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Juliana de Aquino

JULIANA FERREIRA BRAGA DE AQUINO
(29 anos)
Cantora e Atriz

☼ Brasília, DF (02/03/1980)
┼ Oceano Atlântico (01/06/2009)

Juliana de Aquino foi uma cantora e atriz nascida em Brasília, DF, no dia 02/03/1980.

Iniciou sua carreira profissional aos 4 anos de idade com educação musical. Ela estudou piano na Instituto de Música do Distrito Federal, cantando com maestro Marconi Araújo e cantando clássicos com Aeda Moreira e na Universidade de Brasília (UNB). Também participou de seminários com Richard Lissemore cantando e agindo em oficinas com Steve Markusfeld.

Aos 15 anos, Juliana de Aquino, teve sua estréia em carreira solo. Em 2001 lançou o seu primeiro CD "Primeira Vez".

Solteira, vegetariana, Juliana de Aquino contou em sua página, no site de relacionamento Orkut, que têm hábitos simples de uma mulher de sua geração: Assistir a seriados como "Friends" e "ER", gosta de filmes como "Ghost" e participa de comunidades no mesmo site como Pequeno Príncipe, Brasília, Marisa Monte e Estouradores de Plástico Bolha.

Juliana de Aquino participou de alguns papéis no Brasil, e teve a oportunidade de atuar na Alemanha na produção de "O Rei Leão" (Der König der Löwen), em Hamburgo, no ano de 2003 até 2007.

Em 2008, interpretou o papel de Maria Madalena em "Jesus Cristo Superstar" no Stadttheater Klagenfurt, Áustria.

Juliana de Aquino trabalhava em Stuttgart, na Alemanha, no musical "Wicked", como Madame Akaber.

Morte

Passageira do vôo Air France 447 que caiu no Oceano Atlântico região Sul próximo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, morreu por ocasião deste acidente.

Fonte: Wikipédia

Anilza Leoni

ANILZA PINHO DE CARVALHO
(75 anos)
Atriz, Cantora, Bailarina, Vedete e Pintora

* Laguna, SC (10/10/1933)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/08/2009)

Nascida em Santa Catarina, mudou-se com a mãe e os irmãos para o Rio de Janeiro, após a morte do pai, no fim dos anos 1940. Estudou no Colégio Ruy Barbosa, como aluna interna, até que a mãe adoece, e Anilza deixa os estudos para trabalhar, aos 15 anos, como datilógrafa e secretária. Aos 18 anos, é convidada para trabalhar num espetáculo de variedades, produzido por Renata Fronzi. Adota então o nome artístico de Anilza Leoni, em homenagem ao jogador de futebol Leônidas da Silva.

Nos anos 1950, será uma das maiores vedetes do teatro de revista - o chamado Teatro Rebolado -, participando de espetáculos produzidos por Carlos Machado e Walter Pinto.

Anilza figurou por três vezes na lista das Certinhas do Lalau - uma lista das mulheres mais bonitas do Brasil, elaborada anualmente pelo jornalista Sérgio Porto, nas décadas de 1950 e 1960.

Atuou também no cinema, participando de chanchadas produzidas por Herbert Richers, ao lado de Ankito, Grande Otelo e Wilson Grey.

Em 1961, estreou na extinta TV Tupi do Rio de Janeiro, participando da primeira adaptação televisiva do romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado. Também trabalhou em programas humorísticos e musicais - Noites Cariocas e Espetáculos Tonelux (1964). Na TV Globo, participou de várias novelas, com destaque para A Gata Comeu, na qual interpretou Ester, madrasta da personagem Jô (Christiane Torloni).

Nos últimos anos, Anilza Leoni morava sozinha, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro e continuava trabalhando na televisão e no teatro. Em 1990, recebeu o Prêmio Mambembe.

Nos seus últimos dias de vida, a atriz se preparava para estrear o espetáculo Mário Quintana - O Poeta das Coisas Simples, em São Paulo, ao lado de Tamara Taxman, Monique Lafond, Selma Lopes e Sérgio Miguel Braga.

Faleceu aos 75 anos, em razão de um Enfisema Pulmonar, depois de ficar hospitalizada durante uma semana. Deixou uma filha, Angélica Virgínia (seu outro filho, Claubel, faleceu nos anos 1990), e uma neta, que vivem nos Estados Unidos.

Fonte: Wikipédia

Dona Militana

MILITANA SALUSTINO DO NASCIMENTO
(85 anos)
Cantora de Versos

* São Gonçalo do Amarante, RN (19/03/1925)
+ São Gonçalo do Amarante, RN (19/06/2010)

Militana nasceu no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, em 19 de março de 1925. O dom do canto ela herdou do pai, Atanásio Salustino do Nascimento, uma figura folclórica de São Gonçalo, mestre dos Fandangos. Dona Militana gravou na memória os cantos executados pelo pai. São romances originários de uma cultura medieval e ibérica, que narram os feitos de bravos guerreiros e contam histórias de reis, princesas, duques e duquesas. Além de romances, Militana canta modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos.

Ao descobrir a preciosidade dos cantos de Dona Militana, na década de 90, o folclorista Deífilo Gurgel deu uma grande contribuição à cultura brasileira e permitiu que o país inteiro conhecesse o talento da filha da cidade de São Gonçalo do Amarante. A romanceira chegou a gravar um CD triplo intitulado "Cantares", lançado em São Paulo e Rio de Janeiro. Críticos e jornalistas de grandes jornais brasileiros se renderam aos encantos e a peculiaridade da voz de Dona Militana.

Em setembro de 2005 aconteceu o momento mágico quando ela recebeu das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Comenda Máxima da Cultura Popular, em Brasília.

Dona Militana Salustino do Nascimento, considerada a maior Romanceira do Brasil, morreu aos 85 anos de idade. O falecimento aconteceu por volta das 17h30. Dona Militana estava em sua residência, no bairro Santa Terezinha, localizado em São Gonçalo do Amarante.

No último dia sete deste mês Dona Militana foi internada após passar mal. Dois dias depois teve alta médica, mas desde então estava se alimentando através de uma sonda e sem falar. Apesar de debilitada a morte da romanceira pegou a família de surpresa.

O prefeito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado, que ao assumir o mandato concedeu uma pensão vitalícia a Dona Militana, decretou luto oficial de três dias.

"Estamos todos consternados com a morte dessa sãogonçalense que elevou o nome do município e hoje está entre as 50 personalidades culturais do país. Dona Militana vai deixar um grande vazio na cultura de São Gonçalo, mas também vai deixar uma grande obra"

Atendendo a um pedido da família o corpo da romanceira foi velado em casa, durante a madrugada e parte da manhã do domingo (20), e a partir das 9h foi transportado para o Teatro Municipal onde aconteceu o velório público. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Público Municipal de São Gonçalo.

Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br

Bibi Vogel

SYLVIA DULCE KLEINER
(61 anos)
Atriz, Cantora, Modelo Fotográfico e Militante da Amamentação e Direitos Humanos

* Rio de Janeiro, RJ (02/11/1942)
+ Buenos Aires, Argentina (03/04/2004)

Filha de imigrantes alemães. Seu pai era engenheiro e sua mãe cantora lírica.

