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Cazuza

AGENOR DE MIRANDA ARAÚJO NETO
(32 anos)
Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (04/04/1958)
+ Rio de Janeiro, RJ (07/07/1990)

Cazuza, nome artístico de Agenor de Miranda Araújo Neto, foi um cantor e compositor brasileiro que ganhou fama como vocalista e principal letrista da banda Barão Vermelho. Dentre as composições famosas junto ao Barão Vermelho estão "Todo Amor Que Houver Nessa Vida", "Pro Dia Nascer Feliz", "Maior Abandonado", "Bete Balanço" e "Bilhetinho Azul".

Cazuza é considerado um dos maiores compositores da música brasileira. Dentre seus sucessos musicais em carreira solo, destacam-se "Exagerado", "Codinome Beija-Flor", "Ideologia", "Brasil", "Faz Parte do Meu Show", "O Tempo Não Para" e "O Nosso Amor a Gente Inventa". Cazuza também ficou conhecido por ser rebelde, boêmio e polêmico, tendo declarado em entrevistas que era bissexual. Em 1989 declarou ser soropositivo e sucumbiu à doença em 1990, no Rio de Janeiro.

Infância e Adolescência

Filho de João Araújo, produtor fonográfico, e de Lucinha Araújo, Cazuza recebeu o apelido mesmo antes do nascimento. Agenor, seu verdadeiro nome foi recebido por insistência da avó paterna. Na infância, Cazuza nem sequer sabia seu nome de batismo, por isso não respondia à chamada na escola. Só mais tarde, quando descobre que um dos compositores prediletos, Cartola, também se chamava Agenor, na verdade, Angenor, por um erro do cartório, é que Cazuza começou a aceitar o nome.

Cazuza sempre teve contato com a música. Influenciado desde pequeno pelos grandes nome da música brasileira, ele tinha preferência pelas canções dramáticas e melancólicas, como as de Cartola, Dolores Duran, Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa, Maysa e Dalva de Oliveira. Era também grande fã da roqueira Rita Lee, para quem chegou a compor a letra da canção "Perto do Fogo", que Rita musicou.

Cazuza cresceu no bairro do Leblon e estudou no Colégio Santo Inácio até mudar para o Colégio Anglo-Americano, para evitar reprovação. Como os pais às vezes saíam à noite, o filho único ficava na companhia da avó materna, Alice. Por volta de 1965, ele começou a escrever letras e poemas, que mostrava à avó.

Graças ao ambiente profissional do pai, Cazuza cresceu em volta dos maiores nomes da Música Popular Brasileira, como Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, João Gilberto, Novos Baianos, entre outros. A mãe, Lucinha Araújo, também cantava e gravou três discos.

Em 1972, tirando férias em Londres, Cazuza conheceu as canções de Janis Joplin, Led Zeppelin e Rolling Stones, e logo tornou-se um grande fã. Por causa da promessa do pai, que disse que lhe presentearia com um carro caso ele passasse no vestibular, Cazuza foi aprovado em Comunicação em 1976, mas desistiu do curso três semanas depois. Mais tarde começou a frequentar o baixo Leblon, onde levou uma vida boêmia.

Assim, João Araújo criou um emprego para ele na gravadora Som Livre, da qual ainda é presidente. Na Som Livre, Cazuza trabalhou no departamento artístico, onde fez triagem de fitas de novos cantores. Logo depois trabalhou na assessoria de imprensa, onde escreveu releases para divulgar os artistas. No final de 1979 ele fez um curso de fotografia na Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos. Lá, descobriu a literatura da Geração Beat, os chamados poetas malditos, que mais tarde teria grande influência na carreira.

Em 1980 ele retornou ao Rio de Janeiro, onde ingressou no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone no Circo Voador. Foi nessa época que Cazuza cantou em público pela primeira vez. O cantor e compositor Léo Jaime, convidado para integrar uma nova banda de rock de garagem que se formava no bairro carioca do Rio Comprido não aceitou, mas indicou Cazuza aos vocais. Daqueles ensaios na casa do tecladista Maurício Barros, nasceu o Barão Vermelho.


Barão Vermelho

O Barão Vermelho, que até então era formado por Roberto Frejat (guitarra), Dé Palmeira (baixo), Maurício Barros (teclados) e Guto Goffi (bateria), gostou muito do vocal berrado de Cazuza. Em seguida, Cazuza mostrou à banda letras que havia escrito e passa a compor com Roberto Frejat, formando uma das duplas mais festejadas do rock brasileiro. Dali para frente, a banda que antes só tocava covers passa a criar um repertório próprio.

Após ouvir uma fita demo da banda, o produtor Ezequiel Neves convenceu o diretor artístico da Som Livre, Guto Graça Mello, a gravar a banda. Juntos convenceram o relutante João Araújo a apostar no Barão Vermelho.

Com uma produção barata e gravado em apenas dois dias, foi lançado em 1982 o primeiro álbum da banda, "Barão Vermelho". Das canções mais importantes, destacam-se "Bilhetinho Azul", elogiadíssima por Caetano Veloso, "Ponto Fraco", "Down Em Mim" e a obra-prima "Todo Amor Que Houver Nessa Vida". Bom frisar que na época, Cazuza tinha apenas 23 anos, mas uma grande maturidade poética.

Apesar de ser aclamado pela crítica, o disco vendeu apenas 7 mil cópias. Depois de alguns shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, a banda voltou ao estúdio e com uma melhor produção gravou o disco "Barão Vermelho 2", lançado em 1983.

Esse disco vendeu 15 mil cópias. Foi nessa fase que, durante um show no Canecão, Caetano Veloso apontou Cazuza como o maior poeta da geração e criticou as rádios por não tocarem a banda. Na época as rádios só tocavam pop brasileiro e Música Popular Brasileira. O rótulo de "banda maldita" só abandonou o Barão Vermelho quando o cantor Ney Matogrosso gravou "Pro Dia Nascer Feliz". Era o empurrão que faltava, e a banda ganhou vida pública própria.


Maior Abandonado e Rock In Rio

A banda foi convidada a compor e gravar o tema do filme "Bete Balanço". A canção, "Bete Balanço", torna-se um dos grandes clássicos dos Barões, impulsionando o filme que vira sucesso de bilheteria. A canção também impulsionou as vendas do terceiro disco do Barão Vermelho, "Maior Abandonado", lançado em outubro de 1984, que conquistou disco de ouro, registrando outras composições como "Maior Abandonado" e "Por Que a Gente é Assim?".

Em 15 e 20 de janeiro de 1985, o Barão Vermelho se apresentou na primeira edição do Rock In Rio, o maior e mais importante festival da América do Sul. A apresentação da banda no quinto dia tornou-se antológica por coincidir com a eleição do presidente Tancredo Neves e com o fim da Ditadura Militar. Cazuza anuncia esse fato ao público presente e para comemorar, cantou "Pro Dia Nascer Feliz".

"Não Divido Nada, Muito Menos o Palco"

Cazuza deixou a banda a fim de ter liberdade para compor e se expressar, musical e poeticamente. Em julho de 1985, durante os ensaios do quarto álbum, Cazuza deixou o Barão Vermelho para seguir carreira solo. Suspeita-se que nesse mesmo ano começou a ter febre diariamente, indícios da AIDS que se agravaria anos depois. Ezequiel Neves que trabalhou com o Barão Vermelho, dividiu-se entre a banda e a carreira solo de Cazuza. "Fui Salomônico", declarou em entrevista ao Jornal do Commercio, em 2007, quando Cazuza completaria 49 anos.


Carreira Solo

Exagerado e Só Se For a Dois:

Em agosto de 1985, Cazuza foi internado para ser tratado de uma pneumonia. Cazuza exigiu fazer um teste de HIV, do qual o resultado foi negativo. Em novembro de 1985 foi lançado o primeiro álbum solo intitulado "Exagerado". "Exagerado", a faixa-título composta em parceria com Leoni, se torna um dos maiores sucessos e marca registrada do cantor. Também destaca a obra-prima "Codinome Beija-Flor". A canção "Só As Mães São Felizes" é vetada pela censura. Cazuza gravou o segundo álbum no segundo semestre de 1986. Como a Som Livre terminou com o cast, "Só Se For a Dois" foi lançado pela PolyGram (agora Universal Music Group) em 1987. Logo depois, a PolyGram contratou Cazuza. "Só Se For a Dois" mostra temas românticos como "Só Se For a Dois", "O Nosso Amor a Gente Inventa", "Solidão Que Nada" e "Ritual".

Ideologia e O Tempo Não Para:

A AIDS, doença da qual provavelmente sofria desde 1985, voltou a se manifestar em 1987. Cazuza é internado com pneumonia, e um novo teste revela que o cantor é portador do vírus HIV. Em outubro, Cazuza é internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, para ser tratado por uma nova pneumonia. Em seguida, ele é levado pelos pais aos Estados Unidos. Lá, Cazuza é submetido a um tratamento a base de AZT durante dois meses no New England Hospital de Boston. Ao voltar ao Brasil no começo de dezembro de 1987, Cazuza inicia as gravações para um novo disco.

