (teclado e guitarra) e Daniel Conceição (bateria), apresentou-se em casas de shows e festivais pelo Brasil.

Em 2011 o documentário sobre sua vida "Marcelo Yuka no Caminho das Setas", de Daniela Broitman, foi exibido na mostra "Retratos", do Festival do Rio.

Em 2012 foi escolhido pelo deputado estadual Marcelo Freixo, pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro nesse mesmo ano, para ser seu vice nessas eleições pelo Partido Socialista e Liberdade (PSOL), partido no qual se afiliou em 2010.


Em 2013 o documentário sobre sua vida "Marcelo Yuka no Caminho das Setas" (2011), de Daniela Broitman, ganhou edição em DVD para a Coleção Canal Brasil e contou com o making of do trailer nos extras.

Em 2014 lançou a autobiografia "Não Se Preocupe Comigo", escrita em parceria com Bruno Levinson e lançada pela Editora Primeira Pessoa.

Em janeiro de 2017, quando se encontrava já internado, foi lançado o CD "Canções Pra Depois do Ódio", com 16 músicas inéditas autorais, e participações de Bárbara Mendes, Bukassa Kabenguele, Cibelle, Black Alien e Seu Jorge.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em julho de 2018, ele falou sobre como suas constantes internações dificultaram a divulgação do disco:
"No primeiro ano (2016) eu fiquei indo e voltando para o hospital e no outro (2017), um ano e dois meses direto (internado), sendo que oito meses eu fiquei sem sair da cama. Fiz um tratamento na câmera hiperbárica que me deixou temporariamente surdo. Virei doente renal, tive uma série de doenças ocasionadas pela internação!"
No álbum, Marcelo Yuka usou sua grande habilidade como letrista para criar metáforas e falar da vida após o atentado, da clausura do corpo e da luta contra a depressão.

Morte

Marcelo Yuka estava internado em estado grave com um quadro de infecção generalizada. Ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 02/01/2019 e na madrugada do dia 04/01/2019 entrou em coma induzido. Marcelo Yuka faleceu na sexta-feira, 18/01/2019, aos 53 anos, no Hospital Quinta D'or, onde estava internado, vítima de infecção generalizada.

 O músico . No meio do ano passado, ele já havia tido outro AVC.

Discografia

O Rappa
  • 1994 - O Rappa
  • 1996 - Rappa Mundi
  • 1999 - Lado B Lado A
  • 2001 - Instinto Coletivo

F.U.R.T.O.
  • 2005 - Sangueaudiência

Solo
  • 2017 - Canções Para Depois do Ódio

Fonte: Wikipédia, Dicionário Cravo Albin da MPB e Veja
#FamososQuePartiram #MarceloYuka

Therezinha Zerbini

THEREZINHA DE GODOY ZERBINI
(86 anos)
Assistente Social, Advogada e Ativista de Direitos Humanos

* São Paulo, SP (16/04/1928)
+ São Paulo, SP (14/03/2015)

Therezinha de Godoy Zerbini foi uma assistente social, advogada e ativista de direitos humanos brasileira, fundadora e líder do Movimento Feminino Pela Anistia.

Foi casada com o general Euryale de Jesus Zerbini, irmão do cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini, pioneiro em cirurgia cardíaca, vinte anos mais velho que ela. Eles se conheceram em 1951, quando ele comandava a Força Pública e Therezinha trabalhava como assistente social do Hospital Mandaqui, no atendimento a crianças tuberculosas. Ela própria havia tido a doença, alguns anos antes.

O general Euryale de Jesus Zerbini comandava a unidade de Caçapava à época do golpe militar de 1964 e foi um dos quatro generais, o único com comando de tropa, a assumir uma posição legalista, contrária aos golpistas. Por isso acabou por ter seus direitos políticos cassados e foi reformado.