Na adolescência, o esporte era sua grande paixão. Além da prática do frescobol nas areias do Posto 4 em Copacabana, era atleta do CIB – Centro Israelita Brasileiro, onde praticava várias esportes, entre eles o seu preferido o vôlei. Defendendo a camisa do clube, foi campeã carioca, na categoria juvenil, de Tênis de Mesa, e em 1957 ganhou o prêmio de Melhor Atleta Feminina, oferecido pelo programa de rádio Hora Israelita Brasileira.

Transferida para o Fluminense, foi convocada a integrar a Seleção Carioca para a disputa do Campeonato Brasileiro Juvenil de Vôlei, em 1959, onde se sagrou campeã.

Durante essa etapa esportiva, participou do Teatro Amador do CIB. Seu primeiro trabalho profissional foi na peça “O Ovo”, de Felicien Marceau, na Maison de France.

Entrou para ENBA - Escola Nacional de Belas Artes, Universidade do Brasil, num curso conjunto com a Faculdade de Filosofia, onde se formou em Professora de Desenho.

Em 1965 casou-se com o músico e professor de literatura, o norte-americano Bill Vogel e foi morar nos EUA. Foi quando conheceu Sergio Mendes e foi convidada a integrar o grupo musical “Sergio Mendes & Brasil 66″, com o qual vivenciou um enorme sucesso musical.


Em 1968 voltou para o Rio de Janeiro, terminou a Faculdade de Belas Artes e em seguida foi para São Paulo com o marido. Lá resolveu aceitar um convite para fazer um teste para modelo de fotografia exclusiva da Editora Abril. Foi contrata e foi a partir daí, pode-se dizer, que deu início a sua carreira profissional.

Em 1969 co-protagonizou com Juca de Oliveira na novela “Nino, o Italianinho”, da TV Tupi, de enorme sucesso. Além de diversas outras novelas, participou de programas de humor, foi apresentadora de programa (Concertos para Juventude), e, nos anos de 1971/72 fez diversos comerciais (Ela Entende de Tudo, entre eles) para TV.

No cinema participou de vários filmes, entre eles “Tonho”, com o qual ganhou o Prêmio Governador do Estado de São Paulo na categoria de Revelação de Atriz, em 1970, e “Um homem célebre”, com o qual concorreu ao Prêmio de Melhor Atriz, no Festival de Gramado.

Em 1970, entrou para o Teatro de Arena. Destacou-se na peça Hair, e trabalhou ao lado de Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e de Lima Duarte. Com esse grupo participou nas peças “Arturo Ui, de Brecht, e “Arena conta Zumbi”, de Guarnieri e Boal. Com “Zumbi” participou do 1º Festival Latino-Americano de Teatro, em Buenos Aires, em fins de 1970, e no Festival Mundial de Teatro em Nancy, na França, em 1971. Foi nessa tournée para Buenos Aires que conheceu Alfredo Zemma, ator, diretor e autor teatral, com quem se casaria mais tarde.


Fez parceria com um dos músicos do grupo de Arena, o violonista e cantor Loni Rosa, de 1971 a 1975. Com ele gravou discos em duo, e fizeram diversos shows e apresentações em teatros, café-concertos e outras salas de espetáculos, no Brasil, na Argentina e Uruguai. Também fez shows com um quarteto em Buenos Aires. Um dos espetáculos mais apreciados chamava-se “Identidade”, que foi apresentado durante 3 anos.

Em 1976 mudou-se para Buenos Aires com seu novo marido Alfredo Zemma, o que tumultuou muito sua vida profissional, pois tinha que viver quase numa ponte aérea B.Aires/Rio.

Em 1979 nasce sua única filha Mayra e com ela vive uma de suas experiências mais marcantes: a maternidade.

Com Mayra no peito, inicia sua militância na amamentação e poucos meses depois, engaja-se no feminismo, defendendo o direito da mulher à opção por amamentar ou não o seu bebê. E é defendendo essa “bandeira” que em 1980, por sua iniciativa, funda, no Rio de Janeiro, juntamente com outras mulheres, o Grupo de Mães Amigas do Peito.

A partir de 1985, com a volta da democracia na Argentina, começa a trabalhar como voluntária na APDH, Asamblea Permanente por los Derechos Humanos, de Buenos Aires.

Em 1990 fez parte da comissão organizadora do 5º Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe, onde organizou a primeira oficina sobre “Amamentação e o Feminismo”.



Em 1993, 1996 e 1999 participou dos três primeiros Simpósios Argentinos de Amamentação, apresentando trabalhos e vídeos. E em 1996, convidada pela WABA - World Alliance Breastfeeding Action, apresentou um trabalho no Congresso em Bangkok, na Tailândia.

Em 1994 participou em Mar Del Plata do Encontro Preparatório para Beijing, convidada pela organização norte-americana WellStart, para defender a causa da amamentação junto à plataforma das reivindicações feministas.

Em 1996 incursionou no campo da produção de vídeos, onde produziu os seguintes vídeos:

"Prazer?" - premiado no 2º Simpósio Argentino de Amamentação, em Salta, Argentina;
"Maternidades";
"Olhares"

Em 1998 organizou na APDH - Asamblea Permanete por los Derechos Humanos, de Buenos Aires, a 1ª Mesa Redonda “Amamentação e Direitos Humanos”. E em 2000, no mesmo local, organizou um Ciclo de Vídeo-Debate, com três encontros com o mesmo título.


Em 1999, criou e organizou em Buenos Aires, com o apoio da Sociedade Argentina de Pediatria, a "1ª Exposição Argentina de Humor Gráfico sobre Amamentação", com a participação dos melhores artistas gráficos locais.

Em 2000 trouxe essa exposição para o Rio de Janeiro, onde foram incluídos os trabalhos dos mais renomados artistas gráficos brasileiros, resultando assim na "1ª Exposição Brasil-Argentina de Humor Gráfico sobre Amamentação", que foi apresentada durante o evento "20 Anos de Peito Aberto", no Museu da República, em celebração dos 20 anos de trabalho das Amigas do Peito.

Em 2001 foi incluída pelo CEDIM - Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro, na Exposição "O Século XX da Mulher", pelo seu trabalho no campo da amamentação.

Por anos, sofreu de câncer no estômago. Bibi morreu cercada de amigos, aos 60 anos. Pouco antes, pedira para comer um doce, galletita brasileña, que lembrava-lhe o Rio.

Fonte: Amigas do Peito (http://www.amigasdopeito.org.br)

Clementina de Jesus

CLEMENTINA DE JESUS DA SILVA
(86 anos)
Cantora

* Valença, RJ (07/02/1901)
+ Rio de Janeiro, RJ (19/07/1987)

No depoimento que prestou ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, em 1967, Clementina disse que havia nascido no dia 7 de fevereiro de 1902. Mas Clementina não era boa com as datas e sua certidão de nascimento nunca foi encontrada. Em outras ocasiões, ela afirmou que nascera em 1900. Na certidão de casamento com Albino Correa da Silva, ou Albino Pé Grande, a data de nascimento é 07/02/1907.

Lena Frias encontrou a Certidão de Batismo de Clementina, em Valença, datada de 25/08/1901 e registrando a data de nascimento como o dia 07/01/1901.