"Ideologia" de 1988, inclui os hits "Ideologia", "Brasil" e "Faz Parte do Meu Show". "Brasil" em versão de Gal Costa foi tema de abertura da telenovela "Vale Tudo" da Rede Globo.

Os shows se tornam mais elaborados e a turnê do disco "Ideologia", dirigido por Ney Matogrosso, viaja por todo o Brasil. "O Tempo Não Para", gravado no Canecão durante esta turnê, é lançado em 1989. O disco se tornou o maior sucesso comercial superando a marca de 500 mil cópias vendidas. A faixa "O Tempo Não Para" torna-se um de seus maiores sucessos. Também destacam-se "Todo Amor Que Houver Nessa Vida" com um novo arranjo mais introspectivo, "Codinome Beija-Flor" e "Faz Parte do Meu Show". "O Tempo Não Para" também foi lançado em VHS pela Globo.

Burguesia:

Em fevereiro de 1989, Cazuza declara publicamente que era soropositivo, ajudando assim a criar consciência em relação à doença e aos efeitos dela. Cazuza compareceu na cerimônia do Prêmio Sharp de cadeira de rodas, onde recebeu os prêmios de melhor canção para "Brasil" e melhor álbum para "Ideologia".

"Burguesia" (1989) foi gravado com o cantor numa cadeira de rodas e com a voz nitidamente enfraquecida. É um álbum duplo de conceito dual, sendo o primeiro disco com canções de rock brasileiro e o segundo com canções de MPB. "Burguesia" é o último disco gravado por Cazuza e vendeu 250 mil cópias. Cazuza recebeu o Prêmio Sharp póstumo de melhor canção com "Cobaias de Deus".


Morte

Em outubro de 1989, depois de quatro meses a base de um tratamento alternativo em São Paulo, Cazuza partiu novamente para Boston, onde ficou internado até março de 1990, voltando assim para o Rio de Janeiro.

No dia 7 de julho de 1990, Cazuza morreu aos 32 anos por um Choque Séptico causado pela AIDS. No enterro compareceram mais de mil pessoas, entre parentes, amigos e fãs. O caixão, coberto de flores e lacrado, foi levado à sepultura pelos ex-companheiros do Barão Vermelho. Cazuza foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.


Legado

Em apenas nove anos de carreira, Cazuza deixou 126 canções gravadas, 78 inéditas e 34 para outros intérpretes. Após a morte de Cazuza, os pais fundaram a Sociedade Viva Cazuza em 1990. A Sociedade Viva Cazuza tem como intenção proporcionar uma vida melhor a crianças soropositivas através de assistência à saúde, educação e lazer. Em 1997, a cantora Cássia Eller lançou o álbum "Veneno AntiMonotonia", que traz somente composições de Cazuza.

As canções de Cazuza já foram reinterpretadas pelos mais diversos artistas brasileiros dos mais diversos genêros musicais. A Som Livre realizou o show "Tributo a Cazuza" em 1999, posteriormente lançado em CD e DVD, do qual participaram Ney Matogrosso, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Kid Abelha, Zélia Duncan, Sandra de Sá, Arnaldo Antunes e Leoni.

No ano 2000 foi exibido no Rio de Janeiro e em São Paulo o musical "Casas de Cazuza", escrito e dirigido por Rodrigo Pitta, cuja história tem base nas canções de Cazuza. Em 2004 foi lançado o filme biográfico "Cazuza - O Tempo Não Para" de Sandra Werneck.

Artistas Relacionados

Dentre diversos artistas relacionados a Cazuza, podemos mencionar Simone ("O Tempo Não Para" e "Codinome Beija-flor"), Leoni (com quem compôs o maior sucesso, "Exagerado"), Léo Jaime (que apresentou Cazuza para o Barão Vermelho quando este já estava formado e precisando de um vocalista para completar a banda), Lobão, tanto pela amizade com Cazuza quanto pela influência de um em outro, por ter sido grande inspiração no começo da carreira, Cássia Eller por ter sido a intérprete que mais gravou canções de Cazuza, Arnaldo Antunes pela influência marcante, Bebel Gilberto pela amizade e parceria em algumas canções, Ney Matogrosso por ter sido namorado, Renato Russo, por ter homenageado duas vezes o ex-vocalista do Barão Vermelho (com a canção em inglês "Feedback Song For a Dying Friend" e com a regravação de "Quando Eu Estiver Cantando" no show "Viva Cazuza", em 1990) e Frejat, por ter sido um grande amigo e seu principal parceiro em composições musicais.

Discografia

Com o Barão Vermelho
  • 1982 - Barão Vermelho
  • 1983 - Barão Vermelho 2
  • 1984 - Maior Abandonado
Solo
  • 1985 - Exagerado
  • 1987 - Só Se For a Dois
  • 1988 - Ideologia
  • 1988 - O Tempo Não Para (Ao Vivo)
  • 1989 - Burguesia
  • 1991 - Por Aí (Póstumo)
  • 1993 - Melhores Momentos - Cazuza e Barão Vermelho (Póstumo)
  • 1998 - Remixes (Póstumo)
  • 2005 - O Poeta Está Vivo - Show no Teatro Ipanema 1987 (Póstumo)

Videografia

Com o Barão Vermelho
  • 2007 - Rock In Rio 1985 (DVD)
Solo
  • 1988 - Ideologia (Vídeo) | Ideologia (VHS Vídeo)
  • 1989 - O Tempo Não Para (VHS Vídeo)
  • 2008 - Pra Sempre Cazuza (DVD)
Filmografia
  • 1984 - Bete Balanço (Participação Especial)
  • 1987 - Um Trem Para as Estrelas (Participação especial)
  • 2001 - Cazuza - Sonho de Uma Noite no Leblon (Documentário)
  • 2004 - Cazuza - O Tempo Não Para (Biográfico)

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #Cazuza

Raul Seixas

RAUL SANTOS SEIXAS
(44 anos)
Cantor, Compositor e Produtor Musical

* Salvador, BA (28/06/1945)
+ São Paulo, SP (21/08/1989)

Raul Seixas foi um famoso cantor e compositor brasileiro, freqüentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. Também foi produtor musical da CBS durante sua estada no Rio de Janeiro, e por vezes é chamado de "Pai do Rock Nacional" e "Maluco Beleza".

Sua obra musical é composta de 21 discos lançados em seus mais de 20 anos de carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como "Let Me Sing, Let Me Sing".

Seu álbum de estreia, "Raulzito e Os Panteras" (1968), foi produzido quando ele integrava o grupo Os Panteras, mas só ganhou notoriedade crítica e de público com as músicas de "Krig-ha, Bandolo!" (1973), como "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa", "Metamorfose Ambulante".

Raul Seixas (Foto: Juan Luis Guerra)
Raul Seixas adquiriu um estilo musical que o creditou de "Contestador e Místico", e isso se deve aos ideais que vindicou, como a "Sociedade Alternativa" apresentada em "Gita" (1974), influenciado por figuras como Aleister Crowley.

Raul Seixas se interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia, história, literatura e latim, e algumas crenças dessas correntes foram muito aproveitadas em sua obra, que possuía uma recepção boa ou de curiosidade por conta disso. Ele conseguiu gozar de uma audiência relativamente alta durante sua vida, e mesmo nos anos 80 continuou produzindo álbuns que venderam bem, como "Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!" (1987) e "A Panela do Diabo" (1989), esse último em parceria com Marcelo Nova, e sua obra musical tem aumentado continuamente de tamanho, na medida que seus discos (principalmente álbuns póstumos) continuam a ser vendidos, tornando-o um símbolo do rock do país e um dos artistas mais cultuados e queridos entre os fãs nos últimos quarenta anos.

Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone Brasil promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Raul Seixas figurando a posição 19ª, encabeçando nomes como Milton Nascimento, Maria Bethânia, Heitor Villa-Lobos e outros. No ano anterior, a mesma revista promoveu a Lista dos Cem Maiores Discos da Música Brasileira, onde seu "Krig-ha, Bandolo!" de 1973 atingiu a 12ª posição, demonstrando que o vigor musical de Raul Seixas continua a ser considerado importante hoje em dia.

Infância

Raul Santos Seixas nasceu às 8 horas da manhã em 28 de junho de 1945 numa família de classe média baiana que vivia na Avenida Sete de Setembro, Salvador. Seu pai, Raul Varella Seixas, era engenheiro da estrada de ferro e sua mãe, Maria Eugênia Santos Seixas, se dedicava às atividades domésticas. No mês de julho ele foi registrado no Cartório de Registro Civil de Salvador com o nome do pai e do avô paterno. Em 16 de setembro do mesmo ano, batizaram-no na Igreja Matriz da Boa Viagem.

Em 4 de dezembro de 1948, Raul Seixas ganhou um irmão, o único, Plínio Santos Seixas, com quem teria um bom relacionamento durante sua infância. Os estudos de Raul Seixas começaram em 1952, onde frequentou o curso primário estudando com a professora Sônia Bahia. Concluído o curso em 1956, fundou o Club dos Cigarros com alguns amigos.

