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Samuel Wainer

SAMUEL WAINER
(68 anos)
Jornalista

☼ São Paulo, SP (16/01/1912)
┼ São Paulo, SP (02/09/1980)

Samuel Wainer foi fundador, editor-chefe e diretor do jornal Última Hora. Foi casado com a modelo e jornalista Danuza Leão. Nasceu em São Paulo, SP, no dia 16/01/1912. Era filho de Jaime Wainer e de Dora Wainer.

Embora formado em farmácia, jamais exerceu a profissão. Começou sua carreira de jornalista ainda estudante, no Diário de Notícias. Em 1938, após o golpe do Estado Novo (10/11/1937), fundou a revista mensal Diretrizes. Transformada, em 1941, em semanário, Diretrizes adotou uma linha de oposição ao regime ditatorial liderado por Getúlio Vargas, tendo diversas edições apreendidas.

Em 1944, Diretrizes publicou uma entrevista de Lindolfo Collor, na qual o ex-ministro do trabalho afirmava esperar que o fim da guerra contra o nazismo na Europa fosse acompanhado pelo término da ditadura no Brasil. Em conseqüência, o suprimento de papel ao jornal foi suspenso. Obrigado a retirá-lo de circulação, Samuel Wainer partiu para o exílio, primeiro no Chile e depois nos Estados Unidos, onde trabalhou como correspondente de O Globo.


Com o fim do Estado Novo em 29/10/1945, retornou ao Brasil e reabriu Diretrizes.

Em 1947 vendeu o jornal e em seguida foi contratado pela cadeia dos Diários Associados.

Em fevereiro de 1949, quando a sucessão presidencial de Eurico Gaspar Dutra estava em pleno andamento, viajou ao Rio Grande do Sul com o objetivo de realizar reportagens sobre a produção de trigo. Aproveitou a ocasião para tentar uma entrevista com o ex-presidente Getúlio Vargas, que vinha evitando dar declarações aos jornais. Recebido por Getúlio Vargas, obteve permissão para publicar nos jornais dos Diários Associados uma entrevista na qual Getúlio Vargas afirmava: "Voltarei como líder de massas!".

Lançado pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Getúlio Vargas ganhou as eleições de 1950. Para romper o cerco imposto pela grande imprensa do país, Getúlio Vargas começou a pensar num jornal que, sem ser do governo, pudesse defender suas iniciativas, e escolheu Samuel Wainer para viabilizá-lo.

Samuel Wainer e Getúlio Vargas
Com financiamentos concedidos pelo banqueiro Válter Moreira Sales, Euvaldo Lodi, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e pelo industrial Ricardo Jafet, presidente do Banco do Brasil, Samuel Wainer adquiriu o parque gráfico da empresa Érica e o prédio onde ele estava instalado. Oferecendo esses bens ao Banco do Brasil como garantia, conseguiu um empréstimo para constituir a Empresa Editora Última Hora S.A.

A Última Hora circulou pela primeira vez em junho de 1951 e seis meses depois já era o vespertino de maior circulação no Rio de Janeiro.

Em março de 1952, o jornal começou a circular em São Paulo. A imprensa anti-Vargas desfechou uma campanha contra Samuel Wainer, acusando-o de favoritismo nas transações que efetuara com o Banco do Brasil. Liderada pela Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda, a campanha assumia cada vez maior agressividade. Carlos Lacerda chegou a afirmar que Samuel Wainer era estrangeiro, o que o impediria de possuir ou dirigir qualquer órgão de imprensa no país, e que ele teria forjado uma certidão de nascimento, tendo incorrido assim em crime de falsidade ideológica.

Em abril de 1953, foi instituída uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias. Em junho, depondo perante a CPI, Samuel Wainer recusou-se a mencionar os nomes de seus financiadores. Em setembro as conclusões da CPI foram desfavoráveis a Samuel Wainer, mas a situação não evoluiu.


Em 23/08/1954, no auge da crise que culminaria com o suicídio de Getúlio VargasSamuel Wainer recebeu um pedido do presidente para que no dia seguinte a manchete da Última Hora fosse "Só Morto Sairei do Catete!" e foi com esta manchete que o jornal circulou em 24 de agosto.

Após a morte de Getúlio VargasSamuel Wainer manteve a Última Hora numa linha de cerrada oposição ao novo presidente, João Café Filho. O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) recebeu integral apoio da Última Hora, que defendeu a construção de Brasília, uma das suas iniciativas mais polêmicas.

Durante o governo de Jânio Quadros, o jornal apoiou algumas iniciativas no campo da política externa, como a aproximação com os países socialistas. Após a renúncia de Jânio Quadros (25/08/1961), a Última Hora defendeu a posse do vice-presidente João Goulart, que na ocasião sofreu uma tentativa de veto por parte dos ministros militares. Durante o governo João Goulart, o jornal manteve-se sempre ao lado do presidente, apoiando suas propostas de reformas de base.


Após o Golpe Militar de 31/03/1964, Samuel Wainer teve seus direitos políticos suspensos. Exilando-se na França, voltou ao Brasil em 1967 e reassumiu a direção da Última Hora. Vendeu o jornal em 1972. Trabalhou em diferentes órgãos da imprensa brasileira até o final da década de 70.

Samuel Wainer foi casado três vezes e do matrimônio com Danuza Leão teve três filhos.

Faleceu em São Paulo, no Hospital Albert Einstein, vítima de uma parada cardiorrespiratória, no dia 02/09/1980, aos 68 anos.

Abel Ferreira

ABEL FERREIRA
(65 anos)
Instrumentista, Arranjador e Compositor

* Coromandel, MG (15/02/1915)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/04/1980)

Abel Ferreira foi autodidata, e não apenas na música, pois a família impediu seus estudos, obrigando-o a trabalhar desde pequeno em diversos ofícios. Tanto a escolaridade quanto a educação musical vieram às escondidas. O aprendizado da música nasceu do estímulo de escutar a banda filarmônica de sua cidade.

Há registros de que aos cinco anos tocava gaita e aos sete flauta de bambu. Aos 12 anos, depois de ter-se iniciado por conta própria em teoria musical através de um método da década de 1920 chamado "Artinha", experimentou pela primeira vez uma clarineta de 13 chaves, sob a orientação de um obscuro professor de Coromandel, de nome Hipácio Gomes.

"Esparramei os dedos do menino no instrumento", comentou Hipácio Gomes, 30 anos mais tarde. Abel Ferreira não teve nenhum outro professor de música, nem antes, nem depois.

O contato com o saxofone veio aos 15 anos de idade. Conta-se que, sabendo da existência de um sax alto numa outra cidade de Minas Gerais, Abel Ferreira viajou horas de trem apenas para conhecer o instrumento, que nunca havia visto. Aprendeu sozinho. Embora intuitivo, Abel Ferreira tinha ouvido absoluto e aprendeu a escrever música, dominava a teoria musical, fazia arranjos e tocava piano.