Em documentos diferentes, ela aparece como Clementina Laura de Jesus ou Clementina de Jesus dos Santos. Com o casamento, adotando o nome do marido, tornou-se Clementina de Jesus da Silva.

Clementina era filha de escravos libertos pela Lei do Ventre Livre. Pequena mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou em colégio de freiras. Foi figura significativa da MPB. Mesmo tendo iniciado tardiamente sua vida artística e com uma curta carreira, é sem dúvida uma das mais importantes artistas brasileiras.

A vida de Clementina de Jesus tinha tudo para ser igual à de milhões de pobres brasileiros se não fossem a sua insistência em cantar, a sua voz e o destino. Ainda menina, costumava acompanhar a mãe, uma lavadeira que gostava de cantar corimas, jongos, lundus, incelenças e modas, enquanto trabalhava. Foi provavelmente nesta época que aprendeu os cantos de escravos que, anos mais tarde, fariam a sua fama.


Com apenas dez anos, foi morar com a família em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Um vizinho, que sempre escutava a menina Clementina de Jesus cantando dentro de casa, ofereceu para a garota o papel de solista em procissões e festas religiosas. Após a morte do pai, a situação financeira da família ficou muito complicada e Clementina de Jesus não teve outra alternativa a não ser trabalhar como empregada doméstica, lavadeira e passadeira. Durante mais de 20 anos, esta foi a atividade que a sustentou.

Pouco tempo antes de morrer, em um depoimento, Clementina de Jesus disse que todos os integrantes da casa onde trabalhou como empregada doméstica gostavam de ouvi-la cantar, com exceção da proprietária, que dizia que a sua voz era irritante, por parecer um miado de gato. No final dos anos 20, passou a freqüentar blocos de Carnaval que, depois, seriam transformados em escolas-de-samba. Depois de dois casamentos, um deles com Albino Correia da Silva, o Pé Grande, um torcedor fanático da escola de samba da Magueira, o destino bateu à porta de Clementina de Jesus e a empregada doméstica deu lugar a uma cantora que marcou época na música popular brasileira.

Seu canto rouco e quase falado, fora dos padrões estéticos, conquistou a crítica, compositores, artistas e, principalmente, o povo. Um dos retratos do sincretismo brasileiro, Clementina de Jesus estabeleceu uma ponte entre o folclore dos terreiros de candomblé com a linguagem contemporânea. Finalmente, em 1964, quando já contava com 62 anos, a cantora teve a sua grande oportunidade profissional.


O compositor e produtor Hermínio Belo de Carvalho, que já tinha visto Clementina de Jesus se apresentar em bares do Rio de Janeiro, convidou-a para fazer alguns shows. No dia 7 de dezembro do mesmo ano, depois de ouvir um recital clássico (Mozart e Villa-Lobos), o público que lotava o Teatro Jovem, em Botafogo, ficou assustado ao ver entrar no palco uma cantora de voz anasalada, acompanhada por Paulinho da Viola, César Faria e Elton Medeiros.

O sucesso foi imediato, a ponto de Hermínio Belo de Carvalho criar o musical "Rosas de Ouro", que percorreu as principais capitais brasileiras. Chamada de "Tina" ou "Quelé" pelos amigos, Clementina de Jesus gravou mais de 120 músicas e participou de discos de outros artistas, como Milton Nascimento, por exemplo.

O compositor Paulinho da Viola, que teve duas músicas de sua autoria, "Essa Nega Pede Mais" e "Na Linha do Mar" incluídas no disco "Marinheiro Só", um dos maiores sucessos de Clementina de Jesus, contou em diversas entrevistas que a cantora era fascinante. "Tudo o que se fala de Clementina de Jesus não tem a dimensão da presença dela. Ouvi-la cantando, sentada, com o seu vestido de renda, era algo absolutamente fascinante, difícil de transmitir, de traduzir em palavras."

Faleceu em função de um derrame na Vila Santo André - Inhaúma - RJ.

Fonte: Estadão e Wikipedia

Jovelina Pérola Negra

JOVELINA FARIA DELFORD
(54 anos)
Cantora


* Rio de Janeiro, RJ (21/07/1944)

+ Rio de Janeiro, RJ (02/11/1998)

Indiscutivelmente, uma das grandes damas do samba e do pagode. Voz rouca, forte, amarfanhada, de tom popular e força batente. Herdeira do estilo de Clementina de Jesus, foi, como ela, empregada doméstica antes de virar sucesso no mundo artístico. Nascida em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, Jovelina Pérola Negra logo fincou pé na Baixada Fluminense, em Belford Roxo. Ela apareceu para o grande público ao participar do histórico disco Raça Brasileira, em 1985. Pastora do Império Serrano, ajudou a consolidar o que é chamado hoje de pagode.

Gravou cinco discos individuais ganhando, inclusive, um Disco de Platina. Infelizmente encontramos nas lojas apenas coletâneas com seus grandes sucessos como Feirinha da Pavuna, Bagaço da Laranja (gravada com Zeca Pagodinho), Luz do Repente, No Mesmo Manto e Garota Zona Sul, entre outros. O sucesso chegou tardiamente e ela não realizou o sonho de "ganhar muito dinheiro e dar aos filhos tudo o que não teve".

Seu estilo todo próprio conquistou muitos fãs no meio artístico, levando até mesmo Maria Bethânia a um show no Terreirão do Samba, na Praça Onze, de onde a diva da MPB só saiu depois de ouvir "Dona Jove versar". Alcione já homenageou a 'Pérola Negra' em um de seus melhores discos, Profissão Cantora.

Enquanto o samba e o verdadeiro partido alto existirem Jovelina sempre será lembrada por sua voz potente e sua ginga própria da raça negra - assim como Clementina de Jesus.

Morreu de Enfarte, aos 54 anos, na madrugada do dia 02/11/998, no bairro do Pechincha, em Jacarepaguá.

Fonte: Last.fm

Dalva de Oliveira

VICENTINA PAULA DE OLIVEIRA
(55 anos)
Cantora

* Rio Claro, SP (05/05/1917)
+ Rio de Janeiro, RJ (31/08/1972)

Vicentina de Paula Oliveira, conhecida como Dalva de Oliveira foi uma cantora brasileira. Filha mais velha de Mário de Paula Oliveira e da portuguesa Alice do Espírito Santo Oliveira. Além dela, os pais tiveram mais três meninas, Nair, Margarida e Lila e um menino que nasceu com problemas de saúde e morreu ainda criança.

Seu pai, que era conhecido na cidade pelo apelido de Mário Carioca, era marceneiro e músico nas horas vagas, tocava clarinete e costumava realizar serenatas com seus amigos músicos, chegando a organizar um conjunto para tocar em festas. A pequena Vicentina gostava de acompanhá-lo nessas serenatas.

Viviam de forma bastante modesta e quando ela tinha apenas oito anos, sofreram um duro golpe familiar: Mário faleceu, deixando a esposa com quatro filhos para criar. Dona Alice resolveu, então, tentar a vida na capital paulista, onde arrumou emprego de governanta. Conseguiu vaga para as três filhas em um internato de irmãs de caridade, o Internato Tamandaré, onde Vicentina chegou a ter aulas de piano, órgão e canto. A menina ficou lá por três anos, até ser obrigada a sair, devido uma séria infecção nos olhos. Nessa ocasião, a mãe perdeu o emprego, pois os patrões não aceitaram a presença da menina. Dona Alice conseguiu emprego de copeira em um hotel e Vicentina passou a ajudá-la. Trabalhou então como arrumadeira, como babá e ajudante de cozinha em restaurantes. Depois, conseguiu um emprego de faxineira em uma escola de dança onde havia um piano.