O trágico percurso escolar de Raul Seixas se iniciaria em 1957, quando ele ingressou no ginásio Colégio São Bento, onde foi reprovado na 2ª série por três anos. Um dos motivos da reprovação, segundo alguns biógrafos, é que ele, em vez de ir assistir as aulas, ouvia rock'n roll - em seus primórdios - na loja Cantinho da Música. No mesmo ano, em 13 de julho, Raul Seixas fundou o Elvis Rock Club com o amigo Waldir Serrão. Segundo a jornalista Ana Maria Bahiana, é através de Waldir Serrão que Raul Seixas começou a sair de casa e a manter uma vida social mais ampla. Segundo Raul, o encontro com Waldir Serrão foi fantástico: "Me preparei todo, botei a gola pra cima, botei o topete, engomei o cabelo, e fiquei esperando ele, masclando chiclete".

O Elvis Rock Club era como uma gangue, que procurava brigas na rua, fazia arruaça, roubava bugigangas e quebrava vidraças. Embora Raul não gostasse muito disso, "ia na onda, pois o rock, pelo menos ao meu ver, tinha toda uma maneira de ser".

Então, a família resolveu matricular Raul num colégio de padres, o Colégio Interno Marista, onde ele alcançou a 3ª série em 1960, mas acabou repetindo o estágio em 1961. Ao que tudo indica, nessa época Raul Seixas começou a se interessar pela leitura. O pai de Raul Seixas amava os livros e possuía uma vasta biblioteca em casa. Tão logo decifrou o mistério das letras, o garoto pôs-se a ler os volumes que encontrava na biblioteca do pai Raul. Sendo assim, as histórias que lia na biblioteca fermentavam sua imaginação e, com os cadernos do colégio, fazia desenhos, criava personagens, enredos, para depois vender ao irmão quatro anos mais novo, que acabava ficando interessado e comprava os esboços. Segundo Raul, um dos personagens principais dessas histórias era um cientista maluco chamado Melô (algo como "amalucado"), que viajava para diversos lugares imáginarios como o Nada, o Tudo, Vírgula Xis Ao Cubo, Oceanos de Cores.

Segundo Raul, Melô era sua "outra parte, a que buscava as respostas, o eu fantástico, viajando fora da lógica em uma maquinazinha em que só cabia um só passageiro... Melô-eu". Plínio ficava horas ouvindo o irmão contar suas histórias, dentro do quarto dos dois, e Raul frequentemente encenava os personagens como um ator.

Raul e Plínio tinham algo em comum: adoravam literatura, mas odiavam a escola. Mais tarde, já maduro, Raul Seixas diria:

"Eu era um fracasso na escola. A escola não me dizia nada do que eu queria saber. Tudo o que aprendia era nos livros, em casa ou na rua. Repeti cinco vezes a segunda série do ginásio. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la".

De um modo ou de outro, Raul Seixas precisava freqüentar a escola vez ou outra. Em uma determinada ocasião, o pai perguntou a Raul como ele ia na escola e pediu seu boletim. Raul mostrou um boletim falsificado, com todas as matérias resultando em um 10. O pai questionava se ele havia estudado, mas Maria Eugênia interrompia, dizendo algo como "Estudou nada, ficou aí ouvindo rock o tempo inteiro, essa porcaria desse béngue-béngue, de élvis préji, de líri ríchi e gritando essas maluquices". Os pais de Raul, como toda a geração da época, estranhavam o rock e ele não era muito bem vindo entre as famílias.

Os Panteras

Embora Raul mantivesse um gosto muito sincero pela música, seu sonho maior era ser escritor como Jorge Amado. Na sua cidade, escutavam Luiz Gonzaga todos os dias, nas praças, nas casas, em todos os estabelecimentos. Enquanto isso Raul junta-se a cena do rock que se formava em Salvador.

"Em 54/55, ninguém sabia o que era rock. Eu tocava e me atirava no chão imitando Little Richard".

Com o passar com tempo a banda que chegou a ter diversos nomes, como Relampagos do Rock, formadas então pelos irmãos Délcio e Thildo Gama, passa por várias formações e em 1963, passa a se chamar The Panters, banda que agora já se tornara sensação de Salvador. A fama se espalha, e a banda é rebatizada pelo nome Os Panteras. Nessa época Raul casa-se com a americana Edith Wisner.

Em 1968, Raulzito e Os Panteras gravam seu primeiro e único disco, "Raulzito e Os Panteras". Assinando contrato com a gravadora Odeon, após encontrarem Chico Anysio e o rei Roberto Carlos, que os reconheceu nos corredores de uma grande gravadora. O disco no entanto não teria sucesso de critica nem de público. Eládio Gilbraz, um dos panteras, diria:

"De um lado havia a inexperiência de quatro rapazes, recém-chegados da Bahia, falando em qualidade musical, agnoticismo, mudança de conceitos e sonhos. Do outro lado, uma multinacional que só falava em comercial. Talvez não tenha sido o disco que o grupo imaginara, mas nosso sonho era gravar um disco."

A partir daí, Raulzito e Os Panteras passariam sérias dificuldades no Rio de Janeiro. Raul morava em Ipanema, e ia a pé até o centro da cidade para tentar divulgar suas músicas, não obtendo sucesso. Embora algumas vezes Os Panteras recebiam ajuda de Jerry Adriani, tocando assim como banda de apoio para o mesmo, que segundo Raul o deu muita experiência e o ajudou a descobrir como se comunicar, segundo ele, suas "músicas eram muito herméticas". Raulzito passaria então fome no Rio de Janeiro, como mais tarde escreveria em "Ouro de Tolo".

Yê-Yê-Yê Realista

Raul Seixas estava totalmente abalado pelo fracasso com Os Panteras, e a sua volta a Salvador. Escrevia ele:

"Passava o dia inteiro trancado no quarto lendo filosofia, só com uma luz bem fraquinha, o que acabou me estragando a vista [...] Eu comprei uma motocicleta e fazia loucuras pela rua".

No entanto a sorte começaria a mudar. Um dia, Raul conheceu na Bahia um diretor da CBS Discos. Mais tarde ele convidaria Raul para ser produtor da gravadora. Sem pensar duas vezes, Raul fez as malas, junto a Edith Wisner, e voltou para o Rio de Janeiro.

Raul voltou ao Rio de Janeiro para usar seus enciclopédicos conhecimentos de música como produtor fonográfico. Nos cadernos de composições de Raul começaria a ser alimentada uma revolução.

Esta seria a segunda chance de Raul, apostando no talento do amigo, Jerry Adriani convence o então presidente da CBS, Evandro Ribeiro, a dar a Raulzito um emprego de produtor. Raulzito trabalhou anonimamente por um bom tempo.

Raul Seixas após ter entrado na CBS, fez grandes aliados e amigos. Ainda em 1968, a dupla Os Jovens e a banda The Sunshines apostaram em suas letras. No entanto, Raul faria um grande amigo e parceiro: Leno, da dupla Leno e Lilian. "Raulzito sempre esteve 20 anos adiante de seu tempo e Leno o compreendia. Na verdade, sempre houve uma grande admiração mútua", diria Arlindo Coutinho, da relações públicas da CBS.

Em seu compacto duplo Papel Picado, lançado em 1969, Leno registrou "Um Minuto Mais", versão de Raulzito para "I Will" (nada a ver com a canção de Paul McCartney). Também não se pode esquecer de Mauro Motta, outro grande parceiro de Raul nesta fase.

Jerry Adriani decidiu convocar Raul para ser o produtor de seus discos. No álbum de 1969, aproveitou para gravar uma de suas músicas, "Tudo Que É Bom Dura Pouco". Naquela mesma época, outros ídolos da Jovem Guarda também apadrinharam Raul gravando suas letras como Ed Wilson, Renato e Seus Blue Caps e Odair José.

1970 marcou o início de uma fase muito ativa na carreira de Raul, como produtor da CBS. Primeiramente, suas composições passaram a ser gravadas pelos artistas do cast da gravadora. Passou o ano produzindo discos para Tony e Frankye, Osvaldo Nunes, Jerry Adriani, Edy Star e Diana, além de escrever uma quantidade enorme de músicas para os colegas da gravadora. Algumas de muito sucesso, como "Doce Doce Amor" (Jerry Adriani), "Ainda Queima a Esperança" (Diana) e "Se Ainda Existe Amor" (Balthazar).

Raul nessa época passa a ter um bom emprego de respeitado produtor, que conseguira lançar suas composições como hits na voz de outros cantores e produzir grandes artistas. Mas Raul não se conformava apenas com isso. Com o apoio de Sérgio Sampaio, Raul passa cada vez mais a realimentar os sonhos de quando ainda morava em Salvador, que era ser um cantor.

Ao lado de Leno, Raul participa do disco "Vida e Obra de Johnny McCartney", disco solo de Leno, em que ambos buscam novos caminhos e experimentações. Juntos assinam letras e composições. Foi o primeiro LP gravado em oito canais no Brasil. As letras do disco foram censuradas, e o mesmo não foi lançado na época.

Outro projeto mal sucedido seria a "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10" onde Raul Seixas deu inicio a produção de um projeto de ópera-rock, tendo as letras mutiladas pela censura do Regime Militar. "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista" era um disco anárquico, inspirado em Frank Zappa e o então cultuado disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" dos Beatles misturado a elementos brasileiros, como samba, chorinho, baião. O Movimento no entanto não dera certo.

