Mostrando postagens com marcador Escritor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Escritor. Mostrar todas as postagens

Deolindo Amorim

DEOLINDO AMORIM
(78 anos)
Jornalista, Sociólogo, Publicitário, Escritor e Conferencista Espírita

* Baixa Grande, BA (23/01/1906)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/04/1984)

Deolindo Amorim foi um jornalista, sociólogo, publicitário, escritor e conferencista espírita brasileiro. Colaborou no Jornal do Commercio e em praticamente toda a imprensa espírita do país.

Deolindo Amorim nasceu no seio de uma família pobre e católica, vindo a tornar-se presbiteriano fervoroso. Rompeu com a sua igreja e permaneceu muitos anos sem definição filosófica ou religiosa. Mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital do país. Graduou-se em Sociologia, pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, tendo feito, ainda, outros cursos de nível superior. Tornou-se jornalista e, posteriormente, funcionário público, tendo galgado elevada posição funcional no Ministério da Fazenda.

Um de seus três filhos é o jornalista Paulo Henrique Amorim.

O Ativista Espírita

Por volta de 1935, já no Rio de Janeiro, passou a frequentar o Centro Espírita Jorge Niemeyer, onde entrou em contato com o acervo da Doutrina Espírita, mostrando-se profundo admirador das obras de Léon Denis.

Já em 1939 idealizou e promoveu o I Congresso de Jornalistas e Escritores Espíritas, realizado no auditório da sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro em 15 de novembro. A importância da iniciativa pode ser avaliada considerando-se que, no plano externo, iniciava-se a Segunda Guerra Mundial, e que, no plano interno, o Espiritismo era perseguido por setores da igreja Católica e pela polícia do Estado Novo.

Também esteve ao lado de Leopoldo Machado na promoção do I Congresso de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil, ocorrido no Rio de Janeiro, em julho de 1948, e na criação do Conselho Consultivo de Mocidades Espíritas.

Privou da amizade de grandes vultos do Espiritismo no Brasil e no exterior, como, por exemplo, Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado, Herculano Pires, Leôncio Correia e Humberto Mariotti.

Um dos mais ardorosos defensores das obras codificadas por Allan Kardec e profundo admirador de Léon Denis, foi presidente do Instituto de Cultura Espírita do Brasil e presidente de honra da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas.

Levou o Espiritismo ao meio universitário, proferindo bela conferência no Instituto Pinel da Universidade do Brasil, focalizando o tema: "O Suicídio à Luz do Espiritismo".

Umberto Mariotti e Deolindo Amorim
Em Defesa do Conceito de Espiritismo

Um dos problemas mais emergentes relativos ao bom entendimento da Doutrina Espírita, em meados do século XX, foi a constante tentativa de confundi-lo quer seja com o Candomblé, quer com a Umbanda, quer com as diversas doutrinas espiritualistas. As confusões eram muito grandes, principalmente com os cultos afro-brasileiros. A própria Federação Espírita Brasileira (FEB) pretendeu chamar de "Espiritismo" todas as práticas mediúnicas ou assemelhadas e de "Doutrina Espírita", os conceitos decorrentes da obra codificada por Allan Kardec.

Para dirimir dúvidas, lançando luz sobre o assunto, em 1947 Deolindo Amorim publicou "Africanismo e Espiritismo", obra onde deixa clara a inexistência de ligações filosóficas, práticas ou doutrinárias entre o Espiritismo e as correntes espiritualistas apoiadas na cultura africana, trazida pelos escravos e que se converteram em vários cultos de gosto popular.

Posteriormente, determinado a explanar didaticamente as bases da doutrina de Allan Kardec, escreveu "O Espiritismo e os Problemas Humanos" e o "O Espiritismo à Luz da Crítica", este último em resposta a um padre que escrevera uma obra criticando a Doutrina. Segui-se-lhes "Espiritismo e Criminologia", oriundo de uma conferência no Instituto de Criminologia da Universidade do Rio de Janeiro.

Por fim, em 1958, lançou a obra "O Espiritismo e as Doutrina Espiritualistas", onde sem combater nenhuma corrente ou filosofia espiritualista, como a Teosofia, a Rosacruz, e as diversas seitas de origem asiática e africana, embora ressaltando eventuais coincidências de pontos filosóficos, simplesmente define, separa e identifica o que é o Espiritismo, mostrando a sua independência.

Sobre a questão religiosa no Espiritismo, a sua posição foi a mesma de Allan Kardec. Citando as palavras do fundador, concluía que, como qualquer filosofia espiritualista, o Espiritismo tinha consequências religiosas, mas de forma alguma se tornava uma religião constituída.

Herculano Pires (sentado) com Deolindo Amorim no Instituto de Cultura Espírita do Brasil.
A Fundação do Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB)

Tendo existido, no Rio de Janeiro, a Faculdade Brasileira de Estudos Psíquicos a que pertenceu e foi seu último presidente, quando a instituição se tornou insubsistente Deolindo Amorim promoveu a criação do Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB), fundado em 07 /12/1957 e por ele dirigido até sua morte.

Quanto à questão da unificação do movimento, Deolindo Amorim nunca se ligou à Federação Espírita Brasileira, tendo mantido laços com a Liga Espírita do Brasil, entidade criada em 1927 por Aurino Barbosa Souto e da qual Deolindo Amorim foi o último 2º vice-presidente.

Em 1949, com a assinatura do "Pacto Áureo", a Liga Espírita do Brasil, que não tinha representatividade nacional, deixou de existir, transformando-se numa entidade federativa estadual. Atualmente, após várias denominações, é denominada União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro (USEERJ).

Deolindo Amorim foi contra o acordo, à época, referindo:

"Quando a Liga [Espírita do Brasil] aceitou o Acordo de 5 de outubro [de 1949], acordo que se denominou depois, Pacto Áureo, tomei posição contrária (...) votei contra a resolução, porque não concordei com o modo pelo qual se firmara esse documento. E o fiz em voz alta, de pé, na Assembleia, com mais doze companheiros que pensavam da mesma forma."

Obras
  • Africanismo e Espiritismo
  • Allan Kardec
  • Análises Espíritas
  • Doutrina Espírita
  • Espiritismo à Luz da Crítica
  • Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas
  • Espiritismo e Criminologia
  • Idéias e Reminiscências Espíritas (Documentário)
  • Ponderações Doutrinárias
  • Relembrando Deolindo Vol. 1
  • Relembrando Deolindo Vol. 2

Fonte: Wikipédia

Rubens Saraceni

RUBENS SARACENI
(63 anos)
Médium, Babalorixá e Escritor

* Osvaldo Cruz, SP (18/10/1951)
+ São Paulo, SP (09/03/2015)

Rubens Saraceni foi um médium e escritor brasileiro, nascido em Osvaldo Cruz, SP no ano de 1951. Exerceu sua mediunidade por mais de 30 anos e fez seus estudos no campo da espiritualidade. Seus inúmeros livros já publicados são psicografados, ditados e orientados pelos Mestres. Sua jornada, segundo conta, foi iniciada no espiritismo de "mesa branca", passando posteriormente para a umbanda, onde se tornou Sacerdote da Umbanda Sagrada.

Há muitos anos o médium Rubens Saraceni, que tem uma enorme quantidade de livros psicografados e dezenas deles publicados, recebeu um pedido dos Mestres da Luz, Guias de Lei e de Umbanda, no qual solicitavam que as informações reveladoras, por eles transmitidas, não fossem apenas para seu bel prazer, e sim para que, por meio dele, o conhecimento se multiplicasse. Com isso, Rubens Saraceni começou a ministrar o curso de Teologia de Umbanda, um curso simples e teórico, visando a uma melhor formação do médium umbandista em relação aos fundamentos da umbanda.

Desse convívio Rubens Saraceni se deu conta do valor do que havia recebido, pois há muitos anos praticava a Magia Divina ensinada por seus mentores que se mostrou fundamental na proteção daqueles que o procuravam. Foi quando os Mestres da Luz ressaltaram a importância de consolidar-se no lado material um colégio nos moldes dos grandes colégios astrais, que sustentam toda a formação daqueles que se assentam à direita e à esquerda dos Sagrados Orixás, Tronos e Divindades de Deus. Daí surgiu o Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito de Aruanda, para dar formação mediúnica e sacerdotal de umbanda, bem como, sustentação, religiosa e magística aos que buscam o conhecimento sagrado sobre O Divino Criador Olorum (Deus), suas divindades e seus mistérios geradores.