Por ter ajudado Frei Tito a conseguir o sítio, pertencente a um amigo da família Zerbini, em Ibiúna, onde seria realizado o congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), organização proscrita pelo regime, Therezinha respondeu a um inquérito policial militar. Foi indiciada em dezembro de 1969 e afinal enquadrada na Lei de Segurança Nacional. Foi presa em sua casa, no dia 11/02/1970 e ficou na prisão por oito meses, seis dos quais no presídio Tiradentes, em São Paulo. Na prisão, conviveu com a então guerrilheira Dilma Roussef.

Em 1975, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU), Ano Internacional da Mulher, criou o Movimento Feminino Pela Anistia (MFPA), unido à luta pela redemocratização do Brasil. No mesmo ano, ocorreu a morte do jornalista Vladimir Herzog na prisão, seguindo-se, na Catedral da Sé, a primeira grande manifestação popular de protesto, desde o AI-5.

Ainda em 1975, o Movimento lançou seu manifesto em favor da anistia ampla e geral, conseguindo colher 16.000 assinaturas de apoio, e empenhou-se nas denúncias sobre a existência de presos, torturados e perseguidos políticos no Brasil, fato que por muito tempo fora sistematicamente negado pelo governo militar. Daí por diante foram sendo formados Comitês Femininos Pela Anistia nas principais cidades do país.

"Comecei pelo Rio Grande do Sul. Coloquei os manifestos numa caixa e mandei pelo correio para a Dilma, que foi muito habilidosa."
(Therezinha Zerbini)

O Movimento Pela Anistia

O Movimento Feminino Pela Anistia (MFPA), como movimento de oposição, surge num momento em que a luta armada refluía, e a "democracia passa a ser valorizada como um objetivo em si e, com ela, a organização da sociedade e a participação no jogo eleitoral, mesmo sob limitações". O movimento é o marco da virada: a atividade política volta ao espaço público, agregando e mobilizando vários setores, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e outros partidos políticos ainda clandestinos, a esquerda católica, acadêmicos, associações de classe, além dos exilados, presos políticos e suas famílias. Fazia oposição às claras: era um movimento legalizado, com ata de fundação e estatuto registrado em 1976, constituído basicamente por mulheres católicas, como a própria Therezinha Zerbini, e de classe média, a mesma classe que, dez anos antes, marchara contra o governo João Goulart e apoiara a instauração do regime militar que agora exilava, prendia, torturava e matava seus filhos e netos. Nesse sentido, fazia oposição "por dentro" do regime, jogando contra ele a sua própria justificativa inicial: Preservar a democracia ameaçada pelo totalitarismo.

Em fevereiro de 1978, o Movimento Feminino Pela Anistia seria ampliado com a criação do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) no Rio de Janeiro, formado inicialmente por advogados de presos políticos e com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Comitê pedia a anistia ampla, geral e irrestrita.

Em março de 1978, durante a visita do então presidente norte-americano Jimmy Carter a Brasília, Therezinha Zerbini conseguiu driblar a segurança e entregar uma carta à primeira-dama, Rosalynn Carter, em nome das mulheres brasileiras do Movimento Feminino Pela Anistia. A carta, sem fazer referências diretas ao regime, dizia, na abertura: "Nós, que lutamos por justiça e paz..."

Embora considerada comunista, pelos órgãos de segurança, e como feminista, pela imprensa, Therezinha Zerbini declarou nunca ter aderido a nenhuma dessas correntes.

Militância Política Após a Anistia

Após a revogação do AI-5 em 1978, esteve ao lado de Leonel Brizola no processo de refundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em São Paulo, e depois, na criação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), em 1979, quando Leonel Brizola perdeu a sigla para Ivete Vargas.

Mais recentemente, em setembro de 2010, pouco antes das eleições presidenciais de novembro, Therezinha Zerbini foi a quinta pessoa a assinar o "Manifesto Pela Defesa da Democracia", lançado por intelectuais e políticos contrários ao Partido dos Trabalhadores (PT). Na prática, o manifesto deveria reforçar a posição do candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) José Serra, que, entretanto, acabou por perder as eleições.