Auge e Queda

No início dos anos 1970, Raul Seixas se interessou por um artigo sobre extraterrestres publicado na revista A Pomba e teve o seu primeiro contato com o escritor Paulo Coelho, que mais tarde, se tornaria seu parceiro musical.

No ano de 1973, Raul conseguiu um grande sucesso com a música "Ouro de Tolo" no álbum "Krig-ha, Bandolo!", uma música com letra quase autobiográfica, mas que debocha da Ditadura Militar e do Milagre Econômico.

O mesmo LP também continha outras músicas que se tornaram grandes sucessos, como: "Metamorfose Ambulante", "Mosca na Sopa" e "Al Capone".

Raul Seixas finalmente alcançou grande repercussão nacional como uma grande promessa de um novo compositor e cantor. Porém, logo a imprensa e os fãs da época foram aos poucos percebendo que Raul não era apenas um cantor e compositor.

No ano de 1974, Raul Seixas e Paulo Coelho criam a "Sociedade Alternativa", uma sociedade baseada nos preceitos do bruxo inglês Aleister Crowley, onde a principal lei é "Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei".

Em todos os seus shows, Raul divulgava a "Sociedade Alternativa" com a música de mesmo nome. A Ditadura Militar, então, através do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) prendeu Raul Seixas e Paulo Coelho, pensando que a "Sociedade Alternativa" fosse um movimento armado contra o governo. Depois de torturados, Raul e Paulo Coelho foram exilados para os Estados Unidos onde Raul Seixas teria supostamente se encontrado com John Lennon.

No entanto, o seu LP "Gita" gravado poucos meses antes, faz tanto sucesso que ambos voltaram ao Brasil. O álbum "Gita" rendeu a Raul Seixas um disco de ouro, após vender 600.000 cópias. Ainda neste ano, Raul separa-se de Edith Wisner, que vai para os Estados Unidos com a filha do casal, Simone.

Em 1975, casa-se com Glória Vaquer, e grava o LP "Novo Aeon", onde Raul compôs uma de suas músicas mais conhecidas, "Tente Outra Vez". O LP, porém, vendeu menos de 60 mil cópias.

Em 1976, Raul Seixas supera a má-vendagem do disco anterior com o disco "Há Dez Mil Anos Atrás" (Versão de uma música de Elvis Presley intitulada "I Was Born About Ten Thousand Years Ago"). Neste mesmo ano, nasce sua segunda filha, Scarlet.

Naquele final de década as coisas começaram a ficar ruins para Raul. A parceria com Paulo Coelho é desfeita. O cantor lança três discos pela WEA (hoje Warner Music Brasil), a partir de 1977, que fizeram sucesso de público e desgosto na crítica. "O Dia Em Que A Terra Parou", que continha canções como "Maluco Beleza" e "Sapato 36". "Mata Virgem", em 1978 e "Por Quem Os Sinos Dobram", em 1979.

Por volta deste período, intensifica-se a parceria com o amigo Cláudio Roberto Andrade de Azevedo, geralmente creditado como Cláudio Roberto, com quem Raul compôs várias de suas canções mais conhecidas.

A partir do ano de 1978, começa a ter problemas de saúde devido ao consumo de álcool, que lhe causa a perda de 1/3 do pâncreas. Separa-se de Glória Vaquer, que vai embora para os Estados Unidos levando a filha Scarlet. Neste ano, conhece Tânia Menna Barreto, com quem passa a viver.

No ano de 1979, separa-se de Tânia. Começa então a depressão de Raul Seixas junto com uma internação para tratar do alcoolismo. Conhece Ângela Affonso Costa, a Kika Seixas, sua quarta companheira.


Altos e Baixos

No ano de 1980, assina novamente contrato com a CBS (desta vez como cantor) lançando mais um álbum, "Abre-te Sésamo", que contém outros sucessos e têm as faixas "Rock das Aranhas" e "Aluga-se", ambas censuradas. Logo depois o contrato é rescindido.

Em 1981 nasce a terceira filha, Vivian, fruto de seu casamento com Kika Seixas.

Em 1982 faz um show na Praia do Gonzaga, em Santos, reunindo mais de 150 mil pessoas. No mesmo ano, Raul apresenta-se bêbado em Caieiras, São Paulo, e é quase linchado pela platéia que não acredita que Raul é o próprio, mas um impostor.

Desde 1980 Raul Seixas estava sem gravadora e agora também sem perspectiva de um novo contrato. Mergulhado na depressão, Raul afunda-se nas drogas. Porém, em 1983, é convidado para gravar um disco pelo Estúdio Eldorado. Logo depois, Raul é convidado para gravar o especial infantil "Plunct, Plact, Zuuum" da Rede Globo, onde canta a música "Carimbador Maluco". O álbum "Raul Seixas" (1983), que continha a canção "Carimbador Maluco", dá à Raul mais um disco de ouro.

Em 1984 grava o LP "Metrô Linha 743" pela gravadora Som Livre. Mas depois Raul teve as portas fechadas novamente, devido ao seu consumo excessivo de álcool e constantes internações para desintoxicação. Também em 1984 a Eldorado lança o disco "Ao Vivo - Único e Exclusivo".

Em 1985, separa-se de Kika Seixas. Faz um show em 1 de dezembro 1985, no Estádio Lauro Gomes, na cidade de São Caetano do Sul. Só voltaria a pisar no palco no ano de 1988, ao lado de Marcelo Nova.

Conseguindo um contrato com a gravadora Copacabana, em 1986 (de propriedade da EMI), grava um disco que foi lançado somente no ano seguinte, devido ao alcoolismo. O disco "Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!" faz grande sucesso entre os fãs, chegando a ganhar disco de ouro e estando presente até em programas de televisão, como o "Fantástico". Nesta época, conhece Lena Coutinho, que se torna sua companheira. A partir desse ano, estreita relações com Marcelo Nova, fazendo uma participação no disco "Duplo Sentido", da banda Camisa de Vênus.

Um ano mais tarde, 1988, já separado de Lena Coutinho, faz seu último álbum solo, "A Pedra do Gênesis".

A convite de Marcelo Nova, faz alguns shows em Salvador, após três anos sem pisar num palco.

No ano de 1989, faz uma turnê com Marcelo Nova, agora parceiro musical, totalizando 50 apresentações pelo Brasil. Durante os shows, Raul mostra-se debilitado. Tanto que só participa de metade do show, a primeira metade é feita somente por Marcelo Nova.


Canto Para Minha Morte

As 50 apresentações pelo Brasil resultaram naquele que seria o último disco lançado em vida por Raul Seixas. O disco foi intitulado de "A Panela do Diabo", que foi lançado pela Warner Music Brasil no dia 19 de agosto de 1989.

Dois dias depois, na manhã do dia 21 de agosto, Raul Seixas foi encontrado morto sobre a cama pela sua empregada Dalva, por volta das 8:00 hs da manhã, vítima de uma Parada Cardiorrespiratória.

Seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma Pancreatite Aguda.

O LP "A Panela do Diabo" vendeu 150.000 cópias, rendendo a Raul Seixas um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova, tornando-se assim um dos discos de maior sucesso de sua carreira.

Após a Morte

Depois de sua morte, Raul Seixas permaneceu entre as paradas de sucesso. Foram produzidos vários álbuns póstumos, como "O Baú do Raul" (1992), "Raul Vivo" (1993), "Se o Rádio Não Toca..." (1994) e "Documento" (1998).

Inúmeras coletâneas também foram lançadas, como "Os Grandes Sucessos de Raul Seixas" (1993), a grande maioria sem novidades, mas algumas com músicas inéditas como "As Profecias" (com uma versão ao vivo de "Rock das Aranhas") de 1991 e "Anarkilópolis" (com "Cowboy Fora da Lei nº 2") de 2003.

Sua penúltima mulher, Kika Seixas, já produziu um livro do cantor, "O Baú do Raul", baseado em escritos dos diários de Raul Seixas desde os seis anos de idade até a sua morte.

Em 2004, o canal a cabo Multishow promoveu um show especial de tributo a Raul, intitulado "O Baú do Raul: Uma Homenagem a Raul Seixas". O show, gravado na Fundição Progresso, Rio de Janeiro, e lançado em CD e DVD, contou com artistas como Toni Garrido, CPM 22, Marcelo D2, Gabriel, o Pensador, Arnaldo Brandão, Raimundos, Nasi, Caetano Veloso, Pitty e Marcelo Nova (os três últimos baianos, como Raul).

Mesmo depois de sua morte, Raul Seixas continua fazendo sucesso entre novas gerações. Vinte anos depois de sua morte, o produtor musical Mazzola, amigo pessoal de Raul, divulgou a canção inédita gospel, censurada na década de 1970. A canção foi incluída na trilha sonora da telenovela "Viver a Vida", da Rede Globo.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #RaulSeixas

Waldick Soriano

EURÍPEDES WALDICK SORIANO
(75 anos)
Cantor e Compositor

☼ Caetité, BA (13/05/1933)
┼ Rio de Janeiro, RJ (04/09/2008)

Eurípedes Waldick Soriano, mais conhecido por Waldick Soriano, foi um cantor e compositor nascido em Caetité, BA, no dia 13/05/1933.