Mestre Seiman Hamiser Yê, um Ogum Sete Espadas da Lei e da Vida, assumiu a abertura da Magia do Fogo no plano material, por meio de Rubens Saraceni, na qual são ensinados os fundamentos da Magia Riscada dos Orixás, a Grafia Sagrada, bem como a correta utilização magística das velas, suas cores e o elemento fogo na arte da magia. O primeiro curso do gênero aberto ao plano material por Mestre Seiman, e que deve ser o primeiro na formação do mago, intitula-se "Magia das Sete Chamas Sagradas".

Rubens Saraceni foi também o fundador do Colégio Tradição de Magia Divina, colégio este que se destina a dar amparo aos formados nas magias abertas ao plano material e espiritual.

Ao longo da carreira, lançou cerca de 50 livros psicografados e foi autor de outros 30, que permanecem inéditos para o grande público.

Morte

Três dias antes de morrer, Rubens Saraceni se despediu dos filhos e da mulher. Médium desde a década de 1980, parecia saber que faria em breve sua passagem - termo utilizado na umbanda para designar a morte.

Após pedir à família que não chorasse, declarou seu amor por todos e recomendou que continuassem as atividades no Colégio de Umbanda Pai Benedito de Aruanda, que fundou em 1999, na zona leste da capital paulista.

Fumante desde os 20 anos, largou o vício após o diagnóstico de câncer de pulmão. Morreu na manhã de segunda-feira, 09/03/2015, aos 63, vítima de um enfisema pulmonar.

O velório de Rubens Saraceni ocorreu na Câmara Municipal de Vereadores de São Paulo.

Ele deixa a mãe, Leocádia, cinco irmãos, os filhos, Maurício, Estela e Graziela, além da esposa, Alzira, com quem foi casado por 46 anos.

Obras
  • Aprendiz-Sete - O Filho de Ogum
  • Os Arquétipos da Umbanda - As Hierarquias Espirituais dos Orixás
  • O Cavaleiro da Estrela Guia - A Saga Completa
  • O Cavaleiro da Estrela Guia - A Saga Continua
  • O Código da Escrita Mágica Simbólica
  • Código de Umbanda
  • Os Decanos - Os Fundadores, Mestres e Pioneiros da Umbanda
  • Diálogo Com Um Executor
  • Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada - A Religião dos Mistérios - Um Hino de Amor à Vida
  • A Evolução dos Espíritos
  • Formulário de Consagrações Umbandistas - Livro de Fundamentos
  • Gênese Divina de Umbanda Sagrada - O Livro dos Tronos de Deus - A Ciência Divina Revelada
  • O Guardião da Meia-Noite - Por Honra e Glória do Criador de Tudo e de Todos
  • Guardião da Pedra de Fogo - As Esferas Positivas e Negativas
  • O Guardião da Sétima Passagem - A Porteira Luminosa
  • O Guardião das Sete Cruzes - Um Livro Mistério
  • Guardião das Sete Encruzilhadas - Hemisarê a Ira Divina
  • Guardião do Amor - Aprendiz Sete no Reino das Ninfas
  • O Guardião do Fogo Divino - A História do Senhor Caboclo Sete Pedreiras
  • O Guardião dos Caminhos - A História do Senhor Guardião Tranca-Ruas
  • Guardião Sete - O Chanceler do Amor
  • Os Guardiões da Lei Divina - A Jornada de um Mago
  • Iniciação à Escrita Mágica Divina - A Magia Simbólica dos Tronos de Deus
  • Os Guardiões dos Sete Portais - Hash-Meir e O Guardião das Sete Portas
  • Iniciação à Escrita Mágica Divina - A Magia Simbólica dos Tronos de Deus
  • A Lenda do Sabre Dourado
  • Lendas da Criação - A Saga dos Orixás
  • O Livro da Vida - As Marcas do Destino
  • A Longa Capa Negra
  • A Magia Divina das Sete Pedras Sagradas
  • A Magia Divina das Velas - O Livro das Sete Chamas Sagradas
  • A Magia Divina dos Elementais
  • A Magia Divina dos Gênios - A Força dos Elementais da Natureza
  • A Magia Divina dos Sete Símbolos Sagrados
  • Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista
  • Oráculo de Delfos - O Ancestral Místico
  • Orixá Exu - Fundamentação do Mistério Exu na Umbanda
  • A Princesa dos Encantos - Sob o domínio da Paixão
  • Orixá Pombagira
  • Orixás - Teogonia de Umbanda
  • O Protetor da Vida - Viver a Vida: Um Ato de Fé
  • Rituais Umbandistas - Oferendas, Firmezas e Assentamentos
  • As Sete Linhas de Evolução e Ascensão do Espírito Humano
  • As Sete Linhas de Umbanda - A Religião dos Mistérios
  • Os Templos de Cristais - A Era dos Grandes Magos
  • Tratado de Escrita Mágica Sagrada - Um Curso de Escrita Mágica
  • Tratado Geral de Umbanda
  • Umbanda Sagrada - Religião, Ciência, Magia e Mistérios

Indicação: Douglas Bachine

Professor Hermógenes

JOSÉ HERMÓGENES DE ANDRADE FILHO
(94 anos)
Escritor, Professor, Militar e Divulgador do Hatha Yoga

* Natal, RN (09/03/1921)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/03/2015)

José Hermógenes de Andrade Filho, mais conhecido como Professor Hermógenes, foi um escritor, professor e divulgador do Hatha Yoga. Era doutorado em Yogaterapia pelo World Development Parliament da Índia e Doutor Honoris Causa pela Open University For Complementary Medicine.

O Professor Hermógenes recebeu a Medalha de Integração Nacional de Ciências da Saúde e o Diploma d'Onore no IX Congresso Internacional de Parapsicologia, Psicotrónica e Psiquiatria em Milão no ano de 1977. Escolhido o Cidadão da Paz do Rio de Janeiro, em 1988, e a Medalha Tiradentes em 08/05/2000. A premiação foi conferida pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, pelo bem-estar e benefícios à saúde que as obras de José Hermógenes de Andrade Filho levaram para os brasileiros.

Ele foi o fundador da Academia Hermógenes de Yoga. Seguiu carreira militar, chegando ao posto de tenente-coronel.

Aos 35 anos, foi diagnosticado com tuberculose avançada, que quase o matou. Foi neste contexto que descobriu os benefícios da yoga para a saúde física e mental, cujas posturas e respirações passou a praticar escondido no banheiro de casa. Com a prática sentiu uma grande melhora de sua saúde e desta forma passou a divulgar a yoga.

Foi um dos primeiros a trazer a mensagem de Sathya Sai Baba para o Brasil. Traduziu obras importantes de Satya Sai Baba para o português: "O Fluir da Canção do Senhor (Gita Vahini)" e "Sadhana, o Caminho Interior".

A inauguração do primeiro centro aconteceu no dia 27/06/1987 e foi denominado Centro Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Rio de Janeiro. Mas apesar de seu nome oficial, acabou ficando informalmente conhecido como Centro Sathya Sai de Vila Isabel, devido ao bairro de sua localização.

O Professor Hermógenes foi um dos precursores da yoga no Brasil e escreveu mais de 30 livros, traduzidos em diversas línguas. Também publicou diversos artigos, disponíveis gratuitamente para estudo.

Em 2012, foi lançado um livro sobre sua biografia, "Hermógenes: Vida, Yoga, Fé e Amor", escrito por um aluno e discípulo. Está em fase de produção um documentário sobre sua história, obra e vida.

Morte

Professor Hermógenes morreu na sexta-feira, 13/03/2015, no Rio de Janeiro, aos 94 anos. Ele sofria do Mal de Parkinson e teve falência de múltiplos órgãos. A cremação do corpo ocorreu no domingo, 15/03/2015, no Rio de Janeiro. Ele deixou duas filhas, seis netos e nove bisnetos.