Transferiram-se para o Rio de Janeiro em 1934, onde foram morar à Rua Senador Pompeu, numa "cabeça-de-porco", segundo a própria cantora. Nessa época, a família já estava novamente reunida pois as irmãs voltaram a morar com a mãe.

Em 1935, no Cine Pátria, Dalva de Oliveira conheceu Herivelto Martins que formava ao lado de Francisco Sena o dueto Preto e Branco. Foi terminado o dueto e nascia assim o Trio de Ouro. Iniciaram um namoro e, no ano seguinte, iniciaram uma convivência conjugal, oficializada em 1939 num ritual de Umbanda. A união gerou dois filhos: o cantor Pery Ribeiro e Ubiratan de Oliveira MartinsUbiratan trabalhou em televisão como camera man e depois produtor de programas televisivos, como o Fantástico, da TV Globo.

Separou-se de Herivelto Martins em 1947, iniciando uma batalha de ofensas mútuas muito explorada pela imprensa da época. Matérias mentirosas publicadas por Herivelto Martins, com a ajuda do jornalista David Nasser no Diário da Noite fizeram com que o conselho tutelar mandasse Pery Ribeiro e Ubiratan de Oliveira para um internato, só podendo visitar os pais em datas festivas e fins de semana, podendo sair de lá definitivamente com 18 anos. Dalva de Oliveira sofreu muito por isso. Em 1949, oficializaram a separação.

Em 1952, depois de se consagrar mais uma vez na música mundial e ganhar o título de Rainha do Rádio, Dalva de Oliveira resolveu excursionar pela Argentina, para conhecer o país e cantar em Buenos Aires. Nessa ocasião conheceu Tito Climent, que se torna primeiro seu amigo, depois seu empresário e mais tarde, seu segundo marido. Com ele adotou uma filha chamada Dalva Lúcia de Oliveira Climent, a qual Dalva de Oliveira brigou na justiça pela guarda da menina, que ficou com o marido, já que casada anos com ele, viviam brigando. Dalva de Oliveira era uma mulher simples, e Tito Climent queria uma mulher fina e cheia de requintes, sempre pronta para atender a todos em cima do salto.

Em 1963, Dalva de Oliveira e Tito Climent se separaram oficialmente. Ela voltou para o Brasil sozinha e triste, sendo que a filha vai visitá-la nas férias, como os filhos que estão no internato.

Casou-se depois com Manuel Nuno Carpinteiro, modesto rapaz muito mais moço que ela. Sofreu, ao lado de Manuel, grave acidente automobilístico, na cidade do Rio de Janeiro, que resultou na morte por atropelamento de três pessoas, em 18/08/1965, sendo obrigada a abandonar a carreira por alguns anos. Manuel Nuno Carpinteiro se tornaria seu último marido.

No início dos anos 1970, foi morar em uma confortável casa no bairro carioca de Jacarepaguá.

Carreira

De voz afinada, e bela, considerada a Rainha da Voz ou O Rouxinol Brasileiro, sua extensão vocal ia do Contralto ao Soprano. Em 1937, a Dalva de Oliveira gravou, junto com a dupla Preto e Branco, o batuque "Itaquari" e a marcha "Ceci e Peri", ambas do Príncipe Pretinho. O disco foi um sucesso, rendendo várias apresentações nas rádios. Foi César Ladeira, em seu programa na Rádio Mayrink Veiga, que pela primeira vez anunciou o Trio de Ouro.

Em 1949 deixou o trio, quando excursionavam pela Venezuela com a Companhia de Dercy Gonçalves. Em 1951 retomou a carreira solo, lançando os sambas "Tudo Acabado" (J. Piedade e Osvaldo Martins) e "Olhos Verdes" (Vicente Paiva) e o samba-canção "Ave Maria" (Vicente Paiva e Jaime Redondo), sendo os dois últimos grandes sucessos da cantora. No ano seguinte foi eleita Rainha do Rádio, e excursionou pela Argentina, apresentando-se na Rádio El Mundo, de Buenos Aires, na qual conheceu Tito Clement, que se tornou seu empresário e depois marido, pai de sua filha, como mencionado anteriormente. Ainda em 1951, filmou "Maria da Praia", dirigido por Paulo Wanderley, e "Milagre de Amor", dirigido por Moacir Fenelon.

Morte

Três dias antes de morrer, Dalva de Oliveira pressentiu o fim e, pela primeira vez, em sua longa agonia de quase três meses, falou da morte. Ela tinha um recado para sua amiga Dora Lopes, que a acompanhou ao hospital: "Quero ser vestida e maquiada, como o povo se acostumou a me ver. Todos vão parar para me ver passando".

Ela faleceu em 31/08/1972, vítima de uma hemorragia interna provavelmente causada por um câncer. A cantora teve seu apogeu artístico nos anos 30, 40 e 50. Seu corpo está enterrado no Cemitério da Saudade no Rio de Janeiro.

Mais Informações

  • Na primeira versão do filme "Branca de Neve e os Sete Anões" produzida pelos estúdios Disney, em 1938, Dalva de Oliveira dublou os diálogos da personagem Branca de Neve. As canções foram interpretadas pela dubladora Maria Clara Tati Jacome.
  • Em 1974, Dalva de Oliveira foi homenageada pela Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz, com o enredo "O Rouxinol da Canção Brasileira". Em 1976 a Escola de Samba Turunas do Riachuelo (Juiz de Fora, MG) foi tri-campeã do carnaval da cidade com o enredo "Estrela Dalva", que foi homenageada de forma não biográfica, sendo o samba antológico na cidade.
  • Em 1987 a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense levou para a Sapucaí o enredo "Estrela Dalva".
  • Em 2002 o teatrólogo mineiro Pedro Paulo Cava produziu e dirigiu o espetáculo teatral "Estrela Dalva", cujo sucesso rendeu ao elenco de 16 atores, viagens por diversas capitais brasileiras e cidades do interior de Minas Gerais após quase dois anos em cartaz na capital mineira. Dalva de Oliveira foi interpretada por Rose BrantHerivelto Martins por Léo Mendonza e Nilo Chagas por Diógenes Carvalho. O espetáculo foi baseado no livro de Renato Borghi e João Elísio Fonseca que foi adaptado por Pedro Paulo Cava. O elenco tinha ainda Diorcélio Antônio, Freddy Mozart, Rui Magalhães, Márcia Moreira, Leonardo Scarpelli, Felipe Vasconcelos, Libéria Neves, Jai Baptista, Ivana Fernandes, Patrícia Rodrigues, Meibe Rodrigues, Fabrizio Teixeira e Bianca Xavier. A produção executiva foi de Cássia Cyrino e Luciana Tognolli. Todo o elenco passou por meses de preparação vocal e corporal dando vida e emoção sempre aplaudidos de pé pelo público que lotava as sessões.
  • A vida de Dalva de Oliveira foi retratada em janeiro de 2010 com a minissérie "Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor", produzida pela Rede Globo. A atriz Adriana Esteves interpretou Dalva de Oliveira, enquanto o ator Fábio Assunção interpretou Herivelto Martins.
  • Na cidade de Rio Claro, SP, tem uma praça em sua homenagem com nome de Dalva de Oliveira.

Discografia

Álbuns de Estúdio

  • 1953 - A Voz Sentimental do Brasil
  • 1955 - Dalva de Oliveira Com Roberto Inglez e Sua Orquestra
  • 1957 - Os Tangos Mais Famosos na Voz de Dalva de Oliveira
  • 1958 - Dalva
  • 1960 - Em Tudo Você
  • 1961 - Tangos
  • 1961 - Dalva de Oliveira
  • 1962 - O Encantamento do Bolero
  • 1963 - Tangos - Volume II
  • 1965 - Rancho da Praça Onze
  • 1967 - A Cantora do Brasil
  • 1968 - É Tempo de Amor
  • 1970 - Bandeira Branca

Coletâneas

  • 1972 - Grossas Nuvens de Amor
  • 1973 - O Amor é o Ridículo da Vida
  • 1973 - Dalva em Recital no Teatro Senac
  • 1982 - Dalva de Oliveira Especial, Vol. 1
  • 1987 - Dalva de Oliveira - Série Os Ídolos do Rádio, Vol. V
  • 1993 - Trio de Ouro
  • 1994 - Saudade…
  • 1994 - Meus Momentos
  • 1995 - Dalva de Oliveira
  • 1997 - A Rainha da Voz
  • 2000 - Dalva de Oliveira e Roberto Inglez e Sua Orquestra
  • 2000 - Bis - Dalva de Oliveira
  • 2006 - Canta Dalva

Fonte: Wikipédia e Dicionário Cravo Albin da MPB

Cássia Eller

CÁSSIA REJANE ELLER
(39 anos)
Cantora e Violonista

* Rio de Janeiro, RJ (10/12/1962)
+ Rio de Janeiro, RJ (29/12/2001)

Filha mais velha de Altair Eller, sargento pára-quedista reformado do Exército, e Nancy Eller, Cássia Eller tinha mais quatro irmãos. Seu nome foi sugerido pela avó, devota de Santa Rita de Cássia. Por conta do serviço do pai, que serviu em vários estados do Brasil, passou a infância e a adolescência em diferentes cidades, como Belo Horizonte, Santarém e Rio de Janeiro, onde passou a adolescência no bairro do Lins de Vasconcellos.

Nascida no Rio de Janeiro, aos 6 anos mudou-se com a família para Belo Horizonte. Aos 10, foi para Santarém, no Pará. Aos 12 anos, voltou para o Rio. O interesse pela música começou aos 14 anos, quando ganhou um violão de presente. Tocava principalmente músicas dos Beatles.

Aos 18 anos mudou-se para Brasília. Ali,  começou a cantar em corais, fez testes para musicais  e óperas, trabalhou em duas óperas como corista, além de se apresentar como cantora de um grupo de forró.  Tentou o canto lírico, porém a rígida disciplina desse estudo e sua paixão por música popular a fizeram desistir, permanecendo somente seis meses nos estudos. Também fez parte, durante dois anos, do primeiro trio elétrico de Brasília, denominado Massa Real, e tocou surdo em um grupo de samba. Trabalhou em vários bares como o Bom Demais, cantando e tocando. Despontou no mundo artístico em 1981, ao participar de um espetáculo de Oswaldo Montenegro.

Um ano mais tarde, foi para Minas Gerais, onde trabalhou como servente de pedreiro. "Fiz massa e assentei tijolos", contava. Na escola, não chegou a terminar o ensino médio, por causa também dos shows que fazia, não teria tempo para estudar.


Caracterizada pela voz grave e pelo ecletismo musical, interpretou canções de grandes compositores do rock brasileiro, como Cazuza e Renato Russo, além de artistas da MPB como Caetano Veloso e Chico Buarque, passando pelo pop de Nando Reis e o incomum de Arrigo Barnabé e Wally Salomão, até sambas de Riachão e rocks clássicos de Jimi Hendrix, Rita Lee, Beatles, John Lennon e Nirvana.

Teve uma trajetória musical bastante importante, embora curta, com algo em torno de dez álbuns próprios gravados no decorrer de doze anos de carreira. De fato, somente em 1989 sua carreira decolou. Ajudada por um tio seu, gravou uma fita demo com a canção "Por Enquanto", de Renato Russo. Este mesmo tio levou a fita à PolyGram, o que resultou na contratação de Cássia Eller pela gravadora. Sua primeira participação em disco foi em 1990, no LP de Wagner Tiso intitulado "Baobab".

Cássia Eller sempre teve uma presença de palco bastante intensa, assumia a preferência por álbuns gravados ao vivo e ela era convidada constantemente para participações especiais e interpretações sob encomenda, singulares, personalizadas.

Outra característica importante é o fato de ela ter assumido uma postura de intérprete declarada, tendo composto apenas três das canções que gravou: "Lullaby", em parceria com Márcio Faraco, em seu primeiro disco, "Cássia Eller", de 1990, LP com 60.000 cópias vendidas, sobretudo em razão do sucesso da faixa "Por Enquanto" de Renato Russo; "Eles", em parceria com Luiz Pinheiro e Tavinho Fialho, e "O Marginal", em parceria com Hermelino Neder, Luiz Pinheiro e Zé Marcos, no segundo disco, "O Marginal" (1992).

Era homossexual assumida e morava com a parceira Maria Eugênia Vieira Martins, com a qual criava o filho Francisco, chamado carinhosamente de Chicão. Ela teve seu filho com o baixista Tavinho Fialho. Ele faleceu em um acidente automobilístico meses antes do nascimento de Francisco. Maria ficou responsável pela criação do filho de Cássia Eller após a morte de sua companheira.

2001: O Ano Que Não Acabou

2001 foi um ano bastante produtivo para Cássia Eller. Em 13 de janeiro de 2001, apresentou-se no Rock In Rio III, num show em que baião, samba e clássicos da MPB foram cantados em ritmo de rock. Neste dia, o organograma de apresentação foi o seguinte: R.E.M., Foo Fighters, Beck, Barão Vermelho, Fernanda Abreu e Cássia Eller. 190 mil pessoas compareceram a esta apresentação.

Entre maio e dezembro, Cássia Eller fez 95 shows. O que levou a cantora a gravar um DVD, nos moldes de sua preferência - ao vivo: o "Acústico MTV", gravado entre 7 e 8 de março, em São Paulo, no qual Cássia Eller contou com o um grupo de alto nível técnico e artístico: Nando Reis (direção musical / autoria, voz e violão em "Relicário" / voz em "De Esquina" de Xis), os músicos da banda Luiz Brasil (direção musical / cifras / violões e bandolim), Walter Villaça (violões e bandolim), Fernando Nunes (baixolão), Paulo Calasans (piano acústico Hammond e órgão Hammond), João Vianna (bateria, surdo, ganzá, ralador e lâmina), Lan Lan (percussão) e Thamyma Brasil (percussão), os músicos convidados Bernardo Bessler (violino), Iura (Cello), Alberto Continentino (contrabaixo acústico), Cristiano Alves (clarinete e clarone), Dirceu Leite (sax, flauta e clarineta), entre muitos outros. Este álbum foi composto por 17 faixas, acrescidas do Making Off, galeria de fotos, discografia e i.clip. O álbum vendeu até hoje mais de um milhão de cópias e se tornou o maior sucesso da carreira de  Cássia Eller, sendo que até então, apesar das boas vendagens e da experiência, ela não era considerada uma cantora extremamente popular.

No mesmo ano de 2001, ela se apresentaria no Video Music Brasil, da MTV, ao lado de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Nando Reis com "Top Top" do grupo Os Mutantes, presente no seu "Acústico MTV".

No fim do ano, ela se apresentaria na Praça do Ó, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, durante os festejos do réveillon. Faleceu dois dias antes, em 29 de dezembro. Foi substituída por Luciana Mello. Em vários pontos do Rio de Janeiro, fez-se um minuto de silêncio durante a homenagem da passagem do ano em memória de Cássia Eller. Vários artistas também prestaram homenagem à cantora em seus shows, na virada do ano.

Morte

Cássia Eller faleceu em 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos, no auge de sua carreira. No dia 29 de dezembro foi internada na Clínica Santa Maria, em Laranjeiras com intoxicação exógena e após três paradas cardíacas veio a falecer neste mesmo dia em razão de um Infarto do Miocárdio.

Foi levantada a hipótese de overdose de drogas, já que ela já fora usuária de cocaína. A suspeita foi considerada inicialmente como causa da morte, porém foi descartada pelos laudos periciais do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro após autópsia. Cássia Eller encontra-se sepultada no Cemitério Jardim da Saudade  no bairro de Sulacap, no Rio de Janeiro.

Deixou o filho Francisco Ribeiro Eller (Chicão) e Maria Eugênia Viera Martins, companheira de 14 anos de convivência e com quem pretendia se casar, como declarou em entrevista à revista Marie Claire, caso o projeto-de-lei de reconhecimento de união civil de homossexuais fosse aceito no Congresso Nacional.

A guarda provisória de Francisco Ribeiro Eller foi dada à Maria Eugênia. Após disputa com Altayr Eller, pai da cantora, ganhou a guarda definitiva do menino, transformando-se em caso único na justiça brasileira.

Fonte: Wikipédia
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Carmen Miranda

MARIA DO CARMO MIRANDA DA CUNHA
(46 anos)
Cantora e Atriz

* Marco de Canaveses, Portugal (09/02/1909)
+ Beverly Hills, Estados Unidos (05/08/1955)

Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz luso-brasileira. Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 30 e 50. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Seu estilo eclético faz com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 60.

Infância

Carmen Miranda recebeu o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha. Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto Cunha (1887-1938) e de Maria Emília Miranda (1886-1971). Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu pai tinha por óperas.

Pouco depois de seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen Miranda nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a câmara do conselho de Marco de Canaveses desse seu nome ao museu municipal.

No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na Rua da Misericórdia, nº 70, em sociedade com um conterrâneo. A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a Rua Joaquim Silva, nº 53, na Lapa.

No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cecília (1913), Aurora (1915 - 2005) e Oscar (1916).

Carmen Miranda estudou na escola de freiras Santa Teresa, na Rua da Lapa, nº 24. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes.

Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num sobrado na Travessa do Comércio, nº 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até sua morte em 1931. Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados de comércio.

Em 1926, Carmen Miranda, que tentava ser artista, apareceu incógnita em uma fotografia na sessão de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros, que encantado com seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, gravou na editora Brunswick, os primeiros discos com o samba "Não Vá Sim'bora" e o choro "Se O Samba é Moda". Pela gravadora RCA Victor, gravou "Triste Jandaya" e "Dona Balbina" (Buenas Tardes Muchachos).

O Início da Carreira Artística

O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Você Gostar de Mim" (Taí) de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal O Paiz como "a maior cantora brasileira".

Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora Miranda na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a Rádio Mayrink Veiga para ganhar dois contos de réis por mês, o que hoje equivale a cerca de R$ 1000,00. Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe era o cachê por participação. Logo recebeu o apelido de "Cantora do It".

Em 30 de outubro realizou sua primeira turnê internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Voltou à Argentina no ano seguinte para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.

Em dezembro de 1936, Carmen Miranda deixou a Rádio Mayrink Veiga e assinou com a Rádio Tupi, ganhando cinco contos de réis.

Carreira Cinematográfica no Brasil

Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme "Alô, Alô Carnaval" com a famosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio". No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Cassino da Urca de propriedade de Joaquim Rolla. A partir de então as duas irmãs se dividiram entre o palco do cassino e excursões frequentes pelo Brasil e Argentina.

Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Carmen Miranda recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis mensais no Cassino da Urca e não se interessou pela ideia.

Em 1939, o empresário estadunidense Lee Shubert e a atriz Sonja Henie assistiram ao espetáculo de Carmen Miranda no Cassino da Urca. Depois de um espetáculo no transatlântico Normandie, Carmen Miranda assinou contrato com o empresário. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar, mas o empresário estava apenas interessado em Carmen Miranda. Depois de voltar para os Estados Unidos, Lee Shubert aceitou a vinda do Bando da Lua. Carmen Miranda partiu no navio Uruguai em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.

A Carreira nos Estados Unidos e o Começo da Consagração

Em 29 de maio de 1939 Carmen Miranda estreou no espetáculo musical "Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso de público e crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas. Em 5 de março de 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.

Em 10 de julho de 1940 retornou ao Brasil, onde foi acolhida com enorme ovação pelo povo carioca. No entanto, em uma apresentação no Cassino da Urca com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre os seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados Unidos.

Dois meses depois, no mesmo palco, Carmen Miranda foi aplaudida entusiasticamente por uma plateia comum. No mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil, onde respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil e ter-se "americanizado". Em 3 de outubro, voltou aos Estados Unidos e gravou a marca de seus sapatos e mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles.

Entre 1942 e 1953 atuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, cassinos e teatros norte-americanos. A Política de Boa Vizinhança, implementada pelos Estados Unidos para buscar aliados na Segunda Guerra Mundial, incentivou a imigração de artistas latino-americanos. Apesar de ter chegado nos Estados Unidos antes da criação da Política de Boa Vizinhança, Carmen Miranda sempre foi identificada como a artista de maior sucesso do projeto.

Vida Amorosa e Casamento

Em 1946, Carmen Miranda era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais pagava imposto de renda nos Estados Unidos. Em 17 de março de 1947 casou-se com o americano David Sebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908. Antes, Carmen Miranda namorou vários astros de Hollywood e também o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.

Antes de partir para os Estados Unidos e antes de conhecer o marido, Carmen Miranda namorou o jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos Estados unidos, Carmen Miranda manteve caso com os atores John Wayne e Dana Andrews.

O casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo de sua decadência moral e física. Seu marido, David Sebastian, antes um simples empregado de produtora de cinema, tornou-se "empresário" de Carmen Miranda e conduzia mal seus negócios e contratos. Também era alcoólatra e pode ter estimulado Carmen Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela logo se tornaria dependente. O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, por conta de ciúmes excessivos, brigas violentas e traições de David Sebastian, mas Carmen Miranda não aceitava o desquite pois era uma católica convicta. Engravidou em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo depois de uma apresentação e não conseguiu mais engravidar, o que agravou suas crises depressivas e o abuso com bebidas e remédios sedativos.

Dependência de Barbitúricos

Desde o início de sua carreira americana, Carmen Miranda fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos sem muitas preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por ser também viciada em cigarro e beber muito álcool, o efeito das drogas foi potencializado. Por conta do uso cada vez mais frequente, Carmen Miranda desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa por médicos americanos.

Em 3 de dezembro de 1954, Carmen Miranda retornou ao Brasil após uma ausência de 14 anos viajando e fazendo shows pelo mundo, além de estar morando nos Estados Unidos. Ela continuava casada e sofrendo com o marido, cada vez mais alcoólatra e violento. Seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada em tratamento numa suíte do Copacabana Palace. Carmen Miranda melhorou, embora não tenha abandonado completamente drogas, álcool e cigarro. Os exames realizados no Brasil não constataram alterações de freqüência cardíaca.

A Morte nos EUA

Ligeiramente recuperada, retornou para os Estados Unidos em 4 de abril de 1955. Imediatamente começou com as apresentações. Fez uma turnê por Cuba e Las Vegas entre os meses de maio e agosto e voltou a usar barbitúricos, além de fumar e beber mais do que já fumava e bebia.

No início de agosto, Carmen Miranda gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por Durante. Recuperou-se e terminou o número. Na mesma noite, recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills, à Bedford Drive, 616. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen Miranda subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colapso cardíaco fulminante a derrubou morta sobre o chão no dia 5 de agosto. Seu corpo foi encontrado pela mãe no dia seguinte, as 10:30 hs.  Carmen Miranda tinha somente 46 anos.

Funeral e Sucesso no Brasil

Aurora Miranda, sua irmã, recebeu na mesma madrugada um telefonema do marido de Carmen Miranda avisando sobre o falecimento. Aurora Miranda se desesperou por completo e passou então a notícia para as emissoras de rádio e jornais. Heron Domingues, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro a noticiar a morte de Carmen Miranda em edição extraordinária do Repórter Esso.

Em 12 de agosto de 1955, seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, "Taí", um de seus maiores sucessos.

No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão de Lima assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.

Hoje, uma herma em sua homenagem se localiza no Largo da Carioca, Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia
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Elis Regina

ELIS REGINA CARVALHO COSTA
(36 anos)
Cantora

☼ Porto Alegre, RS (17/03/1945)
┼ São Paulo, SP (19/01/1982)

Elis Regina Carvalho Costa foi uma cantora brasileira. Conhecida por sua presença de palco histriônica, sua voz e sua personalidade, Elis Regina é considerada por muitos críticos, comentadores e outros músicos a melhor cantora brasileira de todos os tempos. Com os sucessos de "Falso Brilhante" e "Transversal do Tempo", ela inovou os espetáculos musicais no país e foi capaz de demonstrar emoções tão contrárias, como a melancolia e a felicidade, numa mesma apresentação ou numa mesma música.

Como muitos outros artistas do Brasil, Elis Regina surgiu dos festivais de música na década de 60 e mostrava interesse em desenvolver seu talento através de apresentações dramáticas. Seu estilo era altamente influenciado pelos cantores do rádio, especialmente Ângela Maria, e a fez ser a grande revelação do festival da TV Excelsior em 1965, quando cantou "Arrastão" de Vinicius de Moraes e Edu Lobo. Tal feito lhe conferiu o título de primeira estrela da canção popular brasileira na era da televisão. Enquanto outras cantoras contemporâneas como Maria Bethânia haviam se especializado e surgido em teatros, ela deu preferência aos rádios e televisões.

Seus primeiros discos, iniciando com "Viva a Brotolândia" (1961), refletem o momento em que transferiu-se do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, e que teve exigências de mercado e mídia. Transferindo-se para São Paulo em 1964, onde ficaria até sua morte, logrou sucesso com os espetáculos do "Fino da Bossa" e encontrou uma cidade efervescente onde conseguiria realizar seus planos artísticos.


Em 1967, casou-se com Ronaldo Bôscoli, diretor do "Fino da Bossa", e ambos tiveram João Marcelo Bôscoli.

Elis Regina aventurou-se por muitos gêneros: da Música Popular Brasileira (MPB), passando pela bossa nova, o samba, o rock ao jazz. Interpretando canções como "Madalena", "Como Nossos Pais", "O Bêbado e o Equilibrista", "Querelas do Brasil", que ainda continuam famosas e memoráveis. Registraram momentos de felicidade, amor, tristeza, patriotismo e ditadura militar no país.

Ao longo de toda sua carreira, cantou canções de músicos até então pouco conhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro. Entre outras parcerias, é célebre os duetos que teve com Jair Rodrigues, Tom Jobim, Wilson Simonal, Rita Lee, Chico Buarque - que quase foi lançado por ela não fosse Nara Leão ter o gravado antes - e, por fim, seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, com quem teve os filhos Pedro Mariano e Maria Rita. César Camargo Mariano também ajudou-a a arranjar muitas músicas antigas e dar novas roupagens a elas, como "É Com Esse Que Eu Vou".

Sua presença artística mais memorável talvez esteja registrada nos álbuns "Em Pleno Verão" (1970), "Elis & Tom" (1974), "Falso Brilhante" (1976), "Transversal do Tempo" (1978), "Saudade do Brasil" (1980) e "Elis" (1980). Ela foi a primeira pessoa a inscrever a própria voz como se fosse um instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil.

Início

Filha de Romeu Costa e de Ercy Carvalho, Elis Regina nasceu no Hospital da Beneficência Portuguesa de Porto Alegre, na capital do Rio Grande do Sul. Tinha um irmão, Rogério nascido em 1949.

Começou a carreira como cantora aos 11 anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado "O Clube do Guri", na Rádio Farroupilha, apresentado por Ari Rego.

Em Porto Alegre, sua família morava em um apartamento na chamada Vila do IAPI, no bairro Passo d'Areia, na Zona Norte da cidade. Revelando enorme precocidade, aos 16 anos lançou o primeiro LP da carreira. Sobre o começo da carreira de Elis Regina e a disputa entre quem de fato a lançou, o produtor Walter Silva disse à Folha de São Paulo:

"Poucas pessoas sabem quem realmente descobriu Elis. Foi um vendedor da gravadora Continental chamado Wilson Rodrigues Poso, que a ouviu cantando menina, aos quinze anos, em Porto Alegre. Ele sugeriu à Continental que a contratasse, e em 1962 saiu o disco dela. Levei Elis ao meu programa, fui o primeiro a tocar seu disco no rádio. Naquele dia eu disse: Menina, você vai ser a maior cantora do Brasil. Está gravado."
(O produtor Walter Silva declarando como a cantora foi descoberta)

Década de 60, Surge Uma Estrela

Em 1960 foi contratada pela Rádio Gaúcha, e em 1961 viajou ao Rio de Janeiro, onde gravou o primeiro disco, "Viva a Brotolândia". Lançou ainda mais três discos enquanto morava no Rio Grande do Sul.

Em 1964, um ano com a agenda lotada de espetáculos no eixo Rio-São Paulo, assinou um contrato com a TV Rio para participar do programa "Noites de Gala". Foi levada por Dom Um Romão para o Beco das Garrafas sob a direção da dupla Luís Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli, com os quais ainda realizaria diversas parcerias, e um casamento com Ronaldo Bôscoli em 1967.

Acompanhada agora pelo grupo Copa Trio, de Dom Um Romão, cantou no Beco das Garrafas, o reduto onde nasceu a bossa nova, e conheceu o coreógrafo americano Lennie Dale, que a ensinou a mexer o corpo para cantar, tirando aquele nado que ela tinha com os braços.

Participou do espetáculo "Fino da Bossa" organizado pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, que ficou conhecido também como Primeiro Demti-Samba, dirigido por Walter Silva, no Teatro Paramount, atual Teatro Abril, São Paulo.

Ao final de 1967 conheceu o produtor Solano Ribeiro, idealizador e executor dos festivais de MPB da TV Record. Um ano glorioso, que ainda traria a proposta de apresentar o programa "O Fino da Bossa", ao lado de Jair Rodrigues. O programa, gravado a partir dos espetáculos e dirigido por Walter Silva, ficou no ar até 1967, na TV Record, Canal 7, SP, e originou três discos de grande sucesso: um deles, "Dois Na Bossa", foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias. Seria dela agora o maior cachê do show business.

Estilo Musical

O estilo musical interpretado ao longo da carreira percorria assim o "fino da bossa nova", firmando-se como uma das maiores referências vocais deste gênero. Aos poucos, o estilo MPB, pautado por um hibridismo ainda mais urbano e popularesco que a bossa nova, distanciando-se das raízes do jazz americano, seria mais um estilo explorado. Já no samba consagrou "Tiro Ao Álvaro" e "Iracema", de Adoniran Barbosa, entre outros.

Notabilizou-se pela uniformidade vocal, primazia técnica e uma afinação a toda prova. O registro vocal pode ser definido como de uma mezzo-soprano característico com um fundo levemente metálico e vagamente rouco.

Desde a década de 60, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, até o final da década de 80, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos, apresentando os novos talentos, registravam índices recordes de audiência. No Festival de Música Popular Brasileira conheceu Chico Buarque, mas acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor.

Elis Regina participou do especial "Mulher 80" da TV Globo, um desses momentos marcantes da televisão. O programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, com Maria Bethânia, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Elis Regina, Gal Costa e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado "Malu Mulher".

A antológica interpretação de "Arrastão" de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, no Festival de Música Popular Brasileira, escreveu um novo capítulo na história da música brasileira, inaugurando a MPB e apresentando uma Elis Regina ousada. Uma interpretação inesquecível, encenada pouco depois de completar apenas 20 anos de idade e coroada com o reconhecimento do Prêmio Berimbau de Ouro. O Troféu Roquette Pinto veio na sequência, elegendo-a a Melhor Cantora do Ano.

Fã incondicional de Ângela Maria, a quem prestou várias homenagens, Elis Regina impulsionava uma carreira não menos gloriosa, possibilitando o lançamento do primeiro LP individual, "Samba Eu Canto Assim".

Pioneira, em 1966 lançou o selo Artistas, registrando o primeiro disco independente produzido no Brasil, intitulado "Viva o Festival da Música Popular Brasileira", gravado durante o festival. Mais uma vitoriosa participação no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, a canção "O Cantador" (Dori Caymmi e Nelson Motta), classificando-se para a finalíssima e reconhecida com o prêmio de Melhor Intérprete.

Em 1968, uma viagem à Europa a lança no eixo musical internacional, conquistando grande sucesso, principalmente no Olympia de Paris.

Anos de Glória

Durante os anos 70, aprimorou constantemente a técnica e domínio vocal, registrando em discos de grande qualidade técnica parte do melhor da sua geração de músicos.

Patrocinado pela Philips na mostra Phono 73, com vários outros artistas, deparou-se com uma plateia fria e indiferente, distância quebrada com a calorosa apresentação de Caetano Veloso: "Respeitem a maior cantora desta terra". Em julho lançou o LP "Elis".

Em 1975, com o espetáculo "Falso Brilhante", que mais tarde originou um disco homônimo, atingiu enorme sucesso, ficando mais de um ano em cartaz e realizando quase 300 apresentações. "Lendário", tornou-se um dos mais bem sucedidos espetáculos da história da música nacional e um marco definitivo na carreira da cantora.

Ainda teve grande êxito com o espetáculo "Transversal do Tempo", em 1978, de um clima extremamente político e tenso. O "Essa Mulher", em 1979, direção de Oswaldo Mendes, que estreou no Anhembi em São Paulo e excursionou pelo Brasil no lançamento do disco homônimo. O "Saudades do Brasil", em 1980, sucesso de crítica e público pela originalidade, tanto nas canções quanto nos números com dançarinos amadores, direção de Ademar Guerra e coreografia de Márika Gidali (Ballet Stagium), e finalmente o último espetáculo, "Trem Azul", em 1981, direção de Fernando Faro.

Anos de Chumbo

Elis Regina criticou muitas vezes a ditadura brasileira, nos difíceis "Anos de Chumbo", quando muitos músicos foram perseguidos e exilados. A crítica tornava-se pública em meio às declarações ou nas canções que interpretava.

Em entrevista, no ano de 1969, teria afirmado que o Brasil era governado por gorilas (há ainda controvérsias em relação a essa declaração. Existem arquivos dos próprios militares onde ela se justifica dizendo que isso foi criado por jornalistas sensacionalistas). A popularidade a manteve fora da prisão, mas foi obrigada pelas autoridades a cantar o Hino Nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da esquerda brasileira.

Sempre engajada politicamente, Elis Regina participou de uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira, com voz ativa da campanha pela anistia de exilados brasileiros. O despertar de uma postura artística engajada e com excelente repercussão acompanharia toda a carreira, sendo enfatizada por interpretações consagradas de "O Bêbado e o Equilibrista" (João Bosco e Aldir Blanc), a qual vibrava como o hino da anistia. A canção coroou a volta de personalidades brasileiras do exílio, a partir de 1979. Um deles, citado na canção, era o irmão do Henfil, o Betinho, importante sociólogo brasileiro. Também merece destaque, o fato de Elis Regina ter se filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), em 1981.

Outra questão importante se refere ao direito dos músicos brasileiros, polêmica que Elis Regina encabeçou, participando de muitas reuniões em Brasília. Além disso, foi presidente da Associação de Intérpretes e de Músicos (ASSIM).

Últimos Momentos

Elis Regina morreu precocemente em 1982, com apenas 36 anos de idade, deixando uma vasta obra na Música Popular Brasileira e causando grande comoção nacional, em 19/01/1982, devido a complicações decorrentes de uma overdose de cocaína e bebida alcoólica, fato que chocou profundamente o país.

O laudo médico foi elaborado por José Luiz Lourenço e Chibly Hadad, sendo o diretor do Instituto Médico Legal (IML) Harry Shibata, médico conhecido por seu envolvimento no caso do jornalista Vladimir Herzog.

Fonte: Wikipédia
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