Filho de Manuel Sebastião Soriano, comerciante de ametistas no distrito de Brejinho das Ametistas, em sua cidade natal. Fato marcante de sua infância foi o abandono do lar pela mãe, a quem era muito apegado.

Em Caetité viveu sua juventude, sempre boêmia, até um incidente num clube local, que o fez buscar o destino fora da cidade. Desde muito novo era um inveterado namorador e aventureiro e, seguindo o caminho de muitos sertanejos, foi tentar a vida em São Paulo.

Antes de ingressar na carreira artística, trabalhou como lavrador, engraxate e garimpeiro. Apesar das dificuldades, conseguiu se tornar conhecido nos anos 50 com a música "Quem És Tu?".

Waldick Soriano se destacava por suas canções sobre dor-de-cotovelo e seu visual revolucionário para a época: Sempre usava roupas negras e óculos escuros.

Seu maior sucesso foi "Eu Não Sou Cachorro, Não", que foi regravada em inglês macarrônico por Falcão. Também se tornaram conhecidas outras músicas suas, tais como "Paixão de um Homem", "A Carta", "A Dama de Vermelho" e "Se Eu Morresse Amanhã".

O Fenômeno Waldick

A posição quase marginal que o ritmo cafona ocupou, mereceu uma análise mais acurada e científica, já na 5ª edição, pelo historiador e jornalista Paulo César de Araújo.

Intitulado "Eu Não Sou Cachorro, Não - Música Popular Cafona e Ditadura Militar"  (2005), a obra traz, já em seu título, uma referência a este cantor e sua música de maior sucesso. Ali o autor contesta, de forma veemente, o papel de adesista ao regime de exceção implantado a ferro e fogo no Brasil pelos militares, por parte dos músicos bregas. Waldick Soriano, segundo ele, é um dos exemplos, tendo sua música "Tortura de Amor" censurada em 1974, quando foi por ele reeditada. Apesar de ser uma composição de 1962, o regime não tolerava que se falasse a palavra "Tortura"...

A revista Nossa História, de dezembro de 2005, refere-se a Waldick Soriano como "o mais folclórico dos cafonas" (Ano 3, nº 26, Ed. Vera Cruz).

Num dos programas do apresentador Jô Soares, o músico Ubirajara Penacho dos Reis, o Bira, declarou que nos anos 60 tocava apenas os sucessos de Waldick Soriano.

Na sua cidade natal, Waldick Soriano sempre foi tratado com certo menosprezo. Aristocrática, Caetité mantinha apenas nas camadas mais populares uma fiel admiração. Ali teve dois de seus filhos, gêmeos, de forma quase despercebida, em 1966.

Em meados da década de 90, porém, a cidade teve num político o resgate do filho ilustre. O vereador Edilson Batista protagonizou uma grande homenagem, que nomeou uma das principais avenidas com o nome de Waldick Soriano. Pouco tempo depois, o SBT realizava ali um documentário, encenado por moradores locais, retratando a juventude de Waldick Soriano, sua paixão pela professora Zilmar Moura, a mudança para o sul.

Sílvio Santos aliás, protagonizou com Waldick Soriano uma das mais inusitadas cenas da televisão brasileira: No abraço que deram, foram perdendo o equilíbrio até ambos caírem, abraçados, no chão. Ali, então, simularam um affair, provocando hilaridade.

Por tudo isto, Waldick Soriano faz-se símbolo, no Brasil inteiro, de um estilo, de uma classe social, e da sua manifestação cultural, pulsante e criativa.

Em 2007, Patrícia Pillar dirigiu um documentário sobre o cantor, "Waldick, Sempre No Meu Coração".

Morte

Waldick Soriano teve diagnosticado um câncer de próstata em 2006. Em 2 de julho de 2008 foi divulgado que seu estado de saúde era grave, pois já ocorrera metástase da doença.

Waldick Soriano faleceu na quinta-feira, 04/09/2008, aos 75 anos, no Instituto Nacional do Câncer (INCA), em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #WaldickSoriano

Mazzaropi

AMÁCIO MAZZAROPI
(69 anos)
Ator, Humorista, Cantor e Cineasta

☼ São Paulo, SP (09/04/1912)
┼ São Paulo, SP (13/06/1981)

Amácio Mazzaropi, mais conhecido por Mazzaropi, foi um ator, humorista, cantor e cineasta nascido em São Paulo, SP, no dia 09/04/1912.

Filho de Bernardo Mazzaroppi, imigrante italiano e Clara Ferreira, portuguesa, com apenas dois anos de idade sua família mudou-se para Taubaté, no interior de São Paulo. O pequeno Mazzaropi passou longas temporadas no município vizinho de Tremembé, na casa do avô materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e dançarino de cana verde. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava, às quais levava seus netos que, já desde cedo, entram em contato com a vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi.

Em 1919, sua família voltou à capital e Mazzaropi ingressou no curso primário do Colégio Amadeu Amaral, no bairro do Belém. Bom aluno, era reconhecido por sua facilidade em decorar poesias e declamá-las, tornando-se o centro das atenções nas festas escolares.

Em 1922, morreu o avô paterno e a família mudou-se novamente para Taubaté, onde abriram um pequeno bar. Mazzaropi continuou a interpretar tipos nas atividades escolares e começou a frequentar o mundo circense. Preocupados com o envolvimento do filho com o circo, os pais mandaram Mazzaropi aos cuidados do tio Domenico Mazzaroppi em Curitiba, PR, onde trabalhou na loja de tecidos da família.

Em 1926, com 14 anos, regressou à São Paulo ainda com o sonho de participar em espetáculos de circo e, finalmente, entrou na caravana do Circo La Paz. Nos intervalos do número do faquir, Mazzaropi contava anedotas e causos, ganhando uma pequena gratificação.

Em 1929, sem poder se manter, Mazzaropi voltou a Taubaté com os pais, onde começou a trabalhar como tecelão, mas não conseguiu se manter longe dos palcos e atuou numa escola do bairro.

O Teatro, o Rádio e a Televisão

Com a Revolução Constitucionalista de 1932 seguiu-se uma grande agitação cultural e Mazzaropi estreou em sua primeira peça de teatro, chamada "A Herança do Padre João".

Em 1935, conseguiu convencer seus pais a seguir turnê com sua companhia e a atuarem como atores. Até 1945, a Troupe Mazzoropi percorreu muitos municípios do interior de São Paulo, mas não havia dinheiro para melhorar a estrutura da companhia.

Com a morte da avó materna, Maria Pita Ferreira, Mazzaropi recebeu uma herança suficiente para comprar um telhado de zinco para seu pavilhão, podendo assim estrear na capital, com atuações elogiadas por jornais paulistanos. Depois, partiu com a companhia em turnê pelo Vale do Paraíba. A grave situação de saúde de seu pai complicou a situação financeira da companhia de teatro e, em 08/11/1944, faleceu Bernardo Mazzaroppi.

Dias após a morte de seu pai, estreou no Teatro Oberdan ao lado de Nino Nello, sendo ator e diretor da peça "Filho de Sapateiro, Sapateiro Deve Ser", acolhida com entusiasmo pelo público.

Em 1946, convidado por Dermival Costa Lima da Rádio Tupi, estreou o programa dominical "Rancho Alegre", encenado ao vivo no auditório da rádio no bairro do Sumaré e dirigido por Cassiano Gabus Mendes.

Em 1950, este mesmo programa estreou na TV Tupi, mas agora contava com a coadjuvação dos atores João Restiffe e Geny Prado.

Mazzaropi tinha um hobby, gostava de cantar valsa, música popular brasileira e seresta com os seus amigos .

O Cinema

Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estreou seu primeiro filme, intitulado "Sai da Frente", em 1952, rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde filmaria mais duas películas. Com as dificuldades financeiras da Vera Cruz, Mazzaropi fez, até 1958, mais cinco filmes por diversas outras produtoras.

Naquele mesmo ano, vendeu sua casa e criou a Produções Amácio Mazzaropi (PAM Filmes). O primeiro filme da nova produtora foi "Chofer de Praça", que agora passou não só a produzir, mas distribuir as películas em todo o Brasil.

Em 1959, foi convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o famoso Boni, na época da TV Excelsior de São Paulo, a fazer um programa de variedades que ficou no ar até 1962. Neste mesmo ano começou a produzir um de seus filmes mais famosos, o "Jeca Tatu", que foi aos cinemas em 1963.

Em 1961, Mazzaropi adquiriu uma fazenda onde iniciou a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que produziu seu primeiro filme em cores, "Tristeza do Jeca", que também foi o primeiro filme veiculado na televisão pela TV Excelsior e ganhou prêmios para melhor ator coadjuvante, Genésio Arruda, e melhor canção.

Em 1966, lançou o filme "O Corintiano", recorde de bilheteria do cinema nacional.

Em 1972, foi recebido pelo então Presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, ao qual pediu mais apoio ao cinema brasileiro.

Em 1974, rodou "Portugal... Minha Saudade", com cenas gravadas no Brasil e em Portugal.