"Criar a Comissão da Verdade é bom. Não espero coisas novas, porque já vi tudo por dentro. Mas é preciso dar a oportunidade para os outros sentirem e verem. Como diz Santo Agostinho, o coração é a sede da memória!"
(Therezinha Zerbini)


Therezinha Zerbini morreu no sábado, 14/03/2015, aos 87 anos. Seu corpo foi velado no Cemitério do Araçá e depois levado ao crematório da Vila Alpina, onde foi cremado.

Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção São Paulo (OAB-SP), Marcos da Costa, afirmou que Therezinha "teve um papel expressivo ao longo de toda a ditadura militar pela coragem e força que demonstrou em situações difíceis e complexas".

Fonte: Wikipédia
Indicação: Fadinha Veras

Vange Leonel

MARIA EVANGELINA LEONEL GANDOLFO
(51 anos)
Cantora, Compositora, Escritora e Ativista LGTB

* São Paulo, SP (04/05/1963)
+ São Paulo, SP (14/07/2014)

Vange Leonel, nome artístico de Maria Evangelina Leonel Gandolfo, foi uma cantora, compositora, escritora e ativista LGBT (LGBT, ou ainda LGBTTT, é a sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

Como cantora e compositora, seu maior sucesso foi a canção "Noite Preta", composta em parceria com Cilmara Bedaque. A canção foi tema de abertura da novela Vamp, da TV Globo, em 1991.

O CD marcou o início da parceria artística com a jornalista Cilmara Bedaque. Além de escrever livros e ser ativista LGBT, Vange Leonel roteirizou a peça "As Sereias de Rive Gauche", baseada em um de seus livros. Publicou ainda "Lésbicas" (1999), "Girls - Garotas Iradas" (2001) e "Balada Para As Meninas Perdidas" (2003).

Na década de 80, Vange Leonel fez parte da banda Nau, formada ainda por Beto Birger (baixo), Zique (guitarra) e Mauro Sanches (bateria). O grupo lançou um disco em 1987 e dois anos depois, o grupo acabou.

Cilmara Bedaque, Cris Lobo e Vange Leonel
Vange Leonel era casada com a também escritora Cilmara Bedaque, que lamentou a morte da companheira em seu perfil no Twitter.

"Estou vivendo o pior momento da minha vida. E não. Não posso responder perguntas porque minhas mãos estão ocupadas com as dela (...) Um sentimento que deixa partir tendo a certeza da liberdade do amor. Ela então sonhou que era livre. Do cateter, das agulhas em suas veias, do buraco em seu peito. Eu só pude dizer: você é livre!"
(Cilmara Bedaque)

Além de companheiras de vida há 28 anos, Cilmara Bedaque e Vange Leonel mantinham juntas um blog sobre cervejas e também compuseram músicas em parceria.


Morte

Vange Leonel morreu aos 51 anos na tarde de segunda-feira, 14/07/2014, em São Paulo. Há 20 dias ela descobriu um câncer no ovário, com metástase na membrana que envolve os órgãos da região abdominal. Vange Leonel estava internada no Hospital Santa Isabel, setor particular da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

O velório ocorreu no Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, SP, na terça-feira, 15/07/2014, às 10:00 hs. A cerimônia de cremação ocorreu às 14:00 hs.


Discografia

Álbuns
  • 1986 - Nau (CBS)
  • 1991 - Vange (Sony Music)
  • 1996 - Vermelho (Medusa Records)


Participações
  • 1987 - Não São Paulo 2


Livros Publicados

  • 1999 - Lésbicas (Planeta Gay Books)
  • 2001 - Grrrls: Garotas Iradas (Edições GLS)
  • 2002 - As Sereias da Rive Gauche (Editora Brasiliense)
  • 2003 - Balada Para As Meninas Perdidas (Edições GLS)

Teatro

  • 2002 - As Sereias da Rive Gauche (Autora - Direção de Regina Galdino)
  • 2006 - Joana Evangelista (Autora)


Fonte: Wikipédia, G1 e EGO