O fato é que Abel Ferreira trouxe a música dentro de si e dela não mais se separou. Nem de seu instrumento, o clarinete, que carregava para todo lado, lembrando os tempos de moleque em que desmontava peça por peça para tê-lo sempre nos bolsos.

Aos doze estreou na banda de sua cidade e mais tarde começou a se destacar nas orquestras que tocava.

Aos 17 mudou-se para Belo Horizonte e passou a tocar sax alto e tenor, apresentando-se na Rádio Guarani. Tendo passado por Belo Horizonte e Uberaba, foi aconselhado depois pelo maestro Gaó a seguir para São Paulo, onde conseguiu finalmente se profissionalizar.

Em 1935 foi para São Paulo, ingressando na orquestra de Maurício Cascapera. Em seguida mudou-se para Uberaba, onde se tornou diretor artístico da emissora de rádio local. Nessa época participou de um show em Poços de Caldas, em que acompanhou as irmãs Carmen Miranda e Aurora Miranda.

De volta a Belo Horizonte, tocou em 1937 com J. França e Sua Banda. Com o mesmo grupo apresentou-se em São Paulo, em 1940, e mais tarde com Pinheirinho e seu Regional, na Rádio Tupi paulistana. Gravou suas primeiras composições, o choro "Chorando Baixinho", em solo de clarineta, e a valsa "Vânia", em solo de saxofone, em 1942, na Columbia de São Paulo, com o acompanhamento de Pinheirinho e seu Regional.

Abel Ferreira e Ademilde Fonseca
No ano seguinte foi para o Rio de Janeiro onde passou a tocar com Ferreira Filho e sua Orquestra, no Cassino da Urca, lançando em 1944 uma nova gravação de suas primeiras composições, dessa vez com Claudionor Cruz e seu Regional. Em 1945 e 1946 tocou, respectivamente, nas orquestras de Vicente Paiva e Benê Nunes, apresentando-se em cassinos e na Rádio Globo. Fez duetos memoráveis com Zé da Velha e com Pixinguinha, com quem gravou "Ingênuo" em 1958.

Com esses conjuntos musicais, e com o seu grupo, formado em 1947, acompanhou vários cantores importantes da época, como Sílvio Caldas, Francisco Alves, Augusto Calheiros, Orlando Silva, Marlene, Emilinha Borba e outros.

Em 1949 ingressou na Rádio Nacional, onde passou a se apresentar como líder da Turma do Sereno. Tocou no mesmo ano com Ruy Rey e sua Orquestra, gravando na Todamérica seu choro "Acariciando" (Abel FerreiraLourival Faisal). Com Paulo Tapajós, seu companheiro na Rádio Nacional, formou em 1952 a Escola de Ritmos, que viajou por todo o Brasil.

Viajou em 1957 com seu conjunto em tournée por Portugal e em 1958 integrou o grupo Os Brasileiros, do qual também participavam Shuca, Trio Irakitan, Dimas, Pernambuco e o maestro Guio de Morais, em excursão de divulgação de música brasileira em vários países europeus, gravando ainda o LP "Os Brasileiros na Europa". Viajou pelos Estados Unidos, inclusive Hawaii, com o pianista Benê Nunes, em 1960, e pela Argentina com Waldir Azevedo, em 1961.

Abel Ferreira e Ademilde Fonseca
Voltou à Europa em 1964-1965, gravando nesse último ano o disco "Abel Ferreira e Sua Turma". Visitou a União Soviética e outros países europeus em 1968.

Na década de 1970, principalmente a partir do lançamento do LP "Pra Seu Governo", de Beth Carvalho, na gravadora Tapecar, tornou-se um dos músicos mais requisitados em gravações e shows, como acompanhante, no sax e na clarineta.

Legítimo herdeiro da categoria do clarinetista Luís Americano, aposentou-se no rádio em 1971, tendo durante esses anos composto vários choros que se incorporaram aos clássicos instrumentais: "Doce Melodia" é um exemplo.

Com a redescoberta do choro e a criação do Clube do Choro, no Rio de Janeiro, em meados de 1975, voltou à atividade, passando a apresentar-se, ao lado de Raul de Barros e Copinha em vários shows de teatro.

Nas contas do próprio Abel Ferreira, compôs mais de cinquenta músicas, entre elas "Acariciando", "Luar de Coromandel" e "Chorinho do Suvaco de Cobra". Viajou o mundo todo e até seus últimos anos de vida continuou soprando o instrumento, em shows com Copinha e Raul de Barros


Quando morreu, em 1980, era considerado o mestre maior da clarineta brasileira. Luís Americano, desaparecido 20 anos antes, havia deixado poucas gravações de boa qualidade, e no final da vida o vigor de seu sopro já não era o mesmo. Abel Ferreira era soberano, e encantou jovens platéias pelo Brasil quando excursionou, junto com Ademilde Fonseca, no Projeto Pixinguinha, em 1976.

Tão importante quanto o intérprete é o Abel Ferreira compositor. Algumas de suas invenções, muitas vezes transpassadas por uma melancolia que lhes imprime um caráter intimista, tornaram-se clássicos. "Acariciando", "Doce Melodia", "Levanta Poeira", "Chorinho do Sovaco de Cobra" e, principalmente, "Chorando Baixinho", são melodias de tal forma identificadas com a alma musical brasileira que não há quem não se encante ao ouvi-las, pela enésima vez, numa roda de choro.

Abel Ferreira tem algumas gravações lançadas em CD, onde se encontram diversas versões de seus maiores sucessos. "Brasil, Sax e Clarineta" (Discos Marcus Pereira), de 1976, tornou-se um de seus trabalhos mais premiados. Há também gravações coletivas antológicas, com Arthur Moreira Lima e o Época de Ouro, e o excelente "Chorando na Praça" com Paulo MouraCopinha, Zé da Velha, Joel Nascimento e Waldir Azevedo.

Abel Ferreira, mineiro de alma derramada como o luar de sua Coromandel, que homenageou numa valsa, é daqueles transmitem a boa sensação de permanência da música brasileira. Chorando baixinho, para sempre.