Em 1975, começou a construir, em Taubaté, um grande estúdio cinematográfico, oficina de cenografia e um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produziu e distribuiu mais cinco filmes até 1979.

Seu 33º filme, "Maria Tomba Homem", nunca seria terminado.

Em 1994 foi inaugurado o Museu Mazzaropi, localizado na mesma propriedade dos antigos estúdios, recolhendo a história da carreira de um dos maiores nomes do cinema, do teatro e da televisão brasileira.

Foi somente na década de 1990 que a cultura brasileira começou a ver de uma outra óptica a obra de Mazzaropi, que durante sua vida sempre foi duramente atacado (ou ignorado) pela crítica e pela intelectualidade.

A partir de "Chofer de Praça", em 1959, além de ser o protagonista, Mazzaropi também acumulou as funções de produtor e roteirista, colaborando frequentemente com os diretores. Recentemente, foi lançada em DVD uma coleção de 22 de seus filmes em sete volumes. Alguns dos filmes tinham no título o nome "Jeca" mesmo ele tendo interpretado esse personagem apenas no filme "Jeca Tatu".

Morte

Mazzaropi faleceu no sábado, 13/06/1981, aos 69 anos, vítima de um Câncer na Medula Óssea, em São Paulo, SP, no Hospital Albert Einstein, depois de 26 dias internado.

Mazzaropi foi sepultado na cidade de Pindamonhangaba, no mesmo cemitério onde seu pai já repousava. Mazzaropi nunca se casou, mas deixou um filho adotivo, Péricles Mazzaropi.

Homenagens

Desde a década de 80, a cidade de São Paulo possui equipamentos culturais com filosofia descentralizada com o objetivo de formar profissionais da arte e da cultura (ou reforçar a sua formação). A Oficina Cultural que homenageia Amácio Mazzaropi foi criada em agosto de 1990 e está instalada num edifício centenário, de 1912, construído especialmente para abrigar a segunda mais antiga Escola Normal de São Paulo, a Escola Padre Anchieta. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico tombou o prédio em 1988. Trata-se de um centro fomentador da cultura brasileira, responsável em trabalhar o resgate da cultura popular e o intercâmbio entre artistas com atividades nas diversas expressões artísticas. O objetivo é integrar artistas amadores e profissionais, formar públicos e ampliar sua atuação para bairros como o Brás, o Pari, o Belém e a Mooca.

Outra homenagem significativa é o filme longa-metragem "Tapete Vermelho". Trata-se de um caipira, vivido por Matheus Nachtergaele, que resolve mostrar ao filho quem era Mazzaropi. No caminho até o cinema que exibe um filme do comediante, pai e filho se envolvem com violeiros que venderam a alma ao diabo, mandingas, o Movimento dos Sem-Terra, vigaristas que lhes roubam a mula, caminhoneiros e um milagre em Aparecida. Experiências que vão render a ambos uma grande lição sobre direitos humanos. A homenagem não para no argumento do filme, que tem direção de Luiz Alberto Pereira. O ator Matheus Nachtergaele compõe um tipo com o mesmo andar e a mesma voz do ídolo.

Filmografia

  • 1952 - Sai da Frente
  • 1952 - Nadando em Dinheiro
  • 1954 - Candinho
  • 1955 - A Carrocinha
  • 1956 - Fuzileiro do Amor
  • 1956 - O Gato de Madame
  • 1956 - Chico Fumaça
  • 1957 - O Noivo da Girafa
  • 1958 - Chofer de Praça
  • 1959 - Jeca Tatu
  • 1959 - As Aventuras de Pedro Malazartes
  • 1960 - Zé do Periquito
  • 1961 - Tristeza do Jeca
  • 1961 - O Vendedor de Linguiça
  • 1962 - Casinha Pequenina
  • 1963 - O Lamparina
  • 1964 - Meu Japão Brasileiro
  • 1965 - O Puritano da Rua Augusta
  • 1966 - O Corintiano
  • 1967 - O Jeca e a Freira
  • 1969 - No Paraíso das Solteironas
  • 1969 - Uma Pistola Para Djeca
  • 1971 - Betão Ronca Ferro
  • 1972 - O Grande Xerife
  • 1973 - Um Caipira em Bariloche
  • 1974 - Portugal... Minha Saudade
  • 1975 - O Jeca Macumbeiro
  • 1976 - Jeca Contra o Capeta
  • 1977 - Jecão, Um Fofoqueiro no Céu
  • 1978 - O Jeca e Seu Filho Preto
  • 1979 - A Banda das Velhas Virgens
  • 1980 - O Jeca e a Égua Milagrosa
  • Maria Tomba Homem (Não Concluído)

Fonte: Wikipédia
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Jacinto Figueira Jr.

JACINTO FIGUEIRA JÚNIOR
(78 anos)
Apresentador de TV e Cantor

* Rio de Janeiro, RJ (04/12/1927)
+ São Paulo, SP (27/12/2005)

Jacinto Figueira Júnior foi um apresentador de televisão conhecido como "O Homem do Sapato Branco".

Nos anos 50, fez sucesso no meio musical com sua banda country Junior e Seus Cowboys, mas só ingressou na TV em 1963, com o programa "Fato Em Foco", transmitido pela TV Cultura e um ano depois com "Câmera Indiscreta", na mesma emissora.

Ainda passou pela Rádio Nacional de São Paulo (atual Rádio Globo) nos anos 1960 e 1970. Nessa época gravou a música "O Charreteiro", que fez sucesso graças ao programa de rádio de Silvio Santos, que a tocava diariamente e que chegou a lhe conceder uma medalha de ouro no quadro "Sobe e Desce", no qual os ouvintes opinavam se a música deveria continuar a ser tocada (sobe) ou devia ser substituída por outro sucesso (desce). Esse sucesso como cantor o fez até participar de uma telenovela e de uma fotonovela, publicada numa revista para o público feminino nos anos 60.


No seu próprio programa de rádio na Rádio Nacional, havia um quadro com dramatizações radiofônicas. Mas o que levou a se tornar conhecido nacionalmente e considerado um precursor foi seu programa "O Homem do Sapato Branco", que criou em 1966 pela Rádio Globo, que passou para a Televisão e logo foi interrompido devido a problemas com a Ditadura Militar. Depois retornaria já nos anos 80, sendo transmitido pelas emissoras Bandeirantes, Globo, Record e SBT.

Costumava entrevistar seus convidados usando um sapato branco, que sempre era focalizado pelas câmeras. A idéia de usar os sapatos brancos surgiu porque era a cor dos sapatos que os médicos e os psiquiatras usavam, e Jacinto pretendia ser uma espécie de "médico" do povo em seus programas.

Jacinto Figueira Júnior foi o introdutor do estilo "mundo cão" na televisão brasileira. Ele trazia para o palco casais com problemas e que chegavam a brigar na frente das câmeras.


A transmissão de programas policiais de apelo popular, foi depois adotado ainda nos anos 80 e continuou com apresentadores como Márcia Goldschmidt, Ratinho, José Luiz Datena e outros.

Uma de suas última aparições foi no telejornal "Aqui Agora", nos anos 90, no SBT.

Vítima de um Acidente Vascular Cerebral em 2001, Jacinto ficou com uma série de sequelas, como problemas de locomoção e de audição.

Morreu no hospital de Beneficência Portuguesa, no bairro Paraíso, em São Paulo e foi sepultado no Cemitério da Quarta Parada. Estava internado desde o dia 22 de novembro de 2005, devido a problemas pulmonares. Segundo os médicos, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.

Fonte: Wikipédia 
#FamososQuePartiram #JacintoFigueiraJr

Tim Maia

SEBASTIÃO RODRIGUES MAIA
(55 anos)
Cantor, Compositor, Produtor e Instrumentista

* Rio de Janeiro, RJ (28/09/1942)
+ Niterói, RJ (15/03/1998)

Sebastião Rodrigues Maia, popularmente conhecido como Tim Maia, foi um dos pioneiros na introdução do estilo soul na Música Popular Brasileira e um dos maiores ícones da música no Brasil. Suas músicas eram marcadas pela rouquidão de sua voz, sempre grave e carregada, conquistando grande vendagem e consagrando muitos sucessos.

Nasceu e cresceu no Rio de Janeiro, onde, em sua infância, já teve contato com pessoas que viriam a ser grandes cantores, como Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos. Em 1957, integrou o grupo The Sputniks, onde cantou junto a Roberto Carlos. Em 1959, emigrou para os Estados Unidos, onde teve seus primeiros contatos com o soul, vindo a ser preso e deportado por roubo e porte de drogas.

Em 1970, gravou seu primeiro disco, intitulado "Tim Maia", que, rapidamente, tornou-se um sucesso país afora com músicas como "Azul da Cor do Mar" e "Primavera". Nos três anos seguintes, lançou vários discos homônimos, fazendo sucesso com canções como "Não Quero Dinheiro" e "Gostava Tanto de Você".

