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Washington Luís

WASHINGTON LUÍS PEREIRA DE SOUSA
(97 anos)
Advogado, Historiador, Político e Presidente do Brasil

* Macaé, RJ (26/10/1869)
+ São Paulo, SP (04/08/1957)

Foi o décimo primeiro presidente do estado de São Paulo, décimo terceiro presidente do Brasil e último presidente da República Velha.

Foi deposto em 24 de outubro de 1930, vinte e um dias antes do término do seu mandato como presidente da República, por um golpe militar, que passou o poder, em 3 de novembro, às forças político-militares comandadas por Getúlio Vargas, na denominada Revolução de 1930.

Foi o criador do primeiro Serviço de Inteligência do Brasil em 1928.

O apelido que o definia era Paulista de Macaé, pois, embora nascido no estado do Rio de Janeiro, sua biografia política foi toda construída no estado de São Paulo. Foi chamado também de O Estradeiro, e, durante a Revolução de 1930, de Doutor Barbado pelos seus opositores.

Início da Carreira

Fez seus primeiros estudos na cidade do Rio de Janeiro como aluno interno do renomado Colégio Pedro II. Para Washington Luís poder estudar, seus pais, que eram pobres, tiveram que tirar os outros filhos da escola.

Graduou-se em direito em 1891 pela Faculdade de Direito de São Paulo. Nomeado promotor público em Barra Mansa, renunciou ao cargo para se dedicar à advocacia em Batatais, onde iniciou a carreira política.

Como historiador, suas principais obras foram A Capitania de São Paulo e Na Capitania de São Vicente.

Foi vereador em 1897 e intendente em 1898 em Batatais. Como intendente, fez uma experiência pioneira de reforma agrária no Brasil. Iniciou a sua carreira política no Partido Republicano Federal (PRF), ingressando depois no Partido Republicano Paulista (PRP), elegendo-se deputado estadual para o biênio 1904 - 1905.

Participou ativamente na Assembleia Constituinte Estadual de 1905, apoiando sobretudo o municipalismo, defendendo ampla autonomia dos municípios frente aos governos estaduais e federal.

Secretário de Justiça e Segurança Pública


Deixou o cargo de deputado estadual para assumir, em 13 de março de 1906, a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública, onde permaneceu até 1 de maio de 1912.

A Secretaria de Justiça, reorganizada pela lei nº 1.006 de 17 de dezembro de 1906, foi reformada passando a cuidar também da segurança pública, tendo seu comando centralizado nas mãos de Washington Luís, abrangendo a Polícia de Carreira, a chamada hoje, Polícia Civil, criada pouco antes, em dezembro de 1905, e a Força Pública Paulista, atual Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Coube a Washington Luís modernizar a Força Pública, atual Polícia Militar do Estado de São Paulo, com a vinda de uma missão militar francesa. Instalou a recém-criada Polícia Civil de São Paulo, nomeando apenas funcionário público de carreira formado em direito para o cargo de delegado de polícia, não mais aceitando nomeações pelos líderes políticos locais: os coronéis, que ficaram, assim, com seu poder reduzido. Esta modernização da Polícia Civil recebeu o nome de Polícia Sem Política.

Reorganizou o Gabinete de Identificações, atual Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, reorganizou o Gabinete Médico Legal. Criou o Gabinete de Reclamação e Objetos Achados. Instituiu a identificação dactiloscópica nas delegacias, a técnica mais moderna da época. Exigiu que os promotores denunciassem pais, muitos na época, que não registravam os filhos, o que deu impulso ao Registro Civil em São Paulo.

Em 1910, apoiou a Campanha Civilista de Ruy Barbosa. Incentivou a criação do Automóvel Clube de São Paulo do qual foi seu vice-presidente. Percorreu as estradas paulistas, traçando os primeiros projetos para a melhoria de suas rodovias e implantação de um plano rodoviário estadual.

Seu maior desafio nesta secretaria foram os contínuos ataques dos índios aos trabalhadores da estrada de ferro Noroeste do Brasil e aos pioneiros do oeste paulista. Outro grande desafio foi a greve dos soldados da Força Pública, atual Polícia Militar do Estado de São Paulo, na onda de greves de 1907, tendo decidido ir pessoalmente ao Quartel da Luz e convencido os soldados a encerrá-la. Conseguiu manter a ordem pública durante a disputada campanha eleitoral de 1910 entre Ruy Barbosa e Hermes da Fonseca.

Sua diretriz administrativa como secretário de Justiça e Segurança foi:

"Não prender sem motivo, não prender sem processar!"
(Washington Luís)

Ainda em 1910, criou o Gabinete de Investigações e Capturas, o qual deu maior eficiência à Polícia Civil de São Paulo. Criou em 1909 a Penitenciária do Estado de São Paulo e iniciou sua construção.


 Deputado Estadual em 1912-1913

Foi novamente eleito deputado estadual para o mandato de 1912 a 1913, quando defendeu que presos com boa conduta deveriam ter redução da pena e que deveria se utilizar presidiários na construção de estradas.

Conseguiu também como deputado estadual a aprovação da lei estadual nº 1.406 de 1913, que estabelecia o regime penitenciário do estado de São Paulo e regulamentava a utilização de presos na construção de rodovias, sendo que uma das principais obras viárias a utilizar presidiários foi a Estrada Velha de Campinas, iniciada em 1916.

Essa lei, no seu artigo 16, dizia que o governo paulista estabeleceria o sistema de viação pública e as características das rodovias paulistas, o que foi feito, pelo decreto estadual 2.585 de 15 de julho de 1915. O governador Lucas Nogueira Garcez entendia que a lei 1.406 podia ser vista como a "gênese da moderna legislação rodoviária brasileira".

E assim, Washington Luís, explicou a importância das estradas, na Câmara dos Deputados Paulista:

"As estradas aproximam os centros produtores dos centros consumidores, valorizam as terras que atravessam, tornam baratos os produtos que exploram e trazem a facilidade de comunicação para correios e escolas!"
(Washington Luís)

Prefeito de São Paulo

Foi prefeito da cidade de São Paulo, de 15 de janeiro de 1914 a 15 de agosto de 1919, sendo que, no primeiro mandato (1914-1917) foi eleito vereador, e posteriormente eleito prefeito pela Câmara Municipal de São Paulo. Para o segundo mandato (1917-1919), foi eleito pelo voto direto do povo.

Recuperou e editou os documentos quinhentistas da Câmara Municipal de São Paulo, criou as feiras-livres de alimentos e enfrentou a Primeira Guerra Mundial, a Gripe Espanhola (1918), as Greve Operárias de 1917 e a grande geada de 1918. Construiu e recuperou 200 quilômetros de estradas municipais paulistanas.

Foi um dos patrocinadores e organizadores do primeiro Congresso Paulista de Estradas de Rodagem, realizado em São Paulo de 30 de maio a 7 de junho de 1917, que discutiu regras e fontes de recursos para ampliação e manutenção da malha rodoviária paulista. Buscou, também, apoio empresarial para investimentos em rodovias. Washington Luís foi eleito, ao final do congresso, o primeiro presidente da Associação Permanente de Estradas de Rodagem.

A sua insistência em priorizar rodovias foi mal vista pelos seus adversários políticos. Sua política, porém, foi firmemente defendida por Monteiro Lobato, que atribuía o desenvolvimento dos Estados Unidos à sua enorme rede rodoviária.

Oficializou o brasão da cidade de São Paulo em 1916.

Washington Luís, como historiador dos governadores paulistas, inspirou-se no governador Bernardo José Maria de Lorena que construiu a Calçada do Lorena, Bernardo José Pinto Gavião Peixoto que abriu a Estrada da Maioridade e nos governadores da década de 1860 que investiram a maior parte do orçamento da província na recuperação da Estrada da Maioridade.

A Agitação Operária e a Greve de 1917

A Washington Luís, caluniosamente, quando presidente do Estado de São Paulo, foi-lhe atribuída a frase "Questão social é questão de polícia", quando a frase verdadeira foi:

"A agitação operária é uma questão que interessa mais à ordem pública do que à ordem social, representa o estado de espírito de alguns operários, mas não de toda a sociedade!"
(Washington Luís)

Não havendo nenhum registro de abuso de autoridade de Washington Luís nem como secretário da Justiça nem em demais cargos que ocupou.

Durante sua gestão no comando da capital paulista, se deu a agitação dos anarquistas durante a chamada Greve Geral de 1917. Washington Luís era o prefeito da capital paulista e Altino Arantes o presidente do estado e encarregado do policiamento e da ordem pública.

De acordo com depoimentos da época da Greve Geral de 1917, textos publicados e relatos de jornais, entrevistas de coveiros e funcionários da polícia em diversos órgãos da imprensa oficial e da imprensa operária, foram de centenas os mortos da Greve Geral de 1917, sendo atacados, pelos grevistas, funcionários da prefeitura, inclusive enfermeiros, conforme relata o presidente Altino Arantes na sua mensagem ao Congresso do Estado de 1918. Washington Luís então redobrou os esforços para manter os serviços públicos funcionando normalmente durante a Greve Geral de 1917.


No Governo do Estado de São Paulo


Em 1 de maio de 1920, chegou à presidência do estado, na qual ficou até 1 de maio de 1924, e consolidou sua posição de comando na comissão executiva do Partido Republicano Paulista (PRP).

A prioridade de seu governo era povoamento do interior do estado e o grande número de obras rodoviárias executadas. "Governar é abrir estradas" foi seu lema, na campanha eleitoral de 1920. Devido a esse lema, recebeu o apelido de Estradeiro. Lema e prioridade de governo, os quais, foram, depois, assimilados pelos governadores posteriores de São Paulo. A sua frase ainda é citada pelos políticos paulistas.

A frase, na sua íntegra, que é uma extensão da frase de Afonso Pena "Governar é povoar", dava ênfase à ocupação do território:


"Governar é povoar. Mas, não se povoa sem se abrir estradas, e de todas as espécies. Governar é, pois, fazer estradas!"
(Washington Luís)

Foi muito criticado pelos seus adversários que eram contra essa novidade da época: as estradas. Chegando a ser chamado de General Estrada de Bobagem, um trocadilho com estrada de rodagem.

Seguiram a tradição de Washington Luís e também são considerados Estradeiros, os seguintes governadores paulistas: Ademar de Barros, Paulo Egídio Martins, Paulo Maluf e Orestes Quércia. Franco Montoro deu impulso às pequenas estradas do interior do estado chamadas de estradas vicinais.

Ademar de Barros, em 27 de dezembro de 1938 declarou:

"O programa rodoviário idealizado pelo ex-presidente Washington Luís será por mim integralmente realizado. Abrir estradas! Eis aí uma das acertadas soluções para o desenvolvimento econômico-financeiro do Estado. Convencido da oportunidade desta medida, estudei a realização de uma completa rede rodoviária, a unir todos os centros produtores, estes com as saídas naturais da riqueza estadual!"
(Ademar de Barros)

As principais estradas implantadas, visando ligar São Paulo aos estados vizinhos e ao Porto de Santos, foram:

  1. São Paulo - Bananal, na divisa com o Rio de Janeiro
  2. São Paulo - Santos, recuperando a Estrada do Mar, antiga Estrada da Maioridade.
  3. São Paulo - Ribeirão Preto;
  4. São Paulo - Sorocaba.

De seu mandato como presidente do estado de São Paulo (1920-1924), destacam-se ainda:

  1. Garantiu a segurança do estado, enviando tropas da Polícia Militar para combater, na fronteira com o Mato Grosso do Sul, os revoltosos do levante tenentista de 5 de julho de 1922.
  2. Presidiu o Centenário da Independência do Brasil, reformou o Museu do Ipiranga e construiu e inaugurou, em 7 de setembro de 1922, o Monumento à Independência do Brasil e diversos monumentos ao longo da Rodovia Caminho do Mar, que liga a capital paulista ao litoral, como o Padrão do Lorena e o Cruzeiro Quinhentista.
  3. Restabeleceu a imigração europeia interrompida pela Primeira Guerra Mundial para as lavouras de café. Criou um tribunal rural para dirimir conflitos entre colonos e fazendeiros.
  4. Criou colônias agrícolas especialmente de japoneses e procurou não enviar imigrantes diretamente para terras devolutas do sertão do estado por entender que não estavam adaptados ainda ao novo clima e solo.
  5. Estabelece por lei, em 1921, que, as terras devolutas do estado, possam ser adquiridas, por doação do estado, e não mais por compra, como se fazia até então, permitindo a posseiros regularizarem suas terras.
  6. Realizou o reconhecimento do oeste paulista ainda composto de terras virgens visando seu povoamento.
  7. A Semana de Arte Moderna de 1922, que ele apoiou.
  8. Pediu ao escritor Monteiro Lobato que escrevesse um livro para ser usado em aulas de leitura das escolas estaduais. Tal livro chamado: A Menina do Narizinho Arrebitado lançou Monteiro Lobato na literatura infanto juvenil.
  9. A criação de várias faculdades de farmácia e odontologia no interior do estado em uma iniciativa pioneira de interiorizar a educação.
  10. Criou o Museu Republicano de Itu.
  11. Modernizou o Arquivo Público do Estado de São Paulo, editando e publicando documentos históricos valiosos e transformou o Museu Paulista (Museu do Ipiranga) em museu histórico com enfoques nos Bandeirantes.
  12. Recebeu em 1923, o rei da Bélgica.
  13. Em 1922, o Gabinete de Investigações e Capturas, da Secretaria de Justiça e Segurança, desbaratou o Partido Comunista de São Paulo, subordinado à Rússia e que foi o primeiro partido político desta ideologia a ser organizado no Brasil.
  14. Realizou uma reforma completa do ensino público estadual e uma reforma do poder judiciário.
  15. Refinanciou a dívida interna e a dívida externa do Estado.
  16. Criou os processos de indenização por acidente de trabalho.
  17. Estabeleceu em definitivo as fronteiras de São Paulo com o Rio de Janeiro e com o Paraná. Encaminhou o problema da divisa de São Paulo com Minas Gerais que finalmente foi resolvida no governo de Armando de Sales Oliveira.

Senador da República e a Candidatura à Presidência

Logo depois de Washington Luís deixar o governo paulista, ocorre a Revolta Paulista de 1924, e ele, então, se alista nas tropas que combateram a Revolução de1924, dando seu apoio ao seu sucessor no governo paulista, Carlos de Campos.

Passa brevemente pelo Senado Federal, eleito em 1925, após deixar o governo de São Paulo, assumindo a vaga aberta pelo falecimento do senador Alfredo Ellis em 1925.

É escolhido para disputar a presidência da República, como candidato único, sem nenhuma oposição e dissidência, tal era seu prestígio político. Foi apoiado, sem restrições, pelo Partido Republicano Paulista e demais partidos republicanos estaduais, no tradicional esquema de revezamento entre Minas Gerais e São Paulo na presidência da república, conhecido como Política do Café Com Leite.

Assim, no dia 1 de março de 1926, Washington Luís obtém a maior votação até então para a presidência da República: 688.528 votos contra 1.116 votos dados ao general Joaquim Francisco de Assis Brasil. Fernando de Melo Viana é eleito, no mesmo dia, vice-presidência da República.


Presidente da República

Assumiu a presidência da República em 15 de novembro de 1926. Sua eleição foi recebida com grandes esperanças, após um período de agitações políticas.

Isento de prevenções e de rancores, Washington Luís libertou todos os presos políticos e também muitos cidadãos presos injustamente, segundo sua mensagem presidencial de 1927, e não prorrogou o Estado de Sítio que caracterizou o quadriênio anterior, de Artur Bernardes, que continuou vigorando, porém, em alguns estados, para o combate da Coluna Prestes. Extinguiu os presídios políticos da Ilha da Trindade e da Clevelândia do Norte no Amapá.

A Coluna Prestes, esgotada e sem apoio da população para uma revolução, em 1926, se retira para a Bolívia. O país viveu em relativa tranquilidade interna, durante seu governo, até que começassem os rumores de uma revolução, em 1930.

Enfrentou a crise internacional do café e a crise financeira internacional, iniciada em outubro de 1929, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, mas mesmo assim tentou estabilizar a taxa de câmbio e equilibrar o orçamento nacional.

Em 18 de dezembro de 1926, instituiu a reforma econômica, financeira, monetária e cambial no Brasil, através do decreto nº 5.108, sendo, naquele momento, seu ministro da fazenda, Getúlio Vargas.

Criou o Conselho de Defesa Nacional, em 1927, constituído pelo presidente da República e pelos ministros de Estado, com a tarefa de "coordenar a produção de conhecimentos sobre questões de ordem financeira, econômica, bélica e moral, referentes à defesa da Pátria". Este conselho foi o embrião dos órgãos de inteligência e de segurança nacional do Brasil.

Pelo decreto nº 5.141, de 5 de janeiro de 1927 é criado o Fundo Especial para Construção e Conservação de Estradas de Rodagens Federais, para financiar o desenvolvimento rodoviário do Brasil.

Uma de suas realizações foi a Rodovia Rio-Petrópolis que, inaugurada em 1928, mais tarde receberia seu nome, pertencente a BR-040, primeira rodovia asfaltada do Brasil e considerada na época como uma grande obra da engenharia civil brasileira, um marco (muitos populares pensavam que as obras foram realizadas por norte-americanos ou outros estrangeiros).

Terminou a Rodovia São Paulo-Rio (que ainda existe em alguns trechos chamados de SP-62, SP-64, SP-66 e SP-68, no estado de São Paulo), iniciada no seu mandato como governador do estado de São Paulo, inaugurando-a em 5 de maio de 1928. Obra de dificílima realização. Foi a primeira rodovia a ligar São Paulo ao Rio de Janeiro e única ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro até a inauguração da Rodovia Presidente Dutra em 1950.

A viagem de automóvel entre São Paulo e Rio de Janeiro passou a ter uma duração de 14 horas, contra 33 dias de duração em 1908 quando o Conde Lesdain fez a primeira viagem (na época chamada de raid) entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Criou, em 1928, a Polícia Rodoviária Federal. Instituiu, pelo decreto nº 5083, de 1 de dezembro de 1926, o Código de Menores. Criou, em 1927, a Aviação do Exército.

Em 1928, o Brasil recebeu a visita do presidente dos Estados Unidos, Herbert Hoover.

Como havia feito na prefeitura e no governo do estado de São Paulo, Washington Luís publicou documentos antigos do Arquivo Nacional, preservando assim muitos textos da História do Brasil, que corriam o risco de ser destruídos por insetos. Publicou também as obras completas de Ruy Barbosa.

A Crise Sucessória de 1930

Em 1929, Washington Luís apoiou Júlio Prestes, presidente de São Paulo à sua sucessão, e o presidente da Bahia, Vital Soares, como candidato a vice-presidente. Com isso, rompia com a Política do Café Com Leite, em que havia o predomínio de presidentes paulistas (café) e mineiros (leite) na presidência (a Política do Café Com Leite não ocorreu de forma alternada, como muitos pensam).

Os governadores de dezessete estados apoiaram o candidato indicado pelo presidente Washington Luís. Negaram apoio ao candidato Júlio Prestes, apenas os presidentes de três estados, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba (Até hoje, lê-se NEGO na Bandeira da Paraíba).

Os presidentes destes três estados e políticos de oposição de diversos estados se unem formando a Aliança Liberal) e lançam Getúlio Vargas candidato a presidente da República, e o presidente da Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque como candidato a vice-presidente da República.

Em 1 de março de 1930, Júlio Prestes venceu a eleição contra os protestos da oposição que denunciava fraude. Surgem boatos sobre uma possível revolução, desmentidos por Getúlio Vargas e outras lideranças da Aliança Liberal.

O surgimento de um movimento insurgente em São José de Princesa, na Paraíba - que parecia, segundo a oposição, ter sido instigado pelo Governo Federal contra o presidente do estado, João Pessoa, - seguido do assassinato (de natureza pessoal) do mesmo João Pessoa e a Grande Depressão Econômica de 1929, servem de pretexto para reunir as forças aliancistas, que conspiram e iniciam uma revolução em 3 de outubro de 1930.

Em 24 de outubro de 1930, os ministros militares depõem Washington Luís, que é preso, sai do Palácio do Catete acompanhado do Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, Sebastião Leme da Silveira Cintra e é conduzido ao Forte de Copacabana. Uma junta militar assume a presidência, entregando-a a Getúlio Vargas no dia 3 de novembro de 1930.


Túmulo de Washington Luís no Cemitério da Consolação
Depois da Presidência e Homenagens


Washington Luís foi exilado, vivendo muitos anos nos Estados Unidos e posteriormente na Europa. Regressou ao Brasil em 1947, recusando-se a voltar à política.

Em 4 de agosto de 1957, faleceu em São Paulo, e hoje está enterrado no Cemitério da Consolação.

Foi homenageado, na ocasião de seu centenário de nascimento, em 1969, quando foram lançados dois livros. Há rodovias com seu nome, mas é um dos poucos presidentes que não têm uma cidade nomeada em sua homenagem.

Fonte: Wikipédia

Emílio Garrastazu Médici

EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI
(79 anos)
Militar, Político e Presidente do Brasil

* Bagé, RS (04/12/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/10/1985)

Foi um militar e político brasileiro, Presidente do Brasil entre 30 de outubro de 1969 e 15 de março de 1974. Obteve a patente de General do Exército.

Vida Antes da Presidência

Médici era neto de um combatente Maragato. Sua mãe era uma uruguaia de ascendência basca, da cidade de Paysandú, e seu pai era de origem italiana.

Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre. Formou-se oficial na Escola Militar de Realengo (1924-1927). Foi a favor da Revolução de 1930 e contra a posse de João Goulart em 1961.

Em abril de 1964, por ocasião do Golpe Militar de 1964 - ou Revolução de 1964, na visão dos militares -, Médici era o comandante da Academia Militar das Agulhas Negras. Posteriormente foi nomeado adido militar nos Estados Unidos e, em 1967, sucedeu a Golbery do Couto e Silva na chefia do Serviço Nacional de Informações (SNI). No SNI, permaneceu por dois anos e apoiou o AI-5 em 1968. Em 1969, foi nomeado comandante do III Exército, com sede em Porto Alegre.

Com o afastamento definitivo do presidente Artur da Costa e Silva, assumiu a Presidência da República uma junta militar por um período de um mês, a qual fez uma consulta a todos os generais do exército brasileiro, que escolheram Médici como novo Presidente da República.

Na Presidência da República

Médici exigiu que, para sua posse na presidência, o Congresso Nacional fosse reaberto, e assim foi feito. Em 25 de outubro de 1969, Emílio Garrastazu Médici foi eleito Presidente da República por uma sessão conjunta do Congresso Nacional, obtendo 293 votos, havendo 75 abstenções.

Tomou posse no dia 30 de Outubro de 1969, prometendo restabelecer a democracia até o final da sua gestão. No entanto, seu governo foi considerado o mais obscuro e repressivo de toda a história do Brasil independente. A guerrilha urbana e rural foi derrotada durante sua gestão, permitindo que seu sucessor Ernesto Geisel iniciasse a abertura política. As denúncias de tortura, morte e desaparecimentos de presos políticos que ocorreram na década de 1970 provocaram embaraço para o governo brasileiro no cenário internacional. O governo atribuiu as críticas a uma campanha da esquerda comunista contra o Brasil.

No campo político, o governo Médici foi responsável pela eliminação das guerrilhas de esquerda rurais e urbanas. A repressão às manifestações populares e à guerrilha (para alguns, terrorismo) ficou a cargo do Ministro do Exército Orlando Geisel. Médici, ao contrário dos presidentes anteriores no Regime Militar (Castelo Branco e Artur da Costa e Silva), não cassou mandato de nenhum político.

Nas duas eleições ocorridas durante seu governo, a Arena saiu amplamente vitoriosa, fazendo, em 1970, 19 senadores contra 3 do MDB, e, em 1972, elegendo quase todos os prefeitos e vereadores do Brasil. Eram proibidas manifestações populares e reivindicações salariais por trabalhadores.

Os três ministros mais importantes de seu governo, e que tinham grande autonomia, eram Delfim Netto, que comandava a economia, João Leitão de Abreu, como coordenador político, e Orlando Geisel, que comandava o combate à subversão.

O seu governo também ficou marcado por um excepcional crescimento econômico que ficou conhecido como o Milagre Brasileiro. Houve um grande crescimento da classe média. Cresceu muito o consumo de bens duráveis e a produção de automóveis, tornando-se comum, nas residências, o televisor e a geladeira. Em 1972, passou a funcionar a televisão a cores no Brasil.

Pelo menos dois fatos fizeram de Médici um dos mais incomuns presidentes do regime militar inaugurado em 1964: a utilização maciça de propaganda associando patriotismo com apoio ao Regime Militar, e o fato de ter feito o senador, ex-participante da Coluna Prestes e ex-chefe de polícia do Rio de Janeiro durante o Estado Novo e a era Vargas, Filinto Müller, presidente do Congresso Nacional e da Arena.

Data da época deste governo a famosa campanha publicitária cujo slogan era: Brasil, ame-o ou deixe-o inspirada no dístico conservador americano Love it or leave it.

Foi o período durante o qual o país viveu o chamado Milagre Brasileiro: crescimento econômico recorde, inflação baixa e projetos desenvolvimentistas como o Plano de Integração Nacional (PIN), que permitiu a construção das rodovias Santarém-Cuiabá, a Perimetral Norte, a Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, e grandes incentivos fiscais à indústria e à agricultura foram a tônica daquele período.

Assim os ministros mais famosos do governo Médici foram os da Fazenda, Delfim Netto e dos Transportes, Mário Andreazza, além de Jarbas Passarinho, por causa do MOBRAL.

Nessa época, também foram construídas casas populares através do Banco Nacional da Habitação (BNH). O Milagre Econômico começou a entrar em crise, já em 1973, com a Crise do Petróleo de 1973.

No seu governo, concluiu-se o acordo com o Paraguai para construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, à época a hidrelétrica de maior potência instalada do mundo.

No campo social, foi criado o Plano de Integração Social (PIS) e o Programa de Assistência Rural (PRORURAL), ligado ao FUNRURAL, que previa benefícios de aposentadoria e o aumento dos serviços de saúde até então concedidos aos trabalhadores rurais.

Foi feita uma grande campanha de alfabetização de adultos através do MOBRAL e uma campanha para melhoria das condições de vida na Amazônia com a participação de jovens universitários chamado Projeto Rondon. Esse projeto foi reativado em 19 de janeiro de 2005, durante o Governo Lula.

No entanto, segundo a Fundação Getúlio Vargas, no governo Médici persistiu a miséria e a desigualdade social. O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas.

A euforia provocada pela conquista da Copa do Mundo de Futebol (Médici dizia-se torcedor do Grêmio), em 1970, conviveu com a repressão velada ou explícita aos opositores do regime, notadamente os ativistas de orientação esquerdista. Médici foi aplaudido, em uma partida de futebol, no estádio do Maracanã.

Em 1972, foi comemorado o Sesquicentenário da Independência do Brasil, sendo levados para São Paulo os restos mortais do Imperador Dom Pedro I.

Fim do Mandato e Sucessão

Ao fim de seu mandato como Presidente da República, Medici abandonou a vida pública. Declarou-se contrário à anistia política assinada pelo presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo (que havia sido chefe da Casa Militar durante seu governo) qualificando-a como "prematura".

Foi sucedido, em 15 de março de 1974, pelo general Ernesto Geisel.

Morte

Médici faleceu em 9 de outubro de 1985, aos 79 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de Insuficiência Renal Aguda e Insuficiência Respiratória devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Em entrevista ao programa Roda Viva na decadá de 1980, João Saldanha o chamou de "O maior assassino da historia do Brasil".

Fonte: Wikipédia

José Linhares

JOSÉ LINHARES
(70 anos)
Advogado e Presidente do Brasil

* Baturité, CE (28/01/1886)
+ Caxambu, MG (26/01/1957)

Foi um advogado brasileiro e Presidente da República durante três meses e cinco dias, de 29 de outubro de 1945 a 31 de janeiro de 1946. Foi o primeiro cearense Presidente do Brasil.

José Linhares nasceu em Baturité, CE, em 28 de janeiro de 1886. Formado em direito, foi nomeado Desembargador da Corte de Apelação do Distrito Federal logo após a Revolução de 1930 e assumiu o ministério do Supremo Tribunal Federal em 1937 e a vice-presidência da Corte em 1940.

Exercia o cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal quando o então Presidente da República, Getúlio Vargas, foi deposto, em 29 de outubro de 1945. Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral assumiu a Presidência do Brasil e ocupou o cargo até 31 de janeiro de 1946. Sua gestão foi marcada principalmente por medidas que buscavam retomar a democracia no país.

O Estado Novo de Getúlio Vargas, que era marcado pela intervenção governista, começou a ser mudado por José Linhares, que substituiu os interventores em cada estado brasileiro por membros do Poder Judiciário, que receberam poderes para elaborar uma nova Constituição. Extinguiu o Tribunal de Segurança Nacional, o Conselho de Economia Popular e houve fim do Estado de Emergência, instituído na Constituição de 1937.

Entre suas medidas econômicas, José Linhares teve como foco conter a inflação e, manteve a polêmica Lei Antitruste criada por Getúlio Vargas e que havia contribuído para sua deposição. Por meio de eleição indireta, Eurico Gaspar Dutra foi eleito Presidente da República em dezembro de 1945.

José Linhares voltou a exercer o cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal entre 1951 e 1956.

José Linhares morreu na cidade de Caxambu, MG, no dia 26 de janeiro de 1957.

Rodrigues Alves

FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES ALVES
(70 anos)
Advogado, Político, Conselheiro do Império e Presidente do Brasil

☼ Guaratinguetá, SP (07/07/1848)
┼ Rio de Janeiro, RJ (16/01/1919)

Rodrigues Alves foi um advogado, político, conselheiro do Império Brasileiro, presidente da província de São Paulo, presidente de Estado, ministro da Fazenda e 5º presidente do Brasil.

Governou São Paulo por três mandatos: 1887 - 1888, como presidente da província, e como quinto presidente do estado de 1900 a 1902 e como nono presidente do estado de 1912 a 1916.

Rodrigues Alves foi o último paulista a tomar posse como presidente do Brasil. Foi eleito duas vezes, cumpriu integralmente o primeiro mandato (1902 a 1906), mas faleceu antes de assumir o segundo mandato (que deveria se estender de 1918 a 1922).

Filho do português Domingos Rodrigues Alves e de Isabel Perpétua Marins. Estudou no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. O pai viera para o Brasil em 1832, fixando-se em Guaratinguetá.

Domingos Rodrigues Alves abandonou a vida de comércio e se dedicou à lavoura, tornando-se plantador de café. Contratou casamento com a filha de Antônio de Paula e Silva, de antiga família local, Isabel Perpétua. A outra filha de Paula e Silva, Guilhermina, casou com o filho do Visconde de Guaratinguetá, José Martiniano de Oliveira Borges. Viviam no Largo do Rosário, hoje Praça Conselheiro Rodrigues Alves, e tiveram 13 filhos. Domingos Rodrigues Alves morreu aos 94 anos.

Depois de estudos, passou para o Colégio Pedro II, e ali permaneceu sete anos no internato. Era colega de Joaquim Nabuco, que dizia nunca ter tirado o primeiro lugar por culpa de Rodrigues Alves.

Bacharelou-se em letras e diplomou-se na tradicional Academia do Largo de São Francisco, na turma de 1870. A ela, em determinado período, pertenceram também Ruy Barbosa, Aureliano Coutinho, Castro Alves e Afonso Pena. Também pertenceu a essa privilegiada turma o paranaense Brasílio Itiberê da Cunha, autor da modinha "A Sertaneja", a primeira manifestação nacionalista na música brasileira. Itiberê foi destacado diplomata, honrando seu grupo acadêmico. Segundo Afonso Arinos, foi a turma mais gloriosa que jamais cursou qualquer faculdade de direito brasileira.

Em 1875 casou-se com Ana Guilhermina de Oliveira Borges, neta de Francisco de Assis e Oliveira Borges, Visconde de Guaratinguetá, cuja propriedade principal era a Fazenda das Três Barras.

O Visconde de Guaratinguetá era de humilde extração, filho de pais pouco abonados. A fortuna veio a princípio da primeira esposa. No decorrer da sua existência, pelas suas qualidades pessoais e pelo seu amor ao trabalho, transformou-se em verdadeiro potentado. Falecido em 1879, sendo Rodrigues Alves advogado da viúva e inventariante, verificou-se que devia ser um dos homens mais ricos do Brasil no Segundo Reinado. O monte-mor partilhável foi a mais de mil contos, fortuna gigantesca pois correspondia a meio por cento de toda a circulação monetária do país.

A carreira política de Rodrigues Alves começou apoiada em dois importantes e sólidos pilares: primeiro, a influência que lhe passou o poderoso Visconde de Guaratinguetá, chefe conservador da província, escolhido justamente por representar na época a região que, em razão da enorme produção cafeeira, era a mais rica de São Paulo. Segundo, o fato de pertencer à Burschenschaft ou Bucha como chamavam os estudantes, misteriosa sociedade secreta que existiu por muitos anos no Largo de São Francisco. De seus quadros saíram um sem número de estadistas com fortíssima influência na política brasileira do final do Império e na República Velha.

Foi juiz de paz, promotor e vereador em Guaratinguetá, deputado provincial e geral pelo Partido Conservador.

Empresário de sucesso do ramo do café, tornou-se a terceira maior fortuna do país. A fazenda onde morava tinha 400 cômodos e as refeições eram servidas em talheres de vermeil, prata dourada que se emprega em baixelas e artefatos vários.

Governo de São Paulo

Governou São Paulo entre 1887 e 1888 como presidente da Província e foi conselheiro do Império, título que usou até o fim da vida, sempre chamado de Conselheiro Rodrigues Alves, e pela alcunha de Chiquinho de Paula. Seu filho, Oscar Rodrigues Alves e seu irmão Virgílio Rodrigues Alves, também se destacaram na política paulista.

Com o advento da República filiou-se ao Partido Republicano Paulista (PRP) ao qual permaneceria afiliado até o fim da vida.

Em 1890 foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte e em 1891 foi nomeado ministro da Fazenda do governo de Floriano Peixoto.

Em 1893 foi eleito senador por seu estado, renunciando em 1894 para ocupar novamente a pasta da Fazenda no governo Prudente de Moraes. Rodrigues Alves foi o negociador da consolidação dos empréstimos externos com os banqueiros ingleses da família Rothschild.

Rodrigues Alves foi presidente do estado de São Paulo em 1900, antes de assumir a presidência da República em 1901, época na qual inaugurou a primeira usina hidrelétrica da São Paulo Light, a Usina de Santana de Parnaíba, conhecida como Barragem Edgard de Souza.

Neste seu 2º governo em São Paulo, em 1901, explodiu uma revolta em Paranaíba no Sul do Mato Grosso do Sul que ameaçou o oeste de São Paulo levando Rodrigues Alves a enviar tropas estaduais para a região, e houve neste governo grandes surtos de Febre Amarela e outras doenças fatais.

Presidente da República

Rodrigues Alves foi eleito presidente da República em 01/03/1902, obtendo 592.039 votos contra 42.542 de seu principal competidor Quintino Bocaiúva. O vice-presidente eleito foi Francisco Silviano de Almeida Brandão, que faleceu, sendo substituído por Afonso Pena.

Seu governo foi destacado pela campanha de vacina obrigatória, que ocasionou a Revolta da Vacina, promovida pelo médico sanitarista e ministro da Saúde Oswaldo Cruz, e pela reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro, realizada sob os planos do prefeito do Rio de Janeiro, o engenheiro Pereira Passos, que incluiu, além do remodelamento da cidade, a melhoria de estradas de ferro e a construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Ocorreu também em seu governo a chamada Revolta da Escola Militar. Houve também o Convênio de Taubaté, que foi a primeira política de valorização do café. Esse convenio reuniu São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os três estados decidiram que o Governo Federal compraria e estocaria as sacas de café para evitar a queda de preço. Também determinaram um imposto de três francos por saca exportada.

Sua administração financeira foi muito bem sucedida. O presidente dispunha de muito dinheiro, já que seu governo coincidiu com o auge do Ciclo da Borracha no Brasil, cabendo ao país 97% da produção mundial.

Em 1903, Rodrigues Alves comprou a região do Acre da Bolívia, pelo Tratado de Petrópolis - processo conduzido pelo então diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Deixou a presidência com grande prestígio, sendo chamado "O Grande Presidente".

Após Rodrigues Alves, nenhum paulista governou o Brasil, exceto por alguns dias apenas Ranieri Mazzilli, Ulysses Guimarães e Michel Temer.

O Conselheiro Rodrigues Alves e quatro de seus filhos.
O Último Governo em São Paulo e a
Reeleição Para Presidente do Brasil

Em 1912, foi novamente eleito presidente do Estado de São Paulo, ficando vários meses afastado por motivo de doença, e, em 1916, encerrado o mandato de presidente de São Paulo, voltou a ocupar uma cadeira no Senado Federal.

Dado o prestígio de Rodrigues Alves em todo o Brasil, o presidente Hermes da Fonseca não se arriscou a declarar a intervenção federal em São Paulo, como fizera com os outros estados que não apoiaram sua candidatura em 1910, na sua Política das Salvações.

Neste governo iniciou a restauração da Rodovia Caminho do Mar, chamada de Estrada do Vergueiro, construiu a ponte no Rio Tietê em Barra Bonita, que existe até hoje.

Em 1912, reorganizou o Gabinete de Investigações e Capturas criado em 1910, o que modernizou e reequipou a Polícia Civil de São Paulo.

Também em 1912, a lei 1357, implantou a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, atual Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sendo que as primeiras aulas foram dadas já em 1913.

Foi eleito para o segundo mandato como presidente em 1 de março de 1918 com quase a totalidade dos votos: 386.467 votos contra 1.258 votos obtidos por Nilo Peçanha.

Rodrigues Alves contraiu a Gripe Espanhola e não tomou posse na presidencia da República em 15/11/1918. O vice-presidente eleito Delfim Moreira assumiu interinamente a presidência no dia 15/11/1918.

Morte

No dia 16/01/1919, falecia, aos 70 anos, após contrair gripe espanhola, o então presidente da República eleito Francisco de Paula Rodrigues Alves.

O cronista e crítico literário Brito Broca assistiu ao cortejo fúnebre e o registrou em suas Memórias, referindo-se ao acontecimento como um dia que abalou Guaratinguetá:

"Logo depois, aquela manhã úmida e meio chuvosa, em que o sol custou muito a aparecer. Levantei-me às pressas, quando soube que o trem especial, trazendo o corpo do Conselheiro, já estava chegando à estação. Na rua, ia um grande movimento. Do largo da Matriz pude apreciar toda a grandiosidade do espetáculo fúnebre, que não parecia, no entanto, infundir nenhuma tristeza. Da estação até o largo formava a Guarda Civil de São Paulo em uniforme de gala: azul, cinto branco, luvas e o capacete semelhante ao dos guardas de trânsito ingleses, com penacho branco. O enterro aproximava-se lentamente da igreja onde devia ser rezada a missa de corpo presente. O som dos pistões, ao compasso da marcha fúnebre, feria o ar da manhã. E davam mais a impressão de um hino as notas estridentes daqueles instrumentos. Quando o povo começou a precipitar-se para dentro da igreja, reconheci o vulto de Lauro Müller, de sobrecasaca e guarda-chuva, ao lado de Rodolfo Miranda, de fraque. O grande ministro de Rodrigues Alves perguntava ao senador paulista, indicando a residência para onde se encaminhavam:
- De quem é essa casa?
- De Virgílio Rodrigues Alves – respondia Rodolfo Miranda.
E ali, no velho casarão da esquina do Largo da Matriz, desapareceram ambos, enquanto na igreja tinha início a missa.
Dentro de uns quarenta minutos, o cortejo saía em direção ao cemitério. Fomos, eu e minha mãe, à casa de Dona Madalena, assistir-lhe a passagem, da janela, com todo conforto. Muita gente, porém, querendo tirar melhor partido do espetáculo único na vida da cidade, depois de ver o enterro numa esquina, corria a vê-lo mais adiante. Ficamos longo tempo à espera de que chegasse onde nos encontrávamos, porque a urna, muito pesada e carregada à mão, impunha um ritmo excessivamente vagaroso ao desfile e constantes paradas para o revezamento dos que disputavam a honra de conduzi-la. Finalmente, penetrou na Rua Monsenhor João Filippo aquela massa enorme de gente, estacionando de dois em dois minutos. Bem atrás da urna, coberta com a bandeira nacional, o vulto ereto de Altino Arantes, então presidente do Estado e criatura de Rodrigues Alves, pelas mãos do qual subira ao posto. O rosto fino, de acentuado prognatismo, tornava-o inconfundível, no meio da multidão. Ao lado, o Núncio Apostólico, Dom Ângelo Scapardini, de solidéu vermelho, militares de dragona, figurões da política, gente célebre, que procurávamos identificar pelas lembranças dos retratos nos jornais."

Em virtude do falecimento de Rodrigues Alves, ocorrido em janeiro de 16/01/1919, Delfim Moreira assumiu, em definitivo a presidência. De sua posse em 15 de novembro até o falecimento de Rodrigues Alves, Delfim Moreira sempre o visitava para pedir sua orientação e conselhos.

Rodrigues Alves foi sepultado no Cemitério da Consolação, em São Paulo.

É homenageado dando seu nome ao município de Presidente Alves, no Estado de São Paulo. É considerado hoje o presidente que mais se preocupou com a população da República Velha.

Fonte: Wikipédia