Discografia

  • 1942 - Chorando Baixinho / Vânia (Columbia)
  • 1943 - Haroldo no Choro / Sururu no Galinheiro (Columbia)
  • 1950 - Polquinha Mineira / Doce Melodia (Todamerica)
  • 1951 - Galo Garnizé / Chorinho ao Luar (Todamérica)
  • 1951 - Minha Vida / Balança Mas Não Cai (Todamérica)
  • 1951 - Baião no Deserto / Chorinho do Bruno (Continental)
  • 1952 - Sonho Negro / Tristesse - Opus 10 Nº 3 (Todamérica)
  • 1952 - Indiferença / Mexidinho (Todamérica)
  • 1953 - Uma Noite em São Borja / Baiãozinho Bom
  • 1953 - Louco de Amor / Chorando Baixinho (Todamérica)
  • 1953 - O Avião / Melancolia (Todamérica)
  • 1954 - Menezes no Choro / Sai da Frente (Todamérica)
  • 1954 - Jantar Dançante (Copacabana)
  • 1955 - Constantemente / Acariciando (Todamérica)
  • 1955 - No Tempo do Cabaré (Copacabana)
  • 1956 - Doce Mentira / Barco Veleiro (Continental)
  • 1956 - Aquela Noite / Imperial (Continental)
  • 1956 - Coração em Férias / Saudade Gostosa (Todamérica)
  • 1958 - Jantar Dançante - Abel Ferreira e seu Conjunto (Copacabana)
  • 1959 - Recado / Lamento (Copacabana)
  • 1962 - Chorando Baixinho - Abel Ferreira e seu Conjunto (Odeon)
  • 1964 - Abel Ferreira e a Turma do Sereno (Odeon)
  • 1976 - Brasil, Sax e Clarineta (Discos Marcus Pereira)
  • 1977 - Choro na Praça
  • 1977 - Abel Ferreira e Filhos (Discos Marcus Pereira)
  • 1978 - Abel Ferreira e seu Conjunto (RGE)
  • 1979 - Chorando Baixinho - Um Encontro Histórico

Fonte: Wikipédia

Petrônio Portella

PETRÔNIO PORTELLA NUNES
(54 anos)
Advogado e Político

* Valença do Piauí, PI (12/09/1925)
+ Brasília, DF (06/01/1980)

Foi um advogado e político brasileiro de atuação destacada como fiador da distensão política empreendida pelos presidentes Ernesto Geisel e João Baptista de Oliveira Figueiredo.

Filho de Eustáquio Portella Nunes e Maria Ferreira de Deus Nunes mudou-se para Teresina aos onze anos de idade acompanhado de seus genitores a fim de prosseguir em seus estudos. A seguir foi morar na cidade do Rio de Janeiro onde trabalhou como funcionário da atual Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, atividade que exerceu de modo concomitante com suas obrigações de universitário.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), à época chamada de Universidade do Brasil, exerceu a profissão de advogado na capital piauiense tendo sido ainda professor da Escola Técnica de Comércio do Piauí.

Quando jovem teve papel ativo na política estudantil. Foi líder da Reforma, o mais ativo partido universitário carioca e que disputava o cobiçado Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO) na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil.

Política

Após regressar ao Piauí, Drº Petrônio Portella passou a assessorar juridicamente a União Democrática Nacional (UDN), partido ao qual se filiou e logo se viu imerso no mundo político.

Disputou sua primeira eleição em 1950 quando foi eleito suplente de deputado estadual, condição que lhe valeu uma série de convocações para o exercício do mandato.

Em 1954 foi eleito deputado estadual e em 1958 foi eleito prefeito de Teresina, sendo um dos artífices da eleição de Chagas Rodrigues ao governo do estado.

Ao longo de sua gestão como prefeito teresinense rompeu com Chagas Rodrigues e pôs fim à aliança PTB/UDN, o que o fez coligar seu partido com o Partido Social Democrático (PSD) e pavimentar sua eleição para governador do Piauí em 1962, derrotando o deputado estadual Constantino Pereira de Sousa (PTB).

Foi durante seu interregno como chefe do executivo piauiense que eclodiu uma rebelião na Polícia Militar do Estado do Piauí em 1963 e no ano seguinte foi instaurado o Regime Militar de 1964, movimento ao qual hipotecou apoio, embora tenha se mostrado contrário ao mesmo num primeiro instante, ingressando a seguir na Aliança Renovadora Nacional (ARENA), o novo partido situacionista, sendo eleito senador em 1966.

Em seu primeiro mandato foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça, vice-líder de sua bancada e depois vice-líder do governo. Entre 1971 e 1973 foi presidente do Senado Federal e presidente da executiva nacional da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) entre 1973 e 1975, acumulando esta última tarefa com a liderança do governo Emílio Garrastazu Médici no Senado Federal e com a liderança de sua bancada.

Reeleito Senador em 1974, foi o condutor da chamada "Missão Portella", o primeiro passo da política de "distensão gradual e segura" empreendida pelo presidente Ernesto Geisel em seus planos de abertura.

Presidente do Senado Federal, pela segunda vez entre 1977 e 1979 foi alçado à presidência da Comissão de Relações Exteriores daquela casa em 1979, cargo do qual se afastou em 15/03/1979 ao ser nomeado Ministro da Justiça pelo presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo. Durante seu interregno no cargo, o Pluripartidarismo foi restaurado e foi decretada a Lei da Anistia que pacificou os ânimos nacionais quanto às conseqüências do Regime Militar.

Em razão de sua capacidade de articulação era apontado como um dos candidatos a sucessão presidencial pelo Partido Democrático Social (PDS), contudo faleceu em Brasília vítima de ataque cardíaco em 06/01/1980.

Sucessores

Devido ao seu falecimento, foi sucedido em sua vaga de senador por Bernardino Soares Viana e como Ministro da Justiça deu lugar a Ibrahim Abi-Ackel após uma breve passagem de Golbery do Couto e Silva pelo cargo.

Família

No início de sua carreira política, Petrônio Portella era um férreo opositor do governador Pedro Freitas, o que não o impediu de casar-se com a filha de seu adversário político.

Dois de seus irmãos atuaram na política do Piauí: Lucídio Portela Nunes foi nomeado governador do estado em 1978 pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e eleito pelo Partido Democrático Social (PDS) vice-governador do estado em 1986 e senador em 1990, enquanto que Elói Portela foi eleito primeiro suplente do senador Freitas Neto em 1994, chegando a exercer o mandato entre abril de 1998 e janeiro de 1999 quando o titular foi Ministro Extraordinário das Reformas Institucionais no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso.

Seu sobrinho, Marcelo Coelho, foi eleito deputado estadual em 1982, 1986, 1998 e 2002 sempre pelo Partido Democrático Social (PDS) e pelas legendas que o sucederam.

Fonte: Wikipédia

Angelita Martinez

ANGELITA MARTINEZ
(48 anos)
Cantora, Bailarina, Vedete e Atriz

* São Paulo, SP (17/05/1931)
+ São Paulo, SP (13/01/1980)

Angelita Martinez foi uma vedete, atriz e cantora brasileira. Era filha do jogador Bartô Guarani, que fez sucesso no Clube Paulistano. Começou sua carreira artística na década de 50 no Teatro de Revista.

Entre os vários prêmios que recebeu, destaca-se o de Rainha das Vedetes, em 1958.

Estreou no cinema em 1960, no filme "Pequeno Por Fora". Em 1966, fez o filme "007 1/2 no Carnaval".

Angelita Martinez fez poucos filmes, dedicando-se mais à carreira de cantora e bailarina e gravou algumas músicas típicas para carnaval, de sucesso relativo.


Participou dos primórdios da televisão brasileira, e causando escândalo, como numa edição do programa Espetáculos Tonelux, de 27/12/1956, na TV Continental, onde apareceu com roupas sumárias, causando reação na sociedade moralista da época.

Teve vários romances célebres, como os com Garrincha, Dorival Caymmi e com o então vice-presidente João Goulart.

Casou-se com Francisco Bretal Rego em 13/08/1964. 

Angelita Martinez morreu em 13/01/1980, aos 48 anos de idade, vítima de leucemia, em São Paulo.

Jaime Barcelos

JAIME JAIMOVICH
(50 anos)
Ator

* Rio de Janeiro, RJ (30/03/1930)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/12/1980)

Nascido como Jaime Jaimovich e descendente de judeus, o ator Jaime Barcelos foi um dos mais importantes atores nacionais com inúmeras telenovelas e filmes estrelados.

A estréia aconteceu em 1951 no filme "Presença de Anita". Na televisão, em meados da década de 50, estrelou vários teleteatros na TV Tupi. Ele foi o Frei Porta em "Marcelino Pão e Vinho", o Mr. Ships em "Adeus Mr. Ships", além de muitos outros papéis como coadjuvante na série especial "Teatro da Juventude" produzido por Júlio Louzada.

Sua primeira novela diária foi "Os Quatro Filhos" na TV Excelsior.

Jaime Barcelos foi casado com a atriz Sônia Greiss, teve dois filhos, entre eles o ator Daniel Barcellos.

Jaime Barcelos morreu vítima de um edema pulmonar quando dirigia seu carro no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro.

Televisão

  • 1980 - Olhai os Lírios do Campo ... Padre Giácomo
  • 1978 - Aritana ... Nonô
  • 1977 - Sítio do Pica-Pau Amarelo ... Coronel Teodorico
  • 1977 - Sem Lenço, Sem Documento ... Heleno
  • 1976 - Duas Vidas ... Geraldo
  • 1976 - Anjo Mau ... Rui
  • 1975 - A Moreninha ... João Bala
  • 1975 - Gabriela ... Drº Ezequiel Prado
  • 1974 - Fogo Sobre Terra ... Heitor Gonzaga
  • 1972 - Jerônimo, o Herói do Sertão ... Drº Pileque
  • 1972 - Bicho do Mato
  • 1971 - O Preço de um Homem ... Roberval
  • 1971 - Hospital ... Miguel
  • 1971 - A Selvagem ... Pablo
  • 1970 - Toninho On The Rocks ... Bráulio
  • 1970 - A Gordinha ... Balbino
  • 1969 - Super Plá
  • 1968 - Beto Rockfeller ... Fernando
  • 1968 - A Gata de Vison ... Cadinalle
  • 1967 - A Rainha Louca ... Fernando
  • 1966 - O Rei dos Ciganos ... Miguel
  • 1965 - Os Quatro Filhos ... Mr. Ronald

Cinema

  • 1951 - Presença de Anita
  • 1951 - Suzana e o Presidente
  • 1952 - O Comprador de Fazendas
  • 1952 - Modelo 19
  • 1952 - Apassionata
  • 1953 - Uma Pulga na Balança
  • 1954 - Destino em Apuros
  • 1954 - Floradas na Serra
  • 1954 - A Sogra
  • 1956 - O Sobrado
  • 1957 - Absolutamente Certo
  • 1958 - O Grande Momento
  • 1972 - A Marcha
  • 1974 - Motel
  • 1976 - Os Pastores da Noite
  • 1976 - O Pai do Povo
  • 1977 - Os Amores da Pantera
  • 1977 - Ódio
  • 1978 - A Volta do Filho Pródigo


Fonte: Wikipédia

David Nasser

DAVID NASSER
(63 anos)
Jornalista e Compositor

* Jaú, SP (01/01/1917)
+ Rio de Janeiro, RJ (10/12/1980)

Era filho de imigrantes libaneses. Logo criança mudou-se para Caxambu em Minas Gerais, onde fazia carretos com charrete. Lá conheceu, sem saber, Francisco Alves. Um dia mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou como mascate e depois vendedor de loja.

Na cidade maravilhosa, sofreu bastante e acabou se reencontrando com Francisco Alves. Daí em diante sua carreira foi decolando, pois Francisco Alves, se interessou pelos seus versos e acabou os musicando.

Carreira

Como teve Meningite quando criança, dedicou-se a ler e escrever estórias. Começou a trabalhar aos 14 anos, em 1934, como contínuo das empresas Diários Associados de Assis Chateaubriand. O conglomerado jornalístico reunia no mesmo prédio a redação dos jornais Diário da Noite e O Jornal, e a revista O Cruzeiro.

Aos poucos, tornou-se jornalista das empresas dos Diários Associados. Iniciou-se profissionalmente depois do golpe do Estado Novo de Getúlio Vargas em 1937.

Nos Diários Associados, criou "Giselle - A Espiã Nua Que Abalou Paris", espiã fictícia Giselle Monfort tratada como real pelo jornal Diário do Norte. Esta personagem teve uma série bastante popular de livros de bolso.

Foi contratado, em 1936, pelo jornal O Globo dirigido por Roberto Marinho. Saiu em 1943 insatisfeito por não poder realizar ou assinar reportagens importantes.

Em 1940, ele estourou com um sucesso incrível da música "Nêga do Cabelo Duro", e se tornou compositor de vários sambas e samba-canção.

Foi trabalhar, em 1943, na revista O Cruzeiro que se tornava, então, a revista brasileira mais popular dos anos 1940 e 1950. As reportagens que fez em parceria com o fotógrafo Jean Manzon de 1943 a 1951 foram fundamentais para o sucesso de vendas da revista cuja tiragem atingiu níveis inesperados para a época. David Nasser e Jean Manzon tornaram-se então a mais famosa dupla de repórter-fotógrafo do Brasil.

Ganhou notoriedade por realizar vários trabalhos conhecidos como Grande Reportagem, forma de reportagem que misturava de pesquisa de campo, opinião do jornalista, pedaços de entrevistas e muitas fotografias de alta qualidade técnica. Ocorria assim uma valorização do repórter que conhecia as pessoas e os locas de onde vinha a notícia como a principal figura da redação, em detrimento dos editorialistas e articulistas. A Grande Reportagem tornou-se bastante popular no Brasil dos anos 40 quando foi usada pelos jornais para driblar a censura da ditadura de Getúlio Vargas.

David Nasser apoiou a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) e teve amigos influentes nos seus diversos governos.

Deixou a revista O Cruzeiro em 1975, quando esta já estava em decadência. Dizia que sofria pressões para seguir pautas dadas pela direção da revista. Seu pedido de demissão foi noticia de repercussão nacional. Escreveu uma carta aberta intitulada "Por Que Deixei o Velho Barco" na qual atacava João Calmon, o diretor dos Diários Associados.

Em fevereiro de 1976 foi trabalhar na revista Manchete, que tinha o mesmo estilo da O Cruzeiro, seguindo um convite de Arnaldo Niskier. Lá continuou a escrever artigos atacando João Calmon, seu antigo chefe. Recorria aos amigos influentes no governo da Ditadura Militar pedindo para acelerar os processos judiciários civis que abriu contra seus antigos empregadores.

Em Pentagna, distrito do município de Valença, RJ, o jornalista David Nasser possuía uma residência, que ainda existe, junto a colônia de férias dos servidores do estado do Rio de Janeiro, bem como uma outra junto a cachoeira, que ainda hoje pertence a seus familiares.

Morou no bairro da Aldeia Campista no Rio de Janeiro e fez parceria com inúmeros compositores de música popular da região.

Reportagens

As versões de David Nasser sobre pequenos e grandes fatos nem sempre refletiam a realidade. Aumentavam e criavam fatos apenas para aumentar a venda de O Cruzeiro. (Leia Mais)

O deputado federal Barreto Pinto foi entrevistado e deixou-se fotografar em seu gabinete e numa banheira, vestido de fraque e cartola, mas sem as calças, de cuecas samba-canção. O caso resultou na cassação do deputado.

Em 1944 viajou para Pedro Leopoldo com o intuito de entrevistar Chico Xavier. À época, a família de Humberto de Campos movia uma ação contra Chico Xavier pelo fato deste publicar obras psicografadas como sendo de autoria do falecido escritor. Como não conseguia ser atendido por Chico Xavier, fingiu ser estrangeiro, o que também serviria para testar se de fato o médium se comunicava com espíritos.

A história acima é de veracidade discutível, é um exemplo de que a opinião de David Nasser é importante até nos dias atuais. A verdade é que conseguiu fazer uma reportagem não muito simpática com o extremamente retraído médium Chico Xavier, a qual foi publicada em O Cruzeiro. (Leia Mais)

Em 1963, David Nasser foi agredido pelo então deputado federal Leonel Brizola no aeroporto do Galeão. O que motivou a agressão foi um artigo escrito por David Nasser na revista O Cruzeiro com pesadas ofensas ao ex-governador gaúcho e fluminense.

David Nasser e o fotógrafo Jean Manzon forjaram uma reportagem sobre a morte do próprio Jean Manzon. Foi apenas um brincadeira de mau gosto que ajudou bastante as vendas de O Cruzeiro.

Em 1945, a dupla David NasserJean Manzon publicou em O Cruzeiro uma matéria ilustrada na qual pretendiam ensinar aos brasileiros distinguir um japonês de um chinês. David Nasser escreveu, entre outras coisas, que o japonês podia ser distinguido pelo "aspecto repulsivo, míope, insignificante".

David Nasser morreu aos 63 anos, doente de diabetes e câncer no pâncreas.

Fonte: Wikipédia

Waldir Azevedo

WALDIR AZEVEDO
(57 anos)
Compositor e Instrumentista

* Rio de Janeiro, RJ (27/01/1923)
+ Brasília, DF (21/09/1980)

Foi músico e compositor brasileiro, mestre do cavaquinho e autor do choro "Brasileirinho".

Waldir Azevedo foi um pioneiro que retirou o cavaquinho de seu papel de mero acompanhante no choro e o colocou em destaque como instrumento de solo, explorando de forma inédita as potencialidades do instrumento.

Waldir Azevedo nasceu de família pobre em 1923 na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Piedade, e passou a infância e a adolescência no bairro do Engenho Novo. Manifestando interesse em música ainda criança, Waldir conseguiu comprar uma flauta transversal aos sete anos de idade, depois de juntar dinheiro capturando passarinhos e vendendo-os.

No carnaval de 1933, aos 10 anos de idade, apresentou-se em público pela primeira vez, como flautista, tocando "Trem Blindado", de João de Barro, no Jardim do Méier.

Já adolescente, conheceu um grupo de amigos que se reunia aos sábados para tocar e, por influência deles, acabou por trocar a flauta pelo bandolim. Pouco tempo depois trocou o bandolim pelo cavaquinho, instrumento que deixou de lado quando o violão elétrico ganhou projeção no Brasil.

Waldir sonhava ser piloto de aviões, mas problemas cardíacos o impediram de realizar seu sonho, e ele acabou empregando-se na companhia elétrica do Rio de Janeiro, a Light, até que em 1945, aos 22 anos, enquanto passava a lua de mel na cidade de Miguel Pereira, recebeu um telefonema de um amigo avisando de uma vaga no grupo de Dilermando Reis, em um programa da Rádio Clube do Brasil. Tocou no grupo durante dois anos, após o que acabou assumindo sua liderança, com a saída de Dilermando em 1947.

Durante a década de 1950 fez grande sucesso com composições como "Brasileirinho", "Pedacinhos do Céu", "Delicado", "Chiquita" e "Vê Se Gostas", e as composições de Waldir o projetaram internacionalmente. Durante 11 anos viajou com seu conjunto por países da América do Sul e Europa, incluindo duas viagens patrocinadas pelo Itamaraty na Caravana da Música Brasileira.

Suas composições tiveram gravações no Japão, Alemanha e Estados Unidos, onde Percy Faith e sua orquestra atingiram a marca de um milhão de cópias vendidas com uma gravação de "Delicado". Waldir chegou a participar de um programa na BBC de Londres, transmitido para 52 países.

Em 1964, com a morte de sua filha Miriam aos 18 anos, afastou-se da música. Mudou-se para Brasília em 1971, aos 48 anos, onde sofreu um acidente com um cortador de grama onde quase perdeu seu dedo anular, e foi forçado a ficar sem tocar por um ano e meio. Após cirurgias e fisioterapia, recuperou-se e voltou a gravar.

Em 1980, começou a preparar a gravação de um novo disco, e como era muito meticuloso em seu trabalho, gravou instruções em uma fita cassete tanto para os músicos que o acompanhariam como para o maestro Messias. Faleceu entretanto, poucos dias antes de iniciar as gravações do novo trabalho. O disco foi gravado postumamente com a presença do música Percy Faith, que ficou encarregado de substituí-lo. O LP recebeu o nome de "Luzes e Sombras", título de uma composição de sua autoria e teve incluídas as falas gravadas por ele como instrução para a realização do trabalho. Deixou mais de 70 obras de sua autoria e gravou mais de 200 músicas, sendo considerado um marco na história da execução do cavaquinho.

Waldir Azevedo morreu de Parada Cardíaca (horas após uma cirurgia no coração).



Vinicius de Moraes

MARCUS VINÍCIUS DE MORAES
(66 anos)
Diplomata, Dramaturgo, Jornalista, Poeta, Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (19/10/1913)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/07/1980)

Poeta essencialmente lírico, o poetinha (como ficou conhecido) notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida.

Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Marcus Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lídia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia (1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto, onde já demonstrava interesse em escrever poesias. Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para terminar o curso primário.

Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais tarde, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos.

Em 1929, concluiu o ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje integrada à Universidade Estadual do Rio de janeiro (UERJ). Na chamada "Faculdade do Catete", conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.

Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos Bancários.

No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.

No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco.

O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espectáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia de cumprir as suas funções. Vinícius foi anistiado (post-mortem) pela Justiça em 1998. Em 2006, foi oficialmente reintegrado na carreira diplomática. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em Fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe" do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22.06.2010 e recebeu o número 12.265.

Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro Orfeu da Conceição, em 25 de setembro de 1956.

Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.

Nos anos 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.

Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia 9 de julho, Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã.

Fonte: Wikipédia



Soneto de Separação

Almirante

HENRIQUE FORÉIS DOMINGUES
(72 anos)
Cantor, Compositor, Escritor, Apresentador e Radialista

* Rio de Janeiro, RJ (19/02/1908)
+ Rio de Janeiro, RJ (22/12/1980)

Também conhecido por Almirante. Seu codinome na Era de Ouro do Rádio era: "A Mais Alta Patente do Rádio".

Pioneiro da música popular no país, começou sua carreira musical em 1928 no grupo amador Flor do Tempo formado por alunos do Colégio Batista, do bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Compunham o grupo, além de Almirante, cantor e pandeirista, os violonistas Braguinha (João de Barro) Alvinho e Henrique Brito.

Em 1929, convidados a gravar um disco na Parlophon, subsidiária da Odeon, admitem mais um violonista, do bairro vizinho de Vila Isabel, um jovem talento chamado Noel Rosa. O grupo então é rebatizado para Bando de Tangarás, nome inspirado numa lenda do litoral paranaense, a "Dança dos Tangarás" que conta a história de um grupo de pássaros, os tangarás, que se reúne para dançar e cantar alegremente.


O grupo se desfez em 1933 mas Almirante continuou sua carreira como cantor, interpretando sambas e músicas de carnaval, muitas de grande sucesso e hoje clássicos da música popular brasileira, como "O Orvalho Vem Caindo" (Noel Rosa e Kid Pepe), "Yes, Nós Temos Bananas" e "Touradas em Madri" (Braguinha e Alberto Ribeiro), entre outras.

Autor de uma das mais famosas músicas carnavalescas, "Na Pavuna", possuía enorme biblioteca e discoteca sobre música brasileira.

Em 1951, tornou-se o primeiro biógrafo do Poeta da Vila, ao produzir para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro a série de programas semanais "No Tempo de Noel Rosa", com histórias, depoimentos e interpretações de suas músicas, muitas delas inéditas.

Entre 18 de outubro de 1952 e 3 de janeiro de 1953, publicou na Revista da Semana, em capítulos, "A Vida de Noel Rosa". Em 1963, com o mesmo título da série radiofônica, a Editora Francisco Alves lançou seu livro sobre o ex-companheiro do Bando de Tangarás.

Almirante faleceu de causas não reveladas.

Maiores Sucessos

  • 1930 - Na Pavuna
  • 1931 - Eu Vou Pra Vila
  • 1931 - Já Não Posso Mais
  • 1933 - Prato Fundo
  • 1933 - Moreninha da Praia
  • 1933 - Contraste
  • 1933 - O Orvalho Vem Caindo
  • 1934 - Menina Oxigenê
  • 1934 - Ninguém Fura o Balão
  • 1935 - Deixa a Lua Sossegada
  • 1935 - Pensei Que Pudesse Te Amar
  • 1936 - Amor em Excesso
  • 1936 - Marchinha do Grande Galo
  • 1936 - Levei Um Bolo
  • 1936 - Tarzan (O Filho do Alfaiate)
  • 1937 - Vida Marvada
  • 1937 - Apanhei Um Resfriado
  • 1938 - Yes, Nós Temos Bananas
  • 1938 - Touradas em Madrid
  • 1939 - Hino do Carnaval Brasileiro
  • 1939 - Vivo Cantando
  • 1939 - O Que é Que Me Acontecia
  • 1940 - Minha Fantasia
  • 1941 - Não Sei Dizer Adeus
  • 1941 - Qual Será o Score Meu Bem?
  • 1951 - Marchinha do Poeta

Fonte: Wikipédia

Robertino Braga

ROBERTINO BRAGA
(83 anos)
Relojoeiro

* (27/03/1896)
+ (27/01/1980)

Robertino Braga foi responsável pela primeira apresentação de Roberto Carlos na Rádio Nacional. O pai de Zunga viajava muito, para comprar peças para relógios, já que era relojoeiro. Durante uma dessas viagens ao Rio de Janeiro, ele levou Roberto Carlos com ele. O futuro cantor ficou maravilhado com os estúdios da Rádio Nacional.

Ainda nos anos 50, ele levou o filho em outra viagem ao Rio de Janeiro, onde Zunga se apresentou, no programa "Papel Carbono", de Renato Murce, que lançou gente como Ângela Maria e Luiz Gonzaga. Além disso, foi Robertino Braga quem presenteou Roberto Carlos com o seu primeiro violão. Ele sempre dizia que andava com a foto de Roberto Carlos na carteira, e chegou a participar do programa "Jovem Guarda", apenas sorrindo, ao lado do filho, com o qual adorava pescar.

Roberto Carlos não poupou homenagens a seu pai Robertino Braga. Ele sempre disse que seu pai o incentivava a crescer na vida, e mostrava o verdadeiro valor do trabalho. Era um homem muito brincalhão e adorava contar histórias. E em 1979, um ano depois da homenagem à mãe, através da música "Lady Laura", Roberto Carlos compôs em parceria com o amigo Erasmo Carlos, a canção "Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo".

Com letra extremamente comovente, a música é capaz de comover qualquer um que a escute. E comoveu seu Robertino Braga, que, um mês depois de ter ouvido a música pela primeira vez, faleceu, em decorrência de um Enfisema Pulmonar, complicado por problemas cardíacos.

"Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo" foi lançada em dezembro de 1979, no disco "Roberto Carlos 1979".

Na tarde de 27/01/1980, Robertino Braga, que estava internado havia alguns dias no Centro Médico Bambina, em Botafogo, Rio de Janeiro, faleceu, aos 83 anos. Roberto Carlos recebeu a notícia da morte pelo rádio de seu iate, Lady Laura II, onde estava relaxando. Ele desembarcou, e correu para o hospital.

O país inteiro sofreu com Roberto Carlos. No enterro, no Cemitério São João Batista, Zona Sul do Rio de Janeiro, ele nem conseguiu acompanhar o caixão, por causa da grande quantidade de fãs que estava no local.

Robertino Braga é hoje o nome de uma rua em Cachoeiro de Itapemirim.

Em 1971, seu Robertino Braga participou de uma reportagem especial sobre o filho, na revista "Cartaz Especial", onde falou sobre várias coisas até então desconhecidas dos fãs de seu filho.

O pai de Roberto Carlos era um homem muito alegre, estava sempre sorrindo. A maior parte de seu tempo ele passava em São Paulo, na casa de Norma, sua filha. Adorava fazer compras no mercado, assistir à televisão e jogar cartas. Baralhos ele tinha aos montes: uma das primeiras preocupações de Roberto Carlos quando viajava era comprar um de presente. E ele tinha baralhos de quase todos os lugares do mundo.

Sua vida era muito pacata e os únicos passeios que dava eram com as netas, filhas de Norma. Falava muito e empolgava-se com facilidade, principalmente quando o assunto era Roberto Carlos. Os programas sofisticados de Robertino Braga aconteciam somente quando o filho fazia temporadas.

Uma das coisas que contava com mais orgulho era a história do primeiro violão de Roberto Carlos, dado por ele:

- Saímos um dia e, no Largo da Carioca, entramos numa loja de instrumentos musicais e compramos o violão mais caro. Zunga tinha 17 anos e um ouvido muito especial. Deu um trabalhão, porque experimentou todos os violões, até escolher aquele que queria. Foi com esse violão que compôs seus primeiros sucessos. Hoje ele está rachado, mas mesmo assim, quando Roberto visita a mãe, de vez em quando dedilha um pouquinho.

- Desde pequeno, gostava de música, mais estudar, que é bom, nada. Vivia fazendo travessuras. Eu quase não o via, mas à noite, quando chegava em casa, tinha um relatório de suas artes.

- Ele levava a bicicleta do irmão para o alto de um barranco e eu falava pra Laura: o dia que o Roberto cair, o pé vai fazer as vezes do joelho. E foi dito e feito. Também era fácil adivinhar: ele era pequenininho e o pé não alcançava os pedais.

- Ele sempre foi apaixonado por doce. De vez em quando sumia e nós ficávamos malucos de procurar, até que voltava pra casa com cara de anjinho. Mas um dia o mistério foi desvendado: ele tinha um amiguinho lá perto, cuja mãe adorava fazer doces. Depois, quando ele sumia, nem nos preocupávamos mais: era só ir até a casa do menino para encontrar o Roberto se empanturrando.

- Depois começou a ficar mais independente e, com oito anos, já saia para pescar com o Edinho e Francisco, seus amiguinhos. Uma vez, junto com o Edinho, comprou umas tábuas numa serraria perto de casa e fez um bote. Mas quando o colocaram no Rio Itapemirim, o bote encheu d'água e afundou. Acho que foi uma das maiores caras de decepção que vi nele.

- Quando Roberto errava, eu era muito severo com ele. Dava broncas, me esquentava. Mas Laura sempre o salvava de levar umas palmadinhas. Roberto sempre gostou de carros. Fazia aqueles carrinhos formados por uma tábua, 4 rodinhas e uma espécie de volante. Saia correndo pelas ruas que não eram calçadas e chegava em casa todo sujo de terra.

- A fisionomia de Roberto mudou muito. Ele tinha o rosto mais redondo, gordinho, e era um moreno muito bonito. Agora ele não está tão bonito assim. Também pudera, essa mania de regime, não sei pra quê, que ele tem hoje, abate qualquer um.

- Mas o regime vai embora quando ele vê gelatina. E capaz de comer uma tigela toda, do tanto que gosta.

- Desde cedo aprendeu a assobiar. Foi o primeiro instrumento que ele tocou. Mas depois começou a aprender violino, violão e bongô, além dos 4 anos de piano.

Hoje, seu Robertino está aposentado. E não tem vergonha de dizer que Roberto Carlos lhe dá uma mesada da três mil cruzeiros.

- Eu não pedi nada. Mas Roberto, desde que começou a ganhar dinheiro, não quis que eu trabalhasse mais. Mas não é só a mim que ajuda todos os parentes mais chegados recebem alguma coisa dele. E esse coração mole já o fez ser muito explorado: no princípio, quando ainda não sabia direito o valor do dinheiro, várias pessoas aproximaram-se dele para tentar levar alguma coisa.

E conseguiram. E isso não era difícil: bastava ter ou não capacidade de comovê-lo. Isso, sem falar nos parentes que apareciam, como que por encanto, gente de quem nunca tínhamos ouvido falar. Pediam casa, carro e até uma chatice para serem artistas de cinema.

- A fase mais violenta foi a da Jovem Guarda Agora, o número diminuiu muito. Mas de vez em quando temos o prazer de conhecer gente nova da família. E como a nossa é grande...

- Lá no Rio, até hoje Laura não tem sossego. Todos os dias, muitas pessoas batem na porta para pedir coisas. Ela nem atende mais e faz de conta que não está...

Fonte: Blog Roberto Carlos Braga e RC Braga Flogão

Nelson Rodrigues

NELSON FALCÃO RODRIGUES
(68 anos)
Dramaturgo, Jornalista e Escritor

* Recife, PE (23/08/1912)
+ Rio de Janeiro, RJ (21/12/1980)

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou e sempre fui um anjo pornográfico."
(Nelson Rodrigues)

Nascido na capital pernambucana e quinto de quatorze irmãos, Nelson Rodrigues mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, onde viveria por toda sua vida. Seu pai, o ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues, perseguido politicamente, resolveu estabelecer-se na então capital federal em julho de 1916, empregando-se no jornal Correio da Manhã, de propriedade de Edmundo Bittencourt.

Segundo o próprio Nelson Rodrigues em suas memórias, seu grande laboratório e inspiração foi a infância vivida na Zona Norte da cidade. Dos anos passados numa casa simples na Rua Alegre, 135, atual Rua Almirante João Cândido Brasil, no bairro de Aldeia Campista, saíram para suas crônicas e peças teatrais as situações provocadas pela moral vigente na classe média dos primeiros anos do século XX e suas tensões morais e materiais.

Sua infância foi marcada por este clima e pela personalidade do garoto Nelson Rodrigues. Retraído, era um leitor compulsivo de livros românticos do século XIX. Nesta época ocorreu também para Nelson Rodrigues a descoberta do futebol, uma paixão que conservaria por toda a vida e que lhe marcaria o estilo literário.

Na década de 1920, Mário Rodrigues fundou o jornal A Manhã, após romper com Edmundo Bittencourt. Seria no jornal do pai que Nelson Rodrigues começaria sua carreira jornalística, na seção de polícia, com apenas 13 anos de idade. Os relatos de crimes passionais e pactos de morte entre casais apaixonados incendiavam a imaginação do adolescente romântico, que utilizaria muitas das histórias reais que cobria em suas crônicas futuras. Neste período a família Rodrigues conseguiria atingir uma situação financeira confortável, mudando-se para o bairro de Copacabana, então um arrabalde luxuoso da orla carioca.

Apesar da bonança, Mário Rodrigues perderia o controle acionário de A Manhã para o sócio. Mas, em 1928, com o providencial auxílio financeiro do vice-presidente Fernando de Melo VianaMário Rodrigues fundou o diário Crítica.

Como cronista esportivo, Nelson Rodrigues escreveu textos antológicos sobre o Fluminense Football Club, clube para o qual torcia fervorosamente. A maioria dos textos eram publicados no Jornal dos Sports. Junto com seu irmão, o jornalista Mário Filho, Nelson Rodrigues foi fundamental para que os Fla-Flu tivessem conquistado o prestígio que conquistaram e se tornassem grandes clássicos do futebol brasileiro. Nelson Rodrigues criava e evocava personagens fictícios como Gravatinha e Sobrenatural de Almeida para elaborar textos a respeito dos acontecimentos esportivos relacionados ao clube do coração.

Adolescência e Juventude

Nelson Rodrigues seguiu os seus irmãos MíltonMário Filho e Roberto Rodrigues integrando a redação do novo jornal. Ali continuou a escrever na página de polícia, enquanto Mário Filho cuidava dos esportes e Roberto Rodrigues, um talentoso desenhista, fazia as ilustrações. Crítica era um sucesso de vendas, misturando uma cobertura política apaixonada com o relato sensacionalista de crimes. Mas o jornal existiria por pouco tempo.

Em 26/12/1929, a primeira página de Crítica trouxe o relato da separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau Jr. ilustrada por Roberto Rodrigues e assinada pelo repórter Orestes Barbosa, e a matéria provocou uma tragédia. Sylvia Serafim, a esposa que se desquitara do marido e cujo nome fora exposto na reportagem invadiu a redação de Crítica e atirou em Roberto Rodrigues com uma arma comprada naquele dia. Nelson Rodrigues testemunhou o crime e a agonia do irmão, que morreu dias depois.

Mário Rodrigues, deprimido com a perda do filho, faleceu poucos meses depois. Sylvia Serafim, apoiada pelas sufragistas e por boa parte da imprensa concorrente de Crítica, foi absolvida do crime. Finalmente, durante a Revolução de 30, a gráfica e a redação de Crítica foram empastelados e o jornal deixou de existir. Sem seu chefe e sem fonte de sustento, a família Rodrigues mergulhou em decadência financeira.

Foram anos de fome e dificuldades para todos. Pouco afinados com o novo regime, os Rodrigues demorariam anos para se recuperarem dos prejuízos causados pela tuberculose.

Ajudado por Mário Filho, amigo de Roberto Marinho, Nelson Rodrigues passa a trabalhar no jornal O Globo, sem salário. Apenas em 1932 é que Nelson Rodrigues seria efetivado como repórter no jornal. Pouco tempo depois, Nelson Rodrigues descobriu-se tuberculoso. Para tratar-se, retirou-se do Rio de Janeiro e passou longas temporadas em um sanatório na cidade de Campos do Jordão. Seu tratamento foi custeado por Roberto Marinho, que conquistou a gratidão de Nelson Rodrigues pelo resto de sua vida. Recuperado, Nelson Rodrigues voltou ao Rio de Janeiro e assumiu a seção cultural de O Globo, fazendo a crítica de ópera.

Em 1940 casou-se com Elza Bretanha, sua colega de redação.

A partir da década de 1940, Nelson Rodrigues dividiu-se entre o emprego em O Globo e a elaboração de peças teatrais.

Em 1941 escreveu "A Mulher Sem Pecado", que estreou sem sucesso. Pouco tempo depois assinou a revolucionária "Vestido de Noiva", peça dirigida por Zbigniew Ziembinski e que estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com estrondoso sucesso.

O teatrólogo Nelson Rodrigues seria o criador de uma sintaxe toda particular e inédita nos palcos brasileiros. Seus personagens trouxeram para a ribalta expressões tipicamente cariocas e gírias da época, como "batata!" e "você é cacete, mesmo!".

"Vestido de Noiva" é considerada até hoje como o marco inicial do moderno teatro brasileiro.

Maturidade

Em 1945 abandonou O Globo e passou a trabalhar nos Diários Associados. Em O Jornal, um dos veículos de propriedade de Assis Chateaubriand, começou a escrever seu primeiro folhetim, "Meu Destino é Pecar", assinado pelo pseudônimo Susana Flag. O sucesso do folhetim alavancou as vendas de O Jornal e estimulou Nelson Rodrigues a escrever sua terceira peça, "Álbum de Família".

Em fevereiro de 1946, o texto da peça foi submetido à Censura Federal e proibido. "Álbum de Família" só seria liberada em 1965.

Em abril de 1948 estreou "Anjo Negro", peça que possibilitou a Nelson Rodrigues adquirir uma casa no bairro do Andaraí, e em 1949 ele lançou "Doroteia".

Em 1950 passou a trabalhar no jornal de Samuel Wainer, o Última Hora. No jornal, Nelson Rodrigues começou a escrever as crônicas de "A Vida Como Ela É", seu maior sucesso jornalístico.

Na década seguinte, Nelson Rodrigues passou a trabalhar na recém-fundada TV Globo, participando da bancada da "Grande Resenha Esportiva Facit", a primeira mesa-redonda sobre futebol da televisão brasileira e, em 1967, passou a publicar suas memórias no mesmo jornal Correio da Manhã onde seu pai trabalhou cinquenta anos antes.

O Fim

Nos anos 70, consagrado como jornalista e teatrólogo, a saúde de Nelson Rodrigues começou a decair, por causa de problemas gastroenterológicos e cardíacos de que era portador. O período coincidiu com os anos da Ditadura Militar, que Nelson Rodrigues sempre apoiou. Entretanto, seu filho Nelson Rodrigues Filho tornou-se guerrilheiro e se passou para a clandestinidade. Neste período também aconteceu o fim de seu casamento com Elza Bretanha e o início do relacionamento com Lúcia Cruz Lima, com quem teria uma filha, Daniela, nascida com problemas mentais. Depois do término do relacionamento com Lúcia, Nelson Rodrigues ainda manteria um rápido casamento com sua secretária Helena Maria, antes de reatar seu casamento com Elza Bretanha.

Nelson Rodrigues faleceu numa manhã de domingo, 21/12/1980, aos 68 anos de idade, vítima de complicações cardíacas e respiratórias. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

No fim da tarde daquele mesmo dia ele faria treze pontos na Loteria Esportiva, num "bolão" com seu irmão Augusto e alguns amigos de O Globo.

Dois meses depois, Elza Bretanha atendia ao pedido do marido - de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide de seu túmulo, sob a inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. E é só".

Fonte: Wikipédia