De 1975 a 1977, aderiu à doutrina filosófico-religiosa conhecida como Cultura Racional, lançando, nesse período, as músicas "Que Beleza" e "Rodésia". Pela decadência de suas músicas influenciadas por essa escola filosófica, desiludiu-se com a doutrina e voltou ao seu estilo de música anterior, lançando sucessos como "Descobridor dos Sete Mares" e "Me Dê Motivo".

Muitas músicas suas foram gravadas sob a editora Seroma e a gravadora Vitória Régia Discos, sendo um dos primeiros artistas independentes do Brasil.

Na década de 90, diversos problemas assolaram a vida do cantor: problemas com as Organizações Globo e a saúde precária, devido ao uso constante de drogas ilícitas e ao agravamento de seu grau de obesidade. Sem condições de realizar uma apresentação no Teatro Municipal de Niterói, saiu em uma ambulância e, após duas Paradas Cardiorrespiratórias, faleceu em 15 de março de 1998.

É amplo seu legado à história da Música Popular Brasileira, tendo inaugurado um estilo que futuramente viria a ser cantado por diversos artistas, como seu sobrinho Ed Motta. A revista Rolling Stone classificou Tim Maia como o 9º maior artista da música brasileira.

Primeiros Anos

Nascido no Bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, na Rua Afonso Pena 24, filho de Altivo Maia (1900-1959) e Maria Imaculada Maia (1902-1984), começou a compor melodias ainda criança e já surpreendia a numerosa família, era o penúltimo de 19 irmãos.

Destacou-se pelo pioneirismo em trazer para a Música Popular Brasileira o estilo soul de cantar. Com a voz grave e carregada, tornou-se um dos grandes nomes da música brasileira, conquistando grande vendagem e consagrando sucessos, lembrados até hoje e que influenciaram o sobrinho, o cantor Ed Motta.

Tim Maia começou na música tocando bateria num grupo chamado Tijucanos do Ritmo, formado na Igreja dos Capuchinhos próxima a sua casa, passando logo para o violão. Tim Maia, nessa época, era conhecido como Babulina, por conta da pronúncia do rockabilly Bop-a-Lena de Ronnie Self (apelido que Jorge Ben Jor tinha pelo mesmo motivo).

Em 1957, fundou o grupo vocal The Sputniks, do qual participaram Roberto Carlos, Arlênio Silva, Edson Trindade e Wellington. Erasmo Carlos nunca fez parte do grupo, mas sim do The Snakes, grupo que acompanhou tanto Roberto Carlos quanto Tim Maia após o fim do The Sputniks.

Em 1959, foi para os Estados Unidos, onde estudou inglês e entrou em contato com a soul music, chegando a participar de um grupo vocal, o The Ideals. No entanto, quatro anos mais tarde, viria a ser deportado de volta para o Brasil, preso por roubo e posse de drogas.

Em 1968, Tim Maia produziu o álbum "A Onda é o Boogaloo", de Eduardo Araújo. O álbum trouxe a sonoridade da soul music para a Jovem Guarda. No mesmo ano, Roberto Carlos gravou uma canção de sua autoria, "Não Vou Ficar", para o álbum "Roberto Carlos" (1969). A canção também fez parte da trilha sonora do filme "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa".

Seu primeiro trabalho solo foi um compacto pela CBS em 1968, que trazia as músicas "Meu País" e "Sentimento", ambas de sua autoria, como todas as músicas sem indicação de autor. Sua carreira no Brasil fortaleceu-se a partir de 1969, quando gravou um compacto simples pela Fermata com "These Are the Songs", regravada no ano seguinte por Elis Regina em duo com ele e incluída no álbum "Em Pleno Verão", de Elis Regina, e "What Do You Want to Bet".

Anos 70

Em 1970, gravou seu primeiro LP, "Tim Maia", na Polydor, por indicação da banda Os Mutantes. O disco permaneceu em primeiro lugar no Rio de Janeiro por 24 semanas. Nesse disco, obteve sucesso com as faixas "Azul da Cor do Mar", "Coronel Antônio Bento" (Luís Wanderley e João do Vale), "Primavera" (Cassiano) e "Eu Amo Você".

Nos três anos seguintes, com a mesma gravadora, lançou os discos "Tim Maia Volume II", tornando-se cada vez mais famoso com canções como a dançante "Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)", na era disco;  "Tim Maia Volume III" e "Tim Maia Volume IV", no qual se destacaram "Gostava Tanto de Você" (Edson Trindade) e "Réu Confesso".

Em 1975, gravou os LPs "Tim Maia Racional Vol. 1 e Vol. 2". Em 1978, gravou, para a  Warner, "Tim Maia Disco Club", claramente inspirada pela disco music. Tim Maia foi acompanhado pela Banda Black Rio. Nesse álbum, gravou um de seus maiores sucessos, "Sossego".

Tim Maia se tornou notável por não aparecer ou atrasar em shows, e frequentemente reclamar da qualidade do áudio nos mesmos.

Fase Racional (1975-1976)

Na década de 1970, entrou em contato com a doutrina Cultura Racional, liderada por Manuel Jacinto Coelho, quando lançou, em 1975, os álbuns "Tim Maia Racional, Volumes I e II"  pelo selo Seroma (palavra "amores" ao contrário e abreviação do próprio nome, Sebastião Rodrigues Maia).

São considerados por muitos, os melhores de Tim Maia, com grandes influências do funk e do soul e pelo fato de que, nesta época, Tim Maia manteve-se afastado dos vícios, o que refletiu na qualidade de sua voz.

Desiludido com a doutrina, percebeu que o mestre Manuel Jacinto Coelho não correspondeu ao ideal de um mestre. O cantor, revoltado, tirou de circulação os álbuns, tendo virado item de colecionadores, devido à raridade. Deste disco, existem várias pérolas, uma das quais é Imunização Racional.

Já nos anos 2000, foram descobertas novas músicas pertencentes à "fase racional", no que foi intitulado de verdadeiro "Racional Volume Três", podendo-se mencionar as faixas: "You Gotta Be Rational", "Escrituração Racional", "Brasil Racional", "Universo Em Desencanto Disco", "O Grão Mestre Varonil", "Do Nada Ao Tudo" e "Minha Felicidade Racional", inicialmente disponibilizadas apenas na Internet e lançado em CD em Agosto de 2011.

Após o término de sua fase racional, Tim Maia voltou a seu antigo estilo vida e aos temas não religiosos em suas canções. Mais sucessos se seguiram: "Sossego", do LP "Tim Maia Disco Club" (1978), "Descobridor dos Sete Mares", faixa-título do LP de 1983, que também trouxe "Me Dê Motivo", e "Do Leme ao Pontal" (de Tim Maia, 1986).

Anos 80

Lançou em 1983 o LP "O Descobridor dos Sete Mares", com destaque para a canção-título "O Descobridor dos Sete Mares" (Michel e Gilson Mendonça) e para a música "Me Dê Motivo" (Michael Sullivan e Paulo Massadas) um dos seus maiores sucessos.

Em 1985, gravou "Um Dia de Domingo", também de Michael Sullivan e Paulo Massadas, num dueto com Gal Costa, obtendo grande sucesso. Outro disco importante da década de 1980 foi "Tim Maia" (1986), que trazia a música "Do Leme ao Pontal".

Em 1986, participou do musical da Rede Globo, "Cida, a Gata Roqueira", paródia ao conto de fadas, inspirado no filme "Os Irmãos Caras de Pau" (1980), onde James Brown interpretou um pastor evangélico. Nelson Motta criou um personagem similar para Tim Maia, onde o cantor improvisa o Salmo 23 embalado por uma banda tocando funk.

Artista com histórico de problemas com as gravadoras, na década de 1970 fundou seu próprio selo, primeiramente Seroma e depois Vitória Régia Discos. Por ele, lançou, em 1990, "Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova" e, mais tarde, "Voltou a Clarear" e "Nova Era Glacial". Em 1988, venceu o Prêmio Sharp de música na categoria "Melhor Cantor".

Anos 90

Descontente com as gravadoras, Tim Maia retomou a ideia da editora Seroma e da gravadora Vitória Régia Discos, pela qual passou a fazer seus lançamentos. Regravado por artistas do pop, Titãs, Os Paralamas do Sucesso, Marisa Monte, Tim Maia retribuiu a homenagem gravando "Como Uma Onda", de Lulu Santos e Nelson Motta, que foi grande sucesso nos anos 1990, juntamente com seu álbum ao vivo, de 1992.

De Jorge Ben Jor, ganharia o apelido de "O Síndico do Brasil", na música "W/Brasil". Ao longo da década, Tim Maia gravaria discos de bossa nova, um deles com Os Cariocas, e de versões clássicos do pop e do soul, "What a Wonderful World".

Em 1996, lançou dois CDs ao mesmo tempo: "Amigo do Rei", juntamente com Os Cariocas, e "What a Wonderful World", com recriações de standards do soul e do pop norte-americanos dos anos de 1950 a 1970. Em 1997, lançou mais três CDs, perfazendo 32 discos em 42 anos de carreira. Nesse mesmo ano, fez uma nova viagem aos Estados Unidos.

Vida Pessoal

Tim Maia teve uma infância bastante pobre no bairro carioca da Tijuca, onde nasceu e cresceu. Morava em um cortiço e era o caçula de doze irmãos. Quando criança, trabalhou como entregador de marmitas para ajudar nas despesas de casa. Aos 8 anos cantava no coral da igreja e aos 12 ganhou um violão de seu pai.

Tim Maia teve muitas mulheres, entre elas as mais conhecidas foram Janete, uma jovem de família tradicional que se incomodava com o jeito liberal demais de Tim, de quem foi namorada por alguns anos e acabaram se separando em Londres, quando ele passou meses lá com amigos se divertindo, com bebidas, cigarros e drogas. Isso a incomodou demais, e a fez voltar para o Brasil. Tim Maia também namorou com Janaína, com quem ficou alguns anos e que era uma jovem moderna para aos padrões da época. Viviam entre tapas e beijos, quando decidiram se separar por constantes crises de ciúme do casal.

Durante anos namorou com Maria de Jesus Gomes da Silva, apelidada de Geisa. Ela o acompanhava em shows pelo Brasil e por vários países, em turnês e passeios musicais, e era amiga de seus amigos. Gostava de beber e fumar com o grupo. Viveram muito tempo como hippies, viajando sem destino pelos Estados Unidos e Europa. Ele a conheceu quando ela tinha 17 anos e a tirou da casa de seus pais, que não aceitavam o envolvimento dela com um homem da música, sem carreira estável. Geisa fugiu de casa para ficar com Tim Maia, seu primeiro namorado, que alugou uma casa para que ela morasse sozinha. Após poucos anos de namoro, se separaram, Tim Maia a acusava de ser muito ciumenta e instável, e querer controlar demais sua vida e seu dinheiro. Mas Geisa só queria ajudá-lo, o alertando para largar as drogas, o vício em álcool, e administrar o dinheiro que estava no fim.

Durante a separação, Tim Maia quis procurá-la, mas seu orgulho de homem não deixava. Ela, por sua vez o procurava constantemente, mas ele a mandava embora, dizendo não querer uma mulher possessiva em sua vida. Durante esse período, Tim Maia entrou em depressão por conta da separação, e passou a se entregar mais aos vícios, e mulheres da vida.

Após a separação, Geisa o procurou desesperada, e revelou estar grávida e sozinha. Tim Maia se sensibilizou e a quis de volta, provando seu amor, e a chamou para morar com ele, se sentindo até culpado por tudo que ela passou longe dele, já que ele a protegia. Tim Maia assumiu o filho de Geisa como seu. O menino foi registrado por Tim Maia como seu filho biológico e batizado de Márcio Leonardo "Léo" Maia.

A criança nasceu em 1974. Durante a separação de Tim Maia e Geisa. A jovem arranjou seu segundo namorado, e acabou se envolvendo com o goleiro Vitório, que atuou no Fluminense entre 1966 e 1973. Ele prometeu casar-se com a jovem, mas a abandonou, ao descobrir que ela estava grávida, alegando que era jovem demais para assumir um filho, propondo a Geisa que abortasse, mas ela recusou totalmente esta proposta, por ser totalmente contra isto, e aí ele a acusou de interesseira e a deixou. Apesar de ir atrás dele, implorar para ele ao menos assumir a criança, ele não quis saber dessa história e bateu em Geisa, mandando ela sumir de sua vida. Desesperada, sua única saída foi procurar Tim Maia, pois sabia que como amigo ele não lhe negaria ajuda.

Morando com Tim Maia e seu filho Léo, Geisa engravidou mais duas vezes, e o casal teve dois filhos: Carmelo Gomes Maia, também conhecido como Telmo, nascido em 1975 e José Carlos Gomes Maia, nascido em 1976, falecido em 2002.

Na época que seus filhos nasceram, Tim Maia se filiou a uma seita de extra terrestres e passou a compor músicas religiosas, motivo também de atrito entre ele e Geisa, que não aceitava o marido ganhar pouco com essas músicas e vender tudo que tinha para dar aos pobres. Tim Maia deixou os vícios e recuperou a saúde, mas ficou obcecado pela religião, tanto que o nome de seu filho, Carmelo, o guru da seita que escolheu, dizendo ser um nome sem pecado, desmagnetizado. Ao registrá-lo, Tim Maia queria colocar Telmo, outro nome desmagnetizado, e escolheu Carmelo, mas esqueceu a escolha feita e chamava o filho de Telmo. Até o menino achava que esse era seu nome, apesar de Geisa falar ao filho que não, e dizer a Tim Maia que ele estava perturbado, que o nome do menino era um, ele teimava em dizer que era outro, até Tim ler na certidão que era Carmelo, mas continuou a apelidar o menino de Telmo.

Tim Maia largou a religião ao descobrir que o guru era um charlatão e que fazia tudo que era contra a seita religiosa. Em 1986, quando Márcio Leonardo tinha 12 anos, Carmelo, 11, e José Carlos, 10, Geisa e Tim Maia se separaram. Os vícios de Tim voltaram com força total após o desligamento da seita religiosa, ficou descontrolado, e as constantes humilhações e traições fizeram Geisa dar um basta em tanto sofrimento, e ela deixou a casa de Tim Maia com seus filhos.

Geisa começou a trabalhar em comércio, alugou um apartamento e morava junto com seus três filhos. Com o passar dos anos começou a namorar novamente e foi morar com seus filhos na casa de um delegado. Ela acabou superando a mágoa das humilhações e traições do ex-marido, acabou tornando-se amiga de Tim Maia e dividia com ele a guarda de Márcio Leonardo, Carmelo e José Carlos. Por acaso, aos 17 anos, Léo Maia descobriu não ser filho biológico de Tim Maia e ficou abalado, já que Tim e a esposa combinaram de não revelar a verdadeira paternidade do menino. Mas Léo aceitou bem isso, já gostava do padrasto delegado e de Tim Maia, e ficou feliz por ter dois pais.

Tim Maia viveu nos Estados Unidos de 1959 a 1963. Afirmava que ao morar fora do país, ficou um bom tempo sem falar o português já que na época poucos brasileiros moravam no país. Lá ele montou uma mini banda e gravou um disco compacto. Para sobreviver no país, chegou a trabalhar em lanchonetes da região. No começo residiu em Tarrytown, com a família de um conhecido cliente de seu pai. Em 1961, se mudou para New York, e em 1963 com um grupo de três amigos decidiram viajar para o sul dos Estados Unidos. Com um carro roubado e fazendo pequenos furtos para financiar a viagem, o que lhe rendeu cinco prisões. Tim Maia e seus amigos percorreram nove estados antes de chegar na Flórida. Em Daytona Beach, ele teve sua prisão definitiva por porte de maconha, onde foi deportado de volta ao Brasil.

Tim Maia tentou a carreira política ao filiar-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) em outubro de 1997 onde seria o candidato a Senador pelo Rio de Janeiro nas eleições gerais de 1998, porém acabou falecendo antes.

Tornou-se notável por não aparecer ou atrasar o início dos shows e, frequentemente, reclamar da qualidade do áudio. Isso ocorria devido ao intenso consumo de uísque, cocaína e maconha antes dos shows, que ele chamava de "triátlon".

No final de sua vida sofreu com problemas relacionados a obesidade, diabetes e problemas respiratórios. Em 1996, teve uma gangrena de Fournier que foi retirada por uma operação de emergência.

Durante a gravação de um espetáculo para a TV no Teatro Municipal de Niterói, no dia 08/03/1998, Tim Maia tentou cantar, mesmo sabendo de sua má condição de saúde. Não conseguiu e retirou-se sem dar explicações. Terminou sendo levado para o Hospital Universitário Antônio Pedro.

Tim Maia faleceu em 15/03/1998 em Niterói, RJ, aos 55 anos e com 140 quilos, devido a uma infecção generalizada.

No ano seguinte seria homenageado por vários artistas da MPB num show tributo, que se transformou em disco, especial de TV e vídeo.

Homenagens

Em 2004, a Som Livre lançou o álbum "Soul Tim: Duetos", onde vários artistas, como Luiz Melodia, Fat Family, Claudinho & Buchecha, realizaram duetos póstumos, através de recursos tecnológicos, semelhante à gravação de Unforgettable por Nat King Cole e a filha Natalie Cole.

Em janeiro de 2001, em uma homenagem inusitada, o guitarrista Robin Finck do Guns N' Roses tocou uma versão rocker de seu sucesso "Sossego", durante a apresentação da banda no Rock In Rio III.

Entre tantas homenagens de qualidade já feitas a ele, a mais recente foi no dia 14 de dezembro de 2007, quando a Rede Globo homenageou Tim Maia no especial "Por Toda a Minha Vida". Ainda em 2007, o jornalista e produtor musical Nelson Motta, amigo e fã de Tim Maia, lançou o best-seller "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", pela Editora Objetiva.

Em 2009, o cantor foi homenageado no programa "Som Brasil" com participações de Leo Maia, Seu Jorge, Thalma de Freitas, Marku Ribas, Carlos Dafé, Taryn Spielman e a Banda Instituto.

Em 2011, Nelson Motta e João Fonseca criaram um musical baseado no livro "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia". O papel de Tim Maia foi interpretado por Tiago Abravanel, neto de Sílvio Santos.

Fonte: Wikipédia
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