Obras
  • Autoperfeição Com Hatha Yoga
  • Mergulho na Paz
  • Canção Universal
  • Yoga Para Nervosos
  • Convite a Não Violência
  • Superação
  • Setas no Caminho de Volta
  • Dê Uma Chance a Deus
  • Deus Investe em Você
  • O Essencial da Vida
  • O Presente
  • Yoga: Caminho Para Deus
  • Saúde na Terceira Idade
  • Superação
  • Yoga: Paz Com a Vida
  • Silêncio, Tranquilidade, Luz
  • O Que é Yoga
  • Cintilações I e II
  • Saúde Plena: Yogaterapia
  • Coleção Sabedoria de Hermógenes, Vol. 1: Amor Universal
  • Coleção Sabedoria de Hermógenes, Vol. 2: Ânimo de Viver
  • Coleção Sabedoria de Hermógenes, Vol. 3: Saúde Para o Corpo e o Espírito


Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio e Fadinha Veras

Carolina de Jesus

CAROLINA MARIA DE JESUS
(62 anos)
Escritora

* Sacramento, MG (14/03/1914)
+ São Paulo, SP (13/02/1977)

Carolina Maria de Jesus foi uma escritora brasileira nascida no Estado de Minas Gerais, numa comunidade rural onde seus pais eram meeiros. Filha ilegítima de um homem casado, foi tratada como pária durante toda a infância, e sua personalidade agressiva contribuiu para os momentos difíceis pelos quais passou.

Aos sete anos, a mãe de Carolina forçou-a a frequentar a escola depois que a esposa de um rico fazendeiro decidiu pagar os estudos dela e de outras crianças pobres do bairro. Carolina parou de frequentar a escola no segundo ano, mas aprendeu a ler e a escrever.

A mãe de Carolina tinha dois filhos ilegítimos, o que ocasionou sua expulsão da igreja católica quando ainda era jovem. No entanto, ao longo da vida, ela foi uma católica devota, mesmo nunca tendo sido readmitida na congregação. Em seu diário, Carolina muitas vezes faz referências religiosas.

Carolina Maria de Jesus e Ruth de Souza na Favela do Canindé. São Paulo, 1961
Em 1937, sua mãe morreu, e ela se viu impelida a migrar para São Paulo. Ela construiu sua própria casa, usando madeira, lata, papelão e qualquer coisa que pudesse encontrar. Saía todas as noites para coletar papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família. Quando encontrava revistas e cadernos antigos, guardava-os para escrever em suas folhas.

Começou a escrever sobre seu dia-a-dia, sobre como era morar na favela. Isto aborrecia seus vizinhos, que não eram alfabetizados, e por isso se sentiam desconfortáveis por vê-la sempre escrevendo, ainda mais sobre eles.

Carolina teve vários envolvimentos amorosos quando jovem, mas sempre se recusou a casar-se, por ter presenciado muitos casos de violência doméstica. Preferiu permanecer solteira. Cada um dos seus três filhos era de um pai diferente, sendo um deles um homem rico e branco.

Em seu diário, ela detalhou o cotidiano dos moradores da favela e, sem rodeios, descreveu os fatos políticos e sociais que vivenciou. Ela escreveu sobre como a pobreza e o desespero podem levar pessoas boas a trair seus princípios, simplesmente para assim conseguir comida para si e suas famílias.

Histórico

O diário de Carolina Maria de Jesus foi publicado em agosto de 1960. Ela foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, em abril de 1958. Ele cobria a abertura de um pequeno parque municipal e imediatamente após a cerimônia uma gangue de rua chegou e reivindicou a área, perseguindo as crianças. Audálio Dantas viu Carolina de pé na beira do local gritando: "Saiam ou eu vou colocar vocês no meu livro!". Os intrusos partiram. Audálio Dantas perguntou o que ela queria dizer com aquilo. Ela se mostrou tímida no início, mas levou-o até o seu barraco e mostrou-lhe tudo. Ele pediu uma amostra pequena e correu para o jornal. A história de Carolina "eletrizou a cidade" e, em 1960, "Quarto de Despejo", foi publicado.

A tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou em uma semana (segundo a Wikipédia em inglês, foram trinta mil cópias vendidas nos primeiros três dias). Embora escrito na linguagem simples e deselegante de uma pessoa sem muita instrução, seu diário foi traduzido para treze idiomas e tornou-se um best-seller na América do Norte e na Europa.

Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus
Mas não foram somente fama e publicidade que Carolina ganhou com a publicação de seu diário: despertou também o desprezo e a hostilidade de seus vizinhos: "Você escreveu coisas ruins sobre mim, você fez pior do que eu fiz", gritou um vizinho bêbado.

Chamavam-a de prostituta negra, que havia se tornado rica por escrever sobre a favela, mas que se recusava a compartilhar o dinheiro. Muitas pessoas jogavam pedras e penicos cheios nela e em seus filhos. A raiva dos vizinhos também teria sido motivada pela mudança de endereço de Carolina, para uma casa de tijolos nos subúrbios, o que foi possível com os ganhos iniciais da publicação de seu diário. Vizinhos se juntaram ao redor do caminhão e não a deixavam partir.

A filha de Carolina, Vera, contou, em entrevista, que sua mãe aspirava a se tornar cantora e atriz.

Pobre e esquecida, Carolina Maria de Jesus morreu em 13/02/1977, vítima de insuficiência respiratória, aos 62 anos.

Livros Publicados

  • 1960 - Quarto de Despejo
  • 1961 - Casa de Alvenaria
  • 1963 - Pedaços de Fome
  • 1963 - Provérbios


Publicações Póstumas

  • 1982 - Diário de Bitita
  • 2014 - Onde Estaes Felicidade


A pesquisadora Raffaella Fernandez ainda trabalha na organização do material inédito deixado por Carolina de Jesus em 58 cadernos que somam 5.000 páginas de texto. São sete romances, 60 textos curtos e 100 poemas, além de quatro peças de teatro e de 12 letras para marchas de carnaval.

Frases de Carolina Maria de Jesus

"O assassinato de Kennedy é descendente de Herodes e neto de Caim. Kennedy era o Sol dos Estados Unidos. O Sol que se apagou. Um homem que era digno de viver séculos e séculos."
"Antigamente o que oprimia o homem era a palavra calvário; hoje é salário."
"O maior espetáculo do pobre da atualidade é comer."
"As crianças ricas brincam nos jardins com seus brinquedos prediletos. E as crianças pobres acompanham as mães a pedirem esmolas pelas ruas. Que desigualdades tragicas e que brincadeira do destino."
"A amizade do analfabeto é sincera. E o ódio também."
"Eu sou negra, a fome é amarela e dói muito."
"A favela é o deposito dos incultos que não sabem contar nem o dinheiro da esmola."
"Quem inventou a fome são os que comem."
"Quem não tem amigo mas tem um livro tem uma estrada."

Carolina Maria de Jesus e Audálio Dantas na Favela do Canindé - São Paulo, 1961
Audálio Dantas

Audálio Dantas, descobridor de Carolina Maria de Jesus, deu uma pequena entrevista ao blog Socialista Morena  sobre a escritora.

SM: Por que Carolina, mesmo sendo reconhecida no exterior, ficou tanto tempo esquecida no Brasil?
Audálio: É que, como sempre, a moda passou rapidinho. A maioria "consumiu" Carolina como uma novidade, uma fruta estranha. Carolina, como objeto de consumo, passou, mas a importância de seu livro, um documento sobre os marginalizados, permanece.

SM: Neste meio tempo, não apareceram tantas mulheres faveladas ou empregadas domésticas escritoras. Por quê?
Audálio: Xi, foram dezenas ou centenas, Só eu recebi mais de vinte originais, Nenhum tinha a força do texto de Carolina.

SM: Ainda hoje existem catadores de papel… A vida nas favelas mudou pouco em relação à época da Carolina?
Audálio: Existem até mais, com a necessidade de reciclagem. A maioria, hoje, faz esse trabalho com carroças (aquelas sempre acompanhadas por um cachorro…). As favelas também mudaram. Não que seja bom e bonito viver nelas, mas em muitas já se observam os sinais da movimentação social dos últimos anos, quando milhões de brasileiros ascenderam à chamada nova classe C. Muitos desses brasileiros vivem nelas, com TV, internet, celular e outros objetos das novas tecnologias.

SM: Você acompanhou Carolina até o fim?
Audálio: Não. Carolina era uma pessoa de personalidade muito forte. Isso pode ser constatado no livro. Desentendeu-se comigo, me distanciei. Ela sempre buscou a glória, e quando esta se foi, se ressentiu. Morreu amarga.


Desiludida com o insucesso de suas obras posteriores, Carolina rompeu com o jornalista e chegou a criticá-lo no livro "Casa de Alvenaria".

"Eu queria ir para o rádio, cantar. Fiquei furiosa com a autoridade do Audálio, reprovando tudo. Dá impressão de que sou sua escrava!"

Em 1961, chegou a gravar um disco, com canções compostas por ela mesma. Mais tarde, perto do final da vida, a escritora mudou de opinião sobre seu descobridor.

"O Audálio foi muito bom, muito correto comigo, eu sempre acreditei nele"
(Carolina à Folha de S.Paulo em sua última entrevista, em 1976)

Na mesma reportagem, Audálio Dantas conta sua versão do rompimento:

"Ela recebia convites de um Matarazzo, recebia convites para falar em faculdades, para visitar o Chile, para frequentar a sociedade e dezenas de propostas de casamento. Mas eu achava que ela não devia entrar neste esquema, porque não era uma coisa natural. Porque as pessoas a procuravam como uma pessoa de sucesso e a viam como um animal curioso."

No enterro de Carolina, Audálio era uma das duas "autoridades" presentes além dos familiares - o outro era o prefeito de Embu-Guaçu. Um orador que não conhecera a escritora em vida improvisou o discurso de despedida.

"Somente compareceram para lhe dar o último adeus as pessoas humildes, as pessoas que sempre a acompanharam em toda a sua vida."

E fez, ali, o epitáfio de Carolina:

"Morreu como viveu: pobre."

Cronologia


  • 1914 - Nascimento de Carolina Maria de Jesus, em Sacramento, Minas Gerais;
  • 1923 - Matrícula de Carolina Maria de Jesus no Colégio Alan Kardec, em Sacramento;
  • 1924/1927 - A família e Carolina vivem como lavradores em fazenda em Lageado, Minas Gerais;
  • 1927 - Carolina Maria de Jesus e família retornam para Sacramento, Minas Gerais;
  • 1930 - Muda-se, com a família, para Franca, São Paulo, onde trabalha como lavradora em uma fazenda e depois, na cidade, como empregada doméstica;
  • 1937 - Morre a mãe de Carolina Maria de Jesus que, então, em 31 de janeiro, vai para São Paulo, onde trabalha como faxineira de hotel e empregada doméstica;
  • 1941 - 24 de fevereiro - Publicação da foto de Carolina Maria de Jesus em Folha da Manhã, ao lado do jornalista Willy Aureli;
  • 1941 - Publicação de poema de Carolina Maria de Jesus em louvor a Getúlio Vargas no jornal Folha da Manhã;
  • 1948 - Muda para a favela do Canindé;
  • 1948 - Nascimento do primeiro filho, João, depois do relacionamento com um marinheiro português, que a abandona;
  • 1950 - Nascimento do segundo filho, José Carlos, após relacionamento com um espanhol;
  • 1953 - Nascimento do terceiro filho, Vera Eunice, após relacionamento com um dono de fábrica e comerciante;
  • 1955 - Em 15 de julho, inicia os registros, em diário, sobre a vida na favela;
  • 1958 - Primeiro contato do jornalista Audálio Dantas com Carolina Maria de Jesus, devido à reportagem para Folha da Noite sobre o playground instalado na favela do Canindé;
  • 1959 - A revista O Cruzeiro, onde Audálio Dantas passara a trabalhar, publica trechos dos diários;
  • 1960 - Publicação de "Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada", em edição de Audálio Dantas, com tiragem inicial de dez mil exemplares.Na noite de autógrafos, foram vendidos 600 exemplares. No primeiro ano, com várias reedições, mais de cem mil exemplares;
  • 1960 - Sai da favela do Canindé e muda-se inicialmente para os fundos da casa de um amigo, em Osasco. Pouco depois, instala-se na casa que comprara, no Alto de Santana;
  • 1960 - Homenageada pela Academia Paulista de Letras e pela Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo;
  • 1961 - Viaja à Argentina, onde é agraciada com a Orden Caballero Del Tornillo, ao Uruguai e ao Chile. Viaja também para várias regiões do Brasil. Na Feira do Livro do Rio de Janeiro desentende-se com Jorge Amado;
  • 1961 - Publicação de "Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada", com apresentação de Audálio Dantas. Pouca repercussão da obra, que não agradou nem ao público comum, nem aos setores intelectualizados;
  • 1963 - "Pedaços da Fome", romance, é publicado, com apresentação de Eduardo de Oliveira, tendo sido recebido com indiferença pela imprensa;
  • 1964 - Jornal publica foto em que se registra a autora nas ruas, catando papéis;
  • 1965 - Provérbios é publicado, com edição da autora, e sem nenhuma repercussão;
  • 1969 - Muda-se, com os filhos, para o sítio em Parelheiros, bairro na periferia de São Paulo;
  • 1972 - Anuncia que escreve "O Brasil Para os Brasileiros", o que é ridicularizado pela imprensa. Posteriormente, parte desse material é editada como "Diário de Bitita";
  • 1975 - Produção, na Alemanha, de "O Despertar de um Sonho" (sobre a vida de Carolina Maria de Jesus), com direção de Gerson Tavares, cuja exibição é proibida no Brasil;
  • 1976 - Relançamento, no Brasil, de "Quarto de Despejo", pela Ediouro;
  • 1977 - 13 de fevereiro - Morte de Carolina Maria de Jesus;
  • 1977 - A Scappelli Film Company propõe a realização de um filme a partir de "Quarto de Despejo", cuja realização, porém, não se efetiva, apesar de ter havido pagamento parcial de direitos autorais;
  • 1991 - Karen Brown faz roteiro "Passion Flower: The Story Of Carolina Maria de Jesus" para um documentário sobre Carolilina Maria de Jesus, Los Angeles;
  • 2004 - Em comemoração ao Ano Nacional da Mulher, por iniciativa do Senado, a Coordenação da Mulher da Cidade de São Paulo lança o Calendário "Mulheres Que Estão no Mapa", com homenagem a Carolina Maria de Jesus exposta no mês de novembro;
  • 2004 - Inauguração da Rua Carolina Maria de Jesus, no bairro de Sapopemba;
  • 2005 - É inaugurada a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, com acervo inicial de 2000 livros sobre a formação da identidade nacional com a perspectiva da participação do negro, no Museu Afro Brasil / Parque do Ibirapuera.


Indicação: Miguel Sampaio

Nísia Floresta Brasileira Augusta

DIONÍSIA GONÇALVES PINTO
(74 anos)
Escritora, Poetisa e Educadora

* Papari, RN, atual Nísia Floresta (12/10/1810)
+ Rouen, França (24/04/1885)

Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, foi uma educadora, escritora e poetisa potiguar. É considerada uma pioneira do feminismo no Brasil e foi provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços público e privado publicando textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Nísia também dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos.

"Infelizmente, a falta de divulgação da obra de Nísia tem sido responsável pelo enorme desconhecimento de sua vida singular e de seus livros considerados de grande valor."
(Luis Fernando Veríssimo)

Filha do português Dionísio Gonçalves Pinto com a brasileira Antônia Clara Freire, foi batizada como Dionísia Gonçalves Pinto, mas ficou conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Floresta, o nome do sítio (fazenda) onde nasceu. Brasileira é o símbolo de seu ufanismo, uma necessidade de afirmativa para quem viveu quase três décadas na Europa. Augusta é uma recordação de seu segundo marido, Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem se casou em 1828, pai de sua filha Lívia Augusta e seus filhos também.


Em 1828, o pai de Nísia havia sido assassinado no Recife, PE, para onde a família havia se mudado.

Em 1831 publicou em um jornal pernambucano, Espelho das Brasileiras, uma série de artigos sobre a condição feminina. Do Recife, já viúva, com a pequena Lívia e sua mãe, Nísia foi para o Rio Grande do Sul onde se instalou e dirigiu um colégio para meninas. O início da Guerra dos Farrapos interrompeu seus planos e Nísia resolveu fixar-se no Rio de Janeiro, onde fundou e dirigiu os colégios Brasil e Augusto, conhecidos pelo alto nível de ensino.

Em 1849, por recomendação médica levou sua filha, que havia se acidentado gravemente, para a Europa. Ali permaneceu por um longo tempo, morando a maior parte do período em Paris.

Em 1853, publicou "Opúsculo Humanitário", uma coleção de artigos sobre emancipação feminina, que foi merecedor de uma apreciação favorável de Auguste Comte, pai do positivismo.

Esteve no Brasil entre 1872 e 1875, em plena campanha abolicionista liderada por Joaquim Nabuco, mas quase nada se sabe sobre sua vida nesse período. Retornou para a Europa em 1875 e em 1878 publicou seu último trabalho "Fragments D'un Ouvrage Inédit: Notes Biographiques".

Livros

"Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens", primeiro livro escrito por ela, e o primeiro no Brasil a tratar dos direitos das mulheres à instrução e ao trabalho, inspirado no livro da feminista inglesa Mary Wollstonecraft, "Vindications Of The Rights Of Woman".

Nísia não fez uma simples tradução, ela se utilizou do texto da inglesa e introduziu suas próprias reflexões sobre a realidade brasileira. Não é, portanto, o texto inglês que se conhece ao ler estes "Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens". Nesta tradução livre, temos talvez o texto fundante do feminismo brasileiro, se o vemos como uma nova escritura, ainda que inspirado na leitura de outro.

Foi esse livro que deu à autora o título de precursora do feminismo no Brasil e até mesmo da América Latina, pois não existem registros de textos anteriores realizados com estas intenções. Mas ela não parou por ai, em outros livros ela continuou destacando a importância da educação feminina para a mulher e a sociedade. São eles: "Conselhos a Minha Filha" (1842); "Opúsculo Humanitário" (1853); "A Mulher" (1859).

Em seu livro "Patronos e Acadêmicos", referente às personalidades da Academia Norte-Riograndense de Letras, Veríssimo de Melo começa o capítulo sobre Nísia da seguinte maneira:

"Nísia Floresta Brasileira Augusta foi a mais notável mulher que a História do Rio Grande do Norte registra."

Túmulo de Nísia Floresta localizado em Nísia Floresta, Rio Grande do Norte
Morte

Nísia morreu vítima de uma pneumonia e foi enterrada no cemitério de Bonsecours.

Em agosto de 1954, quase setenta anos depois, os despojos foram levados para sua cidade natal, que já se chamava Nísia Floresta. Primeiramente foram depositados na igreja matriz, depois foram levados para um túmulo no Sítio Floresta, onde ela nasceu.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos marcou a data com o lançamento de um selo postal.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Pandiá Calógeras

JOÃO PANDIÁ CALÓGERAS
(63 anos)
Engenheiro, Geólogo, Jornalista, Escritor, Historiador e Politico

* Rio de Janeiro, RJ (19/06/1870)
+ Petrópolis, RJ (21/04/1934)

João Pandiá Calógeras nasceu no Rio de Janeiro, então capital do Império, em 19/06/1870, filho de Michel Calógeras e de Júlia Ralli Calógeras. Seu pai, de ascendência francesa, orientou a construção da Estrada de Ferro Mauá até Petrópolis, e dirigiu a ferrovia que ligava Macaé a Campos, na então província do Rio de Janeiro. A família Calógeras era de origem grega, proveniente de Chipre.

Pandiá Calógeras fez os primeiros estudos com professores particulares alemães, ingressando aos 14 anos no Colégio Pedro II, onde completou o curso secundário. Matriculou-se em seguida na Escola de Minas de Ouro Preto, em Minas Gerais, pela qual se formou engenheiro em 1890. Seu primeiro trabalho depois de formado foi a realização de pesquisas geológicas em Cariguaba, SC.

Casou-se em 1891 com Elisa da Silva Guimarães, filha de Joaquim Caetano da Silva Guimarães, ministro do Supremo Tribunal Federal, e sobrinha do escritor Bernardo Guimarães. Ainda em 1891, foi nomeado engenheiro, da então província de Minas Gerais e iniciou duradoura colaboração científica com publicações do Rio de Janeiro.

Em 1894, assumiu o cargo de consultor técnico do secretário de Agricultura, Comércio e Obras Públicas de Minas Gerais, Francisco Sá.

Foi eleito deputado federal na legenda do Partido Republicano Mineiro (PRM) para a legislatura de 1897-1899, logo destacou-se na Câmara por seu conhecimento dos problemas nacionais, especialmente os ligados à engenharia e à mineração. Defendeu a redução das tarifas alfandegárias, manifestou-se sobre a questão de fronteiras com a Guiana Francesa e se opôs à transferência da Escola de Minas para Barbacena, MG.

Tendo ficado contra o presidente da República, Prudente de Moraes, na cisão do Partido Republicano Federal (PR Federal), não conseguiu a reeleição para a Câmara no pleito de 1900 por lhe faltar o apoio dos grupos oligárquicos que, na época, controlavam as eleições no país.  

Depois de trabalhar algum tempo na mineração de manganês e de realizar uma viagem à Europa, Pandiá Calógeras retornou ao país e, em 1903, publicou "As Minas do Brasil e Sua Legislação", obra que lhe valeu projeção nacional. No livro, defendia a tese que mais tarde apresentou na Câmara e foi transformada na Lei Calógeras: propunha que se estabelecesse uma distinção entre a propriedade do solo e a do subsolo, assegurando ao governo o direito de desapropriar o subsolo para explorá-lo.

Retornou à Câmara ainda em 1903, eleito pelo Distrito de Ouro Preto na legenda do Partido Republicano Mineiro (PRM), e em pouco tempo adquiriu a reputação de uma das figuras mais expressivas do Congresso. Reeleito sucessivamente em 1906, 1909 e 1912, manteve-se no Parlamento até 1914, participando com destaque do debate de todas as principais questões nacionais da época.

Pronunciou-se sobre a valorização do café, a caixa de conversão, a reforma tributária, a política de transportes, a consolidação das fronteiras, a generalização de instrução pública de nível primário e, naturalmente, a mineração. Apresentou o projeto transformado na Lei Calógeras e, a convite do Barão do Rio Branco, integrou a delegação brasileira à III Conferência Pan-Americana, realizada no Rio de Janeiro em 1906. Interveio na questão do condomínio da Lagoa Mirim, na fronteira entre Brasil e Uruguai, e da livre navegação no rio Jaguarão no Rio Grande do Sul.

Em 1908, discursou na Câmara sobre o reaparelhamento bélico. Participou da IV Conferência Pan-Americana, realizada em Buenos Aires em 1910, e ainda nesse período converteu-se ao catolicismo, manifestando-se em debates parlamentares contra o divórcio e a favor da instalação de uma representação diplomática permanente junto ao Vaticano.

Em seu último mandato fez cerrada oposição ao governo do marechal Hermes da Fonseca, e colaborou com a revista Defesa Nacional, dirigida pelo grupo dos "jovens turcos", oficiais que haviam estagiado no Exército alemão e pretendiam modernizar as forças armadas brasileiras. Eram conhecidos assim em alusão ao movimento nacionalista que atuava no processo de modernização da Turquia na mesma época.

No Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio

Ao assumir o governo federal, em 15/11/1914, o presidente Wenceslau Brás aceitou a sugestão de militares ligados aos "jovens turcos" e nomeou Pandiá Calógeras para a pasta da Agricultura, Indústria e Comércio. Em sua gestão, que durou apenas até julho do ano seguinte, o novo titular promoveu a reorganização de todos os departamentos do ministério, fixou as bases do crédito agrícola, aplicou a lei de sua autoria na regulamentação da propriedade das minas e estudou o uso do álcool como substituto da gasolina, em virtude de problemas de abastecimento causados pela Primeira Guerra Mundial. Baixou ainda decretos reorganizando os serviços de veterinária e de inspeção de defesa agrícola.

No Ministério da Fazenda

Em junho de 1915, substituiu interinamente o ministro da Fazenda, Sabino Alves Barroso Júnior, impedido por motivo de doença. Após acumular as duas pastas durante um mês, foi efetivado no Ministério da Fazenda, onde encontrou uma situação precária, marcada pela carência de rendas para cobrir as necessidades mais urgentes, uma grande dívida flutuante, a arrecadação aduaneira reduzida a 1/3, a suspensão da cobrança de impostos até que se resolvessem alguns protestos e reclamações, a paralisia dos transportes marítimos e a existência de um segundo funding loan (consolidação dos empréstimos brasileiros junto aos credores ingleses).

Além desses problemas, Pandiá Calógeras enfrentou a incúria administrativa e a corrupção, o que lhe valeu ataques publicados na imprensa pelos beneficiários desse estado de coisas. Superando os obstáculos, o novo ministro regularizou a dívida flutuante, reorganizou a Casa da Moeda e assumiu a responsabilidade integral pelo funding, promovendo um acordo com os credores estrangeiros que impediu seu controle sobre as alfândegas brasileiras. Ao deixar a pasta, em setembro de 1917, recebeu da Casa Rothschild um documento atestando que nunca as finanças brasileiras tinham se apresentado tão florescentes.

Reconduzido à Câmara Federal em 1918, recebeu do presidente eleito Francisco de Paula Rodrigues Alves a incumbência de elaborar um relatório da situação do país, que viria a ser posteriormente publicado sob o título de "Problemas da Administração". Em novembro desse ano, motivos de saúde impediram a posse de Rodrigues Alves no seu segundo mandato à frente do governo federal, assumindo então, por pouco tempo, o vice-presidente eleito Delfim Moreira.

Com o término da Primeira Guerra Mundial, realizou-se em Versalhes, França, a Conferência de Paz. Pandiá Calógeras integrou a delegação brasileira ao congresso, presidida pelo senador Epitácio Pessoa. Entretanto, Epitácio Pessoa foi eleito presidente da República para completar o quadriênio, e retornou ao Brasil. Pandiá Calógeras assumiu a chefia da delegação e, após o encerramento do Congresso de Versalhes, permaneceu ainda algum tempo na Europa, representando o Brasil em alguns encontros internacionais e chefiando a missão comercial que esteve na Inglaterra em 1919.

No Ministério da Guerra

Regressando ao Brasil, Pandiá Calógeras não retomou seu mandato parlamentar em virtude de ter sido nomeado ministro da Guerra do governo de Epitácio Pessoa, tornando-se o único civil a ocupar esse cargo na história republicana do país. Sua escolha foi aprovada por um grande número de oficiais do Exército, que já lhe haviam prestado homenagens quando de sua atuação nos outros ministérios. Também repercutira favoravelmente um discurso que pronunciara na Câmara no ano anterior sobre a situação das forças armadas.

Em sua administração, iniciada em outubro de 1919, o Exército brasileiro experimentou intensa modernização, expansão e aperfeiçoamento em todos os setores, contando para isso, a partir de 1920, com a assessoria da missão militar francesa chefiada pelo general Maurice Gustave Gamelin, que teve profunda influência na reorganização do Exército e na formação de oficiais de estado-maior.

Pandiá Calógeras promoveu a reforma da instrução dos quadros e da tropa, tornando-a mais técnica com a criação de escolas para cada especialidade, entre elas a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Além disso, baixou nova regulamentação para as escolas de Estado-Maior, de Aviação, de Veterinária e para os colégios militares. Instituiu também a instrução física obrigatória para todas as armas.

Alterou ainda a divisão territorial militar e a organização das divisões do Exército, reorganizando a Artilharia de Costa e criando a Diretoria Geral de Intendência de Guerra.

Fez grandes aquisições de material bélico moderno para as diversas armas e serviços, incrementando a indústria militar nacional, sobretudo as fábricas instaladas em Realengo, no Rio de Janeiro, e em Piquete, SP.  Construiu 103 estabelecimentos militares espalhados por todo o país, tomando cuidados especiais com as instalações de serviços básicos nas casernas. No setor de aviação, montou novas esquadrilhas, inclusive de aviões de caça.

Por influência direta da missão francesa, surgiram em 1920 o Regulamento Disciplinar do Exército (RDE) e o Regulamento Interno de Serviços Gerais (RISG). Data também dessa época a formulação da primeira política de defesa nacional abrangendo todos os aspectos de vida do país, desde a preparação militar propriamente dita até o desenvolvimento de indústrias estratégicas, como a siderurgia. Foi o desdobramento dessa concepção que levou à criação, em 1927, do Conselho de Defesa Nacional.

Ainda em 1920 o Governo Federal adquiriu a Fazenda Quitaúna, em São Paulo, onde Pandiá Calógeras construiu um quartel-general que serviu de apoio à ampliação da força militar estacionada nesse estado.

No final de sua gestão à frente do Ministério da Guerra ocorreu o levante de 05/07/1922, inaugurando o ciclo de movimentos tenentistas que marcou a década. Pandiá Calógeras participou diretamente dos acontecimentos que antecederam a revolta, bem como da repressão ao levante. Foi ele que, a pedido do presidente Epitácio Pessoa, enviou em 1º de julho um aviso de repreensão ao marechal Hermes da Fonseca, presidente do Clube Militar, por suas declarações contra a participação de tropas federais no conflito entre forças políticas pernambucanas em torno do resultado das eleições estaduais ali realizadas. A polêmica então estabelecida entre o marechal e o governo levou à sua prisão e ao fechamento do Clube Militar no dia 2 de julho, o que revoltou parcela ponderável da juventude militar. Informado dos preparativos para uma revolta no forte de Copacabana, Pandiá Calógeras enviou o capitão José da Silva Barbosa, acompanhado pelo general Bonifácio Costa, para substituir Euclides Hermes da Fonseca, filho de Hermes da Fonseca, no comando dessa corporação. A prisão desses oficiais legalistas pela guarnição de Copacabana configurou o início do levante, que envolveu também a Escola Militar e algumas tropas da Vila Militar, no Rio de Janeiro, além do contingente estacionado em Mato Grosso.

Em todas essas frentes, a revolta foi rapidamente sufocada. Esperançosos de obter o apoio dos oficiais da Vila Militar, os alunos da Escola Militar, chefiados pelo coronel João Maria Xavier de Brito Júnior, começaram sua marcha sobre a cidade. Recebidos a tiros pela guarnição, recuaram para Realengo, onde se renderam. Como conseqüência, mais de quinhentos alunos foram expulsos da escola. Também em Mato Grosso a rebelião foi logo dominada, com o deslocamento de tropas da Força Pública de São Paulo, que obtiveram a rendição dos rebeldes.

No forte de Copacabana, a revolta teve início em um ambiente de desilusão, causado pela certeza de que não poderiam contar com o apoio dos companheiros de conspiração. Apesar disso, os revoltosos atingiram o prédio do Ministério da Guerra com tiros de canhão, o que alarmou as autoridades e levou à mudança do quartel-general legalista para a guarnição do Corpo de Bombeiros situada do outro lado da praça fronteiriça, o Campo de Santana. Em 6 de julho, o forte foi cercado e Pandiá Calógeras começou a ameaçar seus ocupantes com um ataque por terra e mar, caso não se rendessem. Diante da situação, o capitão Euclides Hermes liberou seus soldados e oficiais para optarem, permanecendo no quartel apenas 28 voluntários dispostos a lutar. Pouco depois, Euclides Hermes foi preso ao sair do forte para parlamentar com Pandiá Calógeras.

Sob o comando do tenente Antônio Siqueira Campos, os revoltosos resolveram então abandonar o quartel e continuar a luta marchando pela avenida Atlântica de encontro às forças legalistas, desencadeando então o episódio conhecido como Os 18 do Forte, última escaramuça da revolta de 1922, que resultou na morte de vários revoltosos e ferimentos nos restantes.

Depois de 1922

Com o fim do mandato de Epitácio Pessoa, 15/11/1922, Pandiá Calógeras deixou o ministério e se afastou da política por discordar da eleição de Arthur Bernardes para a presidência da República.

Entre 1923 e 1929, presidiu a Companhia Nacional de Artefatos de Cobre (Conac), desenvolvendo também grande atividade intelectual como jornalista, conferencista e escritor. Nesse período, publicou "A Política Exterior do Império", em três volumes, considerada sua obra mais importante como historiador e, em 1930, "Formação Histórica do Brasil". Em 1928, foi eleito presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia.

Quando das eleições presidenciais de março de 1930, apoiou Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal (AL), coligação interpartidária de oposição. Com a vitória do situacionista Júlio Prestes, as forças oposicionistas aceleraram os preparativos para uma revolta armada que, deflagrada em 3 de outubro, foi vitoriosa ao cabo de 21 dias de luta. Convidado, Pandiá Calógeras recusou-se a participar da junta governativa que exerceu o poder até a formação, em 3 de novembro, do Governo Provisório, chefiado por Getúlio Vargas. Esse governo nomeou-o em 1931 relator do projeto sobre legislação de minas nas comissões legislativas então instituídas e membro da Comissão de Estudos Financeiros e Econômicos dos Estados e Municípios. No mesmo ano, a convite do governo mineiro, estudou a reforma do sistema tributário desse estado.

Em 1932 tornou-se presidente da Liga Eleitoral Católica e manifestou simpatias pela Revolução Constitucionalista, deflagrada em São Paulo para exigir a imediata reconstitucionalização do país e a devolução da autonomia estadual. Mesmo derrotada, a Revolução teve influência na convocação de eleições para a Assembléia Nacional Constituinte em 1933. Nesse pleito, concorrendo em Minas Gerais na legenda do Partido Progressista (PP), Pandiá Calógeras obteve a maior votação até aí alcançada no Brasil por um candidato a deputado. Pouco depois, seu nome foi incluído na lista apresentada por líderes mineiros a Getúlio Vargas para que este escolhesse o interventor que substituiria o governador Olegário Maciel, recém-falecido, na chefia do Executivo estadual. A escolha do chefe do Governo Provisório recaiu, entretanto, sobre Benedito Valadares.

Foi em Petrópolis, RJ, que Pandiá Calógeras viveu os últimos anos de sua profícua existência e onde provavelmente escreveu "Ascensões D'alma", obra publicada em 1934, com prefácio do Padre Leonel Franca, verdadeira obra-prima que revela seu amor pelo Criador e sua fidelidade aos ensinamentos do Evangelho.

Pandiá Calógeras faleceu em Petrópolis, no Sanatório São José, anexo aos Hospital Santa Tereza, onde se achava em tratamento havia poucos dias, às 20:30 hs do dia 21/04/1934. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Municipal, numa sepultura em cuja lápide ainda hoje podem-se ler os dizeres:

"Ad pedes tuos... Fiat voluntas tua..."
(Aos teus pés... Faça-se a tua vontade...)"

Dizeres que refletem a resignação e a humildade evangélica que acompanharam sua alma profundamente cristã nos estertores de sua existência.

Pandiá Calógeras faleceu na vigência de seu mandato constituinte.

Foi patrono da cadeira nº 7 e membro correspondente no exterior da Academia Carioca de Letras. Além de inúmeros discursos, relatórios e artigos, publicou obras sobre diferentes temas, nas áreas de sociologia, história, finanças, indústria, administração, engenharia, política e pedagogia, entre as quais "As Minas do Brasil e Sua Legislação" (3v., 1904-1905), "La Politique Monétaire du Brésil" (1910), "Os Jesuítas e o Ensino" (1911), "Novos Rumos Econômicos" (1912), "Rio Branco e a Política Exterior" (1916), "A Política Exterior do Império" (3v., 1927-1933), "A União Brasileira" (1927), "A Ordem de São Bento e a Civilização" (1927), "Problemas de Governo" (1928), "Formação Histórica do Brasil" (1930), "Conceito Cristão do Trabalho" (1932), "Problemas de Administração" (1933), "Estudos Históricos e Políticos (Res Nostra)" (2ª ed., 1936), "O Marquês de Barbacena" (1936), "Ascensões D'alma (Uma Página Íntima)", "As Relações Exteriores do Brasil" e "A Lei de Minas".  

Deixou vários inéditos, entre os quais "Diário da Conferência de Paz", um ensaio sobre a eucaristia, e um trabalho de caráter íntimo chamado "Méditations".

Muitos artigos e livros foram escritos sobre a vida de Pandiá Calógeras, entre os quais o de de E.M de Castro e Silva, "À Margem do Ministério Calógeras", a coletânea "Pandiá Calógeras na Opinião de Seus Contemporâneos" (1934), o de Antônio Gontijo de Carvalho, "Calógeras" (1935) e o de Luís Pinto, "Pandiá Calógeras" (1955).

Odete Lara

ODETE RIGHI BERTOLUZZI
(85 anos)
Atriz, Cantora e Escritora

* São Paulo, SP (17/04/1929)
+ Rio de Janeiro, RJ (04/02/2015)

Odete Righi Bertoluzzi, mais conhecida como Odete Lara, foi uma atriz, cantora e escritora brasileira. Filha única de imigrantes do norte da Itália. Seu pai, Giuseppe Bertoluzzi, era originário de Belluno. Sua mãe, Virgínia Righi, cometeu suicídio quando Odete tinha seis anos. Por esse motivo foi internada num orfanato de freiras e depois levada para a casa de sua madrinha.

Odete se apegou fortemente ao pai, seu único referencial afetivo. Mas vitimado por uma tuberculose, Giuseppe Bertoluzzi foi obrigado a ficar afastado da filha. O pai também se matou quando Odete tinha 18 anos, deixando a filha órfã.

Seu primeiro emprego foi como secretária e datilógrafa. Foi uma amiga que estimulou Odete a fazer curso de modelo no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP) e participou do primeiro desfile da história da moda brasileira realizado no próprio MASP.

A beleza de Odete deslumbrou Otomar dos Santos, que a indicou para a então recém-inaugurada TV Tupi de Assis Chateaubriand.

Na televisão, Odete Lara começou como garota-propaganda. Em seguida participou da versão televisiva de "Luz de Gás", com Tônia Carrero e Paulo Autran, depois "Branca Neve e os Sete Anões", onde interpretou a Rainha Má.

Odete Lara se tornou estrela do "TV de Vanguarda", uma das maiores atrações da TV Tupi. Algumas telenovelas em que atuou nessa emissora foram "As Bruxas", "A Volta de Beto Rockfeller" e "Em Busca da Felicidade".

Foi contratada pelo grupo teatral do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e estreou na peça "Santa Marta Fabril S/A", dirigida por Adolfo Celi.

Estreou no cinema em 1956, atuando no filme "O Gato de Madame", comédia dirigida por Agostinho Martins Pereira, ao lado de Mazzaropi a convite do autor Abílio Pereira de Almeida


Em 1957, atuou nos filmes "Uma Certa Lucrécia" e "Absolutamente Certo". Em 1959, atuou nos filmes "Moral em Concordata" e "Dona Xepa". Em 1960, atuou em mais quatro filmes "Sábado a La Noche", "Dona Violante Miranda", "Na Garganta do Diabo" e "Duas Histórias (Cacareco Vem Aí)". Nesse último, interpretou o samba-canção "Franqueza" (Denis Brean e Osvaldo Guilherme). Em 1961, atuou em "Mulheres e Milhões", e em 1962 fez "Esse Rio Que eu Amo" e "As Sete Evas".

Em 1963, em pleno sucesso, atuou nos filmes "Sonhando Com Milhões", "Boca de Ouro" e "Bonitinha mas Ordinária", adaptação da peça de Nelson Rodrigues. Nesse ano, fez com Vinícius de Moraes, o espetáculo "Skindô" que, gravado ao vivo, resultou no LP "Vinícius e Odette Lara", lançado pelo selo Elenco. Nesse disco ela interpretou os sambas-canção "Só Por Amor", "Seja Feliz", "Hoje Só", "Deve Ser Amor" e "Além do Amor", todas de Vinícius de Moraes e Baden Powell. Ainda em 1963, suas interpretações para os sambas-canção "Só Por Amor" e "É Hoje Só" foram incluídas na coletânea "Première", com gravações extraídas dos seis primeiros LPs do selo Elenco.

Em 1964, participou do LP "Rio Capítal da Bossa Nova", da gravadora Elenco, cantando com Vinícius de Moraes, o samba "Mulher Carioca" (Baden Powell e Vinícius de Moraes). No mesmo ano, atuou nos filmes "Noite Vazia" e "Pão de Açúcar".

Em 1965, participou do filme "Mar Corrente" e apresentou-se no Teatro Paramount, em São Paulo, ao lado de Chico Buarque, no show "Meu Refrão".

Em 1966, lançou, pela Elenco, o LP "Contrastes", no qual interpretou os sambas "Tem Mais Samba" e "Meu Refrão" (Chico Buarque), "Apelo" e "Canção do Amor" (Baden Powell e Vinícius de Moraes), "Canção em Modo Menor" (Tom JobimVinícius de Moraes), "Minha Desventura!" (Carlos LyraVinícius de Moraes), "Sem Mais Adeus" (Francis HimeVinícius de Moraes), "Pra Você Que Chora" (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri), "Funeral de um Lavrador" (Chico Buarque e João Cabral de Melo Neto) e "Morrer de Amor" (Oscar Castro-Neves e Luvercy Fiorini).

Em 1967, sua interpretação para "Funeral de um Lavrador" (Chico Buarque e João Cabral de Melo Neto) foi incluída na coletânea "Grande Parada Elenco - Vol. 1", da gravadora Elenco. No mesmo ano, participou da coletânea "Vinícius de Moraes - Máximo da Bossa", da gravadora Elenco, interpretando os sambas "Labareda" e "Samba em Prelúdio", ambos da dupla Baden Powell e Vinícius de Moraes. Ainda no mesmo ano, atuou no filme "As Sete Faces de um Cafajeste".

Em 1968, atuou no filme "Câncer em Família", e, no ano seguinte, atuou com sucesso nos filme "Copacabana me Engana", dirigido por Antônio Carlos da Fontoura, e "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro", dirigido por Glauber Rocha.

Em 1970, gravou, especialmente para a série "História da Música Popular Brasileira - Vol. 4 - Chico Buarque", o samba "Noite dos Mascarados" (Chico Buarque), cantando em dueto com o próprio Chico Buarque. No mesmo ano, atuou nos filme "Em Família", dirigido por Paulo Porto, "Os Herdeiros", dirigido por Cacá Diegues, e "Vida e Glória de um Canalha".


Em 1971, trabalhou nos filmes "Aventuras Com Tio Maneco", "Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa", "O Jogo da Vida e da Morte" e "Viver de Morrer".

Em 1972, atuou no filme "Quando o Carnaval Chegar", de Cacá Diegues, no qual contracenou com Chico Buarque, Maria Bethânia e Nara Leão.  Atuou também em "Primeiros Momentos", de Pedro Camargo, e "Vai Trabalhar, Vagabundo", de Hugo Carvana.

Em 1974, suas interpretações para "Samba em Prelúdio" e "Labareda", ambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes, foram incluídas na coletânea "Série Autógrafos de Sucesso - Vinícius de Moraes", da gravadora Fontana/Philips. Nesse ano, trabalhou nos filmes "A Estrela Sobe", de Bruno Barreto, e "A Rainha Diaba", de Antônio Carlos Fontoura.

Em 1975, sua gravação do "Samba em Prelúdio", feita em dueto com Vinícius de Moraes, foi incluída na compilação "Encontros", lançada pela gravadora Philips, em caixa com três LPs.

Em 1976, o selo Fontana/Philips lançou o álbum duplo "A Arte de Vinícius de Moraes", que incluiu sua interpretação para "Samba em Prelúdio" (Baden Powell e Vinícius de Moraes). No mesmo ano, a Philips lançou o LP "Assim era a Atlântida", com fonogramas retirados de filmes produzidos pela Atlântida Cinematográfica, no qual está incluída sua interpretação para o samba-canção "Franqueza",(Denis Brean e Osvaldo Guilherme).

Em 1978, atuou no filme "O Princípio do Prazer", que seria seu último filme. Por essa época, converteu-se ao budismo e abandonou a carreira indo morar reclusa num sítio na região de Friburgo, no Rio de Janeiro.

Em 1981, sua interpretação para o samba-canção "Só Por Amor" (Baden Powell e Vinícius de Moraes), foi incluída na coletânea "A Mulher, o Amor, o Aorriso e a Flor", lançada pela PolyGram, com quatro LPs em homenagem à obra de Vinícius de Moraes. Publicou três livros autobiográficos, "Eu Nua""Minha Jornada Interior" e "Meus Passos na Busca da Paz", além de ter traduzido várias obras do budismo.

Nos anos 2000, por motivos de saúde voltou a morar no Rio de Janeiro, no bairro do Flamengo. Foi premiada no Festival de Gramado, com o Troféu Oscarito, por sua contribuição ao cinema brasileiro. Destacou-se como intérprete da obra de Vinícius de Moraes, sendo a gravação de "Samba em Prelúdio", uma das mais festejadas.

Também cantou no espetáculo "Eles e Ela", com Sérgio Mendes e "Quem Samba Fica", com Sidney Miller. Outro disco que participou foi "Contrastes".

Odete Lara foi casada com o dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho e com o diretor de cinema Antonio Carlos Fontoura. Namoradeira assumida, também teve um caso com o novelista Euclydes Marinho.

Morte

Odete Lara morreu na quarta-feira, 04/02/2015, aos 85 anos no Rio de Janeiro. Odete Lara sofreu um infarto por volta das 7:15 hs, em uma clínica de repouso onde morava no Rio de Janeiro desde que sofreu uma queda que resultou em uma fratura do fêmur.

O velório acontece no Parque Lage, na quarta-feira, às 16:30 hs. Depois, seu corpo será levado para Nova Friburgo, onde será cremado na quinta-feira, 05/02/2015, às 15:00 hs, em cerimônia no Cemitério Luterano de Nova Friburgo, na Região Serrana.

Odete Lara e Milton Gonçalves
Cinema
  • 1956 - O Gato de Madame
  • 1957 - Absolutamente Certo ... Odete
  • 1957 - Arara Vermelha
  • 1958 - Uma Certa Lucrécia
  • 1959 - Dona Xepa
  • 1959 - Moral em Concordata
  • 1960 - Sábado a La Noche, Cine (Filme argentino)
  • 1960 - Dona Violante Miranda
  • 1960 - Duas Histórias
  • 1960 - Na Garganta do Diabo
  • 1961 - Esse Rio Que Eu Amo
  • 1961 - Mulheres e Milhões (Participação especial)
  • 1962 - Boca de Ouro
  • 1962 - Sete Evas
  • 1963 - Bonitinha, Mas Ordinária
  • 1963 - Sonhando Com Milhões
  • 1964 - Noite Vazia
  • 1964 - Pão de Açúcar
  • 1965 - Mar Corrente
  • 1967 - As Sete Faces de Um Cafajeste
  • 1968 - Câncer em Família
  • 1969 - Copacabana me Engana
  • 1969 - O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro
  • 1970 - Em Família
  • 1970 - Os Herdeiros
  • 1970 - Vida e Glória de um Canalha
  • 1971 - Aventuras Com Tio Maneco
  • 1971 - Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa
  • 1971 - O Jogo da Vida e da Morte
  • 1971 - Viver de Morrer
  • 1972 - Quando o Carnaval Chegar
  • 1973 - Primeiros Momentos
  • 1973 - Vai Trabalhar Vagabundo
  • 1974 - A Estrela Sobe
  • 1974 - A Rainha Diaba
  • 1975 - Assim Era a Atlântida
  • 1978 - O Princípio do Prazer
  • 1986 - Um Filme 100% Brasileiro
  • 2001 - Barra 68 - Sem Perder a Ternura

Odete Lara e Hugo Carvana
Televisão
  • 1965 - Em Busca da Felicidade ... Carlota (TV Excelsior)
  • 1970 - As Bruxas ... Flora (TV Tupi)
  • 1973 - A Volta de Beto Rockfeller ... Helena (TV Tupi)
  • 1991 - O Dono do Mundo ... Ester Veronese
  • 1994 - Pátria Minha ... Valquíria